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LCP  Português  
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SEE-AC  Coordenação de Ensino Médio LCP  Português  99 
*MÓDULO 1* 
 
Noções de variação linguística 
 
Introdução 
 
 Em boa parte dos vestibulares atualmente, há ênfase 
em verificar se o candidato conhece os diferentes usos 
possíveis de nossa língua. Discutiremos este assunto 
partindo da leitura do texto abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 No texto acima, notamos que os dois ladrões 
conhecem tanto as diferentes formas de falar o 
português como as implicações que cada forma traz. 
Eles sabem que certas formas são mais valorizadas que 
outras, por isso alteram o modo de falar na presença do 
guarda. 
 Há diferentes formas de usar a língua portuguesa, por 
isso não podemos dizer que ela é homogênea. Assim, o 
importante para o falante será perceber em que contexto 
ele deve usar cada uma de suas variantes. Em uma 
entrevista de emprego, por exemplo, espera-se que o 
falante opte por uma variante diferente daquela que ele 
usa para bater papo com seus amigos. 
 A concepção moderna de língua, segundo Celso 
Cunha em sua Nova gramática do português 
contemporâneo, coloca-a “como instrumento de 
comunicação social, maleável e diversificado em todos 
os seus aspectos, meio de expressão de indivíduos que 
vivem em sociedades também diversificadas social, 
cultural e geograficamente”. Essa diversificação na 
sociedade faz com que surja na língua a variação 
linguística, ou seja, pode-se perceber que a situação 
(formal ou informal), o grupo social a que o falante 
pertence, a região e a época em que vive caracterizam o 
modo de um brasileiro expressar-se em português. 
 De maneira bastante simplificada, podemos 
considerar a existência de três tipos gerais de variação, 
conforme mostra o quadro: 
 
 
TIPO 
 
ASPECTO AO QUAL 
SE RELACIONA 
 
 
Variação sociocultural 
idade, sexo, escolaridade, 
condições econômicas do 
falante e grupo social do qual 
ele faz parte 
 
Variação geográfica 
região em que o falante vive 
durante um certo tempo 
 
Variação histórica 
tempo (época) em que o 
falante vive 
 
 
 
Adão Iturrusgarai. Aline. Folha de S. Paulo, 31/8/2000. 
 
 O emprego das palavras vosmecê (você) e parvoíce (besteira), 
que estão totalmente fora de uso hoje em dia, evidencia que o 
personagem realmente é mais velho (bem mais velho...) que a filha do 
outro personagem. 
 
Variação sociocultural 
 
 A maneira como utilizamos a linguagem (como nos 
expressamos) é formada no convívio com outras pessoas 
que fazem parte do nosso grupo social. Assim, 
normalmente nos expressamos de acordo com nossa 
formação sociocultural. Nossa linguagem será adequada 
ao meio em que fomos criados e à nossa classe social. É 
claro que, assim como existe uma certa mobilidade social 
no mundo em que vivemos, ao longo de nossa vida 
podemos incorporar modos de expressão diferentes, à 
medida que vamos mudando de ambiente e 
reconstruindo nossa história de vida. 
 A variante social mais notável é a que existe entre 
pessoas de classes socioeconômicas distintas. Uma 
pessoa da classe A não falará como alguém da classe C. 
Aliás, normalmente, quanto mais elevada estiver na 
escala econômica, mais próxima a linguagem da pessoa 
estará do que conhecemos por norma culta. Isto se 
explica: no mundo em que vivemos, é claro que é a 
linguagem dos mais ricos e mais poderosos que é 
considerada a de maior “prestígio”..., concorda? 
 Relacionada a esse tipo de variação está aquela que 
diz respeito ao grau de instrução do falante. É lógico que 
pessoas de classe social mais alta, do ponto de vista 
 
Sketch - Dois homens tramando um assalto 
 
 — Valeu, mermão? Tu traz o berro que nóis 
vamo rendê o caixa bonitinho. Engrossou, enche o 
cara de chumbo. Pra arejá. 
 — Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e 
pegá. 
 — Tá com o berro aí? 
 — Tá na mão. 
 Aparece um guarda. 
 — Ih, sujou. Disfarça, disfarça... 
 O guarda passa por eles. 
 — Discordo terminantemente. O imperativo 
categórico de Hegel chega a Marx diluído pela 
fenomenologia de Feurbach. 
 — Pelo amor de Deus! Isso é o mesmo que dizer 
que Kierkegaard não passa de um Kant com 
algumas sílabas a mais. Ou que os iluministas do 
século 18... 
 O guarda se afasta. 
 — O berro, tá recheado? 
 — Tá. 
 — Então vamlá! 
 
VERÍSSIMO, Luís Fernando. O Estado de S. Paulo, 8/3/1998. 
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financeiro, terão mais chances de estudar e se aprimorar 
culturalmente, aproximando-se mais do padrão culto de 
linguagem. 
 Outro tipo importante e interessante de variação 
linguística é aquele que aparece quando confrontamos 
gerações diferentes: um grupo de idosos de 60 anos não 
fala como um grupo de adolescentes de 16... Cada 
geração tem sua maneira própria de se comunicar e isso 
é fácil observar no dia a dia. Um importante fenômeno 
linguístico que aparece quando estudamos as variações 
entre gerações é a gíria. Cada geração adota um certo 
número de expressões, uma certa maneira de falar, para 
marcar uma diferença entre a sua e a geração anterior. 
 Para cada situação de expressão da nossa 
linguagem, temos um certo nível linguístico. Ao nível que 
utilizamos em situações em que não nos preocupamos 
tanto em atingir a chamada norma culta, chamamos de 
nível informal; ao nível que utilizamos em situações de 
comunicação que exigem uma linguagem mais próxima 
da norma culta, chamamos de nível formal. Entre o nível 
formal e o informal, podemos ter vários níveis 
intermediários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Variação geográfica 
 
 Pessoas de diferentes regiões falam de maneiras 
diferentes. A essas características próprias da fala de um 
determinado lugar damos o nome de regionalismos. Osregionalismos são próprios dos falares locais, dialetos e 
sotaques. Geralmente, pessoas de uma determinada 
região agrupam-se em torno de um centro populacional 
economicamente ou politicamente mais relevante e 
assumem o dialeto característico do local. Assim, um 
carioca irá se expressar com o r chiado característico do 
Rio de Janeiro, um piracicabano normalmente emitirá um 
r que os estudiosos conhecem por retroflexo, e assim por 
diante. Essas diferenças se estenderão ao vocabulário, à 
estrutura das frases e até aos significados das palavras. 
Com o passar dos anos e o avanço dos meios de 
comunicação sobre todo o território brasileiro, as 
diferenças regionais vão diminuindo cada vez mais. As 
redes de televisão, por exemplo, atingem todo o país 
com uma linguagem típica do Sudeste brasileiro, 
principalmente São Paulo, o que acaba contribuindo para 
uma uniformização dos dialetos em torno de um padrão 
de linguagem que aos poucos apaga as diferenças entre 
eles. 
 
 
 
 
 
Variação histórica 
 
 Ao ler textos escritos em português há cem anos, por 
exemplo, você certamente sentirá um certo 
estranhamento e terá uma dificuldade de compreensão e 
fluência maior do que teria se lesse um artigo de jornal 
publicado na semana passada, por exemplo. Isso 
acontece porque as línguas variam com o tempo. O 
nosso você já foi vossa mercê e vosmecê, chegando, em 
nossos dias, a ser ouvido como simplesmente cê. 
Em boa hora tornou-se embora. É fácil percebermos 
essas diferenças quando nos deparamos com livros 
cujas edições são muito antigas. O vocabulário de há 
cem anos não era o mesmo de hoje, a grafia de muitas 
palavras também não, o mesmo ocorria com a sintaxe. 
 
 
 
 
 
 
 
Norma culta e adequação da linguagem 
 
 Você deve ter notado, então, que a língua possui 
diversas variantes. Mas, ao tomarmos contato com a 
língua na escola, adotamos uma determinada variante 
que serve como referência. Essa variante-padrão, ao 
longo dos tempos e por diversos motivos, ficou sendo 
conhecida como a norma culta da língua. 
 Norma culta da língua é a chamada variante-padrão 
da língua; aquela variante de maior prestígio, utilizada 
pelas pessoas que compõem a chamada elite da 
sociedade. A norma culta, tradicionalmente, acaba 
servindo como parâmetro e sendo adotada para o ensino 
da língua nas escolas, além de ser utilizada como padrão 
para situações formais e na comunicação escrita na 
sociedade. Toda língua muda com o tempo, portanto a 
norma culta também muda, de acordo com as 
modificações que ela sofre no seu uso. 
 Convém, assim, que o falante saiba distinguir quais 
são as situações em que ele deve seguir essa variante- 
-padrão daquelas em que pode usar uma variante mais 
popular. 
 
Outros tipos de variação linguística 
 
 Além das variações linguísticas relacionadas a tempo 
e espaço, existem outros tipos de variação, que podem 
ocorrer tanto na língua-padrão quanto nas variedades 
não padrão da língua. As principais variações dizem 
respeito ao uso da língua em situações de 
oralidade/escrita e de formalidade/informalidade. 
 
 
 *ATENÇÃO, ESTUDANTE!*  
 
Para complementar o estudo deste Módulo, 
utilize seu LIVRO DIDÁTICO. 
 
Variação sociocultural, portanto, é aquela que se 
manifesta quando o uso da língua é marcado por 
diferenças conforme a classe socioeconômica, o grau 
de instrução, a geração ou a situação de comunicação 
em que se encontra o falante. 
Variação geográfica é aquela marcada por diferenças 
regionais: a dimensão do Brasil permite-nos perceber 
diferentes sotaques, vocabulários, estruturas de frase e 
sentidos das palavras nas diferentes regiões. 
Variação histórica acontece porque a língua vai 
recebendo transformações na forma de falar, novas 
palavras, novas grafias e novos sentidos para palavras 
já existentes. 
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*********** ATIVIDADES *********** 
 
.1. (UEG-GO) 
 
 
 
Folha de S. Paulo, 1/5/2007. 
 
É correto afirmar que, na charge, 
 
(A) a linguagem dos políticos é apropriada pelos 
traficantes de drogas. 
(B) a linguagem dos traficantes de drogas é apropriada 
pelos políticos. 
(C) o contexto dos políticos é apropriado pelos 
traficantes de drogas. 
(D) o contexto dos traficantes de drogas é apropriado 
pelos políticos. 
(E) não há apropriação nem da linguagem nem do 
contexto. 
 
.2. (ENEM-MEC) 
 
Iscute o que tô dizendo, 
Seu dotô, seu coroné: 
De fome tão padecendo 
Meus fio e minha muié. 
Sem briga, questão nem guerra, 
Meça desta grande terra 
Umas tarefa pra eu! 
Tenha pena do agregado 
Não me dêxe deserdado 
 
PATATIVA DO ASSARÉ. A terra é naturá. In: Cordéis 
e outros poemas. Fortaleza: Universidade 
Federal do Ceará, 2008 (fragmento). 
 
A partir da análise da linguagem utilizada no poema, 
infere-se que o eu lírico revela-se como falante de uma 
variedade linguística específica. Esse falante, em seu 
grupo social, é identificado como um falante 
(A) escolarizado proveniente de uma metrópole. 
(B) sertanejo morador de uma área rural. 
(C) idoso que habita uma comunidade urbana. 
(D) escolarizado que habita uma comunidade do interior 
do país. 
(E) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do 
Sul do país. 
 
.3. (ENEM-MEC) 
 
Antigamente 
 
 Acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando 
perrengue, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, 
ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas 
fedorentas. Doença nefasta era a phtísica, feia era o 
gálico. Antigamente, os sobrados tinham assombrações, 
os meninos, lombrigas [...] 
 
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa e prosa. 
Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar, p. 1.184. 
 
O texto acima está escrito em linguagem de uma época 
passada. Observe uma outra versão, em linguagem 
atual. 
 
Antigamente 
 
 Acontecia o indivíduo apanhar um resfriado; ficando 
mal, mandava o próprio chamar o doutor e, depois, ir à 
farmácia para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas 
fedorentas. Doença nefasta era a tuberculose, feia era a 
sífilis. Antigamente, os sobrados tinham assombrações, 
os meninos, vermes [...] 
 
Comparando-se esses dois textos, verifica-se que, na 
segunda versão, houve mudanças relativas a 
 
(A) vocabulário. 
(B) construções sintáticas. 
(C) pontuação. 
(D) fonética. 
(E) regência verbal. 
 
.4. (ENEM-MEC) 
 
 Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa 
Excelência para que seja conjurada uma calamidade que 
está prestes a desabar em cima da juventude feminina 
do Brasil. Refiro-me,senhor presidente, ao movimento 
entusiasta que está empolgando centenas de moças, 
atraindo-as para se transformarem em jogadoras de 
futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá 
praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o 
equilíbrio fisiológico das suas funções orgânicas, devido 
à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os 
jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos 
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de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo 
Horizonte também já estão se constituindo outros. E, 
neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em 
todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes 
femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados 
da saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais, 
ficarão presas a uma mentalidade depressiva e propensa 
aos exibicionismos rudes e extravagantes. 
 
Coluna Pênalti. Carta Capital, 28/4/2010. 
 
O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro, 
José Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao então 
presidente da República Getúlio Vargas. As opções 
linguísticas de Fuzeira mostram que seu texto foi 
elaborado em linguagem 
 
(A) regional, adequada à troca de informações na 
situação apresentada. 
(B) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do 
futebol. 
(C) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão 
brasileiro comum. 
(D) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação 
de comunicação. 
(E) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu 
interlocutor. 
 
.5. (INEP-MEC) 
 
 Vício na fala 
 
Para dizerem milho dizem mio 
Para melhor dizem mió 
Para pior pió 
Para telha dizem teia 
Para telhado dizem teiado 
E vão fazendo telhados 
 
ANDRADE, Oswald de. Obras completas. 
5.ª ed. São Paulo: Globo, 1991, p. 80. 
 
Ao explorar a emotividade da linguagem, o autor faz 
referência às variantes linguísticas de natureza 
 
(A) estilística, pois utiliza a escrita para, de certa forma, 
marcar uma nova época literária. 
(B) regional, pois há regiões em que essa variedade 
linguística descrita no poema é aceita como padrão 
oficial. 
(C) de registro, já que as variantes são formadas pelo 
processo de neologismo, típico em autores 
modernistas. 
(D) sociocultural, pois revela o conflito social entre as 
variantes de uma mesma língua. 
(E) temporal, pois marca a variação linguística de 
diferentes épocas. 
.6. (ENEM-MEC) 
 
 
 
Veja, 7/5/1997. 
 
Na parte superior do anúncio, há um comentário escrito à 
mão que aborda a questão das atividades linguísticas e 
sua relação com as modalidades oral e escrita da língua. 
Esse comentário deixa evidente uma posição crítica 
quanto a usos que se fazem da linguagem, enfatizando 
ser necessário 
 
(A) implementar a fala, tendo em vista maior 
desenvoltura, naturalidade e segurança no uso da 
língua. 
(B) conhecer gêneros mais formais da modalidade oral 
para a obtenção de clareza na comunicação oral e 
escrita. 
(C) dominar as diferentes variedades do registro oral da 
língua portuguesa para escrever com adequação, 
eficiência e correção. 
(D) empregar vocabulário adequado e usar regras da 
norma-padrão da língua em se tratando da 
modalidade escrita. 
(E) utilizar recursos mais expressivos e menos 
desgastados da variedade-padrão da língua para se 
expressar com alguma segurança e sucesso. 
 
.7. (ENEM-MEC) 
 
Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo? 
 
Cliente – Estou interessado em financiamento para 
compra de veículo. 
 
Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de 
crédito. O senhor é nosso cliente? 
 
Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou 
funcionário do banco. 
 
Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá 
em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de 
Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma. 
 
BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua 
materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado). 
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Na representação escrita da conversa telefônica entre a 
gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira 
de falar da gerente foi alterada de repente devido 
 
(A) à adequação de sua fala à conversa com um amigo, 
caracterizada pela informalidade. 
(B) à iniciativa do cliente em se apresentar como 
funcionário do banco. 
(C) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia 
(Minas Gerais). 
(D) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu 
nome completo. 
(E) ao seu interesse profissional em financiar o veículo 
de Júlio. 
 
.8. (ENEM-MEC) 
 
As dimensões continentais do Brasil são objeto de 
reflexões expressas em diferentes linguagens. Esse tema 
aparece no seguinte poema: 
 
“[...] 
Que importa que uns falem mole descansado 
Que os cariocas arranhem os erres na garganta 
Que os capixabas e paroaras escancarem 
 [ as vogais? 
 
Que tem se o quinhentos réis meridional 
Vira cinco tostões do Rio pro Norte? 
Junto formamos este assombro de misérias e 
 [ grandezas, 
Brasil, nome de vegetal! [...]” 
 
ANDRADE, Mário de. Poesias completas. 6.ª ed. 
São Paulo: Martins Editora, 1980. 
 
O texto poético ora reproduzido trata das diferenças 
brasileiras no âmbito 
 
(A) étnico e religioso. 
(B) linguístico e econômico. 
(C) racial e folclórico. 
(D) histórico e geográfico. 
(E) literário e popular. 
 
.9. (ENEM-MEC) 
 
 Vera, Sílvia e Emília saíram para passear pela 
chácara com Irene. 
 — A senhora tem um jardim deslumbrante, dona 
Irene! — comenta Sílvia, maravilhada diante doscanteiros de rosas e hortênsias. 
 — Para começar, deixe o “senhora” de lado e 
esqueça o “dona” também — diz Irene, sorrindo. — Já é 
um custo aguentar a Vera me chamando de “tia” o tempo 
todo. Meu nome é Irene. 
 Todas sorriem. Irene prossegue: 
 — Agradeço os elogios para o jardim, só que você vai 
ter de fazê-los para a Eulália, que é quem cuida das 
flores. Eu sou um fracasso na jardinagem. 
 
BAGNO, M. A língua de Eulália: novela 
sociolinguística. São Paulo: Contexto, 
2003 (adaptado). 
 
Na língua portuguesa, a escolha por “você” ou 
“senhor(a)” denota o grau de liberdade ou de respeito 
que deve haver entre os interlocutores. No diálogo 
apresentado acima, observa-se o emprego dessas 
formas. A personagem Sílvia emprega a forma “senhora” 
ao se referir à Irene. Na situação apresentada no texto, o 
emprego de “senhora” ao se referir à interlocutora ocorre 
porque Sílvia 
 
(A) pensa que Irene é a jardineira da casa. 
(B) acredita que Irene gosta de todos que a visitam. 
(C) observa que Irene e Eulália são pessoas que vivem 
em área rural. 
(D) deseja expressar por meio de sua fala o fato de sua 
família conhecer Irene. 
(E) considera que Irene é uma pessoa mais velha, com a 
qual não tem intimidade. 
 
.10. (ENEM-MEC) 
 
 A escrita é uma das formas de expressão que as 
pessoas utilizam para comunicar algo e tem várias 
finalidades: informar, entreter, convencer, divulgar, 
descrever. Assim, o conhecimento acerca das variedades 
linguísticas sociais, regionais e de registro torna-se 
necessário para que se use a língua nas mais diversas 
situações comunicativas. 
 
Considerando as informações acima, imagine que você 
está à procura de um emprego e encontrou duas 
empresas que precisam de novos funcionários. Uma 
delas exige uma carta de solicitação de emprego. Ao 
redigi-la, você 
 
(A) fará uso da linguagem metafórica. 
(B) apresentará elementos não verbais. 
(C) utilizará o registro informal. 
(D) evidenciará a norma-padrão. 
(E) fará uso de gírias. 
________________________________________________ 
*Anotações* 
 
 
 
 
 
 
 
 
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.11. (ENEM-MEC) 
 
 
 
Dick Browne. O melhor de Hagar, o horrível, v. 2. L&PM pocket, p. 55-6 (com adaptações). 
 
Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro 
informal, ou coloquial, da linguagem. 
 
(A) “Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!” 
(B) “E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus 
chifres cairão!” 
(C) “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a 
atravessar a rua...” 
(D) “... e ela me deu um anel mágico que me levou a um 
tesouro” 
(E) “mas bandidos o roubaram e os persegui até a 
Etiópia, onde um dragão...” 
 
.12. (UNICAMP-SP) 
 
O trecho abaixo foi extraído de uma crônica em que mãe 
e filho conversam sobre o presente que ele pretendia lhe 
dar no Dia das Mães. 
 
 [...] 
 — Posso escolher meu presente do Dia das Mães, 
meu fofinho? 
 — Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora vai 
ver. Compro um barato. 
 — Barato? Admito que você compre uma 
lembrancinha barata, mas não diga isso a sua mãe. É 
fazer pouco-caso de mim. 
 — lh, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não 
sabe que barato é o melhor que tem, é um barato! 
 — Deixe eu escolher, deixe... 
 — Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado 
que a senhora me deu no Natal! 
 — Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe 
lhe deu um blazer furado? 
 — Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já 
era, mãe, já era! 
 [...] 
 
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. 
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988. 
Em que tipo de variação linguística o autor se apoia para 
criar as situações humorísticas apresentadas nesse 
diálogo? Justifique sua resposta. 
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.13. (UFMA) 
 
 
 
Folha de S. Paulo, 12/4/2003. 
 
Considerando a fala dos interlocutores, pode-se concluir 
que 
 
(A) o uso de “excelência” denota desrespeito, pois o 
depoente não reconhece no deputado uma 
autoridade. 
(B) o efeito humorístico é provocado pela passagem 
brusca da linguagem formal para a informal. 
(C) o uso da linguagem formal e da informal evidencia a 
classe social a que pertencem as personagens. 
(D) a linguagem empregada no texto serve apenas para 
compor as imagens do deputado e do depoente. 
(E) o pronome “seu” foi usado pelo depoente como sinal 
de respeito para com o parlamentar ilustre. 
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.14. (ENEM-MEC) 
 
 Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na 
escrita, que, a depender do estrato social e do nível de 
escolaridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis. 
Ocorrem até mesmo em falantes que dominam a 
variedade-padrão, pois, na verdade, revelam tendências 
existentes na língua em seu processo de mudança que 
não podem ser bloqueadas em nome de um “ideal 
linguístico” que estaria representado pelas regras da 
gramática normativa. Usos como ter por haver em 
construções existenciais (tem muitos livrosna estante), o 
do pronome objeto na posição de sujeito (para mim fazer 
o trabalho), a não concordância das passivas com se 
(aluga-se casas) são indícios da existência, não de uma 
norma única, mas de uma pluralidade de normas, 
entendida, mais uma vez, norma como conjunto de 
hábitos linguísticos, sem implicar juízo de valor. 
 
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; 
BRANDÃO, S. (orgs.). Ensino de gramática: descrição e uso. 
São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento). 
 
Considerando a reflexão trazida no texto a respeito da 
multiplicidade do discurso, verifica-se que 
 
(A) estudantes que não conhecem as diferenças entre 
língua escrita e língua falada empregam, 
indistintamente, usos aceitos na conversa com 
amigos quando vão elaborar um texto escrito. 
(B) falantes que dominam a variedade-padrão do 
português do Brasil demonstram usos que confirmam 
a diferença entre a norma idealizada e a 
efetivamente praticada, mesmo por falantes mais 
escolarizados. 
(C) moradores de diversas regiões do país que 
enfrentam dificuldades ao se expressar na escrita 
revelam a constante modificação das regras de 
emprego de pronomes e os casos especiais de 
concordância. 
(D) pessoas que se julgam no direito de contrariar a 
gramática ensinada na escola gostam de apresentar 
usos não aceitos socialmente para esconderem seu 
desconhecimento da norma-padrão. 
(E) usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da 
língua portuguesa empregam formas do verbo ter 
quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo 
haver, contrariando as regras gramaticais. 
 
.15. (ENEM-MEC) 
 
MANDIOCA — mais um presente da Amazônia 
 
 Aipim, castelinha, macaxeira, maniva, maniveira. As 
designações da Manihot utilissima podem variar de 
região, no Brasil, mas uma delas deve ser levada em 
conta em todo o território nacional: pão-de-pobre — e por 
motivos óbvios. 
 Rica em fécula, a mandioca — uma planta rústica e 
nativa da Amazônia disseminada no mundo inteiro, 
especialmente pelos colonizadores portugueses — é a 
base de sustento de muitos brasileiros e o único alimento 
disponível para mais de 600 milhões de pessoas em 
vários pontos do planeta, e em particular em algumas 
regiões da África. 
 
O melhor do Globo Rural, fev. 2005 (fragmento). 
 
De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de 
nomes para a Manihot utilissima, nome científico da 
mandioca. Esse fenômeno revela que 
 
(A) existem variedades regionais para nomear uma 
mesma espécie de planta. 
(B) mandioca é nome específico para a espécie 
existente na região amazônica. 
(C) “pão-de-pobre” é designação específica para a 
planta da região amazônica. 
(D) os nomes designam espécies diferentes da planta, 
conforme a região. 
(E) a planta é nomeada conforme as particularidades 
que apresenta. 
 
.16. (ENEM-MEC) 
 
 Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas 
ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao 
longo do território, seja numa relação de oposição, seja 
de complementaridade, sem, contudo, anular a 
interseção de usos que configuram uma norma nacional 
distinta da do português europeu. Ao focalizar essa 
questão, que opõe não só as normas do português de 
Portugal às normas do português brasileiro, mas também 
as chamadas normas cultas locais às populares ou 
vernáculas, deve-se insistir na ideia de que essas 
normas se consolidaram em diferentes momentos da 
nossa história e que só a partir do século XVIII se pode 
começar a pensar na bifurcação das variantes 
continentais, ora em consequência de mudanças 
ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em 
ambos os territórios. 
 
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; 
BRANDÃO, S. (orgs.). Ensino de gramática: descrição e uso. 
São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado). 
 
O português do Brasil não é uma língua uniforme. A 
variação linguística é um fenômeno natural, ao qual todas 
as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades 
linguísticas, o texto mostra que as normas podem ser 
aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a 
atenção do leitor para a 
 
(A) desconsideração da existência das normas 
populares pelos falantes da norma culta. 
(B) difusão do português de Portugal em todas as 
regiões do Brasil só a partir do século XVIII. 
(C) existência de usos da língua que caracterizam uma 
norma nacional do Brasil, distinta da de Portugal. 
(D) inexistência de normas cultas locais e populares ou 
vernáculas em um determinado país. 
(E) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos 
frequentes de uma língua devem ser aceitos. 
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.17. (ENEM-MEC) 
 
 
 
 
 
Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 27/4/2010. 
 
Calvin apresenta a Haroldo (seu tigre de estimação) sua 
escultura na neve, fazendo uso de uma linguagem 
especializada. Os quadrinhos rompem com a expectativa 
do leitor, porque 
 
(A) Calvin, na sua última fala, emprega um registro 
formal e adequado para a expressão de uma criança. 
(B) Haroldo, no último quadrinho, apropria-se do registro 
Iinguístico usado por Calvin na apresentação de sua 
obra de arte. 
(C) Calvin emprega um registro de linguagem 
incompatível com a linguagem de quadrinhos. 
(D) Calvin, no último quadrinho, utiliza um registro 
linguístico informal. 
(E) Haroldo não compreende o que Calvin lhe explica, 
em razão do registro formal utilizado por este último. 
 
.18. (ENEM-MEC) 
 
Maurício e o leão chamado Millôr 
 
Livro de Flavia Maria ilustrado por cartunista nasce como um 
dos grandes títulos do gênero infantil 
 
 Um livro infantil ilustrado por Millôr há de ter alguma 
grandeza natural, um viço qualquer que o destaque de 
um gênero que invade as livrarias (2 mil títulos novos, 
todo ano) nem sempre com qualidade. Uma pegada que 
o afaste do risco de fazer sombra ao fato de ser ilustrado 
por Millôr: Maurício – O Leão de Menino (CosacNaify, 24 
páginas, R$ 35), de Flavia Maria, tem essa pegada. 
 
Disponível em: http://www.revistalingua.com.br. 
Acesso em: 30/4/2010 (fragmento). 
Como qualquer outra variedade linguística, a norma- 
-padrão tem suas especificidades. No texto, observam-se 
marcas da norma-padrão que são determinadas pelo 
veículo em que ele circula, que é a revista Língua 
Portuguesa. Entre essas marcas, evidencia-se 
 
(A) a obediência às normas gramaticais, como a 
concordância em “um gênero que invade as 
livrarias”. 
(B) a presença de vocabulário arcaico, como em “há de 
ter alguma grandeza natural”. 
(C) o predomínio de linguagem figurada, como em “um 
viço qualquerque o destaque”. 
(D) o emprego de expressões regionais, como em “tem 
essa pegada”. 
(E) o uso de termos técnicos, como em “grandes títulos 
do gênero infantil”. 
 
.19. (ENEM-MEC) 
 
 Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao 
mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral 
dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a 
pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo 
nordestino fala igual; contudo as variações são mais 
numerosas que as notas de uma escala musical. 
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí 
têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que 
se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o 
vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que 
um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um 
sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, 
até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase 
um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au 
ou eu de todos os terminais em al ou el — carnavau, 
Raqueu... Já os paraibanos trocam o I pelo r. José 
Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer. 
 
QUEIROZ, Raquel de. O Estado de S. Paulo, 
9/5/1998 (fragmento adaptado). 
 
Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de 
variação linguística que se percebe no falar de pessoas 
de diferentes regiões. As características regionais 
exploradas no texto manifestam-se 
 
(A) na fonologia. 
(B) no uso do léxico. 
(C) no grau de formalidade. 
(D) na organização sintática. 
(E) na estruturação morfológica. 
________________________________________________ 
*Anotações* 
 
 
 
 
 
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Literatura – Linguagem e contexto 
 
A linguagem da literatura 
 
*********** ATIVIDADES *********** 
 
Leitura da imagem 
 
.1. (EDM-SP) 
 
Observe a fotografia. 
 
 
 
DICK REED/CORBIS – LATINSTOCK 
 
 Rota 66, a lendária estrada norte-americana que ligava Chicago a Los 
Angeles tornou-se símbolo de aventura e liberdade 
 
Faça uma breve descrição dos elementos presentes na 
imagem. 
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___________________________________________________
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___________________________________________________ 
 
.2. (EDM-SP) 
 
A posição em que a foto foi tirada chama a nossa 
atenção para a estrada. Que efeito o fotógrafo pode ter 
pretendido desencadear no espectador ao optar por essa 
tomada? 
___________________________________________________
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___________________________________________________
___________________________________________________ 
.3. (EDM-SP) 
 
Leia uma declaração do fotógrafo suíço Robert Frank, 
que percorreu a Rota 66 registrando imagens da 
paisagem americana. 
 
Quando as pessoas olham as minhas fotos, eu quero que 
elas se sintam como quando desejam reler um verso de 
um poema. 
 
Observe mais uma vez a foto da abertura. Se ela fosse 
vista como um “verso de um poema”, sobre o que falaria 
esse verso? 
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___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________ 
 
Da imagem para o texto 
 
.4. (EDM-SP) 
 
Vamos ver como a literatura explora possibilidades da 
linguagem. Leia um trecho de On the road, de Jack 
Kerouac. 
 
A viagem 
 
Cena 1 
 
 Num piscar de olhos estávamos de volta à estrada 
principal e naquela noite vi todo o estado de Nebraska 
desenrolando-se diante dos meus olhos. Cento e setenta 
quilômetros por hora, direto sem escalas, cidades 
adormecidas, tráfego nenhum, um trem da Union Pacific 
deixado para trás, ao luar. Eu não estava nem um pouco 
assustado aquela noite; me parecia algo perfeitamente 
normal voar a 170, conversando e observando todas as 
cidades do Nebraska — Ogallala, Gothenburg, Kearney, 
Grand Island, Columbus — se sucederem com uma 
rapidez onírica* enquanto seguíamos viagem. Era um 
carro magnífico; portava-se na estrada como um navio no 
oceano. Longas curvas graduais eram o seu forte. “Ah, 
homem, essa barca é um sonho”, suspirava Dean. 
“Pense no que poderíamos fazer se tivéssemos um carro 
assim. [...] Curtiríamos o mundo inteiro num carro como 
esse, você e eu, Sal, porque, na verdade, a estrada 
finalmente deve conduzir a todos os cantos do mundo. 
Não pode levar a outro lugar, certo? [...]” 
 
* onírica: relativa aos sonhos. 
 
Cena 2 
 
 “Qual é a sua estrada, homem? — a estrada do 
místico, a estrada do louco, a estrada do arco-íris, a 
estrada dos peixes, qualquer estrada... Há sempre uma 
estrada em qualquer lugar, para qualquer pessoa, em 
qualquer circunstância. Como, onde, por quê?” 
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Concordamos gravemente, sob a chuva. “[...] Decidi abrir 
mão de tudo. Você me viu quebrar a cara tentando de 
tudo, me sacrificando e você sabe que isso não importa; 
nós sacamos a vida, Sal — sabemos como domá-la, e 
sabemos que o negócio é continuar no caminho, 
pegando leve, curtindo o que pintar da velha maneira 
tradicional. Afinal, de que outra maneira poderíamos 
curtir? Nós sabemos disso.” Suspirávamos sob a 
chuva. [...] 
 “E assim”, disse Dean, “vou seguindo a vida para 
onde ela me levar. [...]” 
 
KEROUAC, Jack. On the road (Pé na estrada). 
Traduçãode Eduardo Bueno. Porto Alegre: 
L&PM, 2004, p. 281-2; 305-6 (fragmento). 
 
a) Que elementos, presentes na cena 1, asseguram ao 
leitor tratar-se da história de uma viagem? 
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________ 
 
b) Identifique no texto as passagens que revelam ser 
essa viagem a concretização de um desejo típico da 
juventude: a busca da liberdade. 
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________ 
 
.5. (EDM-SP) 
 
No trecho a seguir, explique de que maneira a pontuação 
contribui para dar ao leitor a sensação de velocidade do 
carro em que viajam Sal e Dean. 
 
Cento e setenta quilômetros por hora, direto sem 
escalas, cidades adormecidas, tráfego nenhum, um trem 
da Union Pacific deixado para trás, ao luar. 
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________ 
 
.6. (EDM-SP) 
 
Logo no início da cena 2, Dean pergunta a Sal: “Qual é a 
sua estrada, homem?”. O que ele quer dizer com isso? 
Que sentido atribui ao termo “estrada”? 
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________ 
 
.7. (EDM-SP) 
 
a) Identifique, na cena 2, uma passagem que permite 
associar o comportamento das personagens a 
valores próprios da juventude. 
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________ 
 
b) Explique por que ela transmite valores associados à 
juventude. 
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___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________ 
 
.8. (EDM-SP) 
 
a) Como Dean resume sua filosofia de vida? 
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________ 
 
b) O que ela sugere, em termos de comportamento? 
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________ 
 
________________________________________________ 
 
Jack Kerouac tornou-se o ídolo de sua 
geração quando o romance On the 
road foi publicado em 1957. A viagem 
de dois amigos, Sal Paradise e Dean 
Moriarty, pelos Estados Unidos, boa 
parte feita na Rota 66, estrada que liga 
Chicago a Los Angeles, traduziu a 
visão de mundo de uma juventude que 
decidiu questionar os valores com os 
quais tinha sido criada. 
 
 KEYSTONE / GLOBO.COM 
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 A essência da arte literária está na palavra. Usada por 
escritores e poetas em todo o seu potencial significativo e 
sonoro, a palavra estabelece uma interessante relação 
entre um autor e seus leitores/ouvintes. 
 “Ah, homem, essa barca é um sonho”, afirma Dean no 
texto de Jack Kerouac. Para compreender a imagem 
criada pela personagem, nós precisamos realizar uma 
série de decodificações. Sabemos que Dean e Sal viajam 
de carro; sabemos que uma “barca” não trafega em 
estradas. Com essas informações, procuramos 
reconstruir o sentido da comparação implícita que está 
na base da imagem criada: o carro em que viajam é tão 
grande e confortável que parece uma barca. 
 Em seguida, reconhecemos que a afirmação de que o 
carro “é um sonho” também foi criada a partir de outra 
comparação entre nossos sonhos e todas as coisas que 
desejamos muito. Reconstituída a comparação original, 
podemos interpretar que Dean quer dizer que aquele é 
um carro maravilhoso, objeto de desejo e fantasia dos 
dois jovens. 
 No texto de Kerouac, palavras como barca e sonho 
foram usadas em sentido conotativo (ou figurado), aquele 
que as palavras e expressões adquirem em um dado 
contexto, quando o seu sentido literal é modificado. Nos 
textos literários, predomina o sentido conotativo. A 
linguagem conotativa é característica de textos com 
função estética, ou seja, que exploram diferentes 
recursos linguísticos e estilísticos para produzir um efeito 
artístico. 
 
 
 
Época, 9/6/2008, p. 87. 
 
 Na expressão monstros sagrados, a palavra monstros apresenta 
sentido figurado, ou seja, conotativo 
 Em textos não literários, o que predomina é o sentido 
denotativo (ou literal). Dizemos que uma palavra foi 
utilizada em sentido literal quando é tomada em seu 
significado “básico”, que pode ser apreendido sem ajuda 
do contexto. A linguagem denotativa é típica de textos 
com função utilitária, ou seja, que têm como finalidade 
predominante satisfazer a alguma necessidade 
específica, como informar, argumentar, convencer, etc. 
 O trabalho com o sentido conotativo ou figurado é 
uma característica essencial da linguagem literária. 
Quando a literatura explora a conotação, como no 
fragmento de On the road, estabelece-se uma 
interessante relação entre leitor e texto. Ao ler um 
romance ou um poema ou ao ouvir uma história, o 
leitor/ouvinte precisa reconhecer o significado das 
palavras e reconstruir os mundos ficcionais que elas 
descrevem. O leitor/ouvinte desempenha, portanto, um 
papel ativo, já que também cria, em sua imaginação, 
mundos ficcionais correspondentes àqueles propostos 
nos textos ou vive, na fantasia, experiências semelhantes 
às descritas. 
 
Recursos expressivos 
 
 Dá-se o nome de figuras de linguagem aos recursos 
utilizados com o fim de tornar mais expressivaa 
linguagem. As figuras de linguagem compreendem: 
 
 as figuras de palavra (ou tropos); 
 as figuras de sintaxe (ou de construção); 
 as figuras de pensamento; e 
 as figuras de harmonia (ou sonoras). 
 
Intertextualidade 
 
 Quantas vezes, ao ler um texto ou ver uma 
determinada propaganda, você tem a sensação de já ter 
visto o texto em algum lugar? Quer ver só? 
 No início de sua produção poética, Carlos Drummond 
de Andrade escreveu um poema que viria a torná-lo 
muito conhecido. O “sucesso” do poema foi provocado, 
no início, pelo estranhamento por ele causado. Você 
certamente já teve oportunidade de lê-lo. 
 
 No meio do caminho 
 
No meio do caminho tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho 
tinha uma pedra 
no meio do caminho tinha uma pedra. 
 
Nunca me esquecerei desse acontecimento 
na vida de minhas retinas tão fatigadas. 
Nunca me esquecerei que no meio do caminho 
tinha uma pedra 
tinha uma pedra no meio do caminho 
no meio do caminho tinha uma pedra. 
 
(Carlos Drummond de Andrade) 
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 Mas, por que estamos falando de poesia e 
Drummond, em uma seção destinada à apresentação do 
conceito de intertextualidade? Porque muitos são os 
textos que recuperam a imagem da “pedra” 
drummondiana. Observe, por exemplo, a seguir, um 
anúncio publicitário veiculado para a divulgação de um 
projeto de educação ambiental, patrocinado pela 
empresa de turismo Soletur e orientado pelo Ibama. 
 Não é preciso, lido o anúncio, dizer por que o 
escolhemos. A intertextualidade é evidente, pois a 
referência ao poema de Drummond é óbvia! 
 Intertextualidade é a relação que se estabelece entre 
dois textos, quando um deles faz referência a elementos 
existentes no outro. Esses elementos podem dizer 
respeito ao conteúdo, à forma, ou mesmo à forma e ao 
conteúdo. 
 
 A propaganda 
vale-se do recurso 
da intertextualidade 
para indicar a poluição 
das praias. O trecho 
intertextual é: “No 
meio do caminho 
tinha uma pedra...”. 
No poema, a “pedra 
no meio do caminho” 
são os obstáculos, 
as dificuldades, 
os problemas. 
A propaganda faz 
uso do termo em 
seu sentido literal 
(rocha). Isso pode ser 
percebido pela 
enumeração das outras 
“coisas” no meio do 
caminho (uma ponta de 
cigarro, uma lata, um 
saco plástico, cacos de 
vidro) que evidenciam a 
poluição das praias 
pelos banhistas. 
 
 
Estilo de época 
 
 A constatação de traços comuns na produção de uma 
mesma época identifica um estilo de época. O estudo da 
literatura depende do reconhecimento dos padrões e das 
semelhanças que constituem um estilo de época. 
 O uso particular que um escritor ou poeta faz dos 
elementos que distinguem uma estética define o estilo 
individual de um autor, sempre marcado pelo olhar 
específico que dirige aos temas característicos de um 
período e pelo uso singular que faz dos recursos de 
linguagem associados a uma determinada estética 
literária. 
Literatura brasileira 
 
 A literatura brasileira tem sua história dividida em 
duas grandes eras, que acompanham a evolução política 
e econômica do país: a Era Colonial e a Era Nacional, 
separadas por um Período de Transição, que 
corresponde à emancipação política do Brasil. As eras 
apresentam subdivisões chamadas de escolas literárias 
ou estilos de época. Dessa forma, temos: 
 
 
 
 
Era Colonial 
(de 1500 a 1808) 
 
 Quinhentismo (de 1500 a 1601) 
 Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768) 
 Setecentismo ou Arcadismo (de 1768 a 1808) 
 
 
Período 
de Transição 
 
 
(de 1808 a 1836) 
 
 
 
Era Nacional 
(de 1836 até 
nossos dias) 
 
 Romantismo (de 1836 a 1881) 
 Realismo/Naturalismo (de 1881 a 1893) 
 Parnasianismo (de 1882 a 1893) 
 Simbolismo (de 1893 a 1902) 
 Pré-Modernismo (de 1902 a 1922) 
 Modernismo (de 1922 a 1945) 
 Pós-Modernismo (de 1945 até nossos dias) 
 
 
 As datas que indicam o início e o fim de cada época 
têm de ser entendidas apenas como marcos. Toda época 
apresenta um período de ascensão, um ponto máximo e 
um período de decadência (que coincide com o período 
de ascensão da próxima época). Dessa forma podemos 
perceber, ao final do Arcadismo, um período de Pré- 
-Romantismo; ao final do Romantismo, um Pré-Realismo, 
e assim por diante. De todos esses momentos de 
transição, caracterizados pela quebra das velhas 
estruturas (apesar de “o novo sempre pagar tributo ao 
velho”), o mais significativo para a literatura brasileira foi 
o Pré-Modernismo (entre 1902 e 1922), em que se 
destacaram Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro 
Lobato e Augusto dos Anjos. 
 
 
 *ATENÇÃO, ESTUDANTE!*  
 
Para complementar o estudo deste Módulo, 
utilize seu LIVRO DIDÁTICO. 
 
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*Anotações* 
 
 
 
 
 
 
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As questões 9 e 10 referem-se ao poema. 
 
 A dança e a alma 
 
A DANÇA? Não é movimento, 
súbito gesto musical. 
É concentração, num momento, 
da humana graça natural. 
 
No solo não, no éter pairamos, 
nele amaríamos ficar. 
A dança — não vento nos ramos: 
seiva, força, perene estar. 
 
Um estar entre céu e chão, 
novo domínio conquistado, 
onde busque nossa paixão 
libertar-se por todo lado... 
 
Onde a alma possa descrever 
suas mais divinas parábolas 
sem fugir à forma do ser, 
por sobre o mistério das fábulas. 
 
ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa. 
Rio de Janeiro: Aguilar, 1964, p. 366. 
 
.9. (ENEM-MEC)A definição de dança, em linguagem de dicionário, que 
mais se aproxima do que está expresso no poema é 
 
(A) a mais antiga das artes, servindo como elemento de 
comunicação e afirmação do homem em todos os 
momentos de sua existência. 
(B) a forma de expressão corporal que ultrapassa os 
limites físicos, possibilitando ao homem a liberação 
de seu espírito. 
(C) a manifestação do ser humano, formada por uma 
sequência de gestos, passos e movimentos 
desconcertados. 
(D) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com 
ritmo determinado por instrumentos musicais, ruídos, 
cantos, emoções, etc. 
(E) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do 
indivíduo e, por consequência, ao seu 
desenvolvimento intelectual e à sua cultura. 
 
.10. (ENEM-MEC) 
 
O poema “A dança e a alma” é construído com base em 
contrastes, como “movimento” e “concentração”. Em uma 
das estrofes, o termo que estabelece contraste com solo 
é 
 
(A) éter. 
(B) seiva. 
(C) chão. 
(D) paixão. 
(E) ser. 
Textos para as questões 11 e 12. 
 
Texto 1 – Autorretrato 
 
Provinciano que nunca soube 
Escolher bem uma gravata; 
Pernambucano a quem repugna 
A faca do pernambucano; 
Poeta ruim que na arte da prosa 
Envelheceu na infância da arte, 
 
E até mesmo escrevendo crônicas 
Ficou cronista de província; 
Arquiteto falhado, músico 
Falhado (engoliu um dia 
Um piano, mas o teclado 
 
Ficou de fora); sem família, 
Religião ou filosofia; 
Mal tendo a inquietação de espírito 
Que vem do sobrenatural, 
E em matéria de profissão 
Um tísico* profissional. 
 
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. 
Rio de Janeiro: Aguilar, 1983, p. 395. 
 
* tísico: tuberculoso. 
 
Texto 2 – Poema de sete faces 
 
Quando nasci, um anjo torto 
desses que vivem na sombra 
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. 
 
As casas espiam os homens 
que correm atrás de mulheres. 
A tarde talvez fosse azul, 
não houvesse tantos desejos. 
[...] 
Meu Deus, por que me abandonaste 
se sabias que eu não era Deus 
se sabias que eu era fraco. 
Mundo mundo vasto mundo, 
se eu me chamasse Raimundo 
seria uma rima, não seria uma solução. 
Mundo mundo vasto mundo 
mais vasto é o meu coração. 
 
ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa. 
Rio de Janeiro: Aguilar, 1964, p. 53. 
 
.11. (ENEM-MEC) 
 
Esses poemas têm em comum o fato de 
 
(A) descreverem aspectos físicos dos próprios autores. 
(B) refletirem um sentimento pessimista. 
(C) terem a doença como tema. 
(D) narrarem a vida dos autores desde o nascimento. 
(E) defenderem crenças religiosas. 
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.12. (ENEM-MEC) 
 
No verso “Meu Deus, por que me abandonaste”, do texto 
2, Drummond retoma as palavras de Cristo, na cruz, 
pouco antes de morrer. Esse recurso de repetir palavras 
de outrem equivale a 
 
(A) emprego de termos moralizantes. 
(B) uso de vício de linguagem pouco tolerado. 
(C) repetição desnecessária de ideias. 
(D) emprego estilístico da fala de outra pessoa. 
(E) uso de uma pergunta sem resposta. 
 
.13. (ENEM-MEC) 
 
 Cidade grande 
 
Que beleza, Montes Claros. 
Como cresceu Montes Claros. 
Quanta indústria em Montes Claros. 
Montes Claros cresceu tanto, 
ficou urbe tão notória, 
prima-rica do Rio de Janeiro, 
que já tem cinco favelas 
por enquanto, e mais promete. 
 
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. 
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983. 
 
Entre os recursos expressivos empregados no texto, 
destaca-se a 
 
(A) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem 
referir-se à própria linguagem. 
(B) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora 
outros textos. 
(C) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se 
pensa, com intenção crítica. 
(D) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em 
seu sentido próprio e objetivo. 
(E) prosopopeia, que consiste em personificar coisas 
inanimadas, atribuindo-lhes vida. 
 
.14. (ENEM-MEC) 
 
Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio 
da adolescência que teve influência significativa em sua 
carreira de escritor. 
 
 Lembro-me de que certa noite — eu teria uns 
quatorze anos, quando muito — encarregaram-me de 
segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de 
operações, enquanto um médico fazia os primeiros 
curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia 
Municipal haviam “carneado”. [...] Apesar do horror e da 
náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando 
assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem 
gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta 
lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e 
salvar essa vida? [...] 
 Desde que, adulto, comecei a escrever romances, 
tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o 
escritor pode fazer, numa época de atrocidades e 
injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer 
luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre 
ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos 
assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a 
despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma 
lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, 
em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como 
um sinal de que não desertamos nosso posto. 
 
VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I. 
Porto Alegre: Editora Globo, 1978. 
 
Nesse texto, por meio da metáfora da lâmpada que 
ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma 
das funções do escritor e, por extensão, da literatura, 
 
(A) criar a fantasia. 
(B) permitir o sonho. 
(C) denunciar o real. 
(D) criar o belo. 
(E) fugir da náusea. 
 
.15. (ENEM-MEC) 
 
Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, 
ilustrações, inspirados nos fatos noticiados. Veja um 
exemplo: 
 
 
 
Jornal do Commercio, 22/8/1993. 
 
O texto que se refere a uma situação semelhante à que 
inspirou a charge é: 
 
(A) Descansem o meu leito solitário 
Na floresta dos homens esquecida, 
À sombra de uma cruz, e escrevam nela 
— Foi poeta — sonhou — e amou na vida. 
 
AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio 
de Janeiro/Brasília: José Aguilar/INL,1971. 
 
(B) Essa cova em que estás 
Com palmos medida, 
é a conta menor 
que tiraste em vida. 
É de bom tamanho, 
Nem largo nem fundo, 
É a parte que te cabe 
deste latifúndio. 
 
MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros 
poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967.LCP  Português  
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(C) Medir é a medida 
mede 
A terra, medo do homem, a lavra; 
lavra 
duro campo, muito cerco, vária várzea. 
 
CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas. 
São Paulo: Summums, 1978. 
 
(D) Vou contar para vocês 
um caso que sucedeu 
na Paraíba do Norte 
com um homem que se chamava 
Pedro João Boa-Morte, 
lavrador de Chapadinha: 
talvez tenha morte boa 
porque vida ele não tinha. 
 
GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 1983. 
 
(E) Trago-te flores, — restos arrancados 
Da terra que nos viu passar 
E ora mortos nos deixa e separados. 
 
ASSIS, Machado de. Obra completa. 
Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986. 
 
.16. (ENEM-MEC) 
 
Quem não passou pela experiência de estar lendo um 
texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros? 
Os textos conversam entre si em um diálogo constante. 
Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade. 
Leia os seguintes textos: 
 
I. Quando nasci, um anjo torto 
desses que vivem na sombra 
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. 
 
ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. 
Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. 
 
II. Quando nasci veio um anjo safado 
O chato dum querubim 
E decretou que eu tava predestinado 
A ser errado assim 
Já de saída a minha estrada entortou 
Mas vou até o fim. 
 
BUARQUE, Chico. Letra e Música. 
São Paulo: Cia. das Letras, 1989. 
 
III. Quando nasci um anjo esbelto 
Desses que tocam trombeta, anunciou: 
Vai carregar bandeira. 
Carga muito pesada pra mulher 
Esta espécie ainda envergonhada. 
 
PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: 
Guanabara, 1986. 
Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem 
intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de 
Andrade, por 
 
(A) reiteração de imagens. 
(B) oposição de ideias. 
(C) falta de criatividade. 
(D) negação dos versos. 
(E) ausência de recursos. 
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*Anotações* 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 LCP  Português  
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*MÓDULO 2* 
 
A interpretação de textos 
 
Introdução 
 
 Um dos tópicos mais cobrados nos vestibulares nos 
últimos anos é a interpretação de textos, que será o tema 
desta seção. 
 
 
 
Acho a televisão muito 
educativa. Toda vez que alguém 
liga a TV, vou para o outro 
quarto e leio um livro. 
 
Groucho Marx (1890-1977), 
comediante norte-americano 
 
HULTON ARCHIVE / GETTY IMAGES 
 
BRISTOL, Brian. Por que amamos ler? – Grandes escritores tentam 
explicar nosso fascínio pela leitura. São Paulo: Novo Conceito, 2008. 
 
 
 Ler um texto não é difícil quando se domina uma 
língua, mas compreendê-lo não é tão simples assim. 
Cada leitor, de acordo com a sua história de leitura, ou 
seja, de acordo com os textos que já tenha lido, sua 
vivência no mundo, sua formação cultural etc., terá uma 
forma de encarar um texto e de compreendê-lo. 
 Vejamos um exemplo: 
 
 
Não tem jeito mesmo... 
 
 “Trinta palavras no máximo; não há espaço para 
mais”, disse o chefe da redação ao jornalista. Por isso, 
a notícia que apareceu no jornal foi: 
 Uma mulher escorregou numa casca de banana, 
numa faixa de pedestres da Banhofstrasse. Foi 
imediatamente transportada para a clínica da 
universidade, onde lhe foi diagnosticada uma perna 
quebrada. 
 A primeira reação surgiu imediatamente, numa 
carta registrada em que um importador de bananas 
escrevia: “Protestamos veementemente contra o 
descrédito dado ao nosso produto. Considerando que, 
nos últimos meses, vocês publicaram pelo menos 14 
comentários negativos sobre os países produtores de 
bananas, não podemos deixar de inferir uma intenção 
de difamação deliberada de sua parte.” 
 Por sua vez, o diretor da clínica da universidade 
também se pronunciou, alegando que a expressão “foi 
transportada” poderia significar “o transporte de seres 
humanos como se tratasse de carga”, o que 
contrariava totalmente os hábitos de seu hospital. 
“Além disso”, salientou, “posso provar que a fratura da 
perna resultou da queda e não, como foi sugerido com 
intenção malévola, do transporte para o hospital”. 
 Para finalizar, um membro do Departamento 
Municipal de Engenharia Civil telefonou, informando 
ao jornal que a causa do tombo não deveria ser 
atribuída ao estado da faixa de pedestres. Além disso, 
como o Comitê de Defesa das Faixas para Pedestres 
estava prestes a concluir seu relatório, após seis anos 
de trabalho, perguntava se seria possível — para 
evitar possíveis consequências políticas — não fazer 
qualquer alusão a tais passagens nos próximos 
meses. 
 A notícia foi revista e, na manhã seguinte, 
apareceu com o seguinte texto: Uma mulher caiu na 
rua e quebrou a perna. 
 No dia seguinte, os editores receberam apenas 
duas cartas a respeito. Uma, indignada, era da 
Associação Não Lucrativa dos Direitos das Mulheres, 
cuja porta-voz repudiava “vivamente e em definitivo” o 
texto discriminatório uma mulher caiu, o qual evocava 
uma associação infeliz com “mulheres caídas” e 
constituía uma prova de que “mais uma vez, neste 
mundo dominado pelo homem, a imagem da mulher 
estava sendo manipulada da maneira mais pérfida e 
chauvinista!” A carta ameaçava com um processo 
judicial, boicote e outras medidas. 
 A outra reação veio de um leitor que cancelava sua 
assinatura, alegando o número cada vez maior de 
notícias triviais e sem interesse. 
 
Seleções do Reader's Digest. Tomo XXXVI, n.° 217. 
Junho de 1989, p. 109 e 110, apud I. Koch, Coerência 
textual. São Paulo, Contexto, 1997. 
 
 
 Note que, neste caso, o texto foi compreendido de 
maneira diferente

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