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JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

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JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
Jurisdição:
Poder de atuar do direito na resolução das lides (todos os juízes têm, mas com competências diversas).
Características: 
a) inércia: “Ne procedat judex ex officio” (exceções: 654,§2° - habeas corpus – e 311 – prisão preventiva – do CPP).
b) definitividade ou imutabilidade: Coisa julgada
c) substitutividade: O órgão jurisdicional substitui a vontade das partes.
d) imperatividade: As decisões do judiciário são obrigatórias.
Competência:
É o poder conferido a cada juiz para conhecer e julgar determinados litígios – cada juiz decide os litígios nos limites da sua competência. (Ex.: Juiz Federal julga crimes federais.);
Só juiz tem jurisdição e competência!!!
Atribuições:
Conjunto de poderes atribuídos a outras autoridades – Ex.: Delegado e MP.
Princípios da Jurisdição:
1) Princípio da inafastabilidade da jurisdição: princípio do controle jurisdicional – art. 5°, XXXV da CF - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
2) Princípio da indeclinabilidade da jurisdição: o juiz não pode recusar a jurisdição (com ou sem provas o juiz deve julgar).
3) Princípio da inércia: o juiz não age de ofício, salvo ação liberatória – Ex.: HC ou decretação de P.P.
4) Princípio da unidade da jurisdição: No Brasil a jurisdição é única e é uma função Estatal.
5) Princípio da indelegabilidade da jurisdição: o juiz não pode delegar o ato mais importante de julgar, mas pode delegar atos instrutórios. Ex.: Carta Precatória; Carta Rogatória. 
- Pode ainda delegar atos de mero expediente – art. 93, XIV da CF - os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
6) Princípio da improrrogabilidade da jurisdição: o juiz incompetente não pode invadir o âmbito de competência do outro.
- Exceção: no caso de competência relativa (territorial)
7) Princípio da independência das jurisdições: a civil é independente da criminal.
- Exceções: se o juiz criminal nega a existência do fato, vincula a civil (impede a ação civil); Dependência no caso do art. 236 do CP; HC 81611 (crime tributário – dependência da decisão administrativa).
8) Princípio da perpetuação da jurisdição (“perpetuatio jurisdictionis”): o órgão que começou a julgar, termina o julgamento. 
- Desaparecimento do órgão (ex.: TA) ou comarca;
- Incorporação de uma comarca em outra, ou criação de vara especializada, ou nova (já decidiu o STJ, que isso não viola o princípio do juiz natural).
Princípios relacionados com o Juiz:
1) Juiz natural (constitucional ou legal): é o juiz competente para a causa.
- Duas garantias emanam desse princípio: a) proibição no Brasil de juízo ou tribunal de exceção (criado depois do crime); b) garantia da irrecusabilidade do juiz natural, salvo motivo justificado (suspeição, impedimento).
- Alteração do juiz natural pela lei: é possível – Ex. lei 9.299/96 – julgamento de militar pela justiça comum, salvo quando o caso já está julgado em 1ª instância; Ex.: EC/45 – modificação da competência para homologação de sentença estrangeira – do STF p/ o STJ.
- Criação de vara nova: em regra remete os processos.
- Criação de vara especializada (Lavagem de capitais em Foz): segundo o STF, remetem-se todos os processos – HC 85060/PR.
2) Princípio da investidura: o juiz somente tem jurisdição quando investido regularmente no caso (através de concurso público).
3) Princípio da independência e imparcialidade: só pode ser imparcial se for independente.
Independência externa (política): frente aos demais poderes;
Independência interna ou funcional: frente aos demais órgãos, sobretudo frente aos superiores – exceção: súmula vinculante (está obrigado a obedecer).
4) Princípio da não identidade física do juiz: após a reforma do CPP pela Lei 11.719/08, vigora no processo penal brasileiro o regramento de que aquele juiz que colheu as provas deve julgar (art. 399, §2°), inclusive, no caso do plenário do júri (o juiz que preside o júri dá a sentença).
 
GUIA DE FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA:
1 - Deve-se começar perguntando qual é a jurisdição competente, leia-se, qual é a Justiça competente para o caso?
Pode ser a Especial (Militar ou Eleitoral) ou a Comum (Federal ou Estadual).
2 - Depois se observa a seguinte ordem: 
Qual é o órgão jurisdicional hierarquicamente competente? (O acusado tem foro especial por prerrogativa de função ou não?); (Deve ser julgado pela primeira instância ou por algum Tribunal?);
3 - Qual é o foro territorialmente competente?
- Competência ratione loci – (lugar da infração ou domicílio do réu?).
4 - Qual é o juízo competente? 
Qual a vara competente, de acordo com a natureza da infração penal? Vara Comum ou Vara do Júri?
É a chamada competência do juízo.
5 - Qual é o juiz competente?
Competência interna (mais de um juiz na mesma vara).
6 - Qual é o órgão competente para julgar eventual recurso?
7 – Competência do Tribunal Penal Internacional.
	
Em suma, eis a ordem: Justiça competente, órgão jurisdicional hierarquicamente competente, foro territorialmente competente, juízo competente, juiz competente e órgão recursal. Agora também devemos compreender a competência do T.P.I. (que é subsidiária).
Justiças especiais:
(a) Justiça militar estadual: é competente para julgar somente os crimes militares cometidos por militares – policiais militares e bombeiros (CF, art. 125, § 4º): 
- Jamais a justiça militar estadual julga civil. 
- Ex.: Caso de um militar e de um civil que praticam em coautoria um estupro: a solução é a separação dos processos: a Justiça comum julga o civil enquanto a militar julga o militar, com conseqüências completamente diferentes (de acordo com a letra da lei: as penas são diferentes, o estupro é crime hediondo no direito comum e não o é no direito militar etc.). Numa visão constitucional é evidente que essa disparidade não se justifica. 
- Nota-se que a Justiça militar estadual, desse modo, só pode julgar alguns crimes (militares) assim como algumas pessoas (só militares e bombeiros). 
 
- Sua competência está regida por dois critérios conjugados: ratione materiae e ratione personae. 
- Militar que mata civil dolosamente: competência do Tribunal do Júri (Justiça comum). Militar que comete outros crimes militares contra civil: competência do juiz de direito militar (competência singular) (EC 45/04).
(b) Justiça militar federal: é competente para julgar os crimes militares cometidos contra as forças armadas: Exército, Marinha e Aeronáutica. 
- Pode julgar civil, a justiça militar estadual nunca. O que determina a peculiaridade da Justiça militar federal é o critério da ratione materiae.
(c) Justiça eleitoral: é competente para julgar os crimes eleitorais e os conexos. 
- Exceção: homicídio doloso contra a vida é da competência do júri e não vai para o eleitoral, mesmo que conexo com crime eleitoral, pois a competência do júri também está na CF (respeitam-se as duas competências, o crime eleitoral vai para a justiça eleitoral enquanto o homicídio vai para o júri).
d) Justiça do trabalho: julga o habeas corpus relacionado com ato que envolve matéria da sua jurisdição (EC 45/04).
Justiça Comum:
(a) Justiça federal: é competente para julgar crimes cometidos contra bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas assim como todos os demais descritos na CF (art. 109):
- crimes políticos (Lei de Segurança Nacional - Lei 7.170/83 – mais motivação política); 
- crimes previstos em tratados internacionais desde que envolva país estrangeiro (ex.: tráfico transnacional de drogas); 
- crime cometido a bordo (dentro) de navio ou avião; 
- contrabando; crime contra oINSS, CEF, crimes financeiros, crimes previdenciários, que envolvem questões indígenas, contra a organização do trabalho (quando o crime afeta coletivamente uma determinada categoria) etc.. 
- crime contra o Banco do Brasil, que é sociedade de economia mista, é da competência da Justiça estadual.
- Exceções: a CF (art. 109) excepcionou as contravenções penais (que não são julgadas pela Justiça Federal). Tampouco os crimes que são da competência da Justiça militar ou eleitoral podem ser julgados pela Justiça Federal.
Tráfico transnacional: a competência é da Justiça Federal (Lei 11.343/06).
(b) Justiça estadual: a competência da Justiça estadual é residual (é definida por exclusão). O que não está nas competências das Justiças Federal, Militar e Eleitoral, vai para a Justiça Estadual.
- Competências absolutas: todas as competências definidas na CF são de natureza absoluta. Se não observada, causa nulidade absoluta do julgamento (leia-se: do processo). É a posição doutrinária hoje dominante.
- Concorrência entre Justiça federal e estadual: prepondera a federal, nos termos da Súmula 122 do STJ.
-Federalização dos crimes contra direitos humanos: Depende de proposição do Procurador Geral da República e aceitação do STJ (art. 109, §5°, CF).
 
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