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APOSTILA GERAL FARMACOLOGIA

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ESCOLA TÉCNICA ALVORADA
CURSO DE FARMÁCIA
FARMACOLOGIA
PROFº IGOR MURHAN
IMPERATRIZ – MA
2018
FARMACOLOGIA
Introdução, Farmacocinética e Farmacodinâmica
O que é Farmacologia? 
Conceito: Ciência que estuda as interações entre as drogas ou fármacos com os sistemas biológicos.
Farmacologia: origem grega
 Fármacon: droga logos: discurso/estudo
O que é um fármaco?
Conceito: Substância química de estrutura conhecida, que não seja um nutriente ou um ingrediente essencial a dieta, o qual quando administrado a um organismo vivo, produza um efeito biológico positivo.
O que é droga?
Conceito: Qualquer substância que ocasione uma alteração no funcionamento biológico resultante de suas propriedades químicas.
Efeito maléfico
Agente tóxico – xenobiótico
TOXICOLOGIA
Efeito benéfico
Fármaco
FARMACOLOGIA
Essa droga se interagir com o organismo e produzir efeito benéfico, denomina-se fármaco e dá origem a farmacologia. Se produzir efeito maléfico, denomina-se agente tóxico ou xenobiótico (Substância estranha ao organismo ou ao sistema biológico) e dá origem a toxicologia.
Todo FÁRMACO é uma DROGA. Nem todas as DROGAS são FÁRMACOS.
Fármaco: Uma substância definida, com propriedades ativas, produzindo efeito terapêutico.
Droga: Qualquer substância que interaja com o organismo produzindo algum efeito.
EXEMPLO:
Cannabis sativa: maconha – DROGA/origem
Tetrahydrocannabinol (Δ9-THC ) – FÁRMACO
O caminho da DROGA até ao MEDICAMENTO:
PESQUISA BÁSICA: também denominada fase de descoberta, a pesquisa básica consiste na análise ou na síntese de novos compostos que se mostrem promissores no combate a alguma patologia. 
PESQUISA PRÉ-CLÍNICA: nesta fase são checados os parâmetros de segurança e de eficácia por meio de estudos de toxicidade e de atividade in vitro e in vivo. Também são avaliadas a dose e a apresentação farmacêutica por produzirem variações importantes de toxicidade e de atividade. Se o composto for aprovado pelos resultados obtidos nos testes em animais, comprovada a sua segurança e a sua eficácia, passa-se então para os testes em seres humanos, os ensaios clínicos.
PESQUISA CLÍNICA: a pesquisa clínica, fase de desenvolvimento de medicamentos, consiste em submeter os novos compostos a ensaios clínicos para avaliar a segurança e a eficácia do produto em seres humanos.
CONCEITOS GERAIS:
Dose: Quantidade de fármaco suficiente para produzir efeito farmacológico.
Posologia: é o melhor esquema de administração da dose, que garanta o efeito farmacológico.
Dose Efetiva Mediana (DE50): é a dose capaz de produzir efeito farmacológico em 50% da população.
Dose Efetiva Letal (DL50): é a dose capaz de produzir óbito em 50% dos indivíduos.
Índice Terapêutico (IT): é a relação existente entre a Dose Efetiva Mediana (DE50) e a Dose Efetiva Letal (DL50), expressa da seguinte forma: IT = DL50/DE50
ESPECIALIDADES FARMACÊUTICAS: 
São medicamentos de fórmula conhecida, ação comprovada, com uma forma estável e que são comercializados preparados e embalados (especialidade farmacêutica) e que recebem um nome de marca ou fantasia. São produzidos pelos laboratórios farmacêuticos.
Medicamentos de referência/ ético/ original: os medicamentos de referência, também conhecidos como “de marca”, são remédios que possuem eficácia terapêutica, segurança e qualidade comprovadas cientificamente no momento do registro, junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Medicamentos similares: são identificados pela marca ou nome comercial e possuem a mesma molécula (princípio ativo), na mesma forma farmacêutica e via de administração dos medicamentos de referência. A diferença entre os remédios similares e os de referência está relacionada a alguns aspectos como: prazo de validade do medicamento, embalagem, rotulagem, no tamanho e forma do produto.
Medicamentos Genéricos: são medicamentos que apresentam o mesmo princípio ativo que um medicamento de referência. Na embalagem do remédio genérico há uma tarja amarela, contendo a letra “G”, e aparece escrito “Medicamento Genérico”. Como esse tipo de medicamento não tem marca, o consumidor tem acesso apenas ao princípio ativo do medicamento.
FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA:
Farmacologia: Ciência que estuda as interações entre as drogas ou fármacos com os sistemas biológicos.
Toxicologia: parte da farmacologia que estuda os efeitos adversos dos fármacos, bem como dos agentes tóxicos que não são utilizados em terapêutica clínica.
FARMACOCINÉTICA 
Farmacocinética: processos que o organismo desempenha com o fármaco;
ADME – Absorção, Distribuição, Metabolismo e Excreção.
ABSORÇÃO: Movimento (transporte) do fármaco desde o seu local de administração até a corrente sanguínea. Esta é diretamente dependente da via de administração: 
Oral: variável, depende de vários fatores em relação as características do fármaco e do organismo. Método mais comum de administração, mais seguro, conveniente e mais econômico.
TGI (estômago e intestino): é fundamental para liberação do fármaco na sua forma ativa. A disponibilidade geralmente é mais rápida e previsível em relação a oral.
Músculo: os fármacos que se encontram em solução aquosa são absorvidos rapidamente; já se estiver em forma oleosa ou de suspensão pode ser mais lenta a absorção. 
Pele: poucos fármacos penetram facilmente a pele íntegra; a absorção sistêmica dos fármacos ocorre muito mais rapidamente através da pele irritada, queimada ou exposta em consequência do aumento do fluxo sanguíneo cutâneo. 
Endovenosa: biodisponibilidade é completa e rápida.
Fatores que influenciam a absorção em relação ao fármaco:
Lipossolubilidade: maior absorção
Hidrossolubilidade: menor absorção
Peso molecular: quanto MENOR, maior absorção
Forma de administração
Em relação ao organismo:
Superfície de absorção: intestino (alcalino) x estômago (ácido)
Permeabilidade capilar: capacidade de penetração
Condições fisiológicas: exemplo: menstruação – aumento do fluxo sanguíneo
Condições patológicas: úlceras – mucosa não íntegra/ ferida
Biodisponibilidade: Fração do fármaco administrada que atinge o sítio alvo de ação. Fatores como o local anatômico de absorção, fatores fisiológicos e patológicos influenciam diretamente na biodisponibilidade e na escolha da via de administração. 
DISTRIBUIÇÃO: Evento sofrido pela molécula do fármaco que após ser absorvida deverá será carreada pela circulação sistêmica;
A distribuição pode ser feita com o fármaco na forma livre (não-ionizada) e forma conjugada (ligado as proteínas plasmáticas como albumina e alfa-1-glicoproteina ácida)
Fatores determinantes:
Afinidade pelo tecido adiposo: muitos fármacos lipossolúveis são armazenados por solubilização na gordura neutra; a gordura é um reservatório bastante estável por ter um fluxo sanguíneo relativamente baixo. 
Grau de polaridade da droga: polar ou apolar
Afinidade pelas proteínas plasmáticas (fármacos ácidos se ligam a albumina; bases se ligam a alfa-1-glicoproteina ácida)
Taxa de vascularização: o débito cardíaco, o fluxo sanguíneo regional e o volume tecidual determinam a taxa de liberação e a quantidade potencial de fármaco distribuída para os tecidos. Inicialmente rins, fígado, cérebro e outros órgãos com boa taxa de perfusão recebem a maior parte do fármaco, enquanto a liberação para os músculos, a maioria das vísceras, pele e gordura é mais lenta. 
Estados fisiopatológicos podem influenciar a eficácia da distribuição das moléculas do fármaco:
Hipoalbuminemia por cirrose; Desnutrição grave; Queimaduras severas; Idosos – menor taxa de produção das proteínas.
Síndrome nefrótica - quantidades excessivas de proteína excretadas na urina. A excreção de proteína excessiva tipicamente leva ao acúmulo de líquido no corpo (edema) e níveis baixos de albumina de proteína e altos níveis de gorduras no sangue.
Gestação – diluição do plasma
METABOLISMO: Conjunto de reações químicas que têm a finalidade de tornar os fármacos mais polares, isto é, hidrossolúveis.Redução da lipossolubilidade da molécula;
Aumento da hidrossolubilidade – excreção renal.
O fígado é o principal órgão de metabolismo dos fármacos. Dessa maneira, o fígado tem a oportunidade de metabolizar os fármacos antes de alcançarem a circulação sistêmica e, portanto, antes de atingirem seus órgãos-alvo. Embora o fígado seja, em termos quantitativos, o órgão mais importante no metabolismo dos fármacos, todos os tecidos do corpo são capazes de metabolizar, em certo grau, os fármacos. Os locais particularmente ativos incluem a pele, os pulmões, o trato gastrintestinal e os rins.
EXCREÇÃO: Processo de remoção do fármaco e seus metabólitos da corrente sanguínea para o meio externo.
Os fármacos e seus metabólitos são, em sua maioria, eliminados do corpo através de excreção renal e biliar. A excreção renal constitui o mecanismo mais comum de excreção de fármacos e baseia-se na natureza hidrofílica de um fármaco ou seu metabólito. Apenas um número relativamente pequeno de fármacos é excretado primariamente na bile. Muitos fármacos de administração oral sofrem absorção incompleta pelo trato gastrintestinal superior, e o fármaco residual é então eliminado por excreção fecal. De outro modo, os fármacos podem ser excretados em quantidades mínimas através das vias respiratória e dérmica.
FARMACODINÂMICA
Farmacodinâmica: Estudo das ações e efeitos de fármacos e seus mecanismos de ação sobre o organismo.
O estudo da farmacodinâmica baseia-se no conceito da ligação fármaco-receptor. Quando um fármaco ou um ligante endógeno liga-se a seu receptor, pode ocorrer uma resposta como consequência dessa interação de ligação. O termo receptor se refere ao componente do organismo com o qual o agente químico reagiria. 
As propriedades farmacológicas dos fármacos baseiam-se, com frequência, em seus efeitos sobre o estado de seus receptores cognatos. Um fármaco que, através de sua ligação a seu receptor, favorece a conformação ativa deste receptor é denominado agonista; por outro lado, um fármaco que impede a ativação do receptor pelo agonista é designado como antagonista.
Agonistas x Antagonistas
Agonistas: é uma determinada molécula que se liga através de interações químicas a um determinado receptor e desencadeia respostas celulares a fim de exercer um determinado efeito.
Antagonistas: O antagonista é uma molécula que vai se ligar a este receptor e impedir que a célula desencadeie toda essa resposta.
Eficácia x Potência
Eficácia: é a resposta máxima produzida por um fármaco
Potência: É a medida da concentração do fármaco necessária para produzir determinada resposta. 
Farmacologia do Sistema Nervoso
O sistema nervoso pode ser dividido, em nível estrutural e funcional, em componentes periférico e central. O sistema nervoso periférico inclui todos os nervos que seguem o seu percurso entre o sistema nervoso central e os locais somáticos e viscerais. Funcionalmente, é dividido em sistema nervoso autônomo (involuntário) e sistema nervoso sensitivo e somático (voluntário). O sistema nervoso central (SNC) inclui o cérebro, o diencefálico, o cerebelo, o tronco encefálico e a medula espinal. O SNC transmite e processa sinais recebidos do sistema nervoso periférico; o processamento resulta em respostas que são formuladas e retransmitidas à periferia. O SNC é responsável por funções importantes, como percepção — incluindo processamento sensitivo, auditivo e visual —, estado de vigília, linguagem e consciência.
O sistema nervoso autônomo regula as respostas involuntárias do músculo liso e do tecido glandular. Por exemplo, controla o tônus vascular, a frequência e a contratilidade cardíacas, a constrição das pupilas, a sudorese, a salivação, a piloereção (“pele de galinha”), a contração do útero, a motilidade gastrintestinal (GI) e a função da bexiga. O sistema nervoso autônomo é dividido em sistema nervoso simpático, responsável pelas respostas de “luta ou fuga”, e em sistema nervoso parassimpático, responsável pelas respostas de “repouso e digestão”. O sistema nervoso periférico sensitivo e somático transporta sinais sensitivos da periferia para o SNC e sinais motores do SNC para o músculo estriado; esses sinais regulam o movimento voluntário.
O sistema nervoso passa por um contínuo processo de aprendizagem, produzindo respostas de fuga ou enfrentamento, atento à ameaças e oportunidades. Em linhas gerais, podemos entendê-lo como a parte do organismo mais capaz de receber, perceber, integrar e responder aos estímulos recebidos em determinado ambiente. 
O SNE (Sistema Nervoso Entérico) é encontrado ao longo de todo trato gastrointestinal, e se estende do esôfago ao reto, além estar presente no pâncreas e na vesícula biliar. O controle neural da função gastrointestinal é predominantemente regido pelos neurônios intrínsecos do sistema nervoso entérico, embora possa haver modulação por parte de neurônios extrínsecos provenientes do sistema nervoso simpático, parassimpático e neurônios sensoriais. 
O Sistema Nervoso Somático ou voluntário tem por função reagir a estímulos provenientes do ambiente externo. Ele é constituído por fibras motoras que conduzem impulsos do sistema nervoso central aos músculos esqueléticos. O corpo celular de uma fibra motora do SNP voluntário fica localizado dentro do sistema nervoso central e o axônio vai diretamente do encéfalo ou da medula até o órgão que inerva.
Neurônios: É a célula típica do sistema nervoso, composta, como outras células do organismo, de um corpo celular com organelas intracelulares; apresenta ainda uma membrana plasmática especializada em gerar e conduzir sinais bioelétricos. Os prolongamentos neuronais são os dendritos e os axônios. Possui excitabilidade elétrica, a capacidade de responder à um estímulo e convertê-lo em potencial de ação.
Neurotransmissores: Para ser um neurotransmissor, a substância deve ser produzida no neurônio pré-sináptico, a quantidade produzida deve ser capaz de gerar uma resposta no neurônio pós-sináptico, a aplicação exógena da substância deve reproduzir os efeitos da liberação sináptica e, finalmente, deve haver um mecanismo para por um fim à resposta fisiológica que foi gerada, com consequente remoção do composto da sinapse.
Sinapses: Nas sinapses entre neurônios, o neurônio que envia o sinal é chamado de neurônio pré-ganglionar (pré-sináptico), e o que recebe a mensagem é chamado de neurônio pós-ganglionar (pós-sináptico). 
Sinapse elétrica: Os potenciais de ação passam diretamente entre as células adjacentes, por meio das junções comunicantes.
Sinapse química: Embora muito próximas, as membranas dos neurônios pré e pós-ganglionares não se tocam; são separadas pela fenda sináptica e esta é preenchida por um líquido intersticial. Essa comunicação é feita indiretamente pelos neurotransmissores (sob efeito do potencial de ação) que se difundem pelo líquido intersticial na fenda sináptica e se liga aos receptores encontrados na membrana pós-sináptica. O neurônio pós-ganglionar recebe um sinal químico e por sua vez gera um sinal elétrico.
Alguns neurotransmissores são considerados "excitatórios," provocando a deflagração de um potencial de ação no neurônio alvo. Outros são considerados "inibitórios," dificultando a deflagração de algum potencial de ação no neurônio alvo. Contudo, "excitatório" e "inibitório" não são realmente dois compartimentos no qual podemos separar os neurotransmissores. Ao invés disso, um mesmo neurotransmissor pode, às vezes, possuir um efeito excitatório ou inibitório, dependendo do RECEPTOR.
Exemplo: ACETILCOLINA. O neurotransmissor acetilcolina é excitatório na junção neuromuscular, no músculo esquelético, fazendo com que o músculo contraia. Em contraste, ela é inibitória no coração, onde reduz os batimentos cardíacos. Estes efeitos opostos são possíveis porque dois tipos diferentes de receptores proteicos de acetilcolina são encontrados nas duas localidades. Os receptores de acetilcolina nas células musculares esqueléticas são chamados receptores NICOTÍNICOSde acetilcolina. Eles são canais iônicos que se abrem em resposta à ligação de acetilcolina, causando despolarização na célula alvo. Os receptores de acetilcolina nas células musculares cardíacas são chamados receptores MUSCARÍNICOS de acetilcolina. Eles não são canais iônicos, mas acionam vias de sinalização que inibem o disparo de potenciais de ação.
Farmacologia Endócrina
Introdução
O hipotálamo e a hipófise funcionam de modo cooperativo como reguladores dominantes do sistema endócrino. Em seu conjunto, os hormônios secretados pelo hipotálamo e pela hipófise controlam importantes funções homeostáticas e metabólicas, desde a reprodução até o controle da fisiologia da tireóide. 
Há no organismo algumas glândulas das quais a função é essencial para a vida. São conhecidas pelo nome de “glândulas endócrinas” ou de secreção interna, porque as substâncias por elas elaboradas passam diretamente para o sangue. 
Estas glândulas não têm, portanto, um ducto excretor, mas são os próprios vasos sanguíneos que, capilarizando-se nelas, recolhem as secreções. As glândulas de secreção interna ou endócrinas distinguem-se, assim, nitidamente, das glândulas de secreção externa, ditas exócrinas; estas últimas são, na verdade, dotadas de um ducto excretor e compreendem as glândulas do aparelho digestivo, como as glândulas salivares, o pâncreas, as glândulas do estômago e do intestino etc. 
As glândulas endócrinas secretam substâncias particulares que provocam no organismo funções biológicas de alta importância: os hormônios.
As principais glândulas endócrinas do organismo são o pâncreas, a tireóide, as paratireóides, as cápsulas suprarrenais, a hipófise, as gônadas. 
As atividades das diferentes partes do corpo estão integradas pelo sistema nervoso e os hormônios do sistema endócrino. As glândulas do sistema endócrino secretam hormônios que difundem ou são transportados pela corrente circulatória a outras células do organismo, regulando suas necessidades.
As glândulas de secreção interna desempenham papel primordial na manutenção da constância da concentração de glucose, sódio potássico, cálcio, fosfato e água no sangue e líquidos extracelulares. A secreção se verifica mediante glândulas diferenciadas, as quais podem ser exócrinas (de secreção externa) ou endócrinas (de secreção interna). Chamamos glândulas exócrinas as que são providas de um conduto pelo qual vertem ao exterior o produto de sua atividade secretora, tais como o fígado, as glândulas salivares e as sudoríparas. E as glândulas endócrinas são aquelas que carecem de um conduto excretor e, portanto, vertem diretamente no sangue seu conteúdo, como por exemplo, a tiróide, o timo, etc. Existem além disso, as mistas que produzem secreções internas e externas, como ocorre com o pâncreas (que produz suco pancreático e insulina) e o fígado. 
As glândulas endócrinas têm muita importância, pois são capazes de elaborar complexas substâncias com os ingredientes que extraem do sangue e da linfa. 
Estes compostos, os hormônios, possuem qualidades altamente específicas. Cada glândula endócrina fabrica seu produto ou produtos característicos dotados de propriedades físicas, fisiológicas ou farmacológicas especiais.
Hormônio: é uma substância secretada por células de uma parte do corpo que passa a outra parte, onde atua pouca concentração regulando o crescimento ou a atividade das células. 
No sistema endócrino distinguimos 3 partes: célula secretória, mecanismo de transporte e célula branca, cada uma caracterizada por sua maior ou menor especificação. 
Geralmente cada hormônio é sintetizado por um tipo específico de células.
Glandulares: são elaborados pelas glândulas endócrinas e vertidos por estas diretamente ao sangue, que as distribui a todos os órgãos, onde logo exercem suas funções. Subdividem-se em dois grupos, conforme realizam uma ação excitante ou moderadora sobre a função dos órgãos sobre os quais influem. 
Tissulares ou aglandulares: são formados em órgãos distintos e sem correlação nem interdependência entre eles: sua ação é exclusivamente local e a exercem no órgão em que se formam ou nos territórios vizinhos. 
Sob o aspecto químico, os hormônios podem dividir-se em duas grandes classes: 
a) Hormônios esteroides: aos quais pertencem às corticosupra-renais e sexuais. 
b) Hormônios protéicos: (verdadeiras proteínas) ou aminoácidos (mais ou menos modificados), as quais pertencem os hormônios tiroideas, hipofisárias, pancreáticas e paratiróides. As características físico-químicas dos hormônios são: facilidade de solubilidade nos líquidos orgânicos, difusibilidade nos tecidos e resistência ao calor. A modalidade da secreção hormonal por parte das glândulas endócrinas não é, todavia bem conhecida, já que falta saber, com exatidão, se produz de maneira contínua ou é armazenada na glândula e derramada na circulação no momento de sua utilização, ou se produz unicamente quando é necessário utilizá-la, ou se uma pequena parte é posta continuamente em circulação.
As principais glândulas são: A glândula pituitária ou hipófise, é um pequeno corpúsculo situado no esfenóide (este é um osso que se encontra bem perto do centro da cabeça): divide-se numa porção anterior, adeno-hipófise, numa parte intermediária e em outra posterior ou neuro-hipófise, cada uma das quais produz os seguintes hormônios. 
Porção anterior: Na adeno-hipófise se separam os hormônios 
a) somatrotofina ou hormônio do crescimento: Estimulação corporal ao exercer sua ação sobre os cartílagos de crescimento dos ossos; modifica o metabolismo de gorduras, proteínas e hidratos de carbono. 
b) adrenocorticotrópico (ACTH): Estimula a secreção dos hormônios córticosupra-renais. 
c) hormônio folículo estimulante (FSH): Estimula a formação do folículo de Graaf do ovário e dos túbulos seminíferos do testículo. 
d) hormônio luteinizante: Regula a produção e liberação de estrogênios e progesterona pelo ovário e de testosterona pelo testículo. 
e) prolactina: Mantém a secreção de estrogênios e progesterona; estimula a secreção do leite através das mamas.
 f) Tirotrofina: Estimula a tiróides e a formação de tiroxina.
Porção intermédia
intermedina ou estimuladora de melanócitos (MSH): Regula a distribuição dos pigmentos.
Lóbulo posterior
 a) occitocina: Atua a nível do útero favorecendo as contrações no momento do parto e a nível mamário facilitando a secreção do leite. 
b) vasopresina: Estimula a contração dos músculos lisos; ação antidiurética sobre os túbulos dos rins. A extirpação desta glândula e a diminuição da liberação destes hormônios produzem o nanismo, e sua hipertrofia, o gigantismo; de seu lóbulo posterior se extrai a pituitina, que exerce sua ação sobre a tensão sanguínea; e a glândula pineal ou epífise (que não se extrai da hipófise por ser uma glândula independente) situada sobre o terceiro ventrículo e em frente os tuvérculos quadrigêminos, e que se extirpado numa criança, lhe provoca madureza corporal precoce, e um desenvolvimento intelectual antecipado (crianças prodígio).
PÂNCREAS 
O pâncreas produz o hormônio insulina, que regula o nível de glicose no sangue. Em certas condições, por exemplo, quando se ingere muito açúcar, o nível de glicose no sangue aumenta muito. Então o pâncreas libera insulina no sangue. Esse hormônio aumenta a absorção de glicose nas células. Assim, o excesso de glicose é retirado do sangue e o nível desse açúcar volta ao normal. Quando o pâncreas produz uma quantidade insuficiente de insulina, surge uma doença conhecida como diabetes.
Nesse caso, o excesso de glicose permanece no sangue: é a hiperglicemia, constatada pela presença de glicose na urina. A incapacidade das células em absorver adequadamente a glicose do sangue provoca alguns sintomas como a sensação de fraqueza muscular e fome. 
O pâncreas não é somente uma glândula, endócrina, pois este órgão constitui uma glândula de secreção externa; produz, na verdade, o suco pancreático, que serve para digerir os alimentos e que é lançado no duodeno por um ducto que percorreo pâncreas em toda a sua extensão.
Num corte do pâncreas, contudo, notam-se “ilhas” de substância formada de células diversas das do resto da glândula: são as ilhotas de Langerhans, que são dotadas, justamente, de urna função endócrina. 
As ilhotas de Langerhans produzem um hormônio: a insulina, da qual a função é permitir a utilização dos açúcares por parte dos tecidos e em particular dos músculos, para cuja atividade o açúcar é fundamental. 
Quando acontece faltar a insulina, os açúcares não podem ser utilizados pelos músculos e ficam no sangue: é a diabete. Esta moléstia é causada, na verdade, pela hiperglicemia, isto é, pela presença no sangue dos açúcares em proporção superior à normal, um por mil.
 Aumentando o açúcar no sangue, a um certo ponto, o rim não consegue mais reter esse açúcar, que passa, em grande quantidade através dos glomérulos e aparece, portanto, na urina. 
A estrutura do pâncreas assemelha-se à das glândulas salivares, diferente apenas em certas particularidades e na sua textura, mais solta e suave. Não está fechado em uma cápsula propriamente dita, mas é cercado por tecido areolar, que penetra no seu interior e mantém conectados os vários lóbulos que compõe o órgão. Cada lóbulo consiste de uma ramificação final do duto principal, terminando em sacos de fundo cego, tubulares e convolutos. 
Esses alvéolos são quase que completamente formados por células secretoras, sendo muito difícil a visualização de suas luzes. Essas células são chamadas, em alguns animais, de células centro-acinares de Langherhan. 
As células secretoras verdadeiras do pâncreas que delimitam a parede do alvéolo são muito características, colunares e apresentam duas zonas: uma externa, clara e finamente estriada próxima à membrana basal, e uma interna, granular, próxima ao lúmen. 
Durante atividade, a zona granular ocupa a maior parte da célula, o contrário acontecendo em células em repouso. Entre os alvéolos, o tecido conectivo apresenta células que são denominadas células inter-alveolares.
As glândulas endócrinas, também chamadas de glândulas de secreção interna produzem hormônios, que são distribuídos por todo o organismo através da corrente sanguínea. 
Os hormônios têm a responsabilidade de controlar a ordem e a harmonia do organismo. Eles regulam a química corporal, o preparo do corpo para a atividade física e sua reação à fome, estresse, infecção e enfermidades.
RELAÇÃO HIPOTÁLAMO-HIPOFISE 
Hipotálamo e hipófise formam uma unidade que exerce controle sobre várias glândulas endócrinas como também desempenha uma série de atividades fisiológicas. Células nervosas e glândulas endócrinas encontram-se envolvidas na comunicação célula a célula através da secreção de mensageiros químicos (neurotransmissores ou hormônios) e através atividade elétrica. 
A relação entre o hipotálamo e a hipófise foi reconhecida inicialmente por Galeno. Ele observou que o prolongamento ventral do hipotálamo em forma de funil, termina numa massa glandular envolvida por um rico aporte sanguíneo. 
No hipotálamo encontramos neurônios especializados em secretar hormônios (neurônios pepitidérgicos).
HIPÓFISE OU PITUITÁRIA 
A hipófise (ou pituitária), é uma glândula do tamanho de uma ervilha, de forma ovóide com diâmetro aproximado de 1cm e localiza-se numa pequena cavidade do osso esfenóide (cela turca) na parte central da base do crânio (entre os olhos). A hipófise secreta uma série de hormônios que dirigem funções vitais diversas tais como crescimento, desenvolvimento sexual, volume urinário etc. As glândulas adrenais e a tireóide são diretamente governadas pela hipófise. A hipófise possui sensores capazes de regular a atividade da maior parte das outras glândulas de nosso corpo. Esta ligada ao hipotálamo através de um pedúnculo fino denominado trato hipofisário, imediatamente atrás do quiasma óptico. A hipófise dos mamíferos é constituída de duas porções ou lóbos – o lobo anterior ou adeno-hipófise e o lobo posterior ou neuro-hipófise. A primeira porção origina-se a partir do epitélio do céu da boca. A porção posterior tem origem no sistema nervoso e não produz hormônios – apenas armazena e lança na circulação os hormônios produzidos pelo Hipotálamo.
ADENO HIPÓFISE 
Constituída por 5 tipos de células fenotipicamente distintas que são responsáveis pela secreção dos seguintes hormônios: 
Samatotrofina (GH) – Hormônio do crescimento. 
Hormônio tireotrófico (TSH) – Estimula a glândula tireóide. 
Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) – Age sobre o córtex das glândulas supra-renais. 
Hormônio folículo-estimulante (FSH) – Age sobre a maturação dos folículos ovarianos e dos espermatozóides. 
Hormônio luteinizante (LH) – Estimulante das células intersticiais do ovário e do testículo; provoca a ovulação e formação do corpo amarelo.
Hormônio lactogênico (LTH) ou prolactina – Interfere no desenvolvimento das mamas, na mulher e na produção de leite.
SECREÇÃO DE LH E FSH 
A regulação incorpora elementos pulsáteis, periódicos, divinos, cíclicos e relacionados ao estágio da vida. A regulação é diferente em homens e mulheres. 
A secreção de LH quanto FSH é estimulada principalmente por hormônio liberador da gonadotropina (GnRN) ou hormônio liberador do hormônio luteinizante (LHRH) Esse acarreta aumento muito maior na secreção de LH do que na de FSH. A dopamina inibe a secreção de LH. 
A produção de melatonina inibe a liberação de gonadotropinas e é suprida pela luz e estimulada pela escuridão. Embora os níveis de melatonina e da secreção de gonadotropinas estejam inversamente relacionados nos seres humanos, o papel da melotonina na regulação da reprodução humana ainda não foi estabelecido de maneira conclusiva. O estresse é também influência bem caracterizada sobre as funções da reprodução. A função menstrual nas mulheres e a produção de espermatozóides nos homens são perdidas comumente durante o estresse físico ou psíquico prolongado. Esses efeitos podem ser mediados pelo CRH que inibe a liberação de GnRH. Outra influência interessante é representada pelos feromônios que são excitatores ou inibidores químicos veiculados pelo ar ou água. Após a percepção desses sinais químicos pelo sentido do olfato, conexões do bulbo olfativo p o hipotálamo transfere provavelmente sinais reprodutivos provenientes do meio ambiente e de outros indivíduos. Pessoas sem gônadas e mulheres pós menopausa exibem picos ainda acentuados de LH. A secreção pulsátil de LH é amortecida em crianças, mas aumenta bruscamente a medida que a puberdade chega. No início esses pulsos de amplitude mais alta aumentam apenas a noite coincidindo com a redução moderada de melatonina. Durante o início da puberdade o LH aumenta a noite. Esse padrão diurno dura 1 ou 2 anos. Mas nas mulheres é uma natureza cíclica mensal. O ciclo menstrual resulta da interação complexa entre a unidade neurônio GnRH- gonadotrofo e nas modificações sequenciais na secreção dos esteróides ovarianos. Muitas mulheres são estéreis porque a regulação hipotalâmica desordenada deixa de produzir ovulação e função adequadas dos gonadotróficos hipofisários. Os ciclos menstruais normais e a ovulação somente poderão ser restaurados se for administrado GnRH exógeno a essas mulheres, em pulsos que reproduzem o momento, a amplitude e a frequência do gerador hipotalâmico normal. O mesmo vale para espermatogênese em homens estéreis. As técnicas de reposição são utilizadas em mulheres com endometriose e menstruações doloridas, ou para inibir o câncer de próstata no homem.
PROLACTINA 
Hormônio proteico; participa da estimulação do desenvolvimento das mamas e na produção de leite. 
Quando a mulher está no período gestacional, tal hormônio aumenta. Existem fatores que estimulam e inibem a secreção de prolactina. 
Um dos fatores que estimulam a secreção é: durante o período de lactação (devido ao grande aumento de estrogênio-por estimular as células produtoras de prolactina.). Se a mãe não amamentar o bebê, depois do parto; o nível de prolactina volta ao normal em um prazo de 3 a 6 semanas.Então podemos observar que o fator de amamentação (ou qualquer outra estimulação do mamilo), também mantêm os níveis de prolactina aumentados (principalmente, durante as primeiras 8 a 12 semanas após o parto.). Como outros hormônios, a secreção de prolactina aumenta a noite. O primeiro pico aparece dentro de 60 a 90 min. Após o início do sono. O estresse incluindo anestesia, cirurgia, hipoglicemia induzida pela insulina, medo e tensão mental, provocam a liberação de prolactina, (fatores desconhecidos). A inibição da prolactina é por parte do hipotálamo. 
A dopamina (apesar de não ser um peptídeo hipotalâmico) inibe fortemente a prolactina; tanto quando gerada no cérebro ou quando aplicada no tecido hipofisário. Tal inibição é útil para finalidade terapêutica, por exemplo: a hipersecreção patológica de prolactina, proveniente de tumores, é suprimida prontamente pelos agonistas da dopamina. Esses efeitos podem até reduzir as dimensões (encolher) esses tumores. 
A prolactina inibe sua própria secreção, via feedback; aumentando diretamente a síntese e a liberação da dopamina. Efeitos biológicos da prolactina, são que além de estimular o desenvolvimento original do tecido mamário e de sua hiperplasia durante a gravidez; além de ser o principal hormônio pela lactogênese. Antes e após a puberdade, a prolactina, juntamente com estrogênios, progesterona, cortisol, estimula a proliferação e a ramificação dos ductos na mama feminina.
 Durante a gravidez, a prolactina, juntamente com estrogênios e progesterona, é responsável pelo desenvolvimento dos lobos dos alvéolos, dentro dos quais ocorre a produção de leite. Finalmente, após o parto, a prolactina, juntamente com insulina e cortisol, estimula a síntese e a secreção de leite. Nas mulheres, a deficiência de prolactina, causado pela destruição da hipófise anterior, resulta na incapacidade de produzir leite. O excesso de prolactina resulta de disfunção hipotalâmica ou de tumores hipofisários.
 Nas mulheres, a hipersecreção de prolactina, provoca infertilidade e até mesmo, desaparecimento completo da menstruação. Mesmo frequentemente, ocorre lactação sem qualquer associação com a gravidez. Em homens, o excesso de prolactina resulta em menor secreção de testosterona e menor produção de espermatozoide.
HORMÔNIO TIREOTRÓFICO 
Na 13ª semana de gestação surge as células produtoras de TSH, sendo encontradas na área ântero-medial da glândula. Nessa mesma época a tireóide fetal começa a secretar hormônio tireóideo. O TSH é um hormônio tireóideo-estimulante, glicoproteico e sua função é regular o crescimento e o metabolismo da tireóide e a secreção de seus hormônios, Tiroxina(T4) e Tridotironina (T3). O TSH é formado por duas subunidades, uma Ñ e a outra Ò. O TRH hipotalâmico estimula a transição dos genes de ambas subunidades do TSH e o hormônio tireóideo a suprime. Além disso o TRH e o hormônio tireóideo modulam o processo de glicosilação, de forma a aumentar ou reduzir a atividade biológica. 
A secreção de TSH e a produção do hormônio tireóideo ocorre em duas circunstâncias: Jejum e exposição ao frio. A responsividade do TSH ao TRH diminui durente o jejum, ajudando o indivíduo em jejum a adaptar-se à ausência de ingestão energética. Em humanos é difícil demonstrar, já que TSH aumenta a temogênese por estimulação da tireóide, sendo uma resposta lógica ao frio. 
O TSH é secretado com ligeira variação diurna e níveis mais altos durante a noite. 
O cortisol (hormônio do córtex supra-renal) reduz tanto a secreção do TRH, quanto de TSH e o hormônio de crescimento (GH) também reduz a secreção de TSH. 
A hiperestimulação do TSH decorrente da deficiência da tireóide, tanto a subunidade Ñ quanto a Ò circulam em quantidades elevadas. 
HORMÔNIO DO CRESCIMENTO (GH)
 O GH estimula o crescimento e o desenvolvimento somáticos pós-natais e ajuda a manter a massa corporal magra e massa óssea normais em adultos. Também exerce várias ações sobre o metabolismo das proteínas, carboidratos e lipídeos. O hormônio do crescimento é uma proteína constituída por 191 aminoácidos, formando uma cadeia simples polipeptídica, contendo duas pontes de dissulfeto. Este hormônio origina-se nos somatotrofos da adeno-hipófise e é armazenado em grânulos densos. Os somatotrofos constituem 40 a 50% da glândula adulta. Também podem formar tumores que secretam excesso de GH, produzindo uma doença chamada acromegalia. O gene do GH transcreve um RNA mensageiro que orienta a síntese de um pré-hormônio. Então, um peptídeo sinalizador é removido e o hormônio, já na sua forma final, é armazenado nos grânulos.
A secreção do GH ocorre sob várias influências diferentes. Uma queda brusca nos níveis plasmáticos de um dos principais substratos produtores de energia, glicose ou ácidos graxos livres, provoca aumento na produção do GH. Já uma refeição rica em carboidratos ou uma carga de glicose pura, acarreta uma redução imediata no nível plasmático de GH. 
A ingestão de uma dieta rica em proteínas eleva os níveis plasmáticos de GH; por outro lado o jejum total de proteína também estimula a secreção.
Exercício, retiradas de sangue, febre, traumatismo e grandes anestesias, são estimuladores rápidos da secreção do GH. 
A secreção do GH é maior em mulheres, tendo seu nível mais alto antes da ovulação. Isso ocorre devido ao efeito estimulante do estradiol sobre o hormônio do crescimento.
APLICANDO A FARMACOLOGIA
Os hormônios do hipotálamo e da hipófise podem ser utilizados como agentes farmacológicos para modificar os respectivos eixos endócrinos de cada hormônio. Os hormônios hipotalâmicos podem ser utilizados para determinar as causas da patologia endócrina subjacente ou para suprimir um eixo. Os hormônios da adeno-hipófise podem ser administrados como terapia de reposição nos casos de deficiência (hormônio do crescimento) ou podem ser utilizados para fins diagnósticos. A neuro-hipófise produz dois hormônios, o ADH e a ocitocina, que podem ser utilizados no tratamento do diabetes insípido neurogênico e na indução do trabalho de parto, respectivamente. As perspectivas futuras para a farmacologia do hipotálamo e da hipófise deverão incluir: o planejamento de novos sistemas de liberação de fármacos, como sprays nasais do secretagogo do hormônio do crescimento; síntese de análogos não-peptídicos dos hormônios hipotalâmicos ativos por via oral; o desenvolvimento de antagonistas da grelina; e novas intervenções farmacológicas para o diabetes insípido nefrogênico. O hipotálamo também representa um alvo terapêutico promissor para novos fármacos destinados a controlar transtornos do apetite.
Farmacologia sistemática aplicada a quimioterapia das doenças infecciosas e malignas
	Quimioterapia
	A quimioterapia é o método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica.
O primeiro quimioterápico antineoplásico foi desenvolvido a partir do gás mostarda, usado nas duas Guerras Mundiais como arma química. Após a exposição de soldados a este agente, observou-se que eles desenvolveram hipoplasia medular e linfóide, o que levou ao seu uso no tratamento dos linfomas malignos. A partir da publicação, em 1946, dos estudos clínicos feitos com o gás mostarda e das observações sobre os efeitos do ácido fólico em crianças com leucemias, verificou-se avanço crescente da quimioterapia antineoplásica. Atualmente, quimioterápicos mais ativos e menos tóxicos encontram-se disponíveis para uso na prática clínica. Os avanços verificados nas últimas décadas, na área da quimioterapia antineoplásica, têm facilitado consideravelmente a aplicação de outros tipos de tratamento de câncer e permitido maior número de curas.
Mecanismos de ação e classificação das drogas antineoplásicas
Os agentes utilizados no tratamento do câncer afetam tanto as células normais como as neoplásicas, porém eles acarretam maior dano às células malignasdo que às dos tecidos normais, devido às diferenças quantitativas entre os processos metabólicos dessas duas populações celulares. Os citotóxicos não são letais às células neoplásicas de modo seletivo. As diferenças existentes entre o crescimento das células malignas e os das células normais e as pequenas diferenças bioquímicas verificadas entre elas provavelmente se combinam para produzir seus efeitos específicos.
O ADN, material genético de todas as células, age como modelador na produção de formas específicas de ARN transportador, ARN ribossômico e ARN mensageiro e, deste modo, determina qual enzima irá ser sintetizada pela célula. As enzimas são responsáveis pela maioria das funções celulares, e a interferência nesses processos irá afetar a função e a proliferação tanto das células normais como das neoplásicas. A maioria das drogas utilizadas na quimioterapia antineoplásica interfere de algum modo nesse mecanismo celular, e a melhor compreensão do ciclo celular normal levou à definição clara dos mecanismos de ação da maioria das drogas. Foi a partir dessa definição que Bruce e col.(1969) classificaram os quimioterápicos conforme a sua atuação sobre o ciclo celular em:
	 
	• Ciclo-inespecíficos - Aqueles que atuam nas células que estão ou não no ciclo proliferativo, como, por exemplo, a mostarda nitrogenada.
• Ciclo-específicos - Os quimioterápicos que atuam somente nas células que se encontram em proliferação, como é o caso da ciclofosfamida.
• Fase-específicos - Aqueles que atuam em determinadas fases do ciclo celular, como, por exemplo, o metotrexato (fase S), o etoposídeo (fase G2) e a vincristina (fase M).
	 
Tipos e finalidades da quimioterapia
A quimioterapia pode ser feita com a aplicação de um ou mais quimioterápicos. O uso de drogas isoladas (monoquimioterapia) mostrou-se ineficaz em induzir respostas completas ou parciais significativas, na maioria dos tumores, sendo atualmente de uso muito restrito.
A poliquimioterapia é de eficácia comprovada e tem como objetivos atingir populações celulares em diferentes fases do ciclo celular, utilizar a ação sinérgica das drogas, diminuir o desenvolvimento de resistência às drogas e promover maior resposta por dose administrada.
A quimioterapia pode ser utilizada em combinação com a cirurgia e a radioterapia. De acordo com as suas finalidades, a quimioterapia é classificada em:
	 
	• Curativa - quando é usada com o objetivo de se conseguir o controle completo do tumor, como nos casos de doença de Hodgkin, leucemias agudas, carcinomas de testículo, coriocarcinoma gestacional e outros tumores.
• Adjuvante - quando se segue à cirurgia curativa, tendo o objetivo de esterilizar células residuais locais ou circulantes, diminuindo a incidência de metástases à distância. Exemplo: quimioterapia adjuvante aplicada em caso de câncer de mama operado em estádio II.
• Neoadjuvante ou prévia - quando indicada para se obter a redução parcial do tumor, visando a permitir uma complementação terapêutica com a cirurgia e/ou radioterapia. Exemplo: quimioterapia pré-operatória aplicada em caso de sarcomas de partes moles e ósseos.
• Paliativa - não tem finalidade curativa. Usada com a finalidade de melhorar a qualidade da sobrevida do paciente. É o caso da quimioterapia indicada para carcinoma indiferenciado de células pequenas do pulmão.
	 
Toxicidade dos quimioterápicos
Os quimioterápicos não atuam exclusivamente sobre as células tumorais. As estruturas normais que se renovam constantemente, como a medula óssea, os pêlos e a mucosa do tubo digestivo, são também atingidas pela ação dos quimioterápicos. No entanto, como as células normais apresentam um tempo de recuperação previsível, ao contrário das células anaplásicas, é possível que a quimioterapia seja aplicada repetidamente, desde que observado o intervalo de tempo necessário para a recuperação da medula óssea e da mucosa do tubo digestivo. Por este motivo, a quimioterapia é aplicada em ciclos periódicos.
Os efeitos terapêuticos e tóxicos dos quimioterápicos dependem do tempo de exposição e da concentração plasmática da droga. A toxicidade é variável para os diversos tecidos e depende da droga utilizada. Nem todos os quimioterápicos ocasionam efeitos indesejáveis tais como mielode-pressão, alopecia e alterações gastrintestinais (náuseas, vômitos e diarréia).
As doses para pessoas idosas e debilitadas devem ser menores, inicialmente, até que se determine o grau de toxicidade e de reversibilidade dos sintomas indesejáveis.
Principais drogas utilizadas no tratamento do câncer
Os agentes antineoplásicos mais empregados no tratamento do câncer incluem os alquilantes polifuncionais, os antimetabólitos, os antibióticos antitumorais, os inibidores mitóticos e outros. Novas drogas estão sendo permanentemente isoladas e aplicadas experimentalmente em modelos animais antes de serem usadas no homem.
Alquilantes
	 
	São compostos capazes de substituir em outra molécula um átomo de hidrogênio por um radical alquil. Eles se ligam ao ADN de modo a impedir a separação dos dois filamentos do ADN na dupla hélice espiralar, fenômeno este indispensável para a replicação. Os alquilantes afetam as células em todas as fases do ciclo celular de modo inespecífico. 
Apesar de efetivos como agentes isolados para inúmeras formas de câncer, eles raramente produzem efeito clínico ótimo sem a combinação com outros agentes fase-específicos do ciclo celular. As principais drogas empregadas dessa categoria incluem a mostarda nitrogenada, a mostarda fenil-alanina, a ciclofosfamida, o bussulfam, as nitrosuréias, a cisplatina e o seu análago carboplatina, e a ifosfamida.
	 
Antimetabólitos
	 
	Os antimetabólitos afetam as células inibindo a biossíntese dos componentes essenciais do ADN e do ARN. Deste modo, impedem a multiplicação e função normais da célula. Esta inibição da biossíntese pode ser dirigida às purinas (como é a ação dos quimioterápicos 6-mercaptopurina e 6-tioguanina), à produção de ácido timidílico (5-fluoruracil e metotrexato) e a outras etapas da síntese de ácidos nucléicos (citosina-arabinosídeo C). Os antimetabólitos são particularmente ativos contra células que se encontram na fase de síntese do ciclo celular (fase S). A duração da vida das células tumorais suscetíveis determina a média de destruição destas células, as quais são impedidas de entrar em mitose pela ação dos agentes metabólicos que atuam na fase S. Como pode ser deduzido, as diferenças entre a cinética celular de cada tipo de tumor pode ter considerável efeito na clínica, tanto na indicação quanto no esquema de administração desses agentes.
	 
Antibióticos
	 
	São um grupo de substâncias com estrutura química variada que, embora interajam com o ADN e inibam a síntese deste ácido ou de proteínas, não atuam especificamente sobre uma determinada fase do ciclo celular. Apesar de apresentarem tal variação, possuem em comum anéis insaturados que permitem a incorporação de excesso de elétrons e a conseqüente produção de radicais livres reativos. Podem apresentar outro grupo funcional que lhes acrescenta novos mecanismos de ação, como alquilação (mitomicina C), inibição enzimática (actinomicina D e mitramicina) ou inibição da função do ADN por intercalação (bleomicina, daunorrubicina, actinomicina D e adriamicina e seus análogos mitroxantona e epirrubicina). Como todos os quimioterápicos, os antibióticos atuam tanto sobre as células normais como sobre as malignas. Por isso, também apresentam efeitos colaterais indesejáveis.
	 
Inibidores mitóticos
	 
	Os inibidores mitóticos podem paralisar a mitose na metáfase, devido à sua ação sobre a proteína tubulina, formadora dos microtúbulos que constituem o fuso espiralar, pelo qual migram os cromossomos. Deste modo, os cromossomos, durante a metáfase, ficam impedidos de migrar, ocorrendo a interrupção da divisão celular. Esta função tem sido útil na "sincronização" das células quando os inibidores mitóticos são combinados com agentes específicos dafase S do ciclo. Devido ao seu modo de ação específico, os inibidores mitóticos devem ser associados a outros agentes para maior efetividade da quimioterapia. Neste grupo de drogas estão incluídos os alcalóides da vinca rósea (vincristina, vimblastina e vindesina) e os derivados da podofilotoxina (o VP-l6, etoposídeo; e o VM-26, teniposídeo).
	 
Outros agentes
	 
	Algumas drogas não podem ser agrupadas em uma determinada classe de ação farmacológica. Entre elas, destacam-se a dacarbazina, indicada no tratamento do melanoma avançado, sarcomas de partes moles e linfomas; a procarbazina, cujo mecanismo de ação não foi ainda completamente explicado, e que é utilizada no tratamento da doença de Hodgkin; a L-asparaginase, que hidrolisa a L-asparagina e impede a síntese protéica, utilizada no tratamento da leucemia linfocítica aguda. 
É necessário ressaltar que a quimioterapia antineoplásica requer, por sua complexidade, profissional devidamente capacitado para a sua indicação e aplicação. Ela deve ser empregada e supervisionada por especialista bem treinado nas áreas da oncologia médica e/ou pediátrica e que disponha de condições físicas e materiais adequadas para a sua administração. É necessário que o oncologista clínico mantenha-se atualizado com o constante lançamento, no mercado, de novas drogas para uso em oncologia.
Quimioterapia das doenças infecciosas - bacterianas
As diferenças bioquímicas fundamentais observadas entre as bactérias e os seres humanos são exploradas no desenvolvimento e uso clínico de antibióticos. Os processos do dogma central — replicação, transcrição e tradução do DNA — compartilham muitas semelhanças entre bactérias e seres humanos.
Entretanto, existem diferenças importantes na bioquímica dos processos do dogma central dos procariotas (bactérias), em comparação com aqueles dos eucariotas (seres humanos). Três dessas diferenças são utilizadas como alvos pelos agentes quimioterápicos antibacterianos: (1) as topoisomerases, que regulam o superenrolamento do DNA e medeiam a segregação das fitas replicadas de DNA; (2) as RNA polimerases, que transcrevem o DNA em RNA; e (3) os ribossomos, que traduzem o RNA mensageiro (mRNA) em proteína. Os antibióticos quinolonas são agentes de amplo espectro; não apenas inibem certas topoisomerases, como também convertem essas enzimas em agentes que provocam lesão do DNA. Os derivados da rifamicina ligam-se à RNA polimerase bacteriana e a inibem. (Um desses derivados, a rifampicina, constitui a base do tratamento da tuberculose.) Diversos fármacos ligam-se aos ribossomos bacterianos, inibindo a síntese de proteína. Em geral, esses inibidores da síntese de proteínas atuam sobre microrganismos tanto Gram-positivos quanto Gram-negativos e, portanto, têm ampla aplicação clínica. 
Quimioterapia das doenças infecciosas – fúngicas
Os fungos são microrganismos de vida livre que ocorrem na forma de leveduras (células isoladas, fungos de forma esférica), de bolores (fungos filamentosos multicelulares) ou de uma combinação de ambas as formas (os denominados fungos dimórficos). Todos os fungos são organismos eucarióticos. Em virtude de sua semelhança filogenética, os fungos e os seres humanos possuem vias metabólicas homólogas para a produção de energia, a síntese de proteínas e a divisão celular. Consequentemente, existe uma maior dificuldade no desenvolvimento de agentes antifúngicos seletivos do que no desenvolvimento de antibacterianos seletivos. 
O sucesso de muitos agentes antibacterianos resultou da identificação de alvos moleculares exclusivos nas bactérias, ressaltando a necessidade de também identificar alvos fúngicos exclusivos passíveis de serem explorados. Certas populações de pacientes mostram-se particularmente suscetíveis às infecções fúngicas (micoses). Essas populações incluem pacientes cirúrgicos e na unidade de terapia intensiva (UTI), pacientes com próteses e pacientes com comprometimento das defesas imunológicas. Nessas últimas três décadas, o uso extenso de antibióticos de amplo espectro, o maior emprego de cateteres intravenosos a longo prazo e a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) estiveram associados a uma incidência crescente de micoses oportunistas e sistêmicas. Além disso, o sucesso do transplante de órgãos, da terapia imunossupressora e da quimioterapia do câncer contribuiu para um número crescente de pacientes cronicamente imunossuprimidos, que são particularmente suscetíveis a infecções fúngicas. 
O diagnóstico de infecções fúngicas depende, tradicionalmente, de métodos baseados em culturas e do exame direto de amostras à microscopia óptica. Entretanto, devido ao crescimento indolente dos fungos, a cultura torna-se ineficiente, enquanto o exame microscópico direto pode não ser confiável nem identificar de modo definitivo a espécie. Essas desvantagens possuem implicações clínicas importantes, visto que, com frequência, o prognóstico correlaciona-se inversamente com o tempo decorrido entre a manifestação clínica da doença e o diagnóstico acurado. Em consequência, um dos principais enfoques da micologia moderna consiste no desenvolvimento de métodos rápidos não baseados em cultura para estabelecimento de um diagnóstico precoce. As novas técnicas diagnósticas baseiam-se na reação em cadeia da polimerase (PCR), no western blot, na detecção de antígenos e na identificação de metabólitos fúngicos. Como essas técnicas ainda são investigacionais, devem ser efetuadas juntamente com métodos tradicionais baseados em culturas. Antigamente, acreditava-se que as opções de tratamento para as infecções fúngicas oportunistas e sistêmicas fossem limitadas. Entretanto, essas opções estão se ampliando. Os processos fúngicos que vêm sendo explorados no desenvolvimento de agentes antifúngicos incluem a síntese de ácidos nucleicos, a mitose e a síntese e estabilidade da membrana. Os agentes antifúngicos tradicionais, como os azólicos e os polienos, são dirigidos contra alvos moleculares envolvidos na síntese e na estabilidade da membrana dos fungos. As equinocandinas, uma nova classe de agentes antifúngicos, têm como alvo um complexo enzimático envolvido na síntese da parede celular dos fungos. Com a emergência crescente de fungos resistentes, será cada vez mais importante identificar e explorar novos alvos moleculares para a terapia antifúngica.
Quimioterapia das doenças infecciosas – virais
As infecções virais estão entre as principais causas de morbidade e de mortalidade no mundo inteiro. A despeito dos progressos realizados no desenvolvimento de fármacos antivirais, as medidas de saúde pública e as vacinas profiláticas continuam sendo os principais métodos pelos quais a sociedade controla a disseminação das infecções virais. Essa situação fica dolorosamente patente diante da síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS).
 Apesar dos avanços nas terapias com agentes anti-HIV, a AIDS continua sendo uma causa cada vez mais comum de morte, sobretudo em alguns países da África, onde até um em cinco indivíduos é infectado pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Essa enorme prevalência é atribuída, em grande parte, a falhas nas medidas de saúde pública e à falta de uma vacina efetiva contra o HIV, dentro de um contexto sócio-econômico onde os fármacos anti-HIV são de custo demasiado alto. 
Apesar dessas estatísticas desanimadoras, o conjunto de fármacos disponíveis para combater os vírus tem sido de inestimável utilidade para salvar milhões de vidas a cada ano e para melhorar a qualidade de vida de incontáveis pacientes acometidos de doenças virais. Os conceitos-chave são os seguintes: (1) os vírus sofrem replicação intracelular, utilizando os mecanismos da célula hospedeira; (2) o modo de replicação intracelular diminui o número de alvos potenciais para os fármacos antivirais; e (3) os agentes antivirais atuais exploram as diferenças existentes entre as estruturas e as funções das proteínas virais e humanas para obter uma seletividade de ação antiviral.
Para replicar-se, os vírus incorporam-seaos mecanismos metabólicos da célula hospedeira. Em consequência, existem menos diferenças entre os vírus e seus hospedeiros humanos passíveis de explorar no desenvolvimento de fármacos do que aquelas observadas entre bactérias e seres humanos. É também mais difícil desenvolver agentes ativos contra um amplo espectro de vírus do que contra as bactérias. Essa dificuldade advém do fato de que os vírus constituem um grupo heterogêneo de agentes infecciosos, enquanto as bactérias compartilham, em sua maioria, uma estrutura de parede celular comum e mecanismos distintos de transcrição e tradução. Apesar desses obstáculos, todos os vírus codificam proteínas que diferem consideravelmente das proteínas correspondentes humanas. Em princípio, muitas dessas proteínas poderiam atuar como alvos para agentes antivirais. Na prática, entretanto, apenas algumas dessas proteínas virais serviram, até o momento, como alvos úteis para a terapia farmacológica.
Os vírus ocorrem na forma de pequenas partículas, denominadas vírions. Por sua vez, os vírions consistem em um genoma de ácido nucléico acondicionado dentro de uma camada de proteína codificada pelo vírus, denominada capsídio. Em alguns vírus, o capsídio é circundado por um envelope, uma membrana com dupla camada lipídica que contém proteínas do envelope codificadas pelo vírus. Os genomas virais podem consistir em DNA ou em RNA e podem ser de fita simples ou de fita dupla.
Quase todos os vírus apresentam o mesmo ciclo de vida geral para sua replicação. No início da infecção o vírus fixa-se à célula hospedeira. Essa fixação é mediada por proteínas existentes sobre a superfície do vírus, que se ligam especificamente a determinado componente da membrana do hospedeiro. Por exemplo, o envelope viral do HIV contém a glicoproteína gp120, uma proteína transmembrana que medeia a ligação e a fixação do vírus às células hospedeiras que expressam os receptores CD4 e de quimiocinas, como CCR5 ou CXCR4. A seguir ocorre entrada do vírion, que atravessa a membrana celular do hospedeiro. No caso do HIV, o processo de entrada depende da gp41, uma proteína do envelope viral que efetua a fusão da membrana do HIV com a célula-alvo. A seguir, o vírion perde grande parte de suas proteínas do capsídio — o estágio conhecido como desnudamento —, de modo que o ácido nucléico torna-se disponível para transcrição em mRNA, que, a seguir, sofre tradução em ribossomos celulares. 
No caso dos retrovírus, o desnudamento permite a ocorrência da transcrição reversa. Para certos vírus do RNA, o desnudamento é seguido diretamente de tradução do RNA viral. A próxima etapa do ciclo é a replicação do genoma. Essa etapa exige um suprimento de ribonucleosídio trifosfatos para os vírus de RNA e de desoxirribonucleosídio trifosfatos para os vírus de DNA. 
As proteínas virais sintetizadas no interior da célula organizam- se com os genomas virais dentro da célula do hospedeiro, num processo conhecido como montagem. No caso de numerosos vírus, a montagem é seguida de um processo conhecido como maturação viral, que é essencial para que os vírions recém-formados se tornem infecciosos. Tipicamente, esse processo envolve a clivagem de poliproteínas virais por proteases. No caso de alguns vírus, a maturação ocorre dentro da célula hospedeira; para outros, como o HIV, ocorre fora da célula hospedeira. Os vírus abandonam a célula por lise celular ou por brotamento através da membrana celular. No caso dos vírus influenza, os vírions recém-formados exigem uma etapa adicional de liberação da superfície extracelular da membrana celular do hospedeiro. 
Em resumo, quase todos os vírus sofrem replicação através das seguintes etapas: fixação, entrada, desnudamento, transcrição, tradução, replicação do genoma, montagem e saída. Alguns vírus apresentam etapas adicionais, como maturação e liberação. As etapas da infecção dos retrovírus ocorrem numa sequência diferente daquela observada na maioria dos outros vírus, apresentando etapas adicionais no seu ciclo de vida. Por exemplo, a replicação do HIV inclui uma etapa adicional de integração em que o genoma viral é incorporado ao genoma do hospedeiro. Em cada uma dessas etapas, estão envolvidas proteínas específicas do hospedeiro e/ou vírus. As diferenças entre as proteínas virais e do hospedeiro em qualquer uma dessas etapas podem ser utilizadas como alvo para a terapia antiviral. Os vírus possuem conjuntos amplamente diferentes de genes. Alguns deles, como o vírus da hepatite B (HBV), apresentam genomas compactos que só codificam proteínas do envoltório e algumas proteínas utilizadas na expressão dos genes e na replicação do genoma. Outros, como os herpesvírus, codificam escores de proteínas que desempenham muitas funções diferentes. Por conseguinte, as proteínas virais que, até hoje, têm constituído os melhores alvos para os fármacos antivirais consistem em enzimas envolvidas na replicação do genoma ou na maturação, embora outras etapas no ciclo de vida dos vírus também possam servir de alvos para os agentes antivirais.
Farmacologia Cardiovascular, Renal e TGI
	
CARDIOVASCULAR E RENAL
A hipertensão é uma doença amplamente prevalente, que representa um importante fator de risco para eventos cardiovasculares adversos, como acidente vascular cerebral, coronariopatia, doença vascular periférica, insuficiência cardíaca e doença renal crônica. 
Nos estudos de prevenção primária conduzidos, observa-se uma relação contínua entre a pressão arterial e os desfechos cardiovasculares adversos, incluindo morte. Essa relação se mantém até mesmo com o nível de pressão arterial previamente definido como “normal”. O reconhecimento cada vez maior da importância da hipertensão até mesmo leve contribuiu para revisões periódicas da abordagem clínica dessa doença, incluindo critérios para o diagnóstico de hipertensão, estratificação da gravidade da hipertensão e indicações para tratamento. Por exemplo, embora a elevação da pressão sistólica fosse a principal indicação para a instituição do tratamento antihipertensivo, percebe-se, atualmente, que a pressão sistólica elevada por si só (hipertensão sistólica isolada) constitui uma indicação suficiente para o tratamento, sobretudo em pacientes idosos. 
Um dos principais obstáculos no tratamento da hipertensão consiste na natureza em grande parte assintomática da doença, mesmo com elevação pronunciada da pressão arterial sistêmica. Essa separação entre sintomas e consequências adversas a longo prazo fez com que a hipertensão recebesse a designação de “assassino silencioso”. 
Felizmente, o número e o espectro de agentes disponíveis para tratar pacientes com hipertensão ampliaram-se notavelmente no decorrer dessas últimas duas décadas. Esses fármacos podem ser inicialmente administrados como agentes isolados (monoterapia). Entretanto, a natureza progressiva da hipertensão tipicamente leva ao uso de um esquema de múltiplos fármacos.
Embora os alvos clínicos finais do tratamento possam variar ligeiramente de um paciente para outro, o principal objetivo do tratamento consiste em reduzir a pressão arterial medida para níveis na faixa de 120 mm Hg para a pressão sistólica e abaixo de 80 mm Hg para a pressão diastólica. Tipicamente, a hipertensão é classificada em hipertensão primária (essencial) ou secundária.
 A hipertensão essencial, cuja causa responsável pela elevação da pressão arterial permanece desconhecida, afeta 90 a 95% da população hipertensa. A etiologia da hipertensão essencial é, provavelmente, multifatorial, incluindo fatores tanto genéticos quanto ambientais, como consumo de álcool, obesidade e ingestão de sal. A compreensão mais pormenorizada da fisiopatologia da hipertensão primária deve aguardar a elucidação de predisposições genéticas e/ou mecanismos moleculares subjacentes. A hipertensão secundária refere-se a pacientes cuja elevação da pressão arterial pode ser atribuída a uma causa definida. Alguns exemplos de hipertensão secundária incluem hiperaldosteronismo primário, uso de anticoncepcionaisorais, doença renal primária e doença renovascular. Em resumo, a pressão arterial é determinada pelo produto da frequência cardíaca, volume sistólico e resistência vascular sistêmica. A frequência cardíaca é determinada, em grande parte, pela atividade simpática. O volume sistólico depende da carga (pré-carga e pós-carga) e da contratilidade. A resistência vascular sistêmica reflete o tônus vascular agregado das subdivisões arteriolares da circulação sistêmica. A abordagem farmacológica racional no tratamento da hipertensão tanto primária quanto secundária exige uma compreensão da fisiologia da regulação da pressão arterial normal e dos mecanismos possivelmente responsáveis pela hipertensão nesses pacientes.
Um mecanismo potencial para a elevação persistente da pressão arterial consiste em elevação primária no débito cardíaco (hipertensão de “alto débito”). A ocorrência de uma circulação “hipercinética” pode resultar de atividade simpaticoadrenal excessiva e/ou sensibilidade aumentada do coração a níveis basais de reguladores neuro-humorais. O padrão hemodinâmico de hipertensão baseada na bomba (isto é, aumento do débito cardíaco [DC] com resistência vascular sistêmica [RVS] normal) é mais frequentemente observado em pacientes mais jovens com hipertensão essencial. Com o decorrer do tempo, esse padrão pode evoluir para um perfil hemodinâmico, em que o principal foco da doença parece deslocar-se para a vasculatura periférica. Devido ao mecanismo subjacente da hipertensão de alto débito, o tratamento com antagonistas Beta é atraente nessa população de pacientes.
A hipertensão baseada na resistência vascular (isto é, DC normal com aumento da RVS) é um mecanismo comum subjacente observado na hipertensão do idoso. Nos indivíduos que apresentam essa forma de hipertensão, acredita-se que a vasculatura seja anormalmente sensível à estimulação simpática, a fatores circulantes ou a reguladores locais do tônus vascular. Isso pode ser mediado, em parte, por lesão ou disfunção endotelial, que rompe comprovadamente o equilíbrio normal entre os fatores vasodilatadores (por exemplo, óxido nítrico) e vasoconstritivos (por exemplo, endotelina) locais. Além disso, a presença de defeitos nos canais iônicos no músculo liso vascular pode causar elevações anormais do tônus vasomotor basal, resultando em aumento da resistência vascular sistêmica. Tipicamente, a hipertensão baseada na resistência vascular manifesta-se como elevação predominante da pressão arterial sistólica. Os estudos realizados demonstraram a eficiência dos diuréticos tiazídicos nessa população de pacientes, de modo que esses fármacos constituem o tratamento inicial preferido.
As anormalidades da função renal também podem contribuir para o desenvolvimento de hipertensão sistêmica. A retenção excessiva de Na+ e de H2O pelos rins é responsável pela hipertensão baseada no volume. A doença parenquimatosa renal, causada por lesão glomerular com redução da massa de néfrons funcionais e/ou secreção excessiva de renina, pode levar a um aumento anormal do volume intravascular. Alternativamente, a ocorrência de mutações nos canais iônicos pode comprometer a excreção normal de Na+. A doença renovascular (por exemplo, estenose da artéria renal causada por placas ateroscleróticas, displasia fibromuscular, êmbolos, vasculite ou compressão externa) pode resultar em diminuição do fluxo sanguíneo renal. Em resposta a essa redução na pressão de perfusão, as células justaglomerulares aumentam a secreção de renina, o que, por sua vez, leva à produção aumentada de angiotensina II e aldosterona. Esses últimos mediadores aumentam tanto o tônus vasomotor quanto a retenção de Na+/H2O, levando a um perfil hemodinâmico caracterizado por elevação do DC e da RVS.
A disfunção do sistema neuroendócrino — incluindo regulação central anormal do tônus simpático basal, respostas atípicas ao estresse e respostas anormais a sinais provenientes de barorreceptores e receptores de volume intravasculares — pode alterar a função cardíaca, vascular e/ou renal, com consequente elevação da pressão arterial sistêmica. Entre os exemplos de anormalidades endócrinas associadas à hipertensão sistêmica, destacam-se a secreção excessiva de catecolaminas (feocromocitoma), a secreção excessiva de aldosterona pelo córtex da supra-renal (aldosteronismo primário) e a produção excessiva de hormônios tireoidianos (hipertireoidismo).
TGI – TRATO GASTRINTESTINAL
Além de sua principal função na digestão e absorção dosalimentos, o trato gastrintestinal é um dos principais sistemas endrócrinos do corpo. Possui também sua própria rede neuronal integrativa, o sistema nervoso entérico, que contém aproximadamente o mesmo número de neurônios da medula espinhal.
As principais funções do trato gastrintestinal que são importantes do ponto de vista farmacológico são: secreção gástrica; vômito; motilidade do intestino e expulsão das fezes; formação e excreção de bile. O trato gastrintestinal é inervado pelos plexos mioentérico e submucoso. Os plexos estão interconectados, e suas células recebem fibras parassimpáticas pré-ganglionares do vago, que são principalmente colinérgicas excitátórias. As fibras
Simpáticas que chegam são, em grande parte, pós-ganglionares e inervam os vasos sanguíneos, o músculo e células glandulares, além de possuírem terminações nos plexos, onde inibem a secreção de acetilcolina. 
Os neurônios no interior dos plexos (que constituem o sistema nervoso entérico) secretam acetilcolina, noradrenalina, serotonina, purinas, óxido nítrico. O plexo entérico possui neurônios sensoriais que respondem a estímulos mecânicos e químicos. Os principais hormônios secretados pelo tratogastrintestinal são:- a gastrina que possui como função principal estimular a secreção de ácido gástrico pelas células parietais. Além disso, aumenta indiretamente a secreção de pepsinogênio (que é o responsável, juntamente com o HCl, pela digestão de proteínas) e estimula o fluxo sanguíneo e a motilidade gástrica. A secreção de gastrina é inibida quando o pH do conteúdo gástrico vai para 2,5 ou menos; a histamina, que estimula as células parietais através dos receptores H2. A histamina provém dos mastócitos localizados nas células parietais. Ocorre liberação basal uniforme de histamina, que aumenta sob a ação da gastrina e da acetilcolina. A acetilcolina um neurotransmissor, estimula receptores muscarínicos específicos presentes na superfície das células parietais e na superfície das células que contêm histamina. O estômago secreta pepsinogênio, ácido clorídrico e fator intrínseco, provenientes das células principais e parietais.
O muco é secretado por células especializadas localizadas entre as células superficiais por toda a mucosa gástrica. Íons bicarbonato também são secretados e aprisionados no muco, criando um gradiente de pH de 1 – 2 na luz e 6 – 7 na mucosa. O muco e o bicarbonato formam uma camada inerte, semelhante a um gel, que protege a mucosa contra o suco gástrico. O álcool e a bile podem destruir essa camada.
As prostaglandinas PgE2 e PgI2 produzidas localmente estimulam a secreção de muco e de bicarbonato, e inibem a secreção de ácido clorídrico. Acredita-se que os distúrbios nas funções secretórias acima descritos estejam envolvidos na patogenia da úlcera péptica, de modo que a terapia desta condição envolve fármacos que modificam cada um desses fatores. 
O ácido clorídrico é secretado pelas células parietais gástricas por uma bomba de prótons (K+/H+-ATPase). Os estímulos principais para a secreção de ácido clorídrico são a gastrina, a histamina e a acetilcolina. Simplificadamente, pode-se explicar o controle fisiológico da secreção de ácido clorídrico da seguinte maneira: A célula parietal possui receptores H2 para histamina, receptores M2 para acetilcolina e receptores de gastrina. A estimulação dos receptores H2 aumenta o AMPc, enquanto a estimulação dos receptores M2 e de gastrina aumenta o cálcio do citosol. Esses mensageiros atuam de modo sinérgico, produzindo a secreção ácida. 
A gastrina e aacetilcolina, além de estimularem diretamente as células parietais, promovem a secreção de histamina pelas células secretoras de histamina. A acetilcolina é proveniente dos nervos colinérgicos, a histamina provém das células secretoras de histamina e de mastócitos, enquanto a gastrina, produzida pelas células endócrinas da mucosa do antro gástrico e duodeno, é liberada pela corrente sanguínea nas células parietais. 
A ação da acetilcolina é bloqueada pela atropina; a ação da histamina é interrompida diretamente pelos antagonistas H2 (cimetidina), e a atropina inibe a secreção de histamina pelas células secretoras; a ação da gastrina nos receptores das células parietais é inibida pela proglumida; as prostaglandinas E2 e I2 inibem diretamente a produção de ácido clorídrico; o misoprostol inibe a produção de ácido através da estimulação dos receptores de prostaglandinas das células parietais; e finalmente, os inibidores da bomba de prótons (omeprazol, etc) interrompem a atividade da K+/H+ - ATPase (esta bomba é responsável pela troca do K+ por H+ no processo de formação de HCl – ou seja, nessao casião, o K+ retorna ao interior da célula parietal em troca da secreção de H+ necessário à formação do HCl).
TEMA DA AULA: Farmacologia dos agentes antiinflamatórios e imunossupressores
REACAO INFLAMATORIA:
A inflamação (do Latim inflammatio, atear fogo) ou processo inflamatório é uma resposta dos organismos vivos homeotérmicos a uma agressão sofrida. Entende-se como agressão qualquer processo capaz de causar lesão celular ou tecidual. Esta resposta padrão é comum a vários tipos de tecidos e é mediada por diversas substâncias produzidas pelas células danificadas e células do sistema imunitário que se encontram eventualmente nas proximidades da lesão.
A inflamação pode também ser considerada como parte do sistema imunitário, o chamado sistema imune inato, assim denominado por sua capacidade para deflagar uma resposta inespecífica contra padrões de agressão previamente e geneticamente definidos pelo organismo agredido.
Para se entender a reação inflamatória e o efeito dos fármacos antiinflamatórios, precisamos ter claro alguns conceitos:
 - Mediadores Químicos: São substancias endógenas que controlam ou modulam as respostas defensivas do hospedeiro.
 - Reações Inatas: São reações que não envolvem um mecanismo imunológico.
 - Resposta imune especifica: é uma reação que envolve o mecanismo imunológico do hospedeiro, tornando a resposta defensiva a um invasor mais eficaz e especifica.
REAÇÃO INATA (INESPECÍFICA) 
As reações inatas ocorrem localmente, no interior dos tecidos, podendo se dividir em eventos vasculares e em eventos celulares. Os fenômenos vasculares caracterizam-se por alterações no calibre vascular, que provocam um aumento no fluxo sanguíneo (calor) e por alterações na permeabilidade vascular, conduzindo ao extravasamento de exsudato para o interstício, com consequente formação de edema.2 A vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular com exsudação são provocados por mediadores, produzidos a partir do plasma e das células. Tais mediadores, agindo isoladamente, em conjunto, ou em sequência, amplificam a resposta inflamatória e influenciam sua evolução.1 Já nos eventos celulares, as células envolvidas estão normalmente presentes nos tecidos (como células endoteliais e macrófagos) ou têm acesso ao local a partir da circulação (por exemplo, plaquetas e leucócitos).3
Os leucócitos circulantes aderem-se ao endotélio vascular e transmigram para o tecido intersticial em direção ao local da lesão, sob sinalização de agentes quimiotáticos (por exemplo, citocinas e leucotrienos). Em seguida, os leucócitos fagocitam o agente agressor e degradam o tecido necrótico (Figura 1).1,3
	
REAÇÃO ESPECÍFICA
A resposta imunológica específica ou adaptativa auxilia a resposta inata, visto que é específica contra um determinado patógeno invasor. Os anticorpos produzidos pelos linfócitos durante este tipo de resposta imunológica melhoram acentuadamente a resposta do organismo hospedeiro.3 
IMUNIDADE HUMORAL: Envolve a produção de anticorpos pelos Linfócitos B. A resposta imune humoral defende primariamente contra bactérias, toxinas bacterianas e vírus que estão circulantes.
 
 Classes de Imunoglobulinas: 
IgG: Constituem cerca de 80% dos anticorpos do soro. Atravessam paredes dos vasos sangüíneos e placenta, neutralizam toxinas bacterianas, ativam o sistema complemento e aumentam a efetividade das células fagocíticas. Anticorpos de longa duração.
IgM: Compõem 5-10% dos anticorpos do soro. O tamanho da molécula não permite sue livre deslocamento, geralmente permanecem no sangue circulante. São os primeiros anticorpos a aparecer após exposição a um antígeno e tem duração relativamente curta.
IgA: Forma mais comum de anticorpos presente nas membranas mucosas e secreções corporais.
IgD: São encontrados no sangue e linfa, onde sua função é desconhecida e também na superfície de linfócitos B, onde atuam como receptores de antígenos.
IgE: Ligam-se fortemente a basófilos e mastócitos, onde participam das reações alérgicas e na defesa contra vermes parasitas.
Ativação de células produtoras de anticorpos:
Células B reconhecem um antígeno e se ligam a ele
As células B proliferam, formando um clone de linfócitos com a mesma especificidade
Destes, alguns se diferenciam em plasmócitos, que secretam anticorpos contra o antígeno
Outros linfócitos B se diferenciam em células de memória
Ligação antígeno-anticorpo e seus resultados:
Quando um anticorpo encontra um antígeno para o qual é específico, forma-se rapidamente um complexo antígeno anticorpo (Ag-Ac)
A ligação Ag-Ac protege o hospedeiro, marcando células e moléculas estranhas para que sejam destruídas por fagócitos ou sistema complemento.
A molécula de anticorpo não é lesiva para o antígeno.
 
IMUNIDADE CELULAR: Envolve linfócitos especializados denominados células T, que agem contra organismos estranhos. As células T regulam também a ativação e proliferação de outras células do Sistema Imune. É efetiva contra bactérias e vírus localizados dentro dos fagócitos ou células do hospedeiro. As células T interagem especificamente com um único antígeno, que deve ser exibido na superfície celular de uma célula apresentadora de antígeno (CAA) associado ao MHC.
Tipos de células T: 
- Auxiliares (CD4, Helper): Desempenham um papel central na resposta imune, com a ajuda das citocinas elas induzem a formação de células T citotóxicas e ativam macrófagos.
 - Citotóxicas (CD8): Destroem as células alvo no momento do contato. Ligam-se ao complexo MHC-antígeno e liberam perforinas, causando a lise da célula infectada.
Componentes inespecíficos da resposta celular:
Macrófagos ativados: Macrófagos são células usualmente encontradas em estado de repouso, sendo que sua capacidade fagocítica é muito aumentada quando são estimulados (ingestão de material antigênico, citocinas liberadas por Linfócitos T)
Células NK (Natural Killer): Destroem células infectadas por vírus e células tumorais, não precisam ser estimuladas por antígeno, não são fagocíticas, devem entrar em contato com a célula alvo para produzir a lise.
PRINCIPAIS MEDIADORES QUIMICOS DA INFLAMACAO:
	 - HISTAMINA:
		A histamina age em receptores H1, H2 e H3 centrais e periféricos. Esta droga é um importante mediador das respostas alérgicas na pele, no nariz e nos olhos, e causa vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular (edema) e contração da musculatura lisa (brônquica e gastrointestinal) através da ativação dos receptores H1. Suas principais ações são:
	 - Estimulação da secreção gástrica (H2)
	 - Contração de da musculatura lisa, nao vascular (H1)
	 - Estimulação cardiaca (H2)
	 - Vasodilatação (H1)
	 - Aumento da permeabilidade vascular (H1)
	Receptores Histamínicos
Árvore pulmonar: H3; coração: H1, H2 e H3; estômago: H2; intestinos: H1; m. liso bronquiolar: H1; sistema nervoso central (SNC): H1, H2 e H3;

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