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Bioquímica II

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SUMÁRIO
1. MINERAIS E METABOLISMO ÓSSEO .............................................................................. 4 
1.1 O CÁLCIO ........................................................................................................................ 4 
1.1.1 Vitamina D ................................................................................................................. 6 
1.1.2 Hipercalcemia ............................................................................................................ 7 
1.1.3 Hipocalcemia ............................................................................................................. 7 
1.2 OS FOSFATOS ................................................................................................................. 8 
1.2.1 Hiperfosfatemia ........................................................................................................ 10 
1.2.2 Hipofosfatemia ......................................................................................................... 10 
1.2.3 Fosfato urinário ....................................................................................................... 11 
2. ENZIMOLOGIA ................................................................................................................... 12 
2.1 LIPASE ........................................................................................................................... 13 
2.2 AMILASE ....................................................................................................................... 14 
2.3 FOSFATASE ALCALINA ............................................................................................. 15 
2.4 FOSFATASE ÁCIDA ..................................................................................................... 17 
2.5 GAMA GLUTAMIL TRANSPEPTIDASE (GGT) ....................................................... 18 
2.6 ASPARTATO AMINOTRANSFERASE (AST) ........................................................... 18 
2.7 ALANINA AMINOTRANSFERASE (ALT) ............................................................... 19 
2.8 DESIDROGENASE LÁTICA ....................................................................................... 20 
2.9 MARCADORES DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO ..................................... 20 
2.9.1 Mioglobina ............................................................................................................... 21 
2.9.2 Creatinofosfoquinase .............................................................................................. 21 
2.9.3 Troponinas ............................................................................................................... 24 
2.9.4 Miosina de cadeia leve e pesada .............................................................................. 25 
3. FUNÇÃO HORMONAL ...................................................................................................... 27 
3.4 HIPÓFISE ....................................................................................................................... 30 
3.4.1 Adeno-hipófise ......................................................................................................... 31 
3.4.2 Neuro-hipófise ......................................................................................................... 35 
3.4.3 Hiperpituitarismo .................................................................................................... 37 
3.4.4 Hipopituitarismo ...................................................................................................... 38 
3.5 TIREÓIDE ...................................................................................................................... 39 
 3.5.1 Hipertireoidismo ..................................................................................................... 40 
3.5.2 Hipotireoidismo ....................................................................................................... 41 
3.6 PARATIREÓIDE ............................................................................................................ 42 
3.7 SUPRA-RENAIS ............................................................................................................ 45 
3.7.1.1 Aldosterona ...........................................................................................................46 
3.7.1.2 Cortisol .................................................................................................................. 47 
3.7.1.3 Hormônios androgênios ........................................................................................ 48 
3.8 PÂNCREAS .................................................................................................................... 48 
3.8.1 Insulina ..................................................................................................................... 49 
3.8.2 Glucagon .................................................................................................................. 51 
3.8.3 Somastostatina ......................................................................................................... 51 
3.9 SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO ................................................................... 52 
3.9.1 Testosterona ............................................................................................................. 53 
3.10 SISTEMA REPRODUTOR FEMININO ..................................................................... 54 
3.10.1 Hormônios Sexuais Femininos .............................................................................. 55 
3.10.2 Ciclo menstrual ...................................................................................................... 56 
3.11 HORMÔNIOS DA GRAVIDEZ .................................................................................. 59 
3.11.1 O estrógeno na gravidez ......................................................................................... 60 
3.11.2 Progesterona na gravidez ....................................................................................... 60 
3.11.3 Função da gonadotropina coriônica durante a gravidez ......................................... 61 
3.11.4 Funções da somatomamotropina coriônica humana .............................................. 61 
3.11.5 Lactação ................................................................................................................. 62 
3.11.6 Retorno dos ciclos menstruais após o parto ........................................................... 63 
4. LÍQUIDO SEMINAL .......................................................................................................... 64 
4.1 VOLUME E VISCOSIDADE ........................................................................................ 65 
4.2 pH .................................................................................................................................... 66 
4.3 ESPERMOGRAMA ....................................................................................................... 66 
4.3.1 Motilidade ................................................................................................................ 69 
4.3.2 Morfologia ............................................................................................................... 69 
5. EQUILÍBRIO HIDRO-ELETROLÍTICO E ÁCIDO-BÁSICO ........................................... 73 
5.1 ÁGUA E ELETRÓLITOS .............................................................................................. 74 
5.1.1 Metabolismo da água e eletrólitos ........................................................................... 75 
5.2 REGULAÇÃO DO EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO ....................................... 77 
5.3 PRINCIPAIS DISTÚRBIOS HIDRO-ELETROLÍTICOS ............................................. 78 
6. EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO .......................................................................................... 79 
6.1 BIOQUÍMICA DA RESPIRAÇÃO ................................................................................ 80 
6.2 MECANISMOS RESPIRATÓRIOS DE COMPENSAÇÃO ......................................... 82 
6.3 MECANISMOS RENAIS DE COMPENSAÇÃO ......................................................... 83 
6.4 TAMPÕES FISIOLÓGICOS .......................................................................................... 83 
6.5 GASOMETRIA ARTERIAL .......................................................................................... 84 
7. VITAMINAS ........................................................................................................................ 89 
7.1 VITAMINA A ................................................................................................................ 91 
7.2 VITAMINA D ................................................................................................................92 
7.3 VITAMINA E ................................................................................................................ 93 
7.4 VITAMINA K ................................................................................................................ 94 
7.5 VITAMINA B1 ............................................................................................................... 95 
7.6 VITAMINA B2 .............................................................................................................. 96 
7.7 NIACINA ....................................................................................................................... 97 
7.8 VITAMINA B6 .............................................................................................................. 98 
7.9 BIOTINA ....................................................................................................................... 98 
7.10 ÁCIDO FÓLICO E VITAMINA B12 ......................................................................... 99 
7.11 VITAMINA C ............................................................................................................ 101 
8. LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO ............................................................................... 102 
8.1 COLHEITA DE AMOSTRAS ...................................................................................... 103 
8.2 LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO NO LABORATÓRIO DE HEMATOLOGIA 
 ............................................................................................................................................. 104 
8.2.3 Contagem celular ....................................................................................................... 106 
8.3 LCR NO LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA ........................................................... 113 
8.4 LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO NO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA
 ............................................................................................................................................. 120 
8.5 LCR NO LABORATÓRIO DE SOROLOGIA ............................................................ 121 
9. LÍQUIDOS CAVITÁRIOS ................................................................................................ 123 
9.1 FORMAÇÃO ................................................................................................................ 123 
9.2 TRANSUDATOS E EXSUDATOS ............................................................................. 124 
9.3 PROCEDIMENTOS GERAIS DE LABORATÓRIO .................................................. 125 
9.4 LÍQUIDO PLEURAL ................................................................................................... 125 
9.5 LÍQUIDO PERICÁRDICO .......................................................................................... 127 
9.6 LÍQUIDO ASCÍTICO ................................................................................................... 128 
9.7 LÍQUIDO SINOVIAL .................................................................................................. 130 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 133 
1. MINERAIS E METABOLISMO ÓSSEO
Os ossos constituem um tecido metabolicamente ativo que sofre um processo contínuo de 
renovação e remodelação. Essa atividade é conseqüência, em sua maior parte, da atividade de dois 
tipos celulares principais, característicos do tecido ósseo: os osteoblastos e os osteoclastos. Um 
terceiro tipo celular, os osteócitos, derivados dos osteoblastos, são metabolicamente menos ativos, e 
sua função é menos conhecida. 
O tecido ósseo exerce duas funções primordiais: uma mecânica, relacionada à proteção de 
órgãos nobres e ao apoio e sustentação contra a gravidade; e uma metabólica, bastante complexa e 
não menos importante.
Quanto à função metabólica, o tecido ósseo é a maior fonte de sais minerais e participa 
ativamente do equilíbrio eletrolítico do organismo como um todo. Os principais minerais envolvidos no 
metabolismo ósseo são o cálcio e o fosfato. Os ossos estão em contínua remodelação, obedecendo a 
estímulos físicos e hormonais, sendo que estes últimos podem ser sistêmicos ou locais. Dentre os 
controles hormonais sistêmicos destacam-se o paratormônio e a vitamina D, que são os maiores 
responsáveis pela manutenção de níveis séricos estáveis de cálcio, fundamentais para inúmeras 
funções orgânicas.
1.1 O CÁLCIO
O cálcio está presente no organismo em quantidades maiores do que qualquer outro elemento 
mineral. Cerca de 99% do cálcio do organismo está no esqueleto, onde ele corresponde aos depósitos 
de fosfato de cálcio impregnados em uma matriz fibrosa e mole. A pequena quantidade de cálcio que 
não está no esqueleto está nos fluidos do organismo, onde ele se encontra ionizado em parte. É de 
grande importância na coagulação sangüínea, na manutenção da excitabilidade normal do coração, de 
músculos e nervos, e nos aspectos diferenciais da permeabilidade da membrana. Entre os alimentos 
comuns, o leite e o queijo são, sem dúvida, as fontes mais ricas em cálcio.
4
O cálcio é absorvido por um processo de transporte ativo que ocorre principalmente na parte 
superior do instestino delgado. O processo é regulado pela 1,25-diidroxicolecalciferol, um metabólito da 
vitaminaD que é produzido no rim em resposta a concentrações baixas de cálcio. Assim, a absorção 
de cálcio é ajustada às necessidades do organismo. A absorção é facilitada pela vitamina D, lactose e 
proteínas. Em uma dieta hiperprotéica, cerca de 15% do cálcio dietético é absorvido, comparado com 
5% que se absorve em uma dieta baixa em proteínas. Quanto mais alcalino o conteúdo intestinal, 
menos solúveis os sais de cálcio. Um aumento na flora acidófila (por exemplo, pelos lactobacilos) é 
recomendado para reduzir o pH, o que favorecerá a absorção de cálcio.
A absorção de cálcio é inibida por inúmeros fatores dietéticos que ocasionam as formações de 
sais insolúveis de cálcio no intestino, incluindo o fitato (por exemplo, grãos de cereais), oxalatos (por 
exemplo, espinafre) e fosfatos. Quando a absorção de gorduras é comprometida, há um aumento na 
quantidade dos ácidos graxos livres, os quais reagem com o cálcio para formar sabões insolúveis de 
cálcio.
A regulação do metabolismo do cálcio é realizada pelos hormônios paratireiodianos 
(paratormônio) e pela calcitonina.
A principal função das paratieóides é manter a concentração de cálcio ionizado plasmático 
entre os limites estreitos desse eletrólito, apesar das grandes variações na ingestão, excreção e 
deposição nos ossos. Além do efeito sobre o cálcio ionizado do plasma, o paratormônio controla a 
excreção renal do cálcio e o fosfato.
5
A administração do paratormônio eleva o cálcio sérico e reduz o fosfato sérico; aumenta a 
excreção urinária de fosfato, porém diminui a excreção de cálcio; remove o cálcio dos ossos, 
particularmente se a ingestão dietética de cálcio for inadequada; aumenta a fosfatase alcalina sérica, 
se houverem sido produzidas alterações no osso, e ativa a vitamina D no tecido renal, pelo aumento da 
velocidade de conversão de 25-hidroxicolecalciferol a 1,25-diidroxicolecalciferol.
A secreção do hormônio paratireoidiano está sujeita ao controle de um mecanismo de 
retroalimentação (feedback) aos níveis de cálcio ionizado no plasma.
A calcitonina é um hormônio que ocasiona a redução do cálcio sangüíneo, sendo produzida 
nas células C da glândula tireoidiana. A liberação de calcitonina é estimulada por níveis elevados de 
cálcio ionizado no soro. A calcitonina é efetiva diretamente sobre o osso, onde ela ocasiona efeitos 
metabólicos opostos aos do paratormônio, embora eles não atuem pelos mesmos mecanismos.
1.1.1 Vitamina D
A ação principal da vitamina D é aumentar a absorção instestinal do cálcio e do fósforo. 
Também possui efeito direto no processo de calcificação. A forma metabolicamente ativa da vitamina é 
6
o 1,25-diidroxicolecalciferol (calcitriol), o qual induz o transporte do cálcio através da membrana 
intestinal e a mobilização do cálcio ósseo. A conversão do colecalciferol em um derivado 
metabolicamente ativo começa com a formação de 25-hidroxicolecalciferol (calcifediol) por uma enzima 
mitocondrial hepática. Posteriormente, esse composto é convertido nos rins para 1,25-
diidroxicolecalciferol. Essa etapa é fortemente afetada pelos níveis séricos de cálcio e paratormônio, 
além de estrógeno e prolactina. 
As células sangüíneas contêm muito pouco cálcio. A maior parte do cálcio sangüíneo, portanto, 
está no plasma (em concentrações em torno de 8,5 a 10,4 mg/dl), onde ele existe em três frações: 
ionizado (cálcio difusível), ligado a proteínas (não-difusível) e uma pequena quantidade sob a forma de 
complexo (citrato e fosfato). A fração ionizada exerce as funções fisiológicas. Todas essas formas do 
cálcio sérico estão equilibradas entre si. 
1.1.2 Hipercalcemia
Suas causas mais comuns são o hiperparatireoidismo primário e a hipercalcemia maligna. 
Pode ser detectada atualmente devido ao uso de analisadores com multicanais antes do aparecimento 
dos sintomas e constitui sempre um resultado inesperado, visto que esta sintomatologia é inespecífica, 
sendo: letargia, desnorteamento, irritabilidade, depressão, anorexia, vômito, náusea, constipação, 
poliúria, cálculo renal e arritmia. Vários fatores induzem o aumento da calcemia: hiperparatireoidismo, 
uso de diuréticos, hipervitaminose A e D, mieloma múltiplo, sarcoidose, imobilização após fratura 
óssea, osteíte fibrosa cística e doenças de Addison e Hodkim. Portanto, devem ser considerados e 
ponderados no diagnóstico.
Se a concentração de cálcio não for maior que 3,5 mmol/L, o tratamento deve ser urgente. 
Porém, a causa deve ser tratada como, por exemplo, a remoção do adenoma, que pode curar 
completamente o paciente com hiperparatireoidismo primário. 
1.1.3 Hipocalcemia
7
A hipocalcemia é uma situação séria que leva às mais diversas alterações das funções de 
órgãos que dependem da concentração normal de cálcio no sangue, tais: como eletrocardiograma 
anormal, formigamento, tetania, alterações mentais e desordens ósseas. As principais causas de 
hipocalcemia são: 
• o hipoparatireoidismo idiopático ou após cirurgia do pescoço, porque, nesses casos, o 
hormônio da paratireóide está sendo secretado em pequena ou nenhuma quantidade, tendo-
se, assim, ausência dos efeitos reguladores da concentração plasmática de cálcio desse 
hormônio;
• deficiência de vitamina D, que pode ser por pouca exposição à luz solar, o que impede o início 
das reações que irão formar o metabólito ativo da vitamina D, 1,25 diidróxicolecalciferol;
• doenças renais também podem levar a hipocalcemia, uma vez que a excreção de cálcio pode 
estar alterada ou o rim não possa sintetizar o 1,25 didiidroxicolecalciferol. Em decorrência 
disso, outro problema pode surgir visto que, em resposta à hipocalcemia, a secreção do 
hormônio da paratireóide estará aumentada, o que pode levar a doença óssea uma vez que 
uma das ações desse hormônio é a reabsorção de cálcio do osso para manter a calcemia 
normal.
Os receptores do hormônio da paratireóide também podem estar ineficientes, incapazes de 
responder ao hormônio, levando a um falso hipoparatireoidismo.
Valores de referência para o cálcio
Adultos (soro) 8,8 a 10,2 mg/dl
Recém-nascidos 7 a 12 mg/dl
Recém-nascidos prematuros 6 a 10 mg/dl
Crianças 8,8 a 11 mg/dl
Urina adultos (dieta normal) 150 a 300 mg/dia
1.2 OS FOSFATOS
8
O organismo de um adulto contém 500 a 600 gramas de fósforo amplamente distribuído. É o 
sexto elemento mais abundante do organismo. Os papéis biológicos do fósforo são: 
• confere resistência estrutural ao osso quando combinado com o cálcio na forma de 
hidroxiapatita;
• participam como agentes essenciais no metabolismo energético e no metabolismo dos 
carboidratos e gorduras;
• atuam como tampão no plasma e na urina;
• mantêm a integridade celular;
• regulam a atividade de algumas enzimas;
• regulam o transporte de oxigênio através do 2,3 difosfoglicerato eritrocitário.
O fósforo está presente virtualmente em todos os alimentos. A média do consumo de fósforo 
por adultos é 800 a 1500 mg/d, dos quais cerca de 70% é absorvido principalmente pelo jejuno e o 
restante é excretado pelas fezes. 
No organismo, o fósforo está assim distribuído:
• Fosfato no esqueleto (80 a 90% do total);
• Fosfato intracelular (10 a 20 % do total);
• Fosfato extracelular (menos de 0,1% do total).
Níveis de fosfatos anormalmente elevados ocasionalmente precipitam na forma de fosfato de 
cálcio com a formação de cálculos nos rins e na bexiga.
O metabolismo do fósforo é controlado por três órgãos principais: intestino delgado, rins e o 
esqueleto. Os fatores que regulam os níveis de fosfatemia são, em muitos casos, os mesmo que atuam 
sobre os teores de cálcio no sangue. Os níveis séricos de fósforo são inversamente proporcionais aos 
de cálcio sérico.
O hormônio da paratireóide (PTH) é secretado em resposta à hipocalcemia ou 
hipomagnesemia. O PTH libera o cálcio e o fósforo para a circulação, mas, como a reabsorção tubular 
do fósforo é inibida, o nível de fosfato não se eleva, podendo mesmodiminuir, provocando o aumento 
9
do cálcio sangüíneo. Habitualmente, 85 a 95% do fósforo filtrado pelo glomérulo são reabsorvidos; a 
secreção de PTH bloqueia esse mecanismo.
A vitamina D exerce efeito sobre os níveis de fosfato pelo aumento da reabsorção óssea e, 
também, não elevação da absorção no lúmen intestinal. Além disso, a vitamina D em sua formula ativa, 
1,25-dihidroxicolecalciferol, eleva a reabsorção tubular de fosfato. 
O hormônio do crescimento regula o crescimento ósseo, promove a absorção intestinal e a 
reabsorção renal de cálcio e fósforo. Quando secretado excessivamente, reduz os teores de 
fosfatemia, pela utilização de fosfato na formação óssea. 
1.2.1 Hiperfosfatemia
Considera-se hiperfosfatemia presente quando os níveis séricos são maiores que 5 mg/dl em 
adultos e 7 mg/dl em crianças e adolescentes. A hiperfosfatemia causa hipocalcemia pela precipitação 
do cálcio, redução na produção de vitamina D e o impedimento da reabsorção óssea mediada por PTH. 
As principais causas de hiperfosfatemia são: redução da excreção renal, aumento da ingestão, 
endocrinopatias, aumento do catabolismo e dano celular.
A maioria das causas de hiperfosfatemia são indicadas pelo quadro clínico e pela avaliação 
dos níveis de eletrólitos no soro. Se a etiologia for obscura, o seguinte esquema deve ser seguido: 
• excluir a hiperfosfatemia em crianças e a causada por hemólise;
• excluir a insuficiência renal pela determinação da creatinina sérica;
• em casos de calcemia aumentada ou normal, considerar o excesso de vitamina D, malignidade 
óssea, Diabetes mellitus não tratado e acidemia.
1.2.2 Hipofosfatemia
10
A hipofosfatemia é definida como leve (2 a 2,5 mg/dl), moderada (1 a 2 mg/dl) ou severa 
(menos que 1 mg/dl). As causas mais comuns são retirada repentina do álcool e tratamento de 
cetoacidose diabética.
Devem ser investigadas as causas mais comuns de hipofosfatemia severa, como alcalose 
respiratória, alcoolismo crônico, cetoacidose alcoólica, cetacidose diabética, ansiedade, 
hiperparatireidismo baseado na observação clínica e testes bioquímicos de rotina. Se a etiologia não 
for óbvia, proceder a determinação da velocidade de excreção urinária de fosfato. Outros eletrólitos a 
serem medidos:
• Magnésio: a hipomagnesemia muitas vezes está associada ao o deslocamento de fosfato para 
o interior das células;
• Cálcio: a hipercalcemia é comum no hiperparatiredismo primário;
• Potássio: alterações do potássio sérico estão associadas a certas causas, de hipofosfatemia, 
tais como cetoacidose diabética e alcoolismo.
1.2.3 Fosfato urinário 
O fosfato urinário varia com a idade, massa muscular, função renal, nível de hormônio 
paratireóideo, hora do dia e dieta. Nessa avaliação, emprega-se urina de 24 horas colhida sem 
conservante.
Valores de referência para o fósforo
Adultos 2,2 a 4,5 mg/dl
Recém-nascidos 3,5 a 9,6 mg/dl
Crianças 4,0 a 7,0 mg/dl
Urina (adultos) 400 a 1300 mg/dia
11
2. ENZIMOLOGIA
Chamamos de enzimas as proteínas complexas (heteroproteínas ou proteínas derivadas) que 
atuam como catalisadores nos processos biológicos. Assim, as reações que ocorrem nos organismos 
vivos são catalisadas pelas enzimas. Em outros casos, atuam fora da célula em que são produzidas. 
Daí serem chamadas de enzimas extracelulares ou exoenzimas.
Elas são compostos facilmente destruídos pelo calor (temperatura acima de 70º C), por 
agitação intensa, por ondas ultravioletas e ultra-sonoras, por substâncias como o cianeto de sódio, o 
fluoreto de sódio, traços de metais pesados, ácidos ou bases etc.
Quanto à ação, a teoria mais aceita é a de que a enzima e a substância sobre a qual vai agir 
(chamada substrato) formam um composto intermediário que, posteriormente, sofre um 
desdobramento, regenerando a enzima. 
 Elas são catalisadores altamente específicos, ou seja, para cada substrato devem existir 
poucas (ou apenas uma) enzimas.
A nomenclatura é feita a partir do nome do substrato sobre o qual a enzima atua, seguido da 
terminação ase. Por exemplo : urease, que catalisa a hidrólise da uréia; maltase, que catalisa a 
hidrólise da maltose.
12
2.1 LIPASE
A lipase é a enzima digestiva produzida principalmente pelas células acinares do pâncreas 
exócrino. Tem o papel fisiológico de hidrolisar as longas cadeias de triglicerídeos no intestino delgado 
(lipólise).
Sua avaliação é essencial no diagnóstico das patologias pancreáticas. Ela se eleva nas 
primeiras 8 horas após o início da agressão pancreática, atingindo valores mais altos em 24 horas e 
mantendo-se elevada em torno de 7 a 14 dias. Seus níveis geralmente não permanecem elevados por 
mais de 2 semanas. Quando isso acontece, sugere complicações como abscessos e pseudocistos. 
Normalmente, seus níveis elevam-se quase que paralelamente aos da amilase, um pouco mais tarde, 
mantendo-se elevados por um período mais longo. Seu aumento não necessariamente se correlaciona 
com a gravidade da doença.
O uso combinado da avaliação sérica da lipase e de amilase permite um melhor diagnóstico. 
Cerca de 20% dos casos de pancreatite aguda cursam com níveis de amilase normais e com a lipase 
isoladamente elevada. Nas parotidites agudas, em que a amilase pode se apresentar elevada, os 
níveis séricos de lipase não se alteram, auxiliando no diagnóstico diferencial. 
A lipase é, portanto, um marcador mais específico de doença pancreática aguda do que a 
amilase. Seus níveis estão aumentados em pacientes com pancreatite aguda e recorrente, abscesso 
ou pseudocisto pancreático, trauma, carcinoma de pâncreas, obstrução dos ductos pancreáticos, e no 
uso de fármacos (opiáceos). Está também aumentada na maior parte das condições inflamatórias da 
cavidade abdominal, nas doenças do trato biliar, nos abscessos abdominais e na insuficiência renal 
aguda e crônica (com menor freqüência do que a amilase). 
A lipase é filtrada pelos glomérulos, devido ao seu baixo peso molecular. Em condições usuais, 
é totalmente reabsorvida pelos túbulos proximais, estando ausente da urina de pacientes normais. Nos 
distúrbios renais que cursam com alteração da capacidade de reabsorção tubular, a lipase pode ser 
detectada na urina, numa relação inversa com o clearance da creatinina.
Valor de referência: 28 a 280 U/l.
13
2.2 AMILASE
As amilases são enzimas que catalisam a hidrólise da amilopectina, da amilose e do 
glicogênio. A amilase presente no sangue e na urina de indivíduos normais é de origem pancreática 
(predominantemente forma P) e das glândulas salivares (forma S).
A avaliação dos níveis séricos da amilase tem grande utilidade clínica no diagnóstico das 
doenças do pâncreas e na investigação da função pancreática. Na pancreatite aguda, os níveis de 
amilase podem alcançar valores de quatro a seis vezes o limite superior de referência, elevando-se em 
2 a 12 horas e retornando a níveis normais em 3 a 4 dias. A magnitude da elevação da amilase não se 
correlaciona com a gravidade da lesão pancreática. Cerca de 20% dos casos de pancreatite aguda 
podem cursar com valores normais de amilase. Por isso, a dosagem concomitante dos níveis de lipase 
é importante, permitindo o diagnóstico desses casos. Nos casos que evoluem com formação de 
pseudocistos, os níveis de amilase continuam elevados por mais tempo. Os abscessos pancreáticos 
também podem elevar os níveis séricos da amilase. As pancreatites crônicas cursam com níveis 
normais ou pouco elevados de amilase.
O carcinoma pancreático cursa com níveis normais; a elevação é vista em menos de 5% dos 
pacientes. Na maior parte dos casos, os níveis de amilase só se elevam quando o tumor provoca a 
obstrução do ducto pancreático principal.
As causas não-pancreáticas de aumento da amilase incluem lesões inflamatórias das 
glândulas salivares, como parotidite, apendicite aguda, gravidez tubária rota, úlcera péptica perfurada, 
trauma pancreático, obstrução intestinal, aneurisma dissecante da aorta,pós-operatório de cirurgias 
torácicas e abdominais, queimaduras, doenças do trato biliar, traumas e uso de um grande número de 
drogas como morfina e derivados. A amilase pode estar elevada também em neoplasias, como as 
pulmonares e as ovarianas, e estudos apontam que a elevação se dá à custa da amilase do tipo S.
Os níveis urinários de amilase permanecem alterados por períodos mais longos que os séricos. 
Nos casos de complicação com pseudocisto de pâncreas, a amilase urinária pode permanecer elevada 
por semanas, após os níveis séricos terem retornado ao normal. Nos indivíduos com função renal 
normal, a proporção entre o clearance de amilase e a creatinina é constante, com valores de referência 
usuais de 2 a 5%. Na pancreatite, o clearance da amilase está aumentado, e, portanto, a proporção 
entre o clearance de amilase/creatinina está elevada. Valores acima de 8% são comuns na pancreatite 
14
aguda. Valores elevados podem ser encontrados também em queimados, na insuficiência renal e no 
mieloma múltiplo.
Na macroamilasemia, a amilase encontra-se ligada a uma imunoglobulina, e o complexo 
formado é muito grande para ser filtrado pelos glomérulos, o que leva a uma hiperamilasemia aparente 
que não indica doença; os valores séricos são muito altos, e os valores urinários, normais. Nesses 
casos, utilizam-se os resultados da relação entre o clearance de amilase/creatinina para se fazer o 
diagnóstico diferencial. Isso porque, na macroamilasemia, a relação é muito baixa, ao contrário da 
relação encontrada na pancreatite aguda.
Valores de referência para amilase
Soro de adultos 60 a 160 U/dl
Urina 1500 a 1800 U/dia ou 70 a 275 U/h
Líquido duodenal 50.000 a 80.000 Ud/l 
2.3 FOSFATASE ALCALINA
É uma enzima presente em praticamente todos os tecidos do organismo, especialmente nas 
membranas das células dos túbulos renais, ossos (osteoblastos), placenta, trato intestinal e fígado. 
Portanto, a fosfatase alcalina encontrada no soro é resultado da presença de diferentes isoenzimas 
originadas em diferentes órgãos, com predomínio das frações ósseas e hepáticas. 
Embora até hoje sua função ainda não esteja bem definida, a fosfatase alcalina parece estar 
envolvida com o transporte de lipídios no intestino e nos processos de calcificação óssea. A fosfatase 
alcalina óssea e a hepática partilham proteínas estruturais, codificadas por um mesmo gene. A 
fosfatase intestinal só se expressa em indivíduos dos grupos sangüíneos Lewis O e B. Além das 
isoenzimas conhecidas – óssea, hepática, intestinal e placentária -, podem ser encontradas isoformas 
patológicas, como a carcinoplacentária ou Regan, que ocorre por uma desrepressão do gene da 
fosfatase placentária em neoplasias. Outras isoformas incomuns têm sido descritas em várias 
neoplasias.
Na prática, a grande utilidade da sua dosagem está na investigação de doenças hepatobiliares 
e nas doenças ósseas que cursam com aumento da atividade osteoblástica.
15
Como é totalmente excretada pela bile, durante muito tempo acreditou-se que sua elevação 
nas patologias hepatobiliares resultava da falência de excreção da enzima. Hoje sabe-se que a 
resposta hepática a qualquer tipo de agressão da árvore biliar é sintetizar fosfatase alcalina, 
principalmente nos canalículos biliares. Isso explica sua marcada elevação nas patologias do trato 
biliar.
A elevação tende a ser maior nas obstruções extra-hepáticas (litíase e carcinoma de cabeça de 
pâncreas) do que nas intra-hepáticas (processos invasivos). Isso acontece por uma combinação de 
aumento de produção associado à diminuição da excreção. Por isso, é considerada um marcador 
importante para processos obstrutivos hepáticos. Níveis elevados podem ser também encontrados em 
outras lesões hepáticas ativas e nas infiltrativas com níveis mais moderados de elevação. Também 
aumenta nos carcinomas hepáticos primários e secundários.
Nas doenças ósseas, o maior aumento dos níveis séricos da fosfatase alcalina é encontrado na 
doença de Paget (valores de 10 a 25 vezes o normal). Níveis moderadamente elevados podem ser 
encontrados na osteomalacia, em alguns tumores ósseos e no hiperparatireoidismo primário e 
secundário. As fraturas levam a um aumento transitório, e na, osteoporose, os valores são normais. 
Nas neoplasias, os níveis da fosfatase alcalina são úteis para avaliar a presença de 
metástases envolvendo fígado e osso. Valores muito elevados são vistos em pacientes com lesões 
osteoblásticas, como as encontradas no carcinoma de próstata com metástase óssea. Elevações 
menores são vistas quando as lesões são osteolíticas, como as encontradas no carcinoma metastático 
de mama. Outras condições malignas com infiltração hepática, como leucemias, linfomas e sarcoma, 
podem cursar também com elevação da fosfatase alcalina.
Recém-nascidos e crianças, mas especialmente adolescentes, apresentam valores 
significativamente mais elevados do que os adultos, devido ao crescimento ósseo. Durante a fase de 
crescimento rápido da adolescência (estirão da puberdade), são encontrados níveis extremamente 
elevados. Normalmente, os valores são discretamente mais elevados em homens do que em mulheres, 
e essa diferença desaparece durante e após a menopausa. Em população idosa, existe uma 
diminuição dos níveis séricos habitualmente encontrados, como conseqüência do aumento da 
incidência de osteoporose nessa faixa etária. Níveis elevados em duas a três vezes podem ser 
encontrados durante a gravidez, especialmente no terceiro trimestre, por produção placentária. 
Níveis diminuídos podem ser encontrados no hipotireoidismo, na anemia perniciosa, nas 
hipofosfatemias e no uso de drogas, como contraceptivos orais. Aumentos dos níveis séricos podem 
16
ser encontrados após uma refeição com alimentos ricos em gordura, especialmente em pacientes do 
grupo sangüíneo O ou B, devido à elevação da fração intestinal. Recomenda-se, portanto, que seja 
avaliada sempre em jejum.
Valores de referencia para a fosfatase alcalina
Adultos 20 a 105 U/L
Crianças de 0 a 3 meses 70 a 220 U/l
Crianças de 3 meses a 10 anos 60 a 150 U/l
Jovem de 10 a 15 anos 60 a 260 U/l
2.4 FOSFATASE ÁCIDA
O termo fosfatase ácida designa um grupo heterogêneo não específico de fosfatases que 
exibem pH ótimo entre 4,5 a 7 e catalisam a hidrólise de monoéster ortofosfórico produzindo um álcool 
e um grupo fosfato. A fosfatase ácida é amplamente distribuída pelos tecidos. As maiores 
concentrações ocorrem na próstata, no fígado, na medula óssea, nos eritrócitos e nas plaquetas. No 
homem adulto, a próstata contribui com mais de 50% da enzima presente no soro. Os níveis de 
fosfatase ácida no soro apresentam importância clínica no diagnóstico e monitorização do câncer de 
próstata, em especial pelo emprego da fração prostática da fosfatase. 
Os pacientes com carcinoma de próstata confinados dentro da cápsula normalmente 
apresentam níveis normais da fosfatase ácida sérica; já nos casos com metástases, mais da metade 
dos pacientes apresenta níveis elevados. Níveis alterados podem ser também observados em 
pacientes com hipertrofia benigna de próstata, retenção urinária de monta e após manipulação 
prostática. 
A fração não-prostática encontra-se fisiologicamente elevada nas crianças em fase de 
crescimento e patologicamente aumentada em condições em que existe um hipermetabolismo ósseo. 
Valores elevados são encontrados na doença de Paget e em outras patologias ósseas, no 
hiperparatireoidismo, nas metástases ósseas, como no câncer de mama, de pulmão, de tireóide, nos 
mielomas e em situações de grande destruição de eritrócitos e de plaquetas. Elevam-se também em 
doenças metabólicas, como doença de Gaucher, doença de Niemann-Pick e em leucemias e outras 
patologias hematológicas.
17
Valor de referência da fosfatase ácida prostática em adulto: 0,5 a 1,9 U/l. 
2.5 GAMA GLUTAMIL TRANSPEPTIDASE (GGT)
A gama glutamil transpeptidase ou transferase(GGT) é uma enzima presente nas membranas 
celulares e nas frações microssômicas envolvidas no transporte de aminoácidos através da membrana 
celular. Está presente em ordem decrescente de abundância no túbulo proximal renal, fígado, pâncreas 
e intestino. Os níveis séricos da GGT são principalmente de origem hepática. Sua meia-vida é de 7 a 
10 dias, aumentando para 28 dias nas lesões hepáticas ligadas ao álcool.
Os valores são aproximadamente 50% mais elevados nos homens do que nas mulheres, e são 
diretamente proporcionais à massa corporal, ao consumo de álcool, ao fumo e ao nível de atividade 
física. 
Por mecanismo ainda não muito bem esclarecido, pacientes com Diabetes mellitus, 
hipertireoidismo, artrite reumatóide e doença pulmonar obstrutiva crônica freqüentemente apresentam 
valores aumentados de GGT. Valores muito elevados são encontrados nos quadros de colestase 
crônica, como na cirrose biliar primária ou na colangite esclerosante e em outras patologias hepáticas e 
biliares. 
Apresenta-se freqüentemente elevada em alcoólatras, mesmo sem hepatopatia; na obesidade 
e no uso de drogas, como analgésicos, anticonvulsivantes, quimioterápicos, estrogênio e 
contraceptivos orais. Nos períodos após infarto agudo do miocárdio, a GGT pode permanecer alterada 
por semanas.
Valores de referência: 5 a 25 U/l para homens e 8 a 40 U/l para mulheres
2.6 ASPARTATO AMINOTRANSFERASE (AST)
A aspartato aminotransferase (AST), antigamente denominada transaminase oxaloacética, é 
encontrada em diversos órgãos e tecidos, incluindo coração, fígado, músculo esquelético e eritrócitos. 
Está presente no citoplasma e também nas mitocôndrias, e, portanto, sua elevação indica um 
comprometimento celular mais profundo. No caso do hepatócito, isso se revela por uma elevação por 
18
tempo mais prolongado no curso das hepatites virais agudas e uma elevação seletiva nos casos de 
hepatites alcoólicas, metástases hepáticas e necroses medicamentosas e isquêmicas.
Aumentos da AST no soro são comumente encontrados no infarto agudo do miocárdio, 
elevando-se nas primeiras 12 horas e apresentando um pico sérico após algo em torno de 24 horas, 
com retorno aos valores normais em um período de 3 a 5 dias.
Valores discretamente elevados podem ser encontrados também no infarto pulmonar, no 
infarto renal ou em casos de grandes tumores, na embolia pulmonar, distrofias musculares, traumas da 
musculatura esquelética, no pós-operatório, especialmente de cirurgias cardíacas, cirrose alcoólica, 
hepatite induzida por drogas, mononucleose infecciosa, citomegaloviroses, anemias hemolíticas, 
pancreatite aguda e acidente vascular cerebral.
Valores de referência: 5 a 34 U/l.
2.7 ALANINA AMINOTRANSFERASE (ALT)
A alanina aminotransferase (ALT), antigamente denominada transaminase pirúvica, é 
encontrada abundantemente no fígado, em quantidades moderadas no rim e em pequenas 
quantidades no coração e na musculatura esquelética. 
Sua origem é predominantemente citoplasmática, fazendo com que se eleve rapidamente após a lesão 
hepática, tornando-a um marcador sensível da função do fígado. Como marcador hepatocelular, 
apresenta valores alterados em patologias que cursam com necrose do hepatócito, como hepatites 
virais, mononucleose, citomegalovirose e hepatites medicamentosas. Entretanto, é um marcador 
menos sensível que a AST para hepatopatias alcoólicas, cirrose ativa, obstruções extra-hepáticas e 
lesões metastáticas no fígado.
Pode apresentar-se elevada, em situações de trauma da musculatura esquelética, miosites e 
miocardites, e normal ou discretamente elevada nos casos de infarto agudo do miocárdio.
Em recém-nascidos, podem ser encontrados valores superiores aos de referência, o que é 
atribuído à imaturidade dos hepatócitos nos neonatos, que apresentam as membranas celulares mais 
permeáveis. Os valores se igualam aos níveis do adulto em torno dos 3 meses de idade.
Valores de referência: 6 a 37 U/l
19
2.8 DESIDROGENASE LÁTICA 
É uma enzima intracelular responsável pela oxidação reversa do lactato em piruvato. É 
amplamente distribuída em todas as células do organismo, concentrando-se mais especialmente no 
miocárdio, rim, fígado, hemácias e músculos. Possui cinco formas de isoenzimas.
Seus valores encontram-se elevados em todas as situações em que ocorre grande destruição 
celular. Os níveis séricos elevados são encontrados em diferentes condições, como anemia 
megaloblástica e hemolítica, leucemias, linfoma, hemoglobinopatias, infarto agudo do miocárdio, infarto 
pulmonar, insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência coronariana, choque e hipóxia importantes, 
doenças musculares, lesões hepáticas, neoplasias primárias ou secundárias (metastáticas), hepatites, 
icterícias obstrutivas e cirrose.
Valores de referência para a lactato desidrogenase (U/l)
Soro 95 a 225
Urina 42 a 98
Líquor 7 a 30
2.9 MARCADORES DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
O infarto agudo do miocárdio continua a ser a emergência médica de maior morbidade e 
mortalidade cardiovascular. O objetivo de seu tratamento é salvar o miocárdio, o que é mais bem obtido 
quando o diagnóstico é realizado o mais precocemente possível. 
Como o coração é um órgão essencialmente contrátil, as proteínas estruturais e as enzimas 
requeridas para a produção de energia para a contração são potenciais marcadores de injúria 
miocárdica.
O tamanho e a distribuição subcelular das proteínas e enzimas determinarão a rapidez com 
que estas enzimas localizadas no citoplasma celular atingirão a circulação mais precocemente após o 
início do quadro agudo. As proteínas e as enzimas localizadas no núcleo e na mitocôndria aparecerão 
mais tardiamente, pois deverão atravessar outras membranas antes de atingirem a circulação. As 
proteínas estruturais serão as últimas a elevarem-se; pois são liberadas somente após a degradação 
da matriz ser iniciada pelos macrófagos e pelas enzimas do lisossoma.
20
O marcador ideal deve localizar-se no órgão alvo (o coração). Embora a CK-MB seja o padrão-
ouro para o diagnóstico de IAM atualmente, não é o ideal, pois está presente em outros órgão, 
diminuindo assim sua especificidade. A utilização de imunoensaios com anticorpos monoclonais e 
policlonais aumentou a especificidade desses exames e diminuiu a possibilidade de reação cruzada 
com outras proteínas. Para facilitar o diagnóstico, devem atingir precocemente a circulação permitindo 
uma triagem adequada.
Testes com baixa sensibilidade não permitem o diagnóstico de pequenas lesões miocárdicas 
como as encontradas na angina instável; por isso, devem possuir precisão e alta sensibilidade.
2.9.1 Mioglobina
A mioglobina é uma proteína de 18 quilodaltons (Kda) presente tanto em músculo esquelético 
como no cardíaco; constitui 2% da proteína muscular total e está localizada no citoplasma. Os valores 
normais de mioglobina variam de 6ng/ml a 110ng/ml, dependendo do imunoensaio utilizado, e é 25% 
mais elevado em homens do que em mulheres. Em pacientes com IAM, eleva-se após uma hora, 
atinge o pico entre seis e nove horas e retorna aos níveis normais entre 24 e 36 horas após o infarto. 
Níveis elevados de mioglobina, entretanto, devem ser interpretados com cautela em presença 
de doença renal ou muscular. Devido a isto, uma mioglobina negativa entre 2 e 12 horas após início do 
quadro praticamente afasta o diagnóstico de IAM; se positiva, necessita de uma melhor confirmação. 
2.9.2 Creatinofosfoquinase 
A creatinofosfoquinase (CK) existe como um dímero, e é uma enzima reguladora da produção 
e da utilização do fosfato de alta energia em tecidos contráteis. A CK catalisa a fosforilação da 
creatinina produzida em rins, fígado, pâncreas pelo trifosfato de adenosina para formar o fosfato de 
creatina e o difosfato de adenosina. Devido ao seu tamanho (acima de 80 Kda), a CK não é eliminada 
pelos rins, sendo provavelmente eliminada pelo sistema retículo-endotelial.Sua análise no sangue pode ser realizada por vários métodos, que são muito similares, com 
pequenas alterações nos reagentes, nas condições e nas concentrações.
21
Resultados anormais podem ocorrer devido à interferência com os testes laboratoriais, com as 
doenças associadas ao clearence de proteínas e pela liberação de tecidos necróticos. A CK é um 
marcador muito sensível de lesão miocárdica acima de 90%, porém muitas outras condições elevam 
seus níveis diminuindo sua especificidade: as lesões musculares agudas, como a rabdomiólise, os 
exercícios extenuantes, as injeções intramusculares; as doenças crônicas, como as distrofias 
musculares, as polimiosites, o hipotireoidismo; o uso de drogas como a cocaína, o alcoolismo, a 
heroína; medicamentos, como os antidepressivos, os hipnóticos, o halotano, os sedativos, a 
hipertermia maligna e a sepse, todos podem determinar elevação de CK. A CK não se altera em 
nadadores, mesmo naqueles que treinam longa distância.
Devido à variação de métodos e à sua especificidade, a CK total está sendo substituída por 
enzimas mais específicas.
2.9.2.1 Isoenzimas da CK
A CK possui três isoenzimas compostas pela associação de duas subunidades; a “B” e a “M”. A 
CK-MM é muscular, pois sua mais elevada concentração ocorre em músculos estriados (99% em 
músculos esqueléticos e 77% no miocárdio). A CK-BB é a forma cerebral, pois é predominante neste 
órgão, mas pode ser encontrada também em outros órgãos (100% no cérebro, 96% no cólon e no íleo, 
95% no estômago, 92% na bexiga, na próstata e no útero). A CK-MB é a forma predominante no 
coração (15% a 40% no coração, 1% a 4% em músculo esquelético), e é a enzima cuja dosagem é a 
escolhida atualmente para o diagnóstico de lesão miocárdica.
O valor normal da CK-MB depende de método utilizado; para os testes que medem a atividade 
da CK-MB, como a eletroforese, a coluna cromatográfica ou a imunoinibição o valor varia de 10 U/L a 
70 U/L; para os testes imunológicos que medem a massa (CK-MB massa); o normal é de 5 a 10ng/ml.
A CK-MB, na ausência de reperfusão, eleva-se entre quatro e 12 horas após o início da dor, 
com pico em 24 horas e retorno ao normal em 48 a 72 horas. Em pacientes reperfundidos, eleva-se 
mais precocemente, sendo o pico enzimático mais precoce.
Embora a dosagem da CK-MB seja ligada ao IAM, sendo o padrão-ouro para seu diagnóstico, 
várias cirurgias, como a revascularização miocárdica; as trocas valvares; os procedimentos de 
intervanção percutânea; as doenças musculares agudas e crônicas; o uso de cocaína; o 
22
hipotireoidismo; a doença renal crônica; o alcoolismo e as isoenzimas variantes da CK (a macro – CK 
tipo I e a macro CK II) podem elevar seus níveis, levando a um falso-positivo. A macro-CK tipo I é 
encontrada em 4% dos pacientes hospitalizados, não está relacionada a doenças e é mais freqüente 
em mulheres idosas. A macro-CK tipo II é encontrada em pacientes com cirrose hepática e doença 
metastática.
Atualmente, a introdução de testes com a utilização de anticorpos monoclonais e policlonais 
(CK – MB massa), que medem a concentração de enzimas protéicas em ng/ml e não-atividade 
enzimática U/L, e a utilização da subunidade MB tornaram os testes mais sensíveis e específicos.
A dosagem da CK-MB massa permite o diagnóstico mais precoce e acurado do IAM; eleva-se 
três a quatro horas após o início dos sintomas e apresenta valor preditivo positivo de 100%, com 
medida única após 12 horas do início do quadro.
A CK-MB massa tem sido avaliada também para estratificação de risco em pacientes com 
angina instável. Estudos de Petterson et al., avaliaram a CK-MB massa elevada ou a razão CK 
total/CK-MB massa em pacientes admitidos com suspeita de IAM, sem alterações eletrocardiográficas 
na unidade coronária. Em 25% dos pacientes, a CK-MB massa ou a razão estavam elevados. Em um 
seguimento de quatro anos, 64% destes faleceram devido a eventos coronários, comparados a 5% 
daqueles que não alteram a CK-KB massa (p= 0.001).
Atualmente, vários serviços utilizam a CK-MB massa como marcadora de lesão miocárdica 
(ng/ml) e não mais a CK-MB atividade (U/L). Pode-se dizer que existe grande comparação entre os 
resultados de CK-MB massa e os das troponinas em sensibilidade e especificidade na ausência de 
doenças renais e musculares.
Na tentativa de aumentar a especialidade da CK e CK-MB, alguns autores propuseram a 
utilização da razão CK total/CK-MB. Razão inferior a 5% estaria relacionada à lesão muscular; superior 
a 25%, à presença de variantes de macro-CK ou à CK-BB. Valores de 5% a 25% estariam relacionados 
ao IAM. Entretanto, pacientes com doença muscular crônica e portadores de lesões extensas 
musculares podem apresentar resultado falso-positivo de IAM.
2.9.2.2 Isoformas CK
As isoformas da CK são as variantes das isoenzimas CK-MM e CK-MB.
23
A isoenzima CK-MM possui três isoformas (MM3, MM2 e MM1), cuja denominação advém da 
migração durante a eletroforese. A MM3 é a forma presente no músculo cardíaco e esquelético; após 
lesão muscular, a MM3 é liberada na circulação, sofre uma clivagem, produzindo MM2 e após MM1. A 
razão das isoformas no sangue aumenta a sensibilidade diagnóstica do IAM. É precoce, pois eleva-se 
após uma hora do início da dor precordial e normaliza-se após 16 horas.
A isoforma CK-MB (MB2, MB1) é mais específica que a CK-MM para o diagnóstico da IAM.
O critério diagnóstico de MB2 acima de 1,0 U/L e a razão MB2/MB1 acima de 1,5 U/L 
apresenta uma sensibilidade de 59% após duas a quatro horas e de 92% após quatro a seis horas 
após início dos sintomas. Apesar de vários relatos a seu favor, alguns autores não a consideram 
melhor do que a dosagem da CK-MB massa.
Devido a sua elevação precoce e a sua rápida normalização na corrente sangüínea, as 
isoformas possuem utilidade somente nas primeiras horas de evolução do IAM (de uma a 18 horas). 
Após 18 horas de evolução, elas perdem em sensibilidade.
Possuem papel importante no diagnóstico de reinfarto; uma razão MB2/MB1 positiva após 24 
horas é indicativa de reinfarto ou extensão do IAM.
Pode-se dizer que a mioglobina possui uma performance semelhante às isoformas, porém com 
uma menor especificidade.
Atualmente, a maior limitação da utilização das isoformas seria seu custo e o tempo gasto para 
realização do exame. Pesquisas estão sendo realizadas para o aperfeiçoamento desse método.
2.9.3 Troponinas
As troponinas foram reconhecidas como marcadoras de lesão miocárdica a partir dos anos 70. 
Em 1971 descreveu-se o complexo troponina contendo três componentes: a troponina C (TnC), a 
troponina I (TnI) e a troponina T (TnT), e sua utilização a partir de 1973, baseada em suas 
propriedades funcionais. O complexo troponina regula a interação entre a actina e a miosina nos 
músculos estriados, possuindo, portanto, papel no acoplamento eletromecânico desta musculatura. 
São encontradas nos filamentos finos entre a musculatura, assim como, nos filamentos finos entres os 
sarcômeros destes músculos (rápidos, lentos e cardíacos). Não são encontrados na musculatura lisa 
24
onde existe outro regulador. A unidade estrutural mínima do músculo estriado fino consiste de uma 
ponte de sete monômeros de actina para um único complexo tropomiosina.
A dosagem única de um marcador de lesão miocárdica na admissão é de pouco valor para 
afastar o diagnóstico do IAM. A sensibilidade da mioglobina é de 50%, da CK-MB massa de 60%, e da 
TnT de 64%, quando medidos na admissão de pacientes no pronto-socorro.
A utilização das troponinas no diagnóstico do IAM apresenta vantagem sobre a dosagem da 
CK-MB massa devido à sua vantagem sobre a dosagem da CK-MB massa devido à sua especificidade, 
portanto, superior em pacientes renais e portadores de doenças musculares agudas e crônicas. Como 
se mantêm elevadas por vários dias não seria a dosagem de escolha para diagnóstico de reinfarto.
Sua eficiência é maior na detecção delesão miocárdica mínima quando o paciente apresenta 
injúria miocárdica não diagnosticável pela utilização da CK-MB atividade, mas com elevação dos níveis 
séricos das troponinas.
A sua grande limitação no momento é o custo, que deve diminuir no futuro devido à 
competição, como ocorreu com os kits de glicose. Sua utilização adequada para estratificação de risco, 
evitando admissões, e procedimentos desnecessários justificam o seu uso.
2.9.4 Miosina de cadeia leve e pesada
O aparato celular dos músculos esqueléticos e cardíacos é composto por sarcômeros. Estes 
são compostos por filamentos grossos e finos que contêm o complexo troponina-tropomiosina. Os 
filamentos grossos são compostos por moléculas de miosina, as miosinas de cadeia leve (MCL) e as 
miosinas de cadeia pesada.
A MCL existe em ambos os músculos, mas a utilização de anticorpos monoclonais pode 
diferenciá-las, tornando-a mais específica.
A MCL eleva-se no plasma três a seis horas após o início do quadro e persiste por 10 dias.
Como a MCL é uma proteína estrutural, estudos em animais têm demonstrado uma alta 
correlação com o tamanho do infarto, superior a outras enzimas. O valor pico da MCL apresenta alta 
correlação com a evolução e a injúria miocárdica pós-IAM comparada aos testes enzimáticos.
25
Em pacientes com angina instável, um estudo mostrou maior identificação de pacientes de alto 
risco em relação à TnT e/ou CK-MB massa. Níveis elevados de MCL correlacionaram-se com 
alterações eletrocardiográficas e com severidade da doença coronária comprovada por estudo 
hemodinâmico.
Sua limitação atual seria a reação cruzada em pacientes renais crônicos e portadores de 
doença muscular, como também a inexistência de um método bem estabelecido para sua utilização 
clínica.
As miosinas de cadeia pesada (MCP) no miocárdio possuem duas isoformas, alfa e beta, 
sendo que a MCP alfa parece específica para o coração.
Além das limitações atuais pela reação cruzada com os músculos esqueléticos, por isso uma 
baixa especificidade, a liberação plasmática da MCP ocorre de 48 a 240 horas após o IAM, e o seu 
principal papel seria o de diagnóstico de IAM tardio. É de liberação contínua, parece ser pouco 
influenciada, mesmo pela reperfusão. Devido a isto, a MCP deve ser um marcador do tamanho do 
infarto. 
2.10 UTILIZAÇÃO DOS MARCADORES À BEIRA DO LEITO
Com a necessidade de um diagnóstico mais precoce de isquemia miocárdica, os testes à beira 
do leito foram desenvolvidos. Embora controverso na literatura, e muito criticados, os testes à beira do 
leito são hoje bastante justificáveis. Proporcionam um resultado precoce em torno de 15 minutos, não 
necessitam de grande quantidade de sangue, proporcionam o diagnóstico em pacientes sem 
alterações eletrocardiográficas, permitem a estratificação de risco e, no futuro, permitirão o diagnóstico 
de reperfusão e da reoclusão.
Sua utilidade depende muito do marcador utilizado, ou da associação destes (mioglobina, CK-
MB massa, TnI, TnT), que deverão ser utilizados segundo a clínica e o tempo de evolução do quadro.
Devemos lembrar que, quando do lançamento dos testes para dosagem de glicemia, somente 
os laboratórios centrais ofereciam resultado preciso, e, hoje, os testes à beira do leito para a glicemia 
são reais e custo-efetivos. 
26
3. FUNÇÃO HORMONAL
O sistema endócrino é constituído por um grupo de órgãos (algumas vezes referidos como 
glândulas de secreção interna), cuja função principal é produzir e secretar hormônios diretamente no 
interior da corrente sangüínea. Os hormônios atuam como mensageiros para coordenar atividades de 
várias partes do corpo. 
3.1 GLÂNDULAS ENDÓCRINAS 
Os principais órgãos do sistema endócrino são o hipotálamo, a hipófise, a tireóide, as 
paratireóides, os testículos e os ovários. Durante a gravidez, a placenta também atua como uma 
glândula endócrina, além de suas outras funções. O hipotálamo secreta vários hormônios que 
estimulam a hipófise: alguns desencadeiam a liberação de hormônios hipofisários e outros a suprimem. 
Algumas vezes, a hipófise é denominada glândula-mestra por controlar muitas funções de outras 
glândulas endócrinas. Alguns hormônios hipofisários produzem efeitos diretos, enquanto outros 
simplesmente controlam a velocidade com que outros órgãos endócrinos secretam seus hormônios. A 
hipófise controla a velocidade de secreção de seus próprios hormônios através de um circuito de 
retroalimentação (feedback), no qual as concentrações séricas (sangüíneas) de outros hormônios 
endócrinos estimulam-na a acelerar ou a alentecer sua função. Nem todas as glândulas endócrinas são 
controladas pela hipófise. Algumas respondem de modo direto ou indireto às concentrações de 
substâncias presentes no sangue: 
as células pancreáticas secretoras de insulina respondem à glicose e aos ácidos graxos; as células 
paratireoídeas respondem ao cálcio e ao fosfato;
a medula adrenal (parte da glândula adrenal) responde à estimulação direta do sistema nervoso 
parassimpático. Muitos órgãos secretam hormônios ou substâncias similares aos hormônios, mas, 
geralmente, eles não são considerados parte do sistema endócrino. Alguns desses órgãos produzem 
substâncias que atuam somente na área próxima de sua liberação, enquanto outros não secretam seus 
produtos na corrente sangüínea. Por exemplo, o cérebro produz muitos hormônios, cujos efeitos são 
limitados basicamente ao sistema nervoso.
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3.2 HORMÔNIOS 
Os hormônios são substâncias liberadas na corrente sangüínea por uma glândula ou órgão e 
que afetam a atividade de células de um outro local. Em sua maioria, os hormônios são proteínas 
compostas de cadeias de aminoácidos de comprimento variável. Outros são esteróides, substâncias 
gordurosas derivadas do colesterol. Quantidades muito pequenas de hormônios podem desencadear 
respostas muito grandes no organismo. 
Os hormônios ligam-se aos receptores localizados sobre a superfície da célula ou no seu 
interior. A ligação de um hormônio a um receptor acelera, reduz ou altera a função celular de uma outra 
maneira. Em última instância, os hormônios controlam a função de órgãos inteiros. Eles controlam o 
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crescimento e o desenvolvimento, a reprodução e as características sexuais. Eles influenciam a 
maneira como o organismo utiliza e armazena a energia. Além disso, os hormônios controlam o volume 
de líquido e as concentrações de sal e de açúcar no sangue. Alguns hormônios afetam somente um ou 
dois órgãos, enquanto outros afetam todo o organismo. Por exemplo, o hormônio estimulante da 
tireóide é produzido na hipófise e afeta apenas a tireóide. Em contraste, o hormônio tireoidiano é 
produzido na tireóide, mas afeta células de todo o organismo. A insulina, produzida pelas células das 
ilhotas pancreáticas, afeta o metabolismo da glicose, das proteínas e das gorduras em todo o 
organismo.
3.3 CONTROLES ENDÓCRINOS 
Quando as glândulas endócrinas funcionam mal, as concentrações séricas dos hormônios 
podem tornar-se anormalmente altas ou baixas, alterando as funções orgânicas. Para controlar as 
funções endócrinas, a secreção de cada hormônio deve ser regulada dentro de limites precisos. O 
organismo precisa detectar, a cada momento, a necessidade de uma maior ou menor quantidade de 
um determinado hormônio. 
O hipotálamo e a hipófise secretam seus hormônios quando detectam que a concentração 
sérica de um outro hormônio por eles controlado encontra-se muito alta ou muito baixa. Os hormônios 
hipofisários, então, circulam na corrente sangüínea para estimular a atividade de suas glândulas-alvo. 
Quando a concentração sérica do hormônio-alvo é a adequada, o hipotálamo e a hipófise deixam de 
produzir hormônios, uma vez que eles detectam que não há mais necessidade de estimulação. Esse 
sistema de retroalimentação regula todas as glândulas que se encontram sob controle hipofisário. 
Determinados hormônios que são controlados pela hipófise variam de acordocom programas 
previstos. Por exemplo, o ciclo menstrual de uma mulher envolve flutuações mensais da secreção do 
hormônio luteinizante e hormônio folículo-estimulante pela hipófise. Os hormônios ovarianos (os 
estrogênios e a progesterona) também apresentam flutuações mensais. Ainda não está claro como o 
hipotálamo e a hipófise controlam esses biorritmos. No entanto, sabe-se com certeza que os órgãos 
respondem a algum tipo de relógio biológico. Existem outros fatores que também estimulam a produção 
de hormônios. A prolactina, um hormônio secretado pela hipófise, faz com que as glândulas mamárias 
produzam leite. O lactente, ao sugar o mamilo, estimula a hipófise a secretar mais prolactina. A sucção 
também aumenta a secreção de ocitocina, a qual provoca a contração dos canais lactíferos, 
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conduzindo o leite até o mamilo para alimentar o lactente. As glândulas que não são controladas pela 
hipófise (p. ex., ilhotas pancreáticas e paratireóides) possuem seus próprios sistemas para determinar 
quando é necessária uma maior ou uma menor secreção. Por exemplo, a concentração de insulina 
aumenta logo após as refeições, pois o organismo precisa processar os açúcares dos alimentos. 
Entretanto, se a concentração de insulina permanecesse elevada, a concentração sérica de açúcar 
diminuiria perigosamente. Outras concentrações hormonais variam por razões menos óbvias. As 
concentrações de corticosteróides e do hormônio do crescimento são mais elevadas pela manhã e 
mais baixas no meio da tarde. As razões dessas variações diárias não são totalmente conhecidas.
3.4 HIPÓFISE
 
A hipófise, também denominada glândula pituitária, é uma pequena glândula com cerca de 1 
cm de diâmetro e peso de 0,5 a 1 g, localizada na base do cérebro, e que está ligada ao hipotálamo 
pelo pedúnculo hipofisário. Fisiologicamente, a hipófise pode ser dividida em duas partes distintas: o 
lobo anterior da hipófise, também conhecido como adeno-hipófise, e o lobo posterior da hipófise, 
também denominado neuro-hipófise. 
O lobo anterior da hipófise secreta seis hormônios muito importantes, além de vários outros de 
menor importância, enquanto o lobo posterior secreta dois hormônios importantes. Os hormônios da 
adeno-hipófise desempenham papéis relevantes no controle das funções metabólicas em todo 
organismo. O hormônio do crescimento promove o crescimento ao afetar a síntese de proteínas, bem 
como a multiplicação e a diferenciação celulares. A corticotropina controla a secreção de alguns 
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hormônios córtico-suprarrenais, que, por sua vez, afetam o metabolismo da glicose, das proteínas e 
das gorduras. O hormônio tíreo-estimulante (tireotropina) controla a velocidade de secreção de tiroxina 
pela glândula tireóide, e, por sua vez, a tiroxina controla a velocidade da maioria das reações químicas 
em todo o organismo. A prolactina promove o desenvolvimento da glândula mamária e a produção de 
leite, e, por sua vez, os dois hormônios gonadotrópicos distintos, o hormônio folículo-estimulante e o 
hormônio luteinizante controlam o crescimento das gônadas, bem como as suas atividades 
reprodutivas.
O hormônio antidiurético (também denominado vasopressina) controla a excreção de água na 
urina e, dessa maneira, ajuda a controlar a concentração de água nos líquidos corporais. A ocitocina 
ajuda a liberar o leite das glândulas da mama para os mamilos durante a sucção e, possivelmente, 
participa do parto ao final da gravidez.
Quase todas as secreções da hipófise são controladas por sinais hormonais ou nervosos 
provenientes do hipotálamo. Com efeito, quando se remove a hipófise de sua posição normal sob o
hipotálamo, transplantando-a para alguma outra parte do corpo, a velocidade de secreção de 
seus diferentes hormônios (à exceção da prolactina) cai para níveis muito baixos, atingindo zero no 
caso de alguns hormônios.
A secreção do lobo posterior da hipófise é controlada por sinais nervosos, que se originam no 
hipotálamo e terminam na neuro-hipófise. Em contraste, a secreção pelo lobo anterior da hipófise é 
controlada por hormônios denominados hormônios ou fatores hipotalâmicos de liberação ou inibição, 
secretados pelo próprio hipotálamo e, posteriormente, transportados até a adeno-hipófise por meio de 
pequenos vasos sangüíneos conhecidos como vasos porta-hipotalâmico-hipofisários. Na adeno-hi-
pófise, esses hormônios de liberação e inibição atuam sobre as células glandulares, controlando sua 
secreção. 
O hipotálamo é um centro coletor da informação relacionada com o bem-estar interno do 
organismo, sendo que grande parte dessa informação é utilizada no controle das secreções dos 
numerosos hormônios hipofisários importantes.
 
3.4.1 Adeno-hipófise
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A adeno-hipófise é responsável pela síntese e secreção de basicamente seis hormônios: 
hormônio tireotrófico (TSH), hormônio luteinizante (LH), hormônio folículo-estimulante (FSH), prolactina 
(Prl), hormônio de crescimento (GH) e hormônio adrenocorticotrófico (ACTH).
3.4.1.1 Hormônio Tireotrófico (TSH)
O TSH, hormônio tireotrófico, também conhecido como hormônio tiroestimulante ou tireotrofina, 
é sintetizado nas células tirotróficas, e sua função principal é a de estimular o trofismo (nutrição) da 
glândula tiróide e a síntese e secreção de seus hormônios tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) 
mecanismo pelo qual participa do controle do metabolismo em geral. 
O TSH ativa todas as etapas que envolvem a biossíntese e secreção dos hormônios 
tiroidianos, como: 
1 - transporte ativo do iodeto do líquido extracelular para as células foliculares; 
2 - oxidação do iodeto e incorporação do iodo à molécula de tiroglobulina - proteína presente 
em grande quantidade no interior do colóide, cuja síntese também é estimulada pelo TSH; 
3 - conjugação das iodotironinas, processo envolvido na síntese de T3 e T4; 
4 - desencadeia o processo de secreção hormonal.
 
3.4.1.2 Gonadotrofinas (LH e FSH)
Os dois hormônios gonadotróficos ou gonadotrofinas, conhecidos por hormônio folículo-
estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH), são produzidos na mesma célula hipofisária. Os fatores 
que determinam a secreção preferencial de um ou outro hormônio não são completamente conhecidos. 
Esses hormônios agem fundamentalmente sobre as gônadas, estimulando o seu crescimento e dife-
renciação, tornando-as aptas para sua função reprodutiva e endócrina.
As ações do FSH sobre as gônadas femininas estimulam o crescimento e maturação dos 
folículos ovarianos, como na síntese dos esteróides sexuais femininos, conhecidos como estrógenos, 
pelas células tecais. Estes esteróides possuem várias ações:
 a) agem em conjunto com o FSH nas próprias células foliculares, participando do processo de 
maturação folicular; 
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b) são importantes para o desencadeamento do processo de ovulação que se completa com a 
ação do LH sobre o folículo ovariano maduro; 
c) exercem importantes efeitos sobre o trato reprodutor feminino, preparando-o para a 
concepção; 
d) agem sobre a mama, preparando-a para a lactação; 
e) são responsáveis pelo aparecimento dos caracteres sexuais secundários.
O LH age conjuntamente com o FSH durante o período de desenvolvimento dos folículos 
ovarianos. É responsável também pelo processo de ovulação que ocorre aproximadamente na metade 
do ciclo sexual feminino e pelo estímulo da síntese de um outro esteróide sexual, a progesterona, que, 
antes da ovulação, é sintetizada nas células do estroma ovariano e, depois da ovulação, no corpo 
lúteo. A progesterona estimula as funções secretoras do endométrio e inibe a contratilidade uterina, 
ações relacionadas com a manutenção do feto no útero.
Nas gônadas masculinas (testículos), o FSH é responsável pela espermatogênese, em 
conjunto com o esteróide sexual masculino a testosterona, cuja síntese se dá sob estímulo do LH. A 
testosterona também age nas estruturas que compõem o trato reprodutor masculino, sendo que, no 
homem,

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