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AULA CURSO ESTAGIÁRIOS

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AULA CURSO ESTAGIÁRIOS – PROJETO APRENDER – ESCOLA SUPERIOR DA DEFENSORIA PÚBLICA DE MINAS GERAIS – ESDEP
26.02.18
TEMA: ALIMENTOS 
DEFENSORA PÚBLICA: ANA PAULA ANTUNES FERREIRA UGIMORI – atuante na 10° Vara de Família de Belo Horizonte – e-mail: ana.antunes@defensoria.mg.def.br
CONCEITO 
Alimentos compreendem todas as necessidades do ser humano, e não apenas a subsistência propriamente dita: alimentação, habitação, vestuário, educação, saúde, medicamentos, transporte e lazer. Deriva de alimentum (verbo alere), significando, nutrir. Para ORLANDO GOMES, SILVIO RODRIGUES, CARLOS ROBERTO GONÇALVES, LUIZ EDSON FACHIN, INÁCIO DE CARVALHO NETO, ÉRICA HARUMI FUGIE, MARIA HELENA DINIZ, ESPÍNOLA, EDUARDO DE OLIVEIRA LEITE: Alimentos são prestações/auxílios para satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si, com a finalidade de fornecer a um parente, cônjuge ou companheiro o necessário à sua subsistência. Abrangem o indispensável ao sustento, vestuário, habitação, assistência médica e instrução. 
Compete ao Poder Público desenvolver a assistência social e tomar medidas defensivas adequadas para prover a subsistência dos impossibilitados, por isso institucionalizou o dever de solidariedade no direito de família e tratou os alimentos como matéria de ordem pública. 
Constituição Federal - Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
O Direito impõe aos parentes do necessitado ou pessoa a ele ligada por um elo civil, o dever de proporcionar-lhe as condições mínimas de sobrevivência, não como favor ou generosidade e sim como obrigação judicial exigível.
Quem pleiteia os alimentos é denominado alimentando ou credor e quem os deve pagar é o alimentante ou devedor. 
PRESSUPOSTOS 
Os alimentos têm por base e fundamento o princípio da solidariedade familiar. Existência de companheirismo, vínculo de parentesco ou conjugal entre alimentando e alimentante. 
Binômio necessidade x possibilidade. Trinômio: Proporcionalidade ou razoabilidade, na sua fixação, entre as necessidades do alimentando e os recursos econômico financeiros do alimentante.
OS ALIMENTOS NO CC/02 
Art. 1.694 e seguintes:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
OBRIGADOS: parentes – quais? Art. 1.591 e art. 1.592. Até o 2° grau (SILVIO DE SALVO VENOSA) e até 4ª grau (NELSON NERY JÚNIOR e MARIA BERENICE DIAS). 
Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes.
Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
ADOÇÃO – art. 1.593 não há diferença entre parentesco natural ou civil – assume a relação de filho e o parentesco daí decorrente. 
Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem.
ALIMENTOS ENTRE CÔNJUGES - art. 1.694, § 2º. Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
QUEM PODE PEDIR ALIMENTOS: 
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.
Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.
Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.
Esse artigo é o que se aplica aos avós – obrigação subsidiária e complementar em prestar alimentos aos netos no caso de ausência de condições dos pais de suportar o encargo. 
A 2ª seção do STJ aprovou em 08.11.17 a súmula 596, sobre a obrigação alimentar dos avós. Veja o enunciado:
“A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e subsidiária, somente se configurando no caso da impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais.”
O parente que necessitar de alimentos deverá observar a ordem de preferência estabelecida em lei. Assim, se um filho tem condições de prestar alimentos ao pai, não pode o último pleiteá-los do irmão. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. (art. 1.698) 
Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contribuirão na proporção de seus recursos.
Binômio: Proporcionalidade, na sua fixação, entre as necessidades do alimentando e os recursos econômico financeiros do alimentante.
PRINCÍPIOS 
- DA RECIPROCIDADE: o direito a alimentos é recíproco entre pais e filhos (art. 1.696). 
- DA PREFERÊNCIA: primeiro são chamados os parentes na linha reta, depois, na colateral (art. 1.697). 
- DA COMPLEMENTARIEDADE: um parente não podendo pagar, são chamados os demais, em caráter complementar (art. 1.698). 
- DA MUTABILIDADE - a decisão sobre alimentos pode ser sempre alterada (art. 1.699). 
Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.
- DA TRANSMISSIBILIDADE: A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor (art. 1.700). 
Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.
- DA ALTERNATIVIDADE: os alimentos podem ser pagos em espécie ou em dinheiro (art. 1.701).
Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor.
Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação.
- DA IRRENUNCIABILIDADE: o credor pode não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos (art. 1.707). 
Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora.
- DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DA SOLIDARIEDADE FAMILIAR – ambos os princípios de índole constitucional, uma vez que o pagamento dos alimentos visa à pacificação social. 
FORMA 
- Contratuais ou voluntários: proveniente de contrato ou doação (ato inter vivos); testamentários (ato causa mortis – art. 1.920 “o legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor.”).
- Indenizatórios ou ressarcitórios – decorremda prática do ato ilícito e constitui forma de reparação de dano. 
- Legais. 
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO À PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA
- PERSONALÍSSIMO: pessoal – Trata-se de um direito estabelecido em função da pessoa, destinando-se à subsistência apenas do alimentado, é intransferível. Não pode e não deve nem indiretamente beneficiar outra pessoa senão o alimentado.
- INCOMPENSÁVEL: Se o devedor da pensão alimentícia se torna credor da pessoa alimentada, não pode opor-lhe o seu crédito quando for exigida a obrigação, conforme arts. 373, II e 1.707. A compensação é meio de extinção de obrigações. Como os alimentos destinam-se à subsistência do alimentado, a cessão total ou parcial deste direito poderia constituir prejuízo irreparável para ele. 
- IMPENHORÁVEL: Inadmissível que qualquer credor venha privar o alimentado do que é estritamente necessário à sua subsistência, como expressamente previsto no art. 649, VII do CPC e art. 1.707 do CC. Não há como se admitir a penhora de um direito essencial à mantença da vida. Daí, por sua natureza, é um crédito impenhorável. 
- IMPRESCRITÍVEL: mas prescritíveis as prestações. CARLOS ROBERTO GONÇALVES - O que não prescreve é o direito de postular em juízo o pagamento de pensões alimentícias, ainda que o alimentando venha passando necessidade há muitos anos. No entanto, prescreve em dois anos o direito de cobrar as pensões já fixadas em sentença ou estabelecidas em acordo e não pagas, a partir da data em que se vencerem (CC, art. 206, § 2º). A prescrição da pretensão a essas parcelas ocorre mensalmente. 
Lembrando que, conforme o art. 197, inciso II do Código Civil, não corre a prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar. E o art. 198 prevê que não corre a prescrição contra os incapazes que trata o art. 3° do CC.
- INTRANSACIONÁVEL - Na redação original do art. 1.707 estava previsto que o crédito alimentar seria insuscetível de “transação”, expressão oportunamente excluída na redação final porque o que não é transacionável é o direito aos alimentos, podendo, no entanto, ser objeto de transação o seu valor.
 
- IRREPETÍVEL OU IRRESTITUÍVEL - irrepetibilidade – destinam-se a ser consumidos; se paga dívida. CARLOS ROBERTO GONÇALVES - Os alimentos, uma vez pagos, são irrestituíveis, sejam provisórios ou definitivos. É que o dever alimentar constitui matéria de ordem pública, e só nos casos legais pode ser afastado, devendo subsistir até decisão final em contrário. Mesmo que a ação venha a ser julgada improcedente, não cabe a restituição dos alimentos provisórios ou provisionais. 
- ATUAL - exigível no presente e não no passado ou no futuro. Não se pode pedir alimentos pretéritos em relação ao ajuizamento do pedido de alimentos. Dispõe o art. 13 § 2º da Lei 5.478/68 que a prestação alimentícia é devida só a partir da citação do alimentante. É uma obrigação atual no sentido de ser examinada a necessidade dos alimentos no momento em que eles são pedidos e não para o futuro. 
FINALIDADE: DEFINITIVOS OU PROVISÓRIOS E PROVISIONAIS 
Os alimentos podem ser fixados provisoriamente, daí o nome alimentos provisórios, ou definitivamente, e então denominados alimentos definitivos. 
Os alimentos provisórios, que podem ser fixados liminarmente, são aqueles destinados ao sustento do alimentando no decorrer do processo até a sentença final, quando modificados ou não, se transformam em definitivos. 
Os provisórios exigem prova pré-constituída do parentesco, casamento, companheirismo ou convivência (Leis nº 5.478/68 e 8.971/94).
Definitivos são os de caráter permanente, estabelecidos pelo juiz na sentença ou em acordo das partes devidamente homologado, ainda que sujeitos a revisão (CC, art. 1.699). 
Art. 1.706. Os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual.
Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.
  
Art. 4º da Lei 5.478/68. As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.
Art. 13. § 1º. Os alimentos provisórios fixados na inicial poderão ser revistos a qualquer tempo, se houver modificação na situação financeira das partes, mas o pedido será sempre processado em apartado.
        § 2º. Em qualquer caso, os alimentos fixados retroagem à data da citação.
        § 3º. Os alimentos provisórios serão devidos até a decisão final, inclusive o julgamento do recurso extraordinário.
 Art. 15. A decisão judicial sobre alimentos não transita em julgado e pode a qualquer tempo ser revista, em face da modificação da situação financeira dos interessados.
 MOMENTO EM QUE SÃO RECLAMADOS: FUTURO E PRETÉRITO 
A distinção tem relevância na determinação do termo a quo a partir do qual os alimentos se tornam exigíveis. SILVIO SALVO VENOSA que "quanto ao tempo em que são concedidos, os alimentos podem ser futuros ou pretéritos. Futuros são aqueles a serem pagos após a propositura da ação; pretéritos, os que antecedem a ação. Em nosso sistema, não são possíveis alimentos anteriores à citação, por força da Lei n° 5.478/68 (art. 13, § 2°). Se o necessitado bem ou mal sobreviveu até o ajuizamento da ação, o direito não lhe acoberta o passado. Alimentos decorrentes da lei são devidos, portanto, ad futurum, e não ad praeteritum. O contrato, a doação e o testamento podem fixá-los para o passado, contudo, porque nessas hipóteses não há restrições de ordem pública. 
FORMA DE ATUALIZAÇÃO – SALÁRIO MÍNIMO 
Art. 1.710. As prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão atualizadas segundo índice oficial regularmente estabelecido.
CPC. Art. 533. § 4o A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo.
Normalmente se utiliza o Salário Mínimo como parâmetro para a fixação dos alimentos ou os rendimentos do alimentante, caso possua. 
ALIMENTOS GRAVÍDICOS 
São aqueles destinados à mulher gestante para custear as despesas da gestação, desde a concepção ao parto, inclusive as referentes à alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras a que o juiz considere pertinentes. Tais alimentos devem compreender os valores suficientes para garantir a sobrevivência do feto e têm sua previsão expressa na Lei n. 11.804, de 05 de Novembro de 2008, trazendo significativa repercussão no meio jurídico.
A ação de alimentos gravídicos é movida pela gestante face o suposto pai do nascituro. Para ser aceito o pedido basta que ocorram fortes indícios da paternidade, não precisando existir casamento, união estável ou sequer um relacionamento duradouro entre as partes.
Com a existência de indícios de paternidade, caberá ao juiz determinar a fixação dos alimentos gravídicos e, havendo o nascimento com vida, serão estes, automaticamente, convertidos em pensão alimentícia, permanecendo no mesmo valor acordado, querendo então, as partes, poderão questionar tal valor.
EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR 
Art. 1708 – perde-se o direito aqueles que se casarem ou viverem em união estável ou concubinato; o filho com 16 anos que se casa; a ex mulher que se casa novamente; filho que completa 18 anos perde o direito, salvo se estiver cursando graduação, até os 24 anos terá direito; a pessoa que foi indigna com relação àquele que lhe paga os alimentos; mudança na possibilidade econômica do devedor a ponto de não poder manter seu próprio sustento.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou a Súmula n. 358 que prevê "O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.", que assegura ao filho o direito ao contraditório nos casos emque, por decorrência da idade, cessaria o direito de receber pensão alimentícia. De acordo com a Súmula, a exoneração da pensão não se opera automaticamente, quando o filho completa 18 anos. Isso depende de decisão judicial. Deve ser garantido o direito do filho de se manifestar sobre a possibilidade de prover o próprio sustento.
MODALIDADES DE AÇÕES 
ALIMENTOS: Conforme Art. 1º. Da Lei 5.478/68. A ação de alimentos é de rito especial, independente de prévia distribuição e de anterior concessão do benefício de gratuidade.
OFERTA DE ALIMENTOS: Art. 24. Da Lei 5.478/68. A parte responsável pelo sustento da família, e que deixar a residência comum por motivo, que não necessitará declarar, poderá tomar a iniciativa de comunicar ao juízo os rendimentos de que dispõe e de pedir a citação do credor, para comparecer à audiência de conciliação e julgamento destinada à fixação dos alimentos a que está obrigado.
REVISIONAL E EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS: Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo (art. 1.699). 
DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
O Título II, capítulo I do CPC trata do CUMPRIMENTO DA SENTENÇA:
 Art. 513.  O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código.
§ 1o O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente.
Art. 515.  São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza;
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;
Art. 516.  O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Parágrafo único.  Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
Art. 528. § 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode promover o cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.
Art. 517.  A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.
§ 1o Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de teor da decisão.
DA PRISÃO DO DEVEDOR 
A prisão civil por dívida como meio coercitivo para o cumprimento da obrigação alimentar, é cabível somente no caso dos alimentos previstos no Direito de Família. 
No cumprimento de sentença ou de decisão antecipatória que tenha por objeto obrigação alimentar, sempre a requerimento do exequente, o juiz determinará a intimação pessoal do executado para, em três dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuar o pagamento.
O NOVO CPC traz um capítulo específico que trata do cumprimento de sentença de obrigação alimentar.
CAPÍTULO IV
DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS
Art. 528.  No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
§ 1o Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou não apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517.
§ 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de pagar justificará o inadimplemento.
§ 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
§ 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos comuns.
§ 5o O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das prestações vencidas e vincendas.
§ 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.
§ 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.
SÚMULA 309 do STJ: O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores à citação e as que vencerem no curso do processo.
 DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA SOB O RITO DE PENHORA
Conforme o Art. 528. § 8o O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão do executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação. 
CAPÍTULO III
DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA
Art. 523.  No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
§ 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1o incidirão sobre o restante.
§ 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação.
 Art. 525.  Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
§ 1o Na impugnação, o executado poderá alegar:
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II - ilegitimidade de parte;
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea;
V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI - incompetência absoluta ourelativa do juízo da execução;
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença.
Art. 530.  Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto nos arts. 831 e seguintes.
Art. 831.  A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios.
Art. 832.  Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis.
 DA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS 
Art. 531.  O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos definitivos ou provisórios.
§ 1o A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença ainda não transitada em julgado, se processa em autos apartados.
§ 2o O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será processado nos mesmos autos em que tenha sido proferida a sentença.
 DO DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO
Conforme Art. 529 do CPC. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da prestação alimentícia.
§ 1o Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.
§ 2o O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a importância a ser descontada mensalmente, o tempo de sua duração e a conta na qual deve ser feito o depósito.
§ 3o Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos líquidos.

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