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Exame de Ordem Damásio Educacional Curso: Reta Final|Disciplina: Direito Internacional Aula:Única MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM GUIA DE ESTUDO 1. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: CONCEITO: Trata de situações jurídicas multiconectadas, isto é, ligadas ao Direito brasileiro e ao Direito estrangeiro. O Direito Internacional Privado disciplina casos concretos relacionados ao Direito Privado (Direito Civil) que envolvem PARTICULARES (pessoas naturais ou pessoas jurídicas), cuja solução permite ao juiz brasileiro tanto aplicar a lei brasileira quanto aplicar a lei estrangeira (conflito de leis no espaço). APLICAÇÃO CONCRETA DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: Por meio da aplicação do Direito Internacional privado é possível chegar a duas conclusões: a) Possibilidade de o juiz brasileiro aplicar a lei estrangeira; ou - Nesta 1° hipótese, as partes ajuizaram a ação no Brasil. - O artigo 14, LINDB prevê que as partes têm o ônus processual de traduzir, de provar a vigência da lei estrangeira. Trata-se, na verdade, da aplicação da regra conhecida em direito processual de que “quem alega, tem o ônus da prova). b) Execução interna de sentença estrangeira por juiz federal brasileiro, desde que a sentença estrangeira tenha sido homologada pelo STJ. - Nesta 2° hipótese, as partes ajuizaram a ação no exterior, haja vista que a sentença estrangeira indica que a causa foi julgada no estrangeiro. - A homologação realizada pelo STJ tem por objetivo verificar os requisitos formais a fim de permitir que sentença proferida por autoridade competente de outro país possa ser executada no Brasil. - Esses requisitos formais estão previstos no artigo 15 da LINDB, o qual deve ser interpretado à luz do artigo 105, I, i, CF, que reconheceu ao STJ a competência originária Exame de Ordem Damásio Educacional 2 de 11 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM para homologar sentença estrangeira (até a EC 45/2004, era o STF que homologava sentença estrangeira). ATENÇÃO: O art. 961, § 5º, do CPC prevê uma execeção: a dispensa de homologação do STJ para a sentença estrangeira de divórcio consensual. “Art. 961, § 5º. A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça”. NOTA: O Protocolo de Las Leñas de 1992 (Acordo de Cooperação Jurisdicional em matéria civil, comercial trabalhista e administrativa) prevê que a adoção de um PROCEDIMENTO SIMPLIFICADO DE HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇAS ESTRANGEIRAS entre os países integrantes do MERCOSUL (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela). A homologação da sentença estrangeira de um Estado-parte do MERCOSUL será necessária, porém não cabe às partes envolvidas no caso concreto solicitar a homologação perante o Tribunal competente de outro Estado-parte do MERCOSUL. Esse ônus processual recai sobre as autoridades centrais dos países envolvidos. Esse dado, certamente, proporciona maior cooperação jurisdicional e resulta em vantagens para as partes dos casos concretos, na medida em que estas não terão de suportar as despesas processuais com a homologação de sentenças estrangeiras. DIFERENÇA ENTRE SENTENÇA ESTRANGEIRA E CARTA ROGATÓRIA: ART. 105, I, “i”, da CF/88 Não se pode confundir sentença estrangeira e carta rogatória. A sentença estrangeira é uma decisão final de autoridade estrangeira. Exige HOMOLOGAÇÃO do STJ (art. 105, I, “i”, CF/88). A carta rogatória é uma decisão interlocutória de autoridade estrangeira. Exige EXEQUATUR do STJ (art. 105, I, “i”, CF/88). Exame de Ordem Damásio Educacional 3 de 11 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM A homologação alcança a sentença estrangeira, ou seja, a decisão final transitada em julgada em julgado proveniente de autoridade de outro país (exemplo: juiz, rei, rabino, prefeito). Cabe às partes do caso concreto ajuizar o pedido de homologação de sentença estrangeira do STJ. O exequatur, por sua vez, não alcança sentença estrangeira. O exequatur é exigido para as cartas rogatórias, isto é a decisão interlocutória de juiz estrangeiro que precisa ser cumprida no Brasil (exemplo: intimação, penhora, perícia, oitiva de testemunhas, etc.). O exequatur de carta rogatória é de competência do STJ. No exequatur o STJ é provocado pelas autoridades centrais estrangeiras, ou seja, não se exige que as partes levem até ao STJ o pedido de exequatur. Autoridade central é o órgão que cada país define como sendo competente para cuidar da cooperação judiciária internacional. No Brasil, a autoridade central é o Ministério da Justiça. DIFERENÇA ENTRE SENTENÇA ESTRANGEIRA E SENTENÇA INTERNACIONAL: ART. 105, I, “i”, da CF/88 e ART. 68 DO PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA A sentença estrangeira é a decisão definitiva (transitada em julgado) expedida por autoridade competente de outro país (ex. juiz alemão, juiz francês, prefeito japonês, rabino israelense, rei sueco) e EXIGE homologação no STJ para ser executada no Brasil (art. 105, I, “i”, CF/88): Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: [...] i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias A sentença internacional é a decisão definitiva e inapelável expedida por Tribunal Internacional cuja jurisdição o Brasil reconhece (ex. Corte Interamericana de Direitos Humanos - CIDH, Tribunal Penal Internacional - TPI, Corte Internacional de Justiça – CIJ). Sentença internacional NÃO EXIGE homologação em nenhum tribunal brasileiro para ser executada no Brasil (é titulo judicial de execução imdiata). Portanto, é cumprida internamente conforme as normas sobre execução de sentença de cada país. Ver art. 68 do Pacto de San José da Costa Rica: “Artigo 68 - 1. Os Estados-partes na Convenção comprometem-se a cumprir a decisão da Corte em todo caso em que forem partes. Exame de Ordem Damásio Educacional 4 de 11 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM 2. A parte da sentença que determinar indenização compensatória poderá ser executada no país respectivo pelo processo interno vigente para a execução de sentenças contra o Estado”. FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO JUIZ BRASILEIRO EM MATÉRIA DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: ARTS. 21, 22 E 23 DO CPC REGRA GERAL (ART. 21 E 22 DO CPC): Competência CONCORRENTE do juiz brasileiro com o juiz estrangeiro, isto é, a parte do caso concreto pode escolher se ajuíza a ação no Brasil ou se ajuíza a ação no exterior (na prática, as ações ajuizadas no Brasil poderão permitir que o juiz brasileiro aplique, se a LINDB autorizar, lei estrangeira no julgamento; já as ações ajuizadas no exterior poderão dar ensejo à homologação pelo STJ da sentença estrangeira emitida). EXCEÇÕES (ART. 23 DO CPC): Existem três ações judiciais que tornam a competência do juiz brasileiro ABSOLUTA, ou seja, as ações judiciais apenas poderão ser ajuizadas no Brasil (nestas hipóteses, o STJ não homologará eventual sentença estrangeira). São elas: a)ações relativas a bens imóveis situados no Brasil; b) inventários e partilhas de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional; c) partilha de bens situados no Brasil, nas ações de divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. ELEMENTOS DE CONEXÃO: ARTS. 7º, 8º, 9º, 10º E 11º DA LINDB E ART. 5º, INCISO XXXI, DA CF/88: Os elementos de conexão correspondem às matérias que devem ser investigadas nos casos concretos para, quando presentes, orientar o juiz brasileiro sobre a aplicação da lei brasileira ou da lei estrangeira. Perceba que os elementos de conexão não resolvem o caso concreto, mas somente conectam o caso julgado ou à lei brasileira ou à lei estrangeira. Permitem, assim, determinar o direito material a ser aplicado no caso conreto. Existem 05 elementos de conexão no Direito brasileiro, a saber: Exame de Ordem Damásio Educacional 5 de 11 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM ELEMENTO DE CONEXÃO (matéria a ser investigada se está presente no caso concreto) LEI APLICÁVEL Direito de Família, Capacidade Civil e Personalidade Jurídica Deverá ser aplicada a LEI DO LOCAL DO DOMICÍLIO das partes. (Observação: no caso de noivos com domicílios diferentes, aplicar-se-á a lei do primeiro domicílio dos nubentes). Negócios Jurídicos, Contratos, Obrigações e Testamento Deverá ser aplicada a LEI DO LOCAL DE CELEBRAÇÃO (assinatura) (Observação: no caso de contratos entre ausentes, aplica-se a lei do domicílio do proponente) Criação e Funcionamento de Fundações e Pessoas jurídicas Deverá ser aplicada a LEI DO LOCAL DA CONSTITUIÇÃO (registro) Classificação de Bens Deverá ser aplicada a LEI DO LOCAL DA SITUAÇÃO (local em que os bens se encontram). Sucessão causa mortis (em Direito Internacional Privado, trata-se a transferência de herança quando não houver testamento) Regra geral: Deverá ser aplicada A LEI DO DOMICÍLIO DO DE CUJUS. Exceção: Será aplicada a LEI BRASILEIRA quando houver 03 requisitos cumulativos: (i) cônjuge ou filho brasileiro; (ii) bens situados no Brasil; (iii) lei brasileira mais favorável aos herdeiros referidos. Exame de Ordem Damásio Educacional 6 de 11 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM 3. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO CONCEITO: Rege as relações jurídicas entre os sujeitos do Direito Internacional Público, isto é, entre os Estados, Organizações Internacionais, Santa Sé, Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Movimentos de Libertação Nacional, Beligerantes ou Insurgentes e o indivíduo (este último, em especial, no que diz respeito à proteção internacional dos Direitos Humanos). MEIOS DE RETIRADA DOS INDIVÍDUOS DO TERRITÓRIO NACIONAL: Existem 03 instrumentos que podem ser empregados pelo Estado brasileiro para retirar os indivíduos do território nacional. São eles: repatriação, deportação e expulsão. 1. REPATRIAÇÃO: medida administrativa aplicada apenas ao migrante ou visitante (estrangeiro) que se encontra em situação de impedimento para ingressar no território nacional. A repatriação não permite que o estrangeiro efetivamente ingresse no território brasileiro, obrigando-o a retornar ao país de nacionalidade, país de procedência ou terceiro país que o aceite. Não tem caráter punitivo e não impede que o estrangeiro retorne ao Brasi caso regularize sua situação. 2. DEPORTAÇÃO: medida administrativa que consiste na retirada compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular (estrangeiro) no território nacional. Não se trata de uma punição, por isso o estrangeiro deportado pode retornar ao Brasil se regularizar sua situação. No Brasil, a deportação é um ato discricionário efetuado pela Polícia Federal. 3. EXPULSÃO: penalidade aplicada apenas ao migrante ou visitante (estrangeiro) estrangeiro que tenha cometido crime no território brasileiro. O art. 5º, inciso XLVII, da CF/88 proíbe o banimento, isto é, a expulsão dos brasileiros (natos ou naturalizados). O art. 54, § 1º, I e II, da Lei nº 13.445/2017 (Lei de Migração) prevê as hipóteses que autorizam a expulsão do estrangeiro: Exame de Ordem Damásio Educacional 7 de 11 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM “Art. 54. § 1º. Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença transitada em julgado relativa à prática de: I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto no 4.388, de 25 de setembro de 2002; ou II - crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização em território nacional”. A expulsão é um ato discricionário de competência do Ministro da Justiça. Por ser uma penalidade, enquanto não for revogada a expulsão, o estrangeiro expulso não poderá retornar ao Brasil, sob pena de cometer crime previsto no art. 338 do Código Penal (reingresso de expulso). O prazo de vigência da medida de impedimento vinculada aos efeitos da expulsão será proporcional ao prazo total da pena aplicada e nunca será superior ao dobro de seu tempo. Nos termos do art. 55 da Lei nº 13.445/2017, o estrangeiro não haverá expulsão nas seguintes hipóteses: “Art. 55. Não se procederá à expulsão quando: I - a medida configurar extradição inadmitida pela legislação brasileira; II - o expulsando: a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela; b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação alguma, reconhecido judicial ou legalmente; c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, residindo desde então no País; d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País há mais de 10 (dez) anos, considerados a gravidade e o fundamento da expulsão”. PEGADINHA: O estrangeiro que possuir cônjuge ou companheiro/a residente no Brasil; OU filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica somente NÃO PODERÁ SER EXPULSO DO BRASIL, porém sofre repatriação, deportação, extradição e entrega. Exame de Ordem Damásio Educacional 8 de 11 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM MEIOS DE COOPERAÇÃO JUDICIÁRIA INTERNACIONAL EM MATÉRIA PENAL: Há 02 instrumentos que podem ser empregados pelo Estado brasileiro para efeitos de cooperação judiciária em matéria penal. São eles: expulsão e entrega. 1. EXTRADIÇÃO: medida de cooperação judiciária penal, por meio da qual o Estado brasileiro disponibiliza indivíduo que cometeu crime no exterior e se encontra foragido no país. A extradição alcança ESTRANGEIROS E BRASILEIROS NATURALIZADOS(somente brasileiros natos não podem sofrer extradição). O art. 5º, inciso LI, da CF/88 prevê as duas hipóteses de extradição do brasileiro naturalizado, a saber: i) cometimento de crime comum antes da naturalização; ii) comprovado envolvimento no tráfico ilícito de entorpecentes (antes ou depois de naturalizado). Não haverá extradição na hipótese de cometimento de CRIME POLÍTICO OU CRIME DE OPINIÃO, conforme determina o art. 5º, inciso LII, da CF/88. A extradição poderá ser fundada em tratado internacional entre o Brasil e o Estado requerente ou sobre promessa de reciprocidade entre os Estados, isto é, na hipótese de não existir tratado de extradição, os países se comprometem a atender um o pedido do outro sobre a matéria. Logo, o tratado internacional é prescindível (dispensável) na extradição. 2. ENTREGA: ordem expedida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) para que o Brasil envie indivíduo para ser julgado por esta Corte Internacional. A entrega alcança ESTRANGEIROS, BRASILEIROS NATURALIZADOS E BRASILEIROS NATOS, haja vista que, conforme prevê o art. 5º, § 4º, da CF/88, o Brasil está submetido à jurisdição de Tribunal Penal Internacional cuja criação tenha manifestado adesão. TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL (TPI): Trata-se de uma Corte Internacional Penal, o que indica que o TPI julga INDIVÍDUOS, não Estados. Exame de Ordem Damásio Educacional 9 de 11 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM Criado pelo Estatuto de Roma, assinado em 1998, mas cuja ratificação apenas se concluiu no ano de 2002, o Tribunal Penal Internacional têm COMPETÊNCIA COMPLEMENTAR à jurisdição dos Estados para o julgamento de 04 crimes (isto é, tanto os juízes nacionais quanto o TPI poderá julgar esses crimes): i) crime de genocídio; ii) crimes de guerra; iii) crimes contra a humanidade; iv) crime de agressão. A competência do TPI para julgamento apenas alcançam fatos POSTERIORES AO ANO DE 2002, ou seja, crimes que ocorreram depois do início do funcionamento do referido Tribunal Internacional. Nenhuma imunidade de chefe de Estado ou de funcionário público vale perante o TPI. O TPI pode aplicar 02 tipos de penas aos indivíduos que julgar: prisão perpétua ou prisão, por um número determinado de anos, até ao limite máximo de 30 anos. 04 ETAPAS DA INTERNALIZAÇÃO DE TRATADOS INTERNACIONAIS NO BRASIL: O processo de internalização de tratados internacionais comporta 04 fases segundo o STF e a doutrina especializada: 1ª ETAPA: NEGOCIAÇÃO E ASSINATURA: Cabe ao Presidente da República atuar nesta fase (art. 84, inciso VIII, da CF/88). É possível que o Presidente da República envie alguém que o represente, os chamados plenipotenciários. 2ª ETAPA: REFERENDO, APROVAÇÃO OU DECISÃO DEFINITIVA DO CONGRESSO NACIONAL: Nos termos do art. 49, inciso I, da CF/88, os tratados onerosos ao patrimônio nacional deverão ser submetidos à decisão definitiva do Congresso Nacional. Nesta fase, o Congresso expede decreto legislativo autorizando a ratificação do tratado. 3ª ETAPA: RATIFICAÇÃO DO TRATADO: A ratificação é competência do Presidente da República – que pode ser representado por um plenipotenciário - e deverá ser realizada por ato definido no próprio tratado (ex. troca de notas diplomáticas, depósito perante uma OI etc.). Exame de Ordem Damásio Educacional 10 de 11 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM A importância da ratificação deve ser considerada, pois, em regra, é a ratificação que confere VIGÊNCIA INTERNACIONAL aos tratados. 4ª ETAPA: PROMULGAÇÃO INTERNA DO TRATADO RATIFICADO MEDIANTE DECRETO PRESIDENCIAL: Depois de ratificado, o tratado internacional deverá ser promulgado internamente para poder ser aplicado pelas autoridades brasileiras. Tal promulgação é realizada mediante edição de decreto presidencial pelo Chefe do Executivo, cabendo ao decreto assegurar ter efeitos ao tratados: promulgação, publicação e executoriedade internas ao tratado já ratificado. DEFINIÇÃO DE TRATADO INTERNACIONAL: ART. 2º DA CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE DIREITO DOS TRATADOS DE 1969: “Tratado significa um acordo internacional concluído POR ESCRITO ENTRE ESTADOS e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica” Observações: 1. O Brasil ratificou a Convenção de Viena de 1969 sobre Direito dos Tratados no ano de 2009; 2. Embora o nome do tratado seja irrelevante para sua caracterização (ex. protocolo, declaração, convenção, tratado etc.), pois o que importa é que seja um acordo por escrito celebrado entre Estados para a incidência da Convenção de Viena de 1969, existe um tipo de tratado cujo o nome é relevante. Trata-se da CONCORDATA, tratados celebrados pela Santa Sé. LIMITES À CRIAÇÃO DE TRATADOS POR PARTE DOS ESTADOS: JUS COGENS INTERNACIONAL (ART. 53 DA CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE DIREITO DOS TRATADOS DE 1969) Os Estados gozam de ampla liberdade para definir o conteúdo dos tratados que celebram, pois são soberanos. Essa liberdade, no entanto, não é ilimitada ou absoluta, pois nenhum tratado celebrado poderá violar o chamado JUS COGENS (normas imperativas do Direito Exame de Ordem Damásio Educacional 11 de 11 MATERIAL DE APOIO XVI EXAME DE ORDEM MATERIAL DE APOIO XXV EXAME DE ORDEM Internacional). Isso porque o art. 53 da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969 é expresso ao definir que tratado que viola o jus cogens é nulo. “Art. 53 – É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza”. Conclusão: Tratado internacional contrário ao jus cogens não revoga o jus cogens, pois o tratado será nulo. O conceito de jus cogens é indeterminado, cabendo aos meios auxiliares do Direito Internacional (doutrina e jurisprudência) ir, aos poucos, definindo quais são as normas internacionais que podem ser consideradas pertencentes ao jus cogens internacional.
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