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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/326825636 Roteiro de aulas: Apostila sobre Direito Internacional Privado - DPri Presentation · August 2018 DOI: 10.13140/RG.2.2.30388.14720 CITATIONS 0 READS 5,605 2 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Governança e ética View project Medidas de efetividade das políticas energéticas, hídricas e ambientais View project Denny Thame Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" 150 PUBLICATIONS 67 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Denny Thame on 04 August 2018. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/326825636_Roteiro_de_aulas_Apostila_sobre_Direito_Internacional_Privado_-_DPri?enrichId=rgreq-45998f510eebd5386d93bf99badb7512-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNjgyNTYzNjtBUzo2NTU3MzE5OTcwNDA2NDFAMTUzMzM1MDA5OTczMQ%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/326825636_Roteiro_de_aulas_Apostila_sobre_Direito_Internacional_Privado_-_DPri?enrichId=rgreq-45998f510eebd5386d93bf99badb7512-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNjgyNTYzNjtBUzo2NTU3MzE5OTcwNDA2NDFAMTUzMzM1MDA5OTczMQ%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Governanca-e-etica?enrichId=rgreq-45998f510eebd5386d93bf99badb7512-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNjgyNTYzNjtBUzo2NTU3MzE5OTcwNDA2NDFAMTUzMzM1MDA5OTczMQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Medidas-de-efetividade-das-politicas-energeticas-hidricas-e-ambientais?enrichId=rgreq-45998f510eebd5386d93bf99badb7512-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNjgyNTYzNjtBUzo2NTU3MzE5OTcwNDA2NDFAMTUzMzM1MDA5OTczMQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-45998f510eebd5386d93bf99badb7512-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNjgyNTYzNjtBUzo2NTU3MzE5OTcwNDA2NDFAMTUzMzM1MDA5OTczMQ%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Denny-Thame?enrichId=rgreq-45998f510eebd5386d93bf99badb7512-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNjgyNTYzNjtBUzo2NTU3MzE5OTcwNDA2NDFAMTUzMzM1MDA5OTczMQ%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Denny-Thame?enrichId=rgreq-45998f510eebd5386d93bf99badb7512-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNjgyNTYzNjtBUzo2NTU3MzE5OTcwNDA2NDFAMTUzMzM1MDA5OTczMQ%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Escola-Superior-de-Agricultura-Luiz-de-Queiroz?enrichId=rgreq-45998f510eebd5386d93bf99badb7512-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNjgyNTYzNjtBUzo2NTU3MzE5OTcwNDA2NDFAMTUzMzM1MDA5OTczMQ%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Denny-Thame?enrichId=rgreq-45998f510eebd5386d93bf99badb7512-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNjgyNTYzNjtBUzo2NTU3MzE5OTcwNDA2NDFAMTUzMzM1MDA5OTczMQ%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Denny-Thame?enrichId=rgreq-45998f510eebd5386d93bf99badb7512-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyNjgyNTYzNjtBUzo2NTU3MzE5OTcwNDA2NDFAMTUzMzM1MDA5OTczMQ%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO Por Danielle Denny https://www.researchgate.net/profile/Denny_Thame/contributions https://ssrn.com/author=2673921 Facebook: Denny Thame CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1. Esboço Histórico do Direito Internacional Privado. 2. Denominação e Método de Direito Internacional Privado e a Disciplina no Brasil. 3. Noções Fundamentais e Objeto do Direito Internacional Privado 3.1. O Objeto. 3.2. A Denominação. 3.3. O Direito Internacional Privado e o Direito Internacional Público. 3.4. O Direito Público no Âmbito do Direito Internacional Privado. 3.5. Os Conflitos Interespaciais. 3.6. Os Conflitos Interpessoais. 4. Fontes do Direito Internacional Privado. 4.1. Lei. 4.2. Tratado Internacional. 4.3. Jurisprudência. 4.4. Doutrina. 4.5. Direito Costumeiro. 4.6. Código de Bustamante. 5. Normas do Direito Internacional Privado no Brasil. 5.1. Lei de introdução às normas do direito brasileiro – LINDB, antiga Lei de Introdução ao Código Civil – LICC (Art. 7º ao 19). 5.2. Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal-STF. 5.3. Estatuto dos Estrangeiros 6. Elementos de Conexão – Lei Determinadora. 6.1. Os Elementos de Conexão: Local da Prática do Ato, Lei do Domicílio, Local da Execução do Contrato, Lei do Foro e Lei da Coisa. 6.2. As Regras de Conexão. 6.3. Elementos de Conexão no Direito Brasileiro. 7. Dispositivos Legais-Aplicação do Direito Estrangeiro no Brasil. 7.1. Direito Societário. 7.2. Direito Processual. 7.3. Direito de Família. 7.4. Direito das Sucessões. 7.5. Direito das Coisas. 7.6. Direito Obrigacional. 8. Preceitos Básicos do Direito Internacional Privado. 8.1. Ordem Pública. 8.2. Fraude á Lei. 8.3. Reenvio. 8.4. Questão Prévia. 8.5. Adaptação ou Aproximação. 8.6. Alteração de Estatuto ou Conflito Móvel. 8.7. Direitos Adquiridos. 9. Aplicação do Direito Estrangeiro 9.1. Aplicação do Direito Estrangeiro no Processo. 9.2. Verificação do Conteúdo e Aplicação do Direito Estrangeiro no Processo. 9.3 Temas Específicos do Direito Processual Civil Internacional. 9.3.1. Litispendência Internacional. 9.3.2. Caução de Processo. 9.3.3. Capacidade Processual da Parte. 9.3.4. Assistência Judiciária Gratuita. 9.3.5. Regime Jurídico dos Documentos de Procedência Estrangeira. 10. Homologação de Sentença Estrangeira. 10.1. Conceitos e Princípios Básicos. 10.2. Homologação de Sentença Estrangeira no Direito Brasileiro. 11. Contratos Internacionais. 11.1. Conceito. 11.2. Elementos de Conexão nos Contratos Internacionais. 11.3. Conflitos de Leis. 11.4. Normas Primárias e Secundárias. 11.5. Autonomia da Vontade. 11.6. Estrutura de um Contrato Internacional. 11.7. Cláusulas Essenciais a um Contrato Internacional. 11.8. Venda e Compra Internacional. 11.9. Inconterms. 11.10. Contratos Específicos do Comércio Internacional: Franchising, Factoring, Leasing, Joint Ventures, Crédito Documentário, Catering, Agência. 12. Temas e Casos Práticos da Área voltados para a Realidade Regional de Inserção do Curso. BIBLIOGRAFIA ACCIOLY, H. Manual de direito internacional público. São Paulo: Saraiva, 2008. BREGALDA, G. Direito internacional público e direito internacional privado. São Paulo: Atlas, 2007. CASTRO, Amílcar. Direito internacional privado. Rio de Janeiro: Forense, 2005. RECHSTEINER, Beat Walter. Arbitragem privada internacional no Brasil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. RECHSTEINER, Beat Walter. Direito internacional privado: teoria e prática. São Paulo: RT, 2008. REZEK, José Francisco. Direito internacional público. São Paulo: Saraiva, 2008. RODAS, João Grandino. Contratos internacionais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. STRENGER, Irineu. Direito internacional privado. 6ª ed. São Paulo: LTR, 2005. DEL’OLMO, F. De S.; JAGER JR., A. Curso de direito internacional privado. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. DOLINGER, J.; TIBURCIO, C. Direito Internacional Privado. 13. ed. São Paulo: Forense, 2017. Bibliografia Complementar: BASSO, Maristela. Curso de direito internacional privado. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2016. CNJ. Convenção da Apostila da Haia - Portal CNJ. 2018. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/poder-judiciario/relacoes-internacionais/convencao-da-apostila-da-haia>. Acesso em: 1 ago. 2018. HCCH, Hague Conference on Private International Law. Hague Conference on Private International Law - The World Organisation for Cross-border Co-operation in Civil and Commercial Matters. 2018. Disponível em: <https://www.hcch.net/en/home>. Acesso em: 1 ago. 2018. MAZZUOLI, Valerio Oliveira. Direito Internacional Privado - 2a Ed. 2017. São Paulo: Forense, 2017. Disponível em: <https://www.saraiva.com.br/direito-internacional-privado-2-ed-2017- 9719739.html>. Acesso em: 11 ago. 2017.OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias De. A segurança hermenêutica nos vários ramos do Direito e nos cartórios extrajudiciais: repercussões da LINDB após a Lei n. 13655/18. Brasília, DF, , 2018. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/543379/Textos_para_discussao_250.pdf?seq uence=1>. RAMOS, André de Carvalho. O direito internacional privado das sucessões no Brasil. Rev. secr. Trib. perm. revis., [s. l.], v. 4, n. 4, p. 307–324, 2016. PLANEJAMENTO DAS AULAS Datas prováveis suscetíveis a alterações 3/8/18 __/__/____ 1 ª Sem. Apresentação do curso e dos critérios de avaliação. Calendário de atividades. Esboço Histórico do Direito Internacional Privado. 10/8/18 __/__/____ 2 ª Sem. Denominação e Método de Direito Internacional Privado e a Disciplina no Brasil. 17/8/18 __/__/____ 3 ª Sem. Noções Fundamentais e Objeto do Direito Internacional Privado O Objeto. A Denominação. O Direito Internacional Privado e o Direito Internacional Público. O Direito Público no Âmbito do Direito Internacional Privado. Os Conflitos Interespaciais. Os Conflitos Interpessoais. 24/8/18 __/__/____ 4 ª Sem. Fontes do Direito Internacional Privado. Lei. Tratado Internacional. Jurisprudência. Doutrina. Direito Costumeiro. Código de Bustamante. 31/8/18 __/__/____ 5 ª Sem. Normas do Direito Internacional Privado no Brasil. Lei de introdução às normas do direito brasileiro – LINDB, antiga Lei de Introdução ao Código Civil – LICC (Art. 7º ao 19). Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal-STF. Estrangeiros 14/9/18 __/__/____ 6 ª Sem. Elementos de Conexão – Lei Determinadora. Os Elementos de Conexão: Local da Prática do Ato, Lei do Domicílio, Local da Execução do Contrato, Lei do Foro e Lei da Coisa. As Regras de Conexão. Elementos de Conexão no Direito Brasileiro. 21/9/18 __/__/____ 7 ª Sem. Dispositivos Legais-Aplicação do Direito Estrangeiro no Brasil. Direito Societário. Direito Processual. Direito de Família. Direito das Sucessões. Direito das Coisas. Direito Obrigacional. Atividade Complementar Ler, resumir e se preparar para responder a questionário em sala sobre o artigo “O Direito Internacional Privado das sucessões no Brasil” de André de Carvalho Ramos (RAMOS, 2016) disponível em: http://scielo.iics.una.py/pdf/rstpr/v4n7/2304-7887-rstpr-4-07-00307.pdf 21/9/18 __/__/____ 8 ª Sem. Avaliação 28/9/18 __/__/____ 9 ª Sem. Correção e vista de provas 5/10/18 __/__/____ 10 ª Sem. Preceitos Básicos do Direito Internacional Privado. Ordem Pública. Fraude á Lei. Reenvio. Questão Prévia. Adaptação ou Aproximação. Alteração de Estatuto ou Conflito Móvel. Direitos Adquiridos. 19/10/18 __/__/____ 11 ª Sem. Aplicação do Direito Estrangeiro Aplicação do Direito Estrangeiro no Processo. Verificação do Conteúdo e Aplicação do Direito Estrangeiro no Processo. Temas Específicos do Direito Processual Civil Internacional. Litispendência Internacional. Caução de Processo. Capacidade Processual da Parte. Assistência Judiciária Gratuita. Regime Jurídico dos Documentos de Procedência Estrangeira. 26/10/18 __/__/____ 12 ª Sem. Homologação de Sentença Estrangeira. Conceitos e Princípios Básicos. Homologação de Sentença Estrangeira no Direito Brasileiro. 9/11/18 __/__/____ 13 ª Sem. Contratos Internacionais. Conceito. Elementos de Conexão nos Contratos Internacionais. Conflitos de Leis. Normas Primárias e Secundárias. Autonomia da Vontade. Estrutura de um Contrato Internacional. Cláusulas Essenciais a um Contrato Internacional. Venda e Compra Internacional. Inconterms. Contratos Específicos do Comércio Internacional: Franchising, Factoring, Leasing, Joint Ventures, Crédito Documentário, Catering, Agência. 16/11/18 __/__/____ 14 ª Sem. Temas e Casos Práticos da Área voltados para a Realidade Regional de Inserção do Curso. Atividade Complementar Ler, resumir e se preparar para responder a questionário em sala sobre o artigo “Segurança hermenêutica” de Carlos Eduardo Elias Oliveira (OLIVEIRA, 2018) disponível em: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos 23/11/18 __/__/____ 15 ª Sem. Avaliação 30/11/18 __/__/____ 16 ª Sem. Atendimento aos alunos 7/12/18 __/__/____ 17 ª Sem. Prova substitutiva 14/12/18 __/__/____ 18 ª Sem. Exame 21/12/18 __/__/____ 19 ª Sem. Atendimento aos alunos RESUMO Características da ordem jurídica Internacional Direito internacional público e privado são ramos do Direito Público Ausência de autoridade superior Ausência de hierarquia entre as normas princípio da horizontalidade das normas Manifestação do consentimento, Estado só se vincula se manifestar consentimento, salvo costume internacionalmente reconhecido e Tribunal Penal Internacional se houver recomendação de investigação do conselho de segurança da ONU a indivíduos de estado mesmo não signatário do Estatuto de Roma Coordenação não subordinação Sistema de sanção precário (muitas vezes ganha mas não leva) Direito Internacional Privado é um conjunto de regras de sobredireito colisionais para solucionar conflitos entre normas. É a ciência dos conflitos. Elementos de conexão condições fáticas que determinam a aplicação do Direito para dirimir conflito aparente de normas. História Na Antiguidade o estrangeiro não tinha direitos pois estes derivavam da religião, o estrangeiro tinha outra religião então não tinha direitos, não podia ser proprietário, casar, exercer atos do comércio, seus filhos eram considerados bastardos, não podia herdar nem testar. Assim, jamais ocorria conflito de normas entre os direitos locais e outros sistemas jurídicos, portanto era desnecessário o Direito Internacional Privado. Mesmo em Roma onde existia o jus civile para os cidadãos romanos, o jus peregrinum para os estrangeiros e o jus gentium para relações entre peregrinos e cidadãos, tratava-se de Direito Interno não de Direito Internacional pois não se reconhecia outros ordenamentos. Com a invasão do Império Romano pelos bárbaros no século V, constata-se que existia um primórdio de regras para solução de conflitos como por exemplo, na venda aplicava-se a lei do vendedor, na sucessão seguia-se a lei nacional do de cujos e a mulher se submetia à lei do marido. Com o regime feudal, a fixação o do homem sobre a terra com a organização de feudos sobre os quais o senhor feudal tinha total autonomia e comando, nenhuma outra lei senão aquela por ele determinada era admitida, assim instala-se um período de territorialidade da lei a partir do século IX. Nesse contexto a população se submetia apenas às leis vigentes no território onde estivesse então não havia conflito, sendo desnecessário o Direito Internacional Privado. Nos centros de mercancia como as cidades-repúblicas italianas, como Módena, Bolonha, Florença, Pádua, Gênova e Veneza, o feudalismo adotado era mais brando pois o foco eram as relações de comércio em larga escala e portanto havia contato frequente entre habitantes de outras cidades. Com isso surge o fenômeno de habitante de uma cidade ser demandado perante a justiça de outra cidade e qual seria, portanto, o conjunto de normas aplicável? Aquelas que o juiz do caso entendesse como preferível e mais útil (quae potior et utilior videtur). Mais preferível, útil e melhor são critérios subjetivos, mas para alguns autores esse é o marco para o nascimento do Direito Internacional Privado. Escolas estatutárias Italiana século XIV = locus regit actum aplicação da lei do local em que o ato jurídico foi realizado e lex loci delicti delitos devem ser submetidos à lei do lugar de sua perpetração. Bártolo de Sassoferato o mais notável jurista da Idade Média escreveu sobre o conflito de leis. Francesa século XVI. Charles Dumoulin foi o primeiro a introduzir a autonomiada vontade e Bernard d´ Argentré foi um defensor do territorialismo, assim, todos os bens imóveis sitos em um território e todas as pessoas nele domiciliadas devem ser regidas pelas leis locais, só excepcionalmente admite-se invocar lei estrangeira. Holandesa século XVII. A Holanda na época aspirava emancipação, portanto levou a teoria do territorialismo ao extremo, até aos bens móveis trazidos pelo estrangeiro seguem a lei do local onde está o proprietário. Ulrich Huber sintetizou em 3 princípios: as leis de cada Estado aplicam- se dentro de suas fronteiras e obrigam seus súditos, mas não vão além desses limites; súditos de um Estado são todos os que se encontram no território; e os soberanos por cortesia internacional permite a aplicação extraterritorial das leis de outro Estado, ou seja, só se permite aplicar a norma estrangeira quando tiver criado direitos adquiridos (vested rights). Escola alemã século XVIII ou segunda escola francesa do século XVIII aperfeiçoou o que as três outras escolas estatutárias criaram. Doutrinas modernas Trouxeram regras sobre conflitos de leis o Código Civil de Napoleão de 1804, o Código Civil italiano de 1865 e o Código Civil alemão de 1896. São dessa época autores consagrados até hoje como Story, Savigny e Mancini. Joseph Story o primeiro a usar o termo Direito Internacional Privado, entendia que a aplicação do direito estrangeiro se faz na busca da justiça, não é cortesia, assim a lei estrangeira não é aplicada mas somente se reconhecem os efeitos que ela já tenha produzido, assim lei estrangeira é aceita como fato criador de direitos adquiridos (vested rights) e não como lei. Friedrich Carl von Savigny parte do pressuposto que a comunidade de direito entre os diferentes povos deve encontrar a lei aplicável a cada hipótese de acordo com a conformidade com a natureza da própria relação. Então seria o domicílio das pessoas no que tange a seu estado e capacidade e localização da coisa para questões dela decorrentes. Pasquale Mancini sistematizou que certas questões serão necessariamente regidas pelo principio da nacionalidade (o estado e a capacidade, as relação de família e as sucessões). Questões atinentes aos bens aos contratos e demais obrigações podem ser regidas pela lei que a pessoa escolher, pois são leis supletivas, princípio da liberdade. E leis de direito público e com relação à ordem pública são aplicadas a todos que se encontram em um território, princípio da soberania. Código Bustamante ou Código de Derecho Internacional Privado foi um tratado destinado a estabelecer regras comuns para Direito Internacional Privado nas Américas, idealizado por Antonio Sánchez de Bustamante y Sirven, negociado no 6 º Congresso Pan-Americano realizado em Cuba em 1928 anexo ao Tratado de Havana. A uniformização não foi aceita pela grande maioria então o método do Direito Internacional Privado mudou do sistema uniformizador para o sistema que estabelece regras harmonizadoras que determinarão a lei a ser escolhida em situações que extrapolem os limites da soberania. Josephus Jitta particularista, subtitui a noção de comunidade jurídica (de Savigny) por sociedade internacional. O Estado tem uma missão dupla manter o direito no grupo de indivíduos que formam a nação e garantir o cumprimento de seus deveres com relação à sociedade internacional. Métodos O método individual prevê a aplicação da lei doutrina e jurisprudência. O método universal a lei internacional, uniforme e os tratados. Para os particularistas, seguidores do método individual os problemas de DIP são próprios de cada estado e devem ser solucionados com base nas fontes internas, fontes internacionais são exceção. Para os universalistas problemas de DIP concernem a sociedade internacional, têm natureza internacional e só podem ser solucionados internacionalmente de maneira uniforme. Antoine Pillet defende o universalismo, soluções internacionais devem ser definidas em convenções e tratados. Normas extraterritoriais cuidam do indivíduo da sua capacidade das relações de família e sucessão. As territoriais são leis políticas, morais, de segurança de propriedade de crédito público, falência, tributos. Os métodos universalista e particularista se alternam. Na segunda metade do século XIX prevaleceu o universalismo, no entre guerras o particularismo e atualmente voltou o universalismo. Outra novidade da atualidade é o princípio da proximidade que faculta aos tribunais maior poder discricionário para escolher a lei aplicável que tenha maior ligação com o caso concreto. Esse princípio foi consagrado na Convenção de Roma de 1980 da Comunidade Econômica Europeia, art. 4 “Quando a lei aplicável ao contrato não tiver sido escolhida ... o contrato será regido pela lei do pais com o qual esteja mais proximamente conectado”. Denominação Como a principal fonte do Direito Internacional Privado é a legislação interna de cada país, para muitos estudiosos a denominação “internacional” da matéria está equivocada. A nacionalidade e a condição jurídica do estrangeiro são matérias eminentemente nacionais e nenhuma soberania admite interferência de fontes estranhas na elaboração de sua política de suas normas nesses assuntos. No mesmo sentido, as regras sobre a competência dos tribunais de cada país são competência do legislador de cada jurisdição. Em matéria de conflito de leis há convenções internacionais, mas a maioria não vigora por falta de número mínimo de ratificações. Da mesma forma o termo “privado” recebe críticas. A matéria inclui questões de Direito Processual, Fiscal, Monetário, Financeiro, Administrativo, Penal, portanto pouco tem de Direito Privado. Apenas o principal interessado na escolha da lei aplicada é o sujeito e este é sempre privado. Trata-se de um sobredireito, de um ordenamento da competência das competências, portanto de Direito Público, não privado. São várias as alternativas aventadas: Nomantologia = estudo (logos) do confronto (ante) das leis (nomos) Direito Intersistemático = conflitos interespaciais, interpessoais de natureza jurisdicional (MAZZUOLI, 2017) Fontes do Direito Internacional Privado. São fontes do Direito Internacional Privado: Lei interna de cada país , tratados internacionais, jurisprudência, doutrina, costumes e o Código de Bustamante. A principal fonte do Direito Internacional Privado é a legislação interna de cada país. No Brasil a principal é a Lei de introdução às normas do direito brasileiro – LINDB (Dec.-Lei nº 4.657/1942). Sobre questões relativas ao Direito Internacional Privado há diversos tratados internacionais (acordos formais celebrados de forma escrita por sujeitos de Direito Internacional Público). O Brasil é signatário de vários, como: - Convenção de Haia sobre Nacionalidade de 1930, promulgada no Brasil pelo Decreto n. 21.798/1932 - Convenção sobre Condição dos Estrangeiros, Havana 1928, promulgada no Brasil pelo Decreto n. 18.956/1929. Convenções sobre refugiado e sobre asilo diplomático - Convenção da ONU sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro, promulgada no Brasil pelo Decreto n. 56.826/1965 O mais importante tratado sobre Direito Internacional Privado contudo é o Código de Bustamante, aprovado na 6a. Conferência Panamericana, ocorrida em Havana, 1928, promulgado no Brasil pelo Decreto n. 18.871/1929. Ele foi ratificado por 15 países sul-americanos, porém vários declararam reservas quanto a sua aplicação. O art. 7o. prevê que os países podem adotar o elemento de conexão domicílio ou nacionalidade livremente. Por causa das várias reservas e como as normas são muito abrangentes, o Código tem pouca aplicabilidade prática. A jurisprudência é fonte de Direito Internacional Privado, mas no Brasil é muito escasso o repertório de decisões a respeito do tema. A maioria trata de questões atinentes a processo internacional como homologação de sentenças estrangeiras e ´exequatur´ em cartas rogatórias. Tambémsão frequentes processos de expulsão e extradição e processos relativos a evasão fiscal internacional (investimentos em paraísos fiscais e remessas indevidas de recursos. Nos países europeus, por exemplo, a abrangência das decisões judiciais é muito maior, devido à condição fática de intensa circulação de bens, pessoas e serviços entre as fronteiras dos países europeus. Então os tribunais nacionais europeus têm rica experiência relativa a conflito de leis, nacionalidade e direitos dos estrangeiros. A doutrina, por sua vez, tem o mérito de construir uma vasta gama de conceitos que fundamentam as decisões dos tribunais. Exemplo de construção doutrinária: teoria das qualificações (classifica-se ordenadamente os fato relativamente às disposições legais ou costumeiras para enquadrar o fato à norma). Para Etienne Bartin (1860-1948) e Franz Kahn (1861-1904) que desenvolveram a teoria das qualificações, se houver dificuldade relativa à qualificação de um fato que tenha elementos de conexão internacional, o juiz consultará diretamente as fontes doutrinárias. Costumes apesar de serem reconhecidos como fonte de Direito Internacional Privado, podem ter mais ou menos força de acordo com o Estado em questão. No Brasil eles só são aplicados no caso de haver omissão da lei. Disciplina no Brasil As regras de Direito Internacional Privado estão previstas principalmente na Lei de introdução às normas do direito brasileiro – LINDB, antiga Lei de Introdução ao Código Civil – LICC (Dec.-Lei nº 4.657/1942, Art. 7º ao 19) no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal-STF e no Estatuto dos Estrangeiros (Lei nº 6.815/1980). LINDB A Lei de Introdução, Decreto-Lei nº 4.657/1942, é a principal lei atinente ao Direito Internacional Privado brasileiro. Em seus artigos 7º e 11, dispõe sobre o direito material aplicável às relações referentes à pessoa e à família; em seus artigos 8º e 9º, versa sobre o tema das regras materiais aplicáveis às relações que digam respeito aos bens e às obrigações; na sequência, as normas materiais aplicáveis à sucessão por morte ou ausência no artigo 10, e questões de direito processual civil internacional a partir de seu artigo 12 até o 17. Sobre as regras de direito processual civil internacional, no artigo 12 a LINDB dispõe sobre competência jurisdicional internacional; nos artigos 13 e 14, sobre as regras próprias às provas; em seu artigo 15 regula a homologação de sentença estrangeira, proibindo, no artigo 16, a ocorrência do reenvio; por fim, em seu artigo 17 aprecia os limites de aplicação de leis, atos e sentenças de outros países no Brasil. Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957) § 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. § 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. § 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977) § 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº 12.036, de 2009). § 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. § 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre. Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. § 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. § 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituirem. § 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. § 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no lugar em que residir o proponente. Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº 9.047, de 1995) § 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituirem. § 1o Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. § 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituido, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptiveis de desapropriação. § 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares. (Vide Lei nº 4.331, de 1964) Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. § 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. § 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências. Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência. Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reuna os seguintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestidadas formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (Vide art.105, I, i da Constituição Federal). Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009). Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. CPC COMPETÊNCIA CONCORRENTE O judiciário brasileiro é competente para julgar uma demanda, sem excluir a possibilidade da causa ser julgada no estrangeiro. O Estado Brasileiro tem interesse na solução de conflitos relacionados a território, população e instituições. TÍTULO II DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL CAPÍTULO I DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. O Código Civil (arts. 70 e 75) define como domicilio o local onde a pessoa natural exerce a sua residência com ânimo definitivo e para a pessoa jurídica o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. Considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. A súmula STF nº 363 dispõe que “a pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou estabelecimento, em que praticou o ato”. Mesmo se houver eleição de foro em um negócio jurídico, o judiciário brasileiro é competente quando a obrigação principal tiver de ser cumprida no Brasil. Por questão de soberania nacional é vedado às partes dispor sobre a competência internacional concorrente, não suscetíveis à vontade dos interessados (Resp nº 251.438-RJ, DJ 2/10/2000, e Resp nº 498.835-SP, DJ 9/5/2005). Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: I - de alimentos, quando: a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. Alimentos O Novo CPC introduziu novas hipóteses de competência internacional concorrente, adotando a competência da justiça brasileira para o julgamento das ações de alimentos quando o credor tiver domicílio no Brasil e o devedor for domiciliado em outro país, facilitando o acesso à justiça do alimentando. Consumidor A competência internacional concorrente em relação aos defeitos dos produtos e dos ilícitos praticados nas relações de consumo visa o acesso à justiça do consumidor brasileiro. No entanto, caso o consumidor realize contrato que contenha cláusula de eleição de foro estrangeiro a competência da justiça nacional será afastada para julgar a demanda. Anteriormente a jurisprudência considerava nula a cláusula de eleição de foro diverso do domicílio do consumidor, por dificultar a defesa da parte hipossuficiente (CC 41728/PR, 2ª Seção, Min. Fernando Gonçalves, DJ 18/05/2005). COMPETÊNCIA EXCLUSIVA Exclui qualquer outra além da autoridade judiciária brasileira. Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. Regra forum rei sitae. Somente a autoridade judiciária brasileira pode decidir ações sobre bens imóveis situados no Brasil e sucessão de bens móveis e imóveis situados no Brasil. Não podendo ser homologada sentença estrangeira que ratifique a partilha de bens localizados no território brasileiro. Da mesma forma, cabe exclusivamente ao judiciário brasileiro dispor sobre partilha de bens nas ações de divórcio, separação judicial e dissolução de união estável. Não pode ser homologada sentença estrangeira que disponha sobre a esse tipo de partilha, pois seria ofensa à soberania nacional. Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. Litispendência O fato de existir processo no exterior não impede a propositura de demanda igual no Brasil (identidade de partes, de causa de pedir e de pedido), tendo em conta que a sentença proferida em outro país tem ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, i da CF) para ter eficácia no território nacional. Do mesmo modo, as causa conexas (objeto da demanda idêntico ou mesma causa de pedir) também não afasta a jurisdição nacional. Porém a litispendência e a conexão internacional podem ser previstas em tratado internacional e acordo bilateral, e neste caso a propositura de ação no estrangeiro induz litispendência e conexão . A litispendência estrangeira somente ocorre nos casos de competência internacional concorrente dos artigos 21 e 22, não se aplicando para a competência exclusiva da jurisdição nacional do artigo 23. Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. § 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo. § 2o Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1o a 4o. Cláusula de eleição de foro estrangeiro Quando estipulado em contrato internacional a cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro, este é o competente para o julgamento da demanda relativa às obrigações decorrentes do referido contrato, excluindo-se a jurisdição nacional. Nos contratos internacionais, a eficácia da eleição de foro estrangeiro é controvertida quando o Judiciário brasileiro também é competente para julgar a lide, nas hipóteses de competência internacional concorrente. Cooperação Internacional Situações que só podem ser solucionadas se as pluralidades de jurisdições envolvidas atuem de modo conectado. Fazer oitiva de testemunhas em um país, coletar provas em outro, localizar crianças sequestradas ou vitimas de tráfico de pessoas e julgar em um outro pais. São formas de cooperação: auxílio direto, acordos internacionais, criação de autoridades centrais, cartas rogatórias e homologação de sentença estrangeira. CAPÍTULO II DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Seção I Disposições Gerais Art. 26. Acooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte e observará: I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente; II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos necessitados; III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou na do Estado requerente; IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação; V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras. § 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática. § 2o Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1o para homologação de sentença estrangeira. § 3o Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro. § 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de designação específica. Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto: I - citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial; II - colheita de provas e obtenção de informações; III - homologação e cumprimento de decisão; IV - concessão de medida judicial de urgência; V - assistência jurídica internacional; VI - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. Auxílio Direto Para obtenção de informações sobre o ordenamento jurídico, para colheita de provas, para outras medidas pedidas outros órgão que não judiciais (que seriam cartas rogatórias). Normalmente quando o Brasil é o estado requerente o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, da Secretaria Nacional de Justiça do Ministerio da Justiça envia o pedido diretamente ao país requerido. Quando o auxílio direto é passivo, o Brasil é o requerido, o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, da Secretaria Nacional de Justiça do Ministerio da Justiça recebe do país solicitante e encaminha para a Advocacia Geral da União para que sejam pedidas judicialmente as providências solicitadas. Seção II Do Auxílio Direto Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil. Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro interessado à autoridade central, cabendo ao Estado requerente assegurar a autenticidade e a clareza do pedido. Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá os seguintes objetos: I - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso; II - colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira; III - qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas congêneres e, se necessário, com outros órgãos estrangeiros responsáveis pela tramitação e pela execução de pedidos de cooperação enviados e recebidos pelo Estado brasileiro, respeitadas disposições específicas constantes de tratado. Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei brasileira, não necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as providências necessárias para seu cumprimento. Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida solicitada. Parágrafo único. O Ministério Público requererá em juízo a medida solicitada quando for autoridade central. Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida apreciar pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional. Carta rogatória Equivalem às cartas precatórias mas são no âmbito internacional. Referem-se a aos judiciais, como citação, oitiva de testemunhas, produção de provas. No país de destino são submetidas a um juízo de deliberação e podem ou não receber o exequatur, ou seja a autorização para serem executadas. No Brasil quem dá o exequatur é o STJ. E para se solicitar o juiz brasileiro manda pedido ao Ministério da Justiça por meio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional caso exista acordo prévio entre os Estados, ou ao Ministério da das Relações Internacionais caso não haja acordo prévio. Seção III Da Carta Rogatória Art. 35. (VETADO). Art. 36. O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de Justiça é de jurisdição contenciosa e deve assegurar às partes as garantias do devido processo legal. § 1o A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos para que o pronunciamento judicial estrangeiro produza efeitos no Brasil. § 2o Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento judicial estrangeiro pela autoridade judiciária brasileira. Seção IV Disposições Comuns às Seções Anteriores Art. 37. O pedido de cooperação jurídica internacional oriundo de autoridade brasileira competente será encaminhado à autoridade central para posterior envio ao Estado requerido para lhe dar andamento. Art. 38. O pedido de cooperação oriundo de autoridade brasileira competente e os documentos anexos que o instruem serão encaminhados à autoridade central, acompanhados de tradução para a língua oficial do Estado requerido. Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado se configurar manifesta ofensa à ordem pública. Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de decisão estrangeira dar-se- á por meio de carta rogatória ou de ação de homologação de sentença estrangeira, de acordo com o art. 960. Art. 41. Considera-se autêntico o documento que instruir pedido de cooperação jurídica internacional, inclusive tradução para a língua portuguesa, quando encaminhado ao Estado brasileiro por meio de autoridade central ou por via diplomática, dispensando-se ajuramentação, autenticação ou qualquer procedimento de legalização. Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando necessária, a aplicação pelo Estado brasileiro do princípio da reciprocidade de tratamento. Conferência da Haia sobre Direito Internacional Privado Legalização e apostilamento Fonte: CNJ (CNJ, 2018) Cresce o número de países signatários Fonte: HCCH (HCCH, [s.d.]) Homologação de sentença Há vários sistemas de relacionamento entre os estados: reciprocidade de fato, quando houver um mesmo instituto jurídico previsto nos Estados envolvidos; reciprocidade dupla quando há tratado entre os Estados prevendo a homologação de sentença; revisão parcial de mérito quando se analisam os efeitos da aplicação da lei estrangeira; revisão total do mérito quando o juiz para homologar a sentença estrangeira julga novamente a ação; e procedimento de delibação, adotado pelo brasil, mas sem revisão de mérito e sem necessidade de instituto jurídico similar ou tratado como base para que seja feita a homologação da sentença. É um processo de reconhecimento da sentença estrangeira seguida de autorização para sua execução no Brasil. Pode ser de decisão política ou administrativa também. Em alguns Estados o divórcio compete ao prefeito, será portanto objeto de homologação de sentença esse ato político do prefeito caso se pretenda gerar efeitos no Brasil. Lembrando que a LINDB estabelece algumas condições:Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reuna os seguintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (Vide art.105, I, i da Constituição Federal). Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009). Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. CLT O artigo 651 da CLT, em seu parágrafo 3º, autoriza a atuação da jurisdição Estatal, em matéria de relação de trabalho, quando o dissídio ocorrido fora de nosso Estado envolver empregado brasileiro e empresa que aqui tenha filial ou sua sede. Elementos de Conexão Regras de conexão são as normas de Direito Internacional Privado que indicam qual direito a ser aplicado às situações jurídicas conectadas a mais de um sistema legal. Determinam, portanto, a lei a ser aplicada. Os principais são: lei do local da prática do ato (“lex loci delicti commissi”), lei do domicílio, lei do local da execução do contrato, lei do foro (“lex fori”) e lei da coisa (“lex rei sitae”). O primeiro passo é caracterizar (classificar ou qualificar) a questão jurídica. Trata-se de estado ou capacidade da pessoa então analisa-se a norma do país da nacionalidade, o domicílio ou a residência das pessoas envolvidas. Se trata de coisa, analisa-se a lei do local em que está situada. Se for ato jurídico de natureza obrigacional, a lei do local da assinatura ou de onde ele haverá de ser cumprido. Essa caracterização, classificação ou qualificação tripartite tem origem nas escolas estatutárias e é mantida até hoje. Uma vez localizada este elemento de conexão indicado está o direito vigente neste local o que consiste na regra de conexão. Algumas regras de conexão Lex patriae = lei da nacionalidade da pessoa física que rege estatuto pessoal e capacidade segundo legislações da Europa Ocidental Lex domicilii = lei do domicílio que rege estatuto pessoal e capacidade segundo legislações da maioria dos países americanos Lex loci actus = lei do local da realização do ato jurídico para reger seu conteúdo Locus regit actum = lei do local da realização do ato jurídico para reger as formalidades Lex loci contractus = lei do local onde o contrato foi firmado para reger sua interpretação e seu cumprimento Lex loci solutionis = lei do local onde as obrigações devem ser cumpridas Lex voluntatis = lei escolhida pelos contatantes Lex loci delicti lei do local onde o ato ilícito foi cometido que rege a obrigação de indenizar Lex damni = lei do lugar onde se manifestaram as consequências do ato ilícito Lex rei sitae ou lex situs = a coisa é regida pela lei do local onde está situada Mobília sequuntur personam = certos bens móveis são regidos por algumas legislações pela lei do local onde o proprietário está domiciliado Lex loci celebrationis = casamento é regido, no que tange às formalidades, pela lei do local em que se deu a celebração The proper law of the contract = Direito Internacional Britânico, consuetudinário, preve que será aplicado o sistema jurídico com o qual o contrato tiver mais conexão Lex monetae = lei do pais em cuja moeda a dívida ou outra obrigação for expressa Lex loci executionis = lei da jurisdição em que se efetua a execução forçada de uma obrigação Lex fori = lei do foro no qual se dá a demanda judicial Lex causae = qualquer regra de conexão que não seja a lex fori Lei mais favorável = modernamente tem se adotado a mais benéfica ou seja a que melhor protege o menor nas relações familiares (favor infans), a mais vantajosa para o empregado, a que considera valido um negocio juridio ou a constituição de uma sociedade (favor negotii), que reconhece um casamento (favor matrimonii), a que protege a pessoa que sofreu danos (favor laesi). Impasse entre regras de conexão Filme O Terminal, comédia de Steven Spielberg, com Tom Hanks e Catherine Zeta-Jones “Sinopse e detalhes: Viktor Navorski (Tom Hanks) é um cidadão da Europa Oriental que viaja rumo a Nova York justamente quando seu país sofre um golpe de estado, o que faz com que seu passaporte seja invalidado. Ao chegar ao aeroporto, Viktor não consegue autorização para entrar nos Estados Unidos. Sem poder retornar à sua terra natal, já que as fronteiras foram fechadas após o golpe, Viktor passa a improvisar seus dias e noites no próprio aeroporto, à espera que a situação se resolva. Porém, com a situação se arrastando por meses, Viktor permanece no aeroporto e passa a descobrir o complexo mundo do terminal onde está preso.” (...) “O roteiro de O Terminal foi inspirado na história de Merhan Nasseri, um refugiado iraniano que passou por uma situação semelhante ao do personagem de Tom Hanks no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Merhan teve seu visto de entrada negado por ser iraniano e o certificado de refugiado concedido pelas Nações Unidas roubado.” Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-40882/ Objeto Escola alemã = concurso de leis Escola anglo-saxã = concurso de leis + concurso de jurisdição (antes de solucionar qual lei é aplicável é preciso definir qual Estado tem competência para decidir a questão) Escola francesa (adotada no Brasil) = concurso de leis + concurso de jurisdição + nacionalidade + condição jurídica do estrangeiro (fluxo de pessoas ao redor do mundo cada vez mais intenso, temas relacionados ao tratamento do estrangeiro e correlatos a nacionalidade produzem cada vez mais impacto inclusive nas relações privadas das pessoas. Nacionalidade. Nacionalidade é o elo legal entre um Estado e um indivíduo. Estados têm discricionariedade para adotar os critérios que acharem oportunos e convenientes para a concessão de sua nacionalidade, mas uma vez adotados, se forem preenchidos pelo indivíduo, a nacionalidade deverá ser concedida. Originária (natos) e derivada (naturalizados) Vínculo social efetivo entre indivíduo e Estado = passou a ser obrigatório apos decisão da CIJ no caso Nottebohm (vide abaixo) Jurisprudência internacional sobre nacionalidade Caso Canevaro Na Corte Permanente de Arbitragem em 1912 houve a reinvindicação de 3 cidadão de serem Italianos, a Itália apoiou. Com relação a 2 deles não houve discussão, mas a um deles, o Canevaro, não foi concedido o direito de ser considerado italiano, pois segundo a lei peruana ele era cidadão daquele país, pois nasceu no Peru filho de pai italiano e tinha se candidatado a eleições para o Senado e exerceu funções de cônsul da Holanda, apos permissão por ele solicitada ao governo e ao Congresso peruano. Caso Tellech Decidido em 1928 pela Comissão Tripartite EUA X Áustria e Hungria. Alexandre Tellech, nascido nos EUA, filho de austríacos, titular de dupla nacionalidade foi forçado a cumprir serviço militar na Áustria, onde residia. A comissão decidiu que decidindo residir em território austríaco, se submeteu a deveres e obrigações de cidadãos austríacos decorrentes das leis internas da Áustria. Caso Nottebohm Julgado em 1955 pela Corte Internacional de Justiça em Haia. Friedrich Nottebohm nasceu em Hamburgo e era nacional alemão. Imigrou para a Guatemala, onde se dedicou a atividade comercial de forma muito bem sucedida. Costumava viajar frequente para a Alemanha e outros países para gozar férias e ao Liechtenstein para visitar um irmão que lá vivia. Em 1939, ano em que eclodiu a 2a. GuerraMundial, conseguiu adquirir a nacionalidade de Liechtenstein, mas regressou à Guatemala, onde continuava vivendo. Em 1943, foi preso em uma intervenção norte-americana e deportado para os EUA como cidadão de país inimigo, permanecendo 2 anos sem julgamento. Terminada a guerra Nottebohm tem recusado seu regresso à Guatemala, cujo governo confiscara suas propriedades. Nottebohm vai viver em Liechtenstein cujo governo assume a defesa de seus direitos processando a Guatemala perante a CIJ, pleiteando que Guatemala pague indenização pela detenção e expulsão de nacional de Liechtenstein e devolva os bens confiscados. A CIJ acata o argumento da Guatemala de não ser autêntica a nacionalidade de Liechtenstein, uma vez que foi falha sua aquisição: À época de sua naturalização, aparentava Nottenbohm estar mais ligado a Liechtenstein do que a qualquer outro Estado no que concerne à sua tradição, seu estabelecimento, interesses, laços familiares e intenções para o futuro mediato? (...) à data quando requereu sua naturalização, Nottebohm era nacional alemão desde a época de seu nascimento. Sempre manteve seus contatos com os membros de sua família que haviam permanecido na Alemanha e sempre manteve relações comeciais com aquele país. Seu país estava em guerra há mais de um mês e não há indicação de que o pedido de naturalização foi motivado pelo desejo de se dissociar do governo de seu país. Estabelecera-se na Guatemala há 34 anos, lá conduzindo suas atividades; este país era o principal local de seu interesse. Para lá regressou pouco após sua naturalização e ali manteve o centro de seus interesse e de suas atividades. Nacionalidade derivada (naturalização) Normalmente os países usam os critérios: ius domicilii (permanência regular no território), o ius laboris (exercício de alguma função para o Estado), imposição legal (casamento, origem étnica ou para exercer alguns direitos etc). A nacionalidade brasileira: natos e naturalizados. Originária (natos) O Brasil reconhece dois critérios para a caracterização da nacionalidade jus soli (território brasileiro) e jus sanguinis (filho de brasileiro), além disso, a Constituição define a condição de brasileiro nato e naturalizado e prevê condições: Art. 12. São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007) Derivada (naturalizados) O Brasil requer conjugação de dois requisitos um objetivo (residência ininterrupta) e outro subjetivo (idoneidade moral ou ausência de condenação penal): II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. Obs.: atenção que o artigo 12CF pede residência ininterrupta por 1 ano para países lusófonos e 15 anos para de outros países, mas isso não significa estadia ininterrupta. O estrangeiro pode se ausentar do Brasil desde que não tenha alterado sua residência. Outras exigências para a naturalização no Brasil trazidas pelo Estatuto do Estrangeiro (L. 6964/81): Art. 112. São condições para a concessão da naturalização: I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; II - ser registrado como permanente no Brasil; III - residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização; IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da família; VI - bom procedimento; VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano; e VIII - boa saúde. Para que ocorra a naturalização o estrangeiro deve peticionar na Justiça Federal, que decidira pela habilitação ou não. A decisão final, contudo, será tomada pelo Ministro da Justiça que tem competência delegada do Presidente da República (arts. 111, 115 e 117 do Estatuto do Estrangeiro L. 6964/81) Conveniência e oportunidade = A satisfação das condições previstas para a naturalização não garantem que o estrangeiro será naturalizado. (art. 121 Estatuto do Estrangeiro - L. 6964/81) Cargos privativos Na Constituição Art. 12 § 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas. VII - de Ministro de Estado da Defesa Perda da Nacionalidade Brasileira Apesar de prevista na constituição e no Estatuto do Estrangeiro, o Ministério da Justiça tem evitado retirar a nacionalidade brasileira e só decreta sua perda em casos extremos ou quando há solicitação da própria pessoa. Na Constituição Art. 12 § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil. § 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. § 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios. Reaquisição de nacionalidade O brasileiro tanto nato quanto naturalizado que tenha perdido a nacionalidade brasileira pode readquiri-la a qualquer tempo quando reestabelecer seu domicílio no Brasil, desde que a adoção da outra nacionalidade não tenha sido motivada pela esquiva de cumprir obrigação (ex. para fugir do serviço militar). Os efeitos da reaquisição não retroagem, mas devolve o status original de brasileiro nato ou naturalizado. Então o brasileiro nato que perdeu sua nacionalidade brasileira por algum motivo e depois voltou a se domiciliar no Brasil e pediu sua reaquisição de nacionalidade volta a ser considerado brasileiro nato. Nacionalidade da mulher casada Alguns ordenamentos jurídicos ainda preveem que a mulher que casa adquire a nacionalidade do marido e o acompanha em eventuais modificações de nacionalidade. O Brasil é signatário da Convenção da ONU sobre a Nacionalidade da Mulher Casada de 1957que prevê: Art. 1. Todo Estado contratante acorda em que nem a celebração, nem a dissolução do matrimônio entre súditos e estrangeiros, nem a mudança da nacionalidade do marido durante o matrimônio, poderão ipso facto produzir efeitos sobre a nacionalidade da mulher O entendimento dominante é de que a mulher não pode mais ser vista como inferior ao homem no ordenamento jurídico e não é mais destituída de plena capacidade de direito, como era antigamente. Além disso, a nacionalidade não é uma qualidade do estado civil, mas do estado político. Conflitos de nacionalidade positivos e negativos Dupla nacionalidade Criança nasce em país que adota o ius soli e é filha de pais cuja lei nacional adota o critério do ius sanguinis, ela terá duas nacionalidades a do país do nascimento e a do país de origem dos pais. Estatuto pessoal Alguns países adotam o critério da territorialidade, julgando sempre de acordo com sua própria lei, o que representa uma negação do Direito Internacional Privado. A maioria das legislações internas opta entre os critérios do domicílio e da nacionalidade, havendo um pequeno número de países que têm um regime híbrido: lei nacional para seus cidadão e lei domiciliar para os estrangeiros residentes em seu território. Conflitos móveis Conflitos entre lei anterior e lei posterior à mudança de nacionalidade ou de domicilio, ocasionadas não pelo fator tempo mas pela alteração do fator constitutivo do estatuto pessoal. Se uma pessoa muda de domicílio ou de nacionalidade, como isso afeta sua capacidade? Um francês de 18 anos que após atingir a maioridade de acordo com a lei francesa estabelece domicílio em pais que segue o princípio domiciliar e cuja legislação só concede a plena capacidade aos 21 anos será considerado capaz ou relativamente incapaz? Um sujeito incapaz, segundo sua lei pessoal, pratica uma relação jurídica e em seguida adquire outra nacionalidade ou muda seu domicilio, e sua nova lei pessoal considera-o capaz. Poderá pleitear a nulidade de ato praticado anteriormente com base na lei contemporânea ou se dirá que, estando submetido a outra lei, qualquer pretensão relativa a atos anteriores reger-se-á pela lei atual? Caso Maria Christina de Bourbon Espanhola com 18 anos assinou em 1931 um contrato nupcial com Antenor Patino, boliviano e uma vez com ele casada passou a ser boliviana. Em 1955 Maria Christina ingressou em corte francesa pleiteando a declaração de nulidade do contrato, com fundamento na sua menoridade à época, ação que, segundo a lei espanhola, só prescreveria em 30 anos. Patino defendeu-se sustentando que de acordo com a lei boliviana, tratava-se de nulidade relativa, cuja ação estaria prescrita por ter passado os 10 anos. A Corte de Cassação francesa decidiu que a inabilitação de menor de idade para firmar contrato matrimonial constitui modalidade de sua incapacidade geral de contratar, regida por sua lei pessoal a data do contrato (espanhola portanto). A LINDB adota o primeiro domicílio conjugal como a regra de conexão que há de decidir sobre invalidade de matrimônio e sobre o regime de bens dos cônjuges, dispõe que o domicilio do chefe da família determina o de toda a família, com ressalvas. Estabelece que os moveis serão julgados pela lei do domicilio do proprietário, o penhor pela lei do domicilio da pessoa em cuja posse se encontre o bem, que a sucessão mortis causa ou por ausência se aplica a lei do pais do domicilio do de cujus desaparecido, prevalecendo a lei domiciliar do herdeiro brasileiro se ela for mais benéfica do que a lei brasileira em transmissão de bens sitos no país, regulando-se a capacidade do herdeiro e do legatário por sua lei domiciliar e quanto ás pessoas jurídicas estrangeira aqui estabelecidas seu funcionamento se rege pelas leis brasileiras de seu domicilio. No campo do processo, a lei do domicilio do reu determina a competência jurisdicional. Exceção do Direito Cambiário Decorrente da Convenção Destinada a Regular Certos Conflitos de Leis em Matéria de Letras de Câmbio e Notas Promissórias, há uma exceção a conexão domiciliar, pois a Convenção estabelece que a capacidade para comprometer-se cambiariamente conecta-se à lei da nacionalidade. A convenção destinada a regular conflitos de leis em matéria de cheque, também aprovada e ratificada pelo Brasil conta com o mesmo dispositivo. Outras regras de conexão para o Estatuto Pessoal Religião Em muitos países asiáticos e africanos perdura a competência jurisdicional dos tribunais eclesiásticos e a aplicação das leis religiosas para as questões inseridas no estatuto e na capacidade das pessoas. Quando as regras de conexão do DIP brasileiro indicar a aplicação de lei de um desses países, aplicar-se-á a lei religiosa ou se homologarão sentenças de tribunais eclesiásticos. STF tem homologado divórcios rabínicos do Estado de Israel ou divórcios prolatados por tribunais muçulmanos. Só negando a homologação quando houver formula atentatória à nossa ordem pública com o “repúdio”, em que o marido consegue a separação religiosa sem que a mulher seja consultada. Caso Levinçon Acórdão prolatado no inicio do sec. XX na França. Casal de judeus russos contraiu núpcias na Rússia civilmente perante a autoridade competente e casou-se religiosamente perante um rabino. A ação de divórcio proposta pela esposa foi indeferida pela Justiça francesa que entendeu que questões de família são regidas pela lei da nacionalidade e como na Rússia os judeus estavam submetidos em questões matrimoniais a jurisdição religiosa só era admitido o divórcio por um rabino, o judiciário francês não tinha competência para decretar o divórcio. Residência A residência habitual é uma conexão subsidiária, aplicada, normalmente, quando a pessoa não tem domicílio (art. 7o. LINDB, art. 26 do Código de Bustamante e art. 9o. do Tratdo de Montevidéu). Foro Em matéria processual impera a lex fori, lei do local da ação, pois não se admite que tribunal de um pais processe por outras normas processuais que não as suas próprias. Para determinação da lei aplicável, alguns poucos países adotam o princípio da territorialidade, fora nesses países a lex fori é aceita apenas como norma subsidiária, quando não se consegue provar a lei estrangeira aplicável ou quando a lei estrangeira aplicável choca a ordem pública do foro. Jurisdição competente x Lei aplicável Jurisdição competente não se confunde com lei aplicável. São dois campos de atuação do DIP distintos, mas que se complementam, um campo processual (voltado à fixação da jurisdição) e um campo material (voltado à definição da lei material a ser aplicada ao caso concreto conectado a mais de um sistema jurídico). A LINDB traz a distinção bem clara entre lei aplicável e jurisdição competente. Sobre a Lei material a ser aplicável: Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957) § 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. § 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. § 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977)§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº 12.036, de 2009). § 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. § 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre. Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. § 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. § 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituirem. § 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. § 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no lugar em que residir o proponente. Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº 9.047, de 1995) § 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituirem. E sobre a jurisdição competente: Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. § 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. § 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências. Quando a lei estrangeira não se aplica em detrimento das regras de conexão? Reenvio, qualificação, ordem pública, fraude à lei, questão prévia, instituição desconhecida e direitos adquiridos Lembrando que as regras de conexão escolhem a lei (material e processual) aplicável, mas em algumas situações elas não serão aplicáveis Caso fique caracterizado, pela eventual aplicação de norma material estrangeira ao caso concreto, lesão a preceitos básicos e elementares à validade e subsistência do sistema jurídico (lesão à ordem pública, aos bons costumes e à soberania nacional), regra originária de outro sistema não poderá valer, na solução do caso concreto, embora assim determinado pelas regras de direito internacional privado. No mesmo sentido, regra originária de outro sistema não valerá, na solução do caso concreto, quando for alegada para evitar o cumprimento das regras de ordem pública fixadas pelo Estado, pretendendo, assim, o sujeito burlar a lei por meio de evasivas que possam vir a caracterizar fraude à lei. Ex. antes do divorcio ser aceito no ordenamento brasileiro buscava-se a obtenção de divórcio no exterior, homologando e produzindo efeitos de tal fato no Estado brasileiro Reenvio A LINDB proibe o reenvio no art. 16: Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. Trata-se de traduçãoo fiel do art 30 das Disposições sobre as Leis em Geral da Itália de 1942, o qual já foi alterado pela nova lei italiana de 1995 que expressamente aceita o reenvio. Conflito de 1o. grau é a divergência das normas substantivas de duas legislações nacionais sobre a mesma matéria. Conflito de 2o. grau é o conflito de leis tratado diversamente por dois sistemas de DIP, é um conflito entre sistemas de solução de conflitos de leis. O conflito de 2o. grau pode ocorrer de forma positiva ou negativa. Positiva quando dois sistemas jurídicos solucionam o conflito determinando a aplicação de seu próprio direito, nessa hipótese não ocorrerá o reenvio. O conflito negativo ocorre quando as regras de conflito de cada um dos sistema de DIP atribui competência para reger a matéria não à sua própria lei, mas à lei interna do outro sistema, ou seja, o pais A considera aplicável a lei do país B e o país B indica a aplicação da norma do país A. Nessa hipótese o país A remete para a lei do país B e o país B reenvia, devolve para a lei do país A. O exemplo clássico do conflito de 2o. grau negativo é o do nacional de país A, domiciliado no país B, cuja capacidade é regida de forma diversa pelo Direito Civil dos dois países (conflito de 1o. grau). Para solucionar este conflito das leis civis, o país A, de sua nacionalidade, determina, por sua norma de DIP, que se aplique à capacidade da pessoa a lei do país onde se encontra domiciliado, enquanto a regra do DIP do país B, onde está domiciliado, determina que se aplique o direito do país A, de sua nacionalidade. (...) O reenvio também pode ocorrer de forma mais complexa, quando o DIP do país A manda aplicar o direito do país B, enquanto o DIP deste país B determina a aplicação do direito do país C. Denomina-se isto reenvio de 2o. grau. (...) Em outra variante da mesma hipótese, o sistema do DIP do país B dá mais importância a outra conexão (lugar da constituição da obrigação para reger toda a relação jurídica, inclusive a capacidade do sujeito) e remete para o direito interno do país D. Aí teremos o reenvio de 3o. grau, em que o país C mandou aplicar direito do país A, esse enviou para o direito do país B que afinal, remete para o direito do país D. O número de grau será sempre um abaixo do número de países envolvidos: dois países, em que um remete para o outro e este devolve ao primeiro, constitui reenvio de 1o. grau; três países, reenvio de 2o. grau; quatro países, reenvio de 3o. grau. (DOLINGER, 2012. 334) Caso Collier v. Rivaz Julgado na Inglaterra em 1841, primeira jurisprudência relativa a conflito de 2o. grau de caráter negativo. Cidadão inglês faleceu na Bélgica. Pelo ordenamento britânico rege a sucessão o direito do último domicílio que não reconhecia a validade do seu testamento. Pelas leis belgas, como o de cujus nunca pleiteara permissão formal do governo local para fixação definitiva, o domicílio continuava sendo a Inglaterra onde o seu testamento era considerado válido. A corte britânica aceitou o reenvio do direito belga com isso reconheceu a manifestação de vontade do falecido. Neste caso o Sir H. Jenner pronunciou a famosa frase: “a corte sentada aqui deve considera-se como se estivesse sentada na Bélgica”. De fato o DIP inglês determinava a aplicação da lei belga, mas o DIP belga mandava aplicar a lei inglesa, então o tribunal britânico fez exatamente o que o tribunal belga faria: aplicou a lei inglesa. Caso Forgo Forgo nasceu
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