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PSICONSTRUTIVISTA2

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O método clínico
É um método conjunto de técnicas e de estratégias que, numa dupla vertente terapêutica e de investigação, visam compreender de forma global, qualitativa e aprofundada casos individuais (um individuo ou um pequeno conjunto de indivíduos).
 A atenção do método incide na psico-biografia do individuo, na sua história pessoal. A compreensão de cada comportamento parte da ideia de que este é o resultado de uma evolução, de um processo. Por isso compreender um determinado comportamento de forma global e aprofundada exige que se dê atenção ao resultado final (ao comportamento actual) e também à sua génese e ao modo como se desenvolveu.
O método clínico é, na maior parte dos casos, utilizado no diagnóstico e tratamento de pessoas com problemas psicológicos e perturbações comportamentais. É o caso de pessoas com problemas e dificuldades de integração no meio em que trabalham ou na adaptação a um novo papel social.
A vertente de investigação
        O método clínico é também utilizado em investigação. É uma forma de obtermos e de aprofundarmos conhecimentos sobre diversos fenómenos psicológicos. Podemos através de a sua utilização encontrar respostas para questões como “De que modo se desenvolve a inteligência humana?”, “Qual o papel da hereditariedade e do meio no nosso comportamento, na nossa personalidade e no desenvolvimento intelectual?”, “O que é a memória?”.
        Como se vê, o método clínico não é simplesmente utilizado para tratar pessoas com problemas psicológicos, mas também para conhecer fenómenos psicológicos. Por isso nem só os psicólogos clínicos o utilizam. Piaget, psicólogo do desenvolvimento, utilizou-o para compreender a evolução da inteligência.
As técnicas do método clínico
        A compreensão de um comportamento exige da parte de quem usa o método clínico uma relação pessoal (intersubjectividade), alguma capacidade de intuição (a percepção de algo que não é acessível à simples razão) e de compreender os outros (o seu ponto de vista e os significados que atribui às situações).
Várias técnicas que acompanham o método clínico:
a)     Observação clínica
b)     Entrevista clínica – trata-se de uma conversa que, mais ou menos estruturada, é orientada pelo psicólogo, baseado numa atitude compreensiva (procurar compreender o interlocutor) e também interventiva (procurar ajudar o entrevistado a compreender-se). Pode ser também não-directiva.
c)     Anamnese – registo de dados biográficos. Trata-se de recolha e organização de dados e informações que permitem reconstituir a história pessoal de um indivíduo.
d)     Técnicas psicométricas – designam testes que avaliam comportamentos e atitudes. Há testes de inteligência, de personalidade e de aptidão. Permitem a recolha eficaz e rigorosa de informação sobre o sujeito que os realiza comparando os seus resultados com os de outros indivíduos. Os testes devem apresentar as seguintes características: 
padronização (condições iguais para todos);
validade (clareza na definição do que se quer avaliar);
fidelidade ( resultados semelhantes em circunstâncias idênticas);
sensibilidade (permitir diferenciar os indivíduos).
NO MÉTODO CLÍNICO-PIAGETIANO - controle do entendimento das perguntas e instruções - tal controle é muito mais complexo - podem ocorrer falhas, porém menos graves - busca as respostas mais características do pensamento do sujeito – objetivos do exame: respostas com maior convicção e não maior rapidez - voltada para a situação psicológica do sujeito (condições internas). Pressupostos do exame:
- ênfase no processo que leva o sujeito a dar esta ou aquela resposta
- ênfase nas estruturas da inteligência, que são comuns a todos os indivíduos.
 - estudo dos aspectos universais e não características individuais 
- todas as respostas, certas ou erradas, são interpretadas. 
- entendimento do processo que as gerou 
- diferenças nos resultados são interpretadas como características de estágios diferentes do desenvolvimento 
- processos mais sofisticados podem originar erros 
- a soma de acertos nada esclarece sobre o raciocínio do sujeito
- reconhecimento das diferenças individuais 
- surgem como consequência da adaptação ao meio
Sugestões sobre o uso do método clínico-piagetiano: 
Preparação para o exame
O exame não é feito de modo totalmente livre
Deve ser orientado pelo conhecimento da solução do problema e dos estágios no desenvolvimento da inteligência 
Escolha prévia das situações-problema 
As situações-problema incluem dois tipos de questão: 
Verificação da compreensão do sujeito quanto a sua tarefa 
Questões críticas na determinação do estágio de desenvolvimento 
Um roteiro não deve ser visto como regras a serem seguidas cegamente 
Utilizar linguagem mais próxima da compreensão do sujeito 
Considerar formas alternativas de apresentação do problema
Metodologia 
Utilização de técnicas de natureza verbal(entrevistas) ou de problemas concretos 
O examinador deve acompanhar o raciocínio do sujeito, sem corrigir automaticamente ou completar o que ele diz 
O interesse principal é no processo pelo qual o sujeito chega à sua resposta 
É importante obter justificativas para as respostas dadas 
Verificar a certeza com que o sujeito responde 
É importante não deixar ambiguidades permanecerem como tal 
Eliminar hipóteses alternativas quanto ao nível em que o sujeito examinado se encontra
Avaliação das respostas 
Não se faz por uma contagem de acertos e erros 
“Para que este sujeito respondesse desta forma, ele só poderia pensar assim” 
Partir da questão da existência de coerência entre as respostas 
Considerar a reação do sujeito diante de contradições: 
Percebe e procura eliminá-la 
Não percebe a contradição 
Buscar a relação entre os elementos cruciais na resolução do problema e o raciocínio do sujeito 
Finalmente, o sujeito pode não ter consciência de seu raciocínio.
NO MÉTODO PSICOMÉTRICO - condições de avaliação padronizadas rigidamente a fim de evitar a influência diferencial das variáveis (variáveis ambientais, rapport com o examinador, forma da pergunta utilizada, etc.) - o controle feito reside mais na forma das instruções do que da compreensão do sujeito - controle pela padronização de situações externas. a- objetivos do exame:
O objeto de interesse são as respostas do sujeito - certas ou erradas - condições particulares podem influenciar a performance do sujeito (experiência anterior) - ênfase no produto. C- Pressupostos do exame:
- todos os indivíduos são dotados com diferentes formas ou quantidades de habilidades e são tais diferenças que se quer pôr em relevo 
- o interesse pelas diferenças individuais 
- concepção de habilidades mentais como “dons” que variam de pessoa para pessoa 
- elaboração de vários testes para medir as diversas habilidades 
- discriminação dos examinandos 
- avaliação quantitativa das habilidades, em busca de um escore final

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