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Resumo: A terra e o universo (Cap 3)

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A Terra e o Universo – Capítulo 3
	Considera-se o ano de 1543 como o ano do nascimento da Ciência Moderna, sendo que nesse ano foram publicados dois livros de grande importância – “Sobre a Revolução das Estrelas Celestes”, escrito por Copérnico, e “Sobre a Estrutura do Corpo Humano”, escrito por André Vasalius. O primeiro livro introduziu um novo sistema de Astronomia que considerava que a Terra estava em movimento. O segundo tratou do corpo humano sob o ponto de vista da exata observação anatómica, assim reintroduzindo o espirito de experimentação.
	O livro de Copérnico foi o responsável por toda a revolução cientifica que acabou culminado toda na magnífica fundamentação da Física de Isaac Newton. Muitas das ideias de Copérnico já existiam na literatura e repetidamente seu avanço foi tolhido pelo fato de que ele era incapaz de ir além dos princípios básicos da Física aristotélica. 
	O sistema das esferas concêntricas foi atribuído por Eudóxio, melhorado por Callupis e recebeu os retoques finais de Aristóteles. “Nesse sistema, cada planeta, o Sol e a Lua, eram considerados fixos aos equadores de esferas separadas, que giravam em torno de seus eixos, ficando a Terra estacionária no centro. Enquanto cada esfera girava, as extremidades do eixo de rotação estavam fixas em outra esfera, que também girava com um período diferente e em torno de um eixo que não tinha a mesma orientação que o eixo da esfera interior. ” Haveria, também, outra esfera idêntica para mover o Sol na sua aparente revolução diária, outra para a Lua, e outra para as estrelas fixas; como eles viam os planetas a vagar entre as estrelas fixas, de noite para noite, atribuíram a origem do nome “ planeta” ao vocábulo grego que significa “ vagar”.
	Após o declínio da Grécia, a Ciência caiu nas mãos dos astrónomos islâmicos ou árabes, sendo que alguns adicionaram algumas esferas com o intuito de fazer com que as previsões do sistema ficassem mais condizentes com as observações. Essas esferas, ganhando realidade, acreditava-se que fossem de cristal; o sistema recebeu o título de “ esferas cristalinas”. Acreditava-se, também que a influência do planeta estava ligada a a esfera a que ele estava ligado.
	O sistema de Ptolomeu, ou ptolomaico, tinha enorme flexibilidade e, em consequência, enorme complexidade. Para ele se a Terra e os corpos celestes formassem um tal sistema excêntrico, ao invés de um sistema homocêntrico, haveria períodos em que o Sol ou o planeta estariam muito perto da Terra (perigeu), e períodos em que o Sol ou o planeta estariam muito longe da Terra (apogeu). O sistema ptolomaico é muitas vezes descrito como baseado no deferente e no epiciclo. Ptolomeu nunca se empenhou na questão de saber se havia “ realmente” verdadeiros epiciclos e verdadeiros deferentes nos céus. Como podemos concluir da leitura, parece muito mais provável que para ele o sistema que descreveu era um “ modelo” do universo, e não necessariamente a “ verdadeira” descrição.
	Grande parte da complexidade do sistema de Ptolomeu surge do fato de comparar a movimentação dos planetas a combinações círculos, uma vez que um movimento circular não tinha, começo nem fim. Todavia, a ideia de explicar o movimento planetário somente por combinações de círculos, continuou na Astronomia por longo tempo.
	O fato de que o sistema ptolomaico funcionou ou poderia ter funcionado, não é desprezível a circunstância de que ele se ajustava perfeitamente também ao sistema da Física aristotélica. As estrelas, planetas, Sol e Lua, moviam-se em círculos ou em combinações de círculos, seu “ movimento natural”, enquanto a Terra não participava do movimento, estando no seu “ lugar natural”, no centro do universo, e em repouso. No sistema ptolomaico não havia assim necessidade de procurar um novo sistema de Física, diferente daquele que se ajustava ao sistema de esferas homocêntricas.
	No sistema de Copérnico, o Sol está no centro, fixo e imóvel, e ao seu redor, estão os planetas se movendo em círculo. Copérnico explicou os movimentos diários aparentes do Sol, Lua, estrelas e planetas com fundamento no giro da Terra em torno do seu eixo, uma vez por dia. Além disso, cada planeta tem um período diferente de revolução, sendo tanto maior o período quanto mais afastado o planeta está do Sol.
	Calcular a distância de Vénus ao Sol (VS), tornou-se possível no sistema de Copérnico utilizando, simplesmente, uma trigonometria básica e uma tabua de tangentes, uma vez que a linha de visada da Terra a Vênus (TV) é tangente a órbita de Vênus e, portanto, perpendicular ao raio VS. Pelo uso deste método simples, Copérnico podia, também, determinar as distancias planetárias (em unidades astronómicas) com grande exatidão.
	Copérnico colocou o Sol, não no centro da órbita da Terra, mas afastado, a certa distância. O centro do sistema solar e do universo, no sistema de Copérnico, não era assim o Sol, e sim um “ sol médio”, ou o centro da órbita da Terra. Daí ser preferível chamar ao sistema de Copérnico, sistema heliostático ao invés de sistema heliocêntrico. 
	A fim de imaginar órbitas planetárias ao redor do Sol, que dessem resultados conformes com a observação real, Copérnico acabou por introduzir círculos movendo-se em círculos, de modo muito semelhante ao que Ptolomeu tinha feito. A principal diferença aqui, é que Ptolomeu tinha introduzido tal combinação de círculos também para levar em conta o movimento retrógrado, enquanto que Copérnico levava em conta o movimento retrógrado pelo fato de que os planetas se movem em suas respectivas órbitas com velocidades diferentes. 
Copérnico versus Ptolomeu
	Uma decidida vantagem do sistema de Copérnico era a relativa facilidade com que explicava o movimento retrógrado, dos planetas e mostrava porque suas posições, relativamente ao Sol, determinavam o movimento retrógrado. Uma segunda vantagem do sistema de Copérnico era que ele forneceu uma base para determinar as distancias dos planetas ao Sol, bem como a Terra. A desvantagem era a ausência de qualquer paralaxe anual das estrelas fixas, já que Copérnico e os astrónomos do seu tempo não podiam determinar nenhuma paralaxe das estrelas fixas, por meio dessas observares semestrais, tinha-se que admitir que as estrelas estavam enormemente afastadas, se em verdade a Terra se movesse ao redor do Sol. Era muito mais simples dizer que a ausência de qualquer paralaxe anual das estrelas fixas observada, tendia a contradizer toda a base do sistema de Copérnico.
	Um problema final, de natureza mecânica, que Copérnico não pode resolver, envolvia o porquê de a Lua continuar a se mover ao redor da Terra, ou seja, o motivo da Lua continuar “presa” a Terra.
	Deveria estar claro, portanto, que a alterado do modelo do universo, proposta por Copérnico não se podia realizar sem abalar toda a estrutura da Ciência e do pensamento do homem a respeito de si mesmo. Assim, é nesse sentido, que podemos datar de 1543 a revolução cientifica.

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