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Ciências Política

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI UFVJM
BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Ciência Política - Profª Maria Angelina Carvalho
Aluna: Marcia Katia Alves Silva Matrícula: 20131322043 Polo: Turmalina
Atividade II
Tendo por base a bibliografia utilizada no bloco II para o debate sobre Estado e sociedade civil nas distintas tradições teóricas disserte sobre os seguintes aspectos:
1) Explique a doutrina clássica e a doutrina liberal sobre o Estado, de acordo com Carnoy e Martins (01 lauda – 2,0 pontos).
	Segundo Carnoy (1988) “a teoria clássica do Estado surgiu a partir da mudança das condições do poder econômico e político na Europa do século XVII”. As monarquias nacionais já haviam causado mudanças significativas no modo de organização social tendo em vista que o sistema feudal já estava em declínio. Nesse cenário surgiram diversos questionamentos sobre o modo como o Estado era regido. Os filósofos que vivenciaram essa época possuíam uma conceituação de Estado baseando- se na natureza humana, no comportamento individual e na relação entre os indivíduos. Nesse mesmo período a lei divina até então vista como fundamento das hierarquias políticas cede lugar para a formulação do conceito de direito individuais. Sobre isto Hirschman apud Carnoy (1978) destaca que “um sentimento originou-se no Renascimento e tornou-se uma firme convicção durante o século XVII, o sentimento de que à filosofia moralista e aos preceitos religiosos não mais poderia ser confiada a repressão das paixões destrutivas dos homens”.
	Em relação a teoria de Estado da doutrina liberal, o Estado é baseado nos direito individuais e o Estado visa realizar o controle das paixões dos homens através de acordos que visam ao bem comum. De acordo com Carnoy (1988) esta visão justifica-se tendo em vista que “os interesses dos homens – especialmente seu desejo insaciável de vantagens materiais – os oporiam uns aos outros e controlariam suas paixões. Nesse novo contexto social que se formava o melhor modelo de Estado é o que garantisse um mercado livre para o consumo, atendendo os interesses da classe burguesa que poderia enriquecer através do livre comércio de suas mercadorias, podendo assim satisfazer os desejos materiais dos homens.
2) Explique a concepção de Marx sobre o Estado e seus pressupostos, destacando os principais aspectos apontados por Carnoy.(01 lauda – 2,0 pontos).
	Para compreender como Karl Marx conceitua Estado é necessário analisar sua visão da estrutura social que compõe uma sociedade. Sendo assim, Marx afirma que as condições matérias são a base da sociedade e também da consciência humana. O Estado se forma a partir das relações de produção da sociedade e a consciência humana está submetida às condições materiais produzidas, distribuídas e consumidas. 
	Marx-Engels apud Carnoy (1988) afirma que “o modo de produção de vida material condiciona, de forma geral, o processo de vida social, político e intelectual. Não é a consciência dos homens que determina sua forma de ser, mas, ao contrário, é sua forma de ser social que determina sua consciência.” Carnoy (1988) afirma que essa concepção contradiz as concepções de Hegel o qual considera o Estado como eterno e não histórico. Outro ponto de discórdia entre Marx e Hegel apontado por Carnoy está na opinião de Marx que afirma que o Estado não representa o bem comum, mas sim as vontades da classe dominante, especificamente a burguesia. Já Hegel considerava o Estado como a representação da coletividade social.
	Carnoy também destaque que para Marx o Estado realizava uma função repressiva para servir aos interesses da classe dominante (a burguesia) o Estado seria então co-responsável pelas diferenças entre os grupos na sociedade. Esta característica é apontada pelo autor como tipicamente Marxista. 
	As concepções de Estado par Marx sempre foram amplamente discutidas visto que suas reflexões abordam aspectos muito intrínsecos da atual conjuntura da sociedade, as diferenças de interesse das classes que compõem a sociedade servem como ponto de partida para analisar o panorama sócio-político das sociedades capitalista. Compreender o processo de como o Estado age diante de desejos antagônicos das classes e as conseqüências das ações favoráveis ou não das classes dominantes oferecem uma concepção alicerçada concretamente nas escolhas dos que detém o poder sobre a quem o Estado busca servir e a quais direitos busca efetivar. Sempre haverá desse modo, uma relação de poder. Esta relação poderá ser equilibrada ao ponto de fazer justiça garantindo um Estado democrático ou poderá apresentar anomalias que desequilibram a harmonia entre as classes, dando início a uma insatisfação que poderá resultar numa mudança no modo como o Estado é concebido e como este atua.
	
3) Explique a categoria de sociedade civil e o conceito de Estado em Antônio Gramsci, de acordo com Fontes. (01 lauda – 2,0 pontos).
	Antes de analisarmos as concepções de Gramsci sobre o conceito de Estado cabe expor sua concepção de política, visto que Estado, política e sociedade civil são conceitos interconectados que necessitam ser analisados de modo conjunto. Sendo assim, para Gramsci “ a política é a atividade humana central, o meio através do qual a consciência individual é colocada em contato como o mundo social e material, em todas as suas formas” (Hobsbawm apud Carnoy, 1988, 89). 
	Gramsci afirma que a sociedade civil é uma superestrutura que representa o fator ativo e positivo no desenvolvimento histórico sendo um complexo de relações ideológicas e culturais, constituindo, portanto uma expressão política dessas relações. 
	Gramsci apud Carnoy (1988) afirma que “ o Estado é o complexo das atividades práticas e teóricas com o qual a classe dominante não somente justifica e mantém a dominação como procura conquistar o consentimento ativo daqueles sobre os quais ela governa.” O Estado seria então a soma da sociedade política mais a sociedade civil. A visão que Gramsci possui do Estado era puramente ideológica.
	Além disso, outro fator importante a ser analisado através das concepções de Gramsci sobre Estado reside no conceito de hegemonia. Hegemonia, segundo Gramsci é uma dominação ideológica de uma classe sobre outra. Diante disto, a classe dominante utiliza-se do Estado para manter-se no poder e garantir sua visão de mundo. (Carnoy, 1988).
	Percebe-se que para Gramsci o Estado sempre representará uma relação desequilibrada aonde uma classe irá se beneficiar continuamente de suas decisões e em oposto outra classe estará fadada a sofrer as conseqüências de um Estado injusto. A hegemonia ideológica é a responsável por sustentar essa situação. Essa relação desequilibrada se manterá até o momento em que a classe oprimida pelo próprio Estado que sustenta compreender as relações de poder e hegemonia ao qual estão sendo submetidas e buscar conscientemente uma mudança nesta situação de desigualdade.
Referências
CARNOY, Martin. Estado e Teoria Política. 2ª Ed. Campinas: Papirus, 1988.

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