Buscar

Conteúdo Interativo aula 2


Continue navegando


Prévia do material em texto

16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 1/15
Ciências Sociais
Aula 2 - Política, Sociedade e Estado
INTRODUÇÃO
Nesta aula, conheceremos as relações políticas que envolvem o fenônemo estatal em toda sua extensão, no que diz
respeito ao dinamismo das diversas associações humanas ao longo da distória da civilização ocidental, desde a
Antiguidade Clássica até os dias de hoje.
Examinaremos questões atinentes a essa qualidade exclusivamente humana de ser gregário, ou seja, de somente
sobreviver a partir da troca simbólica entre seus pares, no seio social.
Essas questões levam os estudiosos a elaborar diversas teorias sociológicas, antropológicas e �losó�cas que têm por
condão explicitar o caráter associativo do ser humano e, ao mesmo tempo, entender como tais associações são
interpenetradas pelo elemento do poder.
16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 2/15
OBJETIVOS
Examinar as Teorias sobre o processo histórico de concepção do Estado;
Analisar os principais problemas relacionados aos �ns e funções do Estado;
Esclarecer a Justi�cação e desaparecimento do Estado.
16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 3/15
O FENÔMENO ESTATAL E AS TEORIAS NATURALISTAS
Como se chegou a esta complexa estrutura que denominamos Estado sempre foi fator que dividiu, no decorrer da
história, os �lósofos e teóricos políticos. Embora possamos apontar as teorias do Estado de Direito e Coletivistas
como teorizações relevantes neste debate, sem dúvida as mais in�uentes neste processo são as teorias naturalistas e
as teorias contratualistas.
Iniciaremos nossa análise pelas teorias naturalistas, segundo as quais o ser humano seria naturalmente gregário e a
cidade é o �m (telos) e a causa �nal da associação humana. Nesse sentido, inclusive precederia a família e até mesmo
o indivíduo, tendo em vista que responde a este citado impulso social natural do ser humano.
Fonte da Imagem:
Segundo Aristóteles, o homem é naturalmente um animal político, ou seja, um zoom politikon; e, para esse �lósofo
grego, só era possível aos dois extremos do ser humano a escolha pessoal pela vida reclusa e sem contato com outros
homens: pela vilania, pela barbárie e ignorância total diante dos fatos da vida ou – no outro extremo – pela pureza do
ser, pelo total desprendimento, abandono das coisas materiais, por um estado de quase santidade ou divindade
humano.
A�rmava Aristóteles, que “os agrupamentos irracionais ocorrem tão somente pelo instinto, pois, entre os animais,
somente o homem possui a razão, tendo noções de bem e mal, justo e injusto” (apud DALLARI, 2016). Aristóteles
in�uenciou fortemente, com suas ideias naturalistas, entre outros, o pensador romano Cícero, no século I a.C. e o
principal �lósofo da Igreja Medieval, São Tomás de Aquino.
AS LINHAS CONTRATUALISTAS E SUAS CARACTERÍSTICAS
DEFINIDORAS
O contratualismo é uma linha teórica que abarca várias teorias com características diversas, embora unidas, todas
elas, pela ideia central de que o Estado é fruto de um contrato (ou pacto) entre humanos. Como linha teórica
abrangente, tem por pretensão analisar os fundamentos que explicam o surgimento da sociedade, do Estado, bem
como aqueles que justi�cam a autoridade política.
Por isso, é no interior do espaço teórico-�losó�co por que transitam estas teorias que são estudados importantes
conceitos como:
16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 4/15
O CONTRATUALISMO HOBBESIANO
 
Thomas Hobbes é considerado um dos maiores �lósofos
políticos da Modernidade, tendo formulado uma teoria que
ainda hoje é bastante in�uente entre os teóricos
contemporâneos.
Fonte da Imagem: Georgios Kollidas / Shutter
A sua concepção antropológica a�rma que o homem é naturalmente mal e egoísta, sendo que o Estado surge como
forma de controlar os "instintos de lobo" que existem no ser humano e, assim, garantir a preservação da vida das
pessoas.
Para que isso aconteça, é necessário, porém, que o soberano tenha amplos poderes sobre os súditos, que devem
transferir seu poder ao governante, agindo este como soberano absoluto, a �m de manter a ordem. Esta concepção vai
fundamentar o Estado absolutista moderno e repercutir enormemente entre os estudiosos da teoria e �loso�a políticas
pós-Hobbes.
No que se refere ao uso legítimo da força pelo soberano a �m de manter a paz, a ordem e garantir a vida dos súditos
contratantes, ponto importante para justi�car a presença coercitiva do Estado.
16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 5/15
O Estado, em Hobbes, teria tripla �nalidade:
Mesmo que não possamos deixar de ressaltar a existência do dever de obediência do cidadão em face do soberano,
parece que para Hobbes ele não é eterno ou insuperável. Tanto em sua obra De Cive como em Leviatã, o dever de
obediência termina quando uma ameaça pesa sobre a vida (principalmente) ou mesmo sobre a liberdade.
Fonte da Imagem:
A incapacidade do soberano de manter a ordem, a segurança e, consequentemente, a vida, geraria o direito de cada um
(individualmente, e não coletivamente) utilizar-se de seus meios privados de defesa aos seus direitos naturais, o que
transportaria o indivíduo de volta ao estado de natureza.
Ora, seguindo as linhas até aqui desenvolvidas, isso desencadearia novos con�itos, mas, novamente, a racionalidade
levaria a um novo pacto e a escolha de um novo soberano e, consequentemente, a uma nova associação estatal.
Embora mau e egoísta, para Hobbes, uma das marcas do homem, lembremos, é a racionalidade calculadora.
O CONTRATUALISMO LOCKEANO
Se o contratualismo hobbesiano é considerado uma das principais linhas teóricas fundamentadoras do absolutismo
moderno, o contratualismo lockeano se distinguirá por ser um dos principais alicerces teóricos do liberalismo político.
Ao ordenar que cada um conserve sua própria vida, mas que também não lese a dos outros, a lei natural pressupõe um
estado de natureza na qual, diferentemente do estado de natureza hobbesiano, a violência não é a regra.
16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 6/15
Fonte da Imagem:
Em Locke, diferente de Hobbes, o estado de natureza não é um estado de luta, mas um estado de cooperação fundado
sob o signo da racionalidade humana.
Na concepção de Locke são direitos naturais anteriores a qualquer decisão política:
Vida
Liberdade
Propriedade
E se o governo não for capaz, por meio das leis, de garantir os direitos à vida, à liberdade e à propriedade? Nesse caso,
o pacto de consentimento de John Locke reconhece o direito de resistência e com isso justi�ca o Estado liberal.
A teorização política de Locke faz avançar a a�rmação dos direitos naturais, na medida em que altera o paradigma
contratual que passa a ser um “pacto de consentimento” e, não mais um “pacto de submissão” como na obra
hobbesiana.
Estão presentes no pensamento de Locke algumas das principais linhas de defesa dos direitos fundamentais de
liberdades (as liberdades públicas) hoje presentes nas constituições contemporâneas.
Na concepção do �lósofo inglês, aos direitos naturais à vida, à liberdade e à propriedade (anteriores a qualquer decisão
política tomada pelos detentores do poder) se junta, como garantia de que serão estes respeitados, o direito a resistir
ao tirano que não estiver apto a garanti-los.
16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03…7/15
Fonte da Imagem:
O Contratualismo rousseauniano 
O contratualismo rousseauniano parte do pressuposto da necessidade de se estabelecer um pacto legítimo, que lhes
devolva a liberdade natural perdida com o surgimento das relações sociais. Isso porque, para Rousseau, o ser humano
é bom por natureza, mas a sociedade é que o degrada. Para o autor, toda a desgraça da humanidade começou no
momento em que alguém cercou um pedaço de terra e disse: - É meu! E encontrou alguém tão ingênuo a ponto de
acreditar nisso.
Para isso, o corpo soberano formado pelo povo (concomitantemente súdito e soberano) é quem detém os poderes
para elaborar as leis, de forma a reforçar a concepção de legitimidade advindo desta (as leis são dirigidas a quem as
fez). Assim, o governo (corpo administrativo) está absolutamente limitado pela vontade geral (lei) do povo soberano
que tem a função de submeter as vontades particulares.
Com isso, a visão rousseauniana concebe que a representação política não deve se dar por meio de uma democracia
representativa, mas sim por intermédio de uma democracia direta, nos moldes daquela experimentada pelos gregos.
OS PRINCIPAIS PROBLEMAS RELACIONADOS AOS FINS E FUNÇÕES
DO ESTADO
Estado na concepção hegeliana
Fonte da Imagem:
16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 8/15
Friedrich Hegel (1770-1831), importante �lósofo alemão, em seu livro Filoso�a do Direito, considera que o Estado surge
como o objetivo �nal da atividade da vida ética de uma comunidade (que vincula a família e sociedade civil). Assim, a
forma estatal, o conceito de Estado não surge somente como um instrumento institucional, mas como o modelo que
materializa a realização social plenamente – isto é, que ajunta toda a vida ética.
Desse modo, esse �lósofo alemão analisou a questão da representação política na modernidade, considerando o
conceito de estado a partir de uma de�nição que leva em conta sua missão de agregar as liberdades subjetivas
(individuais) na vontade substancial universal (o Estado).
Assim, Hegel traz a concepção de uma suprema autoridade pública que, mediante as instituições, as leis e as ações,
promove o equilíbrio das formas de eticidade. Isto lhe deu base para a�rmar que todo direito natural é, em verdade, o
resultado de movimentos de objetivações na História, contrariando as teorias que levam em conta um contrato social,
como pensaram Hobbes, Locke e Rousseau.
Do mesmo modo que Marx, Hegel faz uma crítica à ideia do Estado como constituição de ‘muitos’, de ‘multidão’, de
comunidade sem forma, que caracterizaria uma visão não política ‘burguesa’, isto é, da liberdade individual largada “à
contingência subjetiva da opinião e da arbitrariedade”. Contra esta ideia de ‘Estado burguês’, este autor considera o
Estado político como o espírito objetivo (a liberdade concreta).
Fonte da Imagem:
Estado e dominação nos pressupostos de Marx 
Para o �lósofo alemão Karl Marx (1818-1883), a sociedade civil é concebida como um conjunto das relações
econômicas que explicam o surgimento do Estado, seu estilo, a razão de ser das suas leis, e tudo o mais.
16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f03… 9/15
Ao contrário dos demais �lósofos modernos que acreditavam que o Estado avançaria progressivamente rumo a um
aperfeiçoamento cada, Marx, muito ao contrário, vaticinava que o Estado caminhava para sua extinção em uma futura
sociedade que tivesse abolido as classes sociais.
Então, Marx entende a existência do Estado como uma relação entre dois elementos estruturais que compõem a
sociedade humana, a infraestrutura e a superestrutura. Sendo que:
INFRAESTRUTURA
Base econômica ou o conjunto das relações de produção que corresponde a um momento histórico determinado do
desenvolvimento das forças produtivas. Assim, na Antiguidade a infraestrutura era escravagista, na Idade Média era feudal e, a
partir do advento da Revolução Industrial liberal burguesa, passa a ser capitalista.
SUPERESTRUTURA
Serve de fundamento de validade para a infraestrutura e é por ela determinada. Assim, se a infraesturua se baseia no trabalho
escravo, toda a sociedade e suas instituições estarão a serviço da defesa da escravidão. A superestrutura teria como parte
principal o Estado, constituído pelas instituições jurídicas e políticas, religiosas e pelas tradições, ou seja, formas de consciência
social (ideologia).
Para Marx, o Estado, como superestrutura que é, depende da base econômica em que se estrutura a sociedade civil e é
nela que estão estabelecidas as classes sociais e os antagonismos de classe que, para Marx e os marxistas, são
inconciliáveis. Para Marx, o Estado e o Direito nascem da luta de classes, para perpetuar as relações entre explorados e
exploradores, de tal forma que os explorados/exploradores continuem como tal.
Fonte da Imagem:
De acordo com Marx, se antes eram os nobres os detentores do poder, com a Revolução Francesa a burguesia toma
esse lugar e passa a ocupar o poder político e assim organizar o Estado de modo a favorecer seus interesses.
Para nosso clássico, não existe nenhum Estado neutro, este é sempre um instrumento de dominação da classe
proprietária sobre a classe trabalhadora. Os partidos, que hora se revezaram na luta pelo poder, consideravam a
conquista do Estado como a mais importante presa do vencedor (MARX, 1990).
Quando o autor fala do Estado como domínio de classe ou como ditadura de uma classe sobre a outra, ele está quase
sempre se referindo ao Estado burguês, Estado este que ele esboça muito bem na sua obra As lutas de classe na
França (1850), em que descreve os acontecimentos franceses entre 1848 e 1850.
ESTADO E DOMINAÇÃO SEGUNDO WEBER
Enquanto Marx estava preocupado com as relações sociais derivadas do modo de produção capitalista, na busca da
construção de uma teoria sistemática da estrutura e das transformações sociais, o sociólogo também alemão Max
16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 10/15
Weber (1864-1920) usa como referência em seus estudos a ação social, a conduta humana dotada de sentidos. Assim,
Weber propõe incluir o ponto de vista e as percepções subjetivas dos atores humanos no centro do estudo da
sociedade em seus aspectos políticos.
Além disso, Marx e Weber têm visões diferentes do desenvolvimento do fenômeno capitalista. Para Marx, são
unicamente os fatores econômicos que determinam o curso da história, em última instância. Já Weber considera que o
princípio metodológico utilizado por Marx é insu�ciente e limitado para a compreensão da realidade social em sua
totalidade e cada vez mais crescente complexidade.
Explica Quaresma (2016), que o Estado no modelo racional proposto por Weber é uma comunidade humana que
pretende o monopólio do uso legitimo da força física dentro de determinado território. O Estado assim é a única fonte
do direito de uso à violência e se constitui em uma “relação de homens dominando homens” e essa relação é mantida
por meio da violência (força) considerada legítima.
Segundo Weber, a existência do Estado se deve necessariamente a um conjunto de pessoas que se submetam à
autoridade alegada pelos detentores do poder nesse mesmo Estado e, além disso, para que os dominados se
submetam e sejam obedientes é necessário que os detentores do poder tenham uma autoridade reconhecida como
legítima. Assim, podemos dizer que para Weber são dois os elementos essenciais que constituem o Estado:
A partir da análise desses dois elementos, Weber concebe três tipos puros de dominação legítima, cada um deles
gerando diferentes categorias de autoridade. São considerados como puros porque só podem ser encontrados
isolados na teoria, e podem estar combinados quando considerados em exemplos concretos. São eles:
DOMINAÇÃOTRADICIONAL
16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 11/15
Nela, a obediência se dá por motivos de hábito, porque esse comportamento de submissão já faz parte dos costumes. É a relação
de dominação que está enraizada na cultura daquela sociedade. Nela, os poderes de mando são herdados pela tradição. Os
detentores do poder de dominação estão determinados pela tradição. Os dominados não são membros de uma associação, mas
companheiros ou súditos do senhor. As ordens são legítimas tanto pela força da tradição quanto pelo arbítrio do soberano ao
decodi�car essa tradição.
DOMINAÇÃO CARISMÁTICA
Nesse tipo de dominação, a relação de poder se sustenta pela crença dos subordinados nas qualidades superiores do líder. Essas
qualidades podem ser tanto dons considerados sobrenaturais quanto coragem e inteligência destacados. A dominação aqui
encontra legitimidade no fato de que a obediência dos dominados é uma obediência ao carisma de seu portador. Sendo que
podemos conceituar carisma como uma qualidade extraordinária de certa personalidade considerada sobrenatural, sobre-humana
ou mágica. A administração do estado se dá sem qualquer viés racional, sem regras �xas, hierarquia ou competências.
Simplesmente, o chefe carismático cria ou anuncia novos mandamentos (normas contendo direitos, deveres e punições) por meio
da revelação ou por sua vontade de organização. Podemos estabelecer três espécies do gênero dominação carismática: o grande
demagogo, o profeta e o herói guerreiro.
DOMINAÇÃO LEGAL (RACIONAL-LEGAL)
É aquela que se dá através das leis. Por ela, os indivíduos se submetem a um conjunto de regras formalmente elaboradas e
aceitas por todos os membros daquele grupo social.
Assim, são essas regras que determinam quem domina e em que medida as pessoas devem se submeter. A
legitimidade da dominação racional-legal se encontra no direito estabelecido de modo racional, elaborado para ser
respeitado pelos membros da sociedade. Esse direito racional é um conjunto abstrato de regras gerais a serem
aplicadas em casos concretos, pretensamente elaboradas para servir ao interesse de todos.
A administração racional supõe cuidar dos interesses da sociedade como um todo, nos limites da lei. Ou seja, Weber,
diferente de Marx, não leva em consideração a existência de uma sociedade de classes em que uma delas se impõe
sobre as outras, com o discurso de uma pretensa generalidade, quando em verdade, de acordo com Marx, o que estaria
por trás seriam seus próprios interesses.
ESTADO E DOMINAÇÃO PARA DURKHEIM
É importante esclarecer que Durkheim (1858-1917) não concebeu propriamente uma teoria do Estado. Tal como Marx,
ele concebeu uma forma de Estado que considerava a melhor, pelo menos para a França de sua época.
Para esse sociólogo, considerado o pai da Sociologia do Direito, o Estado deveria funcionar como agente para garantir
a organização moral da sociedade e deveria atuar como centro de organização mental dos grupos secundários, ou
seja, aqueles grupos que re�etiam os objetivos da coletividade (BELLAMY, 1994:169 apud QUARESMA, 2016)).
Fonte da Imagem:
Para o autor, seriam esses grupos secundários que comporiam originariamente a sociedade política e esta, então,
estabeleceria o Estado como seu órgão supremo encarregado de representar uma autoridade dotada de soberania.
Desse modo, o Estado estaria subordinado à sociedade, de tal modo que não basta a existência do Estado para
16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 12/15
justi�car a existência das sociedades e do próprio indivíduo, na medida em que “O Estado não se move com suas
próprias forças, ele tem de seguir o rastro dos obscuros sentimentos da multidão. Ao mesmo tempo, entretanto, os
poderosos meios de ação de que dispõe o tornam capaz de exercer uma pesada repressão sobre os mesmos
indivíduos de quem, por outro lado, permanece servo” (DURKHEIM, s.d. apud QUARESMA, 2016).
Para Durkheim, os denominados grupos secundários são de grande importância por quê:
Desse modo, a nossa individualidade moral é um produto do Estado, pois é ele que “tende a assegurar a individuação
mais completa que o estado social permita. Longe de ser o tirano do indivíduo, ele é quem resgata o indivíduo da
sociedade” (DURKHEIM, 2002:96 apud QUARESMA 2016).
JUSTIFICAÇÃO E DESAPARECIMENTO DO ESTADO
Assim como aprendemos as teses a respeito da origem e da justi�cação da criação do Estado, existem as teses sobre
o declínio do Estado, em particular sobre o declínio do Estado-nação da modernidade.
Essas diversas teses estão construídas em torno de três ideias principais:
Necessário se faz desenvolvermos uma breve análise crítica sobre tais teses. Para isso, abordaremos o conceito de
globalização, na medida em que está repetidas vezes associado a esse processo de constituição de uma economia
global sem fronteiras, já em curso, no qual o mercado se coloca em con�ito com o Estado.
16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 13/15
Fonte da Imagem:
A globalização, notadamente em relação aos seus aspectos econômicos, afeta as fronteiras nacionais, na medida em
que as relações econômicas são geridas pelo mercado em um mundo sem fronteiras, em um cenário dominado pela
total reestruturação das tecnológicas, que se faz presente tanto as formas de produção, organização e gestão
empresarial quanto na própria natureza do Estado e sua função enquanto instituição reguladora e promotora do bem-
estar social e econômico.
Em uma economia mundial caracterizada pela estrutura imperialista, o Estado-nação, mais precisamente o Estado
capitalista, tende a assumir um papel estratégico. Assim, ainda que para muitos a tendência venha no sentido do
desaparecimento do órgão estatal tal como o conhecemos hoje, através do Estado-nação (país), cremos que ainda
prevalece a necessidade do Estado para as sociedades capitalistas e do sistema de Estados para a economia
capitalista mundial, explicando que um aparato tão importante para o capitalismo está longe de desaparecer.
Por �m, nunca é demais trazer à baila uma discussão, à luz do pensamento não superado de Marx sobre o papel das
denominadas classes dominantes e de seu projeto neoliberal de poder de classe, o que nos permite chegar, em termos
gerais, ao conceito atual de Estado neoliberal e assegurar que o Estado-nação, longe do declínio, continua cumprindo
um papel indispensável para a dominação e exploração sobre as classes dominadas.
ATIVIDADE
Após a leitura do ítem Estado e dominação segundo Weber, procure exemplos concretos de cada uma das três formas
de dominação propostas pelo autor, a saber: dominação tradicional, dominação carismática e dominação legal
(racional-legal).
Resposta Correta
EXERCÍCIOS
1- A situação de violência urbana expressa na charge a seguir, infelizmente costuma ocorrer nas grandes cidades
brasileiras. A respeito desta cena, o que supostamente poderia ser dito por Hobbes a partir dos termos do Contrato
Social feito pelos homens?
16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 14/15
 
Fonte: http://goo.gl/0nmYlV (glossário)
Resposta Correta
2- Como foi dito, o contratualismo é um rótulo teórico que guarda concepções bastante diferenciadas de organização
do poder estatal. Nas várias visões contratualistas, embora a soberania seja percebida como um conceito central para
justi�car a forma de organização do Estado, os diversos �lósofos a enxergaram de forma diversa uns dos outros.
Então, tendo por pressuposto a questão da soberania nos três �lósofos contratualistas clássicos (Hobbes, Locke e
Rousseau), a esse respeito, responda:
O exercício da soberania popular no contratualismolockeano se dá na mesma forma que no contratualismo
rousseauniano? Por quê? Justi�que.
Resposta Correta
3- Para Max Weber, em sua perspectiva de construção de tipos ideais, o estudo das relações de poder implica na
compreensão das formas de legitimação da dominação. Sobre a teoria da dominação do sociólogo alemão, assinale a
alternativa INCORRETA:
A) A Dominação Tradicional é aquela sustentada pelos valores das instituições que perduram no tempo em uma dada sociedade.
B) A Dominação Legal-Racional é aquela que tem sua legitimidade fundada em um estatuto, ou um corpo de regras em um
determinado sistema.
C) O conceito de Legitimidade permite dar conta dos fundamentos do poder em uma sociedade, como valor que leva as pessoas
a aceitarem uma forma de dominação.
D) A Dominação Carismática é aquela fundamentada no apreço ou afeto para com um Líder.
E) A Dominação Estatal é aquela própria de um Estado Moderno, em que a legalidade da burocracia acaba por impedir os outros
tipos de dominação.
http://goo.gl/0nmYlV
16/08/2018 Disciplina Portal
http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2396779&classId=980920&topicId=2191469&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f0… 15/15
Justi�cativa
Glossário