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Atividade I Ciencia Politica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI – UFVJM
BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Atividade 1
Explique as concepções de Estado e sociedade civil na tradição teórica do jusnaturalismo, estabelecendo as distinções entre os teóricos da política: Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau no âmbito das suas concepções sobre estado de natureza e estado civil e/ou sociedade civil (Estado).
	Para Hobbes o estado de natureza se caracteriza pelos homens viverem sem nenhum ordenamento e por isso agirem somente em benefício próprio passando por cima de qualquer individuo que tente atravessar seu caminho. O uso da força e comumente utilizá-lo para conseguir obter suas cobiças e a força também é utilizada para manter esta cobiça. É de Hobbes a famosa afirmativa que “o homem é o lobo do próprio homem”. O ataque neste caso é a ação mais sensata a se fazer no estado de natureza. O estado de natureza se caracteriza, então, por uma guerra generalizada onde um é contra todos e todos são contra um. Nesse estado também há pequenos conjuntos de indivíduos que se unem em busca da ajuda mútua para preservar sua vida ou evitar o sofrimento. 	
	O desenvolvimento de um contrato social que defina um Estado baseia-se na busca pelo fim deste estado generalizado de guerra. O Estado forma-se a partir do momento em que os indivíduos abrem mão do seu poder e o transferem ao Estado para que este haja de modo a garantir a ordem e a estabilidade na sociedade em que se vivem. O contrato social funda a soberania do Estado sobre os indivíduos. Aceitar a dominação do Estado constituído é uma forma de garantir que não serão dominados por outros indivíduos marca a formação da sociedade civil. 
	Para Hobbes, portanto a liberdade total do homem cria um estado generalizado de guerra à formação da sociedade civil, através da constituição de um Estado garante aos homens a supressão de sua liberdade individual em prol de uma liberdade condicionada aos ordenamentos do Estado.
	Rousseau constrói uma hipótese de estado de natureza e estado civil, mas considera o “estado de guerra” hobbesiano presente na sociedade civil. O estado de natureza é apresentado como um momento de ampla felicidade humana, onde os seres humanos tinham a necessidade de se relacionarem e não havia desigualdade. Este modo de vida, construído para justificar sua proposta de República, teria sido construído com a instituição da propriedade privada e das leis. Se com a razão o ser humano constrói uma civilização corrompida, é com a capacidade racional que a humanidade deverá encontrar suas soluções. Rousseau encontra na desigualdade humana o principal problema da organização política (ROSSEAU, 1980:270)
	Diante do problema da desigualdade humana, a proposta política de Rousseau afirma como valores fundamentais a igualdade e a liberdade. “Sob os maus governos a igualdade é ilusória e aparente, e não serve senão para manter o pobre na miséria e o rico na usurpação”.
	A liberdade não existe sem igualdade porque o ser humano que estiver numa condição superior ao outro terá mais poder e o que estará em situação inferior ficará limitado a este. A superioridade só funciona enquanto relação de força e não constitui direito. O direto só existe a partir de convenções, que são próprias de um corpo político, como resultado de um processo de discussão. Neste aspecto, Rousseau critica o Estado Liberal, como uma instituição que surgiu para converter em direito o que os burgueses já possuíam enquanto força, através da instituição da propriedade privada.
	Segundo Locke O estado de natureza era uma situação real e historicamente determinada pelo qual passara a maior parte da humanidade e na qual se encontravam ainda alguns povos, como tribos norte-americanas. Esse estado de natureza diferia do estado de guerra hobbesiano, baseado na insegurança e na violência, por ser um estado de relativa paz, concórdia e harmonia.
	Lock também utiliza a noção de propriedade numa segunda acepção que, em sentido estrito, significa especificamente a posse de bens móveis ou imóveis. A teoria da propriedade de Locke, que é muito inovadora para sua época, também difere bastante da de Hobbes. Para Locke a propriedade já existe no estado de natureza e, sendo uma instituição anterior à sociedade, é um direito natural do indivíduo que não pode ser violado pelo Estado.
	O estado de natureza, relativamente pacífico não está isento de inconveniências, como violação da propriedade (vida, liberdade, bens) que na falta de lei estabelecida, de juiz imparcial e de força coercitiva para impor a execução das sentenças, coloca os indivíduos singulares em estado de guerra uns contra os outros. É a necessidade de superar esses inconvenientes que, segundo Locke, leva os homens a se unirem e estabelecerem livremente entre si o Contrato Social, que realiza a passagem do estado de natureza para a sociedade política e civil. Esta é formada por um corpo político único. Dotado de legislação, de judicatura e de força concentrada da comunidade. Seu objetivo precípuo é a preservação da propriedade e a proteção da comunidade tanto dos perigos internos quanto das invasões estrangeiras.
	Na concepção de Locke, “todo o governo não possui outra finalidade além da conservação da propriedade”.
	Para Montesquieu o estado da natureza anterior a formação da sociedade baseia-se nas leis de busca pela paz, por alimentos, pelo sexo oposto e por último pelo desejo de viver em sociedade. 
	O conceito de lei para Montesquieu é importantíssimo, pois afirma que 
As leis, em seu significado mais amplo, são as relações necessárias que derivam da natureza das coisas; neste sentido, todos os seres possuem suas leis; a divindade tem suas leis, o mundo material tem suas leis, as inteligências superiores ao homem têm suas leis, os animais têm suas leis, o homem tem suas leis. (Os Clássicos da Política, p.121).
	Conforme a sociedade foi-se formando e as relações sociais começaram a apresentar uma maior complexidade percebeu-se a necessidade de criar novas leis para intermediar essas relações. Essas leis são conhecidas como leis positivas e deveriam ser estabelecidas pela autoridade que detém o poder na sociedade buscando sempre a estabilidade da formação social. 	
	A formação da sociedade e de seu governo sofre a influência de diversos fatores como a diversidade dos povos, os costumes, o comércio dentre outros. Estes fatores também influenciam a formulação das leis. Neste ponto, cabe destaque para dois importantes conceitos desenvolvidos por Montesquieu: o primeiro se refere à natureza do governo que pode ser monarquia, república ou despotismo e ao princípio que rege esse poder sendo a honra o princípio da monarquia, a virtude o princípio da república e o medo o princípio do despotismo.
	O Estado de República de divide em democracia quando o povo detém todo o poder soberano e aristocracia quando o poder esta nas mãos de uma parte do povo. Para que a república seja eficiente em seu papel de governar é necessário que os indivíduos respeitem as leis e se dediquem ao bem da coletividade.
	A monarquia seria composta pelo poder da nobreza com um poder intermediário e subordinado ao soberano. Se fazendo necessários para evitar caprichos de uma única pessoa poderes intermediários que são subordinados e dependentes.
	Já o Estado de despotismo Montesquieu afirma 
Quando um homem se torna um déspota, ele perdeu a virtude pelo seu Estado e povo, e ao mesmo tempo a honra que equilibrava sua relação com o seu governo e seu povo, assim para se manter no poder, o déspota deve-se valer do uso da força para controlar seus súditos. (Os Clássicos da Política, p.135).
	Para manter a estabilidade da melhor forma possível em uma sociedade Montesquieu propõe que haja a separação entre os poderes do legislativo, judiciário e executivo. Esta separação permitiria uma harmonia capaz de fazer o cumprimento das leis e consequentemente mantendo o Estado.
Referências 
ANDRIOLI, Antonio Inácio. A Democracia direta de Rousseau. Revista Espaço Acadêmico– Ano II – N.º 22 – Março de 2003. <<http:// www.espacoacademico.com.br>> acesso em 13//Nov/13
CABRAL, João Francisco Pereira. Hobbes e o estado de natureza. Disponível em <http://www.brasilescola.com/filosofia/hobbes-estado-natureza.htm>. Acesso em 08/Nov./2013.
MELLO, Leonel Itaussu Almeida, John Locke e o individualismo Liberal, (“Os Clássicos da Política”) <http://www.cefestsp.br/edu/eso/valerio/lockeindividualismoliberal.html> acesso em 13/nov/13
WEFFORT, Francisco (org.). Os clássicos da política. São Paulo: Ática, 2000 (volume 1: Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau e "O Federalista").

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