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1 AULA 20: A Qualidade do Registro Fóssil e o Registro das Extinções em Massa 2014-II Marco Brandalise de Andrade ���� Qualidade do Registro Fóssil A preservação fóssil não é completa: 1º) Partes moles não são preservadas normalmente. 2º) Alguns tipos de organismos são decompostos mais facilmente que outros. 3º) Alguns sedimentos e processos sedimentares são especialmente destrutivos em relação a determinados tipos de organismos. 4º) Mistura temporal e transporte (Tafonomia!) atrapalham a nossa compreensão do registro fóssil. 2 ���� Qualidade do Registro Fóssil A preservação fóssil não é completa: 5º) Nunca teremos o registro do último organismo de uma espécie; isso é estatisticamente improvável. 6º) Do mesmo modo, nunca teremos o registro do primeiro organismo de uma espécie. 7º) A paleontologia necessariamente está limitada ao conceito morfológico de espécies; a biologia usa morfologia, molecular, genética e citogenética, etc. ���� Qualidade do Registro Fóssil Mas afinal, o registro fóssil não é falho e cheio de lacunas? Em que medida podemos confiar no registro fóssil? 3 ���� Fósseis-vivos X Lazarus-taxa An dr ad e . 20 10 . Ph D , Un iv e rs ity o f B ris to l, pp 22 5. Registro geológico em proporção • Quanto mais o tempo passa, mais fácil é um registro em particular se perder por erosão ou intemperismo. • Porém, quanto mais o tempo passa, mais difícil é a completa eliminação do registro de uma época específica. ���� Qualidade do Registro Fóssil 4 B en to n . 20 03 . W he n Li fe N ea rly D ie d. Th a m e s & H u ds o n . 33 6. M ax w el l & B en to n . 19 90 . Pa la e o bi o lo gy , v1 6: 33 2– 33 5. ���� Qualidade do Registro Fóssil • O registro conhecido é uma boa amostragem do registro completo. • A coleta intensa de fósseis nos últimos 100 anos dobrou o número de famílias fósseis... • ... mas os padrões de diversificação e extinção mantiveram-se estáveis ao longo dos anos. • A coleta de dados confirma, anualmente, os mesmos padrões e processos conhecidos desde os primeiros estudos da paleontologia. B e n to n . 20 03 . W he n Li fe N ea rly D ie d. Th a m e s & H u ds o n . 33 6. M ax w e ll & B en to n . 19 90 . Pa la e o bi o lo gy , v1 6: 33 2– 33 5. ���� Qualidade do Registro Fóssil 5 • Sepkoski: entre 1982–1992, o número de famílias de organismos marinhos extintos subiu em 10%, mas esse aumento foi randômico ao longo da escala de tempo geológico. B en to n . 20 03 . W he n Li fe N ea rly D ie d. Th a m e s & H u ds o n . 33 6. M ax w el l & B en to n . 19 90 . Pa la e o bi o lo gy , v1 6: 33 2– 33 5. ���� Qualidade do Registro Fóssil ���� Qualidade do Registro Fóssil • Estudos revelam que o registro conhecido é uma boa amostragem do registro completo; e mais estudos vêm sendo feitos, aumentando a amostragem e diminuindo erros estatísticos. • Há boa informação sobre diversidade no tempo e no espaço. • São conhecidas excelentes “janelas de preservação”, com registro singularmente completo e que permitem a amostragem da vida na Terra como um todo, em todas as épocas, em terra firme e no mar! • Eg. Chengjiang, Jehol, Burgess Shale, Solnhofen, Messel, Morrison Fm., La Brea, Araripe, etc. 6 Fonte: internet “(...) nada em sua vida foi como a sua partida.” Macbeth ���� Extinção O que é extinção? 1º) Extinção de uma espécie ⇒ eliminação de todos os indivíduos de uma população intercruzante, de seu potencial genético, molecular, etc. 2º) Extinção pode abranger uma Família, Ordem, Classe... 3º) Qual é o impacto da extinção da última espécie remanescente de um grupo outrora diverso (eg, celacanto, tuatara, límulo, nautilo, ornitorrinco, tilacino, etc)... 4º) Eliminação da disparidade biológica. (disparidade = diversidade morfológica, genética, molecular, etc). ���� Extinção 7 ���� Extinção Alguns fatos sobre extinção 1º) Extinção é um processo natural; espécies (morfológicas) tem em média uma “sobrevivência geológica” de poucos milhões de anos (0,1–15 ma). 2º) Em média, o registro fóssil de cada espécie (morfológica) abrange ~5 milhões de anos. 3º) Quando uma espécie passa por um evento de evolução (ie, cladogênese ou anagênese) a espécie original deixa de existir e dá origem a uma (ou mais) espécie(s) nova(s). ���� Extinção 8 ���� Extinções em Massa Anagênese: mudança da população pelo acúmulo de mutações e eliminação seletiva de variedades ao longo do tempo, dentro da própria população; o conjunto de mudanças na população leva a uma nova espécie. Cladogênese: mudança da população por isolamento, acúmulo de mutações diferenciais e pressão seletiva distinta nas duas condições de isolamento; o isolamento favorece “anagêneses” distintas. Alguns fatos sobre extinção 1º) Em geral, observamos a perda de cerca de 1–2% das espécies a cada 100.000 anos. 2º) Taxa de extinção “de fundo” em torno de 0,00002% / século; ou 2%*10-5. 3º) Eventualmente, duas ou mais espécies em grupos diversos podem se extinguir no mesmo momento geológico. 4º) Em alguns casos, grande número de espécies ou mesmo grupos se extingue conjuntamente ⇒ extinção em massa. ���� Extinção 9 B en to n . 20 03 . W he n Li fe N ea rly D ie d. Th a m e s & H u ds o n . 33 6. M ax w el l & B en to n . 19 90 . Pa la e o bi o lo gy , v1 6: 33 2– 33 5. ���� Extinções em Massa ���� Extinções em Massa • Existe evidência para 5 grandes extinções em massa. • A extinção permo-triássica é a mais abrangente. • Estão associadas a grandes mudanças na composição do registro fóssil. Não são seletivas! • Extinção em terra ou mar, maior parte dos nichos, generalistas e especialistas, etc. • Afetam 40–50% das espécies; 20–30% das famílias. B e n to n . 20 03 . W he n Li fe N ea rly D ie d. Th a m e s & H u ds o n . 33 6. 10 ���� Extinções em Massa • Eventos de extinção em massa são catastróficos: não dão chance para que os organismos sobrevivam por meio de adaptações... • ... ie, nestes casos, não há seleção natural! • Espécies com ampla distribuição geográfica tem uma ligeira tendência a sobreviver melhor os eventos de extinção em massa, porém em populações isoladas. B en to n . 20 03 . W he n Li fe N ea rly D ie d. Th a m e s & H u ds o n . 33 6. Grandes Extinções ���� Extinções em Massa Benton. 2003. When Life Nearly Died. Thames & Hudson. 336. 11 Grandes Extinções ���� Extinções em Massa Benton. 2003. When Life Nearly Died. Thames & Hudson. 336. Grandes Extinções ���� Extinções em Massa Benton. 2003. When Life Nearly Died. Thames & Hudson. 336. 12 Principais divisões geológicas Eons ● Fanerozóico ● Proterozóico ● Arqueozóico ● Hadeano Eras ● Cenozóica ● Mesozóica ● Paleozóica Períodos -Quaternário -Neógeno -Paleógeno -Cretáceo -Jurássico -Triássico -Permiano -Carbonífero-Devoniano -Siluriano -Ordoviciano -Cambriano ���� Extinções em Massa ���� Extinções em Massa 13 Grandes Extinções – Periodicidade ���� Extinções em Massa Grandes Extinções: Ordoviciano–Siluriano ���� Extinções em Massa Mudança climática afeta principalmente fauna séssil (epibentônicos) de clima quente 14 Grandes Extinções: Ordoviciano–Siluriano ���� Extinções em Massa Grandes Extinções: Devoniano–Carbonífero ���� Extinções em Massa Impacto de meteorito (?) afeta cefalópodes, crinóides, braquiópodes, peixes encouraçados, estromatoporóides, trilobitas, euripterídeos, etc. 15 ���� Extinções em Massa Grandes Extinções: Devoniano–Carbonífero Grandes Extinções: Permiano–Triássico ���� Extinções em Massa Armadilhas de metano (?) • 95% de todas as espécies é afetada! • Extinção de trilobitas e vários outros grupos 16 ���� Extinções em Massa Grandes Extinções: Permiano–Triássico Grandes Extinções: Permiano–Triássico ���� Extinções em Massa B e n to n . 20 03 . W he n Li fe N ea rly D ie d. Th a m e s & H u ds o n . 33 6. 17 Grandes Extinções: Permiano–Triássico ���� Extinções em Massa B en to n . 20 03 . W he n Li fe N ea rly D ie d. Th a m e s & H u ds o n . 33 6. Grandes Extinções: Permiano–Triássico ���� Extinções em Massa Brachiopoda X moluscos bivalves na crise Permo-Triássica B e n to n . 20 03 . W he n Li fe N ea rly D ie d. Th a m e s & H u ds o n . 33 6. 18 Grandes Extinções: Permiano–Triássico ���� Extinções em Massa Lystrosaurus (Synapsida: Dicynodonta) Be n to n . 20 03 . W he n Li fe N ea rly D ie d. Th a m e s & H u ds o n . 33 6. Grandes Extinções: Triássico–Jurássico ���� Extinções em Massa Clima (?) causa extinção de conodontes, pteridospermófitas , labirintodontes e corais primitivos 19 ���� Extinções em Massa Grandes Extinções: Triássico–Jurássico Grandes Extinções: Cretáceo–Paleógeno ���� Extinções em Massa Meteoro causa extinção de dinossauros, pterossauros, “crocodilos”, répteis marinhos, etc. 20 Grandes Extinções: Cretáceo–Paleógeno ���� Extinções em Massa Suevita B en to n . 20 03 . W he n Li fe N ea rly D ie d. Th a m e s & H u ds o n . 33 6. Assinatura de um meteoro: ���� Extinções em Massa Grandes Extinções: Cretáceo–Paleógeno 21 Grandes Extinções: Cretáceo–Paleógeno ���� Extinções em Massa B en to n . 20 03 . W he n Li fe N ea rly D ie d. Th a m e s & H u ds o n . 33 6. Grandes Extinções: Cretáceo–Paleógeno ���� Extinções em Massa Benton. 2003. When Life Nearly Died. Thames & Hudson. 336. 22 Grandes Extinções: Cretáceo–Paleógeno ���� Extinções em Massa Irídio Grandes Extinções: Cretáceo–Paleógeno ���� Extinções em Massa Quando se fala que os dinossauros foram extintos pelo impacto de um meteoro... está correto? Possivelmente. Dinossauros (não avianos) do final do Cretáceo se tornaram extintas na mesma época do impacto. A grande maioria dos dinossauros foi eliminada em processos de extinção de fundo. 23 Grandes Extinções: Cretáceo–Paleógeno ���� Extinções em Massa A extinção do final do Cretáceo eliminou apenas animais de grande porte... está correto? Não. Espécies de todos os tamanhos foram extintas. Assim como plantas, mamíferos, invertebrados, etc. Havia dinossauros de todos os tamanhos. Se a seleção natural favorecesse tamanho pequeno e homeotermia, diversos dinossauros teriam sobrevivido. Efeito Signor-Lipps • Nunca teremos a preservação do último exemplar de uma espécie fóssil. ���� Extinções em Massa Permiano Triássico 24 • É a formação de horizontes de extinção por uma amostragem incompleta ou inadequada do registro fóssil. • Na medida que fazemos uma melhor amostragem, descobrimos que várias das espécies na verdade estão presentes acima daquele horizonte. • Amostragem é muito importante; dentes e ossos isolados podem ser importantes se a coleta registrar a estratigrafia! • Descartado o efeito Signor-Lipps, os horizontes representam eventos verdadeiros de extinção (que também podem ocorrer em pulsos). ���� Extinções em Massa Efeito Signor-Lipps
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