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Prof. Flávio H. Franco de Oliveira – e-mail: flaviofranco@unipar.br Direito Penal – Parte Especial 1 CAPÍTULO IV DA RIXA RIXA No Capítulo IV pune-se apenas um delito Rixa: briga (luta – contenda) perigosa entre mais de 2 pessoas - (3 –mínimo) Agindo cada uma por sua conta em risco, acompanhada de vias de fato ou violências recíprocas. Com a utilização ou não de armas Art. 137: Participar de rixa, salvo para separar os contendores. Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa. Parágrafo único: Se ocorrer morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 1-CONSIDERAÇÃO INICIAL Apesar da rixa ameaçar e perturbar a ordem e a paz pública, não são esses os bens diretamente protegidos pelo tipo penal de rixa. Bem jurídico protegido: Incolumidade – física e mental da pessoa humana 2- SUJEITO DO CRIME: S.A: Crime comum. Obs. Sui generis: O sujeito ativo é ao mesmo tempo sujeito passivo, em virtude das mútuas agressões. ``O delito de rixa pode ser praticado por qualquer pessoa, independentemente do sexo ou idade, não se exigindo, portanto, qualquer qualidade ou condição especial pelo tipo penal´´ (Rogério Greco) Obs. Trata-se de crime de concurso necessário (plurisubjetivo), cuja configuração exige a participação de, no mínimo, três contendores, computando-se, nesse numero, eventuais inimputáveis, pessoas não identificadas ou que tenham morrido durante a briga (RT 584/420) 3- CONDUTA: Participar do tumulto. Obs. O local onde é praticado a batalha generalizada é irrelevante. Obs. Não haverá rixa quando possível definir, no caso concreto, dois grupos contrários lutando entre si. Nessa hipótese, os integrantes de cada grupo serão responsabilizados pelas lesões corporais causadas nos integrantes do grupo contrário (RT 548/378) 4- VOLUNTARIEDADE É o dolo de perigo (direto ou eventual), consistente na vontade consciente de tomar parte na briga. 2 Não admite conduta culposa. 5- QUALIFICADORA Autonomia: a rixa é punida por si mesma, independentemente do resultado agravador (morte ou lesão grave), o qual, se ocorrer, somente qualifica o crime para o causador do resultado mais grave. 6- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Crime de perigo presumido (abstrato) Unisubsistente: não admite fracionamento da execução (tentativa) 7- AÇÃO PENAL: Pública – incondicionada. 8- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE Código Penal e Estatuto do Torcedor Art. 41-B da Lei 10.671/03 pune a conduta de promover tumulto, praticar ou incitar a violência, ou invadir local restrito aos competidores em eventos esportivos com reclusão de um a dois anos. 3º bimestre. CAPÍTULO V DOS CRIMES CONTRA A HONRA 1-INTRODUÇÃO No presente capítulo – Dos crimes contra a honra – trabalha-se com três figuras delituosas Calúnia – Injúria – Difamação ``Caluniar é falsamente imputar a alguém fato definido como crime´´ ``Difamar é imputar a alguém fato não criminoso, porém ofensivo a sua reputação´´ ``Injuriar, ao inverso do que se sucede na calúnia e difamação, não é imputar fato determinado, mas sim atribuir qualidades negativas ou defeitos´´ A) Honra Objetiva: Relacionada com a reputação e a boa fama que o indivíduo desfruta no meio social em que vive. Calunia e Difamação atribui-se FATO, há ofensa a honra objetiva. B) Honra subjetiva: Relacionada a dignidade e decoro pessoal da vítima (estima própria). Injuria há ofensa a honra subjetiva – pois atribui-se ao ofendido ``qualidade´´ negativa. CONDUTA HONRA OFENDIDA CALÚNIA – art. 138 Imputar determinado fato definido como crime, Honra Objetiva 3 sabidamente falso. DIFAMAÇÃO – art. 139 Imputar determinado fato não criminoso, porém desonroso, não importando se verdadeiro ou falso. Honra Objetiva INJÚRIA- art. 140 Atribuir qualidade negativa Honra Subjetiva CALÚNIA Art. 138: Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 1-CONSIDERAÇÃO INICIAIS Protege-se, no caso, a honra objetiva da vítima, isto é, sua reputação perante terceiros. 2- SUJEITO DO CRIME: S.A: Crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa). Obs. Não pode ser sujeitos ativos pessoas que desfrutam de inviolabilidade (senadores, deputados, vereadores –nos limites do município em que exerçam). EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. IMUNIDADE PARLAMENTAR MATERIAL. MANIFESTAÇÕES DIFUNDIDAS NO INTERIOR DO PLENÁRIO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA. INEXISTÊNCIA DE DEVER DE REPARAÇÃO CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO. JUÍZO DE ORIGEM. AGRAVO DESPROVIDO. 1. A imunidade parlamentar material que confere inviolabilidade na esfera civil e penal a opiniões, palavras e votos manifestados pelo congressista (CF, art. 53, caput) incide de forma absoluta quanto às declarações proferidas no recinto do Parlamento. 2. In casu, a manifestação alegadamente danosa praticada pela ré foi proferida nas dependências da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Assim, para que incida a proteção da imunidade, não se faz necessário indagar sobre a presença de vínculo entre o conteúdo do ato praticado e a função pública parlamentar exercida pela agravada, pois a hipótese está acobertada pelo manto da inviolabilidade de maneira absoluta. (...)4. Agravo regimental a que se nega provimento para manter o provimento do recurso extraordinário. 4 (RE 576074 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 26/04/2011, DJe-098 DIVULG 24-05-2011 PUBLIC 25-05-2011 EMENT VOL- 02529-02 PP-00423) Obs. Os advogados – art. 7º, § 2º, OAB, não são imunes do delito de calúnia, a inviolabilidade é apenas para injuria e difamação, desde que cometidos no exercício regular da atividade. Obs. Os menores e loucos podem ser S.P Obs. Noronha não concorda. Diz ainda que não é S.P os menores de 18 anos, pois não praticam crime. Obs. Pessoa jurídica: Doutrina diverge. S.P. : qualquer pessoa. O desonrado pode ser vítima de calúnia ? Nem mesmo a pessoa mais degradante na escala social encontra-se completamente despojada do amor próprio, ou deixa de ter direito de amor próprio. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. Seus parentes será o S.P – art. 30 e 31 CPP A autocalúnia é punida ? Auto acusação falsa – art. 341 CP 3- CONDUTA: Imputar a alguém, implícita ou explicitamente, mesmo que de forma reflexa, determinado fato criminoso, sabidamente falso. Obs. Falsa imputação de contravenção penal não caracteriza crime de calúnia, e sim difamação. Pacificou o entendimento de que a honra é bem disponível: Consentimento da vítima exclui o dolo. 4- VOLUNTARIEDADE É o dolo de dano, consiste na vontade de ofender, denegrir a honra da vítima. (direto ou eventual). Não admiteconduta culposa. 5- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se no momento que terceiro toma conhecimento da imputação criminosa feito à vítima. Trata-se de delito formal. 5 Tentativa somente quando praticada por escrito (RT 459/396). 6- EXCEÇÃO DA VERDADE Em defesa da moralidade pública o Código admite a exceção da verdade - provado a verdade da imputação – atipicidade da conduta. Salvo: I- § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; (Presidente da República e ou chefe de governo estrangeiro) - razões políticas e diplomáticas. III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 7- EXCEÇÃO DE NOTORIEDADE: Consiste na faculdade do réu (querelado) de demonstrar que suas afirmações são do domínio público. É admitido tanto no crime de calunia como na difamação. Ex. dizer que determinada pessoa sai com travesti, noticia pública. 8- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: Código Penal X Lei de Segurança Nacional (Calunia contra Presidente da República, Senado, Câmara dos Deputados e STF, praticada com motivação política, configura o delito contra a Segurança Nacional). Art. 26 Lei 7.170/83. DIFAMAÇÃO Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Exceção da verdade Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 1-CONSIDERAÇÃO INICIAIS Protege-se, no caso, a honra objetiva da vítima, isto é, sua reputação perante terceiros. 2- SUJEITO DO CRIME: S.A: Crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa). Obs. Não pode ser sujeitos ativos pessoas que desfrutam de inviolabilidade (senadores, deputados, vereadores –nos limites do município em que exerçam). 6 Obs. Os advogados – art. 7º, § 2º, OAB, não são imunes do delito de calúnia, a inviolabilidade é apenas para injuria e difamação, desde que cometidos no exercício regular da atividade. Obs. Os menores e loucos podem ser S.P Obs. Noronha não concorda. Diz ainda que não é S.P os menores de 18 anos, pois não praticam crime. Obs. Pessoa jurídica: Doutrina diverge. S.P. : qualquer pessoa. O desonrado pode ser vítima de difamação ? Nem mesmo a pessoa mais degradante na escala social encontra-se completamente despojada do amor próprio, ou deixa de ter direito de amor próprio. 3- CONDUTA: Imputar a alguém, implícita ou explicitamente, mesmo que de forma reflexa, determinado fato ofensivo a sua reputação. Obs. Falsa imputação de contravenção penal não caracteriza crime de calúnia, e sim difamação. Pacificou o entendimento de que a honra é bem disponível: Consentimento da vítima exclui o dolo. 4- VOLUNTARIEDADE É o dolo de dano, consiste na vontade de ofender, denegrir a honra da vítima. Não admite conduta culposa. 5- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Consuma-se no momento que terceiro (ainda que um só) toma conhecimento da imputação desonrosa. Trata-se de delito formal. Tentativa somente quando praticada por escrito. 6- EXCEÇÃO DA VERDADE A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público (art. 327 do Código Penal), e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções (art.139, parágrafo único). – Exclui a ilicitude. (a tipicidade permanece). Obs. A Exposição de Motivos, no seu item 49, adverte que disposição não alcança o Presidente da Republica, ou chefe de governo estrangeiro, em visita ao país. 7 7- EXCEÇÃO DE NOTORIEDADE: Consiste na faculdade do réu (querelado) de demonstrar que suas afirmações são do domínio público. É admitido tanto no crime de calunia como na difamação. 8- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: Código Penal X Lei de Segurança Nacional (Calunia contra Presidente da República, Senado, Câmara dos Deputados e STF, praticada com motivação política, configura o delito contra a Segurança Nacional). Art. 26 Lei 7.170/83. INJÚRIA Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3 o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) 1-CONSIDERAÇÃO INICIAIS Protege-se, no caso, a honra SUBJETIVA do indivíduo, sua autoestima (dignidade e decoro). 2- SUJEITO DO CRIME: S.A: Crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa). Obs. Os advogados – art. 7º, § 2º, OAB, não são imunes do delito de calúnia, a inviolabilidade é apenas para injuria e difamação, desde que cometidos no exercício regular da atividade. Obs. A pessoa jurídica não possui honra subjetiva. 8 3- CONDUTA: O verbo típico é injuriar: isto é, ofender (insultar), por ação (palavras ofensivas) ou omissão, (ignorar cumprimento), pessoa determinada, ofendendo-lhe a dignidade ou decorro. Não há imputação de fatos, mas emissão de conceitos negativos contra a vítima. 4- VOLUNTARIEDADE Quanto ao tipo subjetivo, o dispositivo exige a presença do dolo (direto ou eventual), Inexistindo forma culposa. 5- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Por se tratar de crime contra a honra subjetiva (autoestima), somente se consuma quando o fato chega ao conhecimento da vítima, dispensando-se efetivo dano à sua dignidade ou decorro (crime formal). 6- QUALIFICADORAS: Injúria Real: (§, 2º) Temos aqui tipificada a injúria real. No caso, a lei exige que a violência (ou vias de fato) seja aviltante, agindo o agente com o propósito de ofender, ultrajar a vítima, na linguagem de Nélson Hungria. ``mais que o corpo, é atingida a alma´´. Temos como exemplo mais marcantes: puxões de orelha e cabelos, cuspir em alguém ou em sua direção etc. Obs. Se ocorrer lesão corporal deve somar à pena da injúria aquela correspondente a violência. Ensina a doutrina que o concurso é material (art. 69), tanto que a lei determina a cumulação de penas. 7- INJÚRIA QUALIFICADA POR PRECONCEITO (§3º) § 3 o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) A presente qualificadora refere-se à injúria preconceituosa, não se confundindo com delito de racimo previsto na Lei 7.716/89. Ex. a- Xingar alguém, fazendo referência a sua cor é injúria, crime de ação penal pública condicionadaà representação da vítima, afiançável e prescritível. 9 b- Impedir alguém de ingressar numa festa por causa da sua cor é racismo, cuja pena será perseguida mediante ação penal pública incondicionada, inafiançável e imprescritível. 8- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: Código Penal X Estatuto do idoso: O art. 105 da Lei 10.741/03 pune com detenção de 1 a 3 anos e multa exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou imagem depreciativas ou injuriosas à pessoa do idoso. 1-Em princípio, nos crimes contra a honra dispostos no Código Penal cabe; a) retratação na injúria, exceto se racial. b) retratação na injúria em geral. c) exceção da verdade na calúnia contra os mortos. d) exceção da verdade na injúria. e) exceção da verdade na difamação contra particular. 2-A, perante várias pessoas, afirmou falsamente que B, funcionário público aposentado, explorava a atividade ilícita do jogo do bicho, quando exercia as funções públicas. Ante a imputação falsa, é correto afirmar que A cometeu o crime de a) difamação, não se admitindo a exceção da verdade. b) calúnia, admitindo-se a exceção da verdade. c) calúnia, não se admitindo a exceção da verdade. d) difamação, admitindo-se a exceção da verdade. Não se configurou a calúnia tendo em vista que a assertiva traz em seu bojo uma contravenção penal (jogo do bicho), enquanto o tipo do art. 138 do CP exige a imputação de fato definido como crime. Descartando a calúnia, considerando que “A” pratica o crime de difamação, não se admite a exceção da verdade, uma vez que o funcionário público encontra- se aposentado, de modo que o tipo penal do art. 139 do CP exige que o fato objeto da exceção esteja relacionado ao exercício de suas funções. 3- Assinale a alternativa INCORRETA: a) No que se refere ao delito de difamação, a exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. b) No que se refere ao delito de calúnia, admitese a prova da verdade, salvo: se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; se o fato é imputado contra o Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro; se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. c) O querelado que, antes do recebimento da denúncia, retratase cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Resposta: (art. 143) d) No que se refere ao delito de injúria, o juiz pode deixar de aplicar a pena quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria, bem como no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 10 Jurisprudência: Cuida-se, na espécie, de queixa-crime oferecida contra conselheiro de tribunal de contas estadual pela suposta prática dos delitos tipificados nos arts. 138 (calúnia), 139 (difamação) e 140 (injúria) c/c 141, II (contra funcionário público, em razão de suas funções) e III (na presença de várias pessoas ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria), todos do CP, em razão de alegadas ofensas perpetradas contra dois servidores durante sessões de julgamento realizadas naquele órgão. No tocante à calúnia, ressaltou a Min. Relatora que, para a configuração do delito, exige-se que o agente aja com o dolo específico de macular a honra alheia, tendo consciência da falsidade do fato criminoso que imputa ao ofendido. Acentuou, ademais, que a narração da prática delituosa deve ser específica e devidamente contextualizada, não bastando a simples indicação de cometimento de um determinado crime. Quanto à difamação, asseverou que sua ocorrência dá-se a partir da imputação deliberada de fato ofensivo à reputação da vítima, não sendo suficiente a descrição de situações meramente inconvenientes ou negativas. Já no que se refere à injúria, destacou que a retorsão prevista no art. 140, § 1º, II, do CP só permite que a pena não seja aplicada àquele que responde de forma injuriosa a uma injúria que lhe foi primeiramente proferida, desde que assim o faça imediatamente após ter sido ofendido. In casu, entendeu-se que as afrontas foram iniciadas pelo acusado e rebatidas por um dos querelantes, de forma que as palavras emitidas pelo querelado em momento posterior a essa sequência não se enquadrariam no referido dispositivo. Com essas considerações, a Corte Especial, por unanimidade, recebeu parcialmente a queixa-crime. Contudo, apesar de a maioria de seus integrantes ter entendido pelo afastamento do querelado do cargo, em aplicação analógica do art. 29 da LOMAN, o quórum qualificado de 2/3 não foi alcançado, motivo pelo qual o Conselheiro permanecerá no exercício de suas funções. APn 574-BA, Rel. Min. Eliana Calmon, julgada em 18/8/2010 Questão polêmica: Marinaldo, por ser inimigo de Nando, espalhou junto à vizinhança em que moram que Nando furta toca-fitas de veículos, o que é falso. Logo, Marinaldo deverá responder pelo crime de: a) calúnia (artigo 138 do CP). b) difamação (artigo 139 do CP). c) injúria (artigo 140 do CP). d) denunciação caluniosa (artigo 339 do CP). e) comunicação falsa de crime (artigo 340 do CP). Comentário: Ao contrário da calúnia e da difamação, à injúria não se atribui “fato”. Isso é a regra. Com efeito, imputar "determinado" fato criminoso é igual à calúnia. Imputar "determinado" fato desonroso é igual à difamação. E, por fim, atribuir qualidade negativa é injúria. Mas, cuidado! No seu concurso vai cair: que crime configura imputar fato indeterminado (genérico/vago) a alguém? Vejam: não pode configurar calúnia porque na calúnia o fato tem que ser determinado. Não pode configurar difamação porque na difamação o fato, igualmente, tem que ser determinado. Só sobrou injúria. Então, vejam que a imputação de fato pode, sim, ser injúria, desde que indeterminado, genérico, vago ou impreciso. Por isso é preciso acrescentar nos arts. 138 e 139 a palavra DETERMINADO em “fato”! Porque se for fato indeterminado é injúria, pois se assemelha a qualidade negativa - Fonte: aulas do LFG (ROGÉRIO SANCHES). 11 Resumo: Exceção da Verdade: Calunia e Difamação (funcionário Público no exercício da função) (não cabe para o Presidente e chefe estrangeiro) Retratação: Calunia e Difamação (antes da sentença) Ofensas irrogadas em juízo: Difamação e Injúria Imunidade total: inviolabilidade (senadores, deputados, vereadores –nos limites do município em que exerçam.) DISPOSIÇÕES COMUNS: art. 138, 139, 140 Disposições comuns Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. EXCLUSÃO DO CRIME Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III- o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. A imunidade só diz respeito à difamação e à injúria, pois, tratando-se de calúnia, que é imputação de fato criminoso, há interesse público na sua elucidação, não se justificando, pois, a criação de obstáculos para tal providência. 12 Obs. Art. 7º, § 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide ADIN 1.127-8) (desacato- inconstitucional) RETRATAÇÃO Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Obs. Retratar não significa apenas negar ou confessar a pratica da ofensa. É muito mais. É escusar-se, retirando do mundo o que afirmou, demonstrando sincero arrependimento. Extinção da punibilidade – (nada obsta a ação civil) PEDIDO DE EXPLICAÇÕES Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. Mirabete: ``O pedido de explicações é uma medida preparatória e facultativa para o oferecimento da queixa quando, em virtude dos termos empregados ou do verdadeiro sentido das frases, não se mostra evidente a intenção de caluniar, difamar ou injuriar, causando dúvida quanto ao significado da manifestação do autor´´ 1 AÇÃO PENAL Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. a- Incondicionada: violência ou vias de fato- lesões corporais. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009) a- Condicionada a representação do Ministro da Justiça: Contra Presidente ou Chefe de governo estrangeiro. b- Condicionada à representação: contra funcionário público. Súmula: 714: ``é concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções´´ Obs. Com a advento da Lei 12.033/2009, a pena do crime de injúria preconceito deixou de ser perseguida mediante ação penal de iniciativa privada, passando a legitimidade para o MP, dependendo de representação do ofendido (ação penal pública condicionada) 1 Manual de direito penal: parte especial, v. 2, p. 151. 13 Representação do ofendido. § 3º do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033 ___________________ APÚTULO VI CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL INTRODUÇÃO: Liberdade significa, em síntese, ausência de coação. Com esse conceito amplo, protege-se, neste capítulo, a faculdade do homem de agir ou não agir, querer ou não querer, fazer ou não fazer aquilo que decidir, sem constrangimento, prevalecendo a sua autodeterminação. Resguarda-se a liberdade de pensamento, a liberdade religiosa, a liberdade de trabalho, a liberdade política etc. Ninguém é obrigado a fazer ou deixa de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (CF, art. 5º, II). Obs. São delitos subsidiários (ou soldados de reserva), punidos apenas quando não associados com a prática de crimes mais graves, como ocorre, por exemplo, com o estupro, a extorsão simples, a extorsão mediante sequestro etc. SEÇÃO I DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL CONSTRANGIMENTO ILEGAL Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Aumento de pena § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência (concurso material art. 69) § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: (exclusão de tipicidade) I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; II - a coação exercida para impedir suicídio. 1- SUJEITOS DO CRIME: 14 S.A: Crime comum (não se exige qualidade ou condição especial do sujeito ativo) Obs. Se for funcionário público no exercício de suas funções havendo o constrangimento ilegal estaremos diante do delito previsto no art. 350 do CP ou do abuso de autoridade (Lei 4.898/65). Qualquer pessoa capaz de decidir sobre os seus atos pode ser vítima (excluem-se, assim, os menores de pouca idade, os louco, os embriagados etc.) S.P: Qualquer pessoa. 2- CONDUTA: O verbo nuclear é constranger: ``O constrangimento aqui previsto é a coação ilegal imposta à liberdade moral ou psíquica de alguém para que não faça o que a lei permite ou faça o que ela não manda, pouco importando que o ato exigido da vítima importe, ou não, em uma prática delituosa´´ (Bento de Faria). Obs. Atenção a violência exigida pode ser a ``violência imprópria´´: A físico-moral, que produz um estado fisiopsíquico, o qual tolhe a defesa do sujeito passivo, como também a violência fisiopsíquico (ação de narcótico, anestésicos, álcool e mesmo da hipnose). Obs. Para que haja constrangimento ilegal é necessário que seja ilegítima a pretensão do sujeito ativo, ou seja, que o sujeito ativo não tenha o direito de exigir da vítima determinado comportamento – porque se tiver o direito estará incurso no crime de exercício arbitrário das próprias razões. 3- VOLUNTARIEDADE Quanto ao tipo subjetivo, o dispositivo exige a presença do dolo (direto ou eventual), Inexistindo forma culposa. 4- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Só existe a conduta dolosa. Caso tenha objetivo econômico passaremos ao crime de extorsão. (Art. 158 do CP). É delito material. Consuma-se no momento em que a vítima faz ou deixa de fazer alguma coisa. E, tratando-se de delito material, em que pode haver fracionamento das fases de realização, admite a tentativa, desde que a vítima não realize o comportamento desejado pelo sujeito ativo por circunstâncias alheias a sua vontade. Crime plurissubsistente. 5- MAJORANTE DE PENA E CÚMULO MATERIAL: 15 Considerando a maior facilidade na execução do crime, majora a pena no caso de concurso de quatro pessoas, no mínimo, considerando-se, no computo legal, eventuais inimputáveis ou sujeitos não identificados. 6- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: a- Código Penal X Código de Defesa do Consumidor: Lei 8.072/90, art. 71. b- Código Penal X Lei da Tortura: Lei 9.455/97, art. 1º, I. c- Código Penal X Estatuto do Idoso: art. 107. AMEAÇAArt. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 1-CONSIDERAÇÕES INICIAIS: A ameaça, espécie de crime contra a liberdade individual, é a manifestação idônea da intenção de causar a alguém qualquer mal injusto e grave (não necessariamente um crime). Protege-se com o presente dispositivo a liberdade psíquica da vítima, uma vez que a ameaça tolhe ou de certa forma suprime durante certo período a livre manifestação de vontade da mesma, que sofre intimidação através do prenúncio da prática de mal injusto e grave por parte do agressor. Assim sendo, a ameaça atinge a liberdade interna da vítima, na medida de que a promessa de um mal gera temor na mesma que passa a não agir conforme a sua livre vontade, influenciando no animo do ameaçado, fazendo com que se sinta menos livre, ou até mesmo abstenha-se de fazer certas coisas que faria normalmente em seu cotidiano. SUJEITOS DO CRIME: S.A: Crime comum (não se exige qualidade ou condição especial do sujeito ativo) Obs. Se for funcionário público no exercício de suas funções havendo o constrangimento ilegal estaremos diante do delito previsto no art. 350 do CP ou do abuso de autoridade (art. 3º - Lei 4.898/65). Qualquer pessoa capaz de decidir sobre os seus atos pode ser vítima (excluem-se, assim, os menores de pouca idade, os louco, os embriagados etc.) S.P: Qualquer pessoa. 16 2- CONDUTA: Pode ser praticada de qualquer forma: Delito de execução livre (palavras, gestos ou qualquer outro meio simbólico). O mal injusto e grave são elementos normativos do tipo penal, sendo, dessa forma, requisitos legais que o mal prenunciado seja injusto e grave, pois, a sua ausência acarreta a atipicidade da conduta, ou seja, o fato não se amolda ao tipo penal. Importante destacar que o mal prometido deve ser por meio idôneo a causar intimidação, uma vez que o poder intimidatório da ameaça deve ser avaliado conforme as circunstancias pessoais da vítima (físicas ou psíquicas), ou seja, conforme menciona Fernando Capez, se eu disser a um lutador de boxe que vou lhe dar uma surra, no mínimo ele vai achar engraçado, ou seja não há um meio idôneo a lhe intimidar, diferente de apontar uma arma de fogo. 3- VOLUNTARIEDADE Quanto ao tipo subjetivo, o dispositivo exige a presença do dolo (direto ou eventual), Inexistindo forma culposa. 4- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Trata-se de delito formal. Consuma-se no momento em que a vítima toma conhecimento do mal prometido, independentemente da real intimidação, bastando capacidade para tanto. 5- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: A- Código Penal X Código de Defesa do Consumidor: Lei 8.072/90, art. 71. B- Ameaçar com finalidade política, o Presidente da República, do Senado, da Câmara dos Deputados e do STF constitui delito contra a Segurança Nacional (art. 28 da Lei 7.170/83). SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: Pena - reclusão, de um a três anos. § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005). II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias. IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005). 17 V - se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005). § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: Pena - reclusão, de dois a oito anos. 1-CONSIDERAÇÕES INICIAIS: Sequestro ou cárcere privado são formas de privar alguém de sua liberdade de locomoção, isto é, do livre arbítrio, da livre escolha que cada pessoa faz sobre o local em que deseja ficar ou o momento de locomover-se para outro diverso daquele em que se acha. O bem jurídico tutelado é a liberdade do indivíduo. 2-SUJEITOS DO CRIME: S.A: Crime comum (não se exige qualidade ou condição especial do sujeito ativo) 3- CONDUTA: A ação incriminada consiste na privação (total ou parcial) da liberdade de alguém. Pode ser praticada por ação ou omissão Ex. Omissão: Médico que não concede alta para paciente já corado. Obs. Tratando-se de bem disponível (liberdade de locomoção), o consentimento da vítima exclui o crime, desde que consciente e válido (se, durante a privação consentida, o ofendido, mudando de idéia, dissentir, deve ser colocado imediatamente em liberdade, sob pena de configurar o delito. Ex. Algemar mulher. Sequestro: espécie – não implica confinamento: (manter a pessoa em um sítio). Cárcere privado: Recinto fechado. 4- VOLUNTARIEDADE Quanto ao tipo subjetivo, o dispositivo exige a presença do dolo (direto ou eventual), 5- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Considera-se consumado o delito com a privação da liberdade do paciente. É crime de natureza permanente, ou seja, só com a devolução da liberdade da vítima cessa a sua perpetração. Obs. Não existe mais o crime sexual de rapto, fins libidinosos (Lei . 11.106/2005 – 219 e 220) Hoje é qualificadora do sequestro. 18 Obs. Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. Súmula: STJ: 711. 6- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: A- Segurança Nacional (art. 20 da Lei 7.170/83). REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003). Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003). § 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003). I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003). II - mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003). § 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003). I - contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003). II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) 191-CONSIDERAÇÕES INICIAIS: Obs. A doutrina dá ao crime de redução a condição de escravo o nome de ``plágio´´. Obs. Declaração Universal dos Direito do Homem (1948) ``Artigo IV: ``Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas´´. Obs. Competência, embora divergência doutrinária, Justiça Federal (109, VI, CF). É bom salientar que este crime é da competência da justiça federal, de acordo com o entendimento dos Tribunais Superiores. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. APLICAÇÃO DO ENUNCIADO DA SÚMULA 122, DESTA CORTE. RECURSO DESPROVIDO. I - Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime de redução a condição análoga à de escravo, pois qualquer violação ao homem trabalhador e ao sistema de órgãos e instituições que preservam, coletivamente, os direitos e deveres dos trabalhadores enquadra-se na categoria de crime contra a organização do trabalho, desde que praticada no contexto da relação de trabalho. 2-SUJEITOS DO CRIME: S.A e S.P: Crime comum (não se exige qualidade ou condição especial do sujeito ativo) 3- CONDUTA: O que o tipo pune é a escravização, de fato, da criatura humana, tornando-a submissa, reduzindo-a a condição de servo. Trata-se de sujeição de uma pessoa ao domínio de outra, como se fosse escravo. Cuidado: Delito de forma vinculada (não é livre), só podendo ser praticado por meio das seguintes condutas delituosas: (Lei n.º 10.803/2003). a- Submeter a vítima a trabalho forçado ou a jornada exaustiva b- Sujeitá-la a condições degradantes de trabalho c- Restringir, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto. d- Cercear o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. e- Manter vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apoderar de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. Obs. Caso o meio lançado para a submissão do sujeito passivo seja o sequestro, ficará este crime (art. 148) absorvido pelo 149 do CP. Obs. Para a configuração do delito não há necessidade de prática de maus-tratos ou sofrimento ao sujeito passivo (RT 39/386). 20 DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. REQUISITOS PARA CONFIGURAÇÃO DO CRIME DE REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO. Para configuração do delito de “redução a condição análoga à de escravo” (art. 149 do CP) – de competência da Justiça Federal – é desnecessária a restrição à liberdade de locomoção do trabalhador. De fato, a restrição à liberdade de locomoção do trabalhador é uma das formas de cometimento do delito, mas não é a única. Conforme se infere da redação do art. 149 do CP, o tipo penal prevê outras condutas que podem ofender o bem juridicamente tutelado, isto é, a liberdade de o indivíduo ir, vir e se autodeterminar, dentre elas submeter o sujeito passivo do delito a condições de trabalho degradantes, subumanas. Precedentes citados do STJ: AgRg no CC 105.026-MT, Terceira Seção, DJe 17/2/2011; CC 113.428-MG, Terceira Seção, DJe 1º/2/2011. Precedente citado do STF: Inq 3.412, Tribunal Pleno, DJe 12/11/2012. CC 127.937-GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 28/5/2014 Obs. A liberdade neste delito é indisponível (lembre-se, no sequestro e cárcere privado – art. 148 CP, é disponível). Luiz Regis Prado: ``O consentimento do ofendido é irrelevante. Não há exclusão do delito se o próprio sujeito passivo concorda com a inteira supressão de sua liberdade pessoal, já que isso importaria em anulação da personalidade. Somente seria cabível a exclusão da ilicitude da conduta se fosse o sujeito passivo o único titular do bem jurídico protegido e se pudesse livremente dele dispor. E isso não ocorre no delito em exame, já que o Direito não confere preferência à liberdade de atuação da vontade ante o desvalor da ação e do resultado da lesão ao bem jurídico. O estado de liberdade integra a personalidade do ser humano e a ordem jurídica não admite sua completa alienação´´(Tratado de Direito Penal Brasileiro, v. 4, p. 360). 4- VOLUNTARIEDADE Quanto ao tipo subjetivo, o dispositivo exige a presença do dolo (direto ou eventual). Não admite forma culposa. Obs. Recrutar trabalhadores - art. 207 CP. 5- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Trata-se de crime permanente (a consumação protrai-se no tempo), perdurando o delito enquanto houver pratica cerceadora da liberdade. A tentativa é perfeitamente possível em qualquer das figuras descritas no tipo. 6- AÇÃO PENAL Pública incondicionada. 21 SEÇÃO II CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder. § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência; II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser. § 4º - A expressão "casa" compreende: I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. § 5º - Não se compreendem na expressão "casa": I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. 1-CONSIDERAÇÕES INICIAIS: Não podemos jamais esquecer que a inviolabilidade domiciliar é direito fundamental do homem, segundo enuncia a própria Constituição Federal. Assim declara o art. 5º, XI: ``A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastres, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial´´ 2-SUJEITOS DO CRIME: S.A: Qualquer pessoa S.P: Quem tem o direito de admitir ou excluir alguém de sua casa. 22 Obs. Qualquer pessoa pode se sujeito ativo, inclusive o proprietário (locador) ao invadir a casa do inquilino (locatário), sem autorização deste (crime comum). Obs. Na hipótese de habitação familiar, a colidência de decisão será resolvida pela prevalência da vontade dos pais, mesmo que o imóvel seja de propriedade do filho menor. 3- CONDUTA A conduta consiste em entrar ou permanecer na casa alheia ou em suas dependências. Para haver PERMANÊNCIA é necessário que entrada tenha sido licita, permitida. Trata-se de crime de mera conduta, porque se protege o aspecto psicológico de quem mora na casa, e não a casa em si. O nome “casa” também abrange escritórios, consultórios (local de trabalho), local onde se exerce o animus domicili, como saveiros, barcosou quartinhos. Segundo Fernando Capez, no Curso de Direito Penal - Volume 2, 2ª Ed., Ed. Saraiva, pag. 304, "A entrada ou permanência, segundo o dispositivo legal, deve dar-se em casa alheia ou em suas dependências. O parágrafo 4º esclarece o que se entende por "casa": a) Qualquer compartimento habitado (inciso I): cuida-se do apartamento, casa, barraca de campo, barracos da favela. Importa notar que não se compreende aqui apenas a coisa imóvel, mas também a móvel destinada à moradia (p. ex., trailers, iate, etc.). A jurisprudência não agasalha no conceito de “casa” – a boléia do caminhão ou os locais usados por mendigos para dormir em calçadas ou locais públicos. O STF entende que não há crime na entrada do amante da esposa infiel no lar conjugal, com o consentimento daquela e na ausência do marido, para fins amorosos (RTJ, 47/734). 4- VOLUNTARIEDADE Presença do dolo. Obs. Não pratica o crime o ébrio que ingressa descuidadamente; o fugitivo que busca proteger-se; o condómino que, distraidamente, erra de porta e invade domicilio alheio (erro de tipo). 5- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA O delito é de mera conduta (não há a previsão de resultado naturalístico) (Transeunte). Admite tentativa: doutrina. Modalidade de ingressar. 23 SEÇÃO III DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA Em regra, os crimes trazidos por esta seção são subsidiários, é dizer, se meio para fim outro (também criminoso), desaparecem, ficando apenas o delito mais grave (ex. violar correspondência para apoderar-se dos valores nela acondicionados subsume o fato no disposto no art. 155 do CP). VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA Faz-se necessário evidenciar o que dispõe a nossa Constituição de 1988, em seu artigo 5º, XII: "É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal". Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Sonegação ou destruição de correspondência § 1º - Na mesma pena incorre: I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói; Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas; III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior; IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de disposição legal. § 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem. § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico: Pena - detenção, de um a três anos. § 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. 1-CONSIDERAÇÕES INICIAIS: O caput do art. 151 foi tacitamente revogado pelo art. 40 da Lei 6.538/78, que trata das infrações contra o serviço postal e o serviço de telegrama (Ação pública incondicionada). 24 2-SUJEITOS DO CRIME Trata-se de crime comum, não se exigindo qualquer condição (ou qualidade) especial do agente. S.P. O remetente e o destinatário quando recebe a correspondência. Obs. O marido que lê a correspondência da mulher não pratica o crime, trata-se e interesse comum. (Damásio e Hungria) Guilherme de Souza Nucci: ``Logicamente, se os filhos forem maiores, civilmente capazes, ainda morando com os pais, não há o menor cabimento em sustentar a possibilidade de violação da correspondência a eles destinada. Entretanto, o filho menor que, de algum modo, ainda dependa dos pais pode ter a sua correspondência por eles violada. Trata-se de uma decorrência natural do pátrio poder – exercício regular de direito´´ 3- CONDUTA: Pune-se a conduta daquele que, por qualquer meio (abertura do invólucro, uso da luz etc) devassa (toma conhecimento), indevidamente, o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem. Obs. A lei de falência e Recuperação judicial (Lei 11.101/05) art. 22, III, d, autoriza a abertura pelo síndico, de correspondência. Obs. Violação pelo diretor prisional (Segurança pública) Obs. Abertura autoridade policial, art. 240, § 1º, f CPP (quando haja suspeita). Obs. Curador do interditado. – incapacidade absoluta. 4- VOLUNTARIEDADE DOLO. Não permite de forma culposa. 5- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: Delito material. Admite tentativa: Crime plurissubsistente. CORRESPONDÊNCIA COMERCIAL Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo: Pena - detenção, de três meses a dois anos. Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 25 1-SUJEITO: CRIME PRÓPRIO: Sócio ou empregado do estabelecimento comercial ou industrial. 2- AÇÃO PENAL: Condicionada à representação. SEÇÃO IV DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS Explica Bitencourt: ``Após tutelar a liberdade sob o aspecto da inviolabilidade da correspondência, neta seção, o Código Penal de 1940 continua protegendo a liberdade, agora sob o aspecto dos segredos e confidência. A proteção da liberdade não seria completa se não fosse assegurado ao indivíduo o direito de manter em sigilo determinados atos, fatos ou aspectos de sua vida particular e profissional, cuja divulgação possa produzir dano pessoal o ao terceiro´´ DIVULGAÇÃO DE SEGREDO Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º Somente se procede mediante representação. § 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 2º Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incondicionada. 1-CONSIDERAÇÃO INICIAL: Tutela a liberdade individual – conservação de segredos (detalhes íntimos da vida do indivíduo). 2- SUJEITOS DO DELITO: Crime próprio: somente o destinatário ou o detentor do documento particular ou de correspondência confidencial pode figurar como agente do delito. 26 Obs. Se a divulgação é feita pelo detentor, não importa se a posse é legitima ou ilegítima. Sujeito Passivo: É todo aquele que, direta ou indiretamente, tenha interesse na conservação do segredo. Poderá ser o remetente, destinatário ou outra pessoa (que não o autor do documento ou o receptor). 3- CONDUTA: Ação de divulgar – sem justa causa, segredo. Noronha: ``Qualquer meio pode produzi-la: imprensa, rádio, televisão, exposição ao público, transmissão oral a uma plateia ou assistência etc.; enfim, sempre que houver comunicaçãoa numerosas e indeterminadas pessoas´´ Obs. Não basta que a carta contenha ``CONFIDENCIAL´´ deve existir prejuízos reais (motivo econômico ou moral). Obs. São objetos materiais do crime somente os documentos escritos, de natureza particular ou confidencial, estando excluída a divulgação de mistério verbal´´ 4- VOLUNTARIEDADE: Dolo, somente. § 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública. Obs. O delito não se confunde com o previsto no art. 325 CP: (violação de sigilo profissional). (Necessariamente servidor público) Crime comum. Vítima o Estado. VIOLAÇÃO DE SEGREDO PROFISSIONAL Art. 154: Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem. 1-CONSIDERAÇÃO INICIAL: Segue-se tutelando o direito à liberdade individual voltada `inviolabilidade´ dos segredos, agora profissional. 2- SUJEITOS DO DELITO: Crime Próprio: Exigindo do agente a condição especial relacionada ao exercício das atividades descritas no tipo (fiel depositário do segredo). 27 Sujeito Ativo é toda pessoa que, em razão de função, ministério, ofício, ou profissão, divulgar, de qualquer maneira, segredo de que tenha conhecimento. 3- CONDUTA: A ação típica consiste em revelar, sem justa causa, segredo de que o agente teve conhecimento em razão de funções, ministério, ofício ou profissão. O fato sigiloso pode, por exemplo, surgir no curso de uma consulta médica. Não há necessidade de vinculo preexistente. Ação de divulgar – sem justa causa, segredo. --- Encargo recebido por lei, decisão judicial ou contrato (tutor, curador, inventariante, síndico, diretores de escola, hospitais ou empresas). --- Ministério: (padre, freira, missionário, assistente social) --- Ofício: atividade remunerada – mecânica ou manual: sapateiro, cabelereiro, costureiro. --- Profissão: é a atividade remunerada, exercida com habitualidade, via de regra de cunho intelectual. Obs. Exige-se que o segredo seja revelado sem justa causa: a- Art. 269 CP: obrigação do médico, sob pena de punção, comunicar à autoridade a ocorrência de moléstia contagiosa confidenciada no exercício da profissão. Obs. A lei considera tão grande importância o sigilo profissional que protege a sua inviolabilidade, excluindo o profissional da obrigação de depor, o que é dever de todo cidadão (art. 206, 207 CPP). 4- VOLUNTARIEDADE: Dolo, somente. Consciência e vontade de revelar o segredo. 5- CONSUMAÇÃO: Trata-se de crime formal. O prejuízo a terceiro é exaurimento do crime. 6- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: Código Penal x Lei de Segurança Nacional Revelar segredo obtido em razão de cargo, emprego ou função pública, relativamente a planos, ações ou operações militares ou policiais contra rebeldes ou revolucionários é crime punido no art. 21 da Lei 7.170/83- Segurança Nacional. INVASÃO DE DISPOSITIVO INFORMÁTICO Art. 154-A ``Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. 28 Ver parágrafos. 1-CONSIDERAÇÃO INICIAL: A lei 12.737/2012, tipificou como crime a invasão de dispositivo informático, criminalização fomentado pelo episódio que vitimou a atriz Ca. Dickmann, que teve seu computador invadido e seus arquivos pessoais subtraídos, vendo expostas suas fotos íntimas na rede mundial de computadores. O objeto jurídico do crime é a privacidade individual e /ou profissional, resguardada (armazenada) em dispositivo informático, desdobramento lógico dos direitos fundamentais assegurados no art. 5º, X, CF 88 - ``são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação´´ 2- SUJEITOS DO DELITO: Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito, não se exigindo qualidade ou condição especial do seu agente. Também qualquer pessoa pode assegurar como vítima. 3- CONDUTA: Pune-se a invasão de dispositivo informático alheio, mediante violação indevida de mecanismo de segurança ou instalação de vulnerabilidade. Por dispositivo eletrônico entende-se qualquer aparelho: notebook, netbook, tablete, ipad, iphone, Smartphone, pendrive. É indiferente o fato de o dispositivo estar ou não conectado à rede interna ou externa de computadores. Duas formas de agir: a- A agente vence os obstáculos de proteção do dispositivo (senha, chave de acesso, chave de segurança, mecanismo de criptografia, assinatura digital etc), para obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização do titular do dispositivo. Obs. A ausência de dispositivo de segurança, ou o seu não acionamento, impede a configuração típica: Neste sentido, explica Bitencourt: ``...Em outros termos, qualquer outra violação que não se refira a ``mecanismo de segurança´´, não tipificará a conduta descrita no caput que ora examinaremos. Ou seja, ainda que haja a violação ou invasão ``de dispositivo informático alheio conectado ou não a rede de computadores´´ se não houver ``mecanismo de segurança´´ (ou caso haja, não estando acionado) que seja violado, a conduta não se adequará a esta descrição típica...´´ 29 b- Na segunda conduta o cibercriminoso instala no dispositivo vulnerabilidades (brechas no sistema computacional – conhecidas como bugs ou worms, para espalhar software malicioso. 4- VOLUNTARIEDADE: Dolo, consiste na vontade consciente de invadir dispositivo informático alheio, mediante violação indevida de mecanismo de segurança ou de instalar no mesmo vulnerabilidades, tornando-o desprotegido, facilmente sujeito a violações. O tipo prevê ELEMENTOS SUBJETIVOS ESPECÍFICOS: ``com o fim de´´: adulterar ou destruir dados ou informações e para obter vantagem ilícita (ausente essas finalidades especiais, o fato passa a ser um indiferente penal). Se o agente invade o computador da vítima para descobrir a senha e subtrair valores de sua conta bancária pratica qual crime ? Comete furto (mediante fraude), ficando a invasão absorvida (Princípio da Consunção). 5- CONSUMAÇÃO: Trata-se de crime formal (consumação antecipada). 6- QUALIFICADORA: O § 3º, punido com reclusão, de seis meses a dois anos, e multa, qualifica o delito: a- Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicação eletrônica privada (e- mail, por exemplo), segredos comerciais ou industriais (formulas, projetos etc.) informações sigilosas, assim definidas em lei (norma penal em branco). b- Se da invasão resultar o controle remoto não autorizado do dispositivo: Após invadir o agente instala um programa para acesso e controle remoto do dispositivo, sem autorização da vítima. 7- MAJORANTE: Nos termos do §2º, aumenta-se a pena de 1/6 a 1/3 se da invasão resultar prejuízo econômico para vítima. Nos termos do §4, aumenta-se a pena de 1/3 a 2/3 se houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiros, a qualquer título, dos dados ou informações obtidas. 8- AÇÃO PENALVer art. 154-B 30 TITULO II DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO CAPÍTULO I – DO FURTO FURTO Art. 155: ``Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel´´ 1-CONSIDERAÇÃO INICIAL: O objeto da tutela penal é bastante discutido na doutrina. Hungria: protege-se somente a propriedade. Noronha: inclui a proteção também da posse. Delmanto e Fragoso e Rogério Sanches Cunha: Propriedade, posse e detenção legítima. No caput, em razão da pena cominada, permite a Suspensão Condicional do Processo para o furto simples, desde que não incida a majorante. 2- SUJEITOS DO DELITO: Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito, não se exigindo qualidade ou condição especial do seu agente, salvo o proprietário. Obs. Que crime pratica o dono da coisa que subtrai da posse legítima de alguém ? Para maioria haverá o exercício arbitrário das próprias razões – art. 345, 346 CP Obs. O funcionário Público que subtrai ou facilita para que seja subtraído bem público ou particular que se encontra sob a guarda ou custódia da Administração Pública, valendo-se da qualidade de agente público (facilidade proporcionada pelo cargo), pratica o crime de peculato – art.312, §1º CP. Obs. Subtrai condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém a coisa comum, configura o crime do art. 156 CP. Sujeito Passivo: Qualquer pessoa. 3- CONDUTA: Apoderar-se o agente, para si ou para outrem, de coisa alheia móvel, tirando-a de quem a detém. Pode ser direto: apreensão manual. Pode ser indireto: valendo-se de interposta pessoa ou até mesmo de animal. OBJETO: Coisa econômica – O interesse apenas moral não tipifica o crime. 31 Nucci: ``...Não se pode conceber seja possível de subtração, penalmente punível, por exemplo, uma caixinha de fósforos vazia, desgastada, que a vítima possui somente porque que lhe foi dada por uma namorada, no passado, símbolo de um amos antigo... a dor moral causado no ofendido deve ser resolvida na esfera civil...´´ Obs. O ser humano vivo não pode ser objeto material do furto. O cadáver, em regra, também não, salvo se pertencer a alguém, destacado com alguma finalidade específica – Universidades. Obs. A remoção de tecidos, órgãos ou parte do corpo de pessoa ou cadáver em desacordo com a legislação legal pode configurar o crime do art. 14 da Lei 9.434/97 – Lei de Transplante de Órgãos. Obs. Coisa alheia, coisa de ninguém (coisa que nunca teve dono), coisa abandonada não pode ser objeto material do delito. Obs. Coisa perdida: Crime de apropriação indébita de coisa achada – art. 169, parágrafo único, II, CP. Obs. Coisa móvel: Difere do Civil: No penal basta que a coisa possa ser transportada de um lugar para o outro. No Civil: Navios, aeronaves os materiais separados provisoriamente de um prédio são imóveis. A subtração de objetos deixados dentro de uma sepultura configura o crime ? Para alguns configura o crime do art. 210, 211 CP, inexistindo furto, uma vez que os objetos materiais não pertencem a ``alguém´´ (RT 608/305). Para outros o delito é furto (RT 598/313). Obs. Subtrair, por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre, calamidade, aparelhos, materiais ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento, pratica o crime do art. 257 CP 4- VOLUNTARIEDADE: É O DOLO – Deve ter a intenção de não devolver a coisa a vítima. Se a intenção é devolver: furto de uso, um indiferente penal. Furto Famélico: A jurisprudência tem reconhecido o estado de necessidade – art. 24 CP. 5- CONSUMAÇÃO: Amotio: (apprehensio): dá-se a consumação quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que num curto espaço de tempo, independentemente do deslocamento ou posse mansa e pacífica. STF e STJ – 32 Hungria destaca circunstancias em que o furto deve ser considerado perfeito mesmo que a res furtiva permaneça no âmbito pessoal ou profissional da vítima. Ex. Funcionário que pega uma joia da patroa e esconde dentro da residência para levar em outro momento. O Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal acolhem a teoria da “apprehensio” para definir o momento da consumação do crime de roubo, conforme é possível constatar no trecho destacado abaixo: No que se refere à consumação do crime de roubo, esta Corte e o Supremo Tribunal Federal adotam a teoria da apprehensio, também denominada de amotio, segundo a qual considera-se consumado o mencionado delito no momento em que o agente obtém a posse da res furtiva, ainda que não seja mansa e pacífica e/ou haja perseguição policial, sendo prescindível que o objeto do crime saia da esfera de vigilância da vítima. (STJ. HC 158.888/SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 16.09.2010, DJ 11/10/2010). Esse entendimento jurisprudencial é majoritário, mas não o único, porque boa parte da doutrina entende que a consumação do furto e do roubo somente acontece quando o agente tem a posse mansa e pacífica da “res furtiva”. 6- MAJORANTE DO REPOUSO NOTURNO: O §1º do art. 155: aumenta a pena de 1/3 se o crime é praticado durante o repouso noturno. Não há critério fixo para configuração de repouso noturno. Ex. repouso noturno às 21 horas no centro de São Paulo. 7- FURTO PRIVILEGIADO (§ 2º) STF e STJ não admitiam a combinação do privilegio com a qualificadora. Os Tribunais Superiores mudaram seu posicionamento, admitindo a combinação. HC. 96.843, Relatora Ministra Ellen Gracie, 2º Turma, DJe de 24/04/2009. HC 101.256, Relator Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, DJe de 14/09/2011. 7- CLÁUSULA DE EQUIPARAÇÃO Energia elétrica. Sinal de Televisão a cabo: Divergências: STF HC 97261/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.04.2011.: Atipicidade da conduta. 8- QUALIFICADORAS (§ 4º e 5º) Inciso I: Destruição ou rompimento do obstáculo Fechaduras, cadeados, cofres ---- muros, tetos, portas, janelas etc., que dificultem a subtração da coisa visada pelo agente. 33 Obs. O obstáculo deve ser exterior à coisa subtraída. Se a violência for exercida contra o próprio objeto em incide a qualificadora. Obs. Há divergências sobre a ligação direta em veículo. Parte da doutrina entende que configura a qualificadora. Inciso II: Abuso e confiança: Exige-se relação de confiança. Lealdade ou fidelidade. Exclui as relações de emprego ou de hospitalidade (RT: 571/391). Exige-se a facilidade decorrente da confiança. Se o agente pratica o furto de uma maneira que qualquer outra pessoa possa fazer não haverá a qualificadora. Inciso II: Fraude (inciso II, segunda parte): Meio enganoso, capaz de iludir a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na subtração. Ex. O sujeito que fantasia ser funcionário da empresa para penetrar na residência da vítima. Obs. Não confunda com estelionato: O furto mediante fraude visa a diminuir a vigilância da vítima e possibilitar a subtração. O bem é retirado sem que a vítima perceba. No estelionato, a fraude visa a fazer com que a vítima incida em erro e entregue espontaneamente o objeto ao agente. Obs. Os Tribunais: Configura o furto e não estelionato 1- Agente que, a pretexto de auxiliar a vítima a operar caixa eletrônico, apossa-se de seu cartão magnético, trocando-o por outro (RJDTACRIM 33/132). 2- Simula compra de motocicleta e leva embora (RT 736/640). IncisoII: Escalada (inciso II, 3º hipótese). Uso de via anormal. Inclui também a penetração via subterrânea. Exige-se que seja fruto de um esforça incomum. Não bastando a mera transposição de obstáculo facilmente vencível (Ex. muro baixo) Rogério Cunha: imprescindível a perícia. Inciso II: Destreza (inciso II, 4º parte): Habilidade física ou manual, pratica o crime sem que a vítima perceba que esta sendo despojada de seus bens. (Ex. batedores de carteira) Obs. Analisar sob a ótima da vítima e não de terceiros (Ex. pessoas idosas) Inciso III (Chave falsa): É todo instrumento, com ou sem forma de chave, utilizado para abrir fechadura. 34 (grampos, pregos etc.) Ligação direta não é chave falsa, podendo configurar a qualificadora do rompimento de obstáculos (RJDTACRIM 19/110) Inciso IV Concurso de pessoas: Art. 29 CP Para reconhecimento da majorante basta o art. 29, caput, do Código Penal. ``Quem, de qualquer modo, concorre para o crime, incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade´´. --participação moral ou real Obs. A circunstância de ser um dos comparsas inimputáveis não faz desaparecer a qualificadora (RT 545/402). Obs. Já decidiu o STF que se o crime for cometido por associação criminosa (antigo quadrilha ou bando) art. 288 CP, a incidência da qualificadora não acarreta o bis in idem a condenação por crime de formação de quadrilha e furto qualificado pelo concurso de agentes, ante a autonomia e independência dos delitos. (HC 123.932/SP, rel. Min. Eros Grau, 08.04.2008). Desproporcionalidade: Furto: qualificadora da pena: Concurso de agentes: 1 a 4 --- 2 a 8 Roubo (crime mais grave) 4 a 10 anos: aumenta 1/3 a ½ Súmula: 442 STJ ``É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo´´. Furto de veículo automotor (§ 5º): Pena mínima de 3 a 8 anos Pune-se aquele que concorreu, de qualquer modo, para o crime patrimonial, sabendo que a intenção era o transporte de veículo para outro Estado ou país. A pessoa contratada apenas para o transporte, não tendo qualquer participação no delito anterior (quer material quer moral), responde somente por receptação ou favorecimento real, a depender do caso. Para a configuração da qualificadora não basta que o delito seja de veículo automotor. É indispensável que seu destino seja outro Estado ou o exterior. Obs. Se o agente conseguiu consumar o delito de furto e foi detido antes de chegar a outro Estado ou país, responderá por furto simples ou qualificado por uma das hipóteses do § 4º, 35 mas não por tentativa de furto qualificado pelo § 5º, porque não se pode cogitar de tentativa em uma hipótese em que a subtração já se consumou. Obs. E o Distrito Federal ? STJ não inclui: HC 154.051 –DF Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 04/12/2012). Fundamento: Principio da Legalidade – inadmissível analogia ``in malam partem´´. Ação Penal: Pública incondicionada, exceto: 181 do CP 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime. III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. FURTO DE COISA COMUM Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1º - Somente se procede mediante representação. § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. 36 1-CONSIDERAÇÃO INICIAL Este artigo traz a forma menos grave do delito de furto, um furto especial. O objeto jurídico continua sendo o mesmo (propriedade, posse ou detenção), mudando a qualidade da coisa subtraída (objeto material), agora não mais alheia, e sim comum, pertence a várias pessoas, dentre elas o próprio sujeito ativo. 2- SUJEITOS DO CRIME Crime próprio, isto porque só pode ser praticado pelo condômino, coerdeiro ou sócio. Obs. O sócio de fato pode cometer o delito ? Damásio de Jesus: ``Para nos, como a lei apenas fala em `sócio´, não fazendo qualquer distinção quanto à sua natureza, é irrelevante se a sociedade seja legalmente constituída ou de fato´´ 3- CONDUTA A conduta punida continua a mesma do crime anterior (apoderar-se), recaindo, agora, sobre coisa comum. O bem visado pelo agente deve estar na legítima posse de outrem (condômino, coerdeiro ou sócio ou de terceiro). § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. Fungível: que pode ser substituída por outra do mesma espécie, quantidade e qualidade (art. 85 CC), a subtração será impunível, desde que não exceda a quota do agente. 4-VOLUNTARIEDADE É punido a título de dolo. 5-CONSUMAÇÃO O momento da consumação é divergente. Teoria Amotio (apprehensio). É admitido a tentativa. 6-AÇÃO PENAL Art. 156, §1º CP 37 DO ROUBO E DA EXTORSÃO - CAPÍTULO II ROUBO Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. §3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. 1-CONSIDERAÇÃO INICIAL É crime complexo: reunião do crime de Furto- art. 155 CP e Constrangimento Ilegal- art. 146 CP. Tutelam o patrimônio e a liberdade individual da vítima. A Lei 8.072/90, art. 1º, inciso II, classifica como hediondo o latrocínio, tipificado no art. 157, § 3º, in fine. 2-SUJEITOS DO CRIME Comum: podendo ser praticado por qualquer pessoa, menos o proprietário do objeto (praticando violência ou grave ameaça visando recuperar coisa
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