Buscar

Apostila - 3 ano - Terceiro Bimestre - art. 137 a 169

Prévia do material em texto

Prof. Flávio H. Franco de Oliveira – e-mail: flaviofranco@unipar.br 
Direito Penal – Parte Especial 
 1 
 
CAPÍTULO IV 
DA RIXA 
 
RIXA 
 
No Capítulo IV pune-se apenas um delito 
 Rixa: briga (luta – contenda) perigosa entre mais de 2 pessoas - (3 –mínimo) 
Agindo cada uma por sua conta em risco, acompanhada de vias de fato ou violências 
recíprocas. 
 Com a utilização ou não de armas 
Art. 137: Participar de rixa, salvo para separar os contendores. 
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa. 
 
Parágrafo único: Se ocorrer morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo 
fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
 
1-CONSIDERAÇÃO INICIAL 
 
Apesar da rixa ameaçar e perturbar a ordem e a paz pública, não são esses os bens 
diretamente protegidos pelo tipo penal de rixa. 
Bem jurídico protegido: Incolumidade – física e mental da pessoa humana 
 
2- SUJEITO DO CRIME: 
 
S.A: Crime comum. 
Obs. Sui generis: O sujeito ativo é ao mesmo tempo sujeito passivo, em virtude das 
mútuas agressões. 
 
``O delito de rixa pode ser praticado por qualquer pessoa, independentemente do sexo 
ou idade, não se exigindo, portanto, qualquer qualidade ou condição especial pelo tipo 
penal´´ (Rogério Greco) 
 
Obs. Trata-se de crime de concurso necessário (plurisubjetivo), cuja configuração 
exige a participação de, no mínimo, três contendores, computando-se, nesse 
numero, eventuais inimputáveis, pessoas não identificadas ou que tenham 
morrido durante a briga (RT 584/420) 
 
3- CONDUTA: 
Participar do tumulto. 
Obs. O local onde é praticado a batalha generalizada é irrelevante. 
 
Obs. Não haverá rixa quando possível definir, no caso concreto, dois grupos contrários 
lutando entre si. Nessa hipótese, os integrantes de cada grupo serão responsabilizados 
pelas lesões corporais causadas nos integrantes do grupo contrário (RT 548/378) 
 
4- VOLUNTARIEDADE 
 
É o dolo de perigo (direto ou eventual), consistente na vontade consciente de tomar 
parte na briga. 
2 
 
 Não admite conduta culposa. 
 
5- QUALIFICADORA 
 
Autonomia: a rixa é punida por si mesma, independentemente do resultado agravador 
(morte ou lesão grave), o qual, se ocorrer, somente qualifica o crime para o causador 
do resultado mais grave. 
 
 6- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
 Crime de perigo presumido (abstrato) 
 
 Unisubsistente: não admite fracionamento da execução (tentativa) 
 
7- AÇÃO PENAL: 
 
Pública – incondicionada. 
 
8- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE 
 
Código Penal e Estatuto do Torcedor 
Art. 41-B da Lei 10.671/03 pune a conduta de promover tumulto, praticar ou incitar a 
violência, ou invadir local restrito aos competidores em eventos esportivos com 
reclusão de um a dois anos. 
 
3º bimestre. 
 
CAPÍTULO V 
DOS CRIMES CONTRA A HONRA 
 
1-INTRODUÇÃO 
 
No presente capítulo – Dos crimes contra a honra – trabalha-se com três figuras delituosas 
 
Calúnia – Injúria – Difamação 
 
``Caluniar é falsamente imputar a alguém fato definido como crime´´ 
``Difamar é imputar a alguém fato não criminoso, porém ofensivo a sua reputação´´ 
``Injuriar, ao inverso do que se sucede na calúnia e difamação, não é imputar fato 
determinado, mas sim atribuir qualidades negativas ou defeitos´´ 
 
A) Honra Objetiva: Relacionada com a reputação e a boa fama que o indivíduo desfruta no 
meio social em que vive. Calunia e Difamação atribui-se FATO, há ofensa a honra objetiva. 
 
B) Honra subjetiva: Relacionada a dignidade e decoro pessoal da vítima (estima própria). 
Injuria há ofensa a honra subjetiva – pois atribui-se ao ofendido ``qualidade´´ negativa. 
 
 CONDUTA HONRA OFENDIDA 
CALÚNIA – art. 138 Imputar determinado fato 
definido como crime, 
Honra Objetiva 
3 
 
sabidamente falso. 
DIFAMAÇÃO – art. 139 Imputar determinado fato 
não criminoso, porém 
desonroso, não importando 
se verdadeiro ou falso. 
Honra Objetiva 
INJÚRIA- art. 140 Atribuir qualidade negativa Honra Subjetiva 
 
 CALÚNIA 
 
Art. 138: Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. 
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. 
Exceção da verdade 
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi 
condenado por sentença irrecorrível; 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por 
sentença irrecorrível. 
 
1-CONSIDERAÇÃO INICIAIS 
 
Protege-se, no caso, a honra objetiva da vítima, isto é, sua reputação perante 
terceiros. 
 
2- SUJEITO DO CRIME: 
 
S.A: Crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa). 
 
Obs. Não pode ser sujeitos ativos pessoas que desfrutam de inviolabilidade 
(senadores, deputados, vereadores –nos limites do município em que exerçam). 
 
 
EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. IMUNIDADE 
PARLAMENTAR MATERIAL. MANIFESTAÇÕES DIFUNDIDAS NO INTERIOR 
DO PLENÁRIO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA. INEXISTÊNCIA DE DEVER 
DE REPARAÇÃO CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO. JUÍZO 
DE ORIGEM. AGRAVO DESPROVIDO. 1. A imunidade parlamentar material que 
confere inviolabilidade na esfera civil e penal a opiniões, palavras e votos 
manifestados pelo congressista (CF, art. 53, caput) incide de forma absoluta quanto às 
declarações proferidas no recinto do Parlamento. 2. In casu, a manifestação 
alegadamente danosa praticada pela ré foi proferida nas dependências da Assembleia 
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Assim, para que incida a proteção da 
imunidade, não se faz necessário indagar sobre a presença de vínculo entre o conteúdo 
do ato praticado e a função pública parlamentar exercida pela agravada, pois a 
hipótese está acobertada pelo manto da inviolabilidade de maneira absoluta. (...)4. 
Agravo regimental a que se nega provimento para manter o provimento do recurso 
extraordinário. 
4 
 
(RE 576074 AgR, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 
26/04/2011, DJe-098 DIVULG 24-05-2011 PUBLIC 25-05-2011 EMENT VOL-
02529-02 PP-00423) 
 
Obs. Os advogados – art. 7º, § 2º, OAB, não são imunes do delito de calúnia, a 
inviolabilidade é apenas para injuria e difamação, desde que cometidos no exercício 
regular da atividade. 
 
Obs. Os menores e loucos podem ser S.P 
 
Obs. Noronha não concorda. Diz ainda que não é S.P os menores de 18 anos, pois não 
praticam crime. 
 
Obs. Pessoa jurídica: Doutrina diverge. 
 
S.P. : qualquer pessoa. 
 
O desonrado pode ser vítima de calúnia ? 
Nem mesmo a pessoa mais degradante na escala social encontra-se completamente 
despojada do amor próprio, ou deixa de ter direito de amor próprio. 
 
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. 
 
Seus parentes será o S.P – art. 30 e 31 CPP 
 
A autocalúnia é punida ? 
Auto acusação falsa – art. 341 CP 
 
3- CONDUTA: 
Imputar a alguém, implícita ou explicitamente, mesmo que de forma reflexa, 
determinado fato criminoso, sabidamente falso. 
Obs. Falsa imputação de contravenção penal não caracteriza crime de calúnia, e sim 
difamação. 
 
Pacificou o entendimento de que a honra é bem disponível: Consentimento da 
vítima exclui o dolo. 
 
4- VOLUNTARIEDADE 
 
É o dolo de dano, consiste na vontade de ofender, denegrir a honra da vítima. (direto 
ou eventual). 
 
 Não admiteconduta culposa. 
 
 5- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
Consuma-se no momento que terceiro toma conhecimento da imputação criminosa 
feito à vítima. 
 
 Trata-se de delito formal. 
5 
 
Tentativa somente quando praticada por escrito (RT 459/396). 
 
6- EXCEÇÃO DA VERDADE 
 
Em defesa da moralidade pública o Código admite a exceção da verdade - provado a 
verdade da imputação – atipicidade da conduta. 
 Salvo: I- § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: 
 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi 
condenado por sentença irrecorrível; 
 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; 
(Presidente da República e ou chefe de governo estrangeiro) - razões políticas e 
diplomáticas. 
 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por 
sentença irrecorrível. 
 
7- EXCEÇÃO DE NOTORIEDADE: 
 
Consiste na faculdade do réu (querelado) de demonstrar que suas afirmações são do 
domínio público. É admitido tanto no crime de calunia como na difamação. 
Ex. dizer que determinada pessoa sai com travesti, noticia pública. 
 
8- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: 
Código Penal X Lei de Segurança Nacional (Calunia contra Presidente da República, 
Senado, Câmara dos Deputados e STF, praticada com motivação política, configura o 
delito contra a Segurança Nacional). Art. 26 Lei 7.170/83. 
 
DIFAMAÇÃO 
 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Exceção da verdade 
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário 
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 
 
1-CONSIDERAÇÃO INICIAIS 
 
Protege-se, no caso, a honra objetiva da vítima, isto é, sua reputação perante 
terceiros. 
 
2- SUJEITO DO CRIME: 
 
S.A: Crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa). 
 
Obs. Não pode ser sujeitos ativos pessoas que desfrutam de inviolabilidade 
(senadores, deputados, vereadores –nos limites do município em que exerçam). 
6 
 
Obs. Os advogados – art. 7º, § 2º, OAB, não são imunes do delito de calúnia, a 
inviolabilidade é apenas para injuria e difamação, desde que cometidos no exercício 
regular da atividade. 
 
Obs. Os menores e loucos podem ser S.P 
 
Obs. Noronha não concorda. Diz ainda que não é S.P os menores de 18 anos, pois não 
praticam crime. 
 
Obs. Pessoa jurídica: Doutrina diverge. 
 
S.P. : qualquer pessoa. 
 
O desonrado pode ser vítima de difamação ? 
Nem mesmo a pessoa mais degradante na escala social encontra-se completamente 
despojada do amor próprio, ou deixa de ter direito de amor próprio. 
 
3- CONDUTA: 
Imputar a alguém, implícita ou explicitamente, mesmo que de forma reflexa, 
determinado fato ofensivo a sua reputação. 
Obs. Falsa imputação de contravenção penal não caracteriza crime de calúnia, e sim 
difamação. 
 
Pacificou o entendimento de que a honra é bem disponível: Consentimento da 
vítima exclui o dolo. 
 
4- VOLUNTARIEDADE 
 
É o dolo de dano, consiste na vontade de ofender, denegrir a honra da vítima. 
 
 Não admite conduta culposa. 
 
 5- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
Consuma-se no momento que terceiro (ainda que um só) toma conhecimento da 
imputação desonrosa. 
 
 Trata-se de delito formal. 
 
 Tentativa somente quando praticada por escrito. 
 
6- EXCEÇÃO DA VERDADE 
 
A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público (art. 327 
do Código Penal), e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções (art.139, parágrafo 
único). – Exclui a ilicitude. (a tipicidade permanece). 
 
Obs. A Exposição de Motivos, no seu item 49, adverte que disposição não alcança 
o Presidente da Republica, ou chefe de governo estrangeiro, em visita ao país. 
 
7 
 
7- EXCEÇÃO DE NOTORIEDADE: 
 
Consiste na faculdade do réu (querelado) de demonstrar que suas afirmações são do 
domínio público. É admitido tanto no crime de calunia como na difamação. 
 
8- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: 
Código Penal X Lei de Segurança Nacional (Calunia contra Presidente da República, 
Senado, Câmara dos Deputados e STF, praticada com motivação política, configura o 
delito contra a Segurança Nacional). Art. 26 Lei 7.170/83. 
 
INJÚRIA 
 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 
 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; 
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
 
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo 
meio empregado, se considerem aviltantes: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à 
violência. 
 
§ 3
o
 Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, 
religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação 
dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) 
 
1-CONSIDERAÇÃO INICIAIS 
 
Protege-se, no caso, a honra SUBJETIVA do indivíduo, sua autoestima (dignidade 
e decoro). 
 
2- SUJEITO DO CRIME: 
 
S.A: Crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa). 
 
Obs. Os advogados – art. 7º, § 2º, OAB, não são imunes do delito de calúnia, a 
inviolabilidade é apenas para injuria e difamação, desde que cometidos no exercício 
regular da atividade. 
 
Obs. A pessoa jurídica não possui honra subjetiva. 
 
 
 
 
 
 
8 
 
3- CONDUTA: 
 
O verbo típico é injuriar: isto é, ofender (insultar), por ação (palavras ofensivas) ou 
omissão, (ignorar cumprimento), pessoa determinada, ofendendo-lhe a dignidade ou 
decorro. 
 
 Não há imputação de fatos, mas emissão de conceitos negativos contra a vítima. 
 
4- VOLUNTARIEDADE 
 
Quanto ao tipo subjetivo, o dispositivo exige a presença do dolo (direto ou eventual), 
 
 Inexistindo forma culposa. 
 
 5- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
Por se tratar de crime contra a honra subjetiva (autoestima), somente se consuma 
quando o fato chega ao conhecimento da vítima, dispensando-se efetivo dano à sua 
dignidade ou decorro (crime formal). 
 
6- QUALIFICADORAS: 
 
 Injúria Real: (§, 2º) 
 Temos aqui tipificada a injúria real. 
 
No caso, a lei exige que a violência (ou vias de fato) seja aviltante, agindo o agente 
com o propósito de ofender, ultrajar a vítima, na linguagem de Nélson Hungria. ``mais 
que o corpo, é atingida a alma´´. Temos como exemplo mais marcantes: puxões de 
orelha e cabelos, cuspir em alguém ou em sua direção etc. 
 
Obs. Se ocorrer lesão corporal deve somar à pena da injúria aquela correspondente a 
violência. 
 
Ensina a doutrina que o concurso é material (art. 69), tanto que a lei determina a 
cumulação de penas. 
 
7- INJÚRIA QUALIFICADA POR PRECONCEITO (§3º) 
 
§ 3
o
 Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, 
religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação 
dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) 
 
A presente qualificadora refere-se à injúria preconceituosa, não se confundindo com 
delito de racimo previsto na Lei 7.716/89. 
 
Ex. 
 
a- Xingar alguém, fazendo referência a sua cor é injúria, crime de ação penal pública 
condicionadaà representação da vítima, afiançável e prescritível. 
9 
 
b- Impedir alguém de ingressar numa festa por causa da sua cor é racismo, cuja pena 
será perseguida mediante ação penal pública incondicionada, inafiançável e 
imprescritível. 
 
8- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: 
 
Código Penal X Estatuto do idoso: O art. 105 da Lei 10.741/03 pune com detenção de 
1 a 3 anos e multa exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações 
ou imagem depreciativas ou injuriosas à pessoa do idoso. 
 
 
1-Em princípio, nos crimes contra a honra dispostos no Código Penal cabe; 
 
 a) retratação na injúria, exceto se racial. 
 b) retratação na injúria em geral. 
 c) exceção da verdade na calúnia contra os mortos. 
 d) exceção da verdade na injúria. 
 e) exceção da verdade na difamação contra particular. 
 
2-A, perante várias pessoas, afirmou falsamente que B, funcionário público aposentado, 
explorava a atividade ilícita do jogo do bicho, quando exercia as funções públicas. 
 
Ante a imputação falsa, é correto afirmar que A cometeu o crime de 
 
 a) difamação, não se admitindo a exceção da verdade. 
 b) calúnia, admitindo-se a exceção da verdade. 
 c) calúnia, não se admitindo a exceção da verdade. 
 d) difamação, admitindo-se a exceção da verdade. 
 
Não se configurou a calúnia tendo em vista que a assertiva traz em seu bojo uma 
contravenção penal (jogo do bicho), enquanto o tipo do art. 138 do CP exige a imputação de 
fato definido como crime. Descartando a calúnia, considerando que “A” pratica o crime de 
difamação, não se admite a exceção da verdade, uma vez que o funcionário público encontra-
se aposentado, de modo que o tipo penal do art. 139 do CP exige que o fato objeto da exceção 
esteja relacionado ao exercício de suas funções. 
 
3- Assinale a alternativa INCORRETA: 
 
 a) No que se refere ao delito de difamação, a exceção da verdade somente se admite se o 
ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 
 b) No que se refere ao delito de calúnia, admitese a prova da verdade, salvo: se, constituindo 
o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença 
irrecorrível; se o fato é imputado contra o Presidente da República ou contra chefe de governo 
estrangeiro; se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por 
sentença irrecorrível. 
 c) O querelado que, antes do recebimento da denúncia, retratase cabalmente da calúnia ou da 
difamação, fica isento de pena. Resposta: (art. 143) 
 d) No que se refere ao delito de injúria, o juiz pode deixar de aplicar a pena quando o 
ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria, bem como no caso de retorsão 
imediata, que consista em outra injúria. 
10 
 
 
Jurisprudência: 
Cuida-se, na espécie, de queixa-crime oferecida contra conselheiro de tribunal de contas 
estadual pela suposta prática dos delitos tipificados nos arts. 138 (calúnia), 139 (difamação) e 
140 (injúria) c/c 141, II (contra funcionário público, em razão de suas funções) e III (na 
presença de várias pessoas ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou 
da injúria), todos do CP, em razão de alegadas ofensas perpetradas contra dois servidores 
durante sessões de julgamento realizadas naquele órgão. No tocante à calúnia, ressaltou a 
Min. Relatora que, para a configuração do delito, exige-se que o agente aja com o dolo 
específico de macular a honra alheia, tendo consciência da falsidade do fato criminoso que 
imputa ao ofendido. Acentuou, ademais, que a narração da prática delituosa deve ser 
específica e devidamente contextualizada, não bastando a simples indicação de cometimento 
de um determinado crime. Quanto à difamação, asseverou que sua ocorrência dá-se a partir da 
imputação deliberada de fato ofensivo à reputação da vítima, não sendo suficiente a descrição 
de situações meramente inconvenientes ou negativas. Já no que se refere à injúria, destacou 
que a retorsão prevista no art. 140, § 1º, II, do CP só permite que a pena não seja aplicada 
àquele que responde de forma injuriosa a uma injúria que lhe foi primeiramente proferida, 
desde que assim o faça imediatamente após ter sido ofendido. In casu, entendeu-se que as 
afrontas foram iniciadas pelo acusado e rebatidas por um dos querelantes, de forma que as 
palavras emitidas pelo querelado em momento posterior a essa sequência não se enquadrariam 
no referido dispositivo. Com essas considerações, a Corte Especial, por unanimidade, recebeu 
parcialmente a queixa-crime. Contudo, apesar de a maioria de seus integrantes ter entendido 
pelo afastamento do querelado do cargo, em aplicação analógica do art. 29 da LOMAN, o 
quórum qualificado de 2/3 não foi alcançado, motivo pelo qual o Conselheiro permanecerá no 
exercício de suas funções. APn 574-BA, Rel. Min. Eliana Calmon, julgada em 18/8/2010 
 
Questão polêmica: 
Marinaldo, por ser inimigo de Nando, espalhou junto à vizinhança em que moram que 
Nando furta toca-fitas de veículos, o que é falso. Logo, Marinaldo deverá responder pelo 
crime de: 
 a) calúnia (artigo 138 do CP). 
 b) difamação (artigo 139 do CP). 
 c) injúria (artigo 140 do CP). 
 d) denunciação caluniosa (artigo 339 do CP). 
 e) comunicação falsa de crime (artigo 340 do CP). 
Comentário: 
Ao contrário da calúnia e da difamação, à injúria não se atribui “fato”. Isso é a regra. Com 
efeito, imputar "determinado" fato criminoso é igual à calúnia. Imputar "determinado" fato 
desonroso é igual à difamação. E, por fim, atribuir qualidade negativa é injúria. Mas, cuidado! 
No seu concurso vai cair: que crime configura imputar fato indeterminado (genérico/vago) a 
alguém? Vejam: não pode configurar calúnia porque na calúnia o fato tem que ser 
determinado. Não pode configurar difamação porque na difamação o fato, igualmente, tem 
que ser determinado. Só sobrou injúria. Então, vejam que a imputação de fato pode, sim, ser 
injúria, desde que indeterminado, genérico, vago ou impreciso. Por isso é preciso acrescentar 
nos arts. 138 e 139 a palavra DETERMINADO em “fato”! Porque se for fato indeterminado é 
injúria, pois se assemelha a qualidade negativa - Fonte: aulas do LFG (ROGÉRIO 
SANCHES). 
 
 
 
11 
 
Resumo: 
Exceção da Verdade: Calunia e Difamação (funcionário Público no exercício da função) 
(não cabe para o Presidente e chefe estrangeiro) 
 
Retratação: Calunia e Difamação (antes da sentença) 
 
Ofensas irrogadas em juízo: Difamação e Injúria 
 
Imunidade total: inviolabilidade (senadores, deputados, vereadores –nos limites do 
município em que exerçam.) 
 
DISPOSIÇÕES COMUNS: art. 138, 139, 140 
 
Disposições comuns 
 
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos 
crimes é cometido: 
 
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; 
 
II - contra funcionário público, em razão de suas funções; 
 
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da 
difamação ou da injúria. 
 
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de 
injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) 
 
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se 
a pena em dobro. 
 
EXCLUSÃO DO CRIME 
 
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: 
 
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; 
 
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca 
a intenção de injuriar ou difamar; 
 
III- o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação 
que preste no cumprimento de dever do ofício. 
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe 
dá publicidade. 
 
A imunidade só diz respeito à difamação e à injúria, pois, tratando-se de calúnia, que é 
imputação de fato criminoso, há interesse público na sua elucidação, não se justificando, pois, 
a criação de obstáculos para tal providência. 
 
12 
 
Obs. Art. 7º, § 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, 
difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua 
atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos 
excessos que cometer. (Vide ADIN 1.127-8) (desacato- inconstitucional) 
 
RETRATAÇÃO 
 
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da 
difamação, fica isento de pena. 
 
Obs. Retratar não significa apenas negar ou confessar a pratica da ofensa. É muito mais. É 
escusar-se, retirando do mundo o que afirmou, demonstrando sincero arrependimento. 
Extinção da punibilidade – (nada obsta a ação civil) 
 
PEDIDO DE EXPLICAÇÕES 
 
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem 
se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério 
do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. 
 
Mirabete: ``O pedido de explicações é uma medida preparatória e facultativa para o 
oferecimento da queixa quando, em virtude dos termos empregados ou do verdadeiro sentido 
das frases, não se mostra evidente a intenção de caluniar, difamar ou injuriar, causando dúvida 
quanto ao significado da manifestação do autor´´
1
 
 
AÇÃO PENAL 
 
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo 
quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. 
 
a- Incondicionada: violência ou vias de fato- lesões corporais. 
 
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso 
I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso 
II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. (Redação dada pela 
Lei nº 12.033. de 2009) 
 
a- Condicionada a representação do Ministro da Justiça: Contra Presidente ou Chefe de 
governo estrangeiro. 
b- Condicionada à representação: contra funcionário público. 
 
Súmula: 714: ``é concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do 
Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por 
crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções´´ 
 
Obs. Com a advento da Lei 12.033/2009, a pena do crime de injúria preconceito deixou de ser 
perseguida mediante ação penal de iniciativa privada, passando a legitimidade para o MP, 
dependendo de representação do ofendido (ação penal pública condicionada) 
 
1
 Manual de direito penal: parte especial, v. 2, p. 151. 
13 
 
Representação do ofendido. § 3º do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 
12.033 ___________________ 
 
APÚTULO VI 
CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL 
 
INTRODUÇÃO: 
 
Liberdade significa, em síntese, ausência de coação. Com esse conceito amplo, protege-se, 
neste capítulo, a faculdade do homem de agir ou não agir, querer ou não querer, fazer ou não 
fazer aquilo que decidir, sem constrangimento, prevalecendo a sua autodeterminação. 
 
Resguarda-se a liberdade de pensamento, a liberdade religiosa, a liberdade de trabalho, a 
liberdade política etc. 
 
Ninguém é obrigado a fazer ou deixa de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (CF, art. 
5º, II). 
 
Obs. São delitos subsidiários (ou soldados de reserva), punidos apenas quando não 
associados com a prática de crimes mais graves, como ocorre, por exemplo, com o estupro, a 
extorsão simples, a extorsão mediante sequestro etc. 
 
SEÇÃO I 
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL 
 
 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
 
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver 
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei 
permite, ou a fazer o que ela não manda: 
 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
Aumento de pena 
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, 
se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. 
 
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência (concurso 
material art. 69) 
 
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: (exclusão de tipicidade) 
 
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu 
representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; 
 
II - a coação exercida para impedir suicídio. 
 
1- SUJEITOS DO CRIME: 
 
14 
 
S.A: Crime comum (não se exige qualidade ou condição especial do sujeito ativo) 
 
Obs. Se for funcionário público no exercício de suas funções havendo o constrangimento 
ilegal estaremos diante do delito previsto no art. 350 do CP ou do abuso de autoridade (Lei 
4.898/65). 
 
Qualquer pessoa capaz de decidir sobre os seus atos pode ser vítima (excluem-se, assim, os 
menores de pouca idade, os louco, os embriagados etc.) 
 
S.P: Qualquer pessoa. 
 
2- CONDUTA: 
 
O verbo nuclear é constranger: 
 
``O constrangimento aqui previsto é a coação ilegal imposta à liberdade moral ou psíquica de 
alguém para que não faça o que a lei permite ou faça o que ela não manda, pouco importando 
que o ato exigido da vítima importe, ou não, em uma prática delituosa´´ (Bento de Faria). 
 
Obs. Atenção a violência exigida pode ser a ``violência imprópria´´: A físico-moral, que 
produz um estado fisiopsíquico, o qual tolhe a defesa do sujeito passivo, como também a 
violência fisiopsíquico (ação de narcótico, anestésicos, álcool e mesmo da hipnose). 
 
Obs. Para que haja constrangimento ilegal é necessário que seja ilegítima a pretensão do 
sujeito ativo, ou seja, que o sujeito ativo não tenha o direito de exigir da vítima determinado 
comportamento – porque se tiver o direito estará incurso no crime de exercício arbitrário das 
próprias razões. 
 
3- VOLUNTARIEDADE 
 
Quanto ao tipo subjetivo, o dispositivo exige a presença do dolo (direto ou eventual), 
 
 Inexistindo forma culposa. 
 
 4- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
Só existe a conduta dolosa. 
Caso tenha objetivo econômico passaremos ao crime de extorsão. (Art. 158 do CP). 
 
É delito material. Consuma-se no momento em que a vítima faz ou deixa de fazer alguma 
coisa. E, tratando-se de delito material, em que pode haver fracionamento das fases de 
realização, admite a tentativa, desde que a vítima não realize o comportamento desejado pelo 
sujeito ativo por circunstâncias alheias a sua vontade. 
 
 Crime plurissubsistente. 
 
5- MAJORANTE DE PENA E CÚMULO MATERIAL: 
 
15 
 
Considerando a maior facilidade na execução do crime, majora a pena no caso de concurso de 
quatro pessoas, no mínimo, considerando-se, no computo legal, eventuais inimputáveis ou 
sujeitos não identificados. 
 
6- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: 
 
a- Código Penal X Código de Defesa do Consumidor: Lei 8.072/90, art. 71. 
b- Código Penal X Lei da Tortura: Lei 9.455/97, art. 1º, I. 
c- Código Penal X Estatuto do Idoso: art. 107. 
 
AMEAÇAArt. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, 
de causar-lhe mal injusto e grave: 
 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
 
1-CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 
 
A ameaça, espécie de crime contra a liberdade individual, é a manifestação idônea da intenção 
de causar a alguém qualquer mal injusto e grave (não necessariamente um crime). 
 
Protege-se com o presente dispositivo a liberdade psíquica da vítima, uma vez que a ameaça 
tolhe ou de certa forma suprime durante certo período a livre manifestação de vontade da 
mesma, que sofre intimidação através do prenúncio da prática de mal injusto e grave por parte 
do agressor. 
 
Assim sendo, a ameaça atinge a liberdade interna da vítima, na medida de que a promessa de 
um mal gera temor na mesma que passa a não agir conforme a sua livre vontade, 
influenciando no animo do ameaçado, fazendo com que se sinta menos livre, ou até mesmo 
abstenha-se de fazer certas coisas que faria normalmente em seu cotidiano. 
 
SUJEITOS DO CRIME: 
 
S.A: Crime comum (não se exige qualidade ou condição especial do sujeito ativo) 
 
Obs. Se for funcionário público no exercício de suas funções havendo o 
constrangimento ilegal estaremos diante do delito previsto no art. 350 do CP ou do 
abuso de autoridade (art. 3º - Lei 4.898/65). 
 
Qualquer pessoa capaz de decidir sobre os seus atos pode ser vítima (excluem-se, 
assim, os menores de pouca idade, os louco, os embriagados etc.) 
 
S.P: Qualquer pessoa. 
 
 
 
 
16 
 
2- CONDUTA: 
 
Pode ser praticada de qualquer forma: Delito de execução livre (palavras, gestos ou qualquer 
outro meio simbólico). 
 
O mal injusto e grave são elementos normativos do tipo penal, sendo, dessa forma, requisitos 
legais que o mal prenunciado seja injusto e grave, pois, a sua ausência acarreta a atipicidade 
da conduta, ou seja, o fato não se amolda ao tipo penal. 
 
Importante destacar que o mal prometido deve ser por meio idôneo a causar intimidação, uma 
vez que o poder intimidatório da ameaça deve ser avaliado conforme as circunstancias 
pessoais da vítima (físicas ou psíquicas), ou seja, conforme menciona Fernando Capez, se eu 
disser a um lutador de boxe que vou lhe dar uma surra, no mínimo ele vai achar engraçado, ou 
seja não há um meio idôneo a lhe intimidar, diferente de apontar uma arma de fogo. 
 
3- VOLUNTARIEDADE 
 
Quanto ao tipo subjetivo, o dispositivo exige a presença do dolo (direto ou eventual), 
 
Inexistindo forma culposa. 
 
 4- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
Trata-se de delito formal. Consuma-se no momento em que a vítima toma conhecimento do 
mal prometido, independentemente da real intimidação, bastando capacidade para tanto. 
 
5- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: 
 
A- Código Penal X Código de Defesa do Consumidor: Lei 8.072/90, art. 71. 
B- Ameaçar com finalidade política, o Presidente da República, do Senado, da Câmara 
dos Deputados e do STF constitui delito contra a Segurança Nacional (art. 28 da Lei 
7.170/83). 
 
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO 
 
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
 
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: 
 
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 
(sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005). 
 
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; 
 
III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias. 
 
IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, 
de 2005). 
 
17 
 
V - se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005). 
 
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave 
sofrimento físico ou moral: 
 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
1-CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 
 
Sequestro ou cárcere privado são formas de privar alguém de sua liberdade de locomoção, isto 
é, do livre arbítrio, da livre escolha que cada pessoa faz sobre o local em que deseja ficar ou o 
momento de locomover-se para outro diverso daquele em que se acha. 
 
O bem jurídico tutelado é a liberdade do indivíduo. 
 
2-SUJEITOS DO CRIME: 
 
S.A: Crime comum (não se exige qualidade ou condição especial do sujeito ativo) 
 
3- CONDUTA: 
 
A ação incriminada consiste na privação (total ou parcial) da liberdade de alguém. 
 
Pode ser praticada por ação ou omissão 
 
Ex. Omissão: Médico que não concede alta para paciente já corado. 
 
Obs. Tratando-se de bem disponível (liberdade de locomoção), o consentimento da vítima 
exclui o crime, desde que consciente e válido (se, durante a privação consentida, o ofendido, 
mudando de idéia, dissentir, deve ser colocado imediatamente em liberdade, sob pena de 
configurar o delito. 
 
Ex. Algemar mulher. 
 
Sequestro: espécie – não implica confinamento: (manter a pessoa em um sítio). 
Cárcere privado: Recinto fechado. 
 
4- VOLUNTARIEDADE 
 
Quanto ao tipo subjetivo, o dispositivo exige a presença do dolo (direto ou eventual), 
 
5- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
Considera-se consumado o delito com a privação da liberdade do paciente. É crime de 
natureza permanente, ou seja, só com a devolução da liberdade da vítima cessa a sua 
perpetração. 
 
Obs. Não existe mais o crime sexual de rapto, fins libidinosos (Lei . 11.106/2005 – 219 e 
220) Hoje é qualificadora do sequestro. 
 
18 
 
Obs. Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: 
 
I - está cometendo a infração penal; 
 
II - acaba de cometê-la; 
 
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em 
situação que faça presumir ser autor da infração; 
 
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam 
presumir ser ele autor da infração. 
 
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não 
cessar a permanência. 
 
Súmula: STJ: 711. 
 
 
6- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: 
 
A- Segurança Nacional (art. 20 da Lei 7.170/83). 
 
 
REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO 
 
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos 
forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer 
restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o 
empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003). 
 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
(Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003). 
 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003). 
 
I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo 
no local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003). 
 
II - mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos 
pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 
10.803, de 11.12.2003). 
 
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 
11.12.2003). 
 
I - contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003). 
 
II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. (Incluído pela Lei nº 
10.803, de 11.12.2003) 
 
191-CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 
 
Obs. A doutrina dá ao crime de redução a condição de escravo o nome de ``plágio´´. 
 
Obs. Declaração Universal dos Direito do Homem (1948) ``Artigo IV: ``Ninguém será 
mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em 
todas as suas formas´´. 
 
Obs. Competência, embora divergência doutrinária, Justiça Federal (109, VI, CF). 
 
É bom salientar que este crime é da competência da justiça federal, de acordo com o 
entendimento dos Tribunais Superiores. 
 
AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE REDUÇÃO A 
CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 
APLICAÇÃO DO ENUNCIADO DA SÚMULA 122, DESTA CORTE. RECURSO 
DESPROVIDO. 
I - Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime de redução a condição análoga à de 
escravo, pois qualquer violação ao homem trabalhador e ao sistema de órgãos e instituições 
que preservam, coletivamente, os direitos e deveres dos trabalhadores enquadra-se na 
categoria de crime contra a organização do trabalho, desde que praticada no contexto da 
relação de trabalho. 
2-SUJEITOS DO CRIME: 
 
S.A e S.P: Crime comum (não se exige qualidade ou condição especial do sujeito ativo) 
 
3- CONDUTA: 
 
O que o tipo pune é a escravização, de fato, da criatura humana, tornando-a submissa, 
reduzindo-a a condição de servo. 
 
Trata-se de sujeição de uma pessoa ao domínio de outra, como se fosse escravo. 
 
Cuidado: Delito de forma vinculada (não é livre), só podendo ser praticado por meio das 
seguintes condutas delituosas: (Lei n.º 10.803/2003). 
 
a- Submeter a vítima a trabalho forçado ou a jornada exaustiva 
b- Sujeitá-la a condições degradantes de trabalho 
c- Restringir, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o 
empregador ou preposto. 
d- Cercear o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo 
no local de trabalho. 
e- Manter vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apoderar de documentos ou objetos 
pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. 
 
Obs. Caso o meio lançado para a submissão do sujeito passivo seja o sequestro, ficará este 
crime (art. 148) absorvido pelo 149 do CP. 
 
Obs. Para a configuração do delito não há necessidade de prática de maus-tratos ou 
sofrimento ao sujeito passivo (RT 39/386). 
20 
 
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. REQUISITOS PARA CONFIGURAÇÃO DO 
CRIME DE REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO. 
 
 
Para configuração do delito de “redução a condição análoga à de escravo” (art. 149 do CP) – 
de competência da Justiça Federal – é desnecessária a restrição à liberdade de locomoção do 
trabalhador. De fato, a restrição à liberdade de locomoção do trabalhador é uma das formas de 
cometimento do delito, mas não é a única. Conforme se infere da redação do art. 149 do CP, o 
tipo penal prevê outras condutas que podem ofender o bem juridicamente tutelado, isto é, a 
liberdade de o indivíduo ir, vir e se autodeterminar, dentre elas submeter o sujeito passivo do 
delito a condições de trabalho degradantes, subumanas. Precedentes citados do STJ: AgRg no 
CC 105.026-MT, Terceira Seção, DJe 17/2/2011; CC 113.428-MG, Terceira Seção, DJe 
1º/2/2011. Precedente citado do STF: Inq 3.412, Tribunal Pleno, DJe 12/11/2012. CC 
127.937-GO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 28/5/2014 
 
Obs. A liberdade neste delito é indisponível (lembre-se, no sequestro e cárcere privado – art. 
148 CP, é disponível). 
 
Luiz Regis Prado: 
 
``O consentimento do ofendido é irrelevante. Não há exclusão do delito se o próprio sujeito 
passivo concorda com a inteira supressão de sua liberdade pessoal, já que isso importaria em 
anulação da personalidade. Somente seria cabível a exclusão da ilicitude da conduta se fosse o 
sujeito passivo o único titular do bem jurídico protegido e se pudesse livremente dele dispor. 
E isso não ocorre no delito em exame, já que o Direito não confere preferência à liberdade de 
atuação da vontade ante o desvalor da ação e do resultado da lesão ao bem jurídico. O estado 
de liberdade integra a personalidade do ser humano e a ordem jurídica não admite sua 
completa alienação´´(Tratado de Direito Penal Brasileiro, v. 4, p. 360). 
 
4- VOLUNTARIEDADE 
 
Quanto ao tipo subjetivo, o dispositivo exige a presença do dolo (direto ou eventual). 
 
Não admite forma culposa. 
Obs. Recrutar trabalhadores - art. 207 CP. 
 
5- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
Trata-se de crime permanente (a consumação protrai-se no tempo), perdurando o delito 
enquanto houver pratica cerceadora da liberdade. 
 
A tentativa é perfeitamente possível em qualquer das figuras descritas no tipo. 
 
6- AÇÃO PENAL 
 
Pública incondicionada. 
 
 
 
 
21 
 
SEÇÃO II 
CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO 
 
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa 
ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de 
violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. 
 
§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos 
casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do 
poder. 
 
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: 
 
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra 
diligência; 
 
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na 
iminência de o ser. 
 
§ 4º - A expressão "casa" compreende: 
 
I - qualquer compartimento habitado; 
II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. 
 
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa": 
 
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a 
restrição do n.º II do parágrafo anterior; 
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. 
 
1-CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 
 
Não podemos jamais esquecer que a inviolabilidade domiciliar é direito fundamental do 
homem, segundo enuncia a própria Constituição Federal. Assim declara o art. 5º, XI: ``A casa 
é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do 
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastres, ou para prestar socorro, ou durante o 
dia, por determinação judicial´´ 
 
2-SUJEITOS DO CRIME: 
 
S.A: Qualquer pessoa 
 
S.P: Quem tem o direito de admitir ou excluir alguém de sua casa. 
 
22 
 
Obs. Qualquer pessoa pode se sujeito ativo, inclusive o proprietário (locador) ao invadir a 
casa do inquilino (locatário), sem autorização deste (crime comum). 
 
Obs. Na hipótese de habitação familiar, a colidência de decisão será resolvida pela 
prevalência da vontade dos pais, mesmo que o imóvel seja de propriedade do filho menor. 
 
3- CONDUTA 
 
A conduta consiste em entrar ou permanecer na casa alheia ou em suas dependências. 
 
Para haver PERMANÊNCIA é necessário que entrada tenha sido licita, permitida. 
 
Trata-se de crime de mera conduta, porque se protege o aspecto psicológico de quem mora 
na casa, e não a casa em si. 
 
O nome “casa” também abrange escritórios, consultórios (local de trabalho), local onde se 
exerce o animus domicili, como saveiros, barcosou quartinhos. 
 
Segundo Fernando Capez, no Curso de Direito Penal - Volume 2, 2ª Ed., Ed. Saraiva, pag. 
304, "A entrada ou permanência, segundo o dispositivo legal, deve dar-se em casa alheia ou 
em suas dependências. O parágrafo 4º esclarece o que se entende por "casa": a) Qualquer 
compartimento habitado (inciso I): cuida-se do apartamento, casa, barraca de campo, barracos 
da favela. Importa notar que não se compreende aqui apenas a coisa imóvel, mas também a 
móvel destinada à moradia (p. ex., trailers, iate, etc.). 
 
A jurisprudência não agasalha no conceito de “casa” – a boléia do caminhão ou os locais 
usados por mendigos para dormir em calçadas ou locais públicos. 
 
O STF entende que não há crime na entrada do amante da esposa infiel no lar conjugal, 
com o consentimento daquela e na ausência do marido, para fins amorosos (RTJ, 
47/734). 
 
4- VOLUNTARIEDADE 
 
Presença do dolo. 
 
Obs. Não pratica o crime o ébrio que ingressa descuidadamente; o fugitivo que busca 
proteger-se; o condómino que, distraidamente, erra de porta e invade domicilio alheio (erro de 
tipo). 
 
5- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
O delito é de mera conduta (não há a previsão de resultado naturalístico) (Transeunte). 
 
Admite tentativa: doutrina. Modalidade de ingressar. 
 
 
 
 
23 
 
SEÇÃO III 
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA 
 
Em regra, os crimes trazidos por esta seção são subsidiários, é dizer, se meio para fim outro 
(também criminoso), desaparecem, ficando apenas o delito mais grave (ex. violar 
correspondência para apoderar-se dos valores nela acondicionados subsume o fato no disposto 
no art. 155 do CP). 
 
VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA 
 
Faz-se necessário evidenciar o que dispõe a nossa Constituição de 1988, em seu artigo 5º, XII: 
"É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma 
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal". 
 
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem: 
 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
Sonegação ou destruição de correspondência 
 
§ 1º - Na mesma pena incorre: 
 
I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no todo 
ou em parte, a sonega ou destrói; 
 
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica 
 
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação 
telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas; 
 
III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior; 
 
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de disposição 
legal. 
 
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem. 
 
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfico, 
radioelétrico ou telefônico: 
 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 
§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. 
 
1-CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 
 
O caput do art. 151 foi tacitamente revogado pelo art. 40 da Lei 6.538/78, que trata das 
infrações contra o serviço postal e o serviço de telegrama (Ação pública incondicionada). 
 
24 
 
2-SUJEITOS DO CRIME 
 
Trata-se de crime comum, não se exigindo qualquer condição (ou qualidade) especial do 
agente. 
 
S.P. O remetente e o destinatário quando recebe a correspondência. 
 
Obs. O marido que lê a correspondência da mulher não pratica o crime, trata-se e 
interesse comum. (Damásio e Hungria) 
 
Guilherme de Souza Nucci: 
``Logicamente, se os filhos forem maiores, civilmente capazes, ainda morando com os pais, 
não há o menor cabimento em sustentar a possibilidade de violação da correspondência a eles 
destinada. Entretanto, o filho menor que, de algum modo, ainda dependa dos pais pode ter a 
sua correspondência por eles violada. Trata-se de uma decorrência natural do pátrio poder – 
exercício regular de direito´´ 
 
3- CONDUTA: 
 
Pune-se a conduta daquele que, por qualquer meio (abertura do invólucro, uso da luz etc) 
devassa (toma conhecimento), indevidamente, o conteúdo de correspondência fechada, 
dirigida a outrem. 
 
Obs. A lei de falência e Recuperação judicial (Lei 11.101/05) art. 22, III, d, autoriza a 
abertura pelo síndico, de correspondência. 
 
Obs. Violação pelo diretor prisional (Segurança pública) 
Obs. Abertura autoridade policial, art. 240, § 1º, f CPP (quando haja suspeita). 
Obs. Curador do interditado. – incapacidade absoluta. 
 
4- VOLUNTARIEDADE 
 
DOLO. Não permite de forma culposa. 
 
5- CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
Delito material. 
 Admite tentativa: Crime plurissubsistente. 
 
CORRESPONDÊNCIA COMERCIAL 
 
 
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou 
industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, 
ou revelar a estranho seu conteúdo: 
 
Pena - detenção, de três meses a dois anos. 
 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
 
25 
 
1-SUJEITO: 
 
CRIME PRÓPRIO: Sócio ou empregado do estabelecimento comercial ou industrial. 
 
2- AÇÃO PENAL: 
 
Condicionada à representação. 
 
 
SEÇÃO IV 
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS 
 
Explica Bitencourt: 
 
``Após tutelar a liberdade sob o aspecto da inviolabilidade da correspondência, neta seção, o 
Código Penal de 1940 continua protegendo a liberdade, agora sob o aspecto dos segredos e 
confidência. 
 
A proteção da liberdade não seria completa se não fosse assegurado ao indivíduo o direito de 
manter em sigilo determinados atos, fatos ou aspectos de sua vida particular e profissional, 
cuja divulgação possa produzir dano pessoal o ao terceiro´´ 
 
DIVULGAÇÃO DE SEGREDO 
 
 
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de 
correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa 
produzir dano a outrem: 
 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
§ 1º Somente se procede mediante representação. 
 
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em 
lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração 
Pública. 
 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
§ 2º Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incondicionada. 
 
1-CONSIDERAÇÃO INICIAL: 
 
Tutela a liberdade individual – conservação de segredos (detalhes íntimos da vida do 
indivíduo). 
 
2- SUJEITOS DO DELITO: 
 
Crime próprio: somente o destinatário ou o detentor do documento particular ou de 
correspondência confidencial pode figurar como agente do delito. 
26 
 
 
Obs. Se a divulgação é feita pelo detentor, não importa se a posse é legitima ou ilegítima. 
 
Sujeito Passivo: É todo aquele que, direta ou indiretamente, tenha interesse na conservação 
do segredo. Poderá ser o remetente, destinatário ou outra pessoa (que não o autor do 
documento ou o receptor). 
 
3- CONDUTA: 
 
Ação de divulgar – sem justa causa, segredo. 
 
Noronha: 
 
``Qualquer meio pode produzi-la: imprensa, rádio, televisão, exposição ao público, 
transmissão oral a uma plateia ou assistência etc.; enfim, sempre que houver comunicaçãoa 
numerosas e indeterminadas pessoas´´ 
 
Obs. Não basta que a carta contenha ``CONFIDENCIAL´´ deve existir prejuízos reais 
(motivo econômico ou moral). 
 
Obs. São objetos materiais do crime somente os documentos escritos, de natureza particular 
ou confidencial, estando excluída a divulgação de mistério verbal´´ 
 
4- VOLUNTARIEDADE: 
 
Dolo, somente. 
 
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas 
em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da 
Administração Pública. 
 
Obs. O delito não se confunde com o previsto no art. 325 CP: (violação de sigilo 
profissional). (Necessariamente servidor público) 
 
Crime comum. Vítima o Estado. 
 
VIOLAÇÃO DE SEGREDO PROFISSIONAL 
 
Art. 154: Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, 
ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem. 
 
1-CONSIDERAÇÃO INICIAL: 
 
Segue-se tutelando o direito à liberdade individual voltada `inviolabilidade´ dos segredos, 
agora profissional. 
 
2- SUJEITOS DO DELITO: 
 
Crime Próprio: Exigindo do agente a condição especial relacionada ao exercício das 
atividades descritas no tipo (fiel depositário do segredo). 
27 
 
Sujeito Ativo é toda pessoa que, em razão de função, ministério, ofício, ou profissão, 
divulgar, de qualquer maneira, segredo de que tenha conhecimento. 
 
3- CONDUTA: 
 
A ação típica consiste em revelar, sem justa causa, segredo de que o agente teve 
conhecimento em razão de funções, ministério, ofício ou profissão. O fato sigiloso pode, por 
exemplo, surgir no curso de uma consulta médica. Não há necessidade de vinculo 
preexistente. 
 
Ação de divulgar – sem justa causa, segredo. 
 
--- Encargo recebido por lei, decisão judicial ou contrato (tutor, curador, inventariante, 
síndico, diretores de escola, hospitais ou empresas). 
 
--- Ministério: (padre, freira, missionário, assistente social) 
--- Ofício: atividade remunerada – mecânica ou manual: sapateiro, cabelereiro, costureiro. 
--- Profissão: é a atividade remunerada, exercida com habitualidade, via de regra de cunho 
intelectual. 
 
 
Obs. Exige-se que o segredo seja revelado sem justa causa: 
a- Art. 269 CP: obrigação do médico, sob pena de punção, comunicar à autoridade a 
ocorrência de moléstia contagiosa confidenciada no exercício da profissão. 
 
Obs. A lei considera tão grande importância o sigilo profissional que protege a sua 
inviolabilidade, excluindo o profissional da obrigação de depor, o que é dever de todo cidadão 
(art. 206, 207 CPP). 
 
4- VOLUNTARIEDADE: 
 
Dolo, somente. Consciência e vontade de revelar o segredo. 
 
5- CONSUMAÇÃO: 
 
Trata-se de crime formal. O prejuízo a terceiro é exaurimento do crime. 
 
6- PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: Código Penal x Lei de Segurança Nacional 
 
Revelar segredo obtido em razão de cargo, emprego ou função pública, relativamente a 
planos, ações ou operações militares ou policiais contra rebeldes ou revolucionários é crime 
punido no art. 21 da Lei 7.170/83- Segurança Nacional. 
 
 
INVASÃO DE DISPOSITIVO INFORMÁTICO 
 
Art. 154-A ``Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de 
computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, 
adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do 
dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. 
28 
 
 
Ver parágrafos. 
 
1-CONSIDERAÇÃO INICIAL: 
 
A lei 12.737/2012, tipificou como crime a invasão de dispositivo informático, criminalização 
fomentado pelo episódio que vitimou a atriz Ca. Dickmann, que teve seu computador 
invadido e seus arquivos pessoais subtraídos, vendo expostas suas fotos íntimas na rede 
mundial de computadores. 
 
O objeto jurídico do crime é a privacidade individual e /ou profissional, resguardada 
(armazenada) em dispositivo informático, desdobramento lógico dos direitos fundamentais 
assegurados no art. 5º, X, CF 88 - ``são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem das pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação´´ 
 
2- SUJEITOS DO DELITO: 
 
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito, não se exigindo qualidade ou condição 
especial do seu agente. 
 
Também qualquer pessoa pode assegurar como vítima. 
 
3- CONDUTA: 
 
Pune-se a invasão de dispositivo informático alheio, mediante violação indevida de 
mecanismo de segurança ou instalação de vulnerabilidade. 
 
Por dispositivo eletrônico entende-se qualquer aparelho: notebook, netbook, tablete, ipad, 
iphone, Smartphone, pendrive. 
 
É indiferente o fato de o dispositivo estar ou não conectado à rede interna ou externa de 
computadores. 
 
Duas formas de agir: 
 
a- A agente vence os obstáculos de proteção do dispositivo (senha, chave de acesso, 
chave de segurança, mecanismo de criptografia, assinatura digital etc), para obter, 
adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização do titular do dispositivo. 
 
Obs. A ausência de dispositivo de segurança, ou o seu não acionamento, impede a 
configuração típica: Neste sentido, explica Bitencourt: 
 
``...Em outros termos, qualquer outra violação que não se refira a ``mecanismo de 
segurança´´, não tipificará a conduta descrita no caput que ora examinaremos. Ou seja, 
ainda que haja a violação ou invasão ``de dispositivo informático alheio conectado ou 
não a rede de computadores´´ se não houver ``mecanismo de segurança´´ (ou caso 
haja, não estando acionado) que seja violado, a conduta não se adequará a esta 
descrição típica...´´ 
 
29 
 
b- Na segunda conduta o cibercriminoso instala no dispositivo vulnerabilidades (brechas 
no sistema computacional – conhecidas como bugs ou worms, para espalhar software 
malicioso. 
 
4- VOLUNTARIEDADE: 
 
Dolo, consiste na vontade consciente de invadir dispositivo informático alheio, mediante 
violação indevida de mecanismo de segurança ou de instalar no mesmo vulnerabilidades, 
tornando-o desprotegido, facilmente sujeito a violações. 
 
O tipo prevê ELEMENTOS SUBJETIVOS ESPECÍFICOS: ``com o fim de´´: adulterar 
ou destruir dados ou informações e para obter vantagem ilícita (ausente essas finalidades 
especiais, o fato passa a ser um indiferente penal). 
 
 Se o agente invade o computador da vítima para descobrir a senha e subtrair 
valores de sua conta bancária pratica qual crime ? 
 
Comete furto (mediante fraude), ficando a invasão absorvida (Princípio da Consunção). 
 
5- CONSUMAÇÃO: 
 
Trata-se de crime formal (consumação antecipada). 
 
6- QUALIFICADORA: 
 
O § 3º, punido com reclusão, de seis meses a dois anos, e multa, qualifica o delito: 
 
a- Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicação eletrônica privada (e-
mail, por exemplo), segredos comerciais ou industriais (formulas, projetos etc.) 
informações sigilosas, assim definidas em lei (norma penal em branco). 
 
b- Se da invasão resultar o controle remoto não autorizado do dispositivo: Após invadir o 
agente instala um programa para acesso e controle remoto do dispositivo, sem 
autorização da vítima. 
 
7- MAJORANTE: 
 
Nos termos do §2º, aumenta-se a pena de 1/6 a 1/3 se da invasão resultar prejuízo econômico 
para vítima. 
 
Nos termos do §4, aumenta-se a pena de 1/3 a 2/3 se houver divulgação, comercialização ou 
transmissão a terceiros, a qualquer título, dos dados ou informações obtidas. 
 
8- AÇÃO PENALVer art. 154-B 
 
 
 
 
30 
 
TITULO II 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
CAPÍTULO I – DO FURTO 
 
FURTO 
 
Art. 155: ``Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel´´ 
 
1-CONSIDERAÇÃO INICIAL: 
 
O objeto da tutela penal é bastante discutido na doutrina. 
Hungria: protege-se somente a propriedade. 
Noronha: inclui a proteção também da posse. 
 
Delmanto e Fragoso e Rogério Sanches Cunha: Propriedade, posse e detenção legítima. 
 
No caput, em razão da pena cominada, permite a Suspensão Condicional do Processo para o 
furto simples, desde que não incida a majorante. 
 
2- SUJEITOS DO DELITO: 
 
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito, não se exigindo qualidade ou condição 
especial do seu agente, salvo o proprietário. 
 
Obs. Que crime pratica o dono da coisa que subtrai da posse legítima de alguém ? 
 
Para maioria haverá o exercício arbitrário das próprias razões – art. 345, 346 CP 
 
Obs. O funcionário Público que subtrai ou facilita para que seja subtraído bem público ou 
particular que se encontra sob a guarda ou custódia da Administração Pública, valendo-se da 
qualidade de agente público (facilidade proporcionada pelo cargo), pratica o crime de 
peculato – art.312, §1º CP. 
 
Obs. Subtrai condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a 
detém a coisa comum, configura o crime do art. 156 CP. 
 
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa. 
 
3- CONDUTA: 
 
Apoderar-se o agente, para si ou para outrem, de coisa alheia móvel, tirando-a de quem a 
detém. 
 
Pode ser direto: apreensão manual. 
Pode ser indireto: valendo-se de interposta pessoa ou até mesmo de animal. 
 
OBJETO: Coisa econômica – O interesse apenas moral não tipifica o crime. 
 
31 
 
Nucci: ``...Não se pode conceber seja possível de subtração, penalmente punível, por 
exemplo, uma caixinha de fósforos vazia, desgastada, que a vítima possui somente porque que 
lhe foi dada por uma namorada, no passado, símbolo de um amos antigo... a dor moral 
causado no ofendido deve ser resolvida na esfera civil...´´ 
 
Obs. O ser humano vivo não pode ser objeto material do furto. O cadáver, em regra, também 
não, salvo se pertencer a alguém, destacado com alguma finalidade específica – 
Universidades. 
 
Obs. A remoção de tecidos, órgãos ou parte do corpo de pessoa ou cadáver em desacordo 
com a legislação legal pode configurar o crime do art. 14 da Lei 9.434/97 – Lei de 
Transplante de Órgãos. 
 
Obs. Coisa alheia, coisa de ninguém (coisa que nunca teve dono), coisa abandonada não pode 
ser objeto material do delito. 
 
Obs. Coisa perdida: Crime de apropriação indébita de coisa achada – art. 169, parágrafo 
único, II, CP. 
 
Obs. Coisa móvel: Difere do Civil: No penal basta que a coisa possa ser transportada de um 
lugar para o outro. No Civil: Navios, aeronaves os materiais separados provisoriamente de um 
prédio são imóveis. 
 
 A subtração de objetos deixados dentro de uma sepultura configura o crime ? 
 
Para alguns configura o crime do art. 210, 211 CP, inexistindo furto, uma vez que os objetos 
materiais não pertencem a ``alguém´´ (RT 608/305). 
 
 Para outros o delito é furto (RT 598/313). 
 
Obs. Subtrair, por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre, calamidade, 
aparelhos, materiais ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro 
ou salvamento, pratica o crime do art. 257 CP 
 
4- VOLUNTARIEDADE: 
 
É O DOLO – Deve ter a intenção de não devolver a coisa a vítima. Se a intenção é devolver: 
furto de uso, um indiferente penal. 
 
Furto Famélico: A jurisprudência tem reconhecido o estado de necessidade – art. 24 CP. 
 
5- CONSUMAÇÃO: 
 
Amotio: (apprehensio): dá-se a consumação quando a coisa subtraída passa para o poder do 
agente, mesmo que num curto espaço de tempo, independentemente do deslocamento ou 
posse mansa e pacífica. 
 
STF e STJ – 
 
32 
 
Hungria destaca circunstancias em que o furto deve ser considerado perfeito mesmo que a res 
furtiva permaneça no âmbito pessoal ou profissional da vítima. Ex. Funcionário que pega uma 
joia da patroa e esconde dentro da residência para levar em outro momento. 
 
 
O Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal acolhem a teoria da 
“apprehensio” para definir o momento da consumação do crime de roubo, conforme é 
possível constatar no trecho destacado abaixo: 
 
No que se refere à consumação do crime de roubo, esta Corte e o Supremo Tribunal Federal 
adotam a teoria da apprehensio, também denominada de amotio, segundo a qual considera-se 
consumado o mencionado delito no momento em que o agente obtém a posse da res furtiva, 
ainda que não seja mansa e pacífica e/ou haja perseguição policial, sendo prescindível que o 
objeto do crime saia da esfera de vigilância da vítima. (STJ. HC 158.888/SP, Rel. Ministra 
Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 16.09.2010, DJ 11/10/2010). 
 
Esse entendimento jurisprudencial é majoritário, mas não o único, porque boa parte da 
doutrina entende que a consumação do furto e do roubo somente acontece quando o agente 
tem a posse mansa e pacífica da “res furtiva”. 
6- MAJORANTE DO REPOUSO NOTURNO: 
 
O §1º do art. 155: aumenta a pena de 1/3 se o crime é praticado durante o repouso noturno. 
 
Não há critério fixo para configuração de repouso noturno. 
Ex. repouso noturno às 21 horas no centro de São Paulo. 
 
7- FURTO PRIVILEGIADO (§ 2º) 
 
STF e STJ não admitiam a combinação do privilegio com a qualificadora. 
 
Os Tribunais Superiores mudaram seu posicionamento, admitindo a combinação. 
HC. 96.843, Relatora Ministra Ellen Gracie, 2º Turma, DJe de 24/04/2009. HC 101.256, 
Relator Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, DJe de 14/09/2011. 
 
 
7- CLÁUSULA DE EQUIPARAÇÃO 
 
Energia elétrica. 
 
Sinal de Televisão a cabo: Divergências: 
 
STF HC 97261/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.04.2011.: Atipicidade da conduta. 
 
8- QUALIFICADORAS (§ 4º e 5º) 
 
Inciso I: Destruição ou rompimento do obstáculo 
 
Fechaduras, cadeados, cofres ---- muros, tetos, portas, janelas etc., que dificultem a subtração 
da coisa visada pelo agente. 
 
33 
 
Obs. O obstáculo deve ser exterior à coisa subtraída. Se a violência for exercida contra o 
próprio objeto em incide a qualificadora. 
 
Obs. Há divergências sobre a ligação direta em veículo. Parte da doutrina entende que 
configura a qualificadora. 
 
Inciso II: Abuso e confiança: 
 
Exige-se relação de confiança. Lealdade ou fidelidade. Exclui as relações de emprego ou 
de hospitalidade (RT: 571/391). 
 
Exige-se a facilidade decorrente da confiança. Se o agente pratica o furto de uma maneira que 
qualquer outra pessoa possa fazer não haverá a qualificadora. 
 
Inciso II: Fraude (inciso II, segunda parte): 
 
Meio enganoso, capaz de iludir a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na 
subtração. 
Ex. O sujeito que fantasia ser funcionário da empresa para penetrar na residência da vítima. 
 
Obs. Não confunda com estelionato: O furto mediante fraude visa a diminuir a vigilância da 
vítima e possibilitar a subtração. O bem é retirado sem que a vítima perceba. 
No estelionato, a fraude visa a fazer com que a vítima incida em erro e entregue 
espontaneamente o objeto ao agente. 
 
Obs. Os Tribunais: Configura o furto e não estelionato 
 
1- Agente que, a pretexto de auxiliar a vítima a operar caixa eletrônico, apossa-se de seu 
cartão magnético, trocando-o por outro (RJDTACRIM 33/132). 
2- Simula compra de motocicleta e leva embora (RT 736/640). 
 
IncisoII: Escalada (inciso II, 3º hipótese). 
 
Uso de via anormal. Inclui também a penetração via subterrânea. 
 
Exige-se que seja fruto de um esforça incomum. Não bastando a mera transposição de 
obstáculo facilmente vencível (Ex. muro baixo) 
 
Rogério Cunha: imprescindível a perícia. 
 
Inciso II: Destreza (inciso II, 4º parte): 
 
Habilidade física ou manual, pratica o crime sem que a vítima perceba que esta sendo 
despojada de seus bens. (Ex. batedores de carteira) 
 
Obs. Analisar sob a ótima da vítima e não de terceiros (Ex. pessoas idosas) 
 
Inciso III (Chave falsa): 
 
É todo instrumento, com ou sem forma de chave, utilizado para abrir fechadura. 
34 
 
 
(grampos, pregos etc.) 
 
Ligação direta não é chave falsa, podendo configurar a qualificadora do rompimento de 
obstáculos (RJDTACRIM 19/110) 
 
Inciso IV Concurso de pessoas: 
 
Art. 29 CP 
 
Para reconhecimento da majorante basta o art. 29, caput, do Código Penal. 
 
``Quem, de qualquer modo, concorre para o crime, incide nas penas a este cominadas, na 
medida de sua culpabilidade´´. 
 
--participação moral ou real 
 
Obs. A circunstância de ser um dos comparsas inimputáveis não faz desaparecer a 
qualificadora (RT 545/402). 
Obs. Já decidiu o STF que se o crime for cometido por associação criminosa (antigo 
quadrilha ou bando) art. 288 CP, a incidência da qualificadora não acarreta o bis in idem a 
condenação por crime de formação de quadrilha e furto qualificado pelo concurso de agentes, 
ante a autonomia e independência dos delitos. (HC 123.932/SP, rel. Min. Eros Grau, 
08.04.2008). 
 
 
Desproporcionalidade: 
 
Furto: qualificadora da pena: Concurso de agentes: 1 a 4 --- 2 a 8 
 
Roubo (crime mais grave) 4 a 10 anos: aumenta 1/3 a ½ 
 
Súmula: 442 STJ ``É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de 
agentes, a majorante do roubo´´. 
 
 
Furto de veículo automotor (§ 5º): 
 
Pena mínima de 3 a 8 anos 
 
Pune-se aquele que concorreu, de qualquer modo, para o crime patrimonial, sabendo que a 
intenção era o transporte de veículo para outro Estado ou país. A pessoa contratada apenas 
para o transporte, não tendo qualquer participação no delito anterior (quer material quer 
moral), responde somente por receptação ou favorecimento real, a depender do caso. 
 
Para a configuração da qualificadora não basta que o delito seja de veículo automotor. É 
indispensável que seu destino seja outro Estado ou o exterior. 
 
Obs. Se o agente conseguiu consumar o delito de furto e foi detido antes de chegar a outro 
Estado ou país, responderá por furto simples ou qualificado por uma das hipóteses do § 4º, 
35 
 
mas não por tentativa de furto qualificado pelo § 5º, porque não se pode cogitar de tentativa 
em uma hipótese em que a subtração já se consumou. 
 
Obs. E o Distrito Federal ? 
 
STJ não inclui: HC 154.051 –DF Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
04/12/2012). 
 
Fundamento: Principio da Legalidade – inadmissível analogia ``in malam partem´´. 
 
Ação Penal: Pública incondicionada, exceto: 181 do CP 
 
181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: 
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou 
natural. 
 
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é 
cometido em prejuízo: 
 
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
 
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: 
 
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave 
ameaça ou violência à pessoa; 
 
II - ao estranho que participa do crime. 
 
III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) 
anos. 
 
 
FURTO DE COISA COMUM 
 
 
Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem 
legitimamente a detém, a coisa comum: 
 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
 
§ 1º - Somente se procede mediante representação. 
 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a 
que tem direito o agente. 
 
 
 
36 
 
1-CONSIDERAÇÃO INICIAL 
 
Este artigo traz a forma menos grave do delito de furto, um furto especial. O objeto jurídico 
continua sendo o mesmo (propriedade, posse ou detenção), mudando a qualidade da coisa 
subtraída (objeto material), agora não mais alheia, e sim comum, pertence a várias pessoas, 
dentre elas o próprio sujeito ativo. 
 
2- SUJEITOS DO CRIME 
 
Crime próprio, isto porque só pode ser praticado pelo condômino, coerdeiro ou sócio. 
 
Obs. O sócio de fato pode cometer o delito ? 
 
Damásio de Jesus: 
 
``Para nos, como a lei apenas fala em `sócio´, não fazendo qualquer distinção quanto à sua 
natureza, é irrelevante se a sociedade seja legalmente constituída ou de fato´´ 
 
3- CONDUTA 
 
A conduta punida continua a mesma do crime anterior (apoderar-se), recaindo, agora, sobre 
coisa comum. O bem visado pelo agente deve estar na legítima posse de outrem (condômino, 
coerdeiro ou sócio ou de terceiro). 
 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota 
a que tem direito o agente. 
 
Fungível: que pode ser substituída por outra do mesma espécie, quantidade e qualidade 
(art. 85 CC), a subtração será impunível, desde que não exceda a quota do agente. 
 
4-VOLUNTARIEDADE 
 
É punido a título de dolo. 
 
5-CONSUMAÇÃO 
 
O momento da consumação é divergente. 
Teoria Amotio (apprehensio). 
 
É admitido a tentativa. 
 
6-AÇÃO PENAL 
 
Art. 156, §1º CP 
 
 
 
 
 
 
37 
 
DO ROUBO E DA EXTORSÃO - CAPÍTULO II 
 
ROUBO 
 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou 
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de 
resistência: 
 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência 
contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção 
da coisa para si ou para terceiro. 
 
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: 
 
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; 
 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal 
circunstância. 
 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro 
Estado ou para o exterior. 
 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
 
§3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, 
além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. 
 
1-CONSIDERAÇÃO INICIAL 
 
É crime complexo: reunião do crime de Furto- art. 155 CP e Constrangimento Ilegal- art. 
146 CP. 
 
Tutelam o patrimônio e a liberdade individual da vítima. 
 
A Lei 8.072/90, art. 1º, inciso II, classifica como hediondo o latrocínio, tipificado no art. 
157, § 3º, in fine. 
 
2-SUJEITOS DO CRIME 
 
Comum: podendo ser praticado por qualquer pessoa, menos o proprietário do objeto 
(praticando violência ou grave ameaça visando recuperar coisa

Continue navegando