Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Agentes Antineoplásicos Profa. Dra. Ivone Carvalho Química Farmacêutica II 2016 - Noturno Epidemiologia do câncer 14 milhões de novos casos / 8,2 milhões de mortes em 2012 (OMS) Proporção global de mortes antes dos 70 anos (2012) Câncer, tumor, neoplasia... • Células cancerosas: perdem mecanismos regulatórios de controle de crescimento e multiplicação • (Des)diferenciação: perda das características especializadas que distinguem os tipos celulares • Entre 100 e 200 tipos de câncer: diferentes defeitos celulares • Causas do câncer (multifatorial): fatores de risco genéticos, ambientais, ocupacionais, comportamentais* • Carcinogênese: iniciação por mutágenos químicos, físicos, patógenos • Acúmulo de mutações Vírus associados ao câncer: Epstein-Baar: Linfoma de Burkitt Hepatite B: câncer de fígado Papilomavírus: câncer colo do útero HIV: sarcoma de Kaposi Carcinogênese Falhas genéticas que levam ao câncer • Ativação de (proto)oncogenes – Gene ras proteína Ras: sinalização para divisão celular, auto-controlada • Inativação de genes supressores de tumor (anti-oncogenes) – Gene TP53 proteína p53: processos de verificação, reparo e apoptose 2007, v 7, p 961-967 As marcas do câncer Invasão tecidual e metástase (malignidade) Insensibilidade a fatores de inibição de crescimento (TGF-β) Evasão da apoptose (morte celular programada) Ilimitada divisão celular (imortalidade) Angiogênese (crescimento de novos vasos sanguíneos) Vias de sinalização anormais (fatores de crescimento: TGF-α, PDGF) 2000, v 100, p 57-70 The Hallmarks of cancer. Regulação da divisão celular Transdução de sinais: Quinases Estímulo da divisão celular: Fatores de crescimento Inibição da divisão celular: Fatores de inibição de crescimento Processos de sinalização Alterações no processo de sinalização celular instruem a célula a se multiplicar constantemente Processos de sinalização Vias estimulatórias da divisão celular Fatores de crescimento Vias inibitórias da divisão celular Fatores de inibição de crescimento Proteínas de contenção Regulação da progressão do ciclo celular (CDK-Ciclins) Ciclo celular: ciclinas e quinases dependentes de ciclinas CDK 2 Ciclina A CDK 2 Ciclina A CDK 1 Ciclina B CDK 2 Ciclina E CDK 4, 6 Ciclinas D1, 2, 3 Ponto de restrição (G1) Decisão se a célula realizará todo o ciclo de divisão Tamanho celular Nutrientes Sinais externos Ponto de verificação (G2) Integridade DNA e cromossomos Fosforilação de pRB Sinais celulares que conduzem à Apoptose Sinalização externa (extrínseca) ou interna (intrínseca) p53 (envolvida) Apoptose DNA, Cromatina e Telômeros Células tumorais expressam enzima Telomerase: Tornam-se imortalizadas porque não existe um limite para o número de vezes que podem se multiplicar Busca por inibidores da enzima Telomerase Angiogênese VEGF: “vascular endothelial growth factor” FGF-2: “fibroblast growth factor” Liberação de: Inibidores de angiogênese: fármacos em uso clínico Tratamentos contra o câncer Intervenção cirúrgica Radioterapia Terapia gênica Imunoterapia Quimioterapia Terapias combinadas Dificuldade em atingir alvos seletivamente (câncer é “self”) Mais efetiva em tumores de rápido crescimento Toxicidade (tecidos de rápido crescimento) Principais alvos: - ácidos nucléicos DNA - enzimas (antimetabólitos) - microtúbulos - processos de sinalização - receptores de hormônios Resistência Glicoproteína P – bomba de efluxo 1.Fármacos que agem diretamente sobre o ácido nucléico 2. Fármacos que agem em enzimas: antimetabólitos 3. Fármacos que agem em proteínas estruturais 4. Inibidores dos processos de sinalização Classificação: segundo Patrick 2005 5. Terapia baseada em hormônios 6. Outros fármacos 1. Fármacos que agem diretamente sobre o Ácido nucléico - Intercalantes Isolada de Streptomyces peucetius em 1967 Ação da topoisomerase II O DNA superenrolado é uma molécula de DNA que está retorcida ou sofre giros sobre si mesma, de tal modo que o eixo da dupla hélice própria do DNA não segue uma curva plana mas que forma outra hélice, uma super-hélice. Supercoiling: 1. Fármacos que agem diretamente sobre o Ácido nucléico - Intercalantes Isolada de Streptomyces parvullis em 1953 Outros exemplos Bleomicina 1. Agentes não-intercalantes que inibem a ação da enzima topoisomerase sobre o DNA Previne a síntese de microtúbulos no processo de mitose Inibição do complexo covalente formado entre DNA e topoisomerase II Envenenadores de topoisomerase Ação sobre topoisomerase I Isolada de Camptotheca acuminata em 1966 1.Fármacos que agem diretamente sobre o ácido nucléico 2. Fármacos que agem em enzimas: antimetabólitos 3. Fármacos que agem em proteínas estruturais 4. Inibidores dos processos de sinalização Classificação: segundo Patrick 2005 5. Terapia baseada em hormônios 6. Outros fármacos Mecanismo de alquilação do DNA pela mostarda de nitrogênio: Clormetina (1942) 1.Fármacos que agem diretamente sobre o ácido nucléico - como alquilantes Agentes alquilantes da classe das Mostardas nitrogenadas Agentes alquilantes Pode ser consumida pelo uso de N-acetil-cisteína ou 2-mercaptossulfonato de sódio (mesna) Ciclofosfamida Grupo fosforamida Mecanismo de ação dos fármacos da classe das nitrosouréia (cloroetilnitrosouréia- altamente lipofílico e atravessa a BHE) Relacionadas a enzimas que reparam o DNA (oral) (intravenoso) Sítios de ligação de nitrosouréias na guanina e citosina do DNA Formação de ligação cruzada no DNA, promovido por bussulfan Usado em leucemia granulocítica crônica) Cisplatina e análogos injeção intravenosa para tratamento de câncer de ovário e testículo Cisplatina apresenta efeitos graves relacionados à náusea e vômito que podem ser revertidos pelo uso de antagonista de receptor de 5-HT3, como ondansetron. Menor efeito colateral Primeiro da série Oralmente ativo Aprovado em 1999 Inibição do processo de transcrição Mecanismo de ação de dacarbazina AIC: 5-aminoimidazol-4-carboxamida Procarbazina: Temozolomida: Ligação cruzada no DNA pela ação de mitomicina C (Streptomyces caespitosus) 1.Fármacos que agem diretamente sobre o ácido nucléico 2. Fármacos que agem em enzimas: antimetabólitos 3. Fármacos que agem em proteínas estruturais 4. Inibidores dos processos de sinalização Classificação: segundo Patrick 2005 5. Terapia baseada em hormônios 6. Outros fármacos Antimetabólitos DHFR: diidrofolato redutase Caminho biossintético de timidilato, envolvendo as enzimas timidilato sintase, diidrofolato redutase e serina hidroximentiltransferase Estrutura do ácido fólico e cofatores relacionados Diidrofolato redutase Fármaco inibidor da diidrofolato redutase: metotrexato Substrato natural: Substrato natural: Diidrofolato Inibidor: Metotrexato Principais interações com a enzima diidrofolato redutase Timidilato sintase Potente inibidor irreversível Mecanismo de formação de ácido timidílico e a influênciade 5-fluoruracil Inibidores de TS que ligam-se na região do cofator folato Inibidores de ribonucleotídeo redutase Presença de um cofator de ferro crucial para estabilizar um radical livre de tirosina, responsável pela remoção de próton do substrato: ácido ribonucléico. Inibidor dATP é um inibidor alostérico de ribonucleotídeo redutase: próximo slide Inibidores de adenosina desaminase adenosina inosina Intermediário tetraédrico * Inibição de adenosina desaminase aumenta os níveis de dATP na célula e, portanto, inibe alostericamente ribonucleotídeo redutase. Exemplo de um potente inibidor de adenosina desaminase: Pentostatin (Ki= 2,5 pM) Inibidores de DNA polimerase * Inibidores enzimáticos ou, quando incorporados no DNA, interrompe o elongamento da cadeia. Antagonistas de purina HN N N N S 6-mercaptopurina N N N N SH O OH OH H H H H O P O- O- O hipoxantina-guanina fosforibosiltransferase 6-tioinosinato inibe a conversão do 5-fosforibosilpirofosfato em 5 fosforibosilamina (1 a. etapa da biossíntese dos nucleotídeos purínicos) no organismo inibe a conversão de ácido inosínico em ácido adenílico nas duas etapas inibe a oxidação do ácido inosínico a ác. xantílico os metabólitos di- e tri- fosfato podem ser incorporados no DNA e RNA degradação metabólica guanase HN N N N S 6-tioxantina HO xantina oxidase HN N H N H N S ácido tioúrico O O HN N N N O ALOPURINOL inibição ALOPURINOL - aumenta potência e toxicidade da mercaptopurina - adjuvante quimioterápico - impede toxicidade renal causada pela liberação de purinas das células cancerígenas destruídas 1.Fármacos que agem diretamente sobre o ácido nucléico 2. Fármacos que agem em enzimas: antimetabólitos 3. Fármacos que agem em proteínas estruturais 4. Inibidores dos processos de sinalização Classificação: segundo Patrick 2005 5. Terapia baseada em hormônios 6. Outros fármacos 4. Fármacos que agem em proteínas estruturais 4.1. Inibem a polimerização de tubulina Catharanthus roseus Também inibem a polimerização de tubulina: triagem clínica Esponja marinha das ilhas Malvinas Árvore de Costa Rica Mais exemplos em triagem clínica Atividade 1000 vezes maior que vincristina Inibe também o suprimento sanguíneo para o tumor e previne angiogênese 4. Fármacos que agem em proteínas estruturais 4.2. Inibem a despolimerização de tubulina: estabilizam microtúbulos TAXOL (câncer de ovário e mama) (câncer de mama) Taxus spp. Derivados de paclitaxel com melhor biodisponibilidade oral, propriedades farmacológicas e ativo em câncer resistente ao tratamento com paclitaxel: triagem clínica Outros exemplos de inibidores recentes de despolimerização de microtúbulos 2. Fármacos que agem em enzimas: antimetabólitos 3. Fármacos que agem em proteínas estruturais 4. Inibidores dos processos de sinalização Classificação: segundo Patrick 2005 5. Terapia baseada em hormônios 6. Outros fármacos 1.Fármacos que agem diretamente sobre o ácido nucléico Processos de sinalização anormais Alteração no processo de sinalização celular instrui a célula a se multiplicar constantemente 5. Inibidores dos processos de sinalização 5.1. Inibição da enzima farnesil transferase e proteína Ras, a qual controla a multiplicação e crescimento celular (proteína G: GDP x GTP) Mecanismo envolvido: Inibidores de farnesil transferase Mimetizam a região tetrapeptídica da proteína Ras Problemas relacionados com a variação molecular empregando isósteros Alta seletividade e baixa toxicidade Inibidor de farnesil transferase planejado pela Astra Zeneca: pró-fármaco duplo (Ki< 1 nM) Inibidores de farnesil transferase com estrutura não-peptídica Obtido por “screening” 5.2. Inibição da enzima proteína quinases que fosforilam aminoácidos específicos Câncer: excesso de hormônios e fatores de crescimento e, portanto, altas proporções de proteína quinases ou seus receptores Envolvida nos processos de transdução de sinal: direcionando o crescimento e divisão celulares Ligação de ATP ao sítio ativo de proteína quinase do receptor do fator de crescimento epidérmico: EGF-R Não ocupado e explorado para preparação de inibidores Gatekeeper residue Gefitinib: inibidor de EGF-R Tratamento de câncer refratário de pulmão Mimetiza ATP e se liga na mesma região de ATP no sítio ativo da proteína quinase Gefitinib Outros inibidores de EGF-R em ensaio clínico Erlotinib - Inibidor de tirosina quinase Abelson – Imatinib: primeiro fármaco da classe lançado no mercado Leucemia mielóide crônica e estômago Alvo específico da célula cancerígena (proteína-quinase Bcr-Abl) Marco histórico no tratamento do câncer Desenvolvimento de Imatinib Novos Derivados de Imatinib Inibidores de quinases dependentes de ciclina Inibidores de quinases de FGF-R (receptor de fator de crescimento de fibroblasto) e VEGF-R (receptor de fator de crescimento de endotélio vascular) 1.Fármacos que agem diretamente sobre o ácido nucléico 2. Fármacos que agem em enzimas: antimetabólitos 3. Fármacos que agem em proteínas estruturais 4. Inibidores dos processos de sinalização Classificação: segundo Patrick 2005 5. Terapia baseada em hormônios 6. Outros fármacos 3. Terapia baseada em hormônios Hormônios esteróides combinam-se com receptores nucleares para formar complexos que atuam como “Fatores de transcrição nuclear” 3. Terapia baseada em hormômios Glicocorticóide: (leucemias e linfomas) Estrógeno: (câncer de prótata) Gliconeogênese Inibe hormônio luteinizante e diminui a síntese de testosterona 3. Terapia baseada em Hormônios Progestinas: (carcinoma endometrial e mama) Andrógenos: (câncer metastático de mama) Diminui hormônio luteinizante e, portanto, síntese de Estrógeno (efeito masculinizante) 3. Terapia baseada em Hormônios Agonistas LHRH: estimulam a liberação de hormônio luteinizante (LH) Quando os receptores são dessensibilizados levam a uma diminuição de LH Diminui nível de testosterona Câncer de próstata 3. Terapia baseada em Hormônios Antiestrogênio: inibem a ligação de estrogênio no receptor, Usado para tratamento de câncer de mama dependente de hormônio. OH Mecanismo comparativo da interação de estradiol (A) e o antagonista raloxifeno (B) no receptor de estrógeno 3. Terapia baseada em Hormônios Antiandrogênico: câncer de próstata Inibidores de aromatase Fármacos de segunda escolha para tratamento de câncer de mama dependente de estrogênio e resistentes a tamoxifen Atua como antiestrogênio Exemplos de inibidores de aromatase Reversível: Irreversível: Supressor adrenocortical Outros: Anticorpo e gene terapia 1.Fármacos que agem diretamente sobre o ácido nucléico 2. Fármacos que agem em enzimas: antimetabólitos 3. Fármacos que agem em proteínas estruturais 4. Inibidores dos processos de sinalização Classificação: segundo Patrick 2005 5. Terapia baseada em hormônios 6. Outros fármacos ADEPT: terapia por pró-fármaco de anticorpos direcionados por enzimas Outros: Terapia fotodinâmica
Compartilhar