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História do Processo Penal

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HISTÓRIA DO PROCESSO PENAL
Roma República (509 a.C/27 d.C)
O direito romano, da República, se estendeu do século VI a.C até o século I a.C (509 a.c/27 a.c), tais, todavia, datas não são precisas, pois as datas históricas não são um marco definido. Em Roma havia um sistema de direito e um sistema de justiça. Este sistema foi influenciado pelos princípios jurídicos e políticos da Grécia, vez que copiou um termo Eres que traduzido para o romano é conteza, em português, contenda. Isso significa dizer que o direito processual é contraditório, com base na justa posição das teses. Portanto, o direito processual romano foi construído com base no princípio do contraditório.
Já havia, nessa época, uma distinção entre o processo público e privado, pela diferença entre o interesse estatal e dos indivíduos. O julgamento ocorria em hasta pública e a população era chamada para decidir, sendo. No século I a.C, tal sistema aperfeiçoa-se, o debate passa a ser mais contraditório e os julgamentos adquirem um aspecto mais democrático, visto que a parte autora era responsável pela prova dos fatos. Raramente ocorria a prisão provisória em Roma. O processo romano, portanto, era pautado em princípios democráticos: julgamento público, o autor da ação tinha o ônus da prova, debate e contraditório, a liberdade era a regra, sendo a prisão exceção, pois para haver tratamento igualitário o réu deveria permanecer em liberdade. Esse sistema processual tem em si as características de um sistema acusatório, pois há alguém que acusa, não do tipo inquisitorial em que o juiz exerce a acusação e a análise das provas.
Roma Império (27 a.C/476 d.C)
O sistema acusatório romano começa a degenerar do mesmo modo que a República romana começa a degenerar. As influências político partidárias e a polarização da sociedade romana começam a se fazer presente nos julgamentos comiciais, isto é, revelando-se no resultado dos julgamentos. Quando o comício era composto por patrícios e o réu sendo patrício, a tendência de absolvição era grande. Os debates, embora eloquentes, deixaram de ser eficiência, pautando-se em uma decisão anteriormente tomada com base no preconceito da classe a que pertencia o réu. Com a decadência da República Romana, o Império passa a viger, em 27 a.C, com a figura de Otávio Augusto, filho adotivo de Júlio César, como autoridade soberana, alterando o modelo processual romano. Com a razão do incremento da criminalidade que surgiu com a decadência do modelo republicano, Otaviano passa a exigir que o Estado tenha presença mais significativa no processo. E, aos poucos, o sistema romano entrega a gestão da prova, a investigação e a função de acusar a um funcionário público que muitas vezes julga solitariamente. Fala-se, assim, de um processo de tipo inquisitivo. A prisão passa a ser a regra, porém, o sistema processual poupa os nobres que tinham como forma de prisão a domiciliar, em que um militar do Estado vivia na casa do réu. Havia, também, a custodia libera, em que um terceiro se responsabilizava pela liberdade do réu. Tais figuras substitutivas da prisão eram somente para os nobres.
No Império Romano do Ocidente, a economia deixou de funcionar em determinado momento e o poder romano começou a entrar em colapso. Os povos ditos bárbaros, estrangeiros, começaram a se infiltrar no Império Romano, dominando a economia, gerando a ruína do Império Romano do Ocidente e suas instituições. O império romano do oriente subsistiu e tentou por muitas vezes salvar o império romano do oriente, todavia, o direito romano, contudo, deixou de ser aplicado, vez que o vasto território pertencente ao Império Romano passa a ser governado por vários povos que aplicam seu próprio sistema de justiça, isto é, ocorreu uma balburdia jurídica e processual. Entretanto, esses modelos tinham como comum as ordálias de Deus que perdurou por quase mil anos, desde 476 d.C até o século XI.
Alta Idade Média (476 d.C/século XI)
Como o território passa a ser governado por diversos povos, cada povo possuía seu próprio conjunto de normas, havia, assim, diversos diplomas legais divergentes, no entanto, tinham em comum o modelo das ordálias que era baseado em uma crença divina, em que o sistema processual da república romana foi suplantado por uma crença religiosa. Acreditava-se que o individuo, posto à prova, sobreviveria, posto que os deuses não permitiriam que um inocente morresse e um culpado escapasse de tais provas. Os deuses eram responsáveis pelo julgamento, sendo o juiz um mero fiscal do processo. Ao lado dos juízos de Deus, integravam o sistema processual o duelo que, também, era entregue à decisão dos deuses. 
Baixa Idade Média (século XI/1453)
No século XI, recebe tal modelo um novo componente que é a influência das concepções da Igreja Católica. Algumas cidades começam a florescer economicamente e a burguesia passa a ter interesse em comercializar com o resto Ocidente. Contudo, ao mesmo tempo em que era necessário esse comércio e o contato com o Ocidente, a Igreja se sentia ameaçada com a presença dos muçulmanos na Europa que chegaram até a península ibérica. A Igreja Católica Romana não admitia de uma concorrência em termos religiosos. Nesse momento, os princípios do cristianismo que foram ensinados por Jesus Cristo que representavam um Deus único e bondoso começa a perder força, sendo substituído por outra ideologia da Igreja de Santo Ancelmo que dá uma nova visão ao cristianismo. O Deus bondoso passa a ser substituído por um Deus punitivo que impõe penas aos infiéis e preza o rebanho que assim age, trazendo um cristianismo globalizante. Santo Ancelmo, portanto, deu bases às cruzadas que eliminava os muçulmanos que viviam no Sul da Europa.
Essa máquina inventada pela Igreja católica passa a ser utilizada no processo criminal. Isso acontece quando um Rei do Sacro Império Romano Germânico concede à Igreja o poder de perseguir um povo que não se submetia ao seu governo. Com esse sucesso, outros reis pedem o auxílio da Igreja para combater os tártaros.
Na sequência desses sucessos, Frederico Barba Roxa delega à Igreja uma parcela de seu poder jurisdicional, em 1184, no Concílio de Verona. Em 1215, o Concílio de Latrão aprova a desnecessidade de acusação formal, criando, assim, a figura do juiz inquisitor. Em 1252, a Bula ad extrijuanda surge com a primeira teoria criminológica que permite a tortura para se extorquir do acusado o fato. Tortura-se, portanto, para se chegar à mente do réu. Constrói-se, desse modo, o sistema insquisitório que perdura por 7 séculos na Europa. No Brasil, as torturas perduraram, na prática, até o século XX.
Século XVI/XV
O direito medieval não pretendia ser onicompreensivo e não pretendia regular a todas as relações, permitindo que o direito não brotasse somente da autoridade estatal. O direito iria se construindo nas relações familiares, nos próprios comércios. O direito estatal se limitava ao rei, isto é, assunto do estado, permitindo que outros tipos de direito emergissem da própria sociedade. Os direitos locais passam, portanto, a viger. Com as cidades florescendo e reivindicando maior peso na sociedade, começam a influir no direito processual, pois passa a viger o sistema da prova tarifada para manter a estrutura estamental da sociedade.
Não há, nesse período, novidade quanto ao direito, mas sim, em termos científicos e políticos. Surgem as ideias de Descartes em seu método cartesiano, de solução dos problemas decompondo-os em partes que recebeu influência, posteriormente, de Newton que deu uma fórmula matemática os princípios cartesianos. Há, assim, um abalo da fé religiosa e seus dogmas, ainda que Deus esteja presente na política.
Para que permaneça o poder do rei, Jean Podin cria uma teoria a fim de fortalecer absoluto, ainda que fosse concedido por Deus e pela Igreja. Sua teoria ganha mais um passo com a teoria da representação de Tomas Hobbes que configurava o Estado como um corpo humano, dividindo suas funções. O soberano passa a ter a representação dos súditos e não somente Deus na Terra, por receber umadelegação, isto é, os súditos cedem a ele o poder para que governe.
Século XVII/XVIII
Com a Revolução Francesa, rompe-se com tudo anteriormente constituído. Inicia-se com a França metrópole de parte dos Estados Unidos, sobretudo o sul, e já havia na França empresas de capital aberto. Um dos principais investidores e exploradores da colônia americana que virou uma espécie de Ministro da Fazenda de Luís XIV, era presidente de uma destas empresas de capital aberto. Sua empresa entra em crise e as ações despencarem, o que fez com que o presidente, para cobrir o rombo, utilizasse verba pública para cobrir este rombo, por meio da emissão de papel moeda, gerando, assim, inflação. Aumentou, assim, o déficit público que para ser coberto, Luis XIV utilizou o terceiro setor, único que trabalhava e pagava impostos, diferentemente do Clero e da nobreza, para isto, por meio dos aumentos dos impostos.
Este terceiro setor se opôs em face da decisão de Luis XIV, embora não houvesse uma teoria que amparasse sua luta. Contudo, surge um personagem do Clero bases teóricas para seu movimento, em que afirma que o povo tem legitimidade para se auto convocar em assembleia constituinte, gerando um rombo na política absolutista. Quando deflagrada a revolução do povo, se constitui em assembleia constituinte para determinar o poder constituinte e poder constituído, pois deveriam ser eleitos representantes, já que não poderia o povo governar. Utiliza-se a concepção contratualista e igualitária de Rousseau, em que é concedido ao governante o poder de governar, os indivíduos abrem mão de uma parcela de sua liberdade para a celebração do contrato. 
Isso perdura anos, vez que a revolução francesa não é só um ato, e produziu efeitos em 1791, em que há um novo golpe. A revolução manteve Luis XIV no poder, somente cortando seus poderes, vivendo uma monarquia constitucional, e ocorre, em 1791, novo golpe e é a nobreza guilhotinada. Em 1793, os conservadores, dentro dos revolucionários de diferentes matrizes, assumem o poder, voltando a ter o voto censitário, pautado na ideia de Locke, o que contraria o lema da Revolução. Locke traz a teoria da representação pautada na igualdade, contudo, somente contemplava os cidadãos virtuosos, homens proprietários. Diante disso, as revoluções se multiplicam em solo francês. Essa revolução foi feita, inicialmente, pelos burgueses e trabalhadores, porém, prosperam os burgueses conservadores e buscam, na teoria de Locke, a proteção à propriedade, isto é, nas projeções econômicas e ações, não no bem em si, chamada de Justice.
Assim é formado o novo Estado francês, criando toda a estrutura política e jurídica dos Estados Modernos. Traz, esta novas ordem, princípios processuais e políticos importantes. O processo torna-se público com acusação pública, com julgamento submetido ao contraditório, em que a parte autora deve se pautar na prova. Adota, também, o júri, o devido processo legal, a criação de tribunais superiores para julgar recursos. Fornece, assim, os principais princípios processuais.
A época do jusnaturalismo, o direito romano que era reproduzido passa a ter um filtro que é a observância do direito natural e inalienável de todos os cidadãos da nova república. Há a aplicação da separação de poderes, pautada nas ideias de Oliver Cronwel. 
Ao final do século XVIII, quase no século XIX, Kant aperfeiçoa a ideia de juiz equidistante, em sua obra chamada de “A Paz Perpétua”. Entretanto, os juízes permaneceram parciais para satisfação do interesse dos burgueses. 
Século XIX
Com as promessas não cumpridas do Estado Moderno, havia massas populares deserdadas do progresso econômico que reivindicavam. Para lidar com isso, era preciso de status forte, legislação casuística. Por conta disso, surgem os impérios e os movimentos de codificação. Na França conturbada, surge Napoleão que se diz a modernidade e a revolução para a pacificação da França. Começa haver, assim, a codificação, influenciando os demais países europeus. 
No plano do direito processual, Napoleão rompe com o sistema acusatório que a revolução francesa implantou pautado no sistema inglês. Acaba-se com o júri popular e o princípio do livre convencimento motivado é acoplado ao princípio inquisitivo. Há uma investigação oficial e dá ao juiz o poder de buscar a verdade real. O livre convencimento do magistrado baseado na crença de que a razão coloca uma venda aos olhos do juiz transforma-se em a necessidade do juiz buscar a verdade real pautada em um inquérito. Inverte-se a ordem da coisa, concedendo-se ao juiz buscar a verdade real. Napoleão absorve parcialmente o modelo processual pautado no sistema acusatório, porém, inaugura o sistema misto, pois possui, também, elementos do sistema inquisitivo. Nosso Código Penal pautou-se no Código Rocco de Napoleão que tem como sistema o misto.
O positivismo propunha que não fosse dada atenção às imagens do intérprete, isto é, o inconsciente e as influencias externas do intérprete. O positivismo jurídico passou ser adotado em toda a Europa que se desenvolveu por meio de Kelsen. Traz, assim, a ideia de um juiz neutro que não optasse por um compromisso ideológico. Kelsen visava evitar que as paixões políticas penetrassem no direito, imune às paixões humanas. Entretanto, sua teoria foi utilizada de forma inversa, para manutenção do status quo.
No século XIX, os alemães visam compreender a teoria do direito processual, determinando a natureza jurídica do processo. Surgem, também, as teorias da ação, que vão até o século XX, do livre direito de ação. É, neste momento, em que o direito processual penal se aparta do direito civil, vez que a natureza do processo era tida como um contrato romano, em que ocorria uma novação. O direito romano, vendo que esta noção não era perfeita, cria a ideia de quase contrato. 
Portanto, este momento do século XIX pressupunha ordem, positivismo, progresso econômico, estados fortes. Entretanto, nesta época, havia uma massa popular que não havia recebido as promessas da Revolução no século XVIII, o que explodiu no século XIX e XX, gerando modelos de fortes de estado, como o nazismo e fascismo, massas descontentes com o não cumprimento das promessas do século XVIII. De um lado veio o liberalismo que não pretendia romper com o desequilíbrio da sociedade, diante da revolução industrial, assim como governos totalitários que pretendiam usar as massas populares como massas de manobra ou para promoverem revoluções proletárias ou fortalecer o Estado. Em face destes governos totalitários que massacraram as minorias, surge uma doutrina de direitos humanos para proteção destes indivíduos.

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