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Modelo Inglês Processo Penal

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Aula 02 30/08 
Momentos entre o passado e o presente do Direito Processual Penal
John Locke apenas preconizava os direitos humanos para a classe dominante, para ele os direitos humanos não eram baseados em princípios de igualdade material. Vale lembrar que Locke acreditava que o Estado não tinha o dever de tratar aqueles que estavam a par do contrato social. John Locke não tinha este princípio dos direitos humanos trazidos à tona no pós-segunda Guerra e positivados em tratados e outros documentos internacionais. 
Os direitos humanos nascem das tramas sociais e do conflito. O criador dos direitos humanos e que deu o fermento para isto foram as promessas não cumpridas do Estado Moderno – liberdade, igualdade e fraternidade. Foram as promessas não cumpridas do capitalismo e do liberalismo as responsáveis pela criação dos direitos humanos. 
Ao contrário de Norberto Bobbio que o enxerga de forma conservadora, é preciso salientar que os direitos humanos se contrapõem a qualquer tipo de autoritarismo e até hoje estão sendo criados. 
Com o fortalecimento dos direitos humanos e das garantias processuais no pós-segunda guerra vemos a presença do garantismo de forma geral. O garantismo busca trazer para o século XX os princípios norteadores da revolução francesa do século XVIII. Nesta seara, Luigi Ferrajoli em sua obra “Direito e Razão” elenca uma série de princípios garantistas, movidos por esta tendência do pós-segunda guerra, que são de suma importância para a área Criminal. São eles: 
Nulla pena sine crimine – não há pena sem crime
Nullum crimine sine lege – não há crime sem lei
Nulla lege sine necessitate – não há lei sem necessidade
Nulla necessita sine inuria – não há necessidade se não houver ofensa
Nulla iuria sine actione – não há ofensividade sem ação humana (Teoria da Ação)
Nulla actione sine culpa – nenhuma ação sem dolo/culpa (Teoria da Culpabilidade 
Nulla culpa sine iudicio – nenhuma culpa sem julgamento 
Nullum iudicium sine acusatione – nenhum julgamento sem acusação
Nulla acusatio sine probatione – nula acusação sem prova 
Nulla probatio sine difensione – nenhuma prova sem defesa (princípio do contraditório, sistema acusatório) 
Estes princípios reelaborados por Ferrajoli foram considerados os dez axiomas do Garantismo. Estes princípios entraram no ordenamento brasileiro pela Constituição de 1988, até este momento o processo penal brasileiro era extremamente autoritário. Vale ressaltar que estes princípios garantistas já eram encontrados nas cartas e documentos internacionais de direitos humanos, como já esposado. 
No contexto mundial, este final do século XX começa a sentir o impacto de uma nova ordem política e econômica denominada de neoliberalismo. Saíamos de uma fase de Welfare State do pós-segunda guerra para entrar nesta dinâmica do neoliberalismo. 
Esta nova ordem mundial acarretou no incremento da criminalidade em virtude do aumento da pobreza, pela retirada deste estado de bem-estar social. Assim sendo, de 1988 até 2013 o Estado Brasileiro ampliou a criminalização por meio de novas leis incriminadoras. Entretanto, tal fato não se limitou apenas no Brasil, vez que os EUA – país que inaugurou o neoliberalismo – foi alvo do maior aumento da população carcerária do mundo, permitindo-se, então, que a iniciativa privada tomasse conta das penitenciárias. 
Dentro deste cenário surgiu a chamada Teoria das Janelas Quebradas, responsável pela criminalização das comunidades mais pobres. Fazia-se uma analogia entre o estado precário das casas destes indivíduos – por isto que se chamava teoria das janelas quebradas – e os focos de criminalidade. 
Sendo assim, transformava-se em potencial criminoso aqueles indivíduos habitantes destas comunidades e zonas mais carentes. Houve, sobretudo em Nova York, o disciplinamento destas comunidades abastadas – que exibiam as janelas quebradas, como forma de sintetizar estes bairros mais pobres – com uma política de tolerância zero e vigilância constante. Abria-se espaço para o Direito Penal do inimigo, retomando o que preconizavam os contratualistas como Locke e Hobbes, no sentido de que quem estivesse à margem do contrato social não seria alvo destas garantias. 
No plano internacional, além do neoliberalismo, outro fenômeno surge na Europa (local onde o neoliberalismo foi mais suave), qual seja o terrorismo de origem islâmica. Surgem assim, as declarações internacionais da ONU (Convenção de Nova York do ano 2000) com vistas a combater o crime organizado e principalmente o terrorismo. Com o 11/09 nos EUA, por meio das leis patrióticas, diversas garantias foram suprimidas para que se combatesse o terror. 
Esta onda de quebra de garantias chegou ao Brasil, de modo que estas modalidades são utilizadas em nosso país para o combate ao tráfico de drogas. Há uma verdadeira situação de porosidade das garantias. Vale lembrar da relativização da presunção de inocência por decisão recente do Supremo. A opinião pública acaba por interferir na técnica do processo penal. O enfraquecimento destas garantias, sob uma perspectiva universal e atemporal, nos permite dizer que este se presta a atingir os inimigos da ocasião de cada momento histórico. 
O Processo Inglês: 
	O sistema de justiça inglês em seus primórdios se deu de forma comunitária. Assim, o Júri inglês detém origem no processo Romano e Grego e se desenvolveu de forma autônoma naquele cenário. Diante disto, a forma de julgamento que ocorria com as infrações fiscais passou a ser utilizada para aquelas de cunho penal. Entretanto, havia uma diferenciação entre ambas, haja vista que a acusação nos casos de crimes era de iniciativa do particular e do ofendido. 
Em 1215 na Europa Continental ocorreu o Concílio de Latrão e por meio dele se proíbe o julgamento por duelos e ordálias, se institui o juiz inquisidor e se substitui a acusação formal particular, a tortura foi possibilitada. O processo penal entra em uma fase obscura e inquisitorial. 
À contrário sensu, na Inglaterra, com a Magna Carta de 1215, foi enveredado o princípio do devido processo legal com a chamada Law of the Land, embora houvesse prisão preventiva obrigatória e ausência de defesa técnica. Em 1350, divide-se o Júri entre o Grand Jury – responsável pela investigação e admissibilidade da acusação – e o Petty Jury – julgamento. (Os princípios da Magna Carta chegam na França por meio da Revolução Francesa). 
Posteriormente a assistência judiciaria para todos e a defesa técnica foram implementadas, consagrando o modelo adversarial/acusatório – em que o juiz não detém a gestão da prova, apenas determinando sua admissibilidade ou não. (Ao contrário do que ocorria na Europa Continental, vez que nesta o que vigorava era o modelo inquisitorial).

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