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Edgar Morin

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EDGAR MORIN: PENSADOR DA COMPLEXIDADE1 
 
GOMES, Alyne Bianca Nunes Ferreira2 
 
 
 
 
 Edgar Morin nasceu no dia 8 de julho de 1921, em Paris. Sua origem 
judaica lhe fazia sentir-se diferente e solitário frente ás humilhações e preconceitos 
de que era vítima. Durante sua fase escolar, buscava respostas ás suas duvidas e 
angustias referentes á vida, ao futuro e a sua pátria. Aos nove anos de idade perdeu 
a mãe. Aos treze anos já somava muitas tentativas e alguns ensaios inacabados de 
alguns escritos. Dos dezessete para os dezoitos anos, vivia a confusão do período 
que antecedeu a guerra, momento marcado por profundos conflitos interiores. 
Pacifista por natureza, e contra a violência; contudo socialista em tudo o que o termo 
‘socialismo’ concentra: fraternidade, igualdade e liberdade. “Viveu na carne o fim da 
república e a dor da guerra com todos os seus temores e amarguras; entretanto, 
jamais deixou de crer no amor e na razão, que sempre orientam sua vida, seu 
pensamento, sua obra.” (PETRAGLIA, 2011, p.20.) 
 Filiou-se ao partido comunista dos dezenove aos vinte anos, do qual fez 
parte por dez anos. Ingressou na faculdade e impressionado pela guerra, dedicou-se 
á Economia Política, que era a área que detinha o poder, e seu projeto pessoal era 
fazer através da política a humanização do processo econômico. Desejando obter 
todo conhecimento e informações possíveis das ciências sócias, matriculou-se nos 
cursos de historia, geografia e direito, e também disciplinas de ciências políticas, 
sociologia e filosofia. Concluídos os estudos em 1942, tornou-se tenente das forças 
Francesas por dois anos, o que fez refletir e compreender o valor da vida e da morte. 
 Em 1945, casa-se com a socióloga francesa Violette Chapellaubeau, sua 
companheira de escola. Em 1947 nasceu sua primeira filha Irene Chapellaubeau 
Nahoum e em 1948, Veronique Nahoum. 
 
1 Trabalho apresentado à disciplina Teoria da Educação, sob a orientação da professora mestre 
Simone Freitas Pereira Costa. 
2 Acadêmica do 1º período do curso de Pedagogia – Licenciatura do Instituto Superior de 
Educação Almeida Rodrigues -ISEAR/ 2013-01 
 Em 1951, foi expulso do partido comunista por divergências em relação 
ao estalinismo3 e criticas ao dogmatismo4. Ingressou no mesmo ano no Centre 
Nacionale de Recherche Scientifique5 (CNRS), na condição de pesquisador, onde 
fica até 1989. 
 Dentre as inúmeras obras de Morin serão citadas as mais importantes 
para se entender a complexidade da sociedade e da educação. Em 1965 publica 
Introdução a uma política do homem retomando suas reflexões políticas. 
1973: O paradigma perdido a natureza humana. 
1977: O método 1- a natureza da natureza. 
1980: O método 2- a vida da vida. 
1981: Para sair do século XX. 
1982: Ciência com consciência. 
1984: Ciência e consciência da complexidade. 
 O problema epistemológico da complexidade. 
1986: O método 3- o conhecimento do conhecimento. 
1990: Introdução ao pensamento complexo. 
1991: O método 4- as idéias. 
1993: A decadência do futuro e a construção do presente. 
1994: A complexidade humana. 
 Novos paradigmas, cultura e subjetividade. 
1996: Chorar, amar, rir, compreender. 
 A sociedade em busca de valores. 
1998: Ética, solidariedade e complexidade. 
1999: A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 
 A religação dos saberes: o desafio do século XXI. 
 A inteligência da complexidade. 
 Complexidade e transdiciplinaridade: a reforma da universidade e do 
ensino fundamental. 
 O pensar complexo: Edgar Morin e a crise da modernidade. 
2000: Ninguém sabe o dia que nascerá. 
 
3 Estalinismo é o nome que se dá aos métodos e princípios adotados por Joseph Stalin, líder da 
União da República Socialista Soviética (URSS) entre 1929 e 1953. 
4 Dogmatismo significa doutrina que afirma a existência de verdades certas e que se podem 
provar indiscutíveis. No kantismo, doutrina cujos princípios e proposições são aceitos de modo 
não crítico. 
5 Tradução: Centro Nacional de Pesquisa Científica. 
 Os sete saberes necessários à educação do futuro. 
 O sentido da escola. 
 Saberes globais e saberes locais: o olhar transdiciplinar. 
 A propósito dos sete saberes. 
 Diálogo sobre a natureza humana. 
 Da memória à responsabilidade. 
 As chaves do século XXI. 
2001: O método 5- a humanidade da humanidade. 
2002: Diálogo sobre o conhecimento. 
 As duas globalizações: complexidade e comunicação, uma pedagogia do 
presente. 
 Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. 
2003: Educar na era planetária- o pensamento complexo como método de 
aprendizagem pelo erro e incerteza humana. 
2004: O método 6- ética. 
2007: Inteligência da complexidade: epistemologia e pragmática. 
 
 Ao longo de seu trabalho Morin têm atribuído as incertezas, ou seja, as 
duvidas da humanidade às ciências e às ações políticas. Em sua obra propõe o 
conhecimento e convivência com essas incertezas, para se entender a 
complexidade da sociedade com um todo e, não com um pensamento simplificador 
que exprime somente a idéia de um e não de todos. 
 Seu pensamento é pautado no estudo crítico da complexidade que 
“compreende quantidades de unidades, interações diversas e adversas, incertezas, 
indeterminações e fenômenos aleatórios”. (PETRAGLIA, 2011, p.52). Por não 
concordar com um saber fragmentado, critica o sistema deste tipo de ensino como 
os princípios, objetivos, hipóteses e conclusões. 
 A parte essencial do pensamento de Morin é a complexidade, que tem a 
tarefa de juntar tudo que está separado, e capaz de considerar todas as influências 
recebidas: internas e externas e não se reduz a uma única linha de pensamento. 
Desta parte as explicações do seu trabalho. 
 
 
 
 Para Morin (1982, p.33) apud Petraglia (2011, p.54) 
 
[…] A ciência é, e continua a ser, uma aventura. A verdade da 
ciência não está unicamente na capitalização das verdades 
adquiridas, nas verificações das teorias conhecidas. Está no 
caráter aberto da aventura que permite, melhor dizendo, que 
exige a contestação das suas próprias estruturas de 
pensamento. [...] Talvez estejamos num momento critico em 
que o próprio conceito de ciência está a modificar-se. 
 
 
 Ciência significa conhecimento, sabedoria. Constitui a sua área de saber a 
determinado objeto, o que causa uma fragmentação da visão integral do ser. 
Exemplo: a medicina especializada, foca o estudo em parte do corpo humano e não 
o todo em geral. 
 É preciso ter clareza da complexidade da ciência para se entender os 
inúmeros e diferentes aspectos variáveis, norteadores de seu desenvolvimento. 
Também é preciso “que se instaure o diálogo reflexivo e crítico das inter-relações 
entre ciência, sociedade, técnica e política. (PETRAGLIA, 2011, p.56.) É preciso 
considerar a complexidade em qualquer aspecto de vida. 
 O ser humano, assim como o conhecimento é feito por fenômenos 
distintos e diversos, capaz de influir nas ações e transformar-se. Através da 
produção do conhecimento, não se deve desconsiderar a multidimensionalidade do 
real, ou seja, as diversas características do fenômeno. Se o pensamento complexo é 
o responsável pela ampliação do saber, consideremos que a realidade 
multidimensional adquire a consciência de que o saber não tem limites, e de que o 
ser humano até a morte está em constante processo de aprendizagem. 
 O paradigma da complexidade,que quer dizer o ‘todo’ é complexo, só 
poderá ser completo, quando as idéias simplistas, reducionista e disjunto, forem 
extintas. 
 Conforme Petraglia (2011, p.64.) 
 
 Morin nos coloca a necessidade de pensarmos sobre a 
 complexidade da realidade física, biológica e humana, visto 
 que os conceitos de ordem, desordem e organização estão
 presentes no universo e na sua formação; na vida, em sua
 evolução biológica; como também na historia humana, em
 todas as suas vertentes. 
 
 O conceito de ordem é disposição conveniente dos meios para se 
obterem o fim. A desordem no que diz respeito ao ser humano são as incertezas, 
que é necessário para evolução de tudo. Organização significa: transformar, 
produzir, ligar, manter. É necessário que aprendamos as noções de ordem-
desordem-organização. 
 O ser humano vive a construção de sua própria identidade, que 
pressupõe a liberdade e a autonomia, para tornar-se sujeito, a partir das 
dependências que alimenta, necessita ou tolera, como por exemplo, da família, da 
escola, da sociedade, da linguagem, da cultura etc. 
 Associada à idéia de morte, a consciência surge no mundo, inspirando 
inclusive a auto-reflexão. Seria ótimo se as sociedades e civilizações, ou melhor , se 
todos os indivíduos que as compõe, tivesse a consciência de que essas marchas 
para o progresso e desenvolvimento da ciência estão causando uma grande crise, 
conhecida como planetária. Esta bastante contraditória, pois tem características de 
perigo e oportunidade; perigo pela destruição que vem ocorrendo entre a natureza e 
os seres humanos e oportunidade, como caminho para a transformação. 
 Morin, vendo a necessidade de rompermos a idéia do saber parcelado e 
acreditando que este fragmenta todo e qualquer tipo conhecimento, fala das 
incertezas da ciência e da importância e a necessidade de se pensar a educação 
numa perspectiva complexa, capaz de compreender e viver a solidariedade em 
diversas dimensões dentro da escola. 
 Quando se pensa na forma de aprendizagem, sabemos que desde os 
primórdios o saber é fragmentado. Esses efeitos se refletem, hoje, na educação, e 
permeiam o currículo das nossas escolas. O currículo escolar é mínimo e 
fragmentado. Na maioria das vezes, deixa a desejar tanto em quantidade quanto em 
qualidade, não oferece nas disciplinas a visão do todo, mais separa por partes 
fragmentadas sem juntá-las novamente para uma melhor compreensão. 
 É necessário que as pessoas da comunidade escolar tenham um 
autoconhecimento que cada indivíduo, colocando este a serviço da construção de 
sua própria identidade. Morin sugere a transdiciplinaridade como a maneira de se 
romper os limites entre as disciplinas, que fragmentam o saber e a visão de 
educadores e alunos. 
Cabe aos professores o inicio da reforma do pensamento, que parte do 
simplista e linear para o complexo. E dessa maneira, o ser humano, através da 
educação, será capaz de reformular seu pensamento e refletir-se conscientemente. 
 O pensamento complexo de Edgar Morin é de grande valia, para nossa 
formação, pois se passarmos a ampliar os nossos pensamentos, buscar produzir e 
elaborar, ao invés de reproduzir ou copiar os já feitos , com toda certeza faremos a 
diferença em nossa trajetória de vida profissional, seja ela qual for buscando o ideal, 
ao invés de nos conformarmos com a realidade que está longe de ser o que 
queremos e precisamos. Podemos afirmar que não seremos mais as mesmas 
acadêmicas, agora que sabemos um pouco da complexidade de Morin, que mesmo 
com todas as suas dificuldades, provou que quando se tem força de vontade se 
conquista tudo o que deseja. 
 
 
 
 . 
REFERÊNCIAS 
 
 
PETRAGLIA, Izabel. Edgar Morin: A educação e a complexidade do ser e do saber. 
13. ed. Petrópolis: vozes,2011. 
 
 
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua 
portuguesa. 3. ed. Curitiba: positivo,2004.

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