Buscar

Império e Papado: Relações de poder na Idade Média Central

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Império e Papado: Relações de poder na Idade Média Central
Papado
‘Século x, depois da desagregação do império carolíngio’
Segundo Le Goff, depois da virada do ano 1000 haviam 2 figuras de destaque da cristandade, o imperador e o papa. (relações de grandes figuras) 
Le goff chama de “o primeiro plano de um palco de ilusões” para explicar o protagonismo dessas duas figuras
Durante a idade media central, as relações de poder, os conflitos entre império e o papado são o centro da história política. 
A situação do papado não estava muito boa no início, após a virada do ano 1000, pois estavam dominados pelos senhores e pelos imperadores que restaram do império carolíngio, porém ele não fica muito tempo nessa subordinação de poder (um deles era o império germânico), nessa submissão a outros poderes. Aos poucos ele se reestrutura de forma muito significativa e um dos pontos principais é a reforma gregoriana, grande movimento de reforma da igreja conduzida pelo papado; porém com aspectos muito variados.
Características da reforma gregoriana (relações de poder, relações de império, religiosidade):
Luta contra a simonia (venda e comércio de cargos eclesiásticos) [tentativa interna de reforma de moralização da igreja]
Lenta instauração do celibato no clero
Tentativa de fundar a independência do papado [independência do poder e das ações do papado]
O papa, bispo de roma, que tem uma supremacia prática, em termos legais e supremacia moral pois o bispo de roma não só mais um bispo, ele é o primeiro entre seus iguais. E segundo uma ‘crença apostólica’ Pedro se sentou na cadeira onde hoje é ocupada pelo bispo de roma, portanto há uma “supervalorização” dele. E aos poucos esse conceito aplicado ao bispo de roma vai se tornando mais visível, pois ele é referido a figura de deus na terra, o chefe da cristandade. Ta acima da hierarquia eclesiástica.
O imperador tinha a supremacia de realizar a investidura que é um ritual de investir em alguém num poder diferente e então o papado vai querer e lutar pra ter essa supremacia pois para eles quem deve investir em cargos eclesiásticos é o bispo de roma e não o imperador; o que causou brigas entre essas instancias de poder (querela/crise das investiduras).
O que está em jogo é a investidura de bispos, mas por trás disso se tem uma luta pela supremacia pra saber quem manda, quem de fato é a cabeça da cristandade. E por trás disso há um projeto de reservar a supremacia ao poder espiritual, dizer que o poder espiritual está acima do poder temporal (isso está como base teórica dessas ações).
Isso só vai ser resolvido em 1122 com a chamada concordata de worms. A igreja conseguiu em partes o que queria. O imperador deixou a investidura ao papa pelo báculo e pelo anel do pontífice e promete respeitar a liberdade das eleições do papa e as sagrações dos bispos, mas ele conservou a investidura pelo cetro. Ou seja, o imperador ainda vai possuir o poder temporal, e aquele cargo que é inerente ao bispo quem dá é o imperador. Porém o bispo não é apenas um representante do poder espiritual, ele tem um poder local de fato. E então a briga pela supremacia continua, diferentes conflitos que variavam e eram instáveis foram acontecendo ao longo da Idade Média Central com diferentes personagens.
O papa continua como protagonista, representante do poder temporal, ele está “bem na fita”, o papado ainda mantém suas pretensões de poder universalizante inclusive de supremacia do seu capte da cristandade, de ser a cabeça da cristandade, enquanto o império está diminuindo de importância. Porém, o papado estava tão focado em “derrubar” o império que já estava “caindo” por conta própria que não se deu conta do real problema que viria a enfrentar no século XIII em diante que é o fortalecimento do poder dos reinos porque essa é uma luta com pretensões de poder universalizante.
E entre os século XII e XIII, os reis conseguem de fato fortalecer suas monarquias, e no século XIII em diante começa a tomar um rumo muito grande. E então o conflito entre papa x imperador vai diminuindo e o papa começa a ter problemas com os reis, mas o rei não está disputando pela supremacia da cristandade, porém o que ocorre em seu reino é resolvido por ele mesmo, e independente de ser uma questão de hierarquia eclesiástica para o papado, pois para o rei se o bispo é natural de seu reino ele é súdito do rei.
Império
Depois do final do império carolíngio, a dignidade imperial saiu de cena. Alguns descendentes de Carlos Magno vão querer retomar o título mas isso não vai prevalecer e a dignidade que era o título de imperador acaba se perdendo até o século X, onde aparece Otão que iniciou uma nova dinastia dos otonidas que é conhecida como restauração otoniana, restauração do poder imperial.
Otão em 936 se tornou rei (e não imperador) da Germânia, fez com que todos os duques da região do império se tornassem seus vassalos, submete-os a seu poder. Alguém que está em ascensão, que começa a ser relevante no cenário político não só na região do império germânico, mas também no Ocidente de forma geral a tal ponto que ele vai se meter na disputa pelo trono da França. Em 951 ele vai pegar pra si o título de rei da Itália. Então ele tem pra si o domínio dessa região que um dia foi parte do império carolíngio e que agora é o império germânico. E devido aos seus sucessos em barrar as invasões, nas suas guerras com os eslavos e também a sua política de supremacia de território ele vai ter “moral” para em 955 se tornar imperador germânico.
Em 962, Otão vai retomar a aliança com o papado, com a igreja. O imperador vai garantir novamente o poder temporal ao papado, ele vai reafirmar que o papa é chefe de um poder temporal que é o patrimônio de são Pedro, a base temporal do poder do papado. Mas em troca ele vai exigir seu aval na escolha do papa, só era papa se passasse pelo aval de Otão.
E o papa vai querer a independência porque na virada do século x pro século XI, o papado está nas mãos dos imperadores.
A aliança não deu certo porque a dignidade imperial vai se perder novamente, o título de imperador vai sumir. Até o final da Idade média ainda vai existir esse título de imperador, existe o império germânico, porém ele vai cada vez mais se limitar a essa região que é a Alemanha, e o imperador se torna uma espécie de rei, e apesar do título ele não está acima dos reis, ele não possui um império, ele manda só naquela região cada vez menor; é uma espécie de monarquia eletiva. Diferente dos reis, o imperador é eleito pelos príncipes eleitores, que são os grandes senhores nessa região do império.
E Le Goff vai dizer que assim como Carlos Magno, o defeito de Otão, o porquê de sua restauração otoniana não render frutos ao longo dos séculos, foi que para ele o sonho imperial de Otão era muito parecido com o de Carlos Magno e baseado nele herdou os mesmos defeitos e também herdou a limitação. Segundo Le Goff, Carlos Magno embora tenha se tornado imperador, tenha conseguido o título com a aliança com o papa, no campo simbólico carlos magno sempre via seu império como uma extensão do reino franco, não via o império como um império, era o império dos francos que estava se expandindo, ele não tinha a concepção de império do antigo império romano na antiguidade. Ele não administrava como deveria administrar um império. E ele vai dizer que apesar da extensão do império de Carlos Magno, era como se fosse uma extensão do reino franco e que Otão não tinha essa cabeça de imperador assim como Carlos Magno também não tinha, ele não deslumbrava disso realmente como um império.

Continue navegando