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Unidade 2 - PROCESSOS GEOLOGICOS

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2. PROCESSOS GEOLÓGICOS 
 
Denominam-se Processos Geológicos ou Dinâmica, o conjunto de ações que promovem 
modificações da crosta terrestre, seja em sua forma, em sua estrutura ou em sua composição. A 
energia necessária a tais ações provém do Sol ou do interior da Terra. 
Os Processos Geológicos que ocorrem dentro (endógenos) e sobre (exógenos) no Planeta 
Terra podem ser reunidos num ciclo de processos que agem continuamente sobre o material 
rochoso. 
 
2.1. PROCESSOS GEOLÓGICOS ENDÓGENOS OU DINÂMICA INTERNA 
São processos que ocorrem utilizando energia proveniente do interior da Terra, formando e 
modificando a composição e a estrutura da crosta, em uma ação mais construtiva. 
São processos geológicos endógenos: vulcanismo, terremotos, plutonismo, orogênese, 
epirogênese, magmatismo, metamorfismo, etc. Tais processos não ocorrem isoladamente, eles se 
interelacionam da seguinte maneira: 
Os sedimentos (areia, cascalho, etc.) quando depositados podem se consolidar formando as 
rochas sedimentares. Ocorrendo aumento de pressão e temperatura (metamorfismo) estas rochas 
se transformam em rochas metamórficas. Aumentando-se ainda mais a pressão e temperatura, 
estas rochas podem se fundir originando um magma, iniciando-se o magmatismo. No seu 
movimento no interior da crosta, o magma pode atingir a superfície (vulcanismo) onde se resfria 
rapidamente formando as rochas vulcânicas. Se o magma não atinge a superfície e se resfria no 
interior da crosta, tem-se o plutonismo com a conseqüente formação de rochas plutônicas. 
As rochas existentes podem sofrer perturbações, devido a esforços que ocorrem no interior da 
crosta, deformando ou quebrando-se, originando dobras e falhas. Tais esforços ao provocarem 
reacomodações de partes da crosta produzem vibrações que se propagam em forma de ondas 
constituindo os terremotos. 
A orogênese é responsável pela formação de montanhas. Várias são as causas que levam à 
formação de montanhas, entre elas a erosão, as falhas, etc., mas as grandes cadeias têm sua 
gênese associadas aos geossinclinais. Geossinclinais são locais de intensa sedimentação que, 
associada ao magmatismo, provocam sua subsidência com posterior arqueamento e soerguimento. 
O levantamento das cadeias de montanhas, após o entulhamento dos geossinclinais, parece estar 
ligado a movimentos tectônicos (esforços provenientes do interior da Terra). Entre as várias teorias 
que procura explicar essa dinâmica, a Teoria Tectônica de Placas é bastante difundida. Esta teoria 
também procura explicar a deriva dos continentes como, por exemplo, o afastamento entre o 
continente sul americano e a África. 
A epirogênese consiste dos movimentos lentos, descendentes ou ascendentes dos 
continentes, afetando grandes áreas continentais. Uma das teorias que explicam estes movimentos 
é a Isostasia. 
 
 
2.2. PROCESSOS GEOLÓGICOS EXÓGENOS OU DINÂMICA EXTERNA 
São processos que ocorrem usando a energia proveniente do exterior da Terra, consistindo 
basicamente da energia solar que atua direta ou indiretamente sobre a superfície da crosta, em uma 
ação mais destrutiva. 
São processos geológicos exógenos: o intemperismo e a ação das águas superficiais e 
subterrâneas, do vento, do gelo e dos organismos. 
Os processos de desagregação e decomposição de rochas por ação das águas superficiais e 
subterrâneas, do vento, do gelo e dos organismos constituem o intemperismo. O intemperismo e a 
fotossíntese são dois processos fundamentais para a vida, pois sem o intemperismo não haveria 
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destruição das rochas e a formação dos solos, e sem a fotossíntese não haveria fixação da energia 
solar, vital ao ciclo de vida da Terra. A água atua tanto na superfície como na subsuperfície, tendo 
ação intempérica – é o principal agente de intemperismo químico – erosiva e transportadora. 
Ao percolar, a água transporta (lixivia) solutos para o lençol freático, atingindo o mar ou outro 
ambiente de sedimentação, podendo ocorrer aí precipitação e conseqüente formação de rochas 
sedimentares químicas. Ao escoar pela superfície, transporta sedimentos (erosão), depositando-os 
com a diminuição de sua energia, formando depósitos que originarão solos ou rochas sedimentares 
clásticas. 
O vento e o gelo são agentes intempéricos e transportadores. O intemperismo se dá pela ação 
abrasiva de partículas por eles transportadas. 
Os organismos atuam amplamente sobre a crosta terrestre, desde o microrganismo que se fixa 
na rocha até o homem que a fragmenta para comercializá-la. 
As duas fontes de energia principais, para a ocorrência dos processos geológicos, são 
independentes entre si, sendo, entretanto, os seus efeitos recíprocos. Por exemplo, a formação de 
montanhas em uma determinada área é independente dos processos exógenos que estejam 
porventura ocorrendo, no entanto, vai gerar uma nova condição de atuação da erosão sobre 
montanhas surgidas, que é um processo exógeno. 
As forças exógenas tendem a destruir a superfície dos continentes, transportando os materiais 
que vão se depositando. Por este processo, a tendência é o aplainamento total da superfície 
terrestre. No entanto, embora estes processos ocorram desde o início da existência da Terra, o 
aplainamento jamais se completou devido às forças endógenas que agem, em parte, em sentido 
contraio ao da erosão. A matéria proveniente do interior da Terra é continuamente impulsionada 
rumo à superfície, formando rochas novas, acentuando as diferenças do relevo e evitando que seja 
atingido o aplainamento, o equilíbrio da superfície. A modelagem da crosta terrestre é o objeto de 
estudo da geomorfologia. 
Os processos geológicos podem ser reunidos num ciclo que atua continuamente sobre a crosta 
terrestre: 
 
 
 
FIGURA 03 – Ciclo de atuação dos processos geológicos na formação das rochas e dos solos. 
 
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O ciclo é percorrido do seguinte modo: iniciando-se, por exemplo, com o intemperismo, temos 
uma destruição das rochas expostas na superfície pela influência de agentes químicos e físicos. O 
material resultante é, então, transportado por diversos meios a um local de deposição (uma 
depressão marinha ou continental) onde se acumula. No empilhamento sucessivo destes materiais, 
ocorre que as porções mais profundas sofrem maior compactação, por ser maior o pacote de 
sedimentos sobrepostos, consolidando-se e formando as rochas sedimentares. As rochas 
sedimentares podem ser novamente expostas ao intemperismo por levantamentos parciais da 
crosta. Este é um ciclo que faz parte dos processos geológicos exógenos. 
Há outro possível que consiste na transformação de uma rocha submetida a aumentos de 
temperatura e pressão no local, que é o metamorfismo, levando a formação de rochas 
metamórficas. Este material pode sofrer ascensão e ser novamente exposto ao intemperismo, ou 
pode se refundir (magmatismo) podendo ascender na crosta e se derramar como produto vulcânico 
(vulcanismo) ou permanecer no interior da crosta e se consolidar como um produto plutônico 
(plutonismo). Estas rochas, assim formadas, podem ser novamente expostas à erosão, fechando o 
outro ciclo que faz parte dos processos geológicos endógenos. 
O inter-relacionamento existente entre estes dois ciclos, ou seja, entre os processos geológicos 
endógenos e exógenos, é tal que os índios que vivem da pesca na Amazônia, têm uma profunda 
ligação com a orogênese responsável pela elevação dos Andes, e que hoje por intemperismo 
alimenta de ricos sedimentos, as águas dos rios da Amazônia, tornando-os mais piscosos. 
 
 
2.3. MAGMA 
 
2.3.1. Conceito 
É uma mistura complexa de substâncias em estado de fusão, essencialmente constituída de 
silicatos, contendo consideráveis quantidades de voláteis (vapor de água e outros gases). 
 
2.3.2. Origem 
Os desequilíbrios de pressão e temperatura podem formar o magma. 
 
2.3.2.1. Princípio 
Cada substância ou grupode substâncias tem um campo de existência real definido por 
condições de temperatura e pressão. 
 
2.3.3. Fontes de calor e de pressão 
a) Pressão de sedimentos (geossinclinal) 
b) Calor do núcleo 
c) Desagregação de materiais radioativos 
d) Deslizamentos internos 
e) Condensação do núcleo e de camadas entre 70 – 700 km de profundidade 
f) Movimentos tectônicos (oro = montanha e epiro = continente). 
 
2.3.4. Composição do Magma 
a) Não voláteis 
SiO2 (59,12%), Al2O3 (13,34%), CaO (5,08%), Fe2O3 (3,08%), FeO (3,80%), MgO (3,49%), Na2O 
(2,84%), K2O (3,13%), TiO2 (1,05%), P2O5 (0,30%), outros (1,15%). 
 
b) Voláteis (composição muito variável) 
H2O, NH3, H2SO4, CO2, NH4Cl, SO2, CO, HCl e outros. 
 
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2.3.5. Resfriamento do Magma 
a) Temperatura inicial: 900 a 1.150oC 
b) Tipos de resfriamento 
. Brusco: contato com a água. 
. Rápido: contato com o ar. 
. Lento: ao abrigo do ar e da água. 
c) Quanto ao teor de silício temos: 
. Magmas ácidos (> 65% de Si) => pouco fluídos 
. Magmas básicos (≤ 65% de Si) => mais fluídos 
 
2.3.5.1. Fases do Resfriamento 
a) Fase Primária: formam-se os minerais acessórios das rochas ígneas (zirconita, titanita, 
monazita, cromita, ilmenita, etc.); 
b) Fase Principal: formam-se os minerais máficos e siálicos; 
c) Fase Residual: ocorre a expulsão dos voláteis. 
 
2.3.6. Tipos Fundamentais de Magma 
A partir da determinação da composição do conjunto das rochas ígneas existentes na porção 
superficial da crosta terrestre ficou evidenciada a existência de dois grupos composicionais 
principais levando à inferência de que existam dois tipos fundamentais de magma. 
 
 Ácidos ou graníticos: são produzidos por fusão de rochas pré-existentes em profundidades 
que variam de 7 a 15 km. 
 Básicos ou basálticos: se originam em profundidade de 40 a 100 km na parte superior do 
manto por fusão de rochas básicas e ultrabásicas. 
 
Magma básico Magma ácido 
Olivina – (Mg,Fe)SiO4 Anortita (CaAl2Si2O8) 
Piroxênios (hiperstênio, 
augita, diopsídio) 
 Bytonita 
anfibólios (Tremolita) Labradorita 
Micas (biotita, muscovita) Andesina 
 Feldspatos 
K 
Oligoclásio 
Minerais Máficos Quartzo (minerais Siálicos) 
Série descontínua Zeólitos (série contínua) 
Min. Ferromagnesiano Soluções 
salinas 
(minerais Félsicos) 
 
2.3.7. Viscosidade 
A viscosidade é definida como sendo a resistência ao escoamento, determinando assim a 
pouca ou muita fluidez do magma, sendo função de sua composição, temperatura e pressão a que 
está submetido. 
 
Assim observa-se que: 
. quanto maior a temperatura, menor a viscosidade 
 
. quanto maior a pressão no ambiente, maior a viscosidade 
 
. quanto maior o conteúdo em elementos voláteis, menor é a viscosidade 
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2.3.8. Cristalização do Magma 
O magma ao se resfriar, possibilita a cristalização de diferentes minerais, cujo conjunto constitui 
a rocha ígnea. Inicialmente cristaliza-se grande parte dos silicatos, obedecendo a uma seqüência 
determinada pela temperatura e composição do magma, conhecida como Série de Bowen. Bowen 
mostrou que os silicatos comuns das rochas ígneas se cristalizam segundo uma ordem, em duas 
séries distintas: uma série de reação contínua e uma série de reação descontínua. Na primeira, os 
minerais mudam ininterruptamente de composição, reagindo continuamente com a fusão, e na 
segunda, um mineral pré-formado reage com a fusão, formando um novo mineral com composição 
e estrutura cristalina diferentes. 
 
SÉRIE DE BOWEN 
 
 
Série descontínua 
(ferro-magnesiana) 
Série contínua 
(plagioclásio) 
T1 
 Olivina Plagioclásio cálcico 
Piroxênio Plagioclásio calco-sódico 
Anfibólio Plagioclásio sódico-cálcico 
 
 
Temperatura e 
acidez 
Biotita Plagioclásio sódico 
 
 Feldspato potássico 
T2 decrescente Muscovita 
 Quartzo

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