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Introdução à LIBRAS: Sobre a Surdez e o Surdo

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Prévia do material em texto

Curso 
DOCÊNCIA DO ENSINO 
FUNDAMENTAL E 
MÉDIO 
 
Disciplina 
INTRODUÇÃO À LIBRAS 
Maria Esther de ARAÚJO 
 
 
www.avm.edu.br 
2013.1
 
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Olá! Sou fonoaudióloga, com atuação na área de audiologia clínica. 
Complementei minha formação com Mestrado em Gestão 
Ambiental, Especialização em Gestão de EaD, em Docência do 
Ensino Superior, com formação profissional em Saúde Pública, 
Saúde do Trabalhador e Saúde da Família. Atuo no planejamento e 
gestão de cursos de graduação e pós-graduação, tanto na 
modalidade a distância (EaD) quanto presencial bem como na 
elaboração de material didático-pedagógico (conteudista para 
EaD). Além disso, sou docente nas áreas de audiologia clínica, 
políticas educacionais, saúde pública, metodologia da pesquisa, 
dentre outras disciplinas, além de orientadora de TCC, tanto na 
graduação quanto na pós-graduação. 
 
 
 
 
 
 
S
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07 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação 
 
09 
Aula 1 
Sobre a Surdez e o Surdo 
 
19 
Aula 2 
A Inclusão do Surdo 
 
29 
Aula 3 
A LIBRAS - Linguagem Brasileira de 
Sinais 
 
37 
Aula 4 
A Estrutura da LIBRAS 
 
52 Referências bibliográficas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Libras 
 
 
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A Introdução à LIBRAS pretende identificar o indivíduo surdo, 
dando uma visão panorâmica da Linguagem Brasileira de Sinais, 
em relação aos conceitos da língua, linguagem, cultura, 
comunidades, aquisição da língua e ao processo de inclusão. Serão 
apresentados conceitos, definições, aspectos legais e relatos de 
pesquisas na área da surdez, a proposta do bilinguismo e questões 
que envolvem o processo de inclusão do surdo no ensino regular. 
Nenhuma língua é superior a outra, considerando que todas 
possuem os mesmos universais linguísticos, variando apenas a 
modalidade (Felipe, 1998). Sendo assim, é preconceito e 
ingenuidade afirmar que a LIBRAS é uma língua pobre ou 
subdesenvolvida. O certo é que as línguas se transformam a partir 
das necessidades da comunidade linguística que a utiliza. 
 
 
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Este caderno de estudos tem como objetivos: 
 
 identificar aspectos relevantes sobre a surdez e o surdo; 
 apresentar conceitos básicos de Linguística aplicados à LIBRAS; 
 discutir o processo de aquisição de língua de sinais; 
 apresentar fundamentação teórica e prática que viabilizem uma 
proposta bilíngue (língua de sinais / língua portuguesa) para 
pessoas surdas; 
 apresentar a Língua Brasileira de Sinais, sua importância, seu 
reconhecimento e suas implicações; 
 analisar a inclusão sobre os aspectos legal, teórico e prático. 
Sobre a Surdez e o 
Surdo 
 
 
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Diversos fatores interferem na audição diminuindo a capacidade 
auditiva. Conhecer a anatomia auditiva favorece a compreensão 
do tipo de perda, a interferência na comunicação e no processo 
ensino aprendizagem. Os fatores causais estão diretamente 
relacionados ao tipo de perda e à capacidade de socialização, 
interação e comunicação; portanto, compreender quais são os 
fatores que levam a uma baixa auditiva é fundamental para uma 
boa interação com o sujeito surdo. 
 
 
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Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja 
capaz de: 
 
 reconhecer a anatomia auditiva e suas funções; 
 compreender o tipo de perda e sua relação com a comunicação 
oral; 
 entender a interferência da surdez no processo ensino 
aprendizagem. 
 
 
 
Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 10 
Sobre a Surdez e o Surdo 
 
A audição é um sentido de valor inestimável. Por 
meio da captação das informações sonoras, dos sons 
que nos rodeiam, a audição nos coloca dentro do 
mundo e da comunicação humana, sendo 
imprescindível para o preestabelecimento da 
linguagem. Para que haja a aquisição e o 
desenvolvimento normal da linguagem, é necessária a 
integridade anátomo-fisiológica do sistema auditivo e 
adequada estimulação, viabilizando a experiência 
acústica necessária ao aprendizado linguístico. Esse é o 
processo natural e, quando há alguma interferência na 
captação, condução ou transformação dessa energia, 
ocorre o que chamamos de surdez. (MAKSUD - 2009). 
 
 
 
 
 
 
Surdez é o nome mais comum, utilizado para 
indicar a dificuldade ou impossibilidade de ouvir. Pode-
se considerar surdo o indivíduo cuja audição não é 
funcional na vida comum, e, parcialmente surdo, 
aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional 
com ou sem prótese auditiva. 
 
 
 
 
A surdez apresenta classificações e graus 
diferenciados, de acordo com a sua origem ou causa. 
Para melhor compreender esse processo, vamos 
conhecer um pouco na anatomia da orelha e das perdas 
auditivas (DOUGLAS, 2006). 
“Deficiência auditiva” é o termo técnico utilizado 
entre os profissionais da educação e saúde para 
indicar perda de audição ou diminuição na 
capacidade de escutar os sons. Qualquer problema 
que ocorra em algumas das partes do ouvido pode 
levar a uma deficiência na audição. Geralmente, 
este termo não é utilizado pelo grupo que pertence 
à comunidade surda. 
“Surdo-mudo” é uma denominação arcaica e 
incorreta para se referir ao surdo. Este termo não é 
utilizado pelo grupo que pertence à comunidade 
surda, pois MUDEZ é a impossibilidade de falar ou 
problema relacionado à emissão da voz. 
Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 11 
ANATOMIA DA ORELHA 
 
A orelha é o órgão responsável pela audição e 
pelo equilíbrio. Sua maior parte fica localizada no osso 
temporal, sendo dividida em três partes: 
 
 Orelha Externa: responsável pela 
captação da energia sonora. 
 
É composta pelo pavilhão auditivo, o canal 
auditivo externo ou meato auditivo e a membrana 
timpânica. É a região visível do sistema auditivo e tem 
como função captar e canalizar sons que serão 
conduzidos à orelha média. 
 
 Orelha Média: responsável pela condução 
da energia sonora. 
 
Dentro da cavidade do osso temporal, é 
composta pela tuba auditiva, que faz a ligação entre a 
orelha média e a nasofaringe, equilibrando a pressão e 
drenando secreções, e por três ossículos, chamados 
martelo, bigorna e estribo, afixados por ligamentos à 
parede da orelha. As vibrações da membrana timpânica 
são transmitidas a estes ossinhos, que conduzem a 
energia sonora para a orelha interna. 
 
 Orelha Interna: responsável pela 
transformação da energia sonora em 
energia elétrica, bem como pelo 
equilíbrio. 
 
Consiste em escavações no osso temporal, que 
se comunica com a orelha média. Possui duas regiões, 
uma com função de equilíbrio, denominada labirinto ou 
canais semicirculares e outra com função auditiva, 
denominada cóclea. Ao receber o estímulo conduzido 
pela orelha média, a cóclea se encarrega em 
Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 12 
desencadear o processo de transformar o estímulo 
mecânico em estímulo elétrico, percebido e 
decodificado pelo sistema nervoso central, completando 
o ciclo da audição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Sistema Auditivo Periférico 
 
CATEGORIAS OU CLASSIFICAÇÕES DAS PERDASAUDITIVAS 
 
As perdas auditivas podem ser classificadas em 
relação ao local da lesão (tipo) ou ao grau da perda 
(FROTA, 2006): 
 
a) Classificação da perda auditiva de acordo 
com o tipo 
TIPO OCORRÊNCIA / DEFINIÇÃO 
Deficiência Auditiva Condutiva - Causada por um problema localizado 
na orelha externa e/ou média. 
- Esta deficiência, em muitos casos, é 
reversível e geralmente não precisa de 
tratamento com aparelho auditivo, 
apenas cuidados médicos. 
Deficiência Auditiva Neurossensorial - Decorrente de lesão na orelha interna. 
- Nesse caso há uma diminuição na 
capacidade de receber os sons, 
provocada por um problema no 
mecanismo de percepção do som desde 
o ouvido interno até o cérebro. 
Deficiência Auditiva Mista - Ocorre quando há uma alteração de 
origem condutiva somada a sensório-
neural, a associação dos dois tipos de 
perda. Ou seja, quando o problema está 
localizado em ambos os mecanismos 
numa mesma pessoa. 
Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 13 
Deficiência Auditiva Central - Ocorre quando há alterações nos 
mecanismos de processamento da 
informação sonoro, no sistema nervoso 
central. 
- Não é, necessariamente, 
acompanhada de diminuição da 
sensitividade, ou seja, da percepção da 
presença do som. 
b) Classificação da perda auditiva de acordo 
com o grau 
 
Esta é outra classificação que pode ser dada às 
perdas auditivas. Quanto maior o grau da perda, maior 
o comprometimento auditivo. 
 
 Surdez leve: a perda é de 20 até 40 dB, 
comprometendo a percepção de alguns 
fonemas das palavras. 
 
No caso de surdez de grau leve, o indivíduo 
pode ser considerado desatento, já que normalmente 
solicita que o interlocutor repita o que lhe falou. Nesses 
casos, a deficiência não impede a aquisição normal da 
linguagem, mas poderá causar algum problema de 
articulação, produzindo troca de fonemas na fala ou 
dificuldade na leitura e escrita. 
 
 Surdez moderada: a perda auditiva é de 41 
a 55 dB, e é necessário um aumento na 
intensidade sonora da voz para que a mesma 
seja percebida. 
 
Observa-se uma dificuldade em perceber, com 
clareza, o que se fala pelo telefone e mesmo em uma 
conversação direta, o que leva a muitas trocas nas 
palavras ouvidas por outra foneticamente semelhante 
(pato/rato). Nesse caso é frequente o atraso da 
linguagem. 
 
Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 14 
 Surdez acentuada: a perda auditiva é de 56 
a 70 dB, e já não se escutam sons 
importantes do dia a dia (o telefone tocar, a 
campainha, a televisão). 
 
Normalmente, é necessário um apoio visual para 
facilitar a compreensão do que foi dito. O indivíduo, 
com uma surdez de grau acentuado, apresenta atraso 
de linguagem e alterações articulatórias, ocasionando 
maiores problemas linguísticos. 
 
 Surdez severa: a perda auditiva é de 71 e 
90 dB, nesses caso, o indivíduo percebe, mas 
não entende a voz humana, não distingue os 
sons (fonemas) da fala. 
 
A compreensão verbal vai depender da 
habilidade em se fazer a leitura labial. Crianças com 
surdez severa costumam atingir os 4 ou 5 anos de 
idade sem ter aprendido a falar, e necessitam de um 
atendimento especializado para adquirir a linguagem 
oral. 
 
 Surdez profunda: a perda auditiva é acima 
de 91 dB, e o indivíduo não percebe nem 
identifica a voz humana, o que acaba por 
impedir a aquisição da linguagem oral. Os 
sons percebidos costumam ser os graves que 
transmitem vibração (trovão, helicóptero). 
Esta perda é considerada muito grave, o que 
leva à necessidade de um atendimento 
especializado desde a mais tenra idade para 
que se adquira a linguagem oral. 
 
Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 15 
 Anacusia: é a falta total de audição e, nesses 
casos, o surdo deve ser trabalhado e 
estimulado o mais precocemente possível, 
tendo como conduta pedagógica o mesmo da 
surdez profunda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAUSAS DAS PERDAS AUDITIVAS 
 
São vários os fatores que podem causar uma 
deficiência auditiva. Tanto a identificação do fator 
causal quanto o momento em que a lesão ocorre são 
fundamentais para traçar um bom trabalho com o 
indivíduo surdo ou ensurdecido. 
 
Podemos classificar a deficiência auditiva quanto 
ao momento em que ocorre a lesão (SANTOS; RUSSO, 
2009): 
 
Pré-natal (durante a gestação) 
 
São perdas auditivas que podem ser causadas 
por desordens genéticas, consanguinidade, doenças 
infecto-contagiosas (como a toxoplasmose, a sífilis e a 
rubéola), uso de drogas e álcool pela mãe, desnutrição 
ou carência alimentar materna, hipertensão ou diabetes 
durante a gestação e exposição à radiação. São as 
perdas congênitas (nascidas com a perda) e não 
apresentam boa resposta medicamentosa ou cirúrgica. 
De forma simplificada, a surdez pode ser dividida em dois grupos: 
parcialmente surdos e surdos. 
Parcialmente surdos São aqueles que possuem surdez leve, 
moderada e acentuada. 
Surdos São aqueles que possuem surdez severa, 
profunda e anacusia. 
 
Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 16 
 Perinatal (durante o nascimento) 
 
São as perdas adquiridas no momento do 
nascimento. Podem ter como causa a anoxia (falta de 
oxigenação), prematuridade, traumas do parto, 
estrangulamento de cordão umbilical, icterícia grave no 
recém-nascido e infecção hospitalar. Não apresentam 
boa resposta medicamentosa ou cirúrgica. 
 
 Pós-natal (depois do nascimento) 
 
São as perdas adquiridas após o nascimento. 
Podem ser causadas por infecções (como meningite, 
sarampo, caxumba), o uso de remédios ototóxicos em 
excesso e sem orientação médica, a exposição 
excessiva a ruídos e a sons muito altos e o 
traumatismo craniano. Esses casos, normalmente, não 
apresentam boa resposta medicamentosa ou cirúrgica. 
 
Também podem ser causadas por processos 
alérgicos ou viroses que originam gripes e resfriados. 
Nesse caso, a resposta medicamentosa ou cirúrgica é 
satisfatória, podendo chegar a uma recuperação total. 
 
Sinais indicadores de surdez: 
 
 Não se assustar com portas que batem ou 
outros ruídos fortes; 
 Não acordar com música alta ou barulho 
repentino; 
 Não atenderem quando são chamadas; 
 Serem distraídas, desatentas, desligadas, 
apáticas, não se concentrarem; 
 Não falar, após os dois anos de idade; 
 Parecer ter atraso no desenvolvimento 
neurológico ou motor. 
Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 17 
DIAGNÓSTICO 
 
É primordial que a perda auditiva seja percebida 
nos primeiros meses de vida. Para isso, é necessário o 
empenho de profissionais qualificados na identificação 
da perda, no seu diagnóstico e na intervenção 
educacional, possibilitando um desenvolvimento mais 
qualitativo e melhor interação social. 
 
Um dos desafios da saúde pública é a obtenção 
desse diagnóstico o mais precocemente possível pois, 
na maioria dos casos, a surdez só é percebida 
tardiamente. Por esse motivo, deu-se a criação da lei 
nº 12303, de 2 de agosto de 2010, que define como 
obrigatório o ”Teste da Orelhinha”. Trata-se de um 
procedimento realizado através de Emissões 
Otoacústicas Evocadas – (OEA). 
 
De acordo com o Joint Committee on Infant 
Hearing e o Comitê Brasileiro sobre Perdas Auditivas na 
Infância, é fundamental que a triagem auditiva 
neonatal chegue a todas as crianças com até 90 dias de 
nascidas; se for detectada alguma alteração, que se 
façam os procedimentos cabíveis até 180 dias após o 
nascimento da criança, isso com o exame de emissões 
otoacústicas.O Comitê sobre perdas auditivas na infância 
(CBPAI) e Triagem Auditiva Universal (TANU) também 
apoiam esse parâmetro. O exame não tem qualquer 
contraindicação, não acorda nem incomoda o bebê, não 
exige uso de agulhas ou qualquer outro objeto 
perfurante e é absolutamente inócuo, dura de 5 a 10 
minutos, o recém-nascido não sente nada e é de 
simples compreensão. 
Dica de 
leitura 
 
 
Uma boa dica de 
leitura são as 
revistas disponíveis 
no site 
http://www.crfa1.or
g.br/ 
 
 
Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 18 
O diagnóstico precoce das perdas auditivas é 
essencial para o bom desenvolvimento da criança. É 
preciso que as alterações nas vias auditivas sejam 
diagnosticadas logo no início e que os fatores 
causadores da perda auditiva sejam identificados e, se 
possível, sanados, minimizando ou evitando prejuízos 
futuros. Embora o diagnóstico seja essencial, não basta 
saber que a perda auditiva existe. É necessário que 
haja estrutura para readaptação dessas crianças 
(FERNANDES, 2003). 
 
Cerca de 50% das perdas auditivas teriam os 
danos minimizados se tivessem sido diagnosticados 
precocemente ou eliminados os fatores de risco 
(PEREIRA, 2004). 
 
RESUMO 
 
 
Vimos até agora: 
 
 O conceito de surdez, a relação da surdez 
com a linguagem e comunicação bem como 
alguns mitos e verdade sobre o surdo; 
 
 A anatomia da orelha externa, média e 
interna e a relação com o tipo e classificações 
da perda auditiva; 
 
 Os fatores causais, tipo e grau da perda e a 
relação com a linguagem e comunicação; 
 
 A importância do diagnóstico precoce e do 
diagnóstico diferencial para o processo de 
socialização do surdo. 
 
 
Quer 
saber mais? 
 
 
Quer saber mais 
sobre a surdez e 
como prevenir? 
Consulte os manuais 
disponíveis no site 
http://www.fonoaudi
ologia.org.br/ 
 
 
 
A Inclusão do Surdo 
 
 
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A inclusão do surdo é um tema que tem gerado muita discussão. 
Para se falar sobre a inclusão, é preciso entender aspectos legais 
e filosóficos, já que se trata de uma proposta que aborda de uma 
questão bicultural, envolvendo o mundo auditivo e o mundo do 
silêncio. Para o sucesso da inclusão social, é fundamental uma 
proposta educacional que atenda a necessidade do surdo, com 
profissionais qualificados, bem como políticas inclusivas que visem 
sua inserção no mercado de trabalho, favorecendo sua autonomia 
e independência econômica. 
 
 
O
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Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja 
capaz de: 
 
 conhecer os aspectos legais da inclusão; 
 refletir sobre os aspectos sociais da educação; 
 relacionar as questões educacionais com o sucesso da inclusão; 
 compreender a importância da inserção do surdo no mercado 
de trabalho. 
 
 
Aula 2 | A Inclusão do Surdo 20 
A Inclusão do Surdo 
 
É certo que, independentemente de quem seja 
ou do que se tenha, todos têm a necessidade de 
comunicar-se. Uma vez identificada a perda auditiva 
em uma pessoa, a ela não pode ser negada o direito de 
uma língua e uma forma de comunicação. Neste 
aspecto, Chaveiro & Barbosa, 2005, sustentam a ideia 
que “a linguagem é um instrumento de poder.” Diante 
de uma sociedade ouvinte, na qual a comunicação oral 
pode ser um símbolo de autonomia, o surdo também 
não pode deixar de vivenciar novas experiências; 
experiências essas que são vividas pela sociedade 
ouvinte, como o direito de uma língua, o direito à 
educação, ao lazer e ao trabalho. Infelizmente, há um 
longo caminho a ser percorrido em relação à aceitação 
e convivência com o sujeito surdo. 
 
LACERDA (2006, p. 177) afirma que a forma de 
expressão de uma pessoa surda é diferente da 
sociedade ouvinte, uma vez que faz uso de uma língua 
própria. “Ele é um estrangeiro que tem acesso aos 
conhecimentos de um modo diverso dos demais e se 
mantém isolado do grupo.” A autora referencia inclusão 
social baseada no respeito e a justiça em relação às 
diferenças apresentadas pelo ser humano, onde o foco 
de cada um é saber conviver com a diferença e 
sustentando o fato de que todos são diferentes, isso os 
torna iguais. 
 
As dificuldades desta inclusão são imensas em 
relação ao sujeito surdo, até mesmo em relação ao seu 
processo de socialização, no qual a sociedade ouvinte 
sempre teve uma visão de que a pessoa com alguma 
deficiência não é digna de usufruir dos benefícios de 
uma vida social, limitando-a e impedindo-a de adquirir 
um olhar mais seguro e menos inferior da vida. 
Aula 2 | A Inclusão do Surdo 21 
MACÊDO (2002) faz-se valer de que o direito à 
inclusão social é de todos, e também dos deficientes 
auditivos que, em decorrência de suas limitações, na 
maioria das vezes são ignorados por uma cultura que 
segue a comunicação verbal como norma. 
 
Amparada pela Lei Federal, número 10.436, de 
24 de abril de 2002, a Língua Brasileira de Sinais 
(LIBRAS), que é a primeira língua dos surdos, passa a 
ser obrigatória em todo território nacional, afirmando 
que: Art. 1º É reconhecida como meio legal de 
comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - 
Libras e outros recursos de expressão a ela associados. 
 
Parágrafo único. Entende-se como Língua 
Brasileira de Sinais - Libras - a forma de comunicação e 
expressão, em que o sistema linguístico de natureza 
visual-motora, com estrutura gramatical própria, 
constituem um sistema linguístico de transmissão de 
ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas 
surdas do Brasil. 
 
A inclusão acaba sendo, então, um direito de 
quem apresenta limitações que fogem do padrão de 
normalidade da maioria e um dever da sociedade, que 
exclui pelo simples fato de ver essas pessoas como 
deficientes, contribuindo para uma autoexclusão do 
surdo, já que o olhar da sociedade o faz pensar que ele 
é incapaz de progredir. 
 
Muito se especula sobre propostas de políticas 
públicas educacionais no Brasil e, com o atraso escolar 
que o surdo apresenta em relação ao ouvinte, faz-se 
necessário que estas propostas sejam ainda mais 
eficazes, pois é preciso uma estruturação mais 
específica para auxiliar de forma satisfatória o ensino 
dos surdos (LEBEDEFF, 2006). 
Aula 2 | A Inclusão do Surdo 22 
A comunicação, por sua vez, é o principal canal 
de socialização do ser humano, pois é através dela que 
o indivíduo consegue aprender e ensinar, em virtude da 
troca de informações, possibilitando o convívio social. 
Porém, as formas de comunicação do ouvinte e do 
surdo são distintas, uma vez que existem choques 
culturais em relação à língua de ambos, onde uma é 
oral e a outra, gestual (PIMENTA, 2007 e CHAVEIRO et 
al, 2009). Isto acaba implicando, entre outros, a 
inserção dos indivíduos surdos no mercado de trabalho, 
em uma sociedade essencialmente ouvinte, onde há 
uma necessidade de pessoas comunicativas e com uma 
boa oratória. 
 
EDUCAÇÃO 
 
A educação dos surdos já foi vista como uma 
educação inferior em relação à educação dos ouvintes, 
já que acreditava-se que o surdo era de menor 
inteligência, o que contribuiria para uma aprendizagem 
menos eficaz (MOURA 2000). 
 
O atraso no desenvolvimento escolar do surdo 
em relação ao ouvinte é significativo, uma vez que a 
língua utilizada para o aprendizado é a língua oral e o 
surdo possui, como estrutura linguística, uma estrutura 
visual motora. Esta dificuldade em aprender através de 
outra língua contribui para que um número elevadode 
alunos surdos mantenha-se fora do meio escolar, pois a 
dificuldade de acesso ao conhecimento através da 
língua torna-se um fator determinante para esse 
afastamento (LEBEDEFF, 2006). 
 
Em relação a esta educação para o público 
surdo, há boas propostas para uma eficaz educação 
destes indivíduos, no que se refere a formas 
qualitativas de ensino e de inclusão escolar. O Brasil 
optou por uma política com um sistema de educação 
Aula 2 | A Inclusão do Surdo 23 
inclusiva em conformidade ao proposto pela Declaração 
Mundial de Educação para Todos, bem como com a 
Declaração de Salamanca (PORTAL DO MEC, online). 
 
Art. 1º A presente Resolução institui as 
Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que 
apresentem necessidades educacionais especiais, na 
Educação Básica, em todas as suas etapas e 
modalidades. 
 
Parágrafo único. O atendimento escolar desses 
alunos terá início na educação infantil, nas creches e 
pré-escolas, assegurando-lhes os serviços de educação 
especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e 
interação com a família e a comunidade, a necessidade 
de atendimento educacional especializado. 
 
MEC, resolução 02/2001 
 
De acordo com a resolução 02/2001 - MEC, 
todas as pessoas que apresentam algum tipo de perda 
auditiva têm direito a uma educação com um ensino 
regular, igual a uma pessoa que não apresenta perda 
auditiva, buscando a inclusão e a implantação de novas 
propostas a fim de melhorar a qualidade de vida dos 
surdos. 
 
Um perfil de escola inclusiva é aquele que se 
caracteriza por adequar-se, não somente com uma 
estrutura física apropriada para todo e qualquer 
deficiente, seja esta deficiência física, sensorial ou 
mental, mas também com propostas de ensino que 
visam sanar as necessidades daqueles que a procuram, 
respeitando as limitações de cada um em sua diferença 
e incorporando formas de aprendizado específico a 
esses alunos (GOÉS, M. C. R; LAPLANE, A. L. F. 2004). 
Aula 2 | A Inclusão do Surdo 24 
Segundo GESUELI & GÓES (on-line, p. 1), “A 
utilização da língua de sinais vem sendo reconhecida 
como um caminho necessário para a efetiva mudança 
nas condições oferecidas pela escola no atendimento 
educacional de alunos surdos.” Desta forma, é correto 
afirmar que a LIBRAS vem contribuindo para uma 
eficácia no ensino dos indivíduos surdos, uma vez que 
proporciona embasamento teórico em relação à 
estrutura linguística da língua de sinais. 
 
Existem alguns modelos educacionais cujo 
objetivo é facilitar o desenvolvimento escolar dos 
alunos surdos. A opção de um ensino bilíngue é um 
destes modelos e fundamental para os surdos que se 
disponibilizam a estudar e sentem a necessidade de se 
comunicar com o ouvinte. Nesse sentido, a LIBRAS é a 
primeira língua, utilizada pelo surdo na aquisição de 
conhecimento e comunicação, e o português ou a 
língua oral é a língua secundária, um recurso maior 
para a interação com os colegas e ganho maior na 
aprendizagem (GESUELI, 2006). 
 
As dificuldades de comunicação entre o 
professor ouvinte e o aluno surdo são evidenciadas 
diariamente. Isso ocorre pelo fato do despreparo do 
professor em receber e interagir com este aluno, até 
mesmo desconhecendo a existência de sua língua 
materna, a LIBRAS. Nestes casos, se o aluno surdo não 
domina a língua oral, não consegue ter êxito em seu 
ensino. Esta desarmonia desfavorece uma comunicação 
suficiente para a aprendizagem eficaz do aluno surdo, 
bem como de socialização com os demais colegas de 
classe (GESUELI & GÓES, on-line). 
 
A utilização de tecnologias, tais como o uso da 
internet e celulares, também têm sido importantes 
recursos de ensino para os surdos, aumentando a 
capacidade “cognitiva, afetiva e social” dos mesmos, o 
Aula 2 | A Inclusão do Surdo 25 
que permite avanços não só na área educacional, como 
também na comunicação com o outro e nas relações 
emotivas (SOUZA, 2003, p. 1). 
 
Comunicação e Empregabilidade 
 
Comunicar é um ato importante para o convívio 
social, possibilitando o acesso à informação, o convívio 
e a socialização. É nessas tentativas de adquirir 
aprendizado e troca de informações que o homem 
começa a constituir o que é a chamada comunicação 
(INSTITUTO DE TECNOLOGIA ORT, on-line). 
 
A comunicação, por sua vez, é uma das formas 
mais importantes que o indivíduo usa como recurso de 
socialização. É através dela que há troca de 
informações, possibilitando aprendizado e convívio 
social entre as pessoas de uma sociedade (PIMENTA, 
2006). Diante disto, pressupõe-se que a comunicação 
tem um importante papel na constituição da pessoa 
como sujeito, partindo da tese que o indivíduo que não 
se comunica ou não tem uma comunicação eficaz e/ou 
satisfatória para o convívio social tende a se isolar 
tanto da sociedade quanto dos meios de comunicação 
de massa que também são fontes de conhecimento e 
comunicação. 
 
As dificuldades em manter um diálogo com o 
outro permite ao ser humano excluir e/ou ser excluído 
do convívio social, principalmente quando “barreiras de 
linguagem e cultura” estão associadas a dificuldades de 
comunicação (CHAVEIRO et al, 2009, p. 148). 
 
O ato de trabalhar permite ao ser humano se 
sentir útil, capaz e realizado, contribuindo 
favoravelmente nos aspectos de “comportamento, 
rotina e relações afetivas”. Em relação aos indivíduos 
surdos, a admissão no mercado de trabalho faz com 
Quer 
saber mais? 
 
 
Quer saber mais 
sobre a inclusão do 
surdo? Veja as dicas 
no site da 
http://revistaescola.
abril.com.br 
 
Você encontrará 
informações sobre 
inclusão, educação 
especial, programas 
e materiais para 
inclusão do surdo. 
 
 
Aula 2 | A Inclusão do Surdo 26 
que o mesmo deixe de se sentir excluído da sociedade 
e de se autoexcluir por ‘medo’ do que esta pode pensar 
dele (SOARES, 2009, p. 1). 
 
Inserir-se no mercado de trabalho exige uma 
grande habilidade comunicativa, pois neste campo de 
tamanha competição, as pessoas precisam ter uma boa 
expressividade oral para satisfazer as necessidades do 
contratante e dos respectivos clientes. Este fator 
comunicativo, por sua vez, torna-se determinante na 
vida dos surdos no aspecto de empregabilidade, uma 
vez que é usuário de uma língua diferente da língua 
que o mercado exige. Isso acaba por levar o surdo a 
renunciar uma inserção nesse mercado, restringindo-o 
ao convívio com sua comunidade, onde são bem aceitos 
por pessoas que se apresentam ‘iguais’ (SOARES, 
2009). 
 
A aceitação do surdo no convívio do ouvinte, 
bem como no mercado de trabalho, ainda passa por um 
processo de transformação que exige bom senso e 
humanização, de um para com o outro, pois os surdos 
são o foco de muitos preconceitos em decorrência de 
sua condição e das consequências que esta pode trazer 
nos aspectos da vida emocional e profissional destes 
indivíduos (DAMÁZIO, 2007). 
 
É preciso integrar o indivíduo surdo à sociedade. 
A integração baseia-se no princípio de “normalização”, 
que significa “oferecer aos portadores de necessidades 
especiais modos e condições de vida diária o mais 
semelhante possível às formas e condições de vida do 
resto da sociedade” (Política Nacional de Educação 
Especial / MEC, 1994). 
 
As pessoas surdas têm direito a participar da 
vida familiar, de uma escola comum, da comunidade e 
de ser inserido em um mercado de trabalho, mesmo 
Aula 2 | A Inclusão do Surdo 27 
que em cada um desses momentos mereçam uma 
atenção diferenciada às suas necessidades especiais. 
Claro que isso depende, entreoutros fatores, de uma 
comunidade que esteja preparada para conviver e 
aceitar aqueles que são diferentes. Esse processo 
ocorre nos seguintes contextos relacionais: 
 
Na família: os pais e demais membros da família 
incluem sua criança, surda ou não, nas atividades 
cotidianas do lar desde o seu nascimento; 
 
Na escola: os colegas devem ser orientados 
quanto à importância da Língua de Sinais com o 
objetivo de uma interação mais efetiva com a criança 
surda; 
 
Na sociedade: a integração social do surdo é o 
resultado de todo o processo que teve início com a 
estimulação precoce. O processo de integração social é 
contínuo e torna-se mensurável à medida que o surdo 
conscientiza-se de seu papel de cidadão com pleno 
direito à escolha de vida pública e privada. 
 
O que você sabe sobre surdez? O alfabeto 
brasileiro de sinais que você já deve ter visto é só o 
início. A comunicação com os surdos utiliza uma série 
de outros sinais. Mesmo os profissionais da área 
precisam saber mais. 
 
RESUMO 
 
Vimos até agora: 
 
 os aspectos sociais e legais que levam a 
inclusão do surdo; 
 
 a importância da comunicação e do 
desenvolvimento da linguagem de sinais para 
o surdo; 
Para 
pesquisar 
 
 
Sobre a 
empregabilidade do 
surdo, pesquisa o 
site da 
http://www.feneis.c
om.br/page/index.as
p. 
Trata-se da 
Fundação Nacional 
de Educação e 
Integração dos 
Surdos. Boa dica! 
 
 
Aula 2 | A Inclusão do Surdo 28 
 o papel da escola na socialização do surdo e 
sua relevância para na preparação desse 
sujeito para o mercado de trabalho tanto na 
escola quanto. 
 
 
 
A LIBRAS – 
Linguagem Brasileira 
de Sinais 
 
 
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A origem da linguagem de sinais deixa a necessidade de uma 
maior compreensão da riqueza que existe nessa forma de se 
comunicar, entendendo a língua de sinais como uma linguagem 
legítima e eficaz. Historicamente, os conflitos sociais, quanto a sua 
eficácia e legitimidade, demonstram o quanto a sociedade precisa 
quebrar a barreira do preconceito e entender o que o surdo e a 
Linguagem de Sinais é capaz de fazer. 
 
 
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Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja 
capaz de: 
 
 entender a origem da língua de sinais; 
 refletir sobre as dificuldades sociais quanto à inclusão e a 
língua de sinais; 
 compreender as características da língua de sinais. 
 
 
Aula 3 | A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais 30 
A LIBRAS – LINGUAGEM BRASILEIRA DE SINAIS 
 
A língua de sinais surge no século XVII, bem 
como sua utilização no processo educacional. O abade 
L'Epée foi um dos grandes responsáveis por esse 
avanço, reunindo os surdos dos arredores de Paris, 
com a criação da primeira escola pública para surdos. 
Criada na França, a língua de sinais espalhou-se pela 
Europa e pelo mundo. Embora a metodologia tenha 
apresentado resultados positivos, seu desenvolvimento 
foi abafado pela crença de que o surdo não tinha a 
mesma capacidade de aprendizagem que o ouvinte. 
 
Em 1880, a partir do Congresso de Milão, o 
oralismo, método que considera a voz como o único 
meio de comunicação e de educação para os surdos, 
passou a ser adotado como metodologia única, sendo 
excluídas todas as possibilidades de uso das línguas de 
sinais na educação dos surdos. Esse método, embora 
apresente diversas vantagens, mostrou-se insuficiente 
para muitos sujeitos surdos, que não tiveram o sucesso 
esperado na leitura de lábios e emissão de palavras. 
 
Por volta de 1960, Dorothy Shifflet, professora 
secundária e mãe de uma menina surda, descontente 
com os métodos oralistas, utilizou um método que 
combinava sinais, fala, leitura labial e treino auditivo, 
em uma escola na Califórnia, denominando seu 
trabalho de Total Approach – (Abordagem ou 
Comunicação Total), que consistia no uso simultâneo 
de palavras e sinais, ou seja, no uso simultâneo de 
uma língua oral e de uma língua sinalizada. 
 
Com os estudos realizados na área da 
Linguística, comprovou-se que as línguas de sinais são 
uma língua legítima, com status linguístico, tão 
completa e complexa quanto qualquer outra língua. 
Esses estudos foram contra o uso da modalidade mista 
Aula 3 | A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais 31 
ou Comunicação Total, por acreditar que o uso 
simultâneo de duas línguas resulta numa mistura que 
confunde o enunciado, já que a língua oral majoritária 
se sobrepõe à língua de sinais (GESUELI, 2006). 
 
A comunicação por língua de sinais não é 
exclusividade brasileira. Na maioria do mundo há, pelo 
menos, uma Língua de Sinais (LS) usada pela 
comunidade surda de cada país. A Língua Brasileira de 
Sinais (LIBRAS) tem sua origem na Língua de Sinais 
Francesa – origem, e não reprodução. A LIBRAS é 
diferente da Língua de Sinais Americana (ASL), que é 
diferente da Língua de Sinais Britânica (BSL), que 
difere, por sua vez, da Língua de Sinais Francesa (LSF). 
 
 
 
 
 
 
Configuração de mãos para “nome” 
ASL LIBRAS 
 
As Línguas de Sinais não são mímicas ou gestos 
soltos, são línguas com estruturas gramaticais próprias. 
O que é denominado de palavra ou item lexical nas 
línguas oral-auditivas é denominado sinais nas línguas 
de sinais. Na verdade, sua modalidade visual-espacial é 
o que a diferencia das demais línguas. Sendo assim, 
aprender uma LS é aprender outra língua, como o 
inglês, francês, alemão... 
Aula 3 | A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais 32 
 
 
 
 
A LIBRAS apresenta dialetos regionais, 
comprovando seu caráter de língua natural. 
 
 
 Configuração de mãos para “verde” 
Rio de Janeiro São Paulo Curitiba 
 
Outra característica que a distingue como uma 
língua dinâmica refere-se a mudanças históricas que, 
com o passar do tempo, produzem alterações nos 
sinais, decorrentes dos costumes da geração que o 
utiliza. 
 
 
 Configuração de mãos para “azul” 
1º momento 2º momento 3º momento 
 
Você sabia que dentro do Brasil existem as 
variações regionais da LIBRAS? Isso acontece em 
qualquer língua, incluindo a língua portuguesa. 
Ex.: aipim – macaxeira – mandioca 
Aula 3 | A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais 33 
A LIBRAS, como todas as LS, é uma modalidade 
de comunicação baseada no gesto, na observação e 
localização, ou seja, é uma modalidade gestual-visual-
espacial. Em muitos casos, por desconhecer sua 
natureza linguística, muitos acreditam tratar-se de 
sinais “desenhados” no ar, representando a figura que 
se deseja expressar. Embora a realização de alguns 
sinais podem reportar-se à realidade ou à expressão 
que se deseja referir, isso não é uma regra. A grande 
maioria dos sinais da LIBRAS são arbitrários, não 
mantendo relação de semelhança alguma com seu 
referente. 
 
Sinais Icônicos 
 
São considerados como sinais icônicos os que 
fazem alusão à imagem do seu significado ou dado da 
realidade que representam, assim como uma foto é 
considerada a reprodução de uma imagem. Claro que 
os sinais icônicos não são iguais em todas as LS e nem 
mesmo dentro de um mesmo país, como o Brasil. 
Devem-se considerar as representatividades e 
regionalidade no que se refere a esses sinais 
(FERREIRA BRITO, 1993). 
 
Sinais icônicos 
Telefone Borboleta 
 
Aula 3 | A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais 34 
Árvore 
LIBRAS LSC 
 
 
Sinais Arbitrários 
 
São considerados sinais arbitráriosos que não 
fazem alusão ou mantêm semelhança com a imagem 
do seu significado ou dado da realidade que 
representam. Muitos acreditam que a LIBRAS é 
composta apenas por representações gestuais icônicas, 
o que é um mito, já que uma das propriedades básicas 
de uma língua é a arbitrariedade existente entre 
significante e referente, sendo capazes de expressar 
conceitos abstratos, em toda sua complexidade. 
 
Sinais Arbitrários 
 
Conversar Depressa 
 
Aula 3 | A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sinais 
 
Os sinais são formados a partir da combinação da 
forma e do movimento das mãos e do ponto no 
corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos. Nas 
línguas de sinais podem ser encontrados os 
seguintes parâmetros que formarão os sinais: 
 
Configuração das mãos: São formas das mãos 
que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou 
outras formas feitas pela mão predominante (mão 
direita para os destros ou esquerda para os 
canhotos), ou pelas duas mãos. 
 
Os sinais DESCULPAR, EVITAR e IDADE, por 
exemplo, possuem a mesma configuração de mão 
(com a letra y). A diferença é que cada uma é 
produzida em um ponto diferente no corpo. 
 
Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão 
predominante configurada, ou seja, local onde é 
feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo 
ou estar em um espaço neutro. 
 
Movimento: Os sinais podem ter um movimento ou 
não. Por exemplo, os sinais PENSAR e EM-PÉ não 
têm movimento; já os sinais EVITAR e TRABALHAR 
possuem movimento. 
 
Expressão facial e/ou corporal: As expressões 
faciais / corporais são de fundamental importância 
para o entendimento real do sinal, sendo que a 
entonação em Língua de Sinais é feita pela 
expressão facial. 
 
Orientação/Direção: Os sinais têm uma direção 
com relação aos parâmetros acima. Assim, os 
verbos IR e VIR se opõem em relação à 
direcionalidade. 
 
http://www.libras.org.br/libras.php 
Aula 3 | A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais 36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Vimos até agora: 
 
 a origem da língua de sinais e as barreira 
enfrentadas para sua aceitabilidade; 
 
 a relação da linguagem de sinais com a 
cultura do surdo; 
 
 as principais características da LIBRAS, sua 
definição como linguagem e características 
regionais. 
 
 
 
Convenções da LIBRAS 
 
A grafia: os sinais em LIBRAS, para simplificação, 
serão representados na Língua Portuguesa em letra 
maiúscula. Ex.: CASA, INSTRUTOR. 
 
A datilologia (alfabeto manual): usada para 
expressar nomes de pessoas, lugares e outras 
palavras que não possuem sinal, estará 
representada pelas palavras separadas por hífen. 
Ex.: M-A-R-I-A, H-I-P-Ó-T-E-S-E. 
 
Os verbos: serão apresentados no infinitivo. Todas 
as concordâncias e conjugações são feitas no 
espaço. Ex.: EU QUERER CURSO. 
 
As frases: obedecerão à estrutura da LIBRAS, e 
não à do Português. Ex.: VOCÊ GOSTAR CURSO? 
(Você gosta do curso?). 
 
Os pronomes pessoais: serão representados pelo 
sistema de apontação. Apontar em LIBRAS é 
culturalmente e gramaticalmente aceito. 
 
http://www.libras.org.br/libras.php 
 
A Estrutura da Libras 
 
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As Línguas de Sinais não são simples mímicas e gestos soltos, são 
línguas com estruturas gramaticais próprias, compostas pelos 
níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o 
semântico. O que é denominado de palavra ou item lexical nas 
línguas oral-auditivas são denominados sinais nas línguas de 
sinais. O que diferencia as Línguas de Sinais das demais línguas é 
a sua modalidade visual-espacial e a visual-motora. 
 
 
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Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja 
capaz de: 
 
 entender as características da LIBRAS enquanto linguagem; 
 compreender as estruturas gramaticais da LIBRAS; 
 compreender características da língua de sinais. 
 
 
 
Aula 4 | A Estrutura da Libras 38 
ESTRUTURA DA LIBRAS 
 
Como já foi dito, as Línguas de Sinais não são 
simples mímicas e gestos soltos, são línguas com 
estruturas gramaticais próprias, compostas pelos níveis 
linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o 
semântico. O que é denominado de palavra ou item 
lexical nas línguas oral-auditivas são denominados 
sinais nas línguas de sinais. O que diferencia as Línguas 
de Sinais das demais línguas é a sua modalidade 
visual-espacial e visual-motora. 
 
Uma pessoa que entra em contato com uma 
Língua de Sinais irá aprender uma outra língua, e seus 
usuários terão capacidade instrumental para discutir 
questões complexas como filosofia e política ou 
produzir poemas e peças teatrais (Libras.org (on-line)). 
 
Estrutura Gramatical 
 
Na LIBRAS, a estrutura gramatical é organizada 
tendo como base seis principais parâmetros, chamados 
de parâmetros maiores e parâmetros menores, que 
estruturam sua formação nos diferentes níveis 
linguísticos: 
 
Parâmetros Maiores 
 
1) Configuração da(s) mão(s) - (CM): é a forma 
que a mão assume durante a realização de 
um sinal. 
Aula 4 | A Estrutura da Libras 39 
 
 
Telefone Branco 
 
2) Ponto de Articulação - (PA): é o lugar do 
corpo onde será realizado o sinal. 
 
Laranja Aprender 
 
3) Movimento - (M): é o deslocamento da mão 
no espaço, durante a realização do sinal. 
 
Galinha Homem 
 
Aula 4 | A Estrutura da Libras 40 
No que se refere ao movimento, ele pode variar 
segundo a direção e o tipo: 
 
Quanto à Direção do Movimento 
 
 Movimento Unidirecional: movimento em uma 
direção no espaço, durante a realização do 
sinal. 
 
 Bidirecional: movimento realizado por uma ou 
ambas as mãos, em duas direções diferentes, 
durante a realização do sinal. 
 
 Multidirecional: movimentos que exploram 
várias direções no espaço, durante a 
realização do sinal. 
 
Quanto ao Tipo de Movimento 
 
 
- Movimento Retilíneo: 
 
 Encontrar Estudar Porque 
 
 
- Movimento Helicoidal: 
 
 Alto Macarrão Azeite 
 
 
- Movimento Circular: 
 
 
 Brincar Idiota Bicicleta 
 
Aula 4 | A Estrutura da Libras 41 
 
 
- Movimento Semi-
circular: 
 
 
 Surdo Sapo Coragem 
 
- Movimento Sinuoso 
 
 
 Brasil Rio Navio 
 
- Movimento Angular 
 
 
Raio Elétrico Difícil 
 
Parâmetros Menores 
 
4) Região de Contato: o modo e local em que a 
mão entra em contato com o corpo. 
5) Orientação da(s) mão(s): direção da palma 
da mão durante a execução do sinal da 
LIBRAS, para cima, para baixo, para o lado, 
para a frente. 
6) Disposição da(s) mão(s): a realização dos 
sinais na LIBRAS pode ser feita com a mão 
dominante ou por ambas as mãos. 
 
Além dos componentes manuais, existem outros 
aspectos que são considerados na LS, como as 
expressões faciais e o movimento do corpo, chamadas 
expressões corporais. Essas expressões podem traduzir 
sentimentos, expressar emoções ou servir para 
expressar negação, afirmação, dúvida, 
questionamento... 
Aula 4 | A Estrutura da Libras 42 
Em algumas ocasiões, o sinal convencional émodificado, sendo realizado na face, disfarçadamente, 
como para expressar roubo, ato sexual, entre outros. 
 
Sintaxe 
 
Por apresentar uma gramática diferenciada e 
independente da língua oral, a LIBRAS não pode ser 
estudada tendo como base a Língua Portuguesa. Na 
LIBRAS, a ordem em que os sinais são construídos ou 
apresentados em um enunciado reflete a forma como o 
surdo processa suas ideias, ou seja, com base na 
percepção visual-espacial da realidade. Outro motivo 
que leva a essa diferença é que na estruturação da 
LIBRAS não são usados artigos, preposições, 
conjunções, já que esses conectivos estão 
incorporados ao sinal. 
 
Ex.: 
LIBRAS: EU IR CASA (verbo direcional) 
Português : "Eu irei para casa." 
 
LIBRAS: PORQUE ISTO (expressão facial de 
interrogação) 
Português: "Para que serve isto?" 
 
LIBRAS: IDADE VOCÊ (expressão facial de 
interrogação) 
Português: "Quantos anos você tem? " 
 
Sistema Pronominal 
 
A LIBRAS possui um sistema pronominal para 
representar as pessoas do discurso: 
Aula 4 | A Estrutura da Libras 43 
a) Pronomes pessoais 
 no singular: o sinal para todas as pessoas é o 
mesmo, o que diferencia uma das outras é a 
orientação das mãos. 
 
 
 Eu Você 
 
 dual: a mão ficará com o formato de dois. 
 
 
 Nós 
 
 trial: a mão assume o formato de três. 
 quatrial: o formato será de quatro. 
 plural: há dois sinais: 
 
1) sinal composto (pessoa do discurso no 
singular + grupo); 
2) configuração da mão fazendo um círculo 
(nós). 
 
 
Aula 4 | A Estrutura da Libras 44 
Em LIBRAS, basta apontar diretamente ao se 
referir a uma terceira pessoa. Para ser discreto, por 
uma questão de educação ou gentileza, recomenda-se 
que seja feito um discreto movimento com a cabeça ou 
com os olhos na direção da pessoa mencionada. Nesse 
caso, também é possível ser discreto, apontando com a 
palma da mão voltada para a direção onde se encontra 
a pessoa referida. 
 
b) Pronomes Demonstrativos e Advérbios 
de Lugar 
 
Na LIBRAS os pronomes demonstrativos e os 
advérbios de lugar são diferenciados pelo contexto, já 
que são representados pelo mesmo sinal. 
 
 ESTA / AQUI - olhar para o lugar apontado, 
perto da 1ª pessoa. 
 ESSA / AÍ - olhar para o lugar apontado, 
perto da 2ª pessoa. 
 AQUELA / LÁ - olhar para o lugar distante 
apontado. 
 
c) Pronomes Possessivos 
 
Não possuem marca para gênero e relacionam-
se às pessoas do discurso e não à coisa possuída, como 
acontece no Português. 
 
 EU: MEU IRMÃO (batendo no peito do 
emissor). 
 VOCÊ: TEU AMIGO (movimento em direção à 
pessoa referida). 
 ELE / ELA: SEU NAMORADO (movimento em 
direção à pessoa referida). 
Aula 4 | A Estrutura da Libras 45 
d) Pronomes interrogativos 
 
Os pronomes interrogativos QUE, QUEM e ONDE 
caracterizam-se pela expressão facial interrogativa, 
simultânea ao pronome. 
 
 QUE / QUEM: usados no início da frase. 
 QUEM: com o sentido de quem é e quem é 
são mais usados no final da frase. 
 QUANDO: a pergunta com quando está 
relacionada a um advérbio de tempo (hoje, 
amanhã, ontem) ou a um dia de semana 
específico. 
 
Ex.: ELA VIAJAR RIO QUANDO-PASSADO 
(interrogação). 
ELA VIAJAR RIO QUANDO-FUTURO 
(interrogação). 
EU CONVIDAR VOCÊ VIR MINHA ESCOLA. 
VOCÊ PODER D-I-A (interrogação). 
 
Para se referir a horas aponta-se para o pulso e 
relaciona-se o numeral para a quantidade desejada. 
 
Ex.: CURSO COMEÇAR QUE-HORAS AQUI 
(interrogação). 
 
Resposta: CURSO COMEÇAR HORAS DUAS. 
 
Para se referir a tempo gasto na realização de 
uma atividade, sinaliza-se um círculo ao redor do rosto, 
seguido da expressão facial adequada. 
 
Ex.: VIAJAR RIO-DE-JANEIRO QUANTAS-
HORAS (interrogação) 
 
Aula 4 | A Estrutura da Libras 46 
No uso do POR QUE / PORQUE, como não há 
diferença entre ambos, o contexto é que sugere, 
através das expressões faciais e corporais, quando 
estão sendo usados em frases interrogativas ou 
explicativas. 
 
e) Pronomes indefinidos: 
 
 NINGUÉM / NADA - (mãos abertas 
esfregando-se uma na outra): é usado para 
pessoas e coisas; 
 NENHUM / NADA – (balança-se a mão): é 
usado para pessoas e coisas e pode ter o 
sentido de "não ter"; 
 NENHUM / POUQUINHO - (palma da mão 
virada para cima): é um reforço para a frase 
negativa e pode vir após NADA. 
 
Tipos de verbos 
 
 Verbos direcionais: são verbos que 
possuem marca de concordância, ou seja, a 
direção do movimento, marca no ponto inicial 
o sujeito e no final o objeto. 
 
 
Eu aviso você Você me avisa 
 
 Verbos não direcionais: são verbos que 
não possuem marca de concordância. Quando 
se faz uma frase é como se eles ficassem no 
infinitivo. Apresentam-se em duas 
subclasses: 
Aula 4 | A Estrutura da Libras 47 
a) ancorados no corpo: são verbos realizados 
com contato muito próximo do corpo. Podem 
ser verbos de estado cognitivo, emotivo ou 
experienciais como pensar, entender, gostar, 
duvidar, odiar, saber; e verbos de ação como 
conversar, pagar, falar; 
b) que incorporam o objeto : quando o verbo 
incorpora o objeto, alguns parâmetros 
modificam-se para especificar as informações. 
 
Ex.: COMER: COMER-PIPOCA 
TOMAR /BEBER: TOMAR-CAFÉ 
CORTAR-TESOURA: CORTAR-CABELO 
 
Tipos de frases 
 
As expressões determinam o tipo de frase, ou 
seja, são as expressões faciais que indicarão se uma 
frase em LIBRAS está na forma afirmativa, 
exclamativa, interrogativa, negativa ou imperativa. 
 
 Afirmativa: a expressão facial é neutra. 
 Interrogativa: sobrancelhas franzidas e um 
ligeiro movimento da cabeça, inclinando-se 
para cima. 
 Exclamativa: sobrancelhas levantadas e um 
ligeiro movimento da cabeça inclinando-se 
para cima e para baixo. 
 Imperativa: Saia! Cala a boca! Vá embora! 
 Forma negativa: a negação pode ser feita 
através de três processos: 
Aula 4 | A Estrutura da Libras 48 
a) incorporando-se um sinal de negação 
diferente do afirmativo: 
 
Ter / Não ter Gostar / Não Gostar 
 
b) realizando-se um movimento negativo com a 
cabeça, simultaneamente à ação que está 
sendo negada: 
 
 
Não conhecer Não prometer 
 
c) acrescida do sinal NÃO (com o dedo 
indicador) à frase afirmativa: 
 
 
Não comer 
 
Aula 4 | A Estrutura da Libras 49 
Noções temporais 
 
Nesses casos, são acrescentados sinais que 
informam o tempo presente, passado ou futuro, dentro 
da sintaxe da LIBRAS. 
Ex.: 
 
Presente 
(agora / hoje) 
 
LIBRAS: AGORA EU EMBORA 
Português: “Eu vou embora agora.” 
 
Passado 
(Ontem / Há muito tempo / Passou / Já) 
 
LIBRAS: TERÇA-FEIRA PASSADO EU-IR 
RESTAURANTE COMER^NOITE 
 
Português: “Na terça-feira passada eu jantei no 
restaurante". 
 
Futuro 
(amanhã / futuro / depois / próximo) 
 
LIBRAS: EU ESTUDAR AMANHÃ 
Português: "Amanhã irei estudar " 
 
Alfabeto Manual 
 
Trata-se da soletração de letras com as mãos. 
Quando for necessário usar a soletração, recomenda-se 
que seja devagar, formando as palavras com nitidez. 
Entre as palavras soletradas, é melhor fazer uma pausa 
curta ou mover a mão direita para o lado esquerdo, 
como se estivesse empurrando a palavra já soletrada 
para o lado. 
Aula 4 | A Estrutura da Libras 50 
Normalmente, o alfabeto manual é utilizado para 
soletrar os nomes de pessoas, de lugares, de rótulos e 
para os vocábulos não existentes na língua de sinais.Sabemos que essa breve descrição da LIBRAS 
não é suficiente para que você a conheça, 
completamente, na sua estrutura linguística como um 
todo e em suas especificidades enquanto língua de uma 
comunidade. Trata-se do primeiro passo em direção a 
LIBRAS, na compreensão de sua riqueza e 
possibilidades. Mesmo com todo o preconceito e 
marginalização por parte da sociedade, as línguas de 
sinais resistiram, demonstrando a necessidade 
essencial de sua utilização entre as pessoas surdas e as 
que as assistem (http://www.libras.org.br/libras.php). 
Aula 4 | A Estrutura da Libras 51 
 
RESUMO 
 
Vimos até agora: 
 
 os aspectos que caracterizam a LIBRAS como 
linguagem; 
 
 os principais itens da estrutura gramática da 
LIBRAS e exemplos da leitura e escrita do 
surdo; 
 
 o uso correto do alfabeto manual. 
 
 
 
 
 
Quer 
saber mais? 
 
 
Acesse o site do 
INES 
http://www.ines.gov
.br/default.aspx 
Você encontrará 
matérias que 
auxiliarão na 
compreensão da 
LIBRAS como 
linguagem, bem 
como material 
adicional e de 
pesquisa! 
 
 
 
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Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), e dá outras providências. 
 
BUENO. A inclusão de alunos diferentes nas classes comuns do 
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CAPOVILLA, Fernando César; RAPHAEL, Walkiria Duarte. Dicionário 
Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. 
Vols. I e II. São Paulo: Edusp – Editora da Universidade de São 
Paulo, 2001. 
 
CESAR Andréa de Melo; MAKSUD Simone Siqueira. Fundamentos e 
Práticas em Fonoaudiologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2009. 
 
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discurso. (2009). Disponível em 
http://www.fen.ufg.br/revista/revista6_2/pdf/Orig3_surdez.pdf. 
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em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/surdez.pdf. 
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DIZEU Liliane Correia Toscano de Brito; CAPORALI Suelli Aparecida. 
A Língua de Sinais constituindo o Surdo como Sujeito. Disponível 
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FERNANDES, Eulália. Linguagem e surdez. Porto Alegre: Artmed, 
2003. 
 
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infantil à gerontologia. São Paulo: Lovise, 2000. 
 
 
 
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linguísticos: Terapia fonoaudiológica para adolescente surdo, dentro 
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021/artigo-021-fund.htm. Acessado em 15/04/2012, às 11:02 
 
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Acessado em 04/06/2012, às 12:46. 
 
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Surda. Acessado em 10 de Maio de 2012, às 13:27.

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