Prévia do material em texto
Curso DOCÊNCIA DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Disciplina INTRODUÇÃO À LIBRAS Maria Esther de ARAÚJO www.avm.edu.br 2013.1 S o b re a a u to ra Olá! Sou fonoaudióloga, com atuação na área de audiologia clínica. Complementei minha formação com Mestrado em Gestão Ambiental, Especialização em Gestão de EaD, em Docência do Ensino Superior, com formação profissional em Saúde Pública, Saúde do Trabalhador e Saúde da Família. Atuo no planejamento e gestão de cursos de graduação e pós-graduação, tanto na modalidade a distância (EaD) quanto presencial bem como na elaboração de material didático-pedagógico (conteudista para EaD). Além disso, sou docente nas áreas de audiologia clínica, políticas educacionais, saúde pública, metodologia da pesquisa, dentre outras disciplinas, além de orientadora de TCC, tanto na graduação quanto na pós-graduação. S u m á r io 07 Apresentação 09 Aula 1 Sobre a Surdez e o Surdo 19 Aula 2 A Inclusão do Surdo 29 Aula 3 A LIBRAS - Linguagem Brasileira de Sinais 37 Aula 4 A Estrutura da LIBRAS 52 Referências bibliográficas Libras C A D E R N O D E E S T U D O S A p re s e n ta ç ã o A Introdução à LIBRAS pretende identificar o indivíduo surdo, dando uma visão panorâmica da Linguagem Brasileira de Sinais, em relação aos conceitos da língua, linguagem, cultura, comunidades, aquisição da língua e ao processo de inclusão. Serão apresentados conceitos, definições, aspectos legais e relatos de pesquisas na área da surdez, a proposta do bilinguismo e questões que envolvem o processo de inclusão do surdo no ensino regular. Nenhuma língua é superior a outra, considerando que todas possuem os mesmos universais linguísticos, variando apenas a modalidade (Felipe, 1998). Sendo assim, é preconceito e ingenuidade afirmar que a LIBRAS é uma língua pobre ou subdesenvolvida. O certo é que as línguas se transformam a partir das necessidades da comunidade linguística que a utiliza. O b je ti v o s g e ra is Este caderno de estudos tem como objetivos: identificar aspectos relevantes sobre a surdez e o surdo; apresentar conceitos básicos de Linguística aplicados à LIBRAS; discutir o processo de aquisição de língua de sinais; apresentar fundamentação teórica e prática que viabilizem uma proposta bilíngue (língua de sinais / língua portuguesa) para pessoas surdas; apresentar a Língua Brasileira de Sinais, sua importância, seu reconhecimento e suas implicações; analisar a inclusão sobre os aspectos legal, teórico e prático. Sobre a Surdez e o Surdo A U L A 1 A p re s e n ta ç ã o Diversos fatores interferem na audição diminuindo a capacidade auditiva. Conhecer a anatomia auditiva favorece a compreensão do tipo de perda, a interferência na comunicação e no processo ensino aprendizagem. Os fatores causais estão diretamente relacionados ao tipo de perda e à capacidade de socialização, interação e comunicação; portanto, compreender quais são os fatores que levam a uma baixa auditiva é fundamental para uma boa interação com o sujeito surdo. O b je ti v o s Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: reconhecer a anatomia auditiva e suas funções; compreender o tipo de perda e sua relação com a comunicação oral; entender a interferência da surdez no processo ensino aprendizagem. Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 10 Sobre a Surdez e o Surdo A audição é um sentido de valor inestimável. Por meio da captação das informações sonoras, dos sons que nos rodeiam, a audição nos coloca dentro do mundo e da comunicação humana, sendo imprescindível para o preestabelecimento da linguagem. Para que haja a aquisição e o desenvolvimento normal da linguagem, é necessária a integridade anátomo-fisiológica do sistema auditivo e adequada estimulação, viabilizando a experiência acústica necessária ao aprendizado linguístico. Esse é o processo natural e, quando há alguma interferência na captação, condução ou transformação dessa energia, ocorre o que chamamos de surdez. (MAKSUD - 2009). Surdez é o nome mais comum, utilizado para indicar a dificuldade ou impossibilidade de ouvir. Pode- se considerar surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, e, parcialmente surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva. A surdez apresenta classificações e graus diferenciados, de acordo com a sua origem ou causa. Para melhor compreender esse processo, vamos conhecer um pouco na anatomia da orelha e das perdas auditivas (DOUGLAS, 2006). “Deficiência auditiva” é o termo técnico utilizado entre os profissionais da educação e saúde para indicar perda de audição ou diminuição na capacidade de escutar os sons. Qualquer problema que ocorra em algumas das partes do ouvido pode levar a uma deficiência na audição. Geralmente, este termo não é utilizado pelo grupo que pertence à comunidade surda. “Surdo-mudo” é uma denominação arcaica e incorreta para se referir ao surdo. Este termo não é utilizado pelo grupo que pertence à comunidade surda, pois MUDEZ é a impossibilidade de falar ou problema relacionado à emissão da voz. Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 11 ANATOMIA DA ORELHA A orelha é o órgão responsável pela audição e pelo equilíbrio. Sua maior parte fica localizada no osso temporal, sendo dividida em três partes: Orelha Externa: responsável pela captação da energia sonora. É composta pelo pavilhão auditivo, o canal auditivo externo ou meato auditivo e a membrana timpânica. É a região visível do sistema auditivo e tem como função captar e canalizar sons que serão conduzidos à orelha média. Orelha Média: responsável pela condução da energia sonora. Dentro da cavidade do osso temporal, é composta pela tuba auditiva, que faz a ligação entre a orelha média e a nasofaringe, equilibrando a pressão e drenando secreções, e por três ossículos, chamados martelo, bigorna e estribo, afixados por ligamentos à parede da orelha. As vibrações da membrana timpânica são transmitidas a estes ossinhos, que conduzem a energia sonora para a orelha interna. Orelha Interna: responsável pela transformação da energia sonora em energia elétrica, bem como pelo equilíbrio. Consiste em escavações no osso temporal, que se comunica com a orelha média. Possui duas regiões, uma com função de equilíbrio, denominada labirinto ou canais semicirculares e outra com função auditiva, denominada cóclea. Ao receber o estímulo conduzido pela orelha média, a cóclea se encarrega em Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 12 desencadear o processo de transformar o estímulo mecânico em estímulo elétrico, percebido e decodificado pelo sistema nervoso central, completando o ciclo da audição Figura 1 – Sistema Auditivo Periférico CATEGORIAS OU CLASSIFICAÇÕES DAS PERDASAUDITIVAS As perdas auditivas podem ser classificadas em relação ao local da lesão (tipo) ou ao grau da perda (FROTA, 2006): a) Classificação da perda auditiva de acordo com o tipo TIPO OCORRÊNCIA / DEFINIÇÃO Deficiência Auditiva Condutiva - Causada por um problema localizado na orelha externa e/ou média. - Esta deficiência, em muitos casos, é reversível e geralmente não precisa de tratamento com aparelho auditivo, apenas cuidados médicos. Deficiência Auditiva Neurossensorial - Decorrente de lesão na orelha interna. - Nesse caso há uma diminuição na capacidade de receber os sons, provocada por um problema no mecanismo de percepção do som desde o ouvido interno até o cérebro. Deficiência Auditiva Mista - Ocorre quando há uma alteração de origem condutiva somada a sensório- neural, a associação dos dois tipos de perda. Ou seja, quando o problema está localizado em ambos os mecanismos numa mesma pessoa. Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 13 Deficiência Auditiva Central - Ocorre quando há alterações nos mecanismos de processamento da informação sonoro, no sistema nervoso central. - Não é, necessariamente, acompanhada de diminuição da sensitividade, ou seja, da percepção da presença do som. b) Classificação da perda auditiva de acordo com o grau Esta é outra classificação que pode ser dada às perdas auditivas. Quanto maior o grau da perda, maior o comprometimento auditivo. Surdez leve: a perda é de 20 até 40 dB, comprometendo a percepção de alguns fonemas das palavras. No caso de surdez de grau leve, o indivíduo pode ser considerado desatento, já que normalmente solicita que o interlocutor repita o que lhe falou. Nesses casos, a deficiência não impede a aquisição normal da linguagem, mas poderá causar algum problema de articulação, produzindo troca de fonemas na fala ou dificuldade na leitura e escrita. Surdez moderada: a perda auditiva é de 41 a 55 dB, e é necessário um aumento na intensidade sonora da voz para que a mesma seja percebida. Observa-se uma dificuldade em perceber, com clareza, o que se fala pelo telefone e mesmo em uma conversação direta, o que leva a muitas trocas nas palavras ouvidas por outra foneticamente semelhante (pato/rato). Nesse caso é frequente o atraso da linguagem. Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 14 Surdez acentuada: a perda auditiva é de 56 a 70 dB, e já não se escutam sons importantes do dia a dia (o telefone tocar, a campainha, a televisão). Normalmente, é necessário um apoio visual para facilitar a compreensão do que foi dito. O indivíduo, com uma surdez de grau acentuado, apresenta atraso de linguagem e alterações articulatórias, ocasionando maiores problemas linguísticos. Surdez severa: a perda auditiva é de 71 e 90 dB, nesses caso, o indivíduo percebe, mas não entende a voz humana, não distingue os sons (fonemas) da fala. A compreensão verbal vai depender da habilidade em se fazer a leitura labial. Crianças com surdez severa costumam atingir os 4 ou 5 anos de idade sem ter aprendido a falar, e necessitam de um atendimento especializado para adquirir a linguagem oral. Surdez profunda: a perda auditiva é acima de 91 dB, e o indivíduo não percebe nem identifica a voz humana, o que acaba por impedir a aquisição da linguagem oral. Os sons percebidos costumam ser os graves que transmitem vibração (trovão, helicóptero). Esta perda é considerada muito grave, o que leva à necessidade de um atendimento especializado desde a mais tenra idade para que se adquira a linguagem oral. Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 15 Anacusia: é a falta total de audição e, nesses casos, o surdo deve ser trabalhado e estimulado o mais precocemente possível, tendo como conduta pedagógica o mesmo da surdez profunda. CAUSAS DAS PERDAS AUDITIVAS São vários os fatores que podem causar uma deficiência auditiva. Tanto a identificação do fator causal quanto o momento em que a lesão ocorre são fundamentais para traçar um bom trabalho com o indivíduo surdo ou ensurdecido. Podemos classificar a deficiência auditiva quanto ao momento em que ocorre a lesão (SANTOS; RUSSO, 2009): Pré-natal (durante a gestação) São perdas auditivas que podem ser causadas por desordens genéticas, consanguinidade, doenças infecto-contagiosas (como a toxoplasmose, a sífilis e a rubéola), uso de drogas e álcool pela mãe, desnutrição ou carência alimentar materna, hipertensão ou diabetes durante a gestação e exposição à radiação. São as perdas congênitas (nascidas com a perda) e não apresentam boa resposta medicamentosa ou cirúrgica. De forma simplificada, a surdez pode ser dividida em dois grupos: parcialmente surdos e surdos. Parcialmente surdos São aqueles que possuem surdez leve, moderada e acentuada. Surdos São aqueles que possuem surdez severa, profunda e anacusia. Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 16 Perinatal (durante o nascimento) São as perdas adquiridas no momento do nascimento. Podem ter como causa a anoxia (falta de oxigenação), prematuridade, traumas do parto, estrangulamento de cordão umbilical, icterícia grave no recém-nascido e infecção hospitalar. Não apresentam boa resposta medicamentosa ou cirúrgica. Pós-natal (depois do nascimento) São as perdas adquiridas após o nascimento. Podem ser causadas por infecções (como meningite, sarampo, caxumba), o uso de remédios ototóxicos em excesso e sem orientação médica, a exposição excessiva a ruídos e a sons muito altos e o traumatismo craniano. Esses casos, normalmente, não apresentam boa resposta medicamentosa ou cirúrgica. Também podem ser causadas por processos alérgicos ou viroses que originam gripes e resfriados. Nesse caso, a resposta medicamentosa ou cirúrgica é satisfatória, podendo chegar a uma recuperação total. Sinais indicadores de surdez: Não se assustar com portas que batem ou outros ruídos fortes; Não acordar com música alta ou barulho repentino; Não atenderem quando são chamadas; Serem distraídas, desatentas, desligadas, apáticas, não se concentrarem; Não falar, após os dois anos de idade; Parecer ter atraso no desenvolvimento neurológico ou motor. Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 17 DIAGNÓSTICO É primordial que a perda auditiva seja percebida nos primeiros meses de vida. Para isso, é necessário o empenho de profissionais qualificados na identificação da perda, no seu diagnóstico e na intervenção educacional, possibilitando um desenvolvimento mais qualitativo e melhor interação social. Um dos desafios da saúde pública é a obtenção desse diagnóstico o mais precocemente possível pois, na maioria dos casos, a surdez só é percebida tardiamente. Por esse motivo, deu-se a criação da lei nº 12303, de 2 de agosto de 2010, que define como obrigatório o ”Teste da Orelhinha”. Trata-se de um procedimento realizado através de Emissões Otoacústicas Evocadas – (OEA). De acordo com o Joint Committee on Infant Hearing e o Comitê Brasileiro sobre Perdas Auditivas na Infância, é fundamental que a triagem auditiva neonatal chegue a todas as crianças com até 90 dias de nascidas; se for detectada alguma alteração, que se façam os procedimentos cabíveis até 180 dias após o nascimento da criança, isso com o exame de emissões otoacústicas.O Comitê sobre perdas auditivas na infância (CBPAI) e Triagem Auditiva Universal (TANU) também apoiam esse parâmetro. O exame não tem qualquer contraindicação, não acorda nem incomoda o bebê, não exige uso de agulhas ou qualquer outro objeto perfurante e é absolutamente inócuo, dura de 5 a 10 minutos, o recém-nascido não sente nada e é de simples compreensão. Dica de leitura Uma boa dica de leitura são as revistas disponíveis no site http://www.crfa1.or g.br/ Aula 1 | Sobre a surdez e o surdo 18 O diagnóstico precoce das perdas auditivas é essencial para o bom desenvolvimento da criança. É preciso que as alterações nas vias auditivas sejam diagnosticadas logo no início e que os fatores causadores da perda auditiva sejam identificados e, se possível, sanados, minimizando ou evitando prejuízos futuros. Embora o diagnóstico seja essencial, não basta saber que a perda auditiva existe. É necessário que haja estrutura para readaptação dessas crianças (FERNANDES, 2003). Cerca de 50% das perdas auditivas teriam os danos minimizados se tivessem sido diagnosticados precocemente ou eliminados os fatores de risco (PEREIRA, 2004). RESUMO Vimos até agora: O conceito de surdez, a relação da surdez com a linguagem e comunicação bem como alguns mitos e verdade sobre o surdo; A anatomia da orelha externa, média e interna e a relação com o tipo e classificações da perda auditiva; Os fatores causais, tipo e grau da perda e a relação com a linguagem e comunicação; A importância do diagnóstico precoce e do diagnóstico diferencial para o processo de socialização do surdo. Quer saber mais? Quer saber mais sobre a surdez e como prevenir? Consulte os manuais disponíveis no site http://www.fonoaudi ologia.org.br/ A Inclusão do Surdo A U L A 2 A p re s e n ta ç ã o A inclusão do surdo é um tema que tem gerado muita discussão. Para se falar sobre a inclusão, é preciso entender aspectos legais e filosóficos, já que se trata de uma proposta que aborda de uma questão bicultural, envolvendo o mundo auditivo e o mundo do silêncio. Para o sucesso da inclusão social, é fundamental uma proposta educacional que atenda a necessidade do surdo, com profissionais qualificados, bem como políticas inclusivas que visem sua inserção no mercado de trabalho, favorecendo sua autonomia e independência econômica. O b je ti v o s Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: conhecer os aspectos legais da inclusão; refletir sobre os aspectos sociais da educação; relacionar as questões educacionais com o sucesso da inclusão; compreender a importância da inserção do surdo no mercado de trabalho. Aula 2 | A Inclusão do Surdo 20 A Inclusão do Surdo É certo que, independentemente de quem seja ou do que se tenha, todos têm a necessidade de comunicar-se. Uma vez identificada a perda auditiva em uma pessoa, a ela não pode ser negada o direito de uma língua e uma forma de comunicação. Neste aspecto, Chaveiro & Barbosa, 2005, sustentam a ideia que “a linguagem é um instrumento de poder.” Diante de uma sociedade ouvinte, na qual a comunicação oral pode ser um símbolo de autonomia, o surdo também não pode deixar de vivenciar novas experiências; experiências essas que são vividas pela sociedade ouvinte, como o direito de uma língua, o direito à educação, ao lazer e ao trabalho. Infelizmente, há um longo caminho a ser percorrido em relação à aceitação e convivência com o sujeito surdo. LACERDA (2006, p. 177) afirma que a forma de expressão de uma pessoa surda é diferente da sociedade ouvinte, uma vez que faz uso de uma língua própria. “Ele é um estrangeiro que tem acesso aos conhecimentos de um modo diverso dos demais e se mantém isolado do grupo.” A autora referencia inclusão social baseada no respeito e a justiça em relação às diferenças apresentadas pelo ser humano, onde o foco de cada um é saber conviver com a diferença e sustentando o fato de que todos são diferentes, isso os torna iguais. As dificuldades desta inclusão são imensas em relação ao sujeito surdo, até mesmo em relação ao seu processo de socialização, no qual a sociedade ouvinte sempre teve uma visão de que a pessoa com alguma deficiência não é digna de usufruir dos benefícios de uma vida social, limitando-a e impedindo-a de adquirir um olhar mais seguro e menos inferior da vida. Aula 2 | A Inclusão do Surdo 21 MACÊDO (2002) faz-se valer de que o direito à inclusão social é de todos, e também dos deficientes auditivos que, em decorrência de suas limitações, na maioria das vezes são ignorados por uma cultura que segue a comunicação verbal como norma. Amparada pela Lei Federal, número 10.436, de 24 de abril de 2002, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), que é a primeira língua dos surdos, passa a ser obrigatória em todo território nacional, afirmando que: Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras - a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. A inclusão acaba sendo, então, um direito de quem apresenta limitações que fogem do padrão de normalidade da maioria e um dever da sociedade, que exclui pelo simples fato de ver essas pessoas como deficientes, contribuindo para uma autoexclusão do surdo, já que o olhar da sociedade o faz pensar que ele é incapaz de progredir. Muito se especula sobre propostas de políticas públicas educacionais no Brasil e, com o atraso escolar que o surdo apresenta em relação ao ouvinte, faz-se necessário que estas propostas sejam ainda mais eficazes, pois é preciso uma estruturação mais específica para auxiliar de forma satisfatória o ensino dos surdos (LEBEDEFF, 2006). Aula 2 | A Inclusão do Surdo 22 A comunicação, por sua vez, é o principal canal de socialização do ser humano, pois é através dela que o indivíduo consegue aprender e ensinar, em virtude da troca de informações, possibilitando o convívio social. Porém, as formas de comunicação do ouvinte e do surdo são distintas, uma vez que existem choques culturais em relação à língua de ambos, onde uma é oral e a outra, gestual (PIMENTA, 2007 e CHAVEIRO et al, 2009). Isto acaba implicando, entre outros, a inserção dos indivíduos surdos no mercado de trabalho, em uma sociedade essencialmente ouvinte, onde há uma necessidade de pessoas comunicativas e com uma boa oratória. EDUCAÇÃO A educação dos surdos já foi vista como uma educação inferior em relação à educação dos ouvintes, já que acreditava-se que o surdo era de menor inteligência, o que contribuiria para uma aprendizagem menos eficaz (MOURA 2000). O atraso no desenvolvimento escolar do surdo em relação ao ouvinte é significativo, uma vez que a língua utilizada para o aprendizado é a língua oral e o surdo possui, como estrutura linguística, uma estrutura visual motora. Esta dificuldade em aprender através de outra língua contribui para que um número elevadode alunos surdos mantenha-se fora do meio escolar, pois a dificuldade de acesso ao conhecimento através da língua torna-se um fator determinante para esse afastamento (LEBEDEFF, 2006). Em relação a esta educação para o público surdo, há boas propostas para uma eficaz educação destes indivíduos, no que se refere a formas qualitativas de ensino e de inclusão escolar. O Brasil optou por uma política com um sistema de educação Aula 2 | A Inclusão do Surdo 23 inclusiva em conformidade ao proposto pela Declaração Mundial de Educação para Todos, bem como com a Declaração de Salamanca (PORTAL DO MEC, online). Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, na Educação Básica, em todas as suas etapas e modalidades. Parágrafo único. O atendimento escolar desses alunos terá início na educação infantil, nas creches e pré-escolas, assegurando-lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado. MEC, resolução 02/2001 De acordo com a resolução 02/2001 - MEC, todas as pessoas que apresentam algum tipo de perda auditiva têm direito a uma educação com um ensino regular, igual a uma pessoa que não apresenta perda auditiva, buscando a inclusão e a implantação de novas propostas a fim de melhorar a qualidade de vida dos surdos. Um perfil de escola inclusiva é aquele que se caracteriza por adequar-se, não somente com uma estrutura física apropriada para todo e qualquer deficiente, seja esta deficiência física, sensorial ou mental, mas também com propostas de ensino que visam sanar as necessidades daqueles que a procuram, respeitando as limitações de cada um em sua diferença e incorporando formas de aprendizado específico a esses alunos (GOÉS, M. C. R; LAPLANE, A. L. F. 2004). Aula 2 | A Inclusão do Surdo 24 Segundo GESUELI & GÓES (on-line, p. 1), “A utilização da língua de sinais vem sendo reconhecida como um caminho necessário para a efetiva mudança nas condições oferecidas pela escola no atendimento educacional de alunos surdos.” Desta forma, é correto afirmar que a LIBRAS vem contribuindo para uma eficácia no ensino dos indivíduos surdos, uma vez que proporciona embasamento teórico em relação à estrutura linguística da língua de sinais. Existem alguns modelos educacionais cujo objetivo é facilitar o desenvolvimento escolar dos alunos surdos. A opção de um ensino bilíngue é um destes modelos e fundamental para os surdos que se disponibilizam a estudar e sentem a necessidade de se comunicar com o ouvinte. Nesse sentido, a LIBRAS é a primeira língua, utilizada pelo surdo na aquisição de conhecimento e comunicação, e o português ou a língua oral é a língua secundária, um recurso maior para a interação com os colegas e ganho maior na aprendizagem (GESUELI, 2006). As dificuldades de comunicação entre o professor ouvinte e o aluno surdo são evidenciadas diariamente. Isso ocorre pelo fato do despreparo do professor em receber e interagir com este aluno, até mesmo desconhecendo a existência de sua língua materna, a LIBRAS. Nestes casos, se o aluno surdo não domina a língua oral, não consegue ter êxito em seu ensino. Esta desarmonia desfavorece uma comunicação suficiente para a aprendizagem eficaz do aluno surdo, bem como de socialização com os demais colegas de classe (GESUELI & GÓES, on-line). A utilização de tecnologias, tais como o uso da internet e celulares, também têm sido importantes recursos de ensino para os surdos, aumentando a capacidade “cognitiva, afetiva e social” dos mesmos, o Aula 2 | A Inclusão do Surdo 25 que permite avanços não só na área educacional, como também na comunicação com o outro e nas relações emotivas (SOUZA, 2003, p. 1). Comunicação e Empregabilidade Comunicar é um ato importante para o convívio social, possibilitando o acesso à informação, o convívio e a socialização. É nessas tentativas de adquirir aprendizado e troca de informações que o homem começa a constituir o que é a chamada comunicação (INSTITUTO DE TECNOLOGIA ORT, on-line). A comunicação, por sua vez, é uma das formas mais importantes que o indivíduo usa como recurso de socialização. É através dela que há troca de informações, possibilitando aprendizado e convívio social entre as pessoas de uma sociedade (PIMENTA, 2006). Diante disto, pressupõe-se que a comunicação tem um importante papel na constituição da pessoa como sujeito, partindo da tese que o indivíduo que não se comunica ou não tem uma comunicação eficaz e/ou satisfatória para o convívio social tende a se isolar tanto da sociedade quanto dos meios de comunicação de massa que também são fontes de conhecimento e comunicação. As dificuldades em manter um diálogo com o outro permite ao ser humano excluir e/ou ser excluído do convívio social, principalmente quando “barreiras de linguagem e cultura” estão associadas a dificuldades de comunicação (CHAVEIRO et al, 2009, p. 148). O ato de trabalhar permite ao ser humano se sentir útil, capaz e realizado, contribuindo favoravelmente nos aspectos de “comportamento, rotina e relações afetivas”. Em relação aos indivíduos surdos, a admissão no mercado de trabalho faz com Quer saber mais? Quer saber mais sobre a inclusão do surdo? Veja as dicas no site da http://revistaescola. abril.com.br Você encontrará informações sobre inclusão, educação especial, programas e materiais para inclusão do surdo. Aula 2 | A Inclusão do Surdo 26 que o mesmo deixe de se sentir excluído da sociedade e de se autoexcluir por ‘medo’ do que esta pode pensar dele (SOARES, 2009, p. 1). Inserir-se no mercado de trabalho exige uma grande habilidade comunicativa, pois neste campo de tamanha competição, as pessoas precisam ter uma boa expressividade oral para satisfazer as necessidades do contratante e dos respectivos clientes. Este fator comunicativo, por sua vez, torna-se determinante na vida dos surdos no aspecto de empregabilidade, uma vez que é usuário de uma língua diferente da língua que o mercado exige. Isso acaba por levar o surdo a renunciar uma inserção nesse mercado, restringindo-o ao convívio com sua comunidade, onde são bem aceitos por pessoas que se apresentam ‘iguais’ (SOARES, 2009). A aceitação do surdo no convívio do ouvinte, bem como no mercado de trabalho, ainda passa por um processo de transformação que exige bom senso e humanização, de um para com o outro, pois os surdos são o foco de muitos preconceitos em decorrência de sua condição e das consequências que esta pode trazer nos aspectos da vida emocional e profissional destes indivíduos (DAMÁZIO, 2007). É preciso integrar o indivíduo surdo à sociedade. A integração baseia-se no princípio de “normalização”, que significa “oferecer aos portadores de necessidades especiais modos e condições de vida diária o mais semelhante possível às formas e condições de vida do resto da sociedade” (Política Nacional de Educação Especial / MEC, 1994). As pessoas surdas têm direito a participar da vida familiar, de uma escola comum, da comunidade e de ser inserido em um mercado de trabalho, mesmo Aula 2 | A Inclusão do Surdo 27 que em cada um desses momentos mereçam uma atenção diferenciada às suas necessidades especiais. Claro que isso depende, entreoutros fatores, de uma comunidade que esteja preparada para conviver e aceitar aqueles que são diferentes. Esse processo ocorre nos seguintes contextos relacionais: Na família: os pais e demais membros da família incluem sua criança, surda ou não, nas atividades cotidianas do lar desde o seu nascimento; Na escola: os colegas devem ser orientados quanto à importância da Língua de Sinais com o objetivo de uma interação mais efetiva com a criança surda; Na sociedade: a integração social do surdo é o resultado de todo o processo que teve início com a estimulação precoce. O processo de integração social é contínuo e torna-se mensurável à medida que o surdo conscientiza-se de seu papel de cidadão com pleno direito à escolha de vida pública e privada. O que você sabe sobre surdez? O alfabeto brasileiro de sinais que você já deve ter visto é só o início. A comunicação com os surdos utiliza uma série de outros sinais. Mesmo os profissionais da área precisam saber mais. RESUMO Vimos até agora: os aspectos sociais e legais que levam a inclusão do surdo; a importância da comunicação e do desenvolvimento da linguagem de sinais para o surdo; Para pesquisar Sobre a empregabilidade do surdo, pesquisa o site da http://www.feneis.c om.br/page/index.as p. Trata-se da Fundação Nacional de Educação e Integração dos Surdos. Boa dica! Aula 2 | A Inclusão do Surdo 28 o papel da escola na socialização do surdo e sua relevância para na preparação desse sujeito para o mercado de trabalho tanto na escola quanto. A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais A U L A 3 A p re s e n ta ç ã o A origem da linguagem de sinais deixa a necessidade de uma maior compreensão da riqueza que existe nessa forma de se comunicar, entendendo a língua de sinais como uma linguagem legítima e eficaz. Historicamente, os conflitos sociais, quanto a sua eficácia e legitimidade, demonstram o quanto a sociedade precisa quebrar a barreira do preconceito e entender o que o surdo e a Linguagem de Sinais é capaz de fazer. O b je ti v o s Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: entender a origem da língua de sinais; refletir sobre as dificuldades sociais quanto à inclusão e a língua de sinais; compreender as características da língua de sinais. Aula 3 | A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais 30 A LIBRAS – LINGUAGEM BRASILEIRA DE SINAIS A língua de sinais surge no século XVII, bem como sua utilização no processo educacional. O abade L'Epée foi um dos grandes responsáveis por esse avanço, reunindo os surdos dos arredores de Paris, com a criação da primeira escola pública para surdos. Criada na França, a língua de sinais espalhou-se pela Europa e pelo mundo. Embora a metodologia tenha apresentado resultados positivos, seu desenvolvimento foi abafado pela crença de que o surdo não tinha a mesma capacidade de aprendizagem que o ouvinte. Em 1880, a partir do Congresso de Milão, o oralismo, método que considera a voz como o único meio de comunicação e de educação para os surdos, passou a ser adotado como metodologia única, sendo excluídas todas as possibilidades de uso das línguas de sinais na educação dos surdos. Esse método, embora apresente diversas vantagens, mostrou-se insuficiente para muitos sujeitos surdos, que não tiveram o sucesso esperado na leitura de lábios e emissão de palavras. Por volta de 1960, Dorothy Shifflet, professora secundária e mãe de uma menina surda, descontente com os métodos oralistas, utilizou um método que combinava sinais, fala, leitura labial e treino auditivo, em uma escola na Califórnia, denominando seu trabalho de Total Approach – (Abordagem ou Comunicação Total), que consistia no uso simultâneo de palavras e sinais, ou seja, no uso simultâneo de uma língua oral e de uma língua sinalizada. Com os estudos realizados na área da Linguística, comprovou-se que as línguas de sinais são uma língua legítima, com status linguístico, tão completa e complexa quanto qualquer outra língua. Esses estudos foram contra o uso da modalidade mista Aula 3 | A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais 31 ou Comunicação Total, por acreditar que o uso simultâneo de duas línguas resulta numa mistura que confunde o enunciado, já que a língua oral majoritária se sobrepõe à língua de sinais (GESUELI, 2006). A comunicação por língua de sinais não é exclusividade brasileira. Na maioria do mundo há, pelo menos, uma Língua de Sinais (LS) usada pela comunidade surda de cada país. A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) tem sua origem na Língua de Sinais Francesa – origem, e não reprodução. A LIBRAS é diferente da Língua de Sinais Americana (ASL), que é diferente da Língua de Sinais Britânica (BSL), que difere, por sua vez, da Língua de Sinais Francesa (LSF). Configuração de mãos para “nome” ASL LIBRAS As Línguas de Sinais não são mímicas ou gestos soltos, são línguas com estruturas gramaticais próprias. O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas é denominado sinais nas línguas de sinais. Na verdade, sua modalidade visual-espacial é o que a diferencia das demais línguas. Sendo assim, aprender uma LS é aprender outra língua, como o inglês, francês, alemão... Aula 3 | A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais 32 A LIBRAS apresenta dialetos regionais, comprovando seu caráter de língua natural. Configuração de mãos para “verde” Rio de Janeiro São Paulo Curitiba Outra característica que a distingue como uma língua dinâmica refere-se a mudanças históricas que, com o passar do tempo, produzem alterações nos sinais, decorrentes dos costumes da geração que o utiliza. Configuração de mãos para “azul” 1º momento 2º momento 3º momento Você sabia que dentro do Brasil existem as variações regionais da LIBRAS? Isso acontece em qualquer língua, incluindo a língua portuguesa. Ex.: aipim – macaxeira – mandioca Aula 3 | A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais 33 A LIBRAS, como todas as LS, é uma modalidade de comunicação baseada no gesto, na observação e localização, ou seja, é uma modalidade gestual-visual- espacial. Em muitos casos, por desconhecer sua natureza linguística, muitos acreditam tratar-se de sinais “desenhados” no ar, representando a figura que se deseja expressar. Embora a realização de alguns sinais podem reportar-se à realidade ou à expressão que se deseja referir, isso não é uma regra. A grande maioria dos sinais da LIBRAS são arbitrários, não mantendo relação de semelhança alguma com seu referente. Sinais Icônicos São considerados como sinais icônicos os que fazem alusão à imagem do seu significado ou dado da realidade que representam, assim como uma foto é considerada a reprodução de uma imagem. Claro que os sinais icônicos não são iguais em todas as LS e nem mesmo dentro de um mesmo país, como o Brasil. Devem-se considerar as representatividades e regionalidade no que se refere a esses sinais (FERREIRA BRITO, 1993). Sinais icônicos Telefone Borboleta Aula 3 | A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais 34 Árvore LIBRAS LSC Sinais Arbitrários São considerados sinais arbitráriosos que não fazem alusão ou mantêm semelhança com a imagem do seu significado ou dado da realidade que representam. Muitos acreditam que a LIBRAS é composta apenas por representações gestuais icônicas, o que é um mito, já que uma das propriedades básicas de uma língua é a arbitrariedade existente entre significante e referente, sendo capazes de expressar conceitos abstratos, em toda sua complexidade. Sinais Arbitrários Conversar Depressa Aula 3 | A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais 35 Sinais Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos. Nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros que formarão os sinais: Configuração das mãos: São formas das mãos que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros ou esquerda para os canhotos), ou pelas duas mãos. Os sinais DESCULPAR, EVITAR e IDADE, por exemplo, possuem a mesma configuração de mão (com a letra y). A diferença é que cada uma é produzida em um ponto diferente no corpo. Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, ou seja, local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro. Movimento: Os sinais podem ter um movimento ou não. Por exemplo, os sinais PENSAR e EM-PÉ não têm movimento; já os sinais EVITAR e TRABALHAR possuem movimento. Expressão facial e/ou corporal: As expressões faciais / corporais são de fundamental importância para o entendimento real do sinal, sendo que a entonação em Língua de Sinais é feita pela expressão facial. Orientação/Direção: Os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros acima. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade. http://www.libras.org.br/libras.php Aula 3 | A LIBRAS – Linguagem Brasileira de Sinais 36 RESUMO Vimos até agora: a origem da língua de sinais e as barreira enfrentadas para sua aceitabilidade; a relação da linguagem de sinais com a cultura do surdo; as principais características da LIBRAS, sua definição como linguagem e características regionais. Convenções da LIBRAS A grafia: os sinais em LIBRAS, para simplificação, serão representados na Língua Portuguesa em letra maiúscula. Ex.: CASA, INSTRUTOR. A datilologia (alfabeto manual): usada para expressar nomes de pessoas, lugares e outras palavras que não possuem sinal, estará representada pelas palavras separadas por hífen. Ex.: M-A-R-I-A, H-I-P-Ó-T-E-S-E. Os verbos: serão apresentados no infinitivo. Todas as concordâncias e conjugações são feitas no espaço. Ex.: EU QUERER CURSO. As frases: obedecerão à estrutura da LIBRAS, e não à do Português. Ex.: VOCÊ GOSTAR CURSO? (Você gosta do curso?). Os pronomes pessoais: serão representados pelo sistema de apontação. Apontar em LIBRAS é culturalmente e gramaticalmente aceito. http://www.libras.org.br/libras.php A Estrutura da Libras A U L A 4 A p re s e n ta ç ã o As Línguas de Sinais não são simples mímicas e gestos soltos, são línguas com estruturas gramaticais próprias, compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico. O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas são denominados sinais nas línguas de sinais. O que diferencia as Línguas de Sinais das demais línguas é a sua modalidade visual-espacial e a visual-motora. O b je ti v o s Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: entender as características da LIBRAS enquanto linguagem; compreender as estruturas gramaticais da LIBRAS; compreender características da língua de sinais. Aula 4 | A Estrutura da Libras 38 ESTRUTURA DA LIBRAS Como já foi dito, as Línguas de Sinais não são simples mímicas e gestos soltos, são línguas com estruturas gramaticais próprias, compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico. O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas são denominados sinais nas línguas de sinais. O que diferencia as Línguas de Sinais das demais línguas é a sua modalidade visual-espacial e visual-motora. Uma pessoa que entra em contato com uma Língua de Sinais irá aprender uma outra língua, e seus usuários terão capacidade instrumental para discutir questões complexas como filosofia e política ou produzir poemas e peças teatrais (Libras.org (on-line)). Estrutura Gramatical Na LIBRAS, a estrutura gramatical é organizada tendo como base seis principais parâmetros, chamados de parâmetros maiores e parâmetros menores, que estruturam sua formação nos diferentes níveis linguísticos: Parâmetros Maiores 1) Configuração da(s) mão(s) - (CM): é a forma que a mão assume durante a realização de um sinal. Aula 4 | A Estrutura da Libras 39 Telefone Branco 2) Ponto de Articulação - (PA): é o lugar do corpo onde será realizado o sinal. Laranja Aprender 3) Movimento - (M): é o deslocamento da mão no espaço, durante a realização do sinal. Galinha Homem Aula 4 | A Estrutura da Libras 40 No que se refere ao movimento, ele pode variar segundo a direção e o tipo: Quanto à Direção do Movimento Movimento Unidirecional: movimento em uma direção no espaço, durante a realização do sinal. Bidirecional: movimento realizado por uma ou ambas as mãos, em duas direções diferentes, durante a realização do sinal. Multidirecional: movimentos que exploram várias direções no espaço, durante a realização do sinal. Quanto ao Tipo de Movimento - Movimento Retilíneo: Encontrar Estudar Porque - Movimento Helicoidal: Alto Macarrão Azeite - Movimento Circular: Brincar Idiota Bicicleta Aula 4 | A Estrutura da Libras 41 - Movimento Semi- circular: Surdo Sapo Coragem - Movimento Sinuoso Brasil Rio Navio - Movimento Angular Raio Elétrico Difícil Parâmetros Menores 4) Região de Contato: o modo e local em que a mão entra em contato com o corpo. 5) Orientação da(s) mão(s): direção da palma da mão durante a execução do sinal da LIBRAS, para cima, para baixo, para o lado, para a frente. 6) Disposição da(s) mão(s): a realização dos sinais na LIBRAS pode ser feita com a mão dominante ou por ambas as mãos. Além dos componentes manuais, existem outros aspectos que são considerados na LS, como as expressões faciais e o movimento do corpo, chamadas expressões corporais. Essas expressões podem traduzir sentimentos, expressar emoções ou servir para expressar negação, afirmação, dúvida, questionamento... Aula 4 | A Estrutura da Libras 42 Em algumas ocasiões, o sinal convencional émodificado, sendo realizado na face, disfarçadamente, como para expressar roubo, ato sexual, entre outros. Sintaxe Por apresentar uma gramática diferenciada e independente da língua oral, a LIBRAS não pode ser estudada tendo como base a Língua Portuguesa. Na LIBRAS, a ordem em que os sinais são construídos ou apresentados em um enunciado reflete a forma como o surdo processa suas ideias, ou seja, com base na percepção visual-espacial da realidade. Outro motivo que leva a essa diferença é que na estruturação da LIBRAS não são usados artigos, preposições, conjunções, já que esses conectivos estão incorporados ao sinal. Ex.: LIBRAS: EU IR CASA (verbo direcional) Português : "Eu irei para casa." LIBRAS: PORQUE ISTO (expressão facial de interrogação) Português: "Para que serve isto?" LIBRAS: IDADE VOCÊ (expressão facial de interrogação) Português: "Quantos anos você tem? " Sistema Pronominal A LIBRAS possui um sistema pronominal para representar as pessoas do discurso: Aula 4 | A Estrutura da Libras 43 a) Pronomes pessoais no singular: o sinal para todas as pessoas é o mesmo, o que diferencia uma das outras é a orientação das mãos. Eu Você dual: a mão ficará com o formato de dois. Nós trial: a mão assume o formato de três. quatrial: o formato será de quatro. plural: há dois sinais: 1) sinal composto (pessoa do discurso no singular + grupo); 2) configuração da mão fazendo um círculo (nós). Aula 4 | A Estrutura da Libras 44 Em LIBRAS, basta apontar diretamente ao se referir a uma terceira pessoa. Para ser discreto, por uma questão de educação ou gentileza, recomenda-se que seja feito um discreto movimento com a cabeça ou com os olhos na direção da pessoa mencionada. Nesse caso, também é possível ser discreto, apontando com a palma da mão voltada para a direção onde se encontra a pessoa referida. b) Pronomes Demonstrativos e Advérbios de Lugar Na LIBRAS os pronomes demonstrativos e os advérbios de lugar são diferenciados pelo contexto, já que são representados pelo mesmo sinal. ESTA / AQUI - olhar para o lugar apontado, perto da 1ª pessoa. ESSA / AÍ - olhar para o lugar apontado, perto da 2ª pessoa. AQUELA / LÁ - olhar para o lugar distante apontado. c) Pronomes Possessivos Não possuem marca para gênero e relacionam- se às pessoas do discurso e não à coisa possuída, como acontece no Português. EU: MEU IRMÃO (batendo no peito do emissor). VOCÊ: TEU AMIGO (movimento em direção à pessoa referida). ELE / ELA: SEU NAMORADO (movimento em direção à pessoa referida). Aula 4 | A Estrutura da Libras 45 d) Pronomes interrogativos Os pronomes interrogativos QUE, QUEM e ONDE caracterizam-se pela expressão facial interrogativa, simultânea ao pronome. QUE / QUEM: usados no início da frase. QUEM: com o sentido de quem é e quem é são mais usados no final da frase. QUANDO: a pergunta com quando está relacionada a um advérbio de tempo (hoje, amanhã, ontem) ou a um dia de semana específico. Ex.: ELA VIAJAR RIO QUANDO-PASSADO (interrogação). ELA VIAJAR RIO QUANDO-FUTURO (interrogação). EU CONVIDAR VOCÊ VIR MINHA ESCOLA. VOCÊ PODER D-I-A (interrogação). Para se referir a horas aponta-se para o pulso e relaciona-se o numeral para a quantidade desejada. Ex.: CURSO COMEÇAR QUE-HORAS AQUI (interrogação). Resposta: CURSO COMEÇAR HORAS DUAS. Para se referir a tempo gasto na realização de uma atividade, sinaliza-se um círculo ao redor do rosto, seguido da expressão facial adequada. Ex.: VIAJAR RIO-DE-JANEIRO QUANTAS- HORAS (interrogação) Aula 4 | A Estrutura da Libras 46 No uso do POR QUE / PORQUE, como não há diferença entre ambos, o contexto é que sugere, através das expressões faciais e corporais, quando estão sendo usados em frases interrogativas ou explicativas. e) Pronomes indefinidos: NINGUÉM / NADA - (mãos abertas esfregando-se uma na outra): é usado para pessoas e coisas; NENHUM / NADA – (balança-se a mão): é usado para pessoas e coisas e pode ter o sentido de "não ter"; NENHUM / POUQUINHO - (palma da mão virada para cima): é um reforço para a frase negativa e pode vir após NADA. Tipos de verbos Verbos direcionais: são verbos que possuem marca de concordância, ou seja, a direção do movimento, marca no ponto inicial o sujeito e no final o objeto. Eu aviso você Você me avisa Verbos não direcionais: são verbos que não possuem marca de concordância. Quando se faz uma frase é como se eles ficassem no infinitivo. Apresentam-se em duas subclasses: Aula 4 | A Estrutura da Libras 47 a) ancorados no corpo: são verbos realizados com contato muito próximo do corpo. Podem ser verbos de estado cognitivo, emotivo ou experienciais como pensar, entender, gostar, duvidar, odiar, saber; e verbos de ação como conversar, pagar, falar; b) que incorporam o objeto : quando o verbo incorpora o objeto, alguns parâmetros modificam-se para especificar as informações. Ex.: COMER: COMER-PIPOCA TOMAR /BEBER: TOMAR-CAFÉ CORTAR-TESOURA: CORTAR-CABELO Tipos de frases As expressões determinam o tipo de frase, ou seja, são as expressões faciais que indicarão se uma frase em LIBRAS está na forma afirmativa, exclamativa, interrogativa, negativa ou imperativa. Afirmativa: a expressão facial é neutra. Interrogativa: sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da cabeça, inclinando-se para cima. Exclamativa: sobrancelhas levantadas e um ligeiro movimento da cabeça inclinando-se para cima e para baixo. Imperativa: Saia! Cala a boca! Vá embora! Forma negativa: a negação pode ser feita através de três processos: Aula 4 | A Estrutura da Libras 48 a) incorporando-se um sinal de negação diferente do afirmativo: Ter / Não ter Gostar / Não Gostar b) realizando-se um movimento negativo com a cabeça, simultaneamente à ação que está sendo negada: Não conhecer Não prometer c) acrescida do sinal NÃO (com o dedo indicador) à frase afirmativa: Não comer Aula 4 | A Estrutura da Libras 49 Noções temporais Nesses casos, são acrescentados sinais que informam o tempo presente, passado ou futuro, dentro da sintaxe da LIBRAS. Ex.: Presente (agora / hoje) LIBRAS: AGORA EU EMBORA Português: “Eu vou embora agora.” Passado (Ontem / Há muito tempo / Passou / Já) LIBRAS: TERÇA-FEIRA PASSADO EU-IR RESTAURANTE COMER^NOITE Português: “Na terça-feira passada eu jantei no restaurante". Futuro (amanhã / futuro / depois / próximo) LIBRAS: EU ESTUDAR AMANHÃ Português: "Amanhã irei estudar " Alfabeto Manual Trata-se da soletração de letras com as mãos. Quando for necessário usar a soletração, recomenda-se que seja devagar, formando as palavras com nitidez. Entre as palavras soletradas, é melhor fazer uma pausa curta ou mover a mão direita para o lado esquerdo, como se estivesse empurrando a palavra já soletrada para o lado. Aula 4 | A Estrutura da Libras 50 Normalmente, o alfabeto manual é utilizado para soletrar os nomes de pessoas, de lugares, de rótulos e para os vocábulos não existentes na língua de sinais.Sabemos que essa breve descrição da LIBRAS não é suficiente para que você a conheça, completamente, na sua estrutura linguística como um todo e em suas especificidades enquanto língua de uma comunidade. Trata-se do primeiro passo em direção a LIBRAS, na compreensão de sua riqueza e possibilidades. Mesmo com todo o preconceito e marginalização por parte da sociedade, as línguas de sinais resistiram, demonstrando a necessidade essencial de sua utilização entre as pessoas surdas e as que as assistem (http://www.libras.org.br/libras.php). Aula 4 | A Estrutura da Libras 51 RESUMO Vimos até agora: os aspectos que caracterizam a LIBRAS como linguagem; os principais itens da estrutura gramática da LIBRAS e exemplos da leitura e escrita do surdo; o uso correto do alfabeto manual. Quer saber mais? Acesse o site do INES http://www.ines.gov .br/default.aspx Você encontrará matérias que auxiliarão na compreensão da LIBRAS como linguagem, bem como material adicional e de pesquisa! R e fe r ê n c ia s b ib li o g r á fi c a s BITTENCOURT Zélia Z. L. C.; MONTAGNOLI Ana Paula. Representações Sociais da Surdez. Disponível em http://www.fmrp.usp.br/revista/2007/vol40n2/ao_representacoes_ sociais_surdez.pdf. Acessado em 12/03/2012, às 09:49. BRASIL, Decreto lei n. 339, de 22 de dezembro de 2005, Brasília, DF, 2005. Brasil, Lei 10.436, 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), e dá outras providências. BUENO. A inclusão de alunos diferentes nas classes comuns do ensino regular. Temas sobre desenvolvimento. São Paulo, v. 9 nº. 54, pp. 21-27, 2001. CAPOVILLA, Fernando César; RAPHAEL, Walkiria Duarte. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. Vols. I e II. São Paulo: Edusp – Editora da Universidade de São Paulo, 2001. CESAR Andréa de Melo; MAKSUD Simone Siqueira. Fundamentos e Práticas em Fonoaudiologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2009. CHAVEIRO Neuma; BARBOSA Maria Alves. A surdez, o surdo e seu discurso. (2009). Disponível em http://www.fen.ufg.br/revista/revista6_2/pdf/Orig3_surdez.pdf. Acessado em 09/03/2012, às 18:47. COUTO, Alpia. Como posso falar: aprendizagem da língua portuguesa pelo deficiente auditivo. Rio de Janeiro: AIPEDA, 1991. DAMÁZIO, 2007. Atendimento Educacional Especializado. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_da.pdf Acessado em 09/03/2012 18:58. Dificuldades de Comunicação e Sinalização - Surdez. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/surdez.pdf. Acessado em 16/03/12 às 18:52. DIZEU Liliane Correia Toscano de Brito; CAPORALI Suelli Aparecida. A Língua de Sinais constituindo o Surdo como Sujeito. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a14v2691.pdf. Acessado em 10/03/2012, às 12:24. DOUGLAS, Carlos Roberto. Fisiologia Aplicada à Fonoaudiologia – 2ª edição – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. FERNANDES, Eulália. Linguagem e surdez. Porto Alegre: Artmed, 2003. FERREIRA. Carlos Alberto de Mattos. Psicomotricidade da educação infantil à gerontologia. São Paulo: Lovise, 2000. R e fe r ê n c ia s b ib li o g r á fi c a s FREGMAN, Mila Weissbluth. Relações entre processos cognitivos e linguísticos: Terapia fonoaudiológica para adolescente surdo, dentro de uma visão sócio-antropológica – Fundamentação Teórica. Disponível em: http://www.fonoaudiologia.com/trabalhos/artigos/artigo- 021/artigo-021-fund.htm. Acessado em 15/04/2012, às 11:02 FROTA Silvana; GOLDFELD Márcia. Enfoques em audiologia e surdez. Volume 3. São Paulo: AM3 Artes, 2006. FROTA, Silvana. Fundamentos em Fonoaudiologia: Audiologia – 2ª Edição – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. GESUELI Zilda M.; GÓES M. Cecília R. de. A língua de sinais na elaboração da criança surda sobre a escrita. Disponível em http://www.profala.com/arteducesp7.htm. Acessado em 10/03/2012, às 17:16. GESUELI. Zilda Maria. Lingua(gem) e Identidade: A Surdez em questão. (2006). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/es/v27n94/a14v27n94.pdf, acessado em 10/03/12 às 16:30. GOÉS, M. C. R.; LAPLANE, A. L. F. (orgs.). Políticas e práticas de educação inclusiva. 1ª ed. Campinas: Autores Associados, 2004. v. 1, 165 p. LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem os alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. (2006). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v26n69/a04v2669.pdf. Acessado em 27/08/2011, às 10:02. LEBEDEFF. Tatiana Bolívar. Análise das estratégias e recursos “surdos” utilizados por uma professora surda para o Ensino de Língua escrita. (2006). Disponível em: http://www.perspectiva.ufsc.br/perspectiva_2006_especial/07_Tati ana.pdf. Acessado em 13/04/2012 , às 16:35. LUCIANO Rosana de Toledo; LODI Ana Claudia Balieiro. O Desenvolvimento de Linguagem de Crianças Surdas em Língua Brasileira de Sinais. Disponível em: http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/4mostra/pdfs/ 190.pdf. Acessado em 23/10/2011, às 0:14. MACÊDO, Ely Souza Rosenete Ribeiro. Inclusão social do surdo: Um desafio à sociedade, aos profissionais e a educação (2002). Disponível em: http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/monografias/inclusao_so cial_do_surdo.pdf. Acessado em 27/08/2011, às 10:33. R e fe r ê n c ia s b ib li o g r á fi c a s MEC. O tradutor intérprete de língua de sinais e língua portuguesa. Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de Apoio a Educação de Surdos – MEC/SEESP, 2002. MOURA, Maria Cecília de. O Surdo: Caminhos para uma Nova Identidade. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. MUNHOZ Mário Sérgio Lei; CAOVILAHeloísa Helena; SilvaMaria Leonor Garcia da; GANANÇA Maurício Malavasi. Audiologia Clínica – Volume 2 - São Paulo: Atheneu, 2003. PEIXOTO. Renata Castelo. Algumas considerações sobre a interface entre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e a Língua Portuguesa na construção inicial da escrita pela criança surda. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v26n69/a06v2669.pdf. Acessado em 30/04/2012, às 15:29. PEREIRA Mariana Blecha; FERES Maria Cristina Lancia Cury. Próteses Auditivas. Disponível em: http://www.fmrp.usp.br/auditivo/proteses_auditivas.php. Acessado em 13/04/2012, às 23:43. PEREIRA, Liliane Desgualdo. Sistema Auditivo e Desenvolvimento das Habilidades Auditivas. In: Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 2004. PIMENTA. Maria Alzira. Comunicação Empresarial. 5ª edição – São Paulo : Alínea, 2006. QUADROS, R. M. O tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEESP, 2001. QUADROS, Ronice Muller de; KAMOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira: Estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004. ROBINSON, D. Construindo o tradutor. São Paulo: EDUSC, 2002. ROSA, A. da S. Entre a visibilidade da tradução da língua de sinais e a invisibilidade da tarefa do intérprete. 2005. 199 p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005. SACKS, Oliver. Vendo Vozes: uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de Janeiro: Imago, 1989. SANTANA Ana Paul; BERGAMO Alexandre. Cultura e identidade surdas: encruzilhada de lutas sociaise teóricas. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101- 73302005000200013&script=sci_arttext#nt01 Acessado em 12/03/2012, às 10:31. R e fe r ê n c ia s b ib li o g r á fi c a s SANTOS Tereza Maria Momensohn; RUSSO Iêda Chaves Pacheco. Práticas em audiologia clínica. 7 edição. São Paulo: Cortez 2009. SILVA Denísia Raquel de Carvalho; SANTOS Lílian Marinho dos; LEMOS Stela Maris Aguiar; CARVALHO Sirley Alves da Silva; PERIN Renata Mantinelli. Conhecimentos e práticas de professores de educação infantil sobre crianças com alterações auditivas. In: Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. Volume 15 – número 2 – Abril/Junho 2010. SILVA. Sidcley Cavalcante da. O Desenvolvimento Afetivo e Social dos Jovens Surdos. Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=941. Acessado em 09/03/2012, às 19:00. SKLIR, Carlos (org.). Atualidades da educação bilíngue para surdos. Porto Alegre: Mediação, 1999. SOARES. Luciana. Inclusão do surdo no mercado de trabalho. Disponível em:/ http://www.qualidadebrasil.com.br/artigo/385/inclusao_do_surdo_ no_mercado_de_trabalho. Acessado em: 11/05/2012, às 14:21. SOUZA Vinícius Costa de; AGUIAR Márcia Rafaeli de; PINTO Sérgio Crespo C. da Silva. Desafios e Resultados de uma experiência na Inclusão Digital de Surdos. Disponível em: http://www.nce.ufrj.br/sbie2003/publicacoes/poster05.pdf. Acessado em 10/03/2012, às 12:14. SOUZA. Regina Maria de. Intuições "linguísticas" sobre a língua de sinais, nos séculos XVIII e XIX, a partir da compreensão de dois escritores surdos da época. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102- 44502003000200005&script=sci_arttext Acessado em 04/06/2012, às 12:46. VIANNA Cláudia Pereira; UNBEHAUM Sandra. O Gênero nas Políticas Públicas de Educação no Brasil: 1988 – 2002. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/cp/v34n121/a05n121.pdf. Acessado em 10/05/2012, às 12:00. ZANETTE. Cláudia. História da Educação e Cultura Surda. Disponível em: http://librasverisfaculdades.blogspot.com.br/search/label/Hist%C3 %B3ria%20da%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20e%20Cultura%20 Surda. Acessado em 10 de Maio de 2012, às 13:27.