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Introdução à Língua Brasileira de Sinais

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FACULDADE ÚNICA 
DE IPATINGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Clévia Fernanda Sies Barboza 
 
Doutora em Ensino em Biociências e Saúde (EBS) pelo Instituto Oswaldo Cruz - IOC - Fiocruz 
(2019). Mestre em Diversidade e Inclusão (CMPDI) pela Universidade Federal Fluminense 
(UFF) (2015). Possui graduação em Psicologia pela Universidade Católica de Petrópolis - RJ 
(2002), graduação em Educação Física pela mesma instituição (2006), pedagoga pela 
Universidade Cruzeiro do Sul (2020), pós-graduada em Docência do Ensino Superior, pela 
Centro Universitário Barão de Mauá (CBM) (2012), Gestão Escolar Integradora pelo nstituto 
Pedagógico de Minas Gerais (CBM) (2018) e em Libras (2021). Tem experiência na área de 
Educação Física, com ênfase em Educação Física Inclusiva. Experiência com Libras, sendo 
professora bilíngue Português-Libras, possuindo o certificado de Proficiência emitido pelo 
MEC - PROLIBRAS em Proficiência na Tradução e Interpretação da LIBRAS-Língua 
Portuguesa 2013 e PROLIBRAS - MEC Proficiência no Ensino da LIBRAS 2015. Autora do 
Glossário SurdeSportes contendo os sinais olímpicos em Libras favorecendo a 
acessibilidade nas Olimpíadas Rio 2016. Professora Adjunta de Libras na UNIFASE - Centro 
Universitário Arthur Sá Earp Neto - Docente das disciplinas: Psicologia do Desenvolvimento, 
Psicologia do Esporte, Estudos sobre Deficiências, Inclusão Social, Atividades Físicas e 
Saúde, docente da Licenciatura no curso de Enfermagem, também na UNIFASE. 
Coordenadora do curso de pós graduação em Psicologia do Esporte - FMP/UNIFASE. 
Diretora de Esportes da APES - Associação Petropolitana de Surdos. Suplente do Conselho 
Municipal da Pessoa com Deficiência (CMPDDI) pela Superintendência de Esportes e 
Lazer. Suplente do Conselho Municipal de Educação (COMED) pela FMP/UNIFASE. 
Atualmente coordenadora do curso de LIBRAS na graducação EAD da Faculdade Única 
de Ipatinga (2021). 
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS 
 
1ª edição 
Ipatinga – MG 
ANO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL 
 
Diretor Geral: Valdir Henrique Valério 
Diretor Executivo: William José Ferreira 
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos 
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira 
Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa 
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Carla Jordânia G. de Souza 
 Rubens Henrique L. de Oliveira 
Design: Brayan Lazarino Santos 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Maria Luiza Filgueiras 
 
 
 
 
 
 
 
 
© 2021, Faculdade Única. 
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização 
escrita do Editor. 
 
 
T314i 
 
 
Teodoro, Jorge Benedito de Freitas, 1986 - . 
Introdução à filosofia / Jorge Benedito de Freitas Teodoro. – 1. ed. Ipatinga, MG: 
Editora Única, 2020. 
113 p. il. 
 
Inclui referências. 
 
ISBN: 978-65-990786-0-6 
 
1. Filosofia. 2. Racionalidade. I. Teodoro, Jorge Benedito de Freitas. II. Título. 
 
CDD: 100 
CDU: 101 
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. 
 
 
 
 
 
NEaD – Núcleo de Educação as Distancia FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299 
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG 
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 
www.faculdadeunica.com.br
http://www.faculdadeunica.com.br/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
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Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) 
relacionados com o conteúdo abordado. 
 
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações 
importantes nas quais você deve ter um maior grau de 
atenção! 
 
São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada 
unidade do livro. 
 
São para o esclarecimento do significado de determinados 
termos/palavras mostradas ao longo do livro. 
 
Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões 
citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja 
no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
SURDEZ E O SURDO .................................................................................. 7 
 
 CONCEITUANDO A SURDEZ E O SURDO .................................................................. 7 
 VISÃO MÉDICA E VISÃO ANTROPOLÓGICA ......................................................... 10 
 LIBRAS: LÍNGUA OU LINGUAGEM? ........................................................................ 14 
 OS MITOS SOBRE AS LÍNGUAS DE SINAIS .............................................................. 17 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 19 
 
OS SURDOS E A LIBRAS .......................................................................... 22 
 
CAMINHO HISTÓRICO PERCORRIDO PELA EDUCAÇÃO DE SURDOS .................. 22 
LIBRAS: A LÍNGUA MATERNA DOS SURDOS .......................................................... 27 
CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO SURDO: COMUNIDADE E CULTURA ........................ 29 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 32 
 
 
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS ................................................ 36 
 
MORFOLOGIA DA LIBRAS ...................................................................................... 36 
ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO ................................................................................. 40 
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA ....................................................................................... 44 
3.3.1 A Constituição Federal ................................................................................. 44 
3.3.2 Lei de Diretrizes e Bases (LDB) – 9.394/96 .................................................... 44 
3.3.3 Lei de Libras 10.436/02 .................................................................................. 44 
3.3.4 Decreto 5.626 de 2005 .................................................................................. 45 
3.3.5 Lei Brasileira de Inclusão (LBI) 13.146/15 .................................................... 45 
3.3.6 Lei de Acessibilidade – 10.098/00 ............................................................... 45 
FIXANDO O CONTEÚDO............................................................................................... 47 
 
ASPECTOS VISUAIS DA LIBRAS ................................................................ 50 
 
COMUNICAÇÃO VISUAL E SURDEZ ....................................................................... 50 
INTERAÇÃO SURDO-SURDO ................................................................................... 52 
COMUNICAÇÃO SURDO-OUVINTE ........................................................................ 54 
FIXANDO O CONTEÚDO............................................................................................... 57 
 
 
PRÁTICA DE LIBRAS I ............................................................................... 59 
 
DATILOLOGIA .......................................................................................................... 59 
NÚMEROS ................................................................................................................62 
VOCÁBULOS BÁSICOS ........................................................................................... 64 
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 70 
 
 
PRÁTICA DE LIBRAS II .............................................................................. 73 
 
 CONSTRUÇÃO DE FRASES ...................................................................................... 73 
 ENM – EXPRESSÕES NÃO MANUAIS ....................................................................... 75 
FIXANDO O CONTEÚDO............................................................................................... 79 
 
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................... 82 
 
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 83 
 
UNIDADE 
01 
UNIDADE 
02 
UNIDADE 
03 
UNIDADE 
04 
UNIDADE 
05 
UNIDADE 
06 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
CONFIRA NO LIVRO 
 
A Unidade I explora os conceitos de surdez e de quem é a pessoa 
surda nas visões médica e antropológica. Aborda a Língua Brasileira 
de Sinais e os mitos que surgem sobre a Libras. 
A Unidade II percorre o caminho feito até chegar à educação de 
surdos que temos hoje e aprofunda o quanto a Libras, enquanto 
língua materna destas pessoas, cria sua identidade dentro de uma 
cultura e comunidade próprias. 
 
 
A estrutura da língua é abordada na Unidade III, bem como a 
acessibilidade e a inclusão dos Surdos que só é possível através da 
Libras. Vale compreender que temos legislação que valida o direito 
do Surdo a ter acesso à educação através da sua língua materna. 
A comunicação visual fundamental para a Libras é abordada na 
Unidade IV. As interações surdo-surdo e surdo-ouvinte através da 
língua de sinais oferece ao Surdo um sentimento positivo de 
equidade e inserção social. 
 
 
A Unidade V é voltada para a parte prática de Libras. Você irá 
aprender a datilologia, que é o alfabeto manual da língua de sinais, 
os números e vocábulos usuais básicos na língua de sinais. 
Continuamos com prática na Unidade VI, onde as construções 
frasais permitirão o início da comunicação básica com uma pessoa 
surda. Para tal, essa unidade aborda a importância das expressões 
não-manuais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
SURDEZ E O SURDO 
 
 
 
 CONCEITUANDO A SURDEZ E O SURDO 
O temo surdez é utilizado para designar a perda de audição, seja ela parcial 
(dificuldade em ouvir) ou total (impossibilidade de ouvir), temporária ou permanente. 
A Sociedade Brasileira de Anatomia em 2001, adotou a palavra orelha para se 
referir ao órgão da audição sendo dividida em orelha externa, orelha média e orelha 
interna. O nosso sentido da audição é constituído por um conjunto de canais que 
conduz toda forma de som a orelha interna. Na orelha interna essas ondas sonoras 
são transformadas em estímulos elétricos enviados ao cérebro e, é o cérebro o 
responsável por reconhecer e identificar tudo que ouvimos (HALL, 2017). 
A deficiência auditiva (DA) muitas vezes passa desapercebida pelas outras 
pessoas na sociedade, mas não para a criança que tem seu desenvolvimento 
comprometido como um todo: nos aspectos cognitivos, culturais, psicológicos e 
sociais. Muitas vezes existindo também um comprometimento linguístico (QUADROS, 
1997). 
 Segundo a Organização Mundial de Saúde, existem mais de 120 milhões de 
pessoas com perda auditiva no mundo (SILVA; LLERENA JUNIOR; CARDOSO, 2007). E 
de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em seu último 
censo de 2010, cerca de 9,8 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva ou 
surdez, o que representa 5,2 % da população do Brasil (INSTITUTO BRASILEIRO DE 
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA , 2014). 
O Decreto 5.296/04 em seu artigo 5º, letra b, define a deficiência auditiva 
como “perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, 
aferida por audiograma nas frequências de 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz e 3000 Hz” 
(BRASIL, 2004). 
 
 
UNIDADE 
01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
O audiograma é um medidor auditivo, normalmente realizado por um 
fonoaudiólogo, que inclui vários testes e ilustra a capacidade em ouvir e a variação 
de frequência permitindo assim, que seja possível identificar a possibilidade do uso 
de um aparelho auditivo, por exemplo, e permite classificar a deficiência auditiva. 
Segundo a Davis e Silverman (1970)a deficiência auditiva pode ser classificada 
como: 
 
 Audição Normal – limiares entre 0 e 20 dB. 
 Deficiência Auditiva Leve – limiares entre 20 e 40 dB. 
 Deficiência Auditiva Moderna – limiares entre 41 e 70 dB. 
 Deficiência Auditiva Severa – limiares entre 71 e 90 dB. 
 Deficiência Auditiva Profunda – limiares acima de 90 dB. 
 
 A autora Strobel (2011)concorda com essa classificação realizada por Davis e 
Silverman adotando-a para explicitar as gradações da deficiência auditiva e surdez 
junto à comunidade surda. 
Até o sexto mês de vida, o cérebro do bebê deve ser estimulado 
constantemente para que sejam formadas as vias auditivas. Dependendo da 
resposta do bebê aos estímulos auditivos fica mais verificar uma possível deficiência 
auditiva. O quanto antes conseguir detectar a deficiência auditiva, mais rápida será 
a busca de processos terapêuticos que irão aproveitar o potencial da linguagem 
expressiva e receptiva. 
Diante dos conceitos sobre surdez nos deparamos com a seguinte pergunta: 
então, quem é o surdo? 
Surdo é o indivíduo que não consegue ouvir os sons, estando dentro da 
classificação de deficiência auditiva severa ou profunda. 
Autoras como Quadros (1997) Strobel (2011) e Campello (2008) compreendem 
a classificação médica porém manifestam seu apreço pela classificação 
antropológica como veremos adiante. 
Ele irá se constituir enquanto sujeito a partir da sua primeira instituição: a 
familiar. Por ser uma deficiência sensorial não visível pode levar a recusa por parte 
dos pais em acreditar no diagnóstico de surdez o que os leva a viver em negação e 
lidar de forma tardia com seu filho surdo. Outros pais se disponibilizam logo em buscar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
tratamentos e terapias, na tentativa de fazer o filho ouvir. Temos aqueles outros tipos 
de pais, que compreendem a diferença na comunicação e buscam aprender Libras. 
(LUTERMAN, 1979). 
 As reações dos pais são as mais variadas pois dependem da sua educação, 
experiências, religião, cultura e personalidade. 
Muitas são as perguntas que surgem frente a um diagnóstico de surdez: meu 
filho conseguirá falar? Conseguirá aprender? Conseguirá ir para a escola? Em qual 
escola deve estudar? 
Segundo Roots (1999)os pais não devem considerar somente dois modelos de 
comunicação (oral e por sinais), eles precisam pensar na integração da família com 
a forma de se comunicar, pois esta poderá manter a criança na estrutura familiar ou 
inseri-la em uma cultura não familiar. 
A partir do que os pais espelham, a criança surda interage na sociedade com 
uma visão positiva ou negativa sobre si mesmo. Esse fator interfere diretamente na 
sua autoestima e nas suas relações com o mundo. O sujeito surdo irá se desenvolver 
enquanto pessoa dentro da perspectiva dos pais, o que nos leva a pensar na 
trajetória que irão seguir: a busca por uma “cura” ou a aceitação como sendo uma 
pessoa surda. 
 
Figura 1: Símbolo Internacional de Surdez 
 
Fonte: Estado Direito (2019 online) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 VISÃO MÉDICA E VISÃO ANTROPOLÓGICA 
A surdez envolve muitos aspectos: 
 
1) o primeiro aspecto é o de ordem médica que pensa em dar diagnóstico, 
descobrir a causa da “doença”, verificar a possibilidade de uso de aparelho 
auditivo ou de cirurgia de implante coclear, entre outros; 
2) outro aspecto é de ordemterapêutica, mais focado no trabalho 
fonoaudiológico e em terapias que podem auxiliar na audição e na fala; 
3) existe também o aspecto de ordem educacional onde temos a necessidade 
de acessibilidade comunicacional (permitir comunicação do surdo com os 
demais); 
4) outro de ordem linguística que envolve a aquisição de uma língua diferente, 
a língua de sinais (no Brasil denominada Libras); 
5) o aspecto de ordem social que levará o surdo a interação com a maioria 
ouvinte dentro da sociedade; 
6) de ordem política onde temos a luta pelos direitos do surdo, como o direito a 
intérpretes da Língua Brasileira de Sinais; 
7) de ordem trabalhistas com emprego em vagas de cotas, por exemplo. 
 
 
 
Frente a todas essas barreiras é desejo dos pais que seus filhos aprendam a 
falar e inicia-se uma verdadeira peregrinação em busca dos mais variados auxílios 
para que eles consigam. 
Entende-se por visão clínica, aquela trazida pelos conceitos médicos a fim de 
diagnosticar e oferecer tratamento, neste caso, para as pessoas com deficiência 
auditiva ou surdez. A surdez nesta visão é entendida como “doença” ou “patologia”, 
sendo assim é possível ser “tratada” ou até mesmo “curada”. 
Segundo a visão clínica, de acordo com o seu surgimento, a surdez pode ser: 
congênita ou adquirida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
 
a) Surdez congênita: onde o bebê nasce surdo pois a surdez é adquirida na 
gestação ou pouco tempo após o parto. Pode ocorrer nos períodos: 
 
 pré – gestacional: casos onde os pais tem algo que podem gerar um filho 
surdo, como por exemplo, fatores genéticos, hereditários, mães com idade 
acima de 40 anos, incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê, 
gestação de múltiplos com 5 bebês ou mais, doenças preexistentes, entre 
outros. 
 pré – natal: ocorre no útero da mãe, a criança pode adquirir surdez através 
da mãe, como por exemplo, má alimentação da mãe, diabetes, uso de 
drogas, doenças como rubéola, entre outros. 
 perinatal: ocorre na hora do parto ou nas primeiras horas de vida, como 
anóxia (ausência de oxigênio), uso de fórceps, traumas no parto, infecção 
hospitalar, entre outros (HALL, 2017). 
 
b) Surdez adquirida: quando o indivíduo fica surdo devido a problemas após o 
nascimento. 
 
 pós – natal: ocorre após o nascimento. Pode ocorrer devido a convulsões, 
caxumba, sífilis, otite por mais de 3 meses, meningite, sarampo, tumores, 
traumatismo craniano, entre outros (HALL, 2017). 
 
 
 
Outra forma de classificar a surdez é de acordo com a aquisição da língua. A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
surdez, segundo esta classificação, pode ser: 
 
a) pré-lingual: quando aparece antes da aquisição da linguagem afetando a 
fala do indivíduo; quando o bebê nasce surdo ou adquire a surdez antes de 
aprender uma língua oral ele terá sua fala comprometida. 
b) pós-lingual: quando ocorre após a aquisição da linguagem, podendo ou não 
afetar a fala do indivíduo; quando o sujeito se torna surdo após ter aprendido 
a língua oral de origem, a surdez poderá afetar a fala se o indivíduo parar de 
utilizá-la ou não (GOMES, 2010). 
 
Corroborando com esta divisão pré e pós lingual da aquisição da surdez, 
Quadros (1997) reforça a ideia de que a fala poderá ser afetada e, manifesta que o 
surdo deverá fazer tratamento fonoaudiológico apenas se manifestar desejo em 
falar. 
A visão clínica tem sua importância na descoberta precoce da surdez e em 
um possível tratamento, mas não deve impor a tentativa de “ouvintizar” ou 
“normalizar” os surdos que anseiam por uma visão diferente sobre eles. 
 
 
 
A maioria dos pais que optam pelo implante coclear é ouvinte, esse dado é 
relevante já que demonstra a frustração em não conseguir se comunicar com seus 
filhos e por falta de entendimento ou informação, a surdez é vista como uma 
patologia a ser tratada. 
Diferente da visão clínica que pretende “fazer ouvir para fazer falar”, a visão 
antropológica vem contra a visão de falta, de deficiência, de que falta audição aos 
surdos, de que necessitam de tratamento, de uma cura. Esta visão defende o 
bilinguismo (a Libras como primeira língua dos surdos) e procura diminuir estigmas e 
preconceitos, admitindo que existe uma língua diferente, como os próprios surdos. 
A maioria da comunidade surda é contra o implante coclear por ser visto pelos 
surdos como uma tentativa fracassada de torná-los ouvintes (LICHTIG et al., 2003; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
 
CAMPELLO, 2008). 
O implante privaria a criança de viver dentro da comunidade surda e de 
participar do mundo ouvinte por ainda não se conhecer todas as consequências 
fisiológicas, psicológicas e sociais desta cirurgia. Os surdos se opõem ao implante por 
não acreditar que precisam ser curados, uma vez que são normais como os ouvintes 
(VIROLE, 2003). 
Nesta visão escrevemos a palavra Surdo com “S” maiúsculo no sentido de 
empoderar um sujeito que se vê dentro de uma cultura e de uma comunidade 
diferente dos ouvintes (FERNANDES, 2003). 
A pessoa surda, nesta visão, é aquela que por ter perda auditiva, compreende 
e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura 
principalmente pelo uso de uma Língua de Sinais (BRASIL, 2005). 
Antes desta visão a surdez era vista como patologia incurável e o sujeito 
portador era deficiente, a partir da visão antropológica, o Surdo é considerado um 
diferente que vive dentro de uma comunidade que utiliza a língua de sinais como 
forma de comunicação. 
Autores renomados, como Strobel (2011)compreendem a necessidade de 
identificação da surdez e segundo a autora temos a descrição da surdez, também 
por decibéis, sendo: audição normal (0 a 15 dB), surdez leve (16 a 40 dB), surdez 
moderada (41 a 55 dB), surdez severa (71 a 90dB) e surdez profunda (acima de 91dB); 
mas termina sua classificação lembrando que indivíduos com surdez moderada, 
severa ou profunda devem fazer uso das línguas de sinais (STROBEL, 2011). 
Os indivíduos que fazem uso da língua de sinais defendem a visão 
antropológica, onde os que não desejam ser “curados” podem viver dentro dessa 
cultura diferente sem precisar utilizar todos os meios possíveis na tentativa de ouvir e, 
sentem orgulho em ser Surdo. 
Esta visão oferece um empoderamento dos sujeitos Surdos, no sentido de 
destacar que cada indivíduo é único e desenvolve sua personalidade dentro de uma 
comunidade que é minoria linguística. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
 
 LIBRAS: LÍNGUA OU LINGUAGEM? 
Uma das necessidades humanas é a comunicação. Através dela 
compartilhamos ideias, mensagens, emoções e sentimentos. A comunicação utiliza 
a palavra falada e escrita, mas também mecanismos não-verbais (sem verbalizar, 
falar) como expressões, gestos, imagens. E existem situações nas quais a 
comunicação pode ser prejudicada, como a impossibilidade de ouvir. 
Sobre a comunicação, o autor Sacks (2007, p. 27) relata: 
Ser deficiente na linguagem, para um ser humano, é uma das 
calamidades mais terríveis, porque é apenas por meio da língua que 
entramos plenamente em nosso estado e cultura humanos, que nos 
comunicamos livremente com nossos semelhantes, adquirimos e 
compartilhamos informações. 
Entre os humanos destaca-se o uso da linguagem como uma das formas 
importantes de comunicação; que nos permite não só manter uma interlocução, mas 
refletir sobre nós mesmos e sobre o mundo ao nosso redor (FRANCHI, 2012). 
A linguagem é um termo utilizado para falar sobre qualquer forma de 
comunicação, o que lhe confere um sentido mais amplo. Ela faz parte da natureza 
humana e é através dela que o homem exprime seus pensamentos. A reflexão sobre 
si mesmo e sobre o mundo é essencialmente humana, sendo possível somente 
através da linguagem. 
Saussure separa a língua da linguagem, como sendo uma parte do todo. Assim 
sendo, a língua é composta por um sistema de signosque permite a compreensão 
pelos indivíduos. 
A escrita e a fala aparecem como modalidades comuns à maioria das línguas. 
O indivíduo aprende uma língua a partir do meio no qual se encontra inserido e essa 
facilita a interação social (SANTAROSA, 1997; QUADROS, 1997). 
 
Os Surdos desejam ser aceitos como são: uma cultura minoritária dentro da sociedade 
ouvinte. Como você acha que ocorre essa aceitação uma vez que cerca de 95% dos 
surdos nascem em famílias ouvintes? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
As línguas de sinais começaram a receber status de línguas a partir dos 
trabalhos realizados em 1960 por William Stokoe. O pesquisador realizou uma 
comparação entre a Língua de Sinais Americana (ASL) e a língua inglesa e pode 
observar que a ASL possuía todos os critérios exigidos para ser reconhecida como 
língua. 
Stokoe (1978) observou que os sinais eram complexos e não simples imagens 
e, foi o primeiro a procurar sua estrutura, dividi-los, estuda-los e pesquisar sobre cada 
uma de suas partes. Em seu livro Sign Language Structure e Dictionary of ASL, o 
pesquisador deixa sua marca na história sobre a compreensão a respeito de língua e 
linguagem (KARNOPP; SILVEIRA, 2014). 
Entre 1970 e 1980, a pesquisadora Brito, começa a estudar a Língua Brasileira 
de Sinais e observa os aspectos fonológicos, morfológicos, semântico, sintaxe, léxico 
e pragmático, que oferece o status de língua a Libras. 
De acordo com Brito, através das línguas de sinais, seus usuários podem 
expressar qualquer assunto comunicativo, do mais simples ao mais complexo. Pela 
ausência da fala, surge a necessidade de uma língua que não utilize o canal oral-
auditivo, mas sim visuo – gestual (BRITO, 1998). 
Quadros (1997) em consonância com Brito destaca a importância de 
perceber a diferença entre as línguas orais e as língua de sinais, o caráter visuo motor 
da segunda deve ser levado em conta. 
 
 
 
A Língua de Sinais Brasileira (LIBRAS) é reconhecida como meio legal de 
comunicação e expressão, e segundo a Lei 10.436/02 
Se a língua é um conjunto de signos que permite que as pessoas de um mesmo grupo se 
comuniquem e compreendam o que está sendo comunicado, a Libras é língua ou 
linguagem? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
 
Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de 
comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza 
visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um 
sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de 
comunidades de pessoas surdas do Brasil (BRASIL, 2002). 
Para Almeida e Almeida (2012) a Libras é uma língua visuo-espacial (falam 
com as mãos e compreendem com os olhos). Karnopp e Silveira (2014) diz que é um 
gestual-visual, e ambos concordam que essa língua se difere da língua portuguesa, 
por exemplo, que se apresenta como oral-auditiva. 
O autor Sacks (2007, p. 34-42) realiza um comentário sobre a língua falada e a 
língua de sinais: 
Tanto as Línguas de Sinais como as Línguas Orais são canais distintos 
de comunicação, contudo ambas são independentes para a 
transmissão e a recepção da habilidade linguística. O uso da fala 
(discurso) está intrinsecamente ligado ao conhecimento de uma 
Língua, não necessariamente ao ato de falar, mas na percepção do 
entendimento das estruturas semânticas que compõem a 
comunicação, quer seja nas Línguas Orais ou de Sinais. 
Libras é uma língua viva e natural do sujeito surdo (CAMPELLO, 2008). O surdo 
projeta em sua mente uma imagem daquilo que deseja transmitir. Para falar sobre 
uma pessoa, por exemplo, o sujeito surdo observa suas características físicas 
marcantes como cabelo, cor dos olhos, estatura; bem como sua profissão, por 
exemplo se é professor, médico, enfermeiro. Assim, com a imagem bem próxima da 
realidade, ele realiza uma quantidade infinita de combinações para conseguir 
expressar sobre quem se fala. 
Através da Libras os surdos conseguem exprimir qualquer ideia ou sentimento, 
estando em igualdade comunicativa com os ouvintes graças a língua de sinais e 
somente, a partir dela, é possível diminuir o atraso na aquisição de conhecimentos 
que ocorre através de estímulos auditivos pelos ouvintes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
 
 
 
 OS MITOS SOBRE AS LÍNGUAS DE SINAIS 
Os mitos são ideias de caráter simbólico, não sendo condizentes com a 
realidade e relacionados a uma determinada cultura. Podem ser sobre uma pessoa, 
assunto ou lugar. 
Muitos são os mitos relacionados as línguas de sinais descritos por Quadros 
(2004): 
 
a) A Língua de sinais é incapaz de expressar conceitos abstratos. 
MITO! Os sujeitos surdos podem falar sobre política, poesia, filosofia, 
matemática...todos os assuntos podem ser expressos através da língua. 
 
b) A Língua de Sinais é universal. 
MITO! Cada país possui sua língua de sinais, da mesma forma que possui uma 
língua falada, por exemplo, no Brasil temos o Português e a Libras; nos Estados 
Unidos o Inglês e a ASL (Língua de Sinais Americana). 
 
c) As Línguas de Sinais são inferiores as línguas orais estando subordinadas a elas. 
MITO! As Línguas de Sinais não são inferiores e nem subordinadas as línguas orais, 
são línguas naturais que possuem estrutura e gramática próprias. 
 
d) As Línguas de Sinais surgem dos gestos dos ouvintes. 
MITO! Surgem de forma espontânea devido a necessidade dos surdos em se 
https://bit.ly/3u92Fut
https://bit.ly/2NjsTtJ
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
 
comunicar. 
 
Importante destacar que muitas vezes recebemos a informação de que “Todo 
surdo é mudo”, por isso o termo surdo-mudo. Os surdos não possuem lesões no 
aparelho fonador (estrutura responsável pela fala), o que ocorre é que como não 
ouvem não conseguem reproduzir os sons da fala. O surdo pode falar se assim desejar 
e tiver um tratamento fonoaudiológico especializado (TEMÓTEO, 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. No Decreto 5.626/05, considera-se uma pessoa com deficiência auditiva 
 
a) aquela que usa aparelho auditivo ou implante coclear. 
b) aquela com perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (db) ou 
mais, aferida por audiograma nas frequências 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. 
c) aquela que por ter perda da audição faz leitura labial. 
d) aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por 
meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso 
da Língua Brasileira de Sinais. 
e) a pessoa que estuda em escola bilíngue. 
 
2. Muitos são os mitos sobre as Línguas de Sinais. Um desses mitos segundo Quadros 
(2004) é 
 
a) a língua de sinais expressa emoções e sentimentos. 
b) as línguas de sinais são inferiores as línguas orais. 
c) as línguas de sinais possuem estrutura própria. 
d) libras é a sigla de Língua Brasileira de Sinais. 
e) os surdos se desejarem, podem aprender a falar. 
 
3. A surdez congênita tem diversas causas. Algumas delas são: 
 
a) Fatores genéticos, uso de drogas e diabetes da mãe. 
b) Fatores hereditários, rubéola e traumatismo craniano. 
c) Meningite, otite e traumatismo craniano. 
d) Fatores genéticos, diabetes e convulsões. 
e) Fatores hereditários, meningite e caxumba. 
 
4. Com relação a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, coloque 
verdadeiro ou falso e marque a alternativa correta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
( ) A língua de Sinais é uma língua oral-auditiva. 
( ) A língua Portuguesa é uma língua oral-auditiva. 
( ) A língua de Sinais é visuo-gestual. 
 
a) V – F – F. 
b) V – V – V. 
c) F – V – V. 
d) F – V – F. 
e) F – F – V. 
 
5. (IBC, 2015 – Adaptada) Atualmente, a utilização, da expressão, surdomudo, é 
inadequada, pois, 
 
a) os surdossão capazes de prestar atenção nas conversas dos ouvintes e entender. 
b) antigamente eles não eram “oralizados”. 
c) os surdos são capazes de falar, pois possuem aparelho fonador idêntico ao dos 
ouvintes. 
d) os surdos são capazes de aprender a linguagem de sinais sem nenhum 
acompanhamento específico. 
e) os surdos podem ler e escrever. 
 
6. Sobre as visões clínica e antropológica da surdez, marque a alternativa correta. 
 
a) A visão antropológica pretende fazer o surdo ouvir e falar. 
b) A visão médica empodera o surdo submetendo-o a cirurgia de implante coclear. 
c) A visão médica busca por tratamentos para cada tipo de surdez. 
d) A visão antropológica é a favor da visão médica. 
e) Os surdos preferem a visão médica. 
 
7. Na visão antropológica “a pessoa surda é aquela que por ter perda auditiva, 
compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, 
manifestando sua cultura principalmente pelo uso de uma Língua de Sinais”. Com 
relação a língua de sinais, marque a alternativa correta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
a) A Língua de sinais é universal. 
b) A língua de sinais é oral-auditiva. 
c) A Língua de sinais é um tipo de linguagem. 
d) A língua de Sinais é reconhecida como língua da comunidade surda. 
e) A Língua de Sinais é aceita pela visão médica. 
 
8. Segundo Brito (1998), a Língua Brasileira de Sinais é 
 
a) reconhecida como língua devido aos seus aspectos fonológicos, morfológicos, 
sintaxe, semântico, léxico e pragmático. 
b) reconhecida como língua, mas inferior as línguas faladas. 
c) não é reconhecida como língua sendo, portanto, uma linguagem. 
d) não é reconhecida como língua devido aos seus aspectos fonológicos, 
morfológicos, sintaxe, semântico, léxico e pragmático. 
e) reconhecida como língua, mas não é oficial no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
OS SURDOS E A LIBRAS 
 
 
 
 
 
 CAMINHO HISTÓRICO PERCORRIDO PELA EDUCAÇÃO DE SURDOS 
Na história de diversas civilizações, a condição biológica do sujeito era um 
marco de permanência, abandono ou exterminação da sociedade. A deficiência 
impregnava um corpo que aparecia limitado ou incapaz. Os deficientes, na 
antiguidade, eram vistos como seres castigados pelos deuses. Com o passar do 
tempo passaram a ser vistos como pessoas doentes que poderiam passar a doença 
e por esse motivo viviam trancados sem participar da vida social. Muitos foram 
enclausurados e até mesmo mortos e, os surdos estavam entre eles. 
Muitas mudanças relacionadas à educação de surdos ocorreram ao longo do 
tempo. Segundo Reis e Ramos (1992 )no século XVI iniciaram-se as primeiras tentativas 
de incentivo à leitura labial e “desmutização” dos surdos. 
Muitos relatos de tentativas de “fazer o surdo falar” com o intuito de serem 
vistos como “normais” foram descritos (QUADROS, 1997; ROCHA, 1997 ). 
 
 
 
Um médico italiano, Girolamo Cardano, no século XVI teve um filho surdo e 
começou a realizar pesquisas estudando o corpo humano, mais especificamente o 
nariz, o ouvido e o cérebro. Sua intenção era descobrir a cura para surdez. Sem 
sucesso, chegou a desenvolver um método para ensinar os surdos, mas não o 
colocou em prática (ROCHA, 1997 ). 
 
 
 
UNIDADE 
02 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
 
 
Figura 2: Girolamo Cardano 
 
Fonte: SciHi blog (2019 online) 
 
Neste mesmo século surgiu o primeiro professor de surdos da história, o monge 
espanhol Pedro Ponce de Léon. Ele ensinava os filhos dos nobres a ler, escrever, 
calcular e fazer orações para que essas crianças surdas fossem aceitas pela 
sociedade. Como somente os nobres tinham dinheiro para pagar pela educação 
dos seus filhos, os surdos pobres não tinham direito a educação. 
 
Figura 3: Pedro Ponce de Léon 
 
Fonte: Gutierrez (2017 online) 
 
Um espanhol chamado Juan Pablo Bonet em 1620, foi um dos precursores do 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
 
oralismo, por acreditar que os surdos deveriam saber ler e escrever. 
 
 
No século XVII, O escocês Dalgarno, acreditando que os surdos tinham o 
mesmo potencial para se desenvolver e aprender como os ouvintes, criou um sistema 
primitivo do alfabeto manual. 
Mas o reconhecimento histórico, quanto ao início do uso de sinais na 
educação de surdos, recai sobre Abade L’Epeé no século XVIII na França. L'Epeé 
fundou a primeira escola para surdos em 1755, devido à sua percepção, ainda atual, 
de falta de sinais para o ensino dos surdos (ROCHA, 1997 ). 
 
Figura 4: Abade Charles Michel L’Epée ensina linguagem de gestos a um surdo-mudo 
 
Fonte: Lopéz (2018 online) 
 
L’Epeé utilizava os sinais realizados pelas crianças, acrescentando e 
adaptando outros para termos do Francês e elementos gramaticais (REIS; RAMOS, 
1992 )e apesar do surdo Desloges (1779) ser o primeiro a divulgar a existência de uma 
língua gestual francesa antes de L’Epeé, este continuou a ser idolatrado pelos surdos 
pois foi o responsável em oferecer coletivamente ensino aos surdos (BRAZ, 2014). 
Nos Estados Unidos, a implantação do método gestual que chegou da França, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
aconteceu em 1816 por Thomas Gallaudet (REIS; RAMOS, 1992 ). 
O principal inimigo de Gallaudet foi o inventor do telefone, o escocês 
Alexander Graham Bell. Sua mãe e esposa eram surdas e Graham Bell era a favor do 
método oral, desejando acabar com as línguas de sinais que poderiam dar poder 
aos surdos. 
O século XIX foi marcado pelo Oralismo, tendo a Língua de Sinais 
definitivamente proibida em 1880, no Congresso Internacional de Surdos, em Milão 
(ROCHA, 1997 ). 
A discussão deste Congresso girou em torno da melhor metodologia para 
ensino de surdos, dividindo os educadores entre o método oral e o método gestual. 
Bell aproveitou de todo o seu prestígio, em defesa do oralismo. Os educadores surdos 
não tiveram direito ao voto, tendo como resultado 160 votos para o Oralismo e 
apenas 04 para a Língua de Sinais, que foi abolida ( (ROCHA, 1997 ; GOMES, 2010). 
Com a língua de sinais proibida, muitos surdos tinham suas mãos amarradas 
para não poderem conversar através dos sinais. Muitos perderam o emprego e a 
educação de surdos entrou em decadência pois todo o ensino era feito através do 
oralismo. 
Visivelmente a abordagem oralista não trouxe bons resultados, os surdos não 
conseguiam aprender através da leitura labial e então, no século XX, surgiu a 
Comunicação Total ou Bimodalismo. Essa abordagem utiliza as línguas orais e de 
sinais simultaneamente, além de qualquer recurso de comunicação (fala, gestos, 
escrita, mímica). A principal crítica foi a de que essa abordagem descaracterizava e 
dificultava o aprendizado de ambas às línguas (BRITO, 1993; REIS,1992) pois por ser 
uma mistura de ambas, os surdos não aprendiam nem a língua oral e nem a língua 
de sinais. 
Ernest Huet, professor surdo, chegou ao Brasil vindo da França em 1855 com o 
intuito de fundar uma escola para surdos, sendo prontamente auxiliado pelo 
Imperador D. Pedro II . Ernest fundou em 26 de setembro de 1857 o Imperial Instituto 
de Surdos e Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES, utilizando 
o ensino da leitura labial para os alunos que possuíam resquício auditivo e sinais para 
os que estavam liberados desta disciplina por serem totalmente surdos (ROCHA, 1997 
). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
 
Figura 5: Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES 
 
Fonte: Cristiano (2020 online) 
 
Atualmente, dada à importância do aprendizado de uma língua natural, a 
abordagem Bilíngue é a principal na educação de surdos no Brasil. Esta abordagem 
propõe o aprendizado das duas línguas: a Língua de Sinais como L1, e a Língua 
Portuguesa da comunidade ouvinte, onde o surdo encontra-se inserido, como L2. O 
Bilinguismo caracteriza-se, segundo Goldfeld (1997, p. 39) “[...]tendo como 
pressuposto básicoque o surdo deve ser bilíngue, ou seja, deve adquirir como língua 
materna a língua de sinais, que é considerada a língua natural dos surdos e, como 
segunda língua, a língua oficial de seu país.” 
 
 
 
As abordagens educacionais utilizadas com os surdos foram as mais diversas. 
Uma busca constante da tentativa de fazer o surdo falar, mas a comunidade surda 
vem buscando seus direitos de escolha e de “fala” demonstrando à vontade em 
escolher o melhor método para a instrução dos surdos. Podemos visualizar no quadro 
abaixo as três abordagens mais utilizadas: 
 
 
Quadro 1: Abordagens educacionais utilizadas com os surdos 
Oralismo É uma abordagem que utiliza o treinamento da fala e da leitura labial. 
Comunicação 
Total 
É a abordagem que inclui todo e qualquer aspecto de comunicação: 
fala, leitura, escrita, gestos criados, língua de sinais, mímica, alfabeto 
manual, entre outros. 
Bilinguismo Tem como pressuposto que o surdo deve ser bilíngue, ou seja, deve 
adquirir sua língua natural e materna como primeira língua – a Libras e, 
como segunda língua a língua oficial do seu país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pela Autora (2021) 
A criança surda deve ser colocada em contato com um sujeito surdo fluente 
em Libras o mais rápido possível, para que ela adquira uma língua de sua 
compreensão e comece a dar significado ao mundo. O bilinguismo permite que a 
criança surda tenha contato com a língua da comunidade surda. 
Dentro do âmbito educacional, o trabalho bilíngue respeita as especificidades 
das crianças surdas desenvolvendo suas capacidades, rompendo suas barreiras para 
uma aprendizagem eficiente através da sua língua materna. 
 
 
 
 LIBRAS: A LÍNGUA MATERNA DOS SURDOS 
A língua materna é aquela aprendida de forma natural pelo sujeito. No Brasil, 
os ouvintes adquirem a Língua Portuguesa de forma natural através da audição. 
Quando nasce, o sujeito ouvinte é inserido em uma sociedade ouvinte e fica exposto 
a sua língua oral. Sua primeira interação é com a estrutura familiar e inicia assim a 
construção da sua subjetividade. Quando estes sujeitos entram na escola, entram 
com sua língua materna e no caso dos ouvintes, são atendidos educacionalmente a 
partir dessa língua. 
Quadros (1997) domina de forma clara esta questão dizendo que as crianças 
simplesmente aprender a falar, não são ensinadas. Segundo a autora essa primeira 
língua (L1) é a língua natural e espontânea do sujeito. A autora afirma ainda que o 
mesmo ocorre com as crianças surdas, elas aprendem de forma natural a sinalizar. 
Assim temos a Língua de Sinais como L1 das crianças surdas. 
A questão é que a maioria das crianças surdas são filhas de pais ouvintes. 
Somente cerca de 5% nascem surdas e são filhas de pais surdos. Dessa forma, 95% 
das crianças surdas não possuem contato com a Língua de Sinais (LS), portanto não 
https://bit.ly/2NjsTtJ
https://bit.ly/3qzKtIq
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
a desenvolvem como sua L1 e quando acessam a escola, não dominam nenhuma 
língua. Assim, o planejamento pedagógico escolar deve ser o aprendizado da língua 
de sinais pelos alunos surdos (QUADROS, 1997). 
O indivíduo surdo, por não conseguir ouvir, não tem como adquirir a Língua 
Portuguesa de forma natural. Essa aquisição se dará de forma artificial, ou seja, como 
uma segunda língua (L2). A língua adquirida de forma natural pelo surdo é a Libras 
(GOLDFELD, 1997) o que ocorre através do sentido visual (BRASIL, 2002). Mas nem 
sempre o surdo terá a Libras como a L1. Muitas são as questões que levam o surdo a 
não ter contato com a Libras e adquiri-la de forma natural. Entre elas destacamos as 
questões familiares: pais ouvintes que não dominam a língua de sinais; questões 
individuais: se o sujeito surdo sente vergonha em ser surdo e sinalizante; questões 
escolares: ele poderá ser oralizado e usar a Língua Portuguesa como forma de 
comunicação. O que pode perdurar, pois quando nos deparamos com a realidade 
da inclusão nos locais de ensino, observa-se a falta de materiais em Libras para se 
trabalhar com os surdos. 
A partir da aquisição de uma língua natural (no caso dos surdos, a Libras), ele 
será capaz de adquirir uma segunda língua (no Brasil, a língua portuguesa), se 
tornando bilíngue. Mas essa nem sempre a realidade que encontramos, muitos surdos 
adultos por não terem sidos expostos na infância a Língua de sinais chegam a fase 
adulta sem a aquisição de nenhuma língua pois foram expostos a uma língua oral 
que não era possível ser compreendida por eles. 
[...] quanto antes o sujeito adquirir uma língua, com maior eficiência 
ele construirá sua identidade, conseguirá interagir, compreender e 
construir significados sociais e, para os surdos todos estes fatores serão 
atingidos através da Língua de Sinais. Assim, baseados na situação 
atual ainda aquém da qualidade necessária para o atendimento 
escolar da comunidade surda, existe a necessidade vigente de 
revisão dos planos curriculares e pedagógicos de ensino para esses 
sujeitos, respeitando o bilinguismo e a natureza visual-motora destes 
(BARBOZA, 2015, p. 23). 
 Uma orientação adequada se faz necessária. Orientação que preconiza a 
Libras como primeira língua dos seus filhos surdos e orientações de aprendizado 
dessa língua pelos seus pais para que a criança se comunique de forma eficaz, 
tendo assim seu desenvolvimento garantido e ficando pronta para aprender a 
língua majoritária daquele país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO SURDO: COMUNIDADE E CULTURA 
A cultura é entendida como um conjunto de comportamentos de um grupo 
que tem sua própria língua, valores, regras de comportamentos e tradições, portanto, 
na comunidade surda podem existir ouvintes, como pais, filhos, intérpretes, entre 
outros; ao contrário da cultura surda onde, o grupo de surdos se comporta como 
surdos, apresentando a mesma língua e costumes. 
De acordo com Felipe e Monteiro (2001)quando uma pessoa se identifica 
como surda, isso não significa que ela esteja automaticamente dentro de uma 
cultura e de uma comunidade surda. Lembramos que cerca de 95% dos surdos são 
filhos de pais ouvintes, a maioria não conhece a Libras e não participam dos eventos 
relacionados aos surdos, como associações por exemplo, o que pode levá-los a 
tornar-se deficientes auditivos, não possuindo identidade do ser surdo (QUADROS, 
1997). 
Os surdos politicamente atuantes fazem distinção entre ser surdo e deficiente 
auditivo. O conceito de DA é uma visão estritamente médica, ligada ao fato destes 
indivíduos não terem a capacidade auditiva funcional acima de 90 decibéis (Db). Já 
o ser Surdo é a possibilidade de apreender o mundo pela visão e se comunicar 
através das mãos 
A Libras é a língua materna da criança surda, mas a maioria dos surdos não é exposta a 
essa língua desde a infância. Como a criança surda poderá desenvolver-se de forma 
saudável sem conseguir se comunicar de forma eficaz? 
 
https://bit.ly/2ZwmNbR
https://bit.ly/3ay2aCA
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
 
 [...] as identidades surdas são construídas dentro das representações 
possíveis da cultura surda, elas moldam-se de acordo com maior ou 
menor receptividade cultural assumida pelo sujeito. E dentro dessa 
receptividade cultural, também surge aquela luta política ou 
consciência oposicional pela qual o indivíduo representa a si mesmo, 
se defende da homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo 
menos habitável, da sensação de invalidez, de inclusão entre os 
deficientes, de menos valia social (PERLIN; QUADROS, 2006, p. 77-78). 
Campello (2008)discorre amplamente sobre o assunto corroborando com a 
visão de Perlin no que diz respeito a construção de identidade surdo e as lutas 
políticas a favor da inclusão do surdo através da Libras. 
 Mas ainda nos dias atuais, segundo Dizeu e Caporali (2005),os ouvintes tentam 
integrar socialmente os surdos através do oralismo, assim a Libras, fica renegada para 
segundo plano e a constituição do sujeito surdo aparece defasada. 
 Após o aprendizado de sua língua natural, os surdos criam sua identidade de 
forma subjetiva, encontrando-se prontos para aprender uma segunda língua, 
tornando-se bilíngues, o que se faz necessário, uma vez que os surdos estão inseridos 
em uma comunidade majoritariamente ouvinte. 
Segundo Reis e Ramos (1992 )“a maior angústia da família não está em receber 
um filho surdo, mas na incapacidade de se comunicar com este”. A língua permite a 
comunicação, o contato com seus familiares, a aquisição do mundo e o 
conhecimento sobre si mesmo. 
Segundo Dizeu e Caporali (2005 )a criança surda teria seu desenvolvimento 
preservado se utilizassem a Libras pois, através da língua conseguiriam compreender 
e se comunicar de forma clara. Para os autores, essa exposição a língua de forma 
precoce é possível quando os pais recebem orientações adequadas sobre a 
importância da língua para seus filhos. 
Essa exposição pode ocorrer através do convívio do surdo com uma 
comunidade que se expressa através da mesma língua, o que favorece a 
identificação do sujeito e um convívio confortável com modelos surdos. Assim, o 
sujeito surdo não necessita se “igualar” ao sujeito ouvinte, pois ele pode aceitar sua 
cultura e identidades próprias, convivendo em sua comunidade surda sem carregar 
o estigma da surdez. 
A comunidade surda é representada por associações, igrejas, escolas, 
qualquer lugar onde os surdos se reúnem para divulgar suas histórias e compartilhar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
 
experiências utilizando a língua de sinais. O surdo se integra a uma comunidade surda 
pelas possibilidades de se comunicar e de se identificar, o que lhe permite uma 
participação efetiva e prazerosa. 
Algumas instituições no Brasil foram fundadas pelos surdos e para os surdos, 
como: 
 
 Federação Nacional de Educação e Integração do Surdo – Feneis. Fundada 
em 1987 no Rio de Janeiro, é uma entidade não – governamental que tem 
como principal função ministrar e divulgar a Libras através de cursos, palestra 
e outros, além de organizar ações políticas e manifestações em defesa dos 
direitos da comunidade surda. 
 Confederação Brasileira de Desporto Surdo – CBDS. Fundada em 1984, 
promove a integração dos Surdos através dos esportes. Organiza torneios e 
campeonatos de diferentes modalidades esportivas. 
 Associações de Surdos. Existentes em todo o território nacional, formada por 
uma diretoria que administra as reuniões para lutar pelos direitos dos Surdos. 
 
Frente ao panorama de exclusão social e invisibilidade da população surda, o 
processo de criação de instituições para surdos só teve início por meio de tentativas 
de grupos e indivíduos que tinham o desejo de modificar a realidade dos que sofriam 
com a exclusão e somente a partir deste movimento foi possível determinadas 
modificações nas políticas públicas de inclusão. 
 
 
 
 
 
https://bit.ly/3dBG4AO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO 
1. (IFPB, 2013) A educação de surdos é dividida, geralmente, em três concepções 
filosóficas distintas. Associe as duas colunas, conectando as concepções aos seus 
conceitos/exemplos: 
 
(1) Oralismo 
(2) Comunicação Total 
(3) Bilinguismo 
 
(X) Respeita a autonomia da língua de sinais e a considera como primeira 
língua, requerendo não só adaptações linguísticas, mas também atitudinais, culturais 
e pedagógicas na escola. 
(X) Os surdos sofriam terapias repetitivas, uso da violência, aparelhos e 
cirurgias; por muitas décadas o fracasso escolar foi endêmico mesmo nos centros de 
referência internacional. 
(X) Uso simultâneo de sinais e oralização, em que a língua de sinais se torna 
recurso para o ensino da língua oral. 
(X) Filosofia baseada no modelo clínico, surgiu no século XIX e ainda 
permanece nas práticas sócio-educativas, hoje em dia; objetivo principal: 
treinar/reabilitar o corpo do paciente surdo, visando o status de ouvinte. 
 
A sequência CORRETA é 
a) 2, 2, 1, 3. 
b) 2, 1, 2, 1. 
c) 3, 2, 2, 1. 
d) 3, 2, 1, 1. 
e) 3, 1, 2, 1. 
 
2. Considerado pelos surdos o “pai” do ensino através de língua sinais, foi o primeiro 
a oferecer o ensino de forma coletiva. Estamos falando de 
 
a) Pedro Ponce de Léon. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
 
b) Juan Pablo Bonet. 
c) Girolamo Cardano. 
d) Alexander Graham Bell. 
e) Abade Charles Michel L’Epée. 
 
3. Segundo a abordagem Bilíngue, a criança surda deverá aprender 
 
a) Libras como L1 e Língua Portuguesa como L2. 
b) Libras como L2 e Língua Portuguesa como L1. 
c) Língua Portuguesa como L1. 
d) Libras como L2. 
e) Libras como L1 e não deverá aprender a Língua Portuguesa. 
 
4. O Congresso Internacional de Milão em 1880 teve como principal motivo: 
 
a) criar um sistema de comunicação completo formando um sistema de 
combinações entre o uso da língua de sinais e o uso da língua oral. 
b) debater a melhor forma de comunicação para as pessoas surdas. Resultando na 
escolha do método oral e da aprendizagem da língua de sinais. 
c) discutir questões inerentes à linguagem e cognição das pessoas surdas, dando 
maior ênfase aos aspectos da língua e sua estrutura. Determinou a utilização do 
método de alfabetização baseado no uso de datilologia. 
d) debater sobre o melhor método de ensino para a educação dos surdos. Resultou 
na escolha do método oralista e a proibição da língua de sinais. 
e) ouvir os surdos para compreender qual era o método preferido por eles. 
 
5. Conde francês responsável por trazer a língua de sinais para o Brasil: 
 
a) Gallaudet. 
b) L’Epeé. 
c) Graham Bell. 
d) Desloges. 
e) Huet. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
 
 
6. Qual o método educacional considerado ADEQUADO para as crianças surdas e 
defendido pela comunidade surda? 
 
a) Bilinguismo. 
b) Oralismo. 
c) Pedagogia sensorial. 
d) Comunicação Total. 
e) Pedagogia surda. 
 
7. Observe a tirinha abaixo: 
 
As opções que representam a surdez, opostas entre si e encontram-se na 
tirinha são: 
 
a) Deficiência como falta X minoria linguística. 
b) Identidade ouvinte X identidade surda. 
c) Reabilitação X diferença cultural. 
d) Oralização X bilinguismo. 
e) Bimodalismo X oralismo. 
 
8. Em relação ao Congresso de Milão identifique abaixo as afirmativas verdadeiras 
( V ) e as falsas ( F ): 
 
( ) Não deve ser comemorado por ter sido um momento obscuro na história dos 
surdos. 
( ) Deve ser celebrado por ter sido uma conquista para a comunidade surda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
 
( ) Foi um evento constituído por pessoas surdas. 
( ) O método adotado foi o oralismo. 
 
 Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo. 
 
a) V • F • F • V. 
b) V • F • F • F. 
c) F • V • V • V. 
d) F • V • F • F. 
e) F • F • V • V. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 
 
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - 
LIBRAS 
 
 
 
 MORFOLOGIA DA LIBRAS 
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a segunda língua oficial do país, sendo 
reconhecida por Lei apenas em 2002. Essa língua é jovem e ainda está em 
construção, o que leva a necessidade de neologismos. Pesquisas importantes como 
as realizadas por Stokoe em 1960 (GOMES, 2010) vêm demonstrar que as línguas de 
sinais são comparáveis em expressividade e complexidade com qualquer língua oral, 
diferenciando-se apenas pelo seu caráter visuo-gestual ao invés do caráter oral-
auditivo. 
 
 
 
A Libras é formada por regras que seguem parâmetros das línguas visuais e sua 
autonomia enquanto língua aparece devido ao fato dela possuir fonologia, 
morfologia, sintaxe e léxico próprios. O que denominamos itens lexicais (léxicos ou 
palavras)nas línguas orais auditivas aparece denominado como sinais nas LS. Cada 
sinal é formado por cinco parâmetros descritos a seguir: 
 
1) Configuração de mãos (CM) – a forma assumida pela mão durante a 
realização de um sinal. As mãos podem estar configuradas com letras do 
alfabeto manual ou outro formato. Temos 61 CMs desenvolvidas e 
aperfeiçoadas por Pimenta e Quadros (2008) 
 
 
 
 
UNIDADE 
03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
 
Figura 6: As 61 CMs da Libras 
 
Fonte: Pimenta e Quadros (2008) 
 
Alguns sinais são realizados com a mesma configuração de mãos, mas 
possuem significados diferentes. Observe o exemplo abaixo: 
 
Figura 7: Sinal de aprender – mão configurada em “S” 
 
Fonte: Capovilla e Raphael ( (2001, p. 15) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
 
 
Figura 8: Sinal de sábado – mão configurada em “S” 
 
Fonte: Capovilla e Raphael (2001, p. 1157) 
 
2) Ponto de articulação (PA) – local onde se encontra a mão predominante 
configurada. Podendo tocar uma parte do corpo ou estar em espaço neutro 
vazio. 
 
Figura 9: Sinal de educação – deslizando no braço (local) 
 
Fonte: Capovilla e Raphael (2001, p. 571) 
 
3) Movimento (MOV) – os sinais podem apresentar movimento ou não. Os 
movimentos podem ser ainda unidirecionais (em uma só direção), 
bidirecionais (realizados em duas direções) ou multidirecionais (várias 
direções). 
 
Figura 10: Sinal de desculpa – não tem movimento 
 
Fonte: Capovilla e Raphael (2001, p. 523) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
 
Figura 11: Sinal de família – tem movimento 
 
Fonte: Capovilla e Raphael (2001, p. 657) 
 
4) Orientação da palma (OP) – direção da realização do sinal, sua inversão pode 
oferecer ideia de oposição. 
 
Figura 12: Sinal de querer – palma para cima 
 
Fonte: Capovilla e Raphael (2001, p. 1106) 
 
5) Expressão não manual (ENM) – utilizadas como diferenciador além dos quatro 
parâmetros. São as expressões realizadas com o rosto e o corpo, responsáveis 
por mostrar se os sinais e as frases são afirmativos, negativos, exclamativos ou 
interrogativos. 
 
Vale ressaltar que a Libras por ser uma língua nova, oficializada apenas em 
2002 no Brasil, necessita criar novos sinais para contemplar cerca de 400 mil palavras 
da língua portuguesa. Os neologismos das línguas de sinais, vem a ofertar a tradução 
integral de todos os assuntos que surgem na língua oral do país. Como toda língua 
também possui empréstimos linguísticos, que são os sinais de outro país adotados pela 
Língua Brasileira de Sinais e, empréstimo da Língua Portuguesa quando usa o alfabeto 
manual para realizar a sequência de letras escrita em português. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
 
 
 
 ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO 
 A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004) define, 
acessibilidade como a condição de alcance, percepção e entendimento para a 
utilização com segurança e autonomia de edificações, espaços, mobiliários, 
equipamentos urbanos e elementos. Define ainda o termo acessível como espaço, 
edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser alcançado, 
acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com 
mobilidade reduzida. 
O termo acessível implica tanto acessibilidade física como de comunicação. 
Dessas definições, um elemento merece destaque: os sistemas de comunicação. A 
acessibilidade deve promover a possibilidade de utilização dos espaços, edificações, 
meios de comunicação, equipamentos, entre outros com autonomia e segurança 
pelas PcDs. 
A acessibilidade comunicacional se faz necessária quando falamos de 
pessoas surdas. Para uma comunicação eficaz o surdo tem direito à professores 
bilíngues, intérpretes de língua de sinais, janelas de Libras, aplicativos, tradutores 
online, entre outros. 
 
 
 
 
https://bit.ly/2M5gj0v
https://bit.ly/3k4Eo4c
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
 
 
 
 
Figura 13: Símbolo acessível em Libras 
 
Fonte: Universidade Federal de Minas Gerais (2013 online) 
 
Segundo o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE (Decreto n° 6.094), 
lançado pelo Ministério da Educação, um dos seus eixos norteadores diz respeito à 
formação de professores para a educação especial, bem como a implantação de 
salas de recursos multifuncionais e a questão da acessibilidade escolar, o que fornece 
garantia de condições para o acesso e a permanência dos alunos da educação 
especial no ensino regular, além do atendimento educacional especializado. 
Baseado na definição de educação inclusiva como sendo uma adaptação 
da instituição de ensino à realidade de cada aluno, com modificações de 
metodologias, o aprendizado da Libras pelos docentes que ministram aulas dentro 
de classes inclusivas com alunos surdos, torna-se um diferencial que irá facilitar ou não 
a adequação do sistema de ensino ao aluno. 
Segundo Claudia Werneck, Diretora-Executiva da Escola de Gente, em sua 
mensagem no primeiro volume do ‘Manual da Mídia Legal’, alguns pontos sobre a 
inclusão devem ser distintos do conceito de integração. Para a autora WERNECK et 
al. (2002, p. 09)a inclusão: 
 [...]é a inserção total e incondicional, exige rupturas do sistema, exige 
transformações profundas, a sociedade se adapta para atender às 
necessidades das pessoas com deficiência, valoriza a individualidade 
de pessoas com deficiência, defende os direitos de todas as pessoas 
com ou sem deficiência, entre outras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
 
 
Porém, não é este o perfil do professor que se encontra nas salas de ensino 
regular com inclusão de surdos e nas salas de recurso. Não se encontram, no quadro 
de docentes, sujeitos bem preparados no que tange a diferentes aspectos da 
diversidade e inclusão. Atualmente a formação do professor nas universidades ainda 
é precária e de qualidade insuficiente para lidar com esta realidade de forma que 
se preserve a autonomia. Não se oferece ampla bibliografia sobre a educação 
especial; e sua formação prática (quando existente) é reduzida e/ou com carga 
horária insatisfatória. “Esta falta de preparo leva os professores a uma abordagem 
ainda oralista junto aos alunos surdos. A própria instituição adere à filosofia oralista, 
constatando-se desconhecimento frente outras possibilidades de educação destes 
alunos” (WERNECK et al., 2002). 
Segundo Machado, em sua contribuição à obra ‘Estudos Surdos I’, de 
organização de Quadros e Perlin (2006, p. 41): 
Parece que se superficializa a temática sobre o processo de 
integração/inclusão do surdo na escola regular, quando se limita o 
que sejam as ações necessárias para sua integração/inclusão, ao fato 
de colocá-los fisicamente nas escolas regulares, optando-se por 
modelos pedagógicos que expressam a herança que a instituição, 
direta ou indiretamente, deixou para os educadores atuais – um 
modelo clínico, oralista e assistencialista na educação de surdos. Esse 
modelo ainda hegemônico, em síntese, pauta-se por uma atitude 
“normalizadora” em que as diversas formas de educação de surdos 
tem a intenção de “ouvintizar”, ou seja, de fazê-los parecer como 
ouvintes. 
Este problema dificulta à implantação dos ditos “incluídos” pelo sistema 
educacional, acarretando a pouca permanência destes no sistema e também a 
baixa aquisição dos conteúdos disciplinares. 
Para que ocorra a inclusão e não a integração, faz-se necessário o 
conhecimento e domínio da língua materna do surdo – a Libras – e o entendimento 
que a Língua Portuguesa se porta como uma segunda língua para este indivíduo, 
seguindo para tanto o modelo bilíngue proposto a seguir: 
 O Bilinguismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser 
Bilíngue, ou seja, deve adquirir como língua materna a língua de sinais, 
que é considerada a língua natural dos surdos e, como segunda 
língua, a língua oficial de seu país [...] Para os bilinguistas,o surdo não 
precisa almejar uma vida semelhante ao ouvinte, podendo assumir 
sua surdez (GOLDFELD, 1997, p. 37). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
 
Segundo Mourão (2008)antigamente os alunos surdos limitavam-se a copiar a 
demonstração do professor, mas com o domínio da Libras, o profissional possibilita o 
processo interativo surdo-ouvinte obtendo uma verdadeira inclusão através do uso 
de instrumentos e estratégias, voltados para as necessidades específicas do alunado 
surdo. 
O AEE – Atendimento Educacional Especializado, traz suportes pedagógicos 
para auxiliar a inclusão do aluno com deficiência no ensino regular. Podemos verificar 
a formação adequada e especializada dos professores, novas estratégias de ensino 
para a especificidade do aluno, adaptação de materiais, ampliação de tempo para 
execução de tarefas, adequações curriculares, bem como o auxílio do intérprete de 
Libras na sala de aula em tempo integral. 
Vale ressaltar que o fato de o professor ter domínio da língua de sinais não é 
suficiente para resolver todos os problemas referentes a educação de surdos. Pra 
além do domínio da Libras, o professor deverá conhecer aspectos didáticos e 
metodológicos eficazes para a cultura surda e adaptado à língua de sinais. 
Saber lidar com a personalidade de cada aluno surdo, interagindo com ele, 
sendo um facilitador entre ensino – aprendizagem, levando em conta sua diferença 
cultural, promoverá a inclusão. 
Muitas são as dificuldades encontradas: falta de preparo profissional, falta de 
conhecimento sobre a cultura e identidade surda, falta de materiais acessíveis, de 
adaptações didático pedagógicas e de sinais. 
O maior difusor on-line da LSB, o Instituto Nacional de Educação de Surdos – 
INES – através de seu dicionário on-line Acessibilidade Brasil, adotado pelo Governo 
Federal https://bit.ly/3pDjWbE , apresenta dificuldades informacionais pela ausência 
de sinais específicos para as diversas áreas. 
A própria legislação que só reconheceu a Libras como língua em 2002 está 
engatinhando na elaboração de leis que atendam de forma eficaz todas as 
necessidades desta população. 
 
 
A abordagem Bilíngue é a mais eficaz para o desenvolvimento da criança surda, mas 
esta não é a realidade de muitos surdos no país. Como será possível um ensino eficaz sem 
o uso desta abordagem educacional. 
 
https://bit.ly/3pDjWbE
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
 
 
 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA 
Somente ao receber status de língua, as línguas de sinais passaram a ter vários 
países se comprometendo legalmente com a educação de surdos. No Brasil temos 
algumas leis que regulamentam o direito, a legitimidade e a acessibilidade do surdo 
através da Língua de Sinais. 
 
3.3.1 A Constituição Federal 
No artigo 205, dispõe que o acesso à educação é um direito de todos e um 
dever do Estado e da família. O acesso deverá ser promovido e incentivado com a 
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu 
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, 
garantindo o atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede 
regular de ensino (BRASIL, 1988). 
 
3.3.2 Lei de Diretrizes e Bases (LDB) – 9.394/96 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação do Brasil (Lei nº 9.394/96), no seu 
capítulo sobre educação especial, coloca que os educandos com necessidades 
especiais devem ter a educação escolar oferecida preferencialmente na rede 
regular, bem como, serviços de apoio especializado (BRASIL, 1996). 
Este capítulo da nova LDB vem demonstrar a possibilidade de aprendizagem 
pelas pessoas com deficiência desde que esta siga as adequações necessárias às 
especificidades de cada caso. 
 
3.3.3 Lei de Libras 10.436/02 
Passa-se a perceber a importância da Libras como língua materna dos surdos 
e para tal, a mesma foi reconhecida no Brasil em 2002 através da Lei 10.436 que 
entende como “Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS a forma de comunicação e 
expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura 
gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, 
oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil” (BRASIL, 2002). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
 
 
A Lei de Libras visa ampliar a visibilidade da língua de sinais, o direito dos surdos 
a acessibilidade através desta língua e a difusão da mesma. 
 
3.3.4 Decreto 5.626 de 2005 
Segundo o Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 é colocada à 
obrigatoriedade do atendimento especializado, sendo que o mesmo deve ser 
realizado principalmente pelo professor, colocando ainda que a Libras tornou-se 
obrigatória para a formação no magistério tanto em nível superior quanto médio. 
Assim, faz-se necessário construir uma escola de qualidade com professores 
capacitados baseados em uma cultura de diversidade. Esta cultura é um processo 
de aprendizagem, “ensinar a aprender”, uma nova maneira de educar tendo o 
respeito à diversidade como valor (BRASIL, 2005). 
 
3.3.5 Lei Brasileira de Inclusão (LBI) 13.146/15 
A Lei Brasileira de Inclusão nº 13.146 de 2015 é a adaptação da Convenção 
sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência da ONU (Organização das Nações 
Unidas). A LBI pode ser subdividida em três grandes partes: 
 
1) Direitos fundamentais das pessoas com deficiência, como educação e saúde. 
2) Acessibilidade e Ciência e Tecnologia, tratando do acesso à informação e à 
comunicação além do uso das tecnologias assistivas. 
3) Acesso à Justiça e as punições a quem infringe a lei. 
 
Destacamos o acesso à informação e à comunicação necessário para a 
comunidade surda, principalmente quando falamos de saúde e educação e a 
necessidade de uma oferta com equidade para esses cidadãos (BRASIL , 2015). 
 
3.3.6 Lei de Acessibilidade – 10.098/00 
A Lei nº 10.098 de 2000, regulamenta os critérios básicos para a promoção da 
acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. A 
acessibilidade de todas as PcDs é promovida através da eliminação dos obstáculos 
e barreiras (BRASIL, 2000). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
 
 
 
 
Essa lei tem grande importância para a comunidade surda. Em seu Art. 17 
estabelece a necessidade de romper as barreiras comunicacionais ofertando 
acessibilidade através da língua de sinais. 
E segundo o Art. 18 ressalta a formação de intérpretes de escrita em Braille, 
língua de sinais e de guias - intérpretes a fim de que a comunicação direta seja 
possível à pessoa com deficiência sensorial ou com dificuldade de comunicação. 
Esta minoria linguística necessita de uma sociedade bilíngue para que os 
ouvintes possam dar voz a cada um dos sujeitos que dela fazem parte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://bit.ly/2Zx1FSP
https://bit.ly/3aFKbu9
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
 
 
FIXANDO O CONTEÚDO: 
1. A Lei nº 10.436 conhecida como Lei de Libras, é uma das maiores conquistas legais 
dos surdos brasileiros. Ela determina que 
 
a) a disciplina de Libras seja ofertada de forma obrigatória no ensino superior, nas 
licenciaturas e nos bacharelados. 
b) o meio de comunicação oficial da comunidade surda brasileira é a Língua 
Brasileira de Sinais. 
c) a formação de professores de Libras deve ser de responsabilidade das 
associações de surdos e da Federação Nacional de Educação e Integração de 
Surdos – FENEIS. 
d) o poder público e as empresas concessionárias de serviços públicos de saúde 
ofereçam tratamento adequado ao surdo por meio da reabilitação oral. 
e) não é obrigatória a oferta de intérpretes de Libras e professores ou instrutores da 
língua pelas escolas. 
 
2. (IBC, 2015 - Adaptada) O professor de escola bilíngue para surdos tem como 
características necessárias: 
 
a) conhecer e respeitar apenas a língua de sinal conhecer aspectos das línguas para 
o ensino da escrita e ter bom desempenho comunicativo.b) conhecer e respeitar apenas a língua oral, sem conhecer aspectos das línguas 
requeridos para o ensino da escrita e ter bom desempenho comunicativo. 
c) conhecer e respeitar as duas línguas, conhecer aspectos das línguas requeridos 
para o ensino da escrita e ter bom desempenho comunicativo. 
d) conhecer apenas a língua de sinal, sem conhecer aspectos das línguas requeridos 
para o ensino da escrita e ter bom desempenho comunicativo. 
e) falar devagar e pausadamente na frente do aluno. 
 
3. (FEPESE, 2010) Assinale a alternativa correta em relação ao parâmetro 
“movimento” nas línguas de sinais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
 
 
a) Todos os sinais têm movimento. 
b) Os sinais podem ter ou não ter movimento. 
c) Os sinais dos verbos nunca têm movimento. 
d) Quando a mão direita se movimenta, a esquerda sempre fica parada. 
e) Os movimentos devem ser sempre igualmente rápidos. 
 
4. (FEPESE, 2010) Os sinais, na Libras, são formados a partir da 
 
a) criatividade de seus usuários que não precisam seguir regras fixas. 
b) incorporação da negação, afirmação ou sinal temporal a um sinal já conhecido. 
c) utilização de um processo bastante comum na língua que é o de configurar os 
sinais com a primeira letra da palavra em português. 
d) combinação dos movimentos das mãos com um determinado lugar que pode ser 
uma parte do corpo ou um local do espaço. 
e) combinação de um sinal já conhecido com um novo sinal criado pelos professores 
de línguas de sinais. 
 
5. O termo utilizado para se referir a língua da comunidade surda no Brasil segundo 
a Lei de nº 10.436/2002 é 
 
a) Língua de Sinais Brasileira. 
b) Língua de Sinais das Comunidades Brasileiras. 
c) Língua Brasileira de Sinais. 
d) Língua de Sinais Nacionais. 
e) Linguagem de Sinais Brasileira. 
 
6. (Chapecó-SC, 2015 - Adaptada) Conforme a Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002, 
que reconhece a Libras – Língua Brasileira de Sinais e outros recursos a ela 
associados, em seu parágrafo único: “Entende-se como Língua Brasileira de Sinais 
– Libras, a forma de comunicação e expressão, em que o sistema _______ de 
natureza _________, com estrutura ________ própria, constituem um sistema 
linguístico de transmissão de _______ e fatos, oriundos de comunidades de pessoas 
surdas do Brasil”. Complete as lacunas, seguindo a ordem, com as palavras 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 
 
 
 
 
CORRETAS: 
 
a) línguas – brasileiras – sinais - Libras 
b) Libras – comunicação – ideias – ocorridos 
c) linguístico - visual-motora - gramatical - ideias 
d) visual-auditivo – gramatical - linguística – ideias 
e) oral – gramatical – linguística - Libras 
 
7. (Chapecó – SC, 2015 - Adaptada) Os parâmetros da língua de sinais são as 
articulações das mãos, que podem ser comparadas com os fonemas e morfemas 
da língua oral. Na língua de sinais, temos os seguintes parâmetros: 
 
a) Configuração de mão – movimento – classificador – relaxamento – figuras 
geométricas. 
b) Movimentos retilíneos – helicoidal – circular – semicircular – sinuoso – angular. 
c) Oralismo – comunicação total – bilinguismo – Pidgin – configuração de mãos. 
d) Configuração de mãos – ponto de articulação – movimento – orientação – 
expressão facial. 
e) Movimento e expressão facial. 
 
8. A acessibilidade comunicacional é vista: 
 
a) Rampas de acesso. 
b) Adaptações curriculares. 
c) Elevadores. 
d) Bengalas e cadeira de rodas. 
e) Braille e Libras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50 
 
 
 
 
ASPECTOS VISUAIS DA LIBRAS 
 
 
 
 COMUNICAÇÃO VISUAL E SURDEZ 
A comunicação através de imagens é muito presente nos veículos de 
comunicação como televisão, internet, mídias sociais, entre outros. Muitas vezes os 
gestos corporais são realizados junto a fala. Quantas vezes ao dizer “liga para mim” 
vemos as pessoas fazendo o gesto de telefone na orelha? A comunicação visual está 
presente no nosso dia a dia e é fundamental para os surdos que usam a língua de 
sinais que apresenta-se visuo-gestual. 
 
Figura 14: Sinal de telefone em Libras 
 
Disponível: https://bit.ly/3pQsj45. Acesso em: 20 fev. 2021 
 
 
 
De acordo com Campello (2008, p. 128), o aspecto de visualidade é um 
requisito importante para o ensino dos alunos surdos. 
Aspectos da visualidade na educação de Surdos, ou pedagogia 
surda é assim denominada considerando-se que a mesma pode ser 
compreendida como aquela que se ergue sobre os pilares da 
visualidade, ou seja, que tem no signo visual seu maior aliado no 
processo de ensinar e aprender. 
UNIDADE 
04 
https://bit.ly/3pQsj45
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
 
 
 
A iconicidade traz uma facilidade neste processo de ensino – aprendizagem 
quando falamos de alunos surdos. 
 
 
 
A linguagem é utilizada pelos sujeitos para produção, desenvolvimento e 
compreensão da língua e, manifestações simbólicas que sejam semelhantes a ela 
(SAUSSURE, 1995). Portanto observa-se a utilização desta linguagem no campo da 
estética, na comunicação não verbal e sim visual, na informática, nas pinturas, 
fotografias, entre outros. 
As Descrições Imagéticas se referem aos classificadores nas línguas de sinais 
(FELIPE, 2002). As línguas sinalizadas têm sua natureza icônica como “foto da 
realidade” o que remete a não as analisar como as línguas orais, fato este que 
apagaria a visualidade necessária de tais línguas. 
 Sabendo que a Libras tem cunho visuo-motor é possível avaliar a importância 
das imagens para o desenvolvimento do sujeito Surdo, bem como para sua 
comunicação, construção de conceitos e entendimento do mundo (BRASIL, 2002). 
Para Quadros, a Libras é um conjunto de signos partilhados por uma 
comunidade linguística. Enquanto os ouvintes utilizam a audição e verbalizam as 
palavras, os surdos utilizam as mãos e o corpo para se comunicarem através de uma 
comunicação visual (QUADROS; KARNOPP, 2004). 
Os signos linguísticos são unidades de significação (ABAURRE, 2002)tendo o 
pressuposto de conhecimento pelos seus usuários dando significado. Visualmente 
isso ocorre com ouvintes e surdos, como por exemplo, a cor vermelha nos semáforos 
significa “pare”. Considerando que a variedade linguística é advinda do fato das 
línguas serem dinâmicas, vivas e sofrerem variações regionais ou sociais, como as 
palavras “macaxeira” ou “aipim”, o mesmo ocorre com os sinais dentro das línguas 
de sinais, fato este que fortalece o sentido de língua atribuído a Libras. 
Muitas pessoas não surdas, não compreendem a língua sinalizada, sendo 
considerados “estrangeiros” a Libras. A “experiência visual” onde a Libras se constrói 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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e é absorvida somente poderá ser construída a partir do contexto em que o sujeito 
nasce e é criado. Sem a fluência em LS pelos que estão ao seu redor, o surdo tem 
dificuldades na construção e compreensão da LS. 
Para a autora, o adulto surdo somente terá uma identidade forte e centrada 
no ser surdo, a “identidade política surda” se ele estiver em contato com outros 
surdos. Ainda para Perlin, a “identidade surda se constrói dentro de uma cultura 
visual”, sendo esta a experiência que o separa da identidade ouvinte (PERLIN; 
QUADROS, 2006, p. 57). 
A experiência visual surda é necessária para a aquisição das informações. 
Informações estas muito relevantes quando se fala de educação, saúde e trabalho, 
e somente através do caráter visual da língua de sinais que se torna possível uma 
interação eficaz entre os surdos e entre surdos e ouvintes. 
 
 
 
 
 
 INTERAÇÃO SURDO-SURDO 
Segundo Jonhson, Escosteguy e Schulman (2010) através do discurso o sujeito 
consegue perceber sobre si mesmo, muitas vezes indiretamente. O processo é ativo 
de identificação, incorporação, seleção, organização, categorização e 
interpretação de práticas, valores e sentidos. 
 
A Libras é captada e compreendida através dos olhos

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