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Direito Empresarial IIProfessor: Alexandre Altmann Alunos: Lucas e Felipe CONTRATOS BANCÁRIOS 1. Conceito No sentido amplo a palavra, Banco designa todo estabelecimento de crédito comercial e financeiro, que tem por finalidade o comércio de dinheiro e de crédito privado. Os contratos bancários são contratos que necessariamente uma das partes é a instituição financeira, ou seja exerce uma função econômica sendo relacionado ao exercício na atividade bancária. Os contratos bancários podem por sua vez figurar com a aplicação de recursos financeiros próprios, de terceiros ou por meio de intermediação. Assim os contratos bancários são unicamente usados por instituições bancárias autorizadas pelo governo como rege a Lei nº 4.595, de 31.12.1964, em seu art. 17 “Art. 17. Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.” Conceito de contratos bancários: são as modalidades contratuais formalizadas pelos bancos no exercício da atividade bancária, ou seja, com a finalidade de coletar, intermediar ou aplicar recursos junto aos agentes econômicos. Para Fábio Ulhoa Coelho em seu livro Curso de direito comercial, os contratos bancários, são os veículos jurídicos das atividades econômicos de intermediação monetária encontrados no polo de captação e também no de fornecimento financeiro. Característica dos contratos bancários: É que há sempre a presença de um banco exercendo atividade bancária – nem todo contrato celebrado por um banco e contrato bancário um exemplo seria o contrato de locação. 2. Classificação de contratos bancários As operações bancárias, compreendendo os serviços que o banco coloca à disposição dos seus clientes, podem ser divididas em duas categorias: a) Típicas: Relacionadas às atividades bancárias definidas em Lei, podendo as operações ser consideradas passivas, quando há a captações de recursos pelo banco, onde este se coloca na posição de devedor, ou ativas quando ele fornece recursos monetários, e, assim, se coloca na posição de credor; b) Atípicas: Relacionadas às atividades correlatas, as quais não estão definidas em Lei e podem ser exercidas por qualquer sociedade empresária (recebimento de contas, guarda de bens não monetários); Quanto aos contratos, se destacam o Depósito Bancário, Mútuo bancário, Desconto bancário, como os mais relevantes: Depósito Bancário Conceito: Contrato por meio do qual uma pessoa entrega ao banco uma determinada quantia em dinheiro, cabendo ao banco restituí-la na mesma espécie, em data predeterminada ou quando o depositante solicitar. Refere-se à operação passiva do banco – banco é devedor; Resgate do valor: Emissão de cheque, realização de DOC/TED e cartão de débito; Características: Contrato real. Contrato de Mútuo Conceito: Contrato bancário por meio do qual o banco disponibiliza para o cliente determinada quantia cabendo a este pagar ao banco o valor correspondente, com os acréscimos legais, no prazo contratualmente estipulado. Característica: Contrato real, contrato unilateral no qual o banco não assume nenhuma responsabilidade perante o cliente, e também é um contrato que consiste em uma operação ativa do banco. Discussões judiciais: Estipulação de taxas e juros remuneratórios; sumula 26 STJ: “ O avalista do titulo de crédito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas obrigações pactuadas quando no contrato figurar como devedor solidário” ; débito em conta das parcelas do contrato limitado a 30% da renda do devedor. Jurisprudência: ACÓRDÃO EMENTA: CONSUMIDOR – AGRAVO DE INSTRUMENTO – EMPRÉSTIMO BANCÁRIO – DESCONTO EM CONTA CORRENTE – POSSIBILIDADE – ENDIVIDAMENTO COMPATÍVEL COM A RENDA DO AGRAVANTE – ILEGALIDADE NÃO DEMONSTRADA – EXIBIÇÃO DOS CONTRATOS – URGÊNCIA NÃO VERIFICADA – LIMINAR REVOGADA – RECURSO IMPROVIDO 1. Se mostra possível a contratação de empréstimo bancário com previsão de desconto das parcelas diretamente da conta- corrente do tomador, modalidade esta que vi de regra permite o acesso a taxas de juros mais vantajosas para o cliente. 2. Segundo os extratos bancários juntados aos autos, as parcelas de empréstimo descontadas mensalmente na conta-corrente do agravado equivalem a montante inferior àquele de 30% admitido por nossos Tribunais. 3. No tocante aos descontos procedidos pelo banco sob a rubrica “recuperação de crédito”, cumpre pontuar que, em princípio, a referida prática não se mostra ilegal ou abusiva, considerando que cumpre ao tomador do empréstimo, na data avençada para o pagamento da parcela, disponibilizar o numerário respectivo, conforme reconhecido pela jurisprudência pátria. 4. Existem nos autos elementos que revelam que o endividamento atual do agravante decorre de um longo processo de má gestão dos seus recursos financeiros ao longo do tempo, e não oriundo de um evento único e imprevisível, circunstância esta, que em princípio, afasta a urgência da medida pleiteada. 5. No que se refere ao pedido da pronta exibição dos contratos firmados entre o agravante e a instituição bancária agravada, não se observa a lesão grave e de difícil reparação a que estaria sujeito aquele em virtude dam não apresentação dos respectivos instrumentos neste momento processual. 6. Recurso conhecido e improvido. Liminar revogada. (TJES, Classe: Agravo de Instrumento, 35159003660, Relator: FERNANDO ESTEVAM BRAVIN RUY, Órgão julgador: SEGUNDA CÂMARA CÍ VEL, Data de Julgamento: 17/11/2015, Data da Publicação no Diário: 25/11/2015) Contrato de desconto bancário Conceito: “Contrato por meio do qual o banco antecipa ao cliente um crédito por ele titularizado, mas ainda não vencido, descontando do valor principal os juros, comissão e despesas pela antecipação”. (Thiago Ferreira Cardoso Neves). Característica: Contrato real e contrato bilateral. Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor Atualmente, não existem mais dúvidas quanto à aplicação do CDC aos contratos bancários. Apesar de disposto no próprio Código e na maioria entendimentos doutrinários, algumas instituições bancárias não entendem da mesma forma, portanto, iremos analisar tal aplicação. Tendo em vista que a maioria dos contratos é massificada e que limita a liberdade de contratação, bem como que o consumidor é a parte economicamente mais fraca, existia a necessidade de proteger essa desigualdade entre contratante e contratado, motivo pelo qual, criou-se o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990, que por sua vez, supriu a lacuna existente em relação aos serviços bancários, os regulando, conforme disposto no art. 3º, parágrafo 2º, da Lei supracitada. Reforçando a afirmação anterior, vale mencionar também, o posicionamento das Instâncias Superiores, quais sejam, a Súmula n. 297 do STJ: “O CDC é aplicável às instituições financeiras”; e o entendimento do Supremo Tribunal Federal que, por maioria de votos, julgou improcedente o pedido formulado na Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) n. 2591 proposta pela Confederação Nacional das Instituições Financeiras (Consif) em que era pleiteada a inconstitucionalidade do artigo 3º, parágrafo 2º, do CDC, na parte que considera a aplicação de tal Código nas relações bancárias . Entretanto, com quase maioria absoluta de votos(nove votos para dois) o STF julgou improcedente a ADIn nº. 2591, sendo mantida a posição de que o CDC deve proteger as relações de consumo de natureza bancária ou financeira, sustentada no argumento que o Código Defesa do consumidor não contraria normas regulamentadoras do Sistema Financeiro, devendo assim ser aplicado às atividades bancárias. Argumentou-se também que a relação entre o banco e um cliente é nitidamente uma relação consumeirista. Referências LEI da Reforma Bancária. 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4595.htm>. Acesso em: 06 jun. 2018. COELHO, Fábio Ulhôa. Curso de Direito Comercial. V.3.14. Ed. São Paulo: Saraiva, 2013. CÓDIGO de Defesa do Consumidor. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8078.htm>. Acesso em: 06 jun. 2018. AÇÃO Direta de Inconstitucionalidade nº 2.591. 2001. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=266855>. Acesso em: 06 jun. 2018. SUMULA n. 297 do Superior Tribunal de Justiça. 2004. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas- 2011_23_capSumula297.pdf>. Acesso em: 06 maio 2018. DALLAGNOL, Deltan Martinazzo. Contratos bancários: conceito, classificação e características. Disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index. php? N_link=revista_artigos_leitura & artigo_id=4608> Acesso em: 06 de junho de 2018.
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