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1 Processos de Aprendizagem CADERNO DE ATIVIDADES PSICOLOGIA APLICADA AO DIREITO Prof. Ms. Antonio de Queiroz Pereira Calças 2. PROCESSOS DE APRENDIZAGEM (Pontos principais do Cap. 3 de: DAVIDOFF, Linda. Introdução à psicologia. Trad. Lenke Perz. 3ª ed. São Paulo: Makron Books, 2001) APRENDIZAGEM POR CONDICIONAMENTO, APRENDIZAGEM POR OBSERVAÇÃO A aprendizagem pode ser dividida em duas categorias: cognitivo-perceptual e comportamental. A aprendizagem cognitivo-comportamental inclui uma variedade de processos de aprendizagem que dependem das operações mentais. Você observa uma flor e forma alguma imagem dela. Memoriza um poema. Enfrenta um problema difícil e resolve. Adquire informações sobre história. A aprendizagem comportamental se refere a mudanças relativamente duradouras no comportamento resultantes de experiências. Este texto trata apenas da aprendizagem comportamental. Aprendizagem Comportamental As mudanças comportamentais resultantes das experiências ocorrem em função da aquisição de novas associações, informações, insights, habilidades e hábitos. Esse tipo de aprendizagem é o elemento central de todos os ramos da psicologia. Todos os animais, dos mais simples aos mais complexos, passam grande parte do tempo aprendendo. Quanto mais complexo o animal, mas expressivamente a aprendizagem contribui para sua modelagem. As mudanças de comportamento não ocorrem só em função da aprendizagem. Fadiga, drogas, motivos, patologias, emoções e maturação também são responsáveis por modificações importantes. Aprendizagem por Condicionamento Respondente ou Reflexo Todos os animais são munidos, por sua herança genética, de respostas automáticas, as quais chamamos de comportamentos respondentes Respondentes são reações do organismo desencadeadas por eventos(estímulos) que imediatamente os precedem. O evento desencadeador da reação é denominado estímulo eliciador. Temperatura do ambiente elevada produz sudorese. O estouro de uma bomba produz uma reação de estremecimento. A luz forte faz as pupilas contraírem. Temperatura elevada, estouro (som) e luz forte são estímulos eliciadores. Sudorese, estremecimentoe contração da pupila são denominados respostas ou respondentes. Os respondentes incluem os reflexos da musculatura esquelética (estremecer, retirar a mão de uma superfície quente), as reações emocionais imediatas (raiva, medo, alegria) e outras respostas controladas pelo sistema nervoso autônomo (enjoo, salivação). Todos os respondentes apresentam as seguintes características: 1. Surgem involuntariamente. Órgãos e glândulas estão tipicamente envolvidos. A maioria das pessoas não consegue estremecer, sentir náuseas, salivar, assustar-se ou sentir enjoo voluntariamente. 2. São controlados por eventos que os precedem, os estímulos eliciadores. 3. Não são aprendidos e universais. Todos os animais de uma espécie que atingiram um determinado estágio de desenvolvimento exibem, automaticamente, os mesmos respondentes quando confrontados com os estímulos eliciadores apropriados. Muitos respondentes parecem estar programados dentro do corpo para proteção e sobrevivência. O condicionamento respondente Um respondente pode ser transferido de uma situação para outra por um procedimento chamado condicionamento respondente ou condicionamento reflexo. O estremecimento, uma resposta comumente dada ao ruído de um trovão, é facilmente transferido para a visão que em geral precede o trovão – o relâmpago. A sensação de enjoo, outro respondente, é facilmente transferida de uma experiência de intoxicação alimentar ou de uma virose para alguma experiência paralela – digamos, a visão de um prato de salada de caranguejo. Quando dizemos “transferido”, queremos dizer que um novo estímulo adquire a capacidade de evocar o respondente. O estímulo eliciador permanece eficaz. Quatro elementos estão envolvidos: 1. O estímulo incondicionado(Sinc) é um estímulo eliciador que produz um respondente automaticamente. O alimento na boca é um estímulo incondicionado para a resposta de salivação. 2. A resposta incondicionada(Rinc) é o respondente produzido automaticamente pelo estímulo incondicionado. A salivação produzida pelo alimento na boca. 3. Um estímulo neutro(SN) é qualquer evento, objeto ou experiência que não elicia (produz) a resposta incondicionada até que o condicionamento seja iniciado. O estímulo neutro tem que ser emparelhado (associado) ao estímulo incondicionado para que ocorra o condicionamento. A aproximação das mãos de uma pessoa em direção à barriga da outra, inicialmente não produz nenhuma reação. A aproximação das mãos é um SN porque não evoca, inicialmente, a reação de cócegas. 4. Depois que o estímulo neutro é associado ao estímulo incondicionado (SN + Sinc) – aproximação das mãos + fazer “cócegas” – ele desencadeia uma reação similar à resposta incondicionada, que é chamada de resposta condicionada( Rcond). A resposta condicionada é menos intensa e menos completa do que a resposta incondicionada. Assim que o estímulo neutro tiver começado a produzir a resposta condicionada, seu nome muda para estímulo condicionado(Scond). Antes do condicionamento, o estímulo neutro não evoca uma resposta (incondicionada ou condicionada). O estímulo incondicionado evoca uma resposta incondicionada. Durante o condicionamento, o estímulo neutro é seguido de um estímulo incondicionado, o qual evoca a resposta incondicionada. Os estímulos neutros e incondicionados em geral ocorrem repetidamente emparelhados. Após o condicionamento, o estímulo que era neutro (agora é denominado condicionado) evoca uma resposta condicionada, bastante similar à resposta incondicionada. Um exemplo de condicionamento: Crianças recém-nascidas são provavelmente condicionadas de forma respondente a ter sentimentos positivos pelos pais (ou cuidadores). O ato de acariciar pelos pais(Sinc) gera alegria e bem estar na criança(Rinc).O carinho (Sinc) é pareado com a visão/presença dos pais (SN), que, de início, não provoca alegria. Depois que os pais são repetidamente associados com carinho, apenas o “ver os pais” já evoca uma resposta emocional de alegria. Atribui-se a Ivan Petrovich Pavlov, fisiologista russo, a descoberta do condicionamento respondente. Já tinha recebido o Prêmio Nobel de fisiologia quando iniciou sua pesquisa sobre condicionamento. Quando estudava as secreções digestivas em cães, Pavlov notou que os animais salivavam diante de outros estímulos além do alimento. Salivavam quando viam a pessoa que os alimentava e quando ouviam os passos dessa pessoa. No princípio, essas inexplicáveis salivações eram inoportunas; mas, progressivamente, foram chamando a atenção de Pavlov. Posteriormente, ele e seus assistentes estabeleceram uma versão simplificada da situação que produzira as peculiares salivações. (veja esse experimento nos slides apresentados em aula) Princípios e aplicações do condicionamento respondente o Aquisição - o emparelhamento do estímulo neutro com o estímulo incondicionado (em geral, repetidamente) até que apareça uma resposta condicionada, é chamado de aquisição, ou treinamento de aquisição. Qualquer evento que aumente a probabilidade de uma resposta específica ocorrer sob circunstâncias similares é chamado de reforçamento ou reforçador. O emparelhamento dos estímulos neutro e incondicionado reforça a resposta condicionada no condicionamento respondente. o Aquisição de um medo em Albert Bebês humanos recém-nascidos supostamente nascem com medo de estímulosintensos, novos ou súbitos. Provavelmente são programados geneticamente nos seres humanos para nos ajudar a sobreviver. Os gritos de um bebê aterrorizado em geral chamam a atenção de uma pessoa para eliminar os perigos potenciais. John Watson e Rosalie Rayner realizaram um controvertido experimento. Escolheram Albert, um menino de 9 meses, filho de uma ama-de- leite de um hospital. A escolha ocorreu porque aparentava ser uma criança muita calma. Ao ser testado, demonstrou não sentir medo de ratos, coelhos, cães, macacos, máscaras, algodão cru e jornais queimando. A única coisa que o aterrorizava era o som inesperado de um martelo batendo em uma barra de aço atrás de suas costas. O condicionamento teve início dois meses depois, quando Albert tinha 11 meses. Foi apresentado um rato branco ao menino sobre um colchão no laboratório. Assim que Albert pegou o animal, um dos investigadores bateu na barra de aço com o martelo atrás da cabeça do menino. Albert “pulou violentamente e caiu para frente, enterrando o rosto no colchão”. Quando tentou pegar o rato novamente, a barra de aço foi novamente atingida pelo martelo. Desta vez, Albert “pulou violentamente, caiu para frente e começou a choramingar”. Não houve mais ensaios naquela semana; porém uma semana depois, Albert voltou e recomeçaram os ensaios. Foram necessários mais cinco ensaios (totalizando sete) para estabelecer um medo de ratos brancos. Quando, cinco dias depois, Albert foi testado, ele passara a ter medo – além do rato branco – de um coelho branco, de um casaco de pele de foca, de algodão cru, do cabelo de Watson (branco), de um cão e uma máscara de Papai Noel. O medo condicionado do rato branco foi generalizado para outros estímulos, também anteriormente neutros. A generalização de estímulos ocorre quando a resposta condicionada difunde-se por objetos similares ao estímulo condicionado ou por aspectos da situação na qual a resposta foi inicialmente condicionada. o Condicionamento vicariante do medo As pessoas não precisam ter experiências assustadoras com estímulos neutros para passar a ter medo delas. Como somos seres dotados de cognição, frequentemente nos assustamos com aquilo que vemos e imaginamos. Suponha que a visão de uma piscina (um estímulo inicialmente neutro) forme repetidamente um emparelhamento com avisos de alerta, histórias aterrorizantes de um afogamento e o estado de apreensão de sua mãe. Qualquer desses incidentes pode funcionar e estabelecer uma resposta condicionada de medo de piscinas. Muitos medos humanos parecem ter sido aprendidos de forma vicariante (indiretamente, por meio de participação imaginária). o Extinção e recuperação espontânea Uma vez adquirida uma resposta condicionada, pode-se esperar que persista enquanto o estímulo condicionado estiver associado em pelo menos parte do tempo com o estímulo incondicionado. Se o estímulo condicionado for apresentado sistematicamente sozinho, sem o reforçamento (emparelhamento com o estímulo incondicionado), a resposta condicionada tende a declinar em frequência (enfraquece) até que volte à situação inicial (antes do condicionamento). Esse fenômeno chama-se de extinção respondente. Na vida, respostas emocionais condicionadas frequentemente se extinguem. Na ausência de experiências assustadoras com animais de pelo, a resposta de medo do menino Albert pode ter-se extinguido naturalmente. Embora as respostas condicionadas desapareçam com o tempo, se não forem reforçadas, elas não são “apagadas” por completo. Pavlov descobriu esse princípio – recuperação espontânea – quando cães eram levados ao laboratório após a extinção e um período de descanso. Quando os animais voltavam a se confrontar com o estímulo condicionado frequentemente voltavam a dar uma resposta condicionada. o Generalização e discriminação de estímulo A generalização de estímulo ocorre, como dito anteriormente, quando a resposta condicionada difunde-se para objetos similares ao estímulo condicionado ou por aspectos da situação na qual a resposta foi inicialmente condicionada. Experiências agradáveis ou desagradáveis podem ser associadas a outras semelhantes. Ser atacado por um cachorro pode estabelecer um medo condicionado. Passar a ter medo de cachorros de tamanhos e raças diferentes é um exemplo de generalização de estímulos. A discriminação de estímulo é o oposto da generalização de estímulo. Embora os animais respondam a um ou mais estímulos similares àqueles presentes durante o condicionamento (generalização de estímulos), eles não respondem a todos os estímulos similares. A falta de resposta a alguns estímulos similares é denominada discriminação de estímulo. Em qualquer das situações, você verificará tanto discriminação como generalização. Ao dirigir um automóvel em pista molhada, este derrapa e sai da pista. Passar a sentir medo de dirigir em dias chuvosos é um exemplo de generalização de estímulo. Não sentir medo de dirigir com o tempo seco é um exemplo de discriminação de estímulo. #### Aprendizagem por Condicionamento Operante ou Instrumental Um segundo processo de aprendizagem comportamental é chamado de condicionamento operante ou instrumental. Operantes são comportamentos ou ações voluntárias que os animais iniciam, sem a necessidade de um estímulo eliciador. Andar, dançar, sorrir, beijar, escrever, beber água, assistir à televisão, fofocar, jogar videogame são operantes humanos comuns. Enquanto o sistema nervoso autônomo (SNA) medeia os respondentes, o sistema nervoso central (SNC), que exerce controle sobre os movimentos dos músculos esqueléticos, medeia os operantes. Embora os operantes pareçam espontâneos e sob pleno controle do animal, são altamente influenciados por seus efeitos. Em alguns casos, são também controlados por eventos precedentes. O condicionamento operante O condicionamento operante ocorre sempre que os efeitos que se seguem a um operante aumentam ou diminuem a probabilidade de o operante voltar a ser desempenhado em uma situação similar. Em outras palavras, a frequência relativa ou intensidade de uma ação é modificada durante o condicionamento operante. O princípio básico do condicionamento operante é simples. Se um comportamento operante é repetidamente seguido de resultados agradáveis ao aprendiz, o ato tende a ser desempenhado com maior frequência em situações similares. Se, entretanto, o comportamento for geralmente seguido de consequências desagradáveis, tende a ser repetido com menor frequência sob circunstâncias semelhantes. Em qualquer dos casos, a probabilidade de ocorrer um determinado operante em uma situação específica foi modificada por seus efeitos.(Lei do Efeito de Thorndike) o Aprendizagem por ensaio-erro-e-acerto de Thorndike Edward Thorndike, psicólogo americano, observava gatos famintos para descobrir como eles resolviam problemas. Gatos e privados de alimentos eram colocados em caixas-problema, gaiolas das quais os animais podiam escapar mediante atos simples como manipular um cordão, apertar uma alavanca ou subir numa plataforma. Como incentivo para resolver o problema, um prato de alimento era colocado do lado de fora da gaiola, onde podia ser visto e farejado. Em resumo, os gatos agiam assim: Quando colocado em uma caixa, o gato exibe sinais evidentes de desconforto e um impulso para fugir ao confinamento. Ele tenta espremer-se para atravessar qualquer abertura; arranha e morde as barras ou o arame; estende as patas para fora através de qualquer abertura e arranha o que estiver a seu alcance; continua esforçando-se quando atinge alguma coisa solta ou oscilante; pode atacar com as garras qualquer coisa dentroda caixa. Não presta muita atenção à comida do lado de fora, mas parece simplesmente lutar de forma instintiva para fugir ao confinamento. Por oito ou dez minutos, arranha e morde e vai se espremer incessantemente. O gato ataca a caixa inteira e, em certo momento, arranhará o cordão ou a argola ou o botão que abrirá a porta. E gradativamente todos os outros impulsos malsucedidos serão eliminados e o impulso específico que leva à ação bem-sucedida ficará instalado pelo prazer resultante (de escapar e da comida disponível), até que, após muitos ensaios, o gato, quando posto na caixa, vai imediatamente bater a pata na argola ou o botão de uma forma definida. Thorndike acreditava que todos os animais – inclusive o homem – resolviam problemas por tentativa e erro. No princípio, o animal tenta várias respostas “instintivas”. Os comportamentos bem-sucedidos tornam-se mais frequentes, “instalados”, presumivelmente pelo prazer do sucesso. Ao mesmo tempo, os atos malsucedidos são “eliminados” por não produzirem o resultado desejado. O prazer das consequências, em outras palavras, é uma influência fundamental na aprendizagem, uma ideia conhecida como lei do efeito. o Skinner e a tecnologia operante No final da terceira década do século XX Skinner começou a investigar o comportamento operante, estudando grupos de pombos e ratos. Ele supunha que essa era a tática mais eficiente para descobrir as leis básicas do aprendizado operante. A pesquisa de Skinner conduziu a uma sofisticada tecnologia de ensino conhecida como modificação de comportamento, utilizada mundialmente. Princípios e aplicações do condicionamento operante Embora poucas pessoas usem deliberadamente os princípios do condicionamento operante, as suas leis atuam constantemente no nosso cotidiano. o Reforçamento Tanto no condicionamento respondente quanto no operante, o reforçamento fortalece o comportamento. Porém, há diferenças. No condicionamento respondente, o reforçamento precede a resposta. No condicionamento operante, o reforçamento sucede a ação fortalecida. Também a natureza do procedimento de reforçamento difere nos dois tipos de aprendizagem. Os respondentes são reforçados pelo par formado pelos estímulos (SN+SINC). Os operantes são reforçados pelas consequências agradáveis para o aprendiz. Há dois tipos de reforçamento operante: reforçamento positivo e reforçamento negativo. o Reforçamento Positivo Quando um comportamento operante é fortalecido pela apresentação de um evento (estímulo) posterior, o processo (de fortalecer) é denominado de reforçamento positivo e a consequência (evento) é chamada de reforçador positivo. O jargão de condicionamento é difícil para os estudantes porque seus termos entram em conflito com o uso comum. O adjetivo “positivo” refere-se ao fato de que uma consequência foi apresentada, em vez de removida. O substantivo “reforçamento” significa que o comportamento condicionado foi fortalecido, em vez de enfraquecido. Exemplo: o O aluno que faz piadas e “palhaçadas” em aula são seguidas por atenção e gargalhadas dos colegas e aumentam de frequência. Fazer piadas e palhaçadas é um comportamento operante (voluntário). A atenção e gargalhadas dos colegas são as consequências do comportamento. Quando as consequências tornam o comportamento mais frequente, diz-se que são reforçadores. A atenção e gargalhadas surgem (aparecem) em função do comportamento do aluno, por isso o reforçador é qualificado de positivo – evento acrescentado, adicionado, somado (símbolo matemático). O reforçamento é definido em termos de seus efeitos. A consequência só será denominada reforçadora se aumentar a frequência do comportamento responsável por ela. o Reforçamento Negativo Quando o operante é fortalecido pela remoção ou enfraquecimento de algum evento que já estava presente na situação, o processo é denominado de reforçamento negativo e a consequência de reforço negativo. A consequência não é a “coisa” removida, mas a própria remoção. O evento removido é chamado de estímulo punitivo. Portanto, os reforçadores negativos fortalecem a conduta pela remoção dos estímulos punitivos (ou aversivos). “Negativo” refere-se ao fato de que a consequência foi removida. Não significa que foi uma “má” resposta. O reforçamento negativo fortalece os comportamentos que livram os indivíduos de irritações ou incômodos, portanto um resultado agradável. Há dois tipos de reforçamento negativo: condicionamento de fuga e condicionamento de esquiva. Condicionamento de Fuga: durante o condicionamento de fuga, os comportamentos operantes são fortalecidos porque fazem cessar algum evento que o organismo considera desagradável. Exemplos: o Tapar os ouvidos durante tempestades com trovões. Os trovões são estímulos aversivos, irritantes, amedrontadores. O comportamento de “tapar os ouvidos” faz cessar ou diminui a intensidade do estímulo aversivo. Isto é, a consequência do comportamento é a “remoção” do estímulo aversivo. Condicionamento de Esquiva: durante o condicionamento de esquiva, os operantes são fortalecidos porque adiam ou evitam algo que o organismo antecipacomo desagradável. Exemplos: o Os estudantes estudam para evitar notas vermelhas. o Crianças obedecem aos pais para não serem castigadas. o Muitas pessoas cumprem as leis para não serem multadas ou presas. o Modelagem É uma estratégia de reforçamento positivo para ensinar novas ações. O reforçamento está associado às aproximações cada vez maiores (mais parecidas) ao comportamento desejado, até que o objetivo seja alcançado. No início o treinador reforça um ato (comportamento) que o organismo é capaz de desempenhar, mas é apenas vagamente semelhante ao comportamento desejado. À medida que esse comportamento é fortalecido, o treinador torna- se mais seletivo, mais exigente. O processo prossegue desta forma até que o objetivo seja atingido. Exemplo: o Ler e escrever. o Jogar boliche. o Falar uma língua. o Extinção Operante Quando o reforçamento para um comportamento é retirado (não é mais apresentado), este comportamento declina gradativamente. A diminuição da frequência do comportamento em função da suspensão do reforço é chamada extinção operante. Exemplos: o O fumante que tenta acender o cigarro com um isqueiro sem gás. o Telefonar e não ser atendido. Quando o comportamento é emitido e não é reforçado, tende a não ocorrer novamente. o Generalização e discriminação de estímulos Generalização: o comportamento condicionado em uma situação pode passar a ser emitido em outras situações similares (não iguais), desde que seja seguido de reforço. Exemplo: o O professor ler as respostas de provas escritas por diversos alunos (com letras diferentes) Discriminação: o comportamento condicionado em uma situação não é emitido em situações similares, por não ser seguido de reforço. Exemplo: o O adolescente que fala palavrões na presença dos amigos, mas não o faz na presença dos pais. o Reforçadores o Intrínsecos O próprio comportamento é uma fonte de sentimentos agradáveis, sendo automaticamente reforçado toda vez em que ocorre. Comportamentos intrinsecamente reforçadores incluem aqueles que satisfazem motivos de base fisiológica, como a fome ou desejo sexual. Atividades que fornecem estimulação sensorial agradável – dançar, tocar instrumentos musicais, ler, explorar – também são intrinsecamente reforçadores. Atividades intrinsecamente reforçadoras nem sempre assim o são desde o início. É necessário atingir a proficiênciaantes que jogar xadrez, jogar tênis, ou tocar violão tornem-se inerentemente reforçadores. Durante o reforçamento negativo, comportamentos que permitem à pessoa evitar ou escapar do perigo ou da dor – desde fugir do inimigo até desinfetar um arranhão – são intrinsecamente reforçadores. o Extrínsecos São consequências externas ao indivíduo que fortalecem os comportamentos que as produzem. As recompensas não fazem parte do comportamento em si. Podem ser divididos em três categorias: reforçadores primários ou não aprendidos, reforçadores sociais e reforçadores secundários ou condicionados. Reforçadores primários: não precisam de qualquer treinamento anterior. São poderosos em fortalecer o comportamento desejado. Alimento, água, doces, objetos que estimulam sensorialmente, sexo, entre outros. Reforçadores sociais: reforçadores que dependem de outras pessoas. Incluem afeto, atenção, aprovação, reconhecimento, sorriso, respeito. A retirada da rejeição, da raiva, da desaprovação são também reforçadores sociais comuns no reforçamento negativo. O comportamento de pedir perdão pode ser reforçado negativamente com a diminuição da raiva ou da desaprovação em relação a quem pede o perdão. O sexo pode ser considerado um reforçador primário ou social (já que depende da participação de outra pessoa). Reforçadores secundários: são eventos que inicialmente não reforçam, mas adquirem o poder de reforçar por serem associados (pareados) com reforçadores primários. O dinheiro não é reforçador por si mesmo. Torna- se reforçador por estar associado a aquisição de alimento, estimulação e confortos de toda a espécie. Medalhas, pontos e notas de boletim adquirem propriedades reforçadoras quando ligadas à conquista e aprovação. o Punição Processo de condicionamento operante que ocorre quando um comportamento é seguido por uma consequência que reduz sua frequência em situações similares. Isto é, um comportamento é enfraquecido pela consequência que o sucede. o Punição Positiva Ocorre quando um comportamento é enfraquecido pela apresentação de um evento que o sucede. O evento é avaliado como desagradável pela pessoa e é denominado estímulo punitivo ou aversivo. É denominada positiva porque após o comportamento ser emitido ocorre a apresentação (a adição) ou aparecimento do evento (estímulo) que o enfraquece. As palmadas recebidas pela criança (evento consequente) por ter tido um comportamento considerado errado pelos pais. Andar descalço na areia quente da praia queima os pés. Queimar os pés (evento aversivo que ocorre devido ao comportamento de andar descalço) enfraquece esse comportamento e a pessoa passa a usar chinelos para caminhar na areia da praia. Por andar descalço (comportamento) a pessoa teve como consequência queimar os pés (punição positiva). o Punição Negativa Ocorre quando um comportamento é enfraquecido pela retirada de um evento que o sucede. O evento é avaliado como agradável pela pessoa. É a retirada do reforço positivo. É denominada negativa porque após o comportamento ser emitido ocorre a retirada (a supressão) ou desaparecimento do evento (estímulo) que o enfraquece. A punição negativa também é chamada custo de resposta. O adolescente que chega tarde em casa tem a mesada cortada. O comportamento (chegar tarde) teve como consequência a perda (retirada) da mesada (punição negativa). A pessoa que comete um crime (comportamento) tem como consequência o pagamento de multa (perda de dinheiro) ou reclusão (perda da liberdade). ##### Aprendizagem por Observação A aprendizagem por observação também é conhecida por modelação, imitação ou aprendizagem social. Organismos simples e complexos aprendem pela observação. Até mesmo os recém-nascidos imitam, sugerindo uma propensão inata. Qualquer coisa que possa ser aprendida diretamente pode também ser aprendida pela observação, segundo Albert Bandura, pesquisador pioneiro da aprendizagem por observação. A observação de outros “abrevia” a aprendizagem. Bandura alega que se tivesse de se basear exclusivamente nas próprias ações para aprender, a maioria de nós não sobreviveria ao processo de aprendizagem. O âmbito da aprendizagem por observação vai além da mímica perfeita ou imitação. Em muitos casos, as pessoas extraem ideias gerais, o que lhes permite ir muito além daquilo que veem e ouvem. Embora você provavelmente não use as expressões exatas usadas por seus pais, é muito provável que tenha adquirido alguns padrões sociais deles, talvez um estilo de lidar com a raiva, de resolver problemas, de interagir com membros do sexo oposto ou de comportamento maternal ou paternal. Os modelos têm vários outros efeitos notáveis. Diminuindo as inibições, eles nos tornam mais propensos a fazer coisas que já sabemos como fazer, mas jamais fizemos antes. Além disso, ver repetidas vezes as ações de um modelo é “dessensibilizante”. Condutas que de início nos sobressaltam, estimulam ou perturbam – a crueldade, por exemplo – podem perder o impacto mediante exposição. o Fases da aprendizagem por observação: 1. Aquisição – o aprendiz observa o modelo e reconhece as características distintivas de sua conduta. 2. Retenção – as respostas do modelo são ativamente armazenadas na memória. 3. Desempenho – se o aprendiz aceita o comportamento do modelo como apropriado e passível de levar a consequências (reforços) por ele valorizadas, o aprendiz o reproduz. 4. Consequências – a conduta do aprendiz resulta em consequências que virão fortalecê-la ou enfraquecê-la. Em outras palavras, ocorre o condicionamento operante. A aprendizagem por observação é mais complicada do que os condicionamentos operante e respondente. Ela sempre envolve algum tipo de atividade cognitiva e costuma ser também muito mais demorada. o Características do modelo o Imitamos pessoas que parecem bem-sucedidas,”glamourosas”, poderosas ou que tenham alto status. o Imitamos também indivíduos com os quais nos identificamos, aqueles do mesmo sexo e de faixa etária, nível socioeconômico, temperamento, nível de instrução e valores semelhantes. o Somos mais propensos, principalmente as crianças, a imitar vários modelos com comportamentos semelhantes do que um único modelo.
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