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PRINCIPAIS MÉTODOS CIENTÍFICOS 
No campo jurídico, o pesquisador poderá optar por métodos específicos deste setor e por outros de natureza sociológica, não havendo qualquer obstáculo neste sentido. Na realidade, o uso de métodos de natureza sociológica enriquecerá o trabalho desenvolvido pelo operador do direito, possibilitando-lhe uma visão mais ampla e multifacetária da realidade. Compondo o Direito o rol das Ciências Sociais Aplicadas, os métodos científicos, filosóficos e sociológicos delineados nesta exposição podem ser trilhados para que as investigações de problemas jurídicos sejam encetadas. Entretanto, as peculiaridades que tonificam a Ciência do Direito fomentaram o surgimento e o desenvolvimento de métodos específicos que devem ser conhecidos pelos profissionais do âmbito jurídico para que possam elaborar projetos de pesquisa mais direcionados ao setor trabalhado, atingindo resultados mais profícuos e proveitosos.
A metodologia da pesquisa no campo jurídico tem sido objeto de análise por parte de vários estudiosos da temática, sendo utilizados para a redação deste tópico trabalhos específicos estrangeiros e nacionais. No plano da doutrina alienígena, as obras de Jorge Witker e de Enrique Herrera,  serviram de parâmetros básicos para o tratamento da questão. No âmbito nacional, as orientações de Tércio Sampaio Ferraz Júnior, Eduardo Bittar, Miracy Gustin e Maria Tereza Fonseca, que se referem bastante a Witker e à Herrera, e João Maurício Adeodato serviram de sustentáculos para que o texto fosse produzido. Na pós-modernidade, a Ciência do Direito não pode mais ser vista apenas como um simples conjunto de teorias sobre as normas vigentes e suas exigências práticas, comportando tão-somente um saber dogmático. Até meados do século XX, atribuia-se uma maior ênfase ao aspecto regulador do Direito que era entendido somente como um arcabouço de normas, proibições, obrigações e instituições, destinando-se a Ciência Jurídica à sistematização e à interpretação unidisciplinar deste conglomerado. Neste período, o saber jurídico tinha natureza eminentemente dogmático-tecnológica, dedicando-se ao exame dos conceitos de vigência e de eficiência procedimental, sem se voltar para a problematização dos fenômenos sócio jurídicos e muito menos para as formas de sua atuação e regulação..
Com o perpassar dos tempos, uma nova conotação veio a ser atribuída à Ciência do Direito, não mais ficando adstrita à mera análise da vigência e da eficiência dos procedimentos que as geravam. Tércio Sampaio Ferraz Júnior leciona que a ciência jurídica possui perspectivas zetéticas e dogmáticas, não estando fincada ao exame puro e isolado das normas. Sobre as zetéticas, enumera: (1) zetética empírica pura (sociologia jurídica; antropologia jurídica; etonologia jurídica; história do direito; psicologia jurídica; politologia jurídica; economia política); (2) zetética empírica aplicada (psicologia forense, criminologia; penalogia; medicina legal; política legislativa); (3) zetética analítica pura (filosofia do direito; lógica formal das normas; metodologia jurídica); e (4) zetética analítica aplicada (teoria geral do direito; lógica do raciocínio jurídico). A produção do saber jurídico, segundo Miracy Gustin e Maria Teresa Fonseca, tem sido efetivada com base em modelos teóricos e linhas metodológicas que servem de paradigmas para que as pesquisas no ramo do Direito sejam concretizadas. Quatro modelos teóricos são apontados, quais sejam: a) o analítico, b) o hermenêutico, c) o empírico e d) o argumentativo. Quanto às linhas metodológicas, citam-se a tecnologia social científica, a de sentido jurisprudencial e a crítico-metodológica. Os tipos genéricos de investigações no campo jurídico, segundo Witker, são: a) histórico-jurídicas; b) jurídico-exploratórias; c) jurídico-comparativas; d) jurídico-descritivas; e) jurídico-projetivas; e f) jurídico-propostivas.
O modelo analítico destina-se à sistematização de regras e de normas, sendo taxado de caráter formalista, interessando-se restritamente pelas questões referentes ao próprio ordenamento jurídico e às relações internas, não se espargindo para uma análise crítica e complexa. Acentuam Gustin e Fonseca que, com tal modelo, a produção do conhecimento da Ciência do Direito “tinha como elemento primordial a norma e, como paradigma, o Direito como campo autônomo com relação à sociedade”. Por outro lado, o modelo hermenêutico ou a teoria da interpretação edifica-se como “sistema jurídico aplicado e compreensivo das condutas humanas por meio da atividade discursivo-interpretativa”.
Trabalhado por Viehweg, o modelo empírico investiga normas de convivência, no interior ou no exterior do ordenamento jurídico, e tem como objetivo propiciar subsídios para os procedimentos decisórios formais e não formalizados, constituindo-se como uma teoria da decisão jurídica. O modelo da teoria da argumentação jurídica termina por inverter o procedimento de subsunção silogística, construindo-se a premissa maior a partir do detido exame do caso e não da extração direta do conteúdo da norma. Segundo Gustin e Fonseca, o fundamento dessa inversão “deriva do entendimento de que as premissas maiores, por si, já não dão conta da complexidade do ‘real’ como dado antecedente construído”. Há a necessidade de convencimento por meio da “atribuição de validade aos argumentos utilizados e de legitimidade dos procedimentos decisórios e dos próprios argumentos”.
A complexidade contextual que caracteriza o setor jurídico acarretou a superação de metodologias de matriz estritamente positivistas ou formalistas e, ao invés de o tradicionalismo jurídico formalista continuar dominando o espaço da pesquisa jurídica, surgiram três grandes vertentes teórico-metodológicas da pesquisa social. A linha da tecnologia social científica conduz o pensamento jurídico para as questões sociais, substituindo “drasticamente os valores pelos fins e os fundamentos pelos efeitos”, dando origem ao intitulado pragmatismo metodológico que exerceu forte influência no sistema norte-americano. A linha metodológica de sentido jurisprudencial estrutura-se a partir de uma nova modalidade de assumir metodicamente “a dialética entre ordenamento e problema localizado, enquanto coordenadas complementares e irredutíveis do juízo jurídico”. A linha crítico-metodológica propõe uma teoria crítica da realidade e traz à tona duas teses: a primeira argumenta que “o pensamento jurídico é tópico e não dedutivo, é problemático e não sistemático”, lidando com a noção de “razão prática e de razão prudencial para o favorecimento da decisão jurídica”. A segunda tese integra a versão arregimentada pela teoria do discurso e pela teoria argumentativa, compreendendo o Direito como “uma rede complexa de linguagens e de significados”.
A partir dessas linhas foram desenvolvidos grandes vertentes teórico-metodológicas vindo Gustin e Fonseca a citarem, como exemplos, as que foram propostas por Herrera e por Witker. Tais autores citam como veios técnico-metodológicos o jurídico-dogmático, o jurídico-sociológico e o jurídico-teórico, sendo que as citadas autoras apenas adotam os dois primeiros.
A vertente jurídico-dogmática traduz Witker, enxerga o Direito como “autossuficiência metodológica” e lida basicamente com os elementos que compõem o próprio ordenamento jurídico, realizando investigações que não ultrapassam a compreensão das relações normativas nos setores internos do Direito trabalha eminentemente com a noção de eficiência das relações “entre e nos institutos jurídicos, restringindo a análise do discurso normativo aos limites do ordenamento”. Para as autoras em epígrafe, a vertente em análise não necessariamente deve ser considerada metodologicamente autosuficiente, devendo lidar com relações normativas, sem, entretanto, restar voltada “apenas para o interior do ordenamento ou ali enclausurada”, argumentam que as relações normativas suscitam também um exame sob o enfoque externo, “vital, no mundo dos valores e relações da vida”, não interessando a eficiênciadas relações normativas vista de forma isolada, mas inclusive sua eficácia – o que não significa transformar a vertente dogmática em um tipo sociológico puro.
A vertente jurídico-sociológica propõe a compreensão do fenômeno jurídico no ambiente social mais amplo, analisando o Direito como variável “dependente da sociedade e trabalha com as noções de eficiência, eficácia e de efetividade das relações direito/sociedade”. Não ignora a factibilidade do Direito e muito menos as suas relações contraditórias com os setores socioculturais, político e antropológico. De forma diversa da vertente anteriormente examinada, que se preocupa com a noção de eficiência de forma prioritária, a, ora, analisada trata do sentido de eficácia, estudando “a realização concreta de objetivos propostos pela lei, por regulamentos de todas as ordens e de políticas públicas ou sociais”.
A terceira vertente não é examinada por Gustin e Fonseca, considerando as autoras que a primeira e a segunda podem realizar pesquisas de campo ou teórica, bem como que os raciocínios desenvolvidos nas investigações realizadas podem ser do tipo indutivo, dedutivo, indutivo-dedutivo, hipotético-dedutivo e dialético. De acordo com o entendimento de Witker, no campo jurídico, podem ser efetivados seis tipos de investigações: 1) histórico-jurídicas; 2) jurídico-exploratórias; 3) jurídico-comparativas; 4) jurídico-descritivas; 5) jurídico-projetivas; e 6) jurídico-propositivas.
As investigações histórico-jurídicas são aquelas que examinam a evolução de determinado fenômeno em certo espaço/tempo, realizando-se um trabalho de busca das suas origens e das causas e efeitos da sucessão de fatos. Ressalte-se que, de acordo com Gustin e Fonseca, as novas tecnologias históricas, no entanto, não abordam o fenômeno histórico de forma linear e simplória, mas, sim “a partir de condições de possibilidades que são transdisciplinares”. Considera-se o tipo jurídico-descritivo ou jurídico-diagnóstico como uma abordagem preliminar de um problema jurídico, ressaltando-se as características, percepções e descrições, não havendo uma precisa análise adas suas raízes explicativas. Estando os diversos diagnósticos inseridos neste veio metodológico, tem sido qualificado como produtivo para a constituição de bancos de dados.
O tipo jurídico-comparativo tem como objeto a análise de normas e de instituições situadas em dois ou mais sistemas jurídicos, com o fito de serem identificadas semelhanças e distinções, sendo bastante utilizado no setor jurídico. Aduzem Gustin e Fonseca que esse tipo metodológico não deve se restringir somente às comparações entre sistemas jurídicos, apesar de sua grande importância para o desenvolvimento do conhecimento científico, podendo também realizar investigações comparativas dentro de um mesmo sistema jurídico.
Utiliza-se o tipo jurídico-compreensivo ou jurídico-interpretativo através do procedimento analítico de decomposição de um problema jurídico em seus diversos aspectos, relações e níveis. O ato de decomposição de um problema é atividade típica das pesquisas compreensivas que examinam objetos complexos e que requerem um maior aprofundamento, não se limitando às pesquisas descritivas.
Pode-se afirmar que o tipo jurídico-projetivo ou jurídico-prospectivo tem como mote a projeção de ulteriores tendências a partir de premissas e condições vigentes concernentes a determinado instituto jurídico ou referentes a um setor específico. Pela pretensão de prever futuras soluções, este tipo deverá está lastreado em um “grande rigor metodológico e uma grande habilidade na correlação de dados objetivos transdisciplinares para a montagem de cenários (socioeconômicos, jurídico e cultural) atuais e futuros”.
Por fim, aduz Witker, que o tipo jurídico-propositivo tem por objeto primordial o questionamento de determinada norma, conceito ou instituição jurídica, com o fito de propor mudanças ou reformas legislativas concretas. Sendo as pesquisas jurídicas um campo especial das Ciências Sociais Aplicadas, complementam Gustin e Fonseca que “toda e qualquer investigação deverá ter finalidade propositiva”; portanto, defendem que “todos os demais tipos são também propositivos o que invalida a existência de um tipo especial com essa finalidade precípua”.
Investigar determinado tema jurídico exige do pesquisador uma visão transdisciplinar, não ficando retido tão somente a uma postura monológica restrita a um único campo do conhecimento. Submeter determinado problema jurídico a uma investigação científica não significa segregá-lo dos demais campos afins do conhecimento, pois, como aduz Boaventura de Souza Santos, a interação entre os diversos métodos não se constitui como uma “unidade sistemática” – forma tradicionalmente utilizada. Métodos sociológicos e filosóficos podem ser utilizados pelo pesquisador de temas jurídicos, juntamente, com outros específicos desta seara.
A interação ocorre através de um “processo dialético de inclusão/complementação/distinção” – adiciona Boaventura Santos, sendo que cada método deve ser entendido de acordo com as suas peculiaridades e quando aplicados, podem ser complementados, pois são inclusivos, apesar de estarem fundamentados em pilares distintos. Tal procedimento dá-se a partir de permanentes conflitos e de contraditoriedade por ser um processo dialético de realização.
Assim sendo, faz-se premente que uma nova síntese jurídico-cultural aconteça através de um “des-pensar” o Direito fundado em dicotomias e em esterilizações em face dos aspectos socioeconômicos, filosóficos, culturais e políticos. Três elementos de grande importância condicionam a escolha dos procedimentos científicos para que a pesquisa jurídica seja desenvolvida – verberam Gustin e Fonseca. O primeiro elemento é a ideia de que a realidade jurídica não pode ser visualizada de forma apartada da trama das relações de natureza econômica, política, ética e ideológica, ou seja, “o Direito como fenômeno jurídico é também social e cultural”. O segundo vincula-se à fundamental necessidade de “questionar os institutos já positivados no ordenamento jurídico nacional que, em boa parte, reproduzem o status quo e, por conseguinte, praticamente desconhecem as demandas de transformação da realidade mais abrangente”. O terceiro diz respeito ao fato de que “a escolha da metodologia significa a adoção de uma postura político-ideológica perante a realidade”.
Ao selecionar os métodos para realizar uma investigação no campo jurídico, o pesquisador deverá ter o cuidado necessário para que o problema seja visto da forma mais abrangente possível. As normas jurídicas não podem ser consideradas como estruturas afastadas da realidade socioeconômica, política e cultural, mas, sim como um conglomerado que está entrelaçado com a vida complexa e dela não poderá se afastar.
Os tipos de métodos não se confundem com as espécies de pesquisas que podem ser executadas pelo investigador de determinado tema ou problema, sendo importante a identificação das principais modalidades dissertadas pela doutrina. A pesquisa pode ser classificada ou dividida com base nos objetivos pretendidos, nos procedimentos técnicos utilizados, do ponto de vista da sua natureza e da forma de abordagem do problema. Quanto aos objetivos, a pesquisa pode ser exploratória, descritiva e explicativa; no que diz respeito aos procedimentos, poderá ser bibliográfica, documental, experimental, ex post facto, levantamento, estudo de caso, pesquisa-ação e pesquisa-participante. De acordo com a natureza, pode ser pesquisa básica e pesquisa aplicada e, com base na forma de abordagem do problema, pode ser quantitativa e qualitativa.
A pesquisa exploratória é utilizada, geralmente, diante da existência de poucos dados disponíveis acerca de determinado problema e objetiva aprofundar e aperfeiçoar as ideias e a construção de hipóteses ou de respostas antecipadas – apresentando um planejamento relativamente simples e objetivo. Visa proporcionar maior familiaridade com o tema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses,assumindo frequentemente as formas de pesquisa bibliográfica e estudo de caso.  Objetiva a pesquisa descritiva relatar as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis, envolvendo o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados, como questionário e observação sistemática, assumindo, em geral, a forma de levantamento. A pesquisa explicativa analisa fatores que determinam a ocorrência de certos fenômenos, visando aprofundar o saber sobre o “porquê” da realidade.
 As pesquisas exploratória e descritiva são utilizadas constantemente nas ciências humanas; já a pesquisa a explicativa pode ser usada tanto nestas, através da observação,  quanto nas ciências naturais por meio da experimentação. Concretiza-se a pesquisa bibliográfica com base em documentos já elaborados, tais como livros, dicionários, enciclopédias, periódicos, jornais e revistas, além de publicações, como a comunicação e artigos científicos, resenhas e ensaios críticos. Atualmente, o material disponibilizado na Internet tem sido também utilizado, mas o pesquisador deverá ter o cuidado necessário para verificar a qualidade e a fidedignidade das fontes, não devendo exagerar na quantidade de itens mencionados, procurando-se optar por material regularmente publicado pelas vias tradicionais. Os livros são classificados como de leitura corrente e de referência, sendo os primeiros destinados a uma leitura mais demorada e atenta; os segundos são para consultas mais rápidas.
Efetiva-se a pesquisa documental com base em documentos que não foram submetidos a tratamento de análise e síntese, não se confundindo com a pesquisa bibliográfica, uma vez que esta só se realiza sobre documentos examinados por autores que produziram estudos correspondentes. Enumeram-se as seguintes vantagens desta modalidade de pesquisa: a confiabilidade das fontes documentais, o reduzido custo operacional e o contato do pesquisador com documentos originais. Como desvantagens, são indicadas: a ausência de objetividade e de representatividade e, por via de consequência, a subjetividade dos documentos quando o estudo origina-se de materiais que não receberam prévio tratamento analítico.
A pesquisa experimental ou de laboratório é aquela através da qual se determina o objeto de estudo, selecionando-se as variáveis concebidas como capazes de influenciá-lo, e, em seguida, são definidas as formas de controle e de observação dos efeitos que produzem Constitui um estudo baseado em variáveis, observação e controle. É utilizada intensamente nas ciências físicas e biológicas e nas ciências humanas (na Psicologia, Psicologia Social, Sociologia, etc). Dentre as vantagens, apresentam-se o grande grau de clareza, objetividade e precisão nos resultados, mas as desvantagens também existem, como o difícil controle entre variáveis e estudos sociais.
Denomina-se pesquisa ex post facto aquela em que o experimento é efetivado depois dos fatos, visto que o pesquisador não tem controle sobre as variáveis. Esta modalidade de pesquisa é bastante manejada no campo das ciências sociais, para se avaliar, por exemplo,  aspectos econômicos, comportamentos de grandes aglomerados, estudos que envolvem sociedade global, estruturas políticas, etc. A marca fundamental desta pesquisa é que o experimento é concretizado após a verificação dos fatos examinados. Aplica-se o levantamento quando o pesquisador objetiva interrogar diretamente pessoas para se avaliar o comportamento destas em determinadas circunstâncias. Quando concretizado, o investigador faz uso de técnicas que integram a observação direta extensiva, podendo optar pelo questionário, formulário e medidas de opinião e de atitudes, que serão examinadas em tópico apartado.. O conhecimento direto da realidade, a economia e a rapidez na quantificação dos dados obtidos são apontados como pontos positivos. A reduzida profundidade no exame da questão e a provável ênfase conferida aos aspectos notados com mais facilidade são aspectos tidos como negativos.
O estudo de caso é, geralmente, usado nos estudos exploratórios e no início de pesquisas mais complexas, objetivando analisar com profundidade um ou poucos fatos, “com vistas à obtenção de um grande conhecimento com riqueza de detalhes de objeto estudado”. Poderá ser aplicado em qualquer área do conhecimento humano, a depender da necessidade constatada de um exame mais acurado de problemas que denotam uma complexidade maior.
A pesquisa-participante é aquela, como a própria nomenclatura indica, que se realiza através de um grau de interação entre o pesquisador e a população estudada e demais elementos essenciais para que a investigação aconteça. Utilizada nas ciências humanas, esta modalidade de pesquisa é bastante útil para o exame das condições de grupos desfavorecidos, como, v.g., camponeses, operários, índios, etc. A característica principal da pesquisa-participante é o grau de interação entre pesquisadores e sujeitos que estão sendo analisados. A pesquisa-ação pressupõe um estreito relacionamento entre o investigador com as pessoas e objetos pesquisados. Tem como meta principal a resolução de problemas coletivos e pressupõe uma interligação entre os pesquisadores e os sujeitos que integram o grupo avaliado, havendo cooperação ou participação.
A pesquisa básica objetiva gerar conhecimentos novos e úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática específica, envolvendo verdades e interesses universais. A pesquisa aplicada objetiva engendrar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos para a solução de problemas específicos, englobando, assim, verdades e interesses locais. A pesquisa quantitativa visa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las, requerendo o uso de recursos e de técnicas estatísticas, como percentagem, média, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc. A pesquisa qualitativa, a contrario sensu, não exige o uso de métodos e técnicas estatísticas, considerando que há uma relação dinâmica e indissociável entre o mundo real e o sujeito, encontrando-se o mundo objetivo e a subjetividade interligados, não podendo ser traduzidos em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa.
 	Selecionados os métodos que serviram de bússola para a realização do exame de certo problema e o tipo de pesquisa a ser implementada, terá o investigador que se debruçar sobre as técnicas que podem ser aplicadas para a melhor instrumentalização do trabalho. Afirma Izequias Santos que as técnicas constituem “um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência; são, também, a habilidade para usá-los na obtenção de seus propósitos”. De fato, como aduz o autor, correspondem à parte prática de coleta de dados e são de relevância reconhecida.
As técnicas podem ser divididas em duas grandes searas que abarcam a  documentação indireta e a documentação direta. A primeira abrange a pesquisa documental e bibliográfica, e a segunda subdivide-se em observação direta intensiva e observação direta extensiva. Com relação às pesquisas documental e bibliográfica, não se fazem necessários comentários complementares em razão destes terem sido registrados quando do exame dos tipos de pesquisas. A observação direta intensiva poderá ser concretizada através das técnicas da observação e da entrevista.  A primeira utiliza os sentidos para a constatação de aspectos referentes à realidade; a segunda consiste na conversação realizada diretamente e verbalmente entre o pesquisador e o entrevistado, realizando-se de maneira metódica para proporcionar ao entrevistador a informação necessária.
Integra a observação direta extensiva as técnicas do questionário, do formulário, medidas de opinião e de atitudes, testes, sociometria, história de vida e pesquisa de mercado. O questionário é formado por um conjunto de perguntas que serão respondidas por alguém por escrito, não havendo a interferência e nem a presença do pesquisador. O  formulárioconstitui um roteiro de perguntas expostas pelo entrevistador que, em seguida, são preenchidas pelo próprio com as respostas fornecidas pelo pesquisado.
As medidas de opinião e de atitudes são instrumentos de ‘padronização’, “por meio do qual se pode assegurar a equivalência de diferentes opiniões e atitudes, com a finalidade de compará-las” – define Izequias Santos. Testes são instrumentos utilizados que viabilizam a obtenção de dados que possibilitam a medição de diversos aspectos, como, v.g., rendimento, frequência, capacidade ou conduta de indivíduos, sendo registrados sob a forma quantitativa.
As relações pessoais entre os indivíduos que compõem determinado grupo podem ser examinadas através da sociometria que consiste em uma técnica quantitativa voltada para a explicação destes aspectos através de uma análise do seu  conteúdo e da sua descrição sistemática. Com esteio na história de vida, podem-se ser obtidos dados relativos à ‘experiência íntima’ de determinado sujeito ou grupo de individuos que sejam vistos como importantes para a melhor análise do problema investigado. Por intermédio da pesquisa de mercado, são obtidas informações sobre diversos aspectos de determinado setor da economia que, através de uma posterior organização e sistematização, facilita a tomada de decisões por parte das empresas, reduzindo a margem de erros, Garvey, um autor clássico da área de Sociologia da Ciência, incluiu no processo de Comunicação Científica as atividades associadas com a produção, disseminação e uso da informação, desde o momento em que “o cientista teve a idéia da pesquisa até o momento em que os resultados de seu trabalho são aceitos como parte integrante do conhecimento científico”. Assim, sendo todas as técnicas acima examinadas denotam certo grau de importância e se coadunam com determinadas pesquisas acima tratadas.
Para que uma pesquisa seja desenvolvida com eficiência, deverá o investigador planejá-la com atenção e cuidado, optando por métodos que realmente se adaptem ao problema detectado e por técnicas que estejam condizentes com os objetivos traçados. Ser um bom pesquisador suscita, além do sério conhecimento do assunto, afirma Antônio Gil, curiosidade, criatividade, integridade intelectual e sensibilidade social. São igualmente importantes a humildade para ter atitude autocorretiva, a imaginação disciplinada, a perseverança, a paciência e a confiança na experiência. Tudo implicará em uma análise prévia cuidadosa dos tipos de pesquisas, métodos e técnicas existentes para que sejam aplicados os que realmente melhor se adequem ao tema investigado.
No campo jurídico, as pesquisas, normalmente, são descritivas, bibliográficas, básicas e qualitativas em razão de muitos operadores do direito se limitarem a examinar textos doutrinários e decisões dos tribunais pátrios, sem avançar para uma análise mais abrangente dos temas, ouvindo pessoas, examinando diretamente documentos, realizando estudos de casos e preocupando-se em trazer resultados que possam influenciar diretamente a sociedade, implementando mudanças. É preciso que os acadêmicos e operadores do setor jurídico não continuem arraigados à pesquisa bibliográfica, como forma de documentação indireta, aproveitando-se também da pesquisa documental. Por outro lado, a documentação direta é usada de modo exíguo pelos pesquisadores jurídicos, ficando a observação direta intensiva (observação e entrevista) e a observação direta extensiva (questionário, do formulário, medidas de opinião e de atitudes, testes, sociometria, história de vida e pesquisa de mercado) relegada para um segundo plano.
Para que os problemas jurídicos sejam solucionados de modo criativo, urge que o pesquisador não fique preso às amarras das normas jurídicas, espargindo os seus olhares para os demais campos do conhecimento humano. Torna-se fundamental que não se ignore que a sua função não se resume a enxergar o que é válido e eficaz, mas, acima de tudo, o que não é efetivo e, principalmente, o que se denota injusto. Cumprir tal tarefa será possível se o pesquisador: Compreender que não há uma dicotomia entre o fenômeno jurídico e os demais ramos do conhecimento humano; A investigação jurídica não pode fincar-se  no modelo meramente analítico, deixando de lado a hermenêutica, a argumentação e a postura crítico-medológica; A complexidade da vida pós-moderna requer que os acadêmicos dos cursos jurídicos e profissionais desta seara não realizem um trabalho de pesquisa simplesmente descritivo; Explorar os temas-problemas, realizando não somente a pesquisa bibliográfica, adentrando-se na pesquisa documental e em outros procedimentos técnicos existentes; Utilizar a pesquisa para propor soluções reais que estejam condizentes com as hipóteses levantadas e, ao invés de limitar-se descrever as ocorrências jurídicas, realizar prospecções no sentido de transformar a realidade vigente, não agindo como um mero autômato.

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