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Artigo - Crônica de uma morte anunciada - relação entre gêneros

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OBRA “CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA”, DE GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ, COM ÊNFASE NA RELAÇÃO ENTRE OS GÊNEROS.
Gabriel Eduardo de Souza Costa[1: Acadêmicos do segundo ano do curso de Direito da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – Campus de Francisco Beltrão/PR.]
Eduardo Caetano Tomazoni ¹
Anderson Soares da Silva ¹
Celso Wolf ¹
RESUMO
O texto em tela tem como tema a obra “Crônica de Uma Morte Anunciada” do autor Gabriel García Márquez. O grande objetivo desta breve análise é fazer uma conexão entre o livro e a relação entre os gêneros (homem versus mulher), assunto amplamente discutido no século XXI. O desenvolvimento do trabalho se deu por meio de pesquisas bibliográficas, utilizando artigos e obras literárias, bem como a legislação vigente na época em que a história se passa e a legislação atual, relacionando, sempre, com os fatos descritos na obra. Por último, se procurou relacionar o conteúdo da obra com as discussões contemporâneas a respeito do papel do homem e da mulher na sociedade, dando a devida importância ao tema. O presente trabalho deve estar na voz ativa e na terceira pessoa do singular. 
PALAVRAS-CHAVE: Crônica. Gabriel García Márquez. Literatura. Direito. Gênero. 
INTRODUÇÃO
Refletir sobre a relação entre os gêneros pode ser um grande desafio mesmo nos dias de hoje. Não resta dúvida que se trata de um dos temas mais polêmicos da filosofia hodierna. 
A obra “Crônica de Uma Morte Anunciada” é considerada uma das melhores obras de Gabriel García Márquez. Publicado em 1981, o romance, narrado em primeira pessoa, faz uma crítica à mentalidade primitiva que permite que um homicídio premeditado tenha uma pena irrisória e que uma jovem seja violentamente penalizada por não se comportar, sexualmente, como a sociedade da época esperava. 
O autor, apesar de relatar os fatos de forma objetiva e sem grandes divagações, não deixa de recorrer às premonições e aos presságios. O ambiente é mostrado como potenciador das emoções, sugerindo determinados estados de alma que muitos tendem a classificar como algo sobrenatural ou mediúnico. 
A história é contada através de cinco capítulos, que prendem a atenção do leitor, criando, com sucesso, um clima tenso e imprevisível, digno dos melhores suspenses de Alfred Hitchcock. Os fatos são relatados cronologicamente, nesse sentido, o autor busca sempre mencionar o horário e a data dos acontecimentos importantes. 
“Crônica de Uma Morte Anunciada” é diferente de outros livros de García Márquez. Sua obra máxima, “Cem Anos de Solidão”, é conhecida pela leitura pesada e que desafia o leitor a superar o peso de uma história longa e marcada pelo realismo fantástico. Mas a Crônica foge a regra: uma narrativa objetiva e envolvente como uma grande reportagem. O narrador age como um verdadeiro jornalista na busca de reconstrução dos fatos que levaram a morte de Santiago Nasar, um jovem de origem árabe que vivia em um lugarejo na Colômbia.
DESENVOLVIMENTO
Do enredo
A obra gira em torno do casamento de Angela Vicario com Bayardo San Román, um forasteiro que exibe, arrogantemente, o seu poder econômico. Os problemas começam quando, logo após a noite de núpcias, Bayardo devolve Angela à família, afirmando ter constatado que ela havia perdido a virgindade antes do casamento. 
Pressionada pela família, a jovem denuncia Santiago Nasar como sendo o autor da façanha, julgando que a sua fortuna fará dele um intocável, numa terra onde segundo o costume, as dívidas de honra se pagam com a morte.
Angela engana-se. Pressionada pela mentalidade dominante, típica de uma sociedade patriarcal, a família Vicario é incapaz de aguentar a chacota motivada pela honra manchada e sente-se na obrigação de matar o "infame", apesar da pouca vontade em fazê-lo.
Na realidade, os irmãos de Angela fazem tudo para dar a entender as suas intenções com o objetivo de que alguém os impeça e proporcione a Nasar a oportunidade para escapar a uma morte mais do que anunciada. 
Apesar de todos os indícios serem facultados no sentido de evitar a morte de Santiago Nasar, o acesso à informação é bloqueado por uma série de imprevistos, contratempos e caprichos do destino.
A morte de Santiago, apesar de difundida, não é levada a sério pela maior parte das pessoas envolvidas que poderiam tê-la evitado.
2.2 Conflito entre gêneros dentro da obra – Uma análise geral
 
 O conflito entre gêneros tem um papel central na obra de Marquez. A narrativa é uma crítica entre a dicotomia existente na sexualidade de homens e mulheres. Isso fica claro quando vemos que Ângela é ridicularizada pela sociedade e renegada por seu (ex) marido quando se descobre que já não era mais virgem quando se casou. Já nada parecido acontece com nenhum homem da história, tendo passagens inclusive de comentários de Santiago e seus amigos com suas histórias com a prostituta local – Márcia Cervantes. Ninguém condena seus comportamentos. 
 Essa caracterização das mulheres na obra não reflete somente o Patriarcado existente, mas também a diversidade de subversão e métodos de resistência encontrados pelas mesmas diante dessa situação opressiva. Através da personagem de Angela Vicario, o autor apresenta essas diversas afirmações do patriarcado e exploração das mulheres: Ligações entre conflito de gênero, classe e violência; e as trajetórias de resistência que as mulheres adotam para construir um espaço independente para si no âmbito desse sistema. A situação de Angela levanta questões de exploração de classe e da posição das mulheres sob o sistema de valores cristãos. Para Bayado, é apenas uma questão de "conquista" da mulher que ele escolhe. Angela Vicario torna-se o objeto passivo de seu desejo sexual. Sua posição de classe e riqueza permitiu-lhe esse privilégio. Fica claro no romance que Angela desde o início não sentia se sentia atraída por Bayado San Roman. Ela não gostou de sua “confissão pública” para mostrar seu interesse por ela e da maneira em que ele nunca a cortejou ou se envolveu com os seus sentimentos, mas "enfeitiçou a família com seu charme".
Marquez critica, assim, este sistema de exploração que não deixa espaço para as mulheres de afirmar ou mesmo expressar sua própria escolha ou opinião. Ele mostra como essa situação é agravada sob pressão da família através do poder exercido por uma proposta de uma ascensão de classe social. Quando Angela sugeriu "a inconveniência da falta de amor", sua mãe respondeu: “- O amor pode ser aprendido" As mulheres são, portanto, condicionaaso e ensinadas a domesticar os seus sentimentos e emoções tanto quanto a sua sexualidade, de acordo com os padrões desiguais de uma sociedade patriarcal ortodoxo. O romance mostra-nos como as irmãs Vicario foram rigorosamente treinadas para dominar o seu papel doméstico como esposas potenciais - "As meninas tinham sido criados para se casar", ou a afirmação de Purisima del Carmen "Qualquer homem vai ser feliz com eles, porque eles têm sido levantadas para sofrer ".
 Há outro lado porém: quem morre é Santiago. Mas foi um assassinato em que os assassinos não tinham vontade de cometê-lo: para os assassinos, Santiago certamente sabia da intenção deles, e, prevenido, não ‘precisaria’ ser morto: afinal, eles só o estavam realizando o ato a contragosto, pela “honra de sua irmã”, e não por sua real vontade: ai mais uma manifestação da sociedade Patriarcal: enquanto renega a moça, pune o homem com sua vida.
2.3 Conflito entre gêneros no Brasil – Análise entre a obra e a realidade brasileira
 
 Analisando a obra no tema de conflito entre gêneros, podemos fazer uma ponte com o que se passa – e passou – no Brasil. Até hoje, tivemos quatro mulheres que atuaram como Chefes de Estado no Brasil – e não somente uma, como as atuais gerações desconhecedoras da história de nosso país acham: Dona Maria I, como Rainha; Imperatriz Maria Leopoldia, esposa de Dom Pedro I e regente do Brasil em certos momentos, e a decretadora de nossa independência; e a Princesa Isabel, de jure ImperadoraIsabel I do Brasil, nossa regente durante três vezes antes do Golpe Republicano. E a atual Presidente da República, Dilma Roussef.
O porquê dessa retomada histórica é a seguinte: paradoxalmente, quando da vigência do sistema monárquico em nossa pátria, as mulheres (e as pessoas em geral) tinham muito mais liberdade do que nos 45 anos que se seguiram até que as fosse permitido o direito do voto. A sociedade ainda era essencialmente patriarcal, mas comparando com nossos vizinhos hispano-americanos, éramos um pais a frente de nossa época. E isso se deve essencialmente ao fato de sermos uma monarquia, em que a chefia do Estado estava presa a Linhagem Real. Isso possibilitou que tivéssemos, pioneiramente nas Américas, líderes mulheres, ativamente trabalhando pela diminuição da desigualdade de gênero. Um exemplo disso é o plano de governo da Princesa Isabel: após o sucesso de seu lobby pela aprovação da Lei Áurea no Senado, nossa augusta imperatriz fazia agora as alianças necessárias para que já, em seus primeiros anos na Chefia do Estado, fosse dada ampla igualdade de direitos entre homens e mulheres, e isso incluiria a área eleitoral.
Por medo, ou desprezo, dessas políticas de igualdade, os “grandes” (entre várias aspas) intelectuais da época deram o primeiro dos muitos golpes-de-estado do país, cortando essa onda de evolução em nosso país.
Durante os próximos 55 anos, como disse, a história pouco muda, até que em 1932 dá-se o sufrágio universal. Uma grande conquista, mas que pouco mudou a situação das mulheres, que, em suas casas continuavam a mercê de seus maridos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leitura da obra “Crônica de Uma Morte Anunciada” é extremamente recomendável para os acadêmicos de Direito, pois mostra a importância do costume no século passado, em uma sociedade não muito diferente da nossa. 
García Márquez acerta ao criticar a mentalidade primitiva que dominava a sociedade da época, que ainda acreditava em ideais inspirados na Lei de Talião. Da mesma forma, o autor também acerta ao criticar o patriarcalismo que tomava conta daquela comunidade. 
É essencial ressaltar que em momento algum Gabriel García Márquez procura julgar os irmãos de Angela pelo crime que eles cometeram. Um dos maiores méritos da obra é demonstrar que a sociedade da época não condenava os irmãos por sua conduta, muito pelo contrário, a conduta era até certa ponto esperada e enquanto eles não agissem seriam motivo de zombaria. Dessa forma, o autor demonstra que qualquer outra pessoa, na mesma situação, procederia de maneira semelhante. 
A mulher “objeto”, como o livro retrata, ainda existe, embora a “balança do gênero” tenha equilibrado. A sociedade atual já não é tão primitiva em seu tratamento às mulheres, dando a elas oportunidades que no passado só os homens tinham acesso. Essa desconstrução da mulher como ser humano submisso ao homem vem ocorrendo, gradativamente. 
Márquez demonstra, com perfeição, a sofrida vida das mulheres no século passado, sendo esse um dos pontos fortes da obra. 
REFERÊNCIAS
GARCÍA MARQUEZ, Gabriel. Crônica de uma morte anunciada. Trad. Teófilo de Deus. São Paulo: Coletivo Sabotagem, 2004.
FOUCALT, M. História da Sexualidade- A Vontade de Saber. 10. Ed. – Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.
LOBO, E. S. A Classe operária tem dois sexos. São Paulo: Brasiliense, 1991.
LOURO, G.L. Nas redes do conceito de gênero. In: LOPES, M. J. M; MEYER, D.E.; WALDOW, V.R. (Orgs.). Gênero e Saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

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