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SELEÇÃ O E ÃNÃ LISE FINÃNCEIRÃ DE PROJETOS PROFESSOR MARCELLO DA SILVA NUNES 1 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS – TAXA INTERNA DE RETORNO, VALOR PRESENTE LÍQUIDO E PAYBACK. Aprenderemos três ferramentas: uma que faz as análises em valores monetários (valor presente líquido – VPL), outra que analisa qual o retorno dos projetos em termos percentuais (taxa interna de retorno – TIR) e outra que analisa o tempo de retorno (payback). OBJETIVOS Aprender a tomada de decisão sobre investimentos. Utilizar as ferramentas para tomada de decisão: valor presente líquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR) e payback. REFLEXÃO Você se lembra da última decisão que tomou acerca de adquirir um determinado bem? Que aspectos você considerou para fazer a melhor escolha? Neste capítulo, aprenderemos as ferramentas de análise de investimentos nas quais, com certeza, você um dia já pensou intuitivamente. INTRODUÇÃO O que uma empresa deve levar em conta para decidir se compra ou não uma nova máquina (investe)? A empresa deve seguir estes passos (BLANCHARD, 1999, p. 141-3): I. Estimar quanto tempo à máquina vai durar: à medida que o tempo passa, as máquinas tornam-se cada vez menos confiáveis e de manutenção mais cara, o que é conhecido como depreciação. Uma forma simples de avaliar essa depreciação é presumir que a máquina perde sua eficiência a uma taxa δ (taxa de depreciação). Dessa forma, uma nova máquina esse ano valerá (1 - δ) no próximo ano, (1 - δ)2 daqui a dois anos e assim sucessivamente; II. Calcular o valor atual dos lucros: leva algum tempo para que a máquina seja instalada. Dessa forma, uma máquina comprada no ano t se torna operacional, gera lucro e inicia sua operação somente um ano mais tarde, em t + 1; III. Decidir se compra uma máquina ou não: essa decisão depende da relação entre o valor atual dos lucros esperados e o preço da máquina. Se o valor atual for menor do que o preço, a empresa não deverá comprar a máquina – estará pagando mais do que espera ter de volta em lucros mais tarde –; em contrapartida, se o valor atual for maior do que o preço, a empresa deverá comprar a nova máquina. ATENÇÃO A depreciação é definida como o desgaste efetivo por uso ou perda de utilidade, mesmo por ação da natureza ou por obsolescência. O valor inicial do ativo é deduzido na contabilidade pela parcela da depreciação de cada período até tornar-se nulo (MANUAL DE CONTABILIDADE DA SOCIEDADE POR AÇÕES, 2009). 2 O mesmo raciocínio utilizado para a determinação da compra de uma nova máquina pode ser adotado para qualquer outra decisão de investimento – construção de uma nova fábrica, renovação de um conjunto de escritórios, expansão das instalações, entre outros. Portanto, o investimento depende positivamente do valor atual esperado dos lucros futuros – quanto maiores forem os lucros correntes e/ou esperados, maior será o nível do investimento. O cálculo do valor atual esperado dos lucros futuros é uma aplicação dos conceitos de matemática financeira analisados ao longo do curso. Nessa aula, outros métodos de avaliação de investimentos que utilizam o ferramental da disciplina serão estudados. PAYBACK Consiste na determinação do tempo necessário para que o valor do investimento seja recuperado por meio dos fluxos de caixa promovidos pelo investimento (ASSAF NETO, 2003). Diferente do cálculo do VPL ou da TIR, o payback tem a característica de se preocupar com o prazo de liquidez do investimento, ou seja, em quanto tempo você vai ter aquele montante de volta no seu bolso. Por isso ele traz benefícios comparativos como: Avaliação do risco de liquidez. 2. Indicador da sua mobilidade financeira. 3. Aponta sua capacidade de fazer novos investimentos já com os resultados desse. 4. Incentiva uma melhor definição do capital inicial. 5. Fortalece a importância da gestão de custos. Para o cálculo do payback, veremos duas abordagens, como mostrado por Bruni & Fama (2003): o payback simples e o payback descontado. PAYBACK SIMPLES O payback é um método simples que estima qual o prazo necessário para a recuperação do investimento. Para o cálculo do payback simples, basta somar os fluxos de caixa gerados pelo investimento até igualar ao investimento inicial. Quanto a aceitar ou rejeitar determinado projeto de investimento baseado no cálculo do payback, o período de payback obtido deve ser confrontado com o período limite estabelecido pela empresa. Exemplo: Calcule o payback simples dos projetos apresentados a seguir, supondo um prazo máximo aceitável pela empresa para recuperação do investimento igual a três anos. 3 Resolução: Para calcular o payback simples do exemplo 5.1, basta somar os fluxos de caixa até eles se igualarem ao investimento inicial. O cálculo do payback do projeto A ficará da seguinte maneira: Também poderemos montar uma tabela, verificando em qual período o saldo se tornou igual à zero: O cálculo do payback do projeto B ficará da seguinte maneira: 4 É possível concluir que, no projeto A, a empresa conseguirá o retorno do investimento em dois anos. Já no projeto B o retorno do investimento se dará em três anos e meio. No quarto ano do projeto B, é preciso considerar apenas $ 100.000 dos $ 200.000 gerados pelo fluxo de caixa; assim, o payback simples do projeto B é igual a 3 + (100.000/200.000) = 3,5 anos. Se o período máximo aceitável pela empresa é de três anos, o projeto A deverá ser escolhido; já que o payback do projeto B excede o período máximo pela empresa que é de três anos. Por ser um método de cálculo fácil, o payback simples não leva em consideração o valor do dinheiro no tempo. Os fluxos de caixa são simplesmente somados e não descontados a uma determinada taxa de juros. Essa taxa, que também é chamada de taxa de desconto, taxa mínima de atratividade (TMA), custo de capital ou custo de oportunidade, refere-se ao retorno mínimo que deve ser conseguido de um projeto para manter seu valor de mercado (GITMAN, 2001). Com a intenção de contornar essa situação apresentada, aprenderemos outro critério: o payback descontado, que considera a taxa de desconto no cálculo. PAYBACK DESCONTADO No cálculo do payback descontado, como mostrado anteriormente, é considerado o custo do capital. O método de cálculo é similar ao utilizado no payback simples, bastando trazer a valor presente os fluxos de caixa (BRUNI & FAMÁ, 2003). Para trazer a valor presente um valor futuro, será utilizada a seguinte fórmula aprendida na disciplina de Matemática Financeira. Para entendermos melhor este conceito, faremos o exemplo anterior só que agora considerando o custo do capital: Exemplo: Calcule o payback simples dos projetos apresentados a seguir, supondo um prazo máximo aceitável pela empresa para recuperação do investimento igual a três anos e um custo de capital de 10% ao ano. 5 Resolução: O payback descontado é calculado através do valor presente de cada um dos fluxos de caixa futuros. Observe o cálculo do payback de cada um dos projetos analisados: 6 O projeto A tem um payback descontado de 3,61 anos e o projeto B tem um payback de 4,91 anos. Assim, nenhum projeto atende ao tempo mínimo requerido pela empresa que é de três anos. O payback, tanto o simples quanto o descontado, não considera o fluxo de caixa como um todo. Isso pode ser visualizado mais facilmente no payback do projeto A, em que só são considerados os valores dos anos (3,61) necessários para recuperar o investimento inicial. Os cálculos do payback descontado também podem ser feitos por meio da tabela, como no paybacksimples. Os métodos apresentados a seguir considerarão todos os valores do fluxo de caixa. Os métodos apresentados serão o valor presente líquido (VPL) e a taxa interna de retorno (TIR). VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) O valor presente líquido (em inglês, Net Present Value – NPV) é obtido ao se subtrair o investimento inicial de um projeto do valor presente de seus fluxos de entrada de caixa (GITMAN, 2001). O valor presente líquido mostra o resultado econômico (riqueza) do projeto atualizado (ASSAF NETO, 2003). A fórmula para o cálculo do VPL é apresentada a seguir: 0 1 1 n j j j Fc VPL Fc i É importante destacar que o VPL não identifica diretamente a taxa de rentabilidade (ou custo) da operação financeira – “ao descontar todos os fluxos de entradas e saídas de caixa por uma taxa de desconto mínima aceitável, denota, em última análise, o resultado econômico da alternativa financeira expressa em moeda atualizada” (ASSAF NETO, 2008, p. 278). Para decidir se um investimento deve ou não ser realizado utilizando a VPL, deve-se seguir a seguinte regra: Se o VPL for maior que zero, o projeto deve ser aceito, pois mostra uma geração de riqueza líquida positiva; Se o VPL for menor que zero, o projeto deve ser rejeitado, pois mostra uma destruição de valor; Se o VPL for igual que zero, é indiferente aceitar ou não o projeto. 7 Exemplo: Calcule o valor presente líquido do projeto apresentado na tabela abaixo. A taxa mínima de atratividade é de 15% ao ano. ATENÇÃO Para cálculo do valor presente líquido, deve ser respeitado o sinal dos números, negativo para saídas e positivo para entradas e também o valor residual se existir. Isso é necessário para interpretar o resultado, pois ele poderá ser positivo ou negativo. O resultado sempre será em valor monetário. Exemplo de valor residual: 8 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) O método da taxa interna de retorno (TIR) representa a taxa de retorno que iguala, em determinado momento, o valor presente das entradas com o valor presente das saídas previstas de caixa. Normalmente, utiliza-se como referência a data de início do investimento, a data “0” (ASSAF NETO, 2003). Também podemos considerar que a TIR é a taxa de desconto que torna o valor presente líquido igual à zero, como pode ser visto: A taxa interna de retorno é facilmente calculada através de uma calculadora financeira ou de planilhas eletrônicas. Neste método de avaliação, a aceitação ou a rejeição de determinada alternativa de investimento é decidida a partir da comparação da taxa interna de retorno obtida com a rentabilidade mínima requerida pela empresa para seus investimentos, também chamada de taxa mínima de atratividade (TMA). Considerando que os valores de caixa ocorrem em diferentes momentos, é possível concluir que o método da TIR, ao levar em conta o valor do dinheiro no tempo, expressa na verdade a rentabilidade se for uma aplicação, ou o custo, no caso de um empréstimo ou financiamento, do fluxo de caixa (ASSAF NETO, 2008, p. 272). Para decidir se um investimento deve ou não ser realizado utilizando a TIR, é necessário compará-la à taxa requerida (r) – também chamada de taxa mínima requerida ou de custo de capital; representa o mínimo de rentabilidade que a empresa espera obter com o investimento. Se TIR > TMA, o investimento deve ser realizado; Se TIR < TMA, o investimento não deve ser realizado. Exemplo: calcule a taxa interna de retorno do projeto apresentado na tabela abaixo. A taxa mínima de atratividade é de 15% ao ano. 9 A TIR do projeto analisado é 18,02% e é maior do que a taxa mínima de atratividade requerida pela empresa. Este exercício também pode ser visualizado através do gráfico a seguir. Observe que a taxa interna de retorno é a taxa que é igual ao valor presente líquido à zero. REFLEXÃO Um investimento, quando tratado individualmente, será considerado economicamente atra- ente se: I. O NPV for positivo; II. A TIR for superior à taxa mínima requerida; III. O payback for maior que o tempo retorno esperado. O valor presente líquido analisa o projeto em valores monetários. Com isso, é possível ve- rificar qual o valor atual que está tendo de retorno do projeto. Já a TIR verifica qual a taxa, ou seja, analisa em termos percentuais qual é este retorno, e o payback analisa somente o tempo, sem considerar a taxa de desconto. 10 ATIVIDADE 1. Uma empresa está considerando um projeto que exige investimento inicial de R$ 42.000,00 e fluxos de entrada de caixa após o IR de R$ 7.000,00 por ano durante 10 anos. O período de payback máximo aceitável é de 8 anos. a) Determine o payback simples para esse projeto. A empresa deve aceitar esse projeto? Por quê? b) Determine o payback descontado para esse projeto, supondo um custo de capital de 8% ao ano. A empresa deve aceitar esse projeto? Por quê? 2. A Fábrica Cheirosa está considerando investir em uma nova máquina para envasar os perfumes. A máquina exige investimento inicial de R$ 30.000,00 e vai gerar fluxos de caixa, após o imposto de renda, de R$ 6.000,00 durante o período de 8 anos. Calcule o valor presente líquido (VPL) para cada um dos custos de capital listados abaixo e indique se a máquina deve ou não ser aceita. Explique sua decisão. a) Custo de capital 10% ao ano b) Custo de capital 12% ao ano c) Custo de capital 14% ao ano 3. Calcule a TIR do projeto apresentado no exercício 2. 4. Uma empresa está considerando um investimento em um projeto de longo prazo que ne- cessita de investimento inicial de R$ 18.250,00 e terá retornos anuais, após o imposto de renda, de R$ 4.000,00 durante 7 anos. O custo de capital da empresa é de 10% ao ano. Pede- se: a) Determinar a taxa interna de retorno (TIR); b) Determinar o valor presente líquido (VPL); c) A empresa deve aceitar o projeto? Por quê? 5. Determinar a TIR dos seguintes fluxos de caixa anuais: 6. Um imóvel é colocado à venda por $360.000,00 à vista, ou em 7 prestações: as 2 primeiras de $50.000,00, duas seguintes de $70.000,00 e as três últimas de $80.000,00. Qual o custo mensal dessa operação (TIR)? 11 GABARITO 12 13 14 15 QUE É O RISCO? Conceitualmente, pode ser definido como a probabilidade de um fato ocorrer gerando um efeito mensurável. De um modo geral, a palavra risco é usada para calcular a probabilidade de um fato danoso ocorrer. Existe uma diferença importante, que muitas empresas que empregam o gerenciamento de risco não conhecem: é a diferença entre Risco e Vulnerabilidade. Em geral, possuem um levantamento de vulnerabilidades, achando que possuem um levantamento de risco ou mesmo um programa de gerenciamento de risco. Vulnerabilidade é o levantamento ou determinação da severidade, sem quantificação da probabilidade de ocorrência. Em outras palavras, sabem que podem ocorrer prejuízos, mas não tem ideia das chances disto acontecer. Do ponto de vista financeiro, o risco pode ser definido da seguinte forma: é a medida do grau de incerteza na obtenção do retorno esperado, em uma determinada aplicação financeira. Do ponto de vista do Conselho Nacional da Saúde, risco é a possibilidade de danos à dimensão física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual do ser humano. Risco é uma dimensão que pode ser de grande valia para processos decisórios. A avaliação de Risco é tão antiga quanto à existência de exércitos e de guerras. Nenhum grande guerreiro, general ou líder enfrentavauma batalha sem antes fazer uma avaliação de riscos, seu sucesso, sua vida e a de seu povo dependiam disto. INVESTIMENTO E RISCO A primeira coisa importante que se deve saber é que não existe risco zero. Logo, não existe investimento sem risco. Muita gente que deixa o dinheiro na poupança pensando não haver risco, mas a realidade não é bem esta. Só há garantias para depósitos inferiores a R$ 20.000,00. Mesmo assim, para estas quantias há riscos de contratos serem quebrados por questões políticas, risco de confisco do estado etc. Quem está fazendo um investimento, deve ter em mente que toda decisão deve ser tomada baseada em dois fatores: Risco e Retorno. Retorno do investimento pode ser definido como a riqueza gerada pelo investimento ou valor agregado gerado pelo mesmo. Melhores negócios são os de alto retorno e Baixo Risco, estes tipos de investimentos são raros, mas isto não quer dizer que não existam. Investidores e empresários precisam saber qual será a taxa de retorno para seus investimentos. Para calcular a taxa de retorno, utilize a fórmula do RI: Cálculo de risco pode ser definido como a tentativa de se medir o grau de incerteza na obtenção do retorno esperado em uma determinada aplicação financeira ou investimento realizado. Dessa forma, os investimentos podem ser classificados como de baixo, médio e alto risco. Geralmente, investimentos de baixo risco apresentam um maior nível de segurança ao investidor, mas em contrapartida costumam ter um retorno menor. Investimentos de alto risco, por outro lado, podem trazer um retorno mais alto, mas com um grau muito maior de incerteza, podendo até mesmo trazer prejuízos aos investidores. Investimentos que devem 16 ser evitados a todo custo são os de Alto Risco e Baixo Retorno, estes também existem e não são nada raros. MAUS INVESTIMENTOS Investir em veículos é um ótimo exemplo. Existem pessoas que consideram isto um bom investimento, mas na verdade é um dos piores. Tem um elevado risco e um retorno baixo ou muitas vezes negativo. Carros é na realidade uma necessidade, nunca um bom investimento. É só termos em mente que um carro zero, ao sair da loja já não vale mais o que você pagou. Além disso, você corre o risco de batidas ou mesmo roubos e neste caso, corre-se o risco de perder todo seu investimento. Isto te obriga a investir outra quantia na redução do risco, com a compra de um seguro, reduzindo ainda mais o retorno do “investimento”. TIPOS DE RISCO Risco de Mercado - decorre das condições da economia, que podem fazer os juros, o câmbio, o preço das ações, etc., variar, para mais ou para menos, influenciando seu investimento de forma positiva ou negativa. Além disso, a capacidade de pagamento do emissor do título (ou o lucro desse emissor) também pode variar por conta das condições da economia, prejudicando seu investimento. Risco de Crédito - quando você investe, está emprestando dinheiro a alguém ou aplicando uma quantia em determinado empreendimento e, certamente, correndo o risco de que o tomador dos recursos não honre a obrigação, ou não pague os juros combinados, ou o que empreendimento não renda o esperado. Risco de Liquidez - está diretamente relacionado com a facilidade de resgatar ou transferir um investimento. Diz-se que não há liquidez (maior ou menor facilidade de se negociar um título, convertendo-o em dinheiro) nas hipóteses de não se ter o direito de resgatar o investimento, desse direito ficar restrito a situações incomuns, do mercado para a negociação do título deixar de existir, ou do título ser raramente negociado, isto é, haver poucas pessoas interessadas em negociá-lo - o que dificultará a venda do título e provavelmente diminuirá o valor do seu investimento. Porém, se muitas pessoas estiverem interessadas no seu investimento ou se você tiver o direito de resgatá-lo com certa frequência, ele terá liquidez e, consequentemente, seu valor aumentará. É a famosa "Lei da Oferta e da Procura". Mas não esqueça: o direito de resgatar o investimento somente será efetivo se o devedor do título puder pagar o valor a ser resgatado ou, em se tratando de fundos de investimento, se existir compradores interessados nos ativos. Para fundos de investimento, representa todos os títulos (títulos públicos, títulos privados, ações, commodities, cotas de fundo de investimento, etc.) que compõe a carteira (carteira é uma cesta de ativos quaisquer dentro de uma mesma estrutura). Esta estrutura pode ser um fundo, o seu patrimônio pessoal ou mesmo a tesouraria de um banco (do fundo ativos Bens e direitos possuídos por uma empresa ou fundo de investimento). Para fundos de investimento, representa todos os títulos (títulos públicos, títulos privados, ações, commodities, cotas de fundo de investimento, etc.) que compõe a carteira do fundo que compõem a carteira do fundo - o que facilitará sua venda, permitindo a realização de resgates. 17 Risco Legal - está relacionado com eventuais problemas legais que poderão causar problemas no cumprimento das condições pactuadas. O título ou contrato pode ter defeitos jurídicos que impeçam ou dificultem o exercício dos direitos nele estabelecidos, permitindo ao devedor ou tomador não honrar as obrigações assumidas. Por isso é muito importante somente aplicar em investimentos regulamentados, nos quais o risco legal diminui bastante. Risco Operacional - está relacionado com as falhas ocorridas nas operações e negócios do tomador do investimento durante o período em que os recursos aplicados ainda não foram devolvidos. Poderão ser provenientes de problemas nas atividades ou equipamentos de uma companhia, falhas humanas no controle de custos e gerenciamento das quantias aplicadas, má administração dos recursos do emissor, etc. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE RISCOS As situações de incerteza absoluta, ou seja, quando há desconhecimento completo sobre a possibilidade de ocorrência, são de reduzido interesse na análise de projetos. Com o objetivo de mensurar os riscos envolvidos nos projetos, os administradores têm desenvolvido procedimentos de análise dos riscos. Serão apresentados os métodos de avaliação de risco. São eles: Análise de sensibilidade: Na análise de sensibilidade, são efetuadas diversas estimativas para as variáveis do projeto, sendo que normalmente existem no mínimo três versões (pessimista, esperada e otimista). As possibilidades são combinadas, variando-se sempre um dos elementos e mantendo-se os demais na situação normal. Ao final teremos um conjunto de resultados possíveis e poderemos identificar quais as variáveis mais sensíveis do projeto (as que provocam a maior variabilidade nos resultados esperados). Dependendo da relevância das variáveis, a empresa poderá decidir-se por investir algum dinheiro na tentativa de reduzir as incertezas, antes de aprovar o projeto (ex.: aprofundar as pesquisas de mercado). A principal desvantagem desse método é a ambiguidade dos dados, pois os termos otimistas / pessimistas são muito subjetivos e podem ter diferentes interpretações dependendo de quem desenvolve a análise. Além disso, essa análise desconsidera a relação entre as variáveis, tratando cada uma de forma independente. Análise de cenários: É uma abordagem similar à análise de sensibilidade, mas com um alcance mais amplo, é usada para avaliar o impacto de várias circunstâncias sobre o retorno das empresas. Em vez de isolar o efeito da mudança de uma única variável, a análise de cenário avalia o impacto de mudanças simultâneas em certo número de variáveis (considera a interdependência entre as variáveis). Árvores de decisão: Diagramas de decisão ou árvores de decisão são representações gráficas das relações entre as várias alternativas de decisão e seus possíveis resultados. As árvores de decisão permitem o examedas diversas alternativas de uma decisão e seus efeitos. São atribuídas probabilidades às consequências de uma decisão. As árvores têm a vantagem de representarem graficamente essas interações de uma maneira simples e intuitiva. Elas devem ser mantidas simples, pois elas se desdobram facilmente, ficando complexas e de difícil manejo. 18 Modelos de simulação: Enquanto a análise de cenários permite um número limitado de hipóteses, a simulação de Monte Carlo é uma ferramenta que considera todas as combinações possíveis, fornecendo uma distribuição estatística do VPL do projeto. Você saberia dizer então o que é um Modelo de Simulação? Trata-se de um modelo estatístico relativamente complexo, que obriga o detalhamento de todas as variáveis e do inter-relacionamento das mesmas a cada ano. Pelo fato de ser extremamente difícil estimar as relações existentes entre as variáveis e as distribuições de probabilidades subjacentes, normalmente requer o apoio de estatísticos e/ou consultores. A complexidade e a dependência de pessoas não envolvidas no processo decisório são justamente as maiores desvantagens do modelo de simulação. 19 MODELO DE PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS FINANCEIROS - MPAF CAPITAL ASSET PRICING MODEL - CAPM O Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (MPAF), mais conhecido mundialmente pela sigla em inglês CAPM (Capital Asset Pricing Model), é utilizado em finanças para determinar a taxa de retorno teórica apropriada de um determinado ativo em relação a uma carteira de mercado perfeitamente diversificada. O modelo leva em consideração a sensibilidade do ativo ao risco não diversificável (também conhecido como risco sistêmico ou risco de mercado), representado pela variável conhecida como índice beta ou coeficiente beta (β), assim como o retorno esperado do mercado e o retorno esperado de um ativo teoricamente livre de riscos. Segundo o CAPM, o custo de capital corresponde à taxa de rentabilidade exigida pelos investidores como compensação pelo risco de mercado ao qual estão expostos. O CAPM considera que, num mercado competitivo, o prêmio de risco varia proporcionalmente ao Risco não diversificável que é o Beta (β). Na sua forma simples o modelo prevê que o prêmio de risco esperado, dado pelo retorno esperado acima da taxa isenta de risco, é proporcional ao risco não diversificável, chamado de β (Beta). Este é dado pelo quociente entre a covariância do retorno do ativo com o retorno do portfólio composto por todos os ativos no mercado dividido pela variancia do mercado (portfolio). Todos os investidores têm idênticas expectativas quanto às médias, variâncias e covariâncias dos retornos dos diferentes ativos no fim do período, isto é, têm expectativas homogêneas quanto à distribuição conjunta dos retornos. O modelo foi criado por Jack Treynor, William Forsyth Sharpe, John Lintner e Jan Mossin, independentemente, baseado no trabalho de Harry Markowitz sobre diversificação e teoria moderna de portfólio. Sharpe foi o vencedor do Prêmio Nobel de Economia do ano de 1990, juntamente com Markowitz e Merton Miller, por sua contribuição ao campo de finanças. A FÓRMULA O CAPM é um modelo de precificação de ativos tomados individualmente ou de carteiras de ativos. No primeiro caso, fazemos uso da Linha do Mercado de Ativos, conhecida pela sigla em inglês SML (Security Market Line), e de sua relação com retorno esperado e risco sistemático (beta) para entender como o mercado deve precificar ativos individualmente em relação à classe de riscos a que pertencem. A linha do SML nos possibilita calcular a taxa risco/retorno de qualquer ativo em relação ao mercado como um todo. Assim, quando a taxa de retorno esperada para qualquer ativo e deflacionada pelo seu coeficiente beta, o excesso de retorno em relação ao risco para qualquer ativo individual no mercado é igual ao excesso de retorno do mercado: 20 O excesso de retorno do mercado é efetivamente o prêmio de risco de mercado. Rearranjando a equação anterior e isolando E(Ri) , obtém-se a equação do modelo: Este modelo tem uma aplicação restrita porque só serve para empresas cotadas. Convém referir que em cada país por norma há mais empresas não cotadas do que cotadas, e, além disso, nem todos os países têm um mercado de capitais eficiente, de forma a que os preços de cotação reflitam a todo o momento a percepção que os acionistas têm da empresa. A consciencialização deste inconveniente por parte dos financeiros levou a que procurassem estimar o beta através dos dados contabilísticos. Os precursores desta orientação são Beaver, Kettler e Scholes, procurando estimar a sensibilidade dos resultados da empresa às variações de um agregado económico de todas as empresas: beta contabilístico = variação dos resultados da empresa/variação dos resultados agregados. Um beta contabilístico menor que 1 significa que a variação dos resultados da empresa é inferior à média das outras empresas. Então se os resultados agregados variarem 1%, a empresa tem uma variação de resultados inferior a 1%. Outro dos inconvenientes do CAPM é basear-se em pressupostos simplistas. Assim procura explicar comportamentos complexos através de uma única variável. AVALIAÇÃO DE EMPRESAS USANDO CAPM A definição do custo dos capitais próprios é determinante para a realização de investimentos eficientes e para o bem-estar dos consumidores. Um custo demasiado alto obriga os consumidores a pagar preços superiores aos preços competitivos gerando uma perda de bem- estar social. Um valor muito baixo vai permitir aos consumidores beneficiarem de um preço mais baixo no curto prazo, no entanto investimentos eficientes não são feitos o que cria um nível de concorrência em infraestruturas sub-óptimo. 21 Os modelos mais utilizados para estimar o custo dos capitais próprios, ou seja, a rendibilidade que os investidores exigem para suportar o risco sistemático de investir na empresa são: CAPM (Capital Asset Pricing Method) - é um modelo que explica a diferença no risco e rentabilidade entre as várias empresas através de um único factor: a correlação com o mercado. APT (Arbitrage Pricing Theory) - esta teoria defende que a rendibilidade é explicada por vários factores, nomeadamente influências macroeconómicas como a volatilidade dos preços do petróleo, taxas de juro, taxas de câmbio, etc… Fama-French Three Factor Model - este modelo é um caso particular do anterior, dado que utiliza três factores: um factor de mercado, um factor relacionado com o tamanho da empresa e outro de valores de mercado. Em geral, o modelo mais utilizado é o CAPM, dado que tem uma base teórica mais clara e a sua implementação é mais simples. PRESSUPOSTOS DO CAPM Os investimentos em Bilhetes de Tesouro (BT's) estão isentos de risco; As probabilidades de insolvência dos BT's são minímas, mas não garantem rentabilidade real, devido ao risco da inflação; O risco total decompõe-se em dois tipos: risco específico e risco de mercado; Os investidores podem reduzir o risco do investimento através da diversificação; e, Os investidores podem endividar-se a uma taxa de juro igual aquela que obtêm pelos empréstimos que realizam. Custo Capital Próprio = Taxa sem risco + β* Premio Risco Dados para o CAPM TAXA DE JURO SEM RISCO; PRÊMIO DE RISCO E BETA DOS ATIVOS EM ANÁLISE. A) A Taxa de Juro sem Risco Para os activos sem risco, a rendibilidade actual é igual à rendibilidade esperada. Correspondem aos activos em que não há variância na rendibilidade esperada. Pode usar-se a taxa de juro de longo prazo dos títulos de dívida pública (Obrigações deTesouro - OT). Embora as OT's estejam sujeitas ao risco da taxa de juro são os títulos que têm menor risco total. B) Estimação Prática dos Prêmios de Risco O prêmio de risco é a remuneração que os investidores exigem para investirem numa aplicação de risco médio, em relação a investimentos sem risco. Teoricamente, podemos questionar os investidores sobre os prêmios desejados e calcular um prêmio médio. A aproximação tradicional assume que o prêmio ao longo dos anos é igual ao prêmio esperado, calculado com base em dados históricos. Uma forma alternativa é estimar o prêmio usado no momento sobre os preços dos activos. 22 C) Estimação do Beta O Beta é estimado a partir do modelo geral do CAPM: Esta expressão pode transformar-se numa regressão linear simples do tipo: A forma mais simples de estimar o beta dos CP é através da regressão linear simples entre a rendibilidade das acções da empresa (re - var. dependente) e a rendibilidade do mercado (rm - Var.independente): Modelo de Mercado: O Declive da regressão corresponde ao beta da ação e mede o risco da ação. Este modelo postula que o custo de oportunidade dos capitais próprios é igual à taxa de remuneração que é possível obter em investimentos sem risco, acrescido de um prêmio de risco. Este prêmio de risco é o prêmio de risco de mercado ajustado por um coeficiente β. O prêmio de risco do mercado corresponde à diferença entre a taxa de rendimento proporcionada pelo mercado e a que é proporcionada pelos investimentos sem risco. Corresponde, basicamente, a uma previsão dos rendimentos que os investidores irão exigir no futuro para aplicarem o seu capital no mercado de ações. O β reflete o risco sistemático de um determinado sector de atividade relativamente ao risco de mercado, ou, dito de outro modo, reflete a volatilidade da remuneração proporcionada pela empresa, face à remuneração do mercado no seu conjunto, assumindo que a empresa é totalmente financiada por capitais próprios.
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