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DIREITO AMBIENTAL – PONTO 07

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DIREITO AMBIENTAL – PONTO 07
Responsabilidade ambiental. Conceito de dano.A reparação do dano ambiental
Elaborado por Frederick Lustosa de Melo
(Prova oral do XI/TRF1-Nov/05)
Resumido e atualizado e por Ivana Mafra Marinho
Janeiro/2007
Resumo atualizado em janeiro de 2008 por Lauro Henrique Lobo Bandeira
A fim de facilitar a visualização, todas as complementações e/ou alterações do texto original estão grafadas com “fonte” na cor azul.
Atualizado em setembro de 2010 para a prova oral do TRF1 por Ingrid Aragão Freitas Porto. Atualizações em azul.
Atualizado por Clécio Alves de Araujo em 08/2012.
1. Dano ambiental
1.1 Conceito
Nossa Constituição Federal não elaborou um conceito técnico-jurídico de meio ambiente, e a lei ordinária delimitou-se a noções de degradação da qualidade ambiental (alteração adversa das características do meio-ambiente) e poluição (degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos).
Referida proteção vai ao encontro do Princípio 13, da Declaração do Rio (Eco-92), que preceitua que “os Estados deverão desenvolver a legislação nacional relativa à responsabilidade e à indenização referente às vítimas da contaminação e outros danos ambientais. Os Estados deverão cooperar de maneira inteligente e mais decidida no preparo de novas leis internacionais sobre responsabilidade e indenização pelos efeitos adversos dos danos ambientais causados pelas atividades realizadas dentro de sua jurisdição, ou sob seu controle, em zonas situadas fora de sua jurisdição”.
Dessa relação entre degradação ambiental e poluição, Édis Milaré arrisca-se a dizer que "dano ambiental é a lesão aos recursos ambientais, com conseqüente degradação – alteração adversa ou in pejus – do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida".
São recursos ambientais, nos termos da Lei 6.938/81, art. 3o, V, a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. Acrescente-se a esse conjunto de recursos ambientais os elementos artificiais e culturais, uma vez que o meio ambiente resulta das interações recíprocas do ser humano com a natureza. Em outras palavras, o dano ecológico pode degradar o meio ambiente (sentido amplo) ou seus elementos naturais (sentido estrito).
Essa conclusão pode ser completada pelo pensamento de Paulo Bessa, o qual diz que, “como bem jurídico, o meio ambiente é autônomo e unitário, ou seja, não se confunde com os diversos bens jurídicos, também autônomos, que o integram (flora, fauna, ar etc.)”.
Voltando-se mais ainda para o ponto de vista jurídico, meio ambiente é uma coisa comum a todos, que pode ser composta por bens pertencentes ao domínio público ou ao domínio privado, encontrando tutela no Direito público ou privado. A propriedade do bem jurídico “meio ambiente”, quando se tratar de coisa apropriável, pode ser pública ou privada. Mas a fruição do bem jurídico “meio ambiente” é sempre de todos, da sociedade.
Talvez a melhor conclusão seja que não há um conceito fixo para meio ambiente e dano ambiental. Édis Milaré destaca, com efeito, que o conceito de dano ambiental, assim como o de meio ambiente, é aberto, ou seja, sujeito a ser preenchido casuisticamente, de acordo com cada realidade concreta que se apresente ao intérprete. Paulo Bessa, por sua vez, afirma que o conceito de meio ambiente é cultural, ou seja, depende do que ele chama de "ação criativa" do ser humano.
1.2 Classificação
1.2.1 Dano ambiental coletivo, dano ambiental em sentido estrito ou dano ambiental propriamente dito
Causado ao meio ambiente globalmente considerado, em sua concepção difusa, como patrimônio coletivo, atingindo um número indefinido de pessoas, sempre devendo ser cobrado por Ação Civil Pública, Ação Popular, mandado de segurança coletivo ou outro meio processual adequado. Quando cobrado, tem eventual indenização destinada a um Fundo, cujos recursos serão alocados à reconstituição dos bens lesados.
1.2.2 Dano ambiental individual ou pessoal
É também chamado de dano ricochete ou reflexo, pois, por intermédio do dano ao meio ambiente, atinge interesses pessoais.
Viola interesses pessoais, legitimando os lesados a uma reparação pelo prejuízo patrimonial ou extrapatrimonial. Podem ser ajuizadas ações individuais, de maneira independente, não havendo efeito de coisa julgada entre a ação individual e a coletiva. Nesse caso, o objeto lesado é a face da propriedade privada ou saúde individual do bem comum meio ambiente. Nessas ações privadas, a responsabilidade do poluidor é objetiva também.
São casos típicos desse tipo de dano problemas de saúde pessoal por emissão de gases e partículas em suspensão ou ruídos, a infertilidade do solo de um terreno privado por poluição do lençol freático, doença e morte de gado por envenenamento da pastagem por resíduos tóxicos etc.
Ressalte-se que os danos ambientais, segundo a divisão acima, não constituem categorias estanques, de maneira que um mesmo fato pode gerar danos difusos e individuais.
1.3 Características
1.3.1 Pulverização de vítimas
Contrapõe-se o dano ambiental ao dano comum pelo fato de que, enquanto este atinge uma pessoa ou um conjunto individualizado de vítimas, aquele atinge, necessariamente, uma coletividade difusa de vítimas, "mesmo quando alguns aspectos particulares da sua danosidade atingem individualmente certos sujeitos"�.
1.3.2 Difícil reparação
Na grande maioria dos casos de dano ambiental, a reparação ao status quo ante é quase impossível e a mera reparação pecuniária é sempre insuficiente e incapaz de recompor o dano. Como repor o desaparecimento de uma espécie? Como purificar um lençol freático contaminado por agrotóxicos?
A prevenção nesta matéria – aliás, como em quase todos os aspectos da sociedade industrial – é a melhor, quando não a única, solução.
1.3.3 Difícil valoração
Nem sempre é possível calcular o dano ambiental, justamente em virtude de sua irreparabilidade. Édis Milaré salienta que essa característica ficou mais complexa com o advento da Lei 8.884/94 que, em seu art. 88, alterou o caput do art. 1º da Lei 7.347/85, ensejando que também os danos morais coletivos sejam objeto das ações de responsabilidade civil em matéria de tutela de interesses transindividuais.
Há, ainda, uma corrente mencionada por William Freire que reclama a existência de três características do dano ambiental, necessários à configuração do dever de indenizar: a sua anormalidade, que existe onde houver modificação das propriedades físicas e químicas dos elementos naturais de tal grandeza que estes percam, parcial ou totalmente, sua propriedade ao uso; a sua periodicidade, não bastando eventual emissão poluidora; e a sua gravidade, devendo ocorrer transposição daquele limite máximo de absorção de agressões que possuem os seres humanos e os elementos naturais.
2. Reparação do dano
A Constituição Federal, em seu art. 225, § 2o, determina que: "aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei." O §3o acrescenta: "as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar o dano”.
Para Paulo Bessa Antunes, as sanções penais e administrativas têm um caráter de castigo. Por outro lado, a reparação do dano busca a recomposição daquilo que foi destruído, quando possível. Ambas as hipóteses procuram impor um custo ao poluidor e cumpremdois objetivos principais: dar uma resposta econômica aos danos sofridos pela vítima e dissuadir comportamentos semelhantes do poluidor ou terceiros.
O diploma legal básico para o tratamento jurídico do dano ambiental no Brasil é a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, n.º 6.938/81, cujo art. 14, § 1º, reza que "o poluidor é obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade".
Por sua vez, o art. 3º, IV, da referida lei, define poluidor como “a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.” Já o art. 4º, VII, dispõe que a Política Nacional do Meio Ambiente visará “à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos”.
Há, portanto, basicamente duas formas principais de reparação do dano ambiental: a recuperação natural ou o retorno ao status quo ante, modalidade ideal; e a indenização em dinheiro, forma indireta de reparar a lesão.
Consoante Édis Milaré, a reparação ao dano ambiental é a reconstituição do meio ambiente agredido, cessando-se a atividade lesiva e revertendo-se a degradação ambiental. Apenas quando essa recuperação não for viável é que se admite indenização em dinheiro.
O fato é que não existe um critério único para a fixação da reparação. Pode-se optar pela reconstrução do local degradado, pela compensação (degradação de uma área deve corresponder à recuperação de uma outra) ou por qualquer outro mecanismo capaz de estabelecer uma reparação adequada.
É importante ressaltar um aspecto de maior importância na matéria: o princípio da reparação integral do dano – que é um princípio geral na teoria da responsabilidade civil, encampado expressamente pelo NCC no art. 944, caput – tem inteira aplicação na reparação do dano ambiental. Esta, com efeito, deve conduzir o meio ambiente e a sociedade a uma situação, na medida do possível, equivalente àquela de que seriam beneficiários se o dano não tivesse sido causado.
Destarte, a reparação integral do dano ao meio ambiente deve compreender não apenas o prejuízo causado ao bem ou recurso ambiental atingido, como também toda a extensão dos danos produzidos em conseqüência do fato danoso à qualidade ambiental. Deve incluir, então: a) os efeitos ecológicos e ambientais da agressão inicial a um bem ambiental corpóreo, que estiverem no mesmo encadeamento causal (ex: destruição de espécimes, habitats e ecossistemas); b) os denominados danos interinos, ou seja, as perdas de qualidade ambiental havidas no interregno entre a ocorrência do prejuízo e a efetiva recomposição do meio degradado; c) os danos ambientais futuros que se apresentarem como certos; d) os danos irreversíveis à qualidade ambiental e e) os danos morais coletivos resultantes da agressão a determinado bem ambiental.
Em tema de dano ambiental, portanto, tendo em vista a indisponibilidade do direito protegido – direito ao meio ambiente como direito humano fundamental – não se admite qualquer limitação à plena reparabilidade do dano, que não seja decorrente das próprias características do meio ou do bem ambiental atingido. No direito brasileiro, não se verifica a incidência de qualquer limitação legal à plena reparabilidade do dano ambiental. Como já mencionado, o sistema pátrio de responsabilidade por danos ao meio ambiente dispõe de regras próprias e específicas, derrogatórias do regime geral de responsabilidade civil, que se aplicam com exclusividade nessa matéria e não contemplam nenhuma exceção ao princípio da reparação integral do dano.
A Lei 6.453/77, relativa à responsabilidade civil por danos decorrentes de atividades nucleares, que estabelece limite máximo para a indenização no seu art. 9º, cuida, na realidade, dos danos causados aos particulares pela poluição resultante de acidentes com materiais radioativos e nucleares, e não do dano coletivo, causado à qualidade ambiental. Este último escapa à limitação legal, devendo prevalecer, em relação a ele, a norma do art. 225, § 3º, da CF e a norma do art.14, §1º, da Lei 6.938/81, específicas à matéria.
Ademais, tem-se entendido que a norma do art.9º dessa Lei 6.453/77, determinadora do teto máximo para as indenizações em tema de responsabilidade civil nuclear, foi revogada pelas normas do art.14, §1º, da L 6.938/81, aplicável igualmente à reparação dos danos reflexos causados às pessoas físicas e jurídicas por fatos de poluição, e do art. 21, XXIII, “c”, da CF, relativa à responsabilidade objetiva por danos nucleares, sem menção a limite de qualquer ordem para a reparação dos danos. Este é o entendimento de Paulo Affonso Leme Machado, Álvaro Luiz Valery Mirra, entre outros.
Dano moral ambiental
Discute-se também a reparabilidade do chamado dano moral ambiental, como dano moral coletivo.
O dano moral ambiental, como dano coletivo, consiste, em linhas gerais, na dor ou no sentimento de frustração da sociedade decorrente da agressão a um determinado bem ambiental, ao qual a coletividade se sinta especialmente vinculada, seja por laços de afeição, seja por algum vínculo de especial respeito. Por exemplo, um determinado monumento especialmente importante para a história de uma certa cidade, cuja destruição possa defender a memória ou a dignidade do povo daquela localidade.
Observe-se que o direito brasileiro admite, expressamente, a reparabilidade do dano moral ambiental, ao lado do dano causado à qualidade ambiental em si mesma considerada, conforme se verifica do disposto no art.1º, caput, e inc.I, da Lei 7.347/85, com a redação dada pela L 8.884/94, segundo o qual:”Regem-se pelas disposições desta lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:I - ao meio ambiente;(...).
Embora o STJ ainda não tenha enfrentado a questão sob a ótica da proteção ao meio ambiente, é plenamente viável a condenação em danos morais coletivos, como já se observa em matéria relativa ao direito difuso do consumidor e ao direito do idoso, como se nota dos julgados abaixo:
RECURSO ESPECIAL - DANO MORAL COLETIVO - CABIMENTO - ARTIGO 6º, VI, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - REQUISITOS - RAZOÁVEL SIGNIFICÂNCIA E REPULSA SOCIAL - OCORRÊNCIA, NA ESPÉCIE - CONSUMIDORES COM DIFICULDADE DE LOCOMOÇAO - EXIGÊNCIA DE SUBIR LANCES DE ESCADAS PARA ATENDIMENTO - MEDIDA DESPROPORCIONAL E DESGASTANTE - INDENIZAÇAO - FIXAÇAO PROPORCIONAL - DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL - AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇAO - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. I - A dicção do artigo 6º, VI, do Código de Defesa do Consumidor é clara ao possibilitar o cabimento de indenização por danos morais aos consumidores, tanto de ordem individual quanto coletivamente.
II - Todavia, não é qualquer atentado aos interesses dos consumidores que pode acarretar dano moral difuso. É preciso que o fato transgressor seja de razoável significância e desborde os limites da tolerabilidade. Ele deve ser grave o suficiente para produzir verdadeiros sofrimentos, intranquilidade social e alterações relevantes na ordem extrapatrimonial coletiva. (...) REsp 1.221.756. 02/2012.
ADMINISTRATIVO - TRANSPORTE - PASSE LIVRE - IDOSOS - DANO MORAL COLETIVO - DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA DOR E DE SOFRIMENTO APLICAÇÃO EXCLUSIVA AO DANO MORAL INDIVIDUAL - CADASTRAMENTO DE IDOSOS PARA USUFRUTO DE DIREITO - ILEGALIDADE DA EXIGÊNCIA PELA EMPRESA DE TRANSPORTE - ART. 39, § 1º DO ESTATUTO DO IDOSO – LEI 10741/2003 VIAÇÃO NÃO PREQUESTIONADO.
1. O dano moral coletivo, assim entendido o que é transindividual e atinge uma classe específica ou não de pessoas, é passível de comprovação pela presença de prejuízo à imagem e à moral coletiva dos indivíduos enquanto síntese das individualidades percebidas como segmento, derivado de uma mesma relação jurídica-base. 2. O dano extrapatrimonial coletivo prescinde da comprovaçãode dor, de sofrimento e de abalo psicológico, suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo, mas inaplicável aos interesses difusos e coletivos.3. Na espécie, o dano coletivo apontado foi a submissão dos idosos a procedimento de cadastramento para o gozo do benefício do passe livre, cujo deslocamento foi custeado pelos interessados, quando o Estatuto do Idoso, art. 39, § 1º exige apenas a apresentação de documento de identidade. (...)REsp 1057274. 12/2009.
3. Responsabilidade civil
3.1 Fundamentação teórica da responsabilidade objetiva por dano ambiental; teorias do "risco integral" e do "risco-proveito"
Em geral, o sistema brasileiro de responsabilidade civil é de cunho subjetivo, tendo por seu fundamento a culpa do causador de um dano (art. 186, NCC). No entanto, a legislação específica, em algumas áreas, retirou a necessidade da comprovação da culpa (dolo, negligência, imprudência ou imperícia) do agente de um ato lesivo. Exemplos são as áreas do transportes aéreo e ferroviário, acidentes de trabalho e, ultimamente, danos causados pelo produtor ou fornecedor de bens de consumo e a empresa prestadora de serviços (Código de Defesa do Consumidor). 
Com o advento da Lei n.º 6.938 sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, em 1981, a responsabilidade civil para a reparação do dano ambiental também passou a ser objetiva (art. 14, § 1º). Uma das razões da introdução da responsabilidade objetiva nessa área foi também o fato de que a maioria dos danos ambientais graves era e está sendo causada por grandes corporações econômicas (indústrias, construtoras) ou pelo próprio Estado (empresas estatais de petróleo, geração de energia elétrica, prefeituras), o que torna quase impossível a comprovação de culpa concreta desses agentes causadores de degradação ambiental. 
Indagando sobre a justificativa teórica da responsabilidade civil objetiva por danos ambientais, no entanto, podemos constatar uma certa confusão na literatura jurídica nacional. A maioria dos autores adere à teoria do risco integral, que não permite nenhum tipo excludente da responsabilidade, como vamos ver adiante. Esses autores, de regra, acrescentam que a responsabilidade objetiva por dano ambiental decorre também da teoria do risco-proveito ou "risco do usuário": quem obtém lucros com determinada atividade deve arcar também com os prejuízos causados à natureza, evitando assim, "a privatização dos lucros e socialização dos prejuízos" (ubi emolumentum, ibi onus). 
A teoria do risco-proveito nos parece apontar ao principal motivo da introdução da responsabilidade objetiva no direito brasileiro. Ela é conseqüência de um dos princípios básicos da Proteção do Meio Ambiente em nível internacional, o princípio do poluidor-pagador, consagrado ultimamente nas Declarações Oficiais da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO-92 - UNCED�). Uma conseqüência importante dessa linha de fundamentação da responsabilidade objetiva pelo dano ambiental (contrariamente à teoria do risco integral) é a possibilidade de admitir fatores capazes de excluir ou diminuir a responsabilidade como: o caso fortuito e a força maior, o fato criado pela própria vítima (exclusivo ou concorrente), a intervenção de terceiros e, em determinadas hipóteses, a licitude da atividade poluidora.
Não são poucos os autores que, em primeiro momento, se declaram adeptos da teoria do risco integral, que não permite excludentes à responsabilidade, e depois, para fundamentar a sua posição, passam a recorrer a argumentos muito mais ligados à teoria do risco-proveito (por ex.: Edis Milaré, ob. Cit., p. 210; Carlos Roberto Gonçalves, Responsabilidade Civil, 6. Ed., 1995, Edit. Saraiva, p. 78; Jorge ª Nunes Athias, Responsabilidade Civil e Meio Ambiente - breve panorama do direito brasileiro, in: ª Herman Benjamin - Coord. , ob. Cit., p. 244).
Os defensores do risco integral no contexto da responsabilidade objetiva do Estado (Art. 37, § 6º, CF) destacam que ela serve como meio de repartir por todos os membros da coletividade o ônus dos danos atribuídos ao Estado (Caio M. da Silva Pereira, ob. Cit., p. 270, 274). O mesmo já não vale indiscriminadamente para todos os casos da ocorrência de um dano ambiental. O sujeito que deve indenizar, aqui, na maioria dos casos, não é o erário do Estado e, em conseqüência, a coletividade, mas o poluidor particular, que muitas vezes até age com uma autorização válida concedida pelo próprio Estado .
Podemos constatar que a maior parte da doutrina do Direito Ambiental Brasileiro, hoje, adere à "linha dura" da teoria do risco-integral, que não permite nenhum tipo de excludente nos casos de danos ambientais. (Por ex.: Rodolfo de Camargo Mancuso, Ação Civil Pública, 4. Ed., 1996, Edit. RT, p. 206; Nélson Nery Júnior, Responsabilidade civil por dano ecológico e a ação civil pública, in Ver. Justitia, n° 131, p. 175s.)
Toshio Mukai, por sua vez, defende a adoção da teoria do risco administrativo, ou do risco criado, admitindo as excludentes. Para assim concluir, o referido Autor faz um paralelo com a responsabilidade civil do Estado. Para ele, da mesma forma que se concluiu que a responsabilidade civil do Estado, inobstante objetiva, admite excludentes (já que o art. 37, §6°, CF/88, fala expressamente que “as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros (...)”), o mesmo raciocínio aplicar-se-ia ao art. 14, §1°, Lei n.° 6.938/81, que dispõe ser “(...) o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados por sua atividade”.
3.2 O nexo de causalidade
Em se tratando de meio ambiente, tem-se sustentado que o nexo causal existe mesmo quando se manifesta de modo indireto ou mediato, podendo deduzir-se de presunções, admitindo-se uma prova de que o risco da atividade teve uma influência causal decisiva na produção do dano.
Não se exige que o ato tenha sido causa exclusiva do dano, bastando a conexão causal. Seja qual for a participação de alguém na causação do dano, ele tem o dever de indenizar.
A continuidade delitiva é suficiente para a condenação atual da indústria poluente, mesmo que o dano tenha sido causado também por algum antecessor no tempo. Responde o sucessor no tempo pela totalidade dos danos, mesmo que não os tenha causado por inteiro. Nesse caso, a doutrina e a jurisprudência tem flexibilizado o rigor da comprovação do nexo causal em relação a determinado agente, tendo em vista o princípio da pronta proteção do bem ambiental e a natureza de obrigação propter rem, como no caso de aquisição de imóvel já danificado (entendimento consolidado no REsp 1.056.540/2009).
Referida premissa foi incorporada ao Novo Código Florestal, em seu § 2º, do art. 2º, que preceitua que “as obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência do domínio ou posse rural”.
3.3 As excludentes de responsabilidade
Como já dito, a adoção do risco integral torna irrelevantes as excludentes de responsabilidade. Já a adoção do “risco criado” admite as excludentes.
3.4 A atividade lícita não é excludente
Os padrões estabelecidos nas licenças são os mínimos, mas podem não ser suficientes para evitar os danos;
As normas técnicas que estavam na base do licenciamento podem estar desatualizadas, havendo necessidade de cumprir requisitos mais rigorosos;
Pode haver pressão econômica ou política quando da elaboração das normas do licenciamento;
O próprio Estado empresário pode legislar em causa própria, o que pode redundar em padrões de qualidade não tão rigorosos como seria desejável.
3.5 A licença não confere direito adquirido para poluir
A permissão de atividade, mediante certos requisitos, e o fato de a empresa estar agindo com observância desses requisitos, não exclui a responsabilidade, pois não se trata de analisar a violaçãode uma norma preestabelecida, mas de verificar se houve dano causado pelo risco dessa atividade.
3.6 Não exclui a responsabilidade a recomposição natural ou por terceiro do prejuízo causado
As empresas podem alegar que o dano foi recomposto naturalmente ou está em vias de ser recomposto pelo Estado. Mas, em última análise, mesmo que isso ocorra, não há perda do objeto da ação, pois quem deve pagar os custos dos programas de reposição são os réus.
3.7 Responsáveis pela reparação
Os autores da degradação: os empreendedores da atividade lesiva;
Os responsáveis solidários
A impossibilidade de se estabelecer o valor da indenização que compete a cada um gera afinal uma indivisibilidade do dano e a solução é uma atenuação nos requisitos de verificação do liame da causalidade e a instituição de um regime de solidariedade passiva dos vários poluidores. No caso do dano ambiental, a solidariedade seria decorrência lógica da adoção do sistema de responsabilidade objetiva.
A lei diz que há solidariedade na responsabilidade aquiliana quando há mais de um causador do dano (art. 942, NCC). E, mesmo que se trate de responsabilidade objetiva, ela não deixa de ser aquiliana, apenas sem o requisito da culpa. O art.225, §3º, CF, apóia este entendimento.
Chamamento ao processo, denunciação da lide e nomeação à autoria
Há controvérsia sobre a possibilidade desses institutos nas ações em defesa do meio ambiente.
A tendência mais moderna da jurisprudência e doutrina está se inclinando em não admitir a possibilidade.
A administração pública e o ente público
Tratando-se de conduta comissiva, eles respondem objetivamente pelo dano, ressalvado o direito de regresso contra o servidor que agiu com dolo ou culpa (art.37, par.6º , CF).
A simples autorização do Estado para funcionar uma atividade não gera por si só a responsabilidade da Administração. É preciso que haja nexo causal entre a autorização estatal e o dano. Mas se a conduta for omissiva (falta de serviço, por exemplo, falta de fiscalização ou de uso do direito de polícia), há que perquirir, através de um exame concreto dos fatos, caso a caso, se houve falta grave do Poder Público. É o caso de aplicação da teoria subjetiva, pela qual só há o dever se indenizar se amparado em dolo ou culpa. Porém, há decisões recentes do STJ no sentido de que, mesmo sendo caso de omissão, haverá responsabilidade objetiva do Poder Público. Nesse sentido, REsp 1.071.741/2009.
Deve-se destacar que, nesse último caso, mesmo que o Estado se enquadre como poluidor indireto – atos de omissão -, após a reparação, deve regressar contra o poluidor direto. Nesse sentido, REsp 1.071.741/2009.
Por fim, ressalte-se que, apesar de solidária, a atual jurisprudência dominante no STJ é no sentido de que a responsabilidade civil do Poder Público é de execução subsidiária, na hipótese de omissão no cumprimento de seu dever de fiscalização (REsp 1.001.780/2011). Obs: Me parece contraditório com a noção de responsabilidade solidária.
Os profissionais do licenciamento ou do EIA/RIMA
Embora não possam ser demandados em ação ambiental, podem sê-lo em ações de regresso de Estado ou do empreendedor que contratou seus serviços, pois têm responsabilidade subjetiva e podem ser demandados civilmente, provando-se a sua culpa.
A jurisprudência tem aplicado a inversão do ônus da prova em matéria ambiental, competindo a quem supostamente cometeu o dano ambiental comprovar que não o causou. Nesse sentido, é direito subjetivo do suposto infrator a realização de provas técnicas razoáveis e adequadas para demonstrar a ineficácia poluente de sua conduta (REsp 1.060.753/2009).
Desconsideração da personalidade jurídica
É possível, ainda, para fins de efetiva reparação do dano ambiental, a desconsideração da personalidade jurídica, que, na esfera ambiental, é informada pela Teoria Menor, por não se exigir o abuso da personalidade jurídica para sua concretização. De acordo com o art. 4º, da Lei 9.605/1998, a medida poderá ser adotada sempre que a personalidade jurídica for obstáculo à reparação do dano. 
BIBLIOGRAFIA
Livro “Ação Civil Pública e a reparação do dano ao meio ambiente”, de Álvaro Luiz Valery Mirra, 2003, ed. Juarez de Oliveira. O autor é Juiz de Direito em SP e especializado em D. Ambiental na Universidade de Estrasburgo.
Os cursos de Direito Ambiental, do Celso Fiorilo, Paulo Affonso Leme, Paulo Bessa Antunes e Édis Milaré.
“Revista de Direito Ambiental”, onde procurei artigos de doutrinadores gabaritados.
Site do TRF1 e STJ
FREITAS, Vladimir Passos de. A Constituição Federal e a efetividade das normas ambientais. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2005.
MUKAI, Toshio. Direito ambiental sistematizado. 4. ed . rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
RECORTES
A RESPONSABILIDADE DOS AGENTES FINANCIADORES NA SOCIEDADE DO RISCO E O DIREITO DOS DESASTRES 
O processo de industrialização, em razão do crescente financiamento da economia, aumentou de modo decisivo os riscos de danos ambientais.
O atual estágio de proteção ambiental permite responsabilizar tanto os agentes financiados (iniciativa privada) como os agentes financiadores (particular ou pode público), em razão da responsabilização objetiva. 
Uma das formas de prevenir a reparabilidade do dano é o seguro ambiental, em que as empresas potencialmente poluidoras teriam a obrigação de realizar este seguro. Como conseqüência, as seguradoras passariam a realizar estudos consistentes acerca dos riscos do seguro contratado, e exigiriam destas empresas a instituição de instrumentos para impedir a ocorrência dos eventos lesivos ao ambiente.
A sociedade de risco não atenua o nexo causal (Resp 880160/RJ).
Para se buscar um conceito para o dano ambiental, importante registrar a diferença entre o dano ambiental em sentido amplo e dano ambiental em sentido estrito. Francis Caballero (apud, MILLARÉ, 2001, p. 422) ensina a distinção ao dizer: "Deve-se distinguir entre dois tipos de danos ecológicos: o dano ecológico em sentido amplo, isto é, tudo o que degrada o meio ambiente, e o dano ecológico em sentido estrito, isto é, a degradação dos elementos naturais". Firma-se então a terminologia de que dano ambiental em sentido amplo é aquele que atinge o meio ambiente como bem autônomo e dano ambiental em sentido estrito é aquele que atinge algum recurso ambiental, cujo tratamento jurídico também foi delineado acima. 
 O dano ambiental é aquele que atinge o meio ambiente como bem autônomo (sentido amplo) ou um recurso ambiental (sentido estrito). Já dano ambiental privado é aquele prejuízo causado às pessoas ou seus bens por meio de algum recurso ambiental (água, ar, solo), como elemento condutor. O meio ambiente e os recursos ambientais aparecem, assim, como vetores responsáveis pela ligação entre o fato danoso e os danos causados ao patrimônio de particulares ou pessoas de direito público (MIRRA, 2002, p. 69), esta é a razão de ser também chamado de dano em ricochete. 
 Esta divisão também é denominada de dano público (dano ambiental em sentido amplo) quando atinge o bem de uso comum do povo, de natureza difusa, atingindo um número indefinido de pessoas e dano particular (dano em ricochete, dano pelo meio ambiente, etc.), quando envolve o patrimônio individual das vítimas (BARBARULO, 2004, p. 250).
 Para realçar ainda mais o conceito de dano ambiental, recorde-se a definição de meio ambiente como bem estritamente relacional de seus componentes (recursos ambientais), sendo que a tutela constitucional busca o equilíbrio nesta relação. Portanto, pode-se considerar que toda vez que ocorra desequilíbrio na relação entre os recursos ambientais provocada por ação humana, ocorre dano ambiental. 
 Além disto, qualquer outra lesão que leve à perda da qualidade ambiental como um todo, deve ser considerada dano ambiental em sentido amplo. 
 Por fim, é de se destacar a questão dos danos ambientais emsentido estrito – danos aos recursos ambientais – pois, uma vez haver ocorrido lesão a estes, necessária é a devida reparação. 
 Conforme apontado anteriormente, os bens ambientais, ainda que dotados de regime próprio a cada especificidade, seja público ou privado, têm em comum o fato de serem bens de interesse público, na estrita dimensão de sua influência no meio ambiente. 
DANO AMBIENTAL PRIVADO
 O dano ambiental privado, também designado como dano ambiental particular, dano pelo meio ambiente ou dano em ricochete, é aquele em que a lesão além de atingir um recurso ambiental ou o meio ambiente como bem autônomo, atinge também o patrimônio de um ente público ou privado – seja ele proprietário ou não do recurso ambiental atingido. Portanto, trata-se de prejuízo sofrido em patrimônio de particular ou pessoa de direito público decorrente de lesão a recursos ambientais de seu patrimônio, ou conduzidos por recursos ambientais que não estão em seu patrimônio, mas que o venham a lesar (p. ex: poluição conduzida pelo ar causando dano em pintura de veículo ou outro bem).
 A princípio tal categoria de danos não mereceria qualquer análise apartada da categoria de danos prevista no Código Civil. Ocorre que, por força do art. 14, § 1º da Lei nº 6.938/81 a diferenciação ganha relevância, pois ali está previsto que "o poluidor é obrigado, independentemente da existência de culpa, indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados por usa atividade."
 Extrai-se do dispositivo em questão que também os danos causados por poluidor a terceiros (dano ambiental privado) rege-se pela responsabilidade objetiva, fugindo à regra da responsabilidade subjetiva consagrada na doutrina tradicional do Direito Civil. 
 Por fim, encerrando-se as considerações sobre o dano ambiental privado, urge ressaltar que – conforme o caso – poderá este tratar-se de lesão a direito individual homogêneo (art. 81, III, do CDC), como nos casos de lesão ao patrimônio de uma comunidade inteira de pescadores pela mortandade de peixes decorrentes de poluição. Várias são as conseqüências daí advindas, inclusive com possibilidade de ajuizamento de ação coletiva e legitimação dos órgãos estabelecidos em lei (Ministério Público, Pessoas Jurídicas de Direito Público, associações, etc.). 
A QUESTÃO DO DANO AMBIENTAL POR ATO LÍCITO
	Ao ser analisado o Texto Constitucional em seu art. 225 e parágrafo primeiro, I, II e VII, é possível perceber que o Constituinte preocupou-se sobremaneira com o equilíbrio ecológico como um todo e também de processos ecológicos e ecossistemas. 
 No caput do referido dispositivo constou expressamente ser direito de todos que o meio ambiente seja "ecologicamente equilibrado", e no parágrafo primeiro inciso I que incumbe ao Poder Público "preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas". 
 Além disto, no inciso II, dispôs ser necessário "preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País", protegendo "a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade" (inciso VII).
 A razão de tanta preocupação decorre de ser noção pacífica que o meio ambiente possui um certo nível de tolerabilidade a agressões, pois "nem todo atentado ou agressão ao meio ambiente e seus elementos causa necessariamente um prejuízo à qualidade ambiental. O próprio meio ambiente é capaz de suportar pressões adversas; ele pode defender-se até um certo ponto, um limite, além do qual ocorre degradação." (MIRRA, 2002, p. 100)
 Decorre então do regime constitucional que, além de considerar o meio ambiente como bem autônomo eminentemente relacional, o Texto Maior reconhece também que ele deve manter o equilíbrio nesta relação entre os recursos ambientais, surgindo ainda como princípio implícito delineador deste equilíbrio a tolerabilidade do bem jurídico a agressões que, uma vez ultrapassadas, passa a caracterizar dano ao mesmo. 
 Como bem ressalta Álvaro Luiz Valery Mirra, "o princípio de tolerabilidade, compreendido na sua exata significação, longe de consagrar um direito de degradar, emerge, diversamente, como um mecanismo de proteção do meio ambiente, tendente a estabelecer um certo equilíbrio entre as atividades interativas do homem e o respeito às leis naturais e aos valores culturais que regem os fatores ambientais condicionantes da vida."
 Por isto, parece partir de pressuposto falso a discussão se há ou não um direito de poluir, sem o qual a sociedade ficaria estagnada impossibilitada de progredir. Ora, não se trata de direito ou não de poluir, trata-se isto sim de utilizar-se dos recursos ambientais até o limite da tolerabilidade, de forma a que não haja perda da qualidade ambiental, até porque direito de poluir nunca existirá por tratar-se o meio ambiente de bem indisponível. 
 Não se desconhece ser extremamente complexo conhecer, estabelecer, encontrar ou avaliar este limite de tolerabilidade. Contudo, o mesmo deve ser avaliado caso a caso, pautando-se principalmente pelo equilíbrio entre os recursos ambientais, pois, uma vez rompido este, com certeza houve violação à tolerabilidade ambiental. 
 Exemplo do princípio da tolerabilidade é o de despejo de esgoto em rio caudaloso, em pequena quantidade, após tratamento primário que o livre dos elementos mais nocivos à saúde e ao meio ambiente. Neste caso, é perfeitamente possível através de análises químicas e físicas verificar se o corpo receptor (rio) está conseguindo absorver aqueles rejeitos sem que haja prejuízo às suas condições naturais. 
 Além da análise caso a caso, é necessário reconhecer que a matéria dá margem a discricionariedade de interpretação, razão pela qual merece ser delineada também por outros princípios de fundamento constitucional, para que chegue-se ao fim buscado pela Carga Magna: a proteção ao meio ambiente.
 Por fim, conforme adverte Mirra (2002, p. 108) como "conseqüência dessa orientação política expressamente encampada pelo ordenamento jurídico brasileiro tem-se, sem dúvida, que o limite de tolerabilidade das agressões ao meio ambiente, para caracterização do dano ambiental nos casos concretos, deve ser averiguado com todo cuidado e atenção no que se refere ao ponto máximo aceitável de intervenção, em confronto com a capacidade de resistência do meio receptor e determinadas perturbações, merecendo ser prestigiada, cada vez mais, a idéia de prudência e precaução na identificação do limite e, cada vez menos, a de tolerância".
O MITO DO DANO AMBIENTAL POR ATO LÍCITO
 Chegada a hora de tentar-se demonstrar que a questão do dano ambiental em sentido amplo por ato lícito, em verdade, é um mito, pois, uma vez ultrapassado o limite da tolerabilidade apresentado acima, não há que se falar em licitude da conduta pois esta necessariamente violou a ordem constitucional e merece repreensão. 
 Portanto, ultrapassado o limite da tolerabilidade do meio ambiente – o qual tem sede constitucional – já houve violação à Constituição Federal, instrumento jurídico máximo nacional, e, portanto, ilícita se tornou a conduta de quem provocou o dano. 
 É irrelevante que tenha o agente sido previamente autorizado pela Administração Pública ou tenha agido dentro de padrões previamente estabelecidos por esta. Quaisquer destes atos são absolutamente nulos por haverem contrariado diretamente a Constituição Federal. 
 É certo que grande parte da doutrina não enfrenta a questão sob este enfoque, preferindo sustentar que há responsabilização por ato lícito em razão da indisponibilidade do meio ambiente. 
 Ainda dentro do tema do dano ambiental em sentido amplo (ao meio ambiente) por ato lícito, impõe-seanalisar a questão das atividades desenvolvidas dentro dos padrões de poluentes previamente estabelecidos pela Administração Pública.
 O raciocínio a ser adotado é idêntico: sendo indisponível o meio ambiente, é completamente irrelevante que a conduta esteja embasada em norma administrativa estabelecedora de padrão ambiental, pois o que se deve analisar é se a conduta, no caso concreto, ultrapassou ou não o princípio da tolerabilidade. 
 Deve-se levar em conta que "a existência das normas de emissão e os padrões de qualidade representam uma fronteira, além da qual não é lícito passar. Mas, não se exonera o produtor de verificar por si mesmo se sua atividade é ou não prejudicial" (MACHADO, 2003, P. 332).
 A última faceta do dano ambiental por ato lícito ainda não tratada é a referente aos danos ambientais privados (em ricochete). 
 O problema não apresenta maiores questionamentos quando a atividade exercida que veio a causar danos a terceiros conduzidos pelo meio ambiente é ilícita: não há qualquer dúvida sobre a necessidade de reparação. 
 A complexidade da questão aparece no momento em que a atividade exercida está dentro dos padrões exigidos e ainda assim vem causando danos ao terceiro. 
 Nestes casos, também entendemos ser necessário averiguar se aquela atividade está causando dano ambiental em sentido amplo ou estrito. Se os danos causados forem em sentido amplo (dano ao meio ambiente como macrobem), entendemos que o ato é somente pseudo-lícito, pois contraria diretamente a Constituição Federal e, portanto, é passível de cessação, além de reparação pelos fatos já ocorridos. 
 Contudo, se os danos causados estão apenas atingindo recursos ambientais – e indiretamente – também patrimônio de terceiro, a análise importa em maior profundidade. 
 Nestes casos, baseando-se no princípio da eqüidade, afigura-se injusto que certo empreendedor – ainda que agindo dentro de padrões pré-estabelecidos – imponha prejuízos a terceiro decorrentes de sua atividade. 
LOUBET, Luciano Furtado. Delineamento do dano ambiental: o mito do dano por ato lícito. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 1095, 1 jul. 2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8568>. Acesso em: 22 set. 2010.
JULGADOS
1) STJ
PROCESSO CIVIL. DIREITO AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA TUTELA DO MEIO AMBIENTE. OBRIGAÇÕES DE FAZER, DE NÃO FAZER E DE PAGAR QUANTIA. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DE PEDIDOS ART. 3º DA LEI 7.347/85. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA. ART. 225, § 3º, DA CF/88, ARTS. 2º E 4º DA LEI 6.938/81, ART. 25, IV, DA LEI 8.625/93 E ART. 83 DO CDC. PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO, DO POLUIDOR-PAGADOR E DA REPARAÇÃO INTEGRAL.
1. O sistema jurídico de proteção ao meio ambiente, disciplinado em normas constitucionais (CF, art. 225, § 3º) e infraconstitucionais (Lei 6.938/81, arts. 2º e 4º), está fundado, entre outros, nos princípios da prevenção, do poluidor-pagador e da reparação integral. Deles decorrem, para os destinatários (Estado e comunidade), deveres e obrigações de variada natureza, comportando prestações pessoais, positivas e negativas (fazer e não fazer), bem como de pagar quantia (indenização dos danos insuscetíveis de recomposição in natura), prestações essas que não se excluem, mas, pelo contrário, se cumulam, se for o caso.
3. É por isso que, na interpretação do art. 3º da Lei 7.347/85 ("A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer"), a conjunção “ou” deve ser considerada com o sentido de adição (permitindo, com a cumulação dos pedidos, a tutela integral do meio ambiente) e não o de alternativa excludente (o que tornaria a ação civil pública instrumento inadequado a seus fins). É conclusão imposta, outrossim, por interpretação sistemática do art. 21 da mesma lei, combinado com o art. 83 do Código de Defesa do Consumidor ("Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.") e, ainda, pelo art. 25 da Lei 8.625/1993, segundo o qual incumbe ao Ministério Público “IV - promover o inquérito civil e a ação civil pública, na forma da lei: a) para a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao meio ambiente (...)”.
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RESERVA FLORESTAL. NOVO PROPRIETÁRIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
1. A responsabilidade por eventual dano ambiental ocorrido em reserva florestal legal é objetiva, devendo o proprietário das terras onde se situa tal faixa territorial, ao tempo em que conclamado para cumprir obrigação de reparação ambiental e restauração da cobertura vegetal, responder por ela.
(REsp 263.383/PR, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 16.06.2005, DJ 22.08.2005 p. 187)
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO CAUSADO AO MEIO AMBIENTE. LEGITIMIDADE PASSIVA DO ENTE ESTATAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. RESPONSÁVEL DIRETO E INDIRETO. SOLIDARIEDADE. LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO. ART. 267, IV DO CPC. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULAS 282 E 356 DO STF.
1. (...)
3. O Estado recorrente tem o dever de preservar e fiscalizar a preservação do meio ambiente. Na hipótese, o Estado, no seu dever de fiscalização, deveria ter requerido o Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo relatório, bem como a realização de audiências públicas acerca do tema, ou até mesmo a paralisação da obra que causou o dano ambiental.
4. O repasse das verbas pelo Estado do Paraná ao Município de Foz de Iguaçu (ação), a ausência das cautelas fiscalizatórias no que se refere às licenças concedidas e as que deveriam ter sido confeccionadas pelo ente estatal (omissão), concorreram para a produção do dano ambiental. Tais circunstâncias, pois, são aptas a caracterizar o nexo de causalidade do evento, e assim, legitimar a responsabilização objetiva do recorrente.
5. Assim, independentemente da existência de culpa, o poluidor, ainda que indireto (Estado-recorrente) (art. 3º da Lei nº 6.938/81), é obrigado a indenizar e reparar o dano causado ao meio ambiente (responsabilidade objetiva).
6. Fixada a legitimidade passiva do ente recorrente, eis que preenchidos os requisitos para a configuração da responsabilidade civil (ação ou omissão, nexo de causalidade e dano), ressalta-se, também, que tal responsabilidade (objetiva) é solidária, o que legitima a inclusão das três esferas de poder no pólo passivo na demanda, conforme realizado pelo Ministério Público (litisconsórcio facultativo).
7. Recurso especial conhecido em parte e improvido. (Classe: RESP 604725, Processo: 200301954005 UF: PR Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA, Data da decisão: 21/06/2005, Fonte: DJ DATA:22/08/2005 PÁGINA:202, Relator: CASTRO MEIRA, Decisão: unânime)
RECURSO ESPECIAL Nº 1.155.134 - RR (2009/0168892-4)
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. INCRA. IBAMA. TRABALHADOR RURAL. ASSENTAMENTO EM ÁREA DE LORESTA NACIONAL. INSTABILIDADE POSSESSÓRIA. NEGATIVA DE AUTORIZAÇÃO PARA ESMATAMENTO E QUEIMADA. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. CABIMENTO. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. COMPENSAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA.
1. Em 1996, a parte autora, trabalhadora rural, foi assentada pelo INCRA no Projeto de Assentamento Samaúma/RR, área que integra a Floresta Nacional de Roraima (FLONA/RR), obrigando-se à exploração agroeconômica da gleba. 2. A partir de 2001, não mais conseguiu autorização do IBAMA para desmatamento e queima controlada, necessários ao desempenho da atividade agrícola. 3. Ao instituírem assentamento de trabalhadores rurais em área no interior de Floresta Nacional sem alertar os assentados das limitações decorrentes dessa situação e sem aferir a viabilidade do projeto diante de tais restrições ambientais, agentes do INCRA lhes causaram danos extrapatrimoniais indenizáveis representados pela frustração de uma justa expectativa de crescimento econômico-social e pela decepção com a perda do esforço físico e mental despendidona exploração da área. 4. Ao não se oporem à implantação do assentamento em área de Floresta Nacional, apesar de comunicados a respeito, agentes do IBAMA, por manifesta negligência, também deram causa à provocação dos aludidos danos morais. A relevância da participação do IBAMA na produção dos referidos prejuízos foi maximizada pela posterior concessão de autorizações de desmatamento e queima controlada até o ano de 2000, o que reforçou a crença dos assentados na regularidade de sua situação inclusive sob o aspecto ambiental.
6. Estando presentes os pressupostos para a condenação solidária (art. 1.518, CC/1916; art. 942, CC/2002) do INCRA (art. 37, §6º, CPC) e do IBAMA (art. 159, CC/1916; art. 186, CC/2002), devem estes indenizar os danos morais suportados pela parte autora.
2) TRFs
Classe: REO - Remessa Ex Offício – 360717, Processo: 200505000145191 UF: PE Órgão Julgador: Quarta Turma, Data da decisão: 01/08/2006, Fonte: DJ - Data::21/09/2006 - Página::1020 - Nº::182, Relator:Desembargador Federal Edílson Nobre Decisão: UNÂNIME
REMESSA OFICIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO AMBIENTAL. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL. IMPROVIMENTO.
I - Proposta a ação pelo Ministério Público Federal, em decorrência de fiscalização levada a cabo pelo IBAMA no desempenho de competência administrativa outorgada pelo art. 2º do Decreto 99.547/90, justifica-se a competência da Justiça Federal, por presente interesse na boa prestação da competência federal de ordenação do uso do meio ambiente.
Origem: TRIBUNAL - QUINTA REGIAO, Classe: AC - Apelação Civel – 355948, Processo: 200081000131631 UF: CE Órgão Julgador: Quarta Turma, Data da decisão: 01/08/2006, Fonte: DJ - Data::21/09/2006 - Página::1019 - Nº::182, Relator: Desembargador Federal Edílson Nobre, Decisão: UNÂNIME
APELAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO AMBIENTAL. PROVIMENTO PARCIAL.
I – A responsabilidade por dano ao meio ambiente, oriundo de desmatamento ilegal, é, de forma automática, transferida ao novo proprietário, ao qual compete proceder à recomposição da área. Desnecessária, igualmente, a produção de prova para a demonstração do fato.
Origem: TRIBUNAL - QUINTA REGIAO, Classe: AC - Apelação Civel – 231636, Processo: 200005000493845 UF: PB Órgão Julgador: Quarta Turma, Data da decisão: 25/10/2005, Fonte: DJ - Data::02/12/2005 - Página::1016 - Nº::231, Relator: Desembargador Federal Edílson Nobre, Decisão: UNÂNIME
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PODER PÚBLICO. OMISSÃO DO DEVER DE FISCALIZAR OBRAS E CONSTRUÇÕES IRREGULARES. DANO MORAL CAUSADO A PROPRIETÁRIO DE IMÓVEL SITUADO EM TERRENO DE MARINHA. REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. JUROS DE MORA.
2. Reconhecida a conduta omissiva das entidades recorrentes - o Município de Cabedelo/PB e a Capitania dos Portos do Estado da Paraíba (representada pela União Federal) - na fiscalização das construções irregulares empreendidas desde de 1986 na localidade da praia do Poço, causadoras de degradação ambiental e, conseqüentemente, da "sadia qualidade de vida" à qual se refere o caput do art. 225 da CF, não obstante reiteradas reclamações dos moradores, inclusive do autor-recorrido.
4. A omissão da Administração, tida como causadora do dano ambiental e consistente em um non facere quod debere facere, renova-se continuamente, inexistindo um marco que sirva de termo a quo para a contagem do lapso prescricional. Rejeitada a prejudicial de prescrição.
Origem: TRIBUNAL - QUINTA REGIAO, Classe: AC - Apelação Civel – 366509, Processo: 200282000093343 UF: PB Órgão Julgador: Primeira Turma, Data da decisão: 22/09/2005, Fonte: DJ - Data::13/10/2005 - Página::850 - Nº::197, Relator: Desembargador Federal Francisco Wildo, Decisão: UNÂNIME
DIREITO AMBIENTAL. DANO AMBIENTAL. RECUPERAÇÃO DA ÁREA. ENTE PÚBLICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
- Como o meio ambiente é da responsabilidade de todos os entes públicos, notadamente quando se demonstra que um deles não se desincumbiu do ônus de fiscalizar as atividades danosas praticadas, deve ser responsabilizado na medida da sua omissão, como é o princípio geral que rege a tutela do meio ambiente. Precedentes do STJ.
Origem: TRIBUNAL - QUINTA REGIAO, Classe: AC - Apelação Civel – 301119, Processo: 200205000215325 UF: PE Órgão Julgador: Segunda Turma, Data da decisão: 09/12/2003, Fonte: DJ - Data::09/06/2004 - Página::648 - Nº::110, Relator: Desembargador Federal Francisco Cavalcanti, Decisão: UNÂNIME
CIVIL. ADMININSTRATIVO. INDENIZAÇÃO. DANO AMBIENTAL. EXPLORAÇÃO DE AREIA EM CURVA DE RIO. VIOLAÇÃO ÀS NORMAS AMBIENTAIS. DANO AMBIENTAL COMPROVADO. AUTORIA COMPROVADA. RESPONSABILIDADE DO CAUSADOR DO DANO. INTELIGÊNCIA DO ART. 225 § 3º DA C.F. RESPONSABILIDADE OBJETIVA: ART. 14 DA LEI Nº 6.938/81. INDENIZAÇÃO DEVIDA.
3. As perícias realizadas entenderam o dano ambiental como irreversível, devido, portanto, o pagamento da quantia a ser apurada em liquidação por artigos, onde deverá ser mensurado, em face dos diversos elementos constantes aos autos e das provas eventualmente produzidas, os valores que seriam necessários para recompor equivalente porção de área degradada, em razão da atuação do Réu-Apelado.
Origem: TRIBUNAL - QUINTA REGIAO, Classe: AC - Apelação Civel – 278430, Processo: 200084000032568 UF: RN Órgão Julgador: Primeira Turma, Data da decisão: 02/10/2003, Fonte: DJ - Data::27/10/2003 - Página::470, Relator: Desembargador Federal Francisco Wildo
PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. LICENÇA AMBIENTAL DO IBAMA. SUPRESSÃO PARCIAL DE MANGUEZAIS. FLORESTA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE EX VI LEGIS. ILEGALIDADE. FALTA DE ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL. NULIDADE.
5. - INDISPENSÁVEIS O ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL E O RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL - EIA/RIMA - COMO CONDIÇÃO PARA A CONCESSÃO DE LICENÇA AMBIENTAL PARA EMPREENDIMENTOS EM ÁREAS DE MANGUEZAIS. SUA FALTA CONTAMINA COM NULIDADE ABSOLUTA O PROCEDIMENTO QUE CULMINOU NA CONCESSÃO DO LICENCIAMENTO.
6. - NÃO SE PODE PENALIZAR O PARTICULAR QUE AGE ESTRITAMENTE AMPARADO EM ATO ESTATAL APARENTEMENTE LEGÍTIMO, MÁXIME QUANDO O DANO AMBIENTAL É O PRÓPRIO CONTEÚDO DA LICENÇA AMBIENTAL CONCEDIDA. 
Origem: TRIBUNAL - QUINTA REGIAO Classe: AC - Apelação Civel – 345023 Processo: 200482000061090 UF: PB Órgão Julgador: Primeira Turma Data da decisão: 02/06/2005 Documento: TRF500099551 Fonte DJ - Data::10/08/2005 - Página::1097 - Nº::153 Relator(a) Desembargador Federal Francisco Wildo
CONSTITUCIONAL - ADMINISTRATIVO - PROCESSUAL CIVIL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADO PELO IBAMA – REPARAÇÃO DE DANOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE - INTERESSE DE AGIR – ANULAÇÃO DA SENTENÇA A QUO - RETORNO DOS AUTOS AO JUÍZO DE ORIGEM.
2. A reparação dos danos causados ao meio ambiente, consoante depreende-se da interpretação do art. 225, §3º, da CF/1988, não se inclui no leque das sanções administrativas aplicáveis pela Administração Pública, com base em seu poder de polícia, mas de sanção de natureza civil, já que tal pretensão, não sendo espontaneamente atendida pelo administrado, apenas poderá ser atingida através de processo judicial, em que sejam respeitados os princípios do devido processo legal, contraditório e ampla defesa. Dessa forma, presente está o interesse de agir do IBAMA.
Origem: TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO. Classe : AC - APELAÇÃO CÍVEL - 457653 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INDENIZAÇÃO. DANO CAUSADO AO MEIO AMBIENTE. TRANSBORDAMENTO DE ÓLEO DE EMBARCAÇÃO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA - INDENIZAÇÃO DEVIDA - LAUDO ELABORADO PELA CETESB PARA APURAÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO. Não podem prevalecer os limites indenizatórios previstos na "Convenção Internacional por Responsabilidade Civil em Danos Causados por Poluição por Óleo", ratificada e posta em vigor no Brasil por intermédio dos Decretos 79.437/77 e 83.530/79, por estar em conflito com a nossa Ordem Constitucional. 10. Possibilidade de que os danos causados ao meio ambiente por derramamento de óleo sejam indenizados segundo os valores apurados em ação judicial. 11. Prevalência do laudo elaborado por perito daCETESB, para fixação do valor da indenização. 
Classe : AC - APELAÇÃO CÍVEL – 304590. Processo: 96.03.014267-0 
AMBIENTAL E CONSTITUCIONAL. DERRAMAMENTO DE ÓLEO PESADO EM ÁGUAS MARINHAS POR NAVIO ANCORADO NO PORTO DE SANTOS. DANO INQUESTIONÁVEL E SIGNIFICATIVO, EMBORA IMPOSSÍVEL AVERIGUAR SUA EXATA EXTENSÃO. CABIMENTO DA REPARAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE. IRRELEVÂNCIA DE PAGAMENTO DE MULTA ADMINISTRATIVA, CUJA INCIDÊNCIA NÃO IMPEDE A REPARAÇÃO DE DANOS. ART. 225, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ATRIBUIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE APURAR E BUSCAR A REPARAÇÃO DOS DANOS ATRAVÉS DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA (CF, ART. 129, III). INDENIZAÇÃO ARBITRADA COM BASE EM LAUDO PERICIAL. CARGA SUBJETIVA DO JUIZ NA DETERMINAÇÃO DA REPARAÇÃO. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. CARÁTER EXEMPLAR DA INDENIZAÇÃO, VISANDO EVITAR A REPETIÇÃO DE FATOS ANÁLOGOS. 1. Danos causados ao meio ambiente, na forma de derramamento de óleo pesado em águas marinhas por navio ancorado no cais do Porto de Santos. 2. O dano é inquestionável, posto que cabalmente comprovado por fotografias e documentos oriundos da Capitania dos Portos. 3. O fato de ser impossível detectar a exata extensão dos danos ao meio ambiente não leva a considerá-los inócuos. 4. É irrelevante que a apelante tenha pago multa pelos atos praticados, visto que ela tem caráter punitivo e natureza administrativa, enquanto a reparação de danos tem natureza constitucional-civil, sendo devida independentemente das sanções de caráter penal e administrativo, nos termos do art. 225, 3º, da Constituição Federal. 5. 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. APLICAÇÃO AOS ATOS MATERIAIS PRATICADOS AINDA QUE ANTERIORES À SUA EDIÇÃO. 1. O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública objetivando a responsabilidade por danos ambientais decorrentes de atividade lesiva (queimada) anterior à edição da Lei nº 7.347/85. 2. A Lei nº 6.938/81, além de instituir o regime da responsabilidade civil objetiva, já havia legitimado o órgão ministerial, estadual e federal, para propositura da ação visando a reparação do dano ambiental. 
Existe definição de Meio Ambiente na CR? Conceitue Meio Ambiente.
Conceitue dano ambiental.
Fale sobre dano ambiental coletivo, diferenciando-o do dano ambiental individual.
Quais as características do dano ambiental que o diferenciam do dano comum?
Quais formas de reparação do dano ambiental?
Discorra sobre o art. 9º da Lei L 6.453/77, relativa à responsabilidade civil por danos decorrentes de atividades nucleares, no que tange à limitação para a reparação de danos ambientais.
Discorra acerca do chamado “dano moral ambiental”.
Qual a teoria adotada na reparação do dano ambiental?
É correto dizer que o nexo de causalidade do direito ambiental é presumido? Explique.
Há possibilidade de chamamento ao processo, denunciação da lide e nomeação à autoria nas ações em defesa do meio ambiente?
É correto dizer que existe dano ambiental por ato lícito?
� MILARÉ, Édis. Direito do ambiente. 3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p. 668.
� Princípio 16
As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais.

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