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Marcio Soares

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MÁRCIO PESSANHA SOARES
ALIENAÇÃO PARENTAL
CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ)
2018
MÁRCIO PESSANHA SOARES
ALIENAÇÃO PARENTAL
Trabalho de conclusão de curso apresentado á universidade Estácio de Sá, como requisito, Parcial para obtenção do título de graduação em Direito.
Orientadora: Prof.ª Dra. Ana Cristina Augusto Pinheiro.
CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ)
2018
“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível”.
Charles Chaplin
 RESUMO
 O Presente trabalho faz um exame do conceito de Alienação Parental e das consequências severas para o desenvolvimento psicológico do menor alienado, que pode, devido a esse conflito, desenvolver a Síndrome da alienação Parental, que é um transtorno psicológico muito grave. Deve ser observado que o fim da entidade familiar não extingue os direitos e deveres dos cônjuges em relação aos filhos, ou seja, serão exercidos em igualdade pelos genitores, em razão do poder familiar e do direito ao convívio de ambos os cônjuges da prole. Ocorre, porém, que muitas dessas rupturas conjugais, se transformam em conflitos, o que leva o genitor detentor da guarda a usar de meios tiranos, para atingir o outro cônjuge e afastar o menor alienado do convívio deste. Com o advento da Lei nº 12.318 de 2010, que o intuito foi facilitar a compreensão e a identificação da alienação parental e ainda, a imposição de medidas de prevenção e combate a esta prática. Observa-se ainda, que outras medidas podem ser encontradas no ordenamento jurídico brasileiro, por exemplo, no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Código Civil, na Constituição Federal, além de outras legislações esparsas, que denotam a preocupação do legislador com o tema, com a criação de instrumentos hábeis na prevenção dos atos de alienação parental, com o objetivo principal de proteger e garantir os direitos da criança e do adolescente vitimado. Em relação ao procedimento técnico, na elaboração do estudo utilizou-se basicamente a pesquisa bibliográfica. Por fim, destaca-se a relevância do tema para o reconhecimento da alienação parental e das medidas aplicáveis, para a proteção dos filhos em consonância com as normas constitucionais e do melhor interesse do menor, do direito à convivência familiar e a dignidade da pessoa humana. 
 Palavras-Chave: Alienação Parental, Criança e Adolescente. Família. Lei 12.318/2010.
INTRODUÇÃO
Com o aumento do número de divórcios e o consequente aumento das disputas pela guarda dos filhos, pode-se observar a ocorrência dos atos de Alienação Parental com maior frequência, embora tenham sempre existido. A alienação parental é um tema relativamente novo para o cotidiano jurídico, uma vez que a Lei nº 12.318 de 2010 fora promulgada em 26 de agosto de 2010. Com as inovações na seara do direito de família, surgiram novos desafios nas lides envolvendo os direitos das crianças e adolescentes.
O objetivo deste trabalho monográfico é o estudo da Lei nº 12.318 de 2010, que foi publicada com o intuito de inibir a prática da alienação parental e proteger os direitos individuais das crianças e adolescentes, vítimas desses atos praticados por um dos seus genitores.
Com o divórcio, e consequentemente com a ruptura da vida em comum do casal, pode ocasionar para um dos genitores um sentimento de culpa, traição, raiva, desapontamento, não aceitação do término e vingança, assim o genitor alienante que está com a guarda do filho passa a empreender diversas atitudes negativas para impedir a aproximação do genitor e do menor.
Fatos assim exigem a melhor solução para atender aos interesses dos menores, e também as pretensões dos genitores, portanto, é importante o estudo do tema alienação parental e seus mecanismos de proteção.
É imprescindível observar e analisar a Lei em questão e as medidas de proteção aplicáveis ao Direito de Família, o tema objetiva demonstrar que a proteção ao melhor interesse da criança ou adolescente é essencial, e ainda, a garantia de seu desenvolvimento e dos pilares preconizados na Constituição Federal, necessária é a conscientização e entendimento sobre o tema para que através dos mecanismos de resguardo haja a coibição dessa prática tão recorrente, para que sobrevenha o direito ao convívio familiar com a presença de ambos os cônjuges na vida do menor e a separação dos genitores cada vez menos, gerem esse tipo de problema.
CAPITULO I
ALIENAÇÃO PARENTAL
Conceito de Alienação parental
A alienação parental é um tema relativamente do ambiente jurídico e decorre sobre a Lei nº 12.318 que fora promulgada somente em 26 de agosto de 2010. Foi na época considerada uma inovação para o direito de família, e juntamente com esta lei surgiram novos desafios nas lides envolvendo os direitos das crianças e adolescentes. E a compreensão disto se torna melhor com uma análise das famílias existentes atualmente no Brasil (STRUCKER, 2015).
Dias (2015, p.2), retira do cerne da Lei 12.318/10 o seu significado, que define alienação parental como “a interferência na formação psicológica para que o filho repudie o genitor ou cause prejuízos ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com o mesmo”.
Na atualidade os rompimentos dos vínculos conjugais são frequentes e ocorrem por diversos fatores, muitas vezes essas dissoluções se processam de forma conflituosa, o que leva o genitor que detém a guarda, autoridade ou vigilância do menor a tecer sentimentos de rancor, vingança, não aceitação do término do relacionamento, e assim passa a usar a prole como um instrumento que afete negativamente a relação deste com o outro genitor, e com o sucessivo afastamento do vínculo entre eles, fenômeno que se denominou de alienação parental (SILVA et al, 2008, p. 11-12). Deste modo, uma lei específica, surge em 2010 no ordenamento jurídico brasileiro a Lei nº 12.318, que dispõe sobre a alienação parental, e objetiva proteger os envolvidos neste processo, em especial crianças e adolescentes alienados. O artigo 2º, da Lei nº 12.318 de 2010, conceituou alienação parental da seguinte forma:
“Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.” (BRASIL, Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010,2010). 
Todavia, a prática da alienação parental não se restrinja somente ao genitor detentor da posse do menor, tal ato é mais comumente praticado por este, tendo em vista tratar-se de um transtorno psicológico que se caracteriza pelo conjunto sintomático por meio do qual um genitor, denominado cônjuge alienador, tem o objetivo de romper, destruir o vínculo do filho com o outro genitor (FREITAS, 2010, p. 19-20).
Neste sentido, corrobora Dias (2010, p. 16), quanto ao processo de alienação parental:
“Mas a finalidade é uma só: levar o filho a afastar-se de quem o ama. Tal atitude gera contradição de sentimentos e, muitas vezes, a destruição do vínculo afetivo. A criança acaba aceitando como verdadeiro tudo que lhe é informado. Identifica-se com o genitor patológico e torna-se órfã do genitor alienado, que passa a ser considerado um invasor, um intruso a ser afastado a qualquer preço. O alienador, ao destruir a relação do filho com o outro, assume o controle total. Tornam-se os dois unos, inseparáveis. Este conjunto de manobras confere prazer ao alienador em sua trajetória de promover a destruição do antigo parceiro”.
1.2. Do processo de Alienação Parental
A caracterização da alienação parental ou conduta que dificulte a convivência paterno-filial, semdanos da responsabilidade civil ou criminal do alienador, o aval ao juiz para aconselhar o alienador; aumentar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; multar o alienador; trocar a guarda ou alterá-la para guarda compartilhada. E ainda pode até suspender o poder familiar (DIAS, 2015).
Trindade (2007, p. 105-106) no estudo do processo de alienação parental traçou algumas características apresentadas pelo alienador, quais sejam:
“Dependência; baixa autoestima; condutas de não respeitar as regras; hábito contumaz de atacar as decisões judiciais; litigância como forma de manter aceso o conflito familiar e de negar a perda; sedução e manipulação; dominância e imposição; queixumes; histórias de desamparo ou, ao contrário, de vitórias afetivas; resistência ao ser avaliado; resistência recusa ou falso interesse pelo tratamento”.
Assim, destacam-se alguns comportamentos frequentes, de um genitor alienador no entendimento de François Podevyn, traduzido pela APASE - Associação Pais para Sempre, tais como recusa de passar as ligações telefônicas aos filhos; realização de atividades com os filhos no período de visitas do genitor não guardião; a apresentação do novo companheiro como substituto do outro genitor; interceptação das cartas e pacotes endereçados aos filhos; depreciação do outro genitor na frente dos filhos; recusa em prestar informações ao outro genitor em relação às atividades dos filhos; criticar o novo relacionamento do outro; intervenção no direito de visita do outro; não avisar o genitor alienado de compromissos importantes do menor; envolvimento de terceiros na desmoralização do genitor alienado; a tomada de decisões importantes relacionadas aos filhos sem a opinião do outro genitor; tentativa ou troca dos nomes e sobrenomes do menor; ameaça de punir os filhos caso mantenham contato com outro genitor; entre outros (PODEVYN, 2001).
O parágrafo único do artigo 2º da Lei 12.318 de 2010 elenca um rol exemplificativo de condutas praticadas pelo alienador:
“Parágrafo único”. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;
VII – “mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós” (BRASIL, Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010, 2010).
Com relação às consequências da Síndrome de Alienação Parental, Silva (2003, p. 100) explica que:
“Os efeitos nas crianças vítimas da síndrome da alienação parental podem ser: depressão crônica, incapacidade de adaptarem-se aos ambientes sociais, transtornos de identidade e de imagem, desespero, tendência ao isolamento, comportamento hostil, falta de organização, consumo de álcool e/ou drogas e algumas vezes suicídios ou outros transtornos psiquiátricos. Podem ocorrer, sentimentos incontroláveis de culpa quanto a criança, quando adulta, constata que foi cúmplice inconsciente de uma grande injustiça ao genitor alienado”.
A Alienação Parental, pode ser considerada como uma afronta aos princípios constitucionais e aos direitos da criança do adolescente, por que é considerada intolerável por tornar crianças em pleno desenvolvimento vítimas de um abuso emocional que gera graves consequências psicológicas. É de grande a relevância da recente legislação sobre o tema no Brasil, devendo a mesma ser analisada minuciosamente (GUILHERMANO, 2012).
Do mesmo modo, acrescenta Souza (2008, p. 28):
“Estas crianças possivelmente estabelecerão relações marcadas por essa vivência da infância, apreendendo a manipular situações, desenvolvendo um egocentrismo, uma dificuldade de relacionamento e uma grande incapacidade de adaptação. Tiveram destruída a ligação emocional com o progenitor ausente, atualizando estas dificuldades nas relações futuras”.
1.3. Critérios para a identificação da alienação parental
O artigo 5ª da Lei de Alienação Parental prevê a realização de perícia psicológica ou biopsicossocial, quando houver indícios da prática de alienação, e ainda estabelece alguns requisitos para a consistência do laudo, como entrevista pessoal com as partes envolvidas, análise de documentos dos autos, informações quanto ao período do relacionamento e quanto a separação do casal, detalhamento dos incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e análise de como a criança ou adolescente se manifesta em relação as acusações contra o genitor alienado (BRASIL, Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010, 2010).
Por fim, cabe esclarecer que a Lei nº 12.3180 de 2010, não prevê a perda do poder familiar, tendo em vista que seu principal objetivo é o restabelecimento do convívio familiar, mas caso seja tal medida necessária poderá ser aplicada.
1.4.	As diferenças entre a alienação parental e a síndrome da alienação parental: comportamento e ações
Embora se relacionem diretamente, a alienação parental e a Síndrome da Alienação Parental não se confundem, pois a primeira consiste no afastamento do filho de um dos genitores pelo outro, enquanto a síndrome reflete as consequências emocionais e comportamentais da criança ou adolescente que sofreu a alienação. Quanto a diferenciação entre a alienação parental e a síndrome que resulta de sua ocorrência Figueiredo (2011, p. 48-49), ensina que:
“A síndrome da alienação parental não se confunde, portanto, com a mera alienação. Aquela geralmente é decorrente desta, ou seja, a alienação parental é o afastamento do filho de um dos genitores, provocado pelo outro, via de regra, o titular da custódia. A síndrome por seu turno, diz respeito às sequelas emocionais e comportamentais de que vem padecer a criança vítima daquele alijamento. Assim, enquanto a síndrome refere-se à conduta do filho que se recusa terminantemente e obstinadamente a ter contato com um dos progenitores e que já sofre mazelas oriundas daquele rompimento, a alienação parental relaciona-se com o processo desencadeado pelo progenitor tirano que intenta arredar o outro genitor da vida do filho. Essa conduta – quando ainda não dá lugar à síndrome – é reversível e permite com o concurso de terapia e auxílio do Poder Judiciário o restabelecimento das relações com o genitor preterido.”
O auxílio de um profissional da área psíquica é de grande valor para decidir litígios de forma menos danosa às partes envolvidas. A perícia psicológica no processo determina que um dos procedimentos técnicos que tenha como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da Justiça, deve ser acompanhada por um perito técnico encarregado pela autoridade de esclarecer fato da causa, auxiliando, na formação de convencimento do juiz para elaborar o laudo, o qual vai ajudar na sua decisão (TEIXEIRA, 2005 apud GUILHERMANO, 2012) .
“O psiquiatra norte-americano Richard Gardner definiu a Síndrome da Alienação Parental como um distúrbio que aparece nos filhos de casais que estão em disputa de custódia. Um dos genitores faz uma campanha denegritória em relação ao outro, fazendo com que a própria criança assuma os pensamentos do alienador, passando a contribuir para tal campanha caluniosa, gerando o afastamento do genitor alienado” (GUILHERMANO, 2012, p.17).
Gardner (2002) apud Strucker (2015, n.p.) esclarece que:
“A síndrome da alienação parental é um distúrbio da infância que aparece quase queexclusivamente no contexto de disputas de custódia de crianças”. Sua manifestação preliminar é a campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela própria criança que não tenha nenhuma justificação. Resulta da combinação das instruções de um genitor (o que faz a “lavagem cerebral, programação, doutrinação”) e contribuições da própria criança para caluniar o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou a negligência parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a explicação da Síndrome da Alienação Parental para a hostilidade da criança não é aplicável”
O Juiz Elisio Perez (2011) é o autor do anteprojeto da Lei de Alienação Parental e trouxe á luz suas ideias na publicação de uma entrevista, afirmando que:
“[...] uma questão importante que tem sido ignorada é o fato de que a lei brasileira estabelece um conceito jurídico autônomo para os atos de alienação parental, que está no art. 2º da lei, e que não se confunde com a síndrome da alienação parental, embora possamos indicar pontos de contato. O conceito jurídico dos atos de alienação parental viabiliza que se reconheça, com clareza, essa modalidade de abuso, em si, independente de consequências outras. Vale dizer: não é necessário aguardar para saber se a criança responde ou não ao processo abusivo, se há patologia ou não.”
Assim, percebe-se que a alienação parental é um problema grave, pois pode gerar consequências e danos severos como a aquisição da síndrome, o que interferirá negativamente na construção psicológica do menor alienado Ao analisar as condutas envolvidas em um processo de alienação, faz-se necessário compreender os entes que atuam junto à criança, assim como propõe FONSECA (2006) apud MELO (et. al., 2015, p. 3) ao definir os papéis da seguinte forma:
“Àquele que busca arredar a presença do outro progenitor da esfera de relacionamento com o filho outorga-se o nome de “progenitor alienante” e ao outro, de cujo contato se subtrai a criança, de “progenitor alienado”. Geralmente o papel de progenitor alienante cabe à mãe, e o de alienado, ao pai.”
Ainda estabelece-se a distinção entre a alienação parental em que há o apoio a rejeição do outro progenitor por parte dos filhos, e a síndrome da alienação parental, isto explica às sequelas emocionais e comportamentais de que vem a padecer a criança vítima daquele alijamento (FONSECA, 2006 apud MELO; et. al., 2015).
“[...] a expressão Síndrome da Alienação Parental é duramente criticada por não estar prevista nem no CID-10 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde), nem no DSM-IV, ou seja, não é reconhecida como uma categoria diagnosticada e também não é considerada uma síndrome médica válida. Síndrome significa um distúrbio, sintomas que se instalam em consequência da extrema reação emocional ao genitor, cujos filhos foram vítimas. Já a Alienação são os atos que desencadeiam verdadeira campanha de desmoralização levada a efeito pelo alienante” (SOUZA, 2014 apud STRUCKER, 2012).
1.5.	Comportamento e características do progenitor alienador.
É difícil apresentar todos os comportamentos que caracterizam a conduta de um alienador parental e conhecer seus pensamentos e sentimentos, são tarefas impossíveis de serem realizadas. O genitor alienante age no intuito de romper os laços afetivos entre os filhos e o outro genitor (TRINDADE, 2013 apud STRUCKER, 2015).
As pessoas que são alienadoras geralmente são capazes de implantar falsas memórias negativas nos filhos em relação ao outro genitor, segundo Maria Berenice Dias, isso gera ainda mais repúdio na criança em relação ao mesmo, sendo o afastamento inevitável. Os sentimentos destrutivos de ódio, ciúmes, superproteção em relação aos filhos, entre outros, são comuns às pessoas que alienam (DIAS, 2010 apud GUILHERMANO, 2012).
Os pais ou responsáveis devem ter a noção que o direito à convivência familiar é direito fundamental previsto não apenas na Constituição Federal 1988, mas também no ECA, e na Lei 12.318/2010 (Lei de Alienação Parental). È interessante afirmar este direito por que não há dúvida de que a finalidade do genitor alienador é impedir por todos os meios possíveis, o contato dos filhos com o outro cônjuge (SOUZA, 2014 apud STRUCKER, 2015).
“As atitudes do alienante iniciam-se quando surge a separação, pois junto dela emanam sentimentos de rancor, mágoa e rejeição. Assim, não raramente, as investidas denegritórias são conscientes, pois há intenção de prejudicar o antigo companheiro. Entretanto, o alienante não percebe que ao tentar afetar o ex-cônjuge a maior vítima são os filhos, que perdem o laço afetivo com o pai. Não se compreende que ao afastar um pai de um filho, deprecia-se o direito, primeiramente, das crianças e adolescentes” (STRUCKER,2015, n.p.).
1.6. Progenitor alienado
O padrão de condutas do genitor alienante é enumerado por Souza (2014, apud STRUCKER, 2015, n.p.):
denigre a imagem da pessoa do outro genitor; 
organiza diversas atividades para dia de visitas, de modo a torná-las desinteressantes ou mesmo inibi-las; 
 não comunica ao genitor fatos importantes relacionados à vida dos filhos (rendimento escolar, agendamento de consultas médicas, ocorrência de doenças, etc.) 
toma decisões importantes sobre a vida dos filhos, sem prévia consulta do outro cônjuge (por exemplo: escolha ou mudança de escola, de pediatra;
 obriga a criança a optar entre a mãe ou o pai, ameaçando-a das consequências, caso a escolha recaia sobre o outro genitor;
 sugere à criança que o outro genitor é pessoa perigosa; 
 omite falsas imputações de abuso sexual, uso de drogas e álcool; 
dá em dobro ou em triplo o número de presentes que o genitor alienado dá ao filho;
não autoriza que a criança leve para casa do genitor alienado os brinquedos e as roupas que ele mais gosta.
Logo, o genitor alienante usa das mais variadas e criativas formas para afastar o filho do outro genitor, fazendo com que pouco a pouco a criança não se sinta mais a vontade na companhia do alienado. Por vezes o alienante pode agir na intenção de afastar pai e filho, como se fosse um ato de escolha: ou mantêm-se o relacionamento e os filhos ou nada se tem. Também pode acontecer de o relacionamento entre o casal não ter sido bom para os companheiros e haja de fato um receio de que a aproximação de pai e filho não será positiva para a criança (STRUCKER, 2015, n.p.).
Num primeiro momento o genitor alienante, agir de maneira inocente e inofensiva, impedindo o diagnóstico de alienação parental. Exemplos disso, é quando a mãe apresenta um novo companheiro para o filho e diz que ele é o novo pai da criança ou do adolescente. Já quando intercepta cartas, e-mails, telefonemas, já está sendo lograda a intimidade de pai e filho. Por mais que gestos como estes pareçam ter um caráter protetor e dependendo de como são abordadas podem caracterizar alienação parental (TRINDADE, 2013 apud STRUCKER, 2015).
CAPITULO II
Medidas de Proteção e Efetividade
2.1. A lei nº 12.318/2010
A Lei nº 12.318 de 2010 em seu artigo 3º, destaca algumas consequências da prática dos atos de alienação parental como ferir o direito fundamental da criança ou do adolescente em ter uma convivência familiar saudável, prejudicar a relação de afeto com o genitor e com o restante do grupo familiar, que além de constituir espécie de abuso moral em face da criança e do adolescente, também incorre no não cumprimento dos deveres inerentes da autoridade parental (BRASIL, Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010, 2010).
2.2.	Medidas de proteção e efetividade previstas na Lei de Alienação Parental
No artigo 4º da Lei de Alienação Parental, há previsão da imediata necessidade de o juiz adotar medidas provisionais, quando forem declarados indícios da prática de alienação parental, que objetivam proteger o menor e assegurar seu direito a convivência familiar. Sendo assim, o legislador admitiu a possibilidade do juiz a requerimento ou de oficio,em qualquer fase do processo determinar medidas para o resguardo do menor.
Logo, caracterizada a prática de alienação parental o instituto normativo elenca no artigo 6º, em um rol exemplificativo as medidas de proteção direta a serem adotadas para aplicação no caso concreto, senão vejamos:
“Artigo 6º” - Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:
I – declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II – ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
III – estipular multa ao alienador;
IV – determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V – determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;
VI – determinar a fixação cautelar do domicilio da criança ou adolescente;
VII – “declarar a suspensão da autoridade parental”. (BRASIL, Lei nº 12.318, de 26 de agosto de 2010, 2010)
Destarte, é de suma relevância destacar, que tais medidas não visam punir o genitor alienador, mas buscam a proteção da integridade da criança e do adolescente e o direito das proles, a conviver com ambos os genitores em caso de separação, independente do tipo de guarda definida, ainda com ênfase no exercício da responsabilidade parental em igualdade dos pais para com os filhos.
A aplicação das sanções especificadas nos incisos dos artigos que se referem a alienação parental, poderá haver responsabilidade civil ou criminal ao alienador, o juiz decidirá qual ou quais medidas serão cabíveis, dependendo do nível de gravidade do caso apresentado (PAVAN, 2012 apud GUILHERMANO, 2012).
Outra penalidade que estabelece o legislador é a multa, adotada aqui como medida coercitiva ao alienador. O objetivo da mesma é “impor ao alienador o receio da punição, fazendo dissuadi-lo de cometer o ato ilícito” 54. Antonio Cezar Lima Fonseca esclarece que a multa aplicada tem caráter judicial (civil, astreinte), diferentemente da multa prevista no ECA, que tem caráter administrativo. Segundo o autor, a multa do inciso III pode ser cumulada com a sanção administrativa prevista no ECA, em seu artigo 249, aferida em outro processo (FONSECA, 2012 apud GUILHERMANO, 2012, p. 19).
Existem também alguns movimentos que visam reabilitar pais, de acordo com Strucker (2015):
Pai Legal: Somos pais que resolveram arregaçar as mangas e construir um site para atender as nossas necessidades de pai na criação de nossos filhos, seja lutando pelo nosso direito à convivência com eles após a separação do casal como também pela qualidade de nossa paternidade. O público-alvo do Pai Legal é o pai, em quem temos concentrado as nossas atenções. Mães e filhos têm também colaborado para alcançarmos o nosso objetivo - de sermos e ajudarmos outros homens a serem pais plenos. A visão do Pai Legal é a renovação do papel do pai, reabilitando e incentivando os homens a fazerem de suas crianças indivíduos honestos, seguros, justos, empreendedores e felizes, e consequentemente construindo uma nação forte e próspera. A missão do Pai Legal é tornar-se o melhor site para se encontrar informação sobre o pai e a paternidade de excelência, de forma clara, inovativa, assertiva, justa e honesta” (PAI LEGAL, 2002).
 SOS papai e mamãe: O SOS Papai e Mamãe é uma organização não governamental e sem fins lucrativos, criada por um grupo de pessoas, a maioria pais e mães separados, por compreenderem a importância de uma convivência harmoniosa entre pais e mães em prol dos filhos (SOS PAPAI E MAMÃE, 2014).
OSCIP: Fundada em 28 de fevereiro de 2005, é qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), nos termos da Lei nº 9.790/1999 conforme, ainda, o Processo MJ nº 08071.002081/2005-73 publicado no DOU em 25 de novembro de 2005. “O sofrimento delas [das crianças] nos fortalece para perceber e assumir nossa responsabilidade e comprometimento com uma formação melhor para elas. Para que não sejam rasgadas entre seus dois pais quando estes se separam” (SOS PAPAI E MAMÃE, 2014).
AMASEP: Associação de Assistência às Crianças, Adolescentes e Pais Separados tem como base principal o artigo 5º da Constituição de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069, de 13/07/1990) em seus artigos 3º, 4º, 5º, 15º, 17º 18º e 21º. Nele, todos podem expor sobre sua realidade, sua situação, seus sentimentos como separada (o), com ou sem a guarda dos filhos, prestes a se separar, bem como para quem é filho de pais separados (STELLATO, 2013 apud SKRUCKER, 2015).
CONCLUSÃO
A Lei nº 12.318 de 2010 foi criada com o objetivo de tutelar e coibir os atos de alienação parental, praticados pelo genitor alienante em face do genitor não detentor da guarda através da utilização da prole, como se esta fosse um instrumento de vingança. Desta forma, a Lei traz em seu bojo a possibilidade de aplicação de medidas provisionais necessárias para a preservação da integridade da criança e do adolescente quando constatada a ocorrência da alienação parental, e ainda a possibilidade de outras medidas de proteção que podem ser aplicadas no caso concreto e encontram respaldo em outros institutos ou normas jurídicas.
A Lei da Alienação Parental representa um avanço no ordenamento jurídico brasileiro, principalmente no que se refere ao Direito de Família, por conferir meios ao constituinte para possibilitar ou resguardar o direito da criança ou adolescente ao convívio familiar mesmo após o término do relacionamento de seus genitores, tendo em vista a igualdade de direitos e deveres dos pais para com os filhos em virtude da responsabilidade parental.
A alienação parental pode ser entendida como um problema social, econômico, político e de saúde, que necessita da integração de todos os serviços governamentais para a criação de mecanismos voltados a erradicação, efetivação da tutela protetiva da criança e do adolescente e, igualmente, de tratamento e educação dos respectivos genitores alienado e alienante.
O alcance protetivo da Lei e das medidas de proteção que podem ser aplicadas nos casos de alienação parental, dependem principalmente da educação e conscientização da sociedade e dos profissionais envolvidos no combate de tal problemática, que pode gerar consequências irreversíveis para a prole.
Com a análise dos princípios constitucionais e das medidas protetivas que podem ser aplicadas ao tema, assim como a Lei que regula a alienação parental, percebe-se que seu objetivo principal não é punir o genitor alienante, mas sim a restauração do convívio familiar como forma de resguardo dos direitos da criança e do adolescente.
Em suma, a alienação parental é um problema que expressa o desequilíbrio existente nas relações familiares, que se reflete de forma invisível, pois costuma ocorrer longe dos olhos do meio social, e pode ocasionar danos ao menor, tais como danos psicológicos e emocionais, e mais gravemente a aquisição da Síndrome da Alienação Parental, sendo, portanto necessário o diagnóstico precoce através da perícia judicial, com posterior aplicação das medidas de proteção e conscientização da sociedade a respeito de seus reflexos na vida social e familiar.
 
REFERÊNCIAS
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