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AUTORA: NATACHA CRISTINA NASCIMENTO FARIA Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. TODO CONTEÚDO REFERE-SE A RESUMOS DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS COM O INTUITO DE AUXILIAR NOS ESTUDOS DO ALUNO. NÃO PODENDO, PORTANTO, SER UTILIZADO COMO REFERÊNCIA EM TRABALHOS CIENTÍFICOS. PARA ISTO CONSULTE A BIBLIOGRAFIA ORIGINAL. Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. C A P ÍT U L O 1 : E S T U D O E R E P R E S E N T A Ç Ã O D A T E R R A Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 3 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL 1.1 INTRODUÇÃO O engenheiro, no exercício de suas funções, depara-se, em muitos casos, com situações nas quais surge a necessidade de indicar as posições relativas de pontos sobre a superfície terrestre, ou o caso inverso, onde é preciso implantar na superfície terrestre pontos oriundos de projetos de engenharia. Consequentemente surgem ciências envolvidas com a aquisição, análise, gerenciamento e representação destas posições no globo terrestre, e a partir destas elaboram-se cartas, plantas, mapas, modelos numéricos de terreno (MNT), perfis, etc. Ressalta-se que estas maneiras de expor estes pontos devem ser geometricamente coerentes para o uso em projetos de engenharia. A principal ciência envolvida nessa área, até por volta dos anos 80, era denominada topografia. Todavia nas últimas décadas houve um avanço inacreditável na tecnologia usada para medição, coleta, registro e visualização das informações referentes à superfície da Terra e como o crescimento foi tanto surge a necessidade de desguiar outro termo para todas as atividades atreladas ao trabalho tradicional do topógrafo. Surge assim um novo termo para atividades que trabalhem com dados espaciais: Geomática. Segundo Silva e Segantine (2015, p.1) esse novo termo engloba as ciências, as técnicas e os métodos que tratam de medição, da modelagem matemática, do georreferenciamento, da representação cartográfica e do posicionamento dos elementos geométricos espaciais na superfície terrestre. A geomática é uma abordagem inter-relacionada a medição, análise, gerenciamento, armazenamento e apresentação de descrições e localidades de dados espaciais. Na Geomática, Mensuração é a área do conhecimento humano que agrupa as ciências e as técnicas de medições de elementos geométricos espaciais (georreferenciados ou não), do tratamento matemático destas medições e da representação gráfica na forma vetorial ou raster dos elementos medidos. Pode-se deduzir que geomática refere-se a todas as áreas que tratam pontos no planeta terrestre para serem utilizados, na maioria das vezes, em Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 4 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL projetos de engenharia. Sua atuação está em diversas disciplinas, sendo as principais apresentadas a seguir: ❖ Geodésia; ❖ Topografia; ❖ Teoria dos Erros e Estatísticas; ❖ Cartografia; ❖ Hidrografia; ❖ Fotogrametria; ❖ Sensoriamento Remoto; ❖ Desenho Assistido por Computador (CAD); ❖ Gerenciamento Cadastral; ❖ Sistema de Informação Geográfica (SIG); ❖ Sistema de Posicionamento Global por Satélites (GNSS). Nesta apostila serão tratadas, ao longo dos capítulos, algumas destas disciplinas. Neste momento com a finalidade de evidenciar a importância da geomática para a engenharia serão apresentadas as suas principais aplicações nesse ofício. o Determinar as formas da Terra e estabelecer condições para definir o tamanho, posição, contornos de qualquer parte da superfície terrestre, fornecer plantas, cartas, mapas, arquivos digitais e qualquer tipo de representação gráfica das medições; o Posicionar objetos no espaço, sobre ou sob a superfície terrestre, considerando seus aspectos físicos e/ou estruturais; o Determinar limites de áreas públicas e privadas, incluindo limites nacionais e internacionais, e seu registro nos órgãos competentes; o Planejar, estabelecer e administrar o espaço físico através de Sistemas de Informações Geográfica (SIG); o Coletar e armazenar dados, criar e gerenciar banco de dados que alimentem esses sistemas, analisar e manipular dados que gerem plantas, cartas e mapas; o Auxiliar no planejamento do uso da terra, no desenvolvimento de projetos para o remanejamento e georreferenciamento de propriedades rurais e urbanas, incluindo a determinação de valores (avaliações); Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 5 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL o Sugerir o uso de recursos naturais e econômicos na recuperação e reestruturação do meio ambiente; o Auxiliar no estudo do meio social e natural, medindo recursos naturais marinhos, fluviais e terrestres, e usar estas informações para o planejamento urbano, rural e de áreas regionais; o Desenvolver teorias, técnicas, equipamentos e aplicativos informatizados que permitam o avanço da Geomática e/ou facilitem sua aplicação. • Veja mais informações sobre topografia e todo Sistema Geodésico Brasileiro no site do IBGE em: https://ww2.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia/default_sgb_int.shtm. Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 6 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL 1.2 REFERÊNCIAS GEODÉSICAS E TOPOGRÁFICAS Verificado a importância da Geomática na engenharia e em outras profissões surge a primeira necessidade dentro dessa ciência: determinar referencias geométricas para representar a superfície terrestre real em uma superfície plana, em condições mais reais possíveis. Nesse sentido a principal referência utilizada é denominada Datum. A palavra Datum (plural: data) é um termo latino, que na Geomática pode ser entendido como uma referência geométrica. Ele é utilizado na engenharia para definir um referencial, que pode ser um ponto, uma linha ou uma superfície e a partir desta referência são determinadas as posições de elementos geométricos no espaço ou em uma planta topográfica. O datum geodésico consiste no conjunto de informações que define as formas e o tamanho da Terra, além de ser a origem e a orientação do sistema de coordenadas estabelecido para o posicionamento de pontos na superfície terrestre. Existem dois tipos de data: datum horizontal e datum vertical. O datum horizontal é a referência usada para determinar as posições planimétricas de pontos na superfície terrestre. Ele e definido por um par de coordenadas geodésicas (latitude e longitude), por uma direção e por parâmetros definidores de um elipsóide1 de referência. O datum vertical é a referência usada para determinar as altitudes ortométricas2 dos pontos. Após a determinação e implantação de um datum geodésico para uma região ou um país, procede-se a implantação de uma rede de pontos com coordenadas referenciadas a esse datum. Essa rede denomina-se Sistema de Referência Geodésico (SRG). Entretanto para estabelecer um SRG é necessário, primeiramente, definir a superfície de referência (forma geométrica da Terra) sobre o qual o sistema será estabelecido e o sistema de coordenadas de forma que os pontos tenham uma posição unívoca e atemporal. Para evitar o uso indiscriminado de modelos, os sistemas de referência geodésicos são determinados pelos grupos de trabalho formados por1 A superfície elipsoidal será detalhada adiante. 2 A altitude determinada com origem na superfície do geoide, é denominada de altitude ortométrica ou geoidal. Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 7 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL especialistas indicados e aprovados pela IAG (International Association of Geodesy). A organização internacional responsável pela aprovação e recomendação dos Sistemas Geodésicos de Referência é a IUGG (International Union of Geodesy and Geophysics) através da IAG. Cabe ao organismo competente de cada país a adoção e o apoio aos usuários nacionais. No Brasil, o órgão responsável é o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). RESUMINDO: Neste tópico aprendeu-se sobre a definição e classificação de datum. Culminando na denominação de Sistema de Referência Geodésico (SRG). Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 8 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL 1.3 SISTEMA DE COORDENADAS O uso de um sistema de coordenadas possui várias vantagens para a Geomática. Em primeiro lugar, ele facilita e permite a padronização dos métodos de cálculos, para que cada ponto seja definido de maneira unívoca e não existam propagações de erros gráficos entre os pontos determinados. Em segundo lugar, o uso de um sistema de coordenadas permite a unificação de vários sistemas individuais em um único sistema geral, o que simplifica a identificação e o gerenciamento de pontos em um projeto. Por estas razões, todos os projetos geométricos de engenharia são desenvolvidos baseando-se em um sistema de coordenadas. Existem quatro sistemas de coordenadas a serem considerados na Geomática: • Sistema de Coordenadas Cartesiano Plano ou Sistema Plano-Retangular; • Sistema de Coordenadas Polar Plano; • Sistema de Coordenadas Cartesiano Espacial; • Sistema de Coordenadas Geográficas Geodésicas. 1.3.1 Sistema de Coordenadas Cartesiano ou Sistema Plano- Retangular Este é o sistema mais utilizado na Geomática. Consiste de dois eixos geométricos, localizados num mesmo plano e perpendiculares entre si formando quatro quadrantes. Este é um sistema de eixos ortogonais no plano, constituído de duas retas orientadas X e Y, perpendiculares entre si. A origem deste sistema é o cruzamento dos eixos X e Y. Um ponto é definido neste sistema através de uma coordenada denominada abscissa (coordenada X) e outra denominada ordenada (coordenada Y). Uma das notações P (x, y) ou P = (x, y) é utilizada para denominar um ponto P com abscissa x e ordenada y. Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 9 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL Figura 1: Quadrantes das coordenadas cartesianas. Figura 2: Sistema de Coordenadas Cartesianas – Plano cartesiano. 1.3.2 Sistema de Coordenadas Polar Plano O Sistema de Coordenadas Polar Plano é determinado por um ponto fixo “O”, denominado origem ou polo, por uma direção (𝛼), em relação a um eixo de referência e por uma distância (𝜌) entre a origem e o ponto cujas coordenadas devem ser determinadas. A posição do ponto e definida a partir da indicação da direção, ângulo polar, e da distância, raio vetor. Ao par de valores (𝛼, 𝜌) dá-se o nome de coordenadas polares planas. É o sistema empregado em praticamente todas as observações de direções horizontais e distancias efetuadas com instrumentos topográficos em campo. Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 10 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL Figura 3: Sistema de Coordenadas Polar Plano. 1.3.3 Sistema de Coordenadas Cartesiano Espacial O posicionamento espacial de um ponto pode ser determinado, em um sistema cartesiano, a partir da adição de um terceiro eixo. E isto ocorre no sistema de coordenadas cartesiano plano e no sistema de coordenadas polar, como mostrado nas Figuras a seguir. Figura 4: Sistema de Coordenadas Cartesiano Espacial. Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 11 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL Figura 5: Sistema de Coordenadas Polares Espacial. 1.3.1 Sistema de Coordenadas Geográficas Geodésicas São coordenadas determinadas sobre uma superfície esférica de referência, na qual os pontos são posicionados em função de valores angulares de arcos medidos convenientemente em relação a superfície. Fundamentalmente, o Sistema de Coordenadas geodésicas baseia-se no eixo de rotação (b) do elipsoide de referência e no plano perpendicular a ele, denominado genericamente de plano do Equador. Tomando como referência os dois polos gerados pela interseção do eixo de rotação com a superfície elipsoidal, são traçadas linhas sobre a superfície de referência passando por esses polos, os quais são denominados meridianos. Os meridianos geram superfície elípticas. Perpendicularmente a eles, são traçadas linhas paralelas ao plano do Equador, as quais são denominadas paralelos. Os paralelos geram círculos, cujo círculo máximo é o plano equatorial. Tomando-se um meridiano específico e o plano do Equador como origens, denomina-se arcos sobre a superfície de referência as quais se dá o nome de latitude e longitude geodésicas. Figura 6: Sistema de Coordenadas Geográficas Geodésicas. Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 12 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL 1.4 REPRESENTAÇÃO DA SUPERFÍCIE TERRESTRE Entender a forma da Terra é essencial para proceder com a sua representação em qualquer documento cartográfico. A forma e dimensão da Terra devem ser bem definidas, pois irão influenciar todas as operações que envolvam posicionamento sob a superfície terrestre (MENEZES; FERNANDES, 2013). Devido às irregularidades da superfície terrestre, utilizam-se modelos para a sua representação, mais simples, regulares e geométricos e que mais se aproximam da forma real para efetuar os cálculos. Cada um destes modelos tem a sua aplicação, e quanto mais complexa a figura empregada para a representação da Terra, mais complexos serão os cálculos sobre esta superfície. Desse modo, uma preocupação dos geodesistas é a determinação dos parâmetros geométricos e físicos do modelo adequado ao posicionamento e à representação do campo de gravidade teórico. Um dos objetivos da Geodésia é o apoio básico nos trabalhos de mapeamento. Um modelo internacionalmente aceito e usado promove a cooperação entre países e constitui a base na qual podem ser apoiados os grandes projetos. Isto significa que a permanência ou, pelo menos a perenidade, é tão importante quanto a precisão para um modelo terrestre. Existem pelo menos três definições para superfície terrestre: superfície topográfica, elipsoidal e geoidal. Na Figura 7 pode-se observar o delineado dessas superfícies para comparação. Figura 7: Comparação entre superfície topográfica, elipsoidal e geoidal. Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 13 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL 1.4.1 SUPERFICIE TOPOGRÁFICA OU FÍSICA – MODELO REAL É a superfície limitante do relevo topográfico continental ou oceânico. É sobre ela que são realizadas as medições geodésicas de distâncias de ângulos,entre outras. É totalmente irregular e única, não existindo figura ou definição matemática capaz de representa-la com perfeição (MENEZES; FERNANDES, 2013). Esta superfície corresponde ao relevo como é visto, é a superfície representada nas plantas topográficas e sobre o qual são desenvolvidos projetos de engenharia. Entretanto apresenta irregularidades da superfície do terreno e não é recomendada para a determinação de pontos geodésicos. 1.4.2 SUPERFICIE GEOIDAL – MODELO GEOIDAL É a superfície do nível médio dos mares, supostamente prolongada sob os continentes. Desse modo, ora ele está acima, ora abaixo da superfície definida como superfície topográfica da Terra, ou seja, a superfície definida pela massa terrestre (ROBINSON, 1995). O geoide é uma figura geométrica, definida por Gauss, que representa a forma da Terra aproximadamente. Na verdade, é a forma de uma superfície onde o potencial da gravidade (o potencial da gravidade é a soma do potencial gravitacional com o potencial não inercial centrífugo no sistema de referência não inercial da própria Terra) coincide, em média, com o valor do potencial no nível dos mares. Assim sendo, o geoide, conforme definido por Gauss (definição até hoje utilizada por gravimetristas e astrônomos), não descreve em detalhes a superfície real da Terra. Como o geoide é uma figura geométrica (abstrata), as montanhas e as depressões abaixo do nível médio dos mares não estão contempladas nele. Fisicamente, o geoide é a superfície de nível do campo gravitacional terrestre gerada pela perpendicular à vertical em cada ponto da superfície terrestre na altitude media do nível dos mares. Ele pode ser entendido com uma superfície equipotencial coincidente com o nível médio não perturbado dos mares, prolongado através dos continentes. Desta forma, devido à variação da distribuição das massas e da rotação e da rotação da Terra, ele possui uma forma geométrica irregular sem definição matemática rigorosa. A determinação teórica dessa superfície é extremamente difícil, visto que ela é uma função das ondulações geoidais, acarretadas pela variação pontual da direção da vertical do lugar ao longo da superfície terrestre. Devido a esta particularidade, ainda não é possível determina-la matematicamente, o que a torna também impraticável para o uso como uma superfície de Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 14 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL referência para o posicionamento de pontos geodésicos (SILVA; SEGANTINE; 2015, p.23). Entretanto, não existe superfície que representa perfeitamente a terra e o geoide é a superfície que mais se aproxima da forma real da Terra, podendo ser determinado com medidas gravimétricas, ou seja, medidas da força de atração da gravidade. A Figura 8 representa como é a representação do planeta Terra, por meio do Geoide. Figura 8: Representação do Geoide, determinada pela superfície equipotencial ao nível médio dos mares. Fonte: Disponível em: http://www.mundogeomatica.com.br/GeomaticaII/Modulo_Elementos_Cartografia/Apostila_Modulo_01_Capitulo_02.pdf A altitude determinada com origem na superfície do geoide, é denominada de altitude ortométrica ou geoidal (H). O ponto de origem para tomada dessa altitude, é denominado datum vertical, o qual é definido a partir do nível do mar, medido em mareógrafo. O datum vertical oficial do Brasil é definido pelo mareógrafo de Imbituba, em Santa Catarina. Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 15 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL Figura 9: Medida da altura ortonométrica ou geoidal. Fonte: Disponível em: http://www.mundogeomatica.com.br/GeomaticaII/Modulo_Elementos_Cartografia/Apostila_Modulo_01_Capitulo_02.pdf 1.4.3 SUPERFICIE ELIPSOIDAL – MODELO ELIPSOIDAL Esta superfície é mais simples, de formulação matemática bem definida e que substitui adequadamente as superfícies geoidal e física. Esta superfície chama-se elipsóide de revolução. O primeiro elipsóide considerado foi determinado pelo astrônomo alemão Friedrich Wilhelm Bessel (1784-1846), em 1841. A partir daí vários outros pesquisadores se ocuparam do problema e foram determinados outros elipsoides. Para o Brasil, existem três elipsóides a serem considerados: • Elipsoide Internaiconal de 1924 (Elipsoide de Hayford), sobre o qual será baseado o datum brasileiro CÓRREGO ALEGRE; • Elipsoide de Referência de 1967, sobre o qual está baseado o datum brasileiro CHUÁ, referenciado ao SAD69 (South America Datum de 1969); • Elipsoide GRS80 (Geodetic reference System of 1980), sobre o qual está baseado o Sistema de Referencia Geocêntrico para as Américas (SIRGAS2000). O elipsoide utilizado pelo sistema SIRGAS 2000 coincide com o elipsoide relacionado ao sistema internacional WGS 84, ou seja, os pontos em ambos os sistemas são coincidentes. A altitude determinada com origem na superfície do elipsoide, é denominada de altitude elipsoidal (h). O ponto de origem para tomada dessa altitude, é denominado datum horizontal, e é definido pelo ponto de máxima coincidência entre o elipsóide, o geóide e a superfície real da Terra. Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 16 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL Figura 10: Datum horizontal definido a partir do ponto de máxima coincidência entre geoide, elipsóide e superfície terrestre. Fonte: Disponível em: http://www.mundogeomatica.com.br/GeomaticaII/Modulo_Elementos_Cartografia/Apostila_Mod ulo_01_Capitulo_02.pdf Figura 11: Geóide e Elipsóide. Figura 12: Altitudes da superfície geoidal e elpsoidal. A Geodésia adota como modelo o elipsóide de revolução. O elipsóide de revolução ou biaxial é a figura geométrica gerada pela rotação de uma semi- elipse (geratriz) em torno de um de seus eixos (eixo de revolução); se este eixo Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 17 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL for o menor tem-se um elipsoide achatado. Mais de 70 diferentes elipsoides de revolução são utilizados em trabalhos de Geodésia no mundo. Um elipsoide de revolução fica definido por meio de dois parâmetros, os semi-eixos a (maior) e b (menor). Figura 13: Elipsóide de revolução. Em Geodésia é tradicional considerar como parâmetros o semi-eixo maior a e o achatamento f, expresso pela equação. 𝑓 = 𝑎 − 𝑏 𝑎 As coordenadas geodésicas elipsóidicas de um ponto sobre o elipsóide ficam assim definidas: o Latitude Geodésica (𝜙): ângulo que a normal forma com sua projeção no plano do equador, sendo positiva para o Norte e negativa para o Sul. o Longitude Geodésica (𝜆): ângulo diedro formado pelo meridiano geodésico de Greenwich (origem) e do ponto P, sendo positivo para Leste Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 18 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL e negativo para Oeste. A normal é uma reta ortogonal ao elipsóide que passa pelo ponto P na superfície física. Figura 14: Coordenadas elipsoidais. No Brasil, o atual Sistema Geodésico Brasileiro (SIRGAS2000 - SIstema de Referência Geocêntrico para as AméricaS) adota o elipsóide de revolução GRS80 (Global Reference System 1980), cujos semi-eixo maior e achatamento são: a = 6.378.137,000 m f = 1/298,257222101 1.5 SISTEMA GEODÉSICO BRASILEIROAté o ano de 2015, o Brasil teve dois Sistemas Geodésicos oficiais. O primeiro está baseado no sistema geodésico SAD69, que tem como elipsóide de referência o Elipsoide de referência Internacional de 1967. O Segundo está baseado no Sistema de referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS), em sua realização do ano de 2000 (SIRGAS2000), e que tem como elipsoide de referência o elipsoide GRS80. Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 19 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL ELEMENTOS GEODÉSICOS SISTEMA GEODÉSICO BRASILEIRO SAD69 SISTEMA GEODÉSICO BRASILEIRO SIRGAS2000 Superfície Terrestre Elipsoide de referência Internacional de 1967 Elipsoide do Sistema Geodésico de Referência de 1980 (GRS80) Datum vertical Imbituba – Santa Catarina Imbituba – Santa Catarina Origem do vértice de triangulação VT-CHUÁ (Uberaba/MG) - Origem do sistema - Centro de massa da Terra Latitude, Longitude e Azimute 𝜙 = 19°45′6527′′𝑆 𝜆 = 48°06′04,0639′′𝑤 𝐴𝑧𝑔 = 271°30 ′04,05′′ - Altura ortonométrica H = 763,28 m - Orientação Pólo e meridiano cnisstentes em ±0,005’’, com as direções definidas pelo BHI3 - Desde 25 de fevereiro de 2015, o SIRGAS2000 (Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas) é o único sistema geodésico de referência oficialmente adotado no Brasil. O emprego de outros sistemas que não possuam respaldo em lei, pode provocar inconsistências e imprecisões na combinação de diferentes bases de dados georreferenciadas. Adotando-se o referencial geocêntrico, é possível fazer uso direto da tecnologia GNSS (Global Navigation Satellite Systems, ou Sistemas Globais de Navegação por Satélites), importante ferramenta para a atualização de mapas, nas obras e atividades de infraestrutura no país, controle de frota de empresas transportadoras, navegação aérea, marítima e terrestre em tempo real. O SIRGAS2000 permite o alcance de uma maior precisão no mapeamento do território brasileiro e, consequentemente, no seu ordenamento, bem como na demarcação de suas fronteiras. Além disso, a adoção desse sistema na América Latina tem contribuído para o fim de uma série de problemas de discrepância entre as coordenadas obtidas com o uso dos sistemas GNSS (especialmente 3 Bureau Internacional de l’Heure, em 1984 Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 20 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL GPS e GLONASS nos dias de hoje) e aquelas extraídas dos mapas utilizados anteriormente no continente. Os paramentos de transformação oficiais entre os sistemas geodésicos SAD69 e o SIRGAS2000, bem como o modelo matemático indicado para essa transformação, encontram-se descritos nos documentos do IBGE n°23/1989 e n° 1/2005, respectivamente. Em particular para os parâmetros de transformação, os valores indicados nos documentos são os seguintes: [ 𝑋 𝑌 𝑍 ] 𝑆𝐴𝐷69 = [ 𝑋 𝑌 𝑍 ] 𝑆𝐼𝑅𝐺𝐴𝑆2000 + [ 67,35 −3,88 38,22 ] 𝑚 Natacha Cristina Nascimento Faria – Engenheira Civil. 21 GEOMÁTICA APLICADA NA ENGENHARIA CIVIL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. SILVA, Irineu da; SEGANTINE, Paulo Cesar Lima. Topografia para engenharia – teoria e prática de Geomática. Editora Campus. 2015. 2. BORGES, Alberto de Campos. Topografia aplicada a engenharia civil. Editora Edgard Blücher LTDA. 2ª reimpressão. 1997. Volume 1. 3. BORGES, Alberto de Campos. Topografia aplicada a engenharia civil. Editora Edgard Blücher LTDA. 2ª reimpressão. 1997. Volume 2. 4. VEIGA, Luis A. K; ZANETTI, Maria A. Z.; FAGGION, Pedro L. Fundamentos de topografia. Engenharia Cartográfica e de Agrimensura. Universidade Federal do Paraná. 2012. 5. MENEZES, P. M. L. e FERNANDES, M.C. Roteiro de Cartografia. São Paulo: Oficina de Textos, 1ª Ed., no prelo, 2013. 6. ROBISON, A. H.; MORRISON, J. L.; MUEHRCKE, P. C.; KIMERLING, A. J. Elements of cartography . 6.ed. New York: Jonh Willey & Sons, 1995. 544p. 7. SANTOS, Dr. Alexandre R. dos; SILVA, Ma. Rosane G. da; SOUZA, Ma. Kaíse B. de. Fundamentos teóricos e geotecnologias. Módulo 1 - Elementos de cartografia. Alegre - ES. 2016.