Buscar

ECONOMIA EMPRESARIAL

Prévia do material em texto

I) Demandas individuais dos consumidores e demanda de mercado: uma análise explicativa
O resultado das decisões que os consumidores tendem a tomar sobre a alocação do seu dinheiro e tempo que são escassos é o que verdadeiramente está por trás das curvas de demanda. Destaca-se que a teoria da demanda é derivada de hipóteses sobre a escolha do consumidor entre os diversos bens que o seu orçamento permite adquirir. É claro que um determinado consumidor tende a escolher aqueles produtos que mais valorizam, que os deem maior nível de satisfação, isto é, que lhes tragam maior nível de utilidade . Em outras palavras, estamos supondo nesta aula que todo e qualquer consumidor maximize sua utilidade, escolha da melhor maneira possível, as suas cestas de mercadorias.
A demanda de mercado é a soma de todas as demandas individuais existentes por uma determinada mercadoria (ou produto). É explicada como sendo a quantidade demandada a cada preço por cada um dos compradores. Por isso, graficamente, podemos mostrar que a curva de demanda de um mercado é determinada somando-se horizontalmente (no eixo das abscissas) as curvas individuais de demanda, de acordo com a figura:
Supondo que o mercado de mexilhão seja formado unicamente por dois indivíduos, Bert e Ernie, a tabela a seguir, derivada dos gráficos acima, reúne as demandas por este tipo de alimento destes consumidores. Suas demandas indicam as quantidades (kg) de mexilhão que eles estariam dispostos a comprar mensalmente a cada nível de preço.
A demanda de mercado é o somatório das duas demandas individuais de Bert e Ernie. Visualizando por uma análise mais generalizada empiricamente, em muitos mercados, independente de quais sejam os tipos de produtos existentes, há várias demandas individuais a quaisquer preços que conjuntamente formam demandas de mercado.
II) A curva de demanda individual e o excedente do consumidor
O excedente do consumidor mede, objetivamente, o benefício (ou ganho) que o Márcio tende a receber ao comprar uma mercadoria, de acordo com o seu ponto de vista, ou seja, com o seu bem-estar econômico. Toda essa área hachurada demonstra que Márcio está propenso (está disposto) a comprar o produto acima do preço de mercado (P*), desde que receba certa magnitude de benefício líquido por meio da diferença entre o que ele tem que pagar pelo produto (o preço de mercado – P*) e o que ele estaria disposto a pagar por aquele produto, refletido na curva de demanda individual.
Assim, temos: Excedente do Consumidor = Disposição Para Pagar – Valor Efetivamente de Mercado
III) Comportamento do consumidor
Sob o ponto de vista histórico, o conceito de utilidade empregado era o de utilidade cardinal, ou seja, o de utilidade como uma magnitude que se podia medir. Neste caso, o argumento era o de que aumenta a satisfação (ou utilidade total) do consumidor conforme aumenta a quantidade a ser consumida de um determinado produto.
Atualmente, os economistas levam mais em consideração, na moderna teoria a respeito do comportamento do consumidor, o princípio da utilidade ordinal. Sob este enfoque, examina-se a ordem de preferências pelas diferentes cestas de mercadorias que o consumidor vai consumir. Neste princípio, examina-se se, por exemplo, se a cesta de bens A é preferida à cesta de bens B, se a B é preferida à cesta C, e assim sucessivamente. A partir desta ordem é possível estabelecer formalmente as prioridades gerais na formação de uma curva de indiferença.
A) Curva de Indiferença
A curva de indiferença representa graficamente um conjunto de cestas de consumo que são igualmente desejáveis pelo consumidor, por isso que esta curva é chamada de curva de indiferença. 
No espaço-mercadoria do diagrama (X e Y) tem-se duas curvas de indiferença U1 e U2 negativamente inclinadas, convexas em relação à origem dos dois eixos e que não se interceptam. As curvas são negativamente inclinadas porque demonstram que o nível de satisfação do consumidor permanece o mesmo. Por exemplo, tendo-se duas cestas A e B com diferentes quantidades de X e Y sobre a curva U1 se o consumidor substituir a cesta B pela cesta A, estará aumentando o consumo de X e diminuindo uma certa unidade de consumo de Y mantendo o mesmo nível de satisfação (ou de utilidade). A inclinação da curva de indiferença recebe o nome de taxa marginal de substituição (TMgS) e refere-se à taxa de troca da quantidade de um bem pela quantidade de outro, mantendo o mesmo nível de bem-estar ou de satisfação, calculada por meio da expressão TMgS = │(∆Y/∆X)│ .
A convexidade em relação à origem diz respeito à utilidade ser decrescente proporcionada por um bem. Melhor explicando, a inclinação de uma curva de indiferença aumenta à medida que nos movimentamos para baixo ao longo da curva. A taxa marginal de substituição vai diminuindo à medida que aumenta a quantidade de X a ser consumida e reduzimos a quantidade de Y, como podemos perceber pela tabela a seguir.
Quanto mais distante está uma curva de indiferença (ou seja, mais para a direita) da origem dos eixos X e Y, maior a satisfação expressa do consumidor, que contém cestas mais desejadas. E quanto mais perto dessa origem (isto é, mais para a esquerda) apresenta-se uma curva de indiferença com cestas menos desejadas.
B) Restrição Orçamentária
Com um orçamento (ou rendimento) limitado, o consumidor procura normalmente distribuí-lo entre as diversas mercadorias que deseja comprar. Desta forma, ele deseja alcançar a melhor combinação que tende a lhe gerar o maior nível de satisfação racional possível.
Assumindo que um dado consumidor gasta toda a sua renda para comprar diferentes quantidades de dois produtos denominados de bem a e bem b em um dado mercado, a restrição orçamentária pode ser apresentada pela equação: R = Pa.Qa + Pb.Qb
Onde: 
R = Renda monetária do consumidor. 
Pa = Preço de uma unidade de a. 
Qa = Quantidade de a. 
Pb = Preço de uma unidade de b.
Qb = Quantidade de b.
Tendo-se a hipótese de que o consumidor não compra a prazo, assim, ele aloca a sua renda na compra das quantidades de a e b, tem que:
> Qb = (R/Pb) – [(Pa.Qa)/Pb] e Qa = (R/Pa) – [(Pb.Qb)/Pa]
> Se Qb = 0 → Qa = (R/Pa) 
> Se Qa = 0 → Qb = (R/Pb)
C) Equilíbrio do Consumidor
Neste tópico juntamos as informações que aprendemos a respeito da curva de indiferença e da restrição orçamentária, permitindo-nos explicar o equilíbrio do consumidor. 
Do ponto de vista do consumidor, ele sempre prefere estar no nível maior de satisfação com a sua curva de indiferença mais para a direita, ou seja, mais afastada das origens dos eixos. No entanto, este nível não poderá ser alcançado em função do seu orçamento, pois este acaba delimitando o seu poder de compra. De acordo com o gráfico a seguir, esta delimitação é dada pela linha da restrição orçamentária que tangencia uma dada curva de indiferença gerando uma máxima satisfação, ou chamado (ponto de) equilíbrio do consumidor, em função da renda do consumidor e dos preços dos produtos. Neste ponto, o consumidor distribui a sua renda adequadamente na compra entre os bens de forma a alcançar a combinação que lhe dá a maior satisfação (ou utilidade) possível.
D) Efeito Preço, Efeito Renda e Efeito Substituição
Dado o tópico C anteriormente estudado, é importante destacar que há alterações da posição de equilíbrio do consumidor e tais alterações são conhecidas como análise dos efeitos (ou das causas) devidos (as) ao preço, à renda e à substituição dos produtos. Para uma análise mais simples, chamaremos q1 a quantidade do bem 1 e de q2 a quantidade do bem 2.
Dado o tópico C anteriormente estudado, é importante destacar que há alterações da posição de equilíbrio do consumidor e tais alterações são conhecidas como análise dos efeitos (ou das causas) devidos (as) ao preço, à renda e à substituição dos produtos. Para uma análise mais simples, chamaremos q1 a quantidade do bem 1 e de q2 a quantidade do bem 2.
No caso do efeito preço, este é caracterizado como sendo uma modificaçãoda posição do ponto de equilíbrio do consumidor, em razão da alteração nos preços de um dos bens (supondo, do bem 2, mantida a sua renda nominal constante. Nesse caso, ocorre um deslocamento desse ponto em consequência de um giro das linhas centradas no intercepto do eixo do bem 1, cujo preço p1 não se modificou. Neste sentido, as sucessivas linhas de preços mantêm-se retas, porém, com inclinações diferentes, demonstrando que à medida que p2 diminui, eleva-se o consumo de q2.
A satisfação do consumidor aumenta, tão logo sejam atingidas as curvas que revelam utilidades cada vez maiores do ponto A para B e do B para o ponto C e que ao ligarmos esses pontos de equilíbrio, tem-se uma linha indicadora das modificações da posição de equilíbrio do consumidor, sendo que esta linha é definida como curva de preço-consumo. Cabe destacar que se determinarmos assim a quantidade a ser consumida do bem 2 para cada um de seus possíveis níveis de preços, podemos, portanto, derivar a curva de demanda do consumidor que demonstra uma relação inversa entre as quantidades e os preços.
Por último, o efeito substituição acaba sendo uma complementação do efeito preço. Este efeito demonstra como o consumidor realoca o seu consumo em função de quando se modificam os preços relativos dos bens 1 e 2, independentemente de haver uma modificação direta na sua renda nominal. Portanto, retrata como o consumidor tende a comprar mais do bem cujo preço relativo teve quedas, com o objetivo de substituir o outro bem que ficou relativamente mais caro. O efeito substituição caracteriza-se, na verdade, por mera modificação na posição do ponto de equilíbrio ao longo da mesma curva de indiferença (E para E’), tendo esta curva sofrido uma alteração da sua inclinação de acordo com a figura a seguir.
Princípios
De acordo com as leis da oferta e da demanda estudadas nas aulas anteriores, indica-se a direção, ou mesmo o sentido, pela mudança dos preços de um produto (seja ele um bem ou um serviço qualquer) em um determinado mercado.
Melhor dizendo, quando o preço deste produto sobe, a demanda tende a diminuir e a oferta (deste mesmo produto) tende a aumentar. Em sentido contrário, o preço caindo, a demanda tende a aumentar e a oferta a cair. Porém, essa lei não informa adequadamente o quantum a mais (ou a menos) os consumidores irão demandar ou os produtores poderão ofertar em função das modificações dos preços do produto em questão. 
Para isso, o conceito de elasticidade é usado com o objetivo de mensurar a sensibilidade que as pessoas possam ter frente a mudanças em variáveis econômicas. E é em função dessas explicações que ao longo desse capítulo iremos nos deter.
Tipos de Elasticidades
A) A Elasticidade-Preço da Demanda ou da Procura (Epd)
Define-se como elasticidade-preço da demanda (Epd) ao cálculo relacionado à maneira pela qual são medidas quantitativamente as reações que os consumidores possam ter às mudanças nos preços de determinadas mercadorias por meio da razão entre dois percentuais, isto é, a variação percentual na quantidade demandada (∆%Qd) dividida pela mudança (ou variação) percentual no preço do produto (∆%Pp):
Epd = (∆%Qd)/(∆%Pp) 
Cabe destacar que, conforme Pindyck & Rubinfeld, o resultado da Epd é sempre negativo em função da lei da demanda. Ao mesmo tempo, é importante fazer a classificação da demanda dos produtos em função da Epd. Neste sentido, ao que se refere à reação dos consumidores, o quadro a seguir discorre que a demanda por um determinado produto pode ser classificada como elástica, inelástica ou de elasticidade unitária.
B) Outros Tipos de Elasticidades
b.1) Elasticidade-Preço da Oferta (Epo)
A elasticidade-preço da oferta (Epo) mensura quantitativamente a reação dos vendedores às mudanças no preço do produto. Essa reação é também calculada pela razão entre dois percentuais: a variação percentual na quantidade ofertada (∆%Qo), dividida pela mudança (variação) percentual no preço do produto (∆%Pp), conforme a fórmula a seguir.
Epo = (∆%Qo)/(∆%Pp)
É importante salientar que dos determinantes que afetam a Epo, o tempo é significativamente importante, porque, em geral, a elasticidade de curto prazo será diferente da de longo prazo. Portanto, quanto maior tende a ser o tempo, as firmas têm a possibilidade de reagir mais intensamente às variações de preços, e a curva de oferta tenderá a se tornar cada vez mais elástica.
Podem-se ter as seguintes situações dos resultados da Epo:
Epo > 1: produto de oferta elástica.
Epo = 1: elasticidade-preço da oferta unitária.
Epo < 1: produto de oferta inelástica.
Epo = (∆%Qo)/(∆%Pp) 
Segundo Vasconcellos, pelas páginas 77 e 85, como no caso da demanda, a elasticidade-preço da oferta também pode ser calculada no ponto ou no arco, ou seja, de acordo com o valor do intercepto da curva de oferta, prova-se que:
B) Outros Tipos de Elasticidades
b.2) Elasticidade-Renda (da Demanda) (Erd)
É utilizada para medir a reação dos consumidores a mudanças na renda. Mais formalmente, mede a variação da demanda dos consumidores (∆%Qd) em função das mudanças da renda dos consumidores (∆%R).
Erd = (∆%Qd)/(∆%R)
Para bens normais, há uma relação positiva entre renda e quantidade demandada, logo a elasticidade renda é positiva (ou seja, Erd > 0). Porém, para bens inferiores, há uma relação negativa entre a quantidade demandada e a renda do consumidor (isto é, Erd < 0). Quando o bem é considerado como sendo de consumo normal, isto que dizer que a demanda aumenta, quando a renda aumenta. Sendo de consumo inferior, ao aumentar a renda, faz com que a demanda pelo bem de consumo inferior tenha uma queda. 
Por outro lado, é importante destacar que se Erd >1, o bem é conceituado com um bem superior (ou um bem de luxo), pois dada uma variação da renda, o consumo acaba variando mais que proporcionalmente. E se a Erd = 0, o bem é chamado de bem de consumo saciado. Isto significa que variações na renda não alteram a demanda por esse bem.
B) Outros Tipos de Elasticidades
b.3) Elasticidade-Cruzada (da Demanda) (Ecd)
Refere-se à medida da variação percentual na quantidade demandada de um produto X (∆%QX), de acordo com a mudança percentual no preço de outro produto qualquer Y (∆%PY).
Para bens substitutos (ou concorrentes) há uma relação positiva entre quantidade demandada do produto X e variação de preço do substituto Y, logo a elasticidade cruzada (da demanda) dos produtos substitutos tem um resultado positivo. Mas, para bens complementares há uma relação negativa entre quantidade demandada do produto X e a variação do preço do bem complementar Y, logo a elasticidade cruzada (da demanda) dos produtos complementares tem um resultado negativo.
Portanto:
 i) Se Ecd > 0: os bens X e Y são substitutos ou concorrentes (havendo, por exemplo, aumento do preço do bem Y, aumenta a demanda pelo bem X, coeteris paribus).
ii) Se Ecd < 0: os bens X e Y são complementares (existindo, por exemplo, aumento do preço de Y, diminui a demanda do bem X, coeteris paribus).
Relações entre Elasticidades e as Políticas do Governo na Formação de Preços
Conforme podemos perceber, na medida em que há um aumento de imposto, a curva de oferta se desloca para cima e para a esquerda, de acordo com o gráfico acima. Mas a questão, portanto, que se deve verificar é a de quem irá arcar com a maior parte do imposto, ou seja, o consumidor ou o produtor. E, nesse caso, isso irá depender justamente da elasticidade, nesse caso, da demanda pelo bem. 
Observando-se os gráficos a seguir, há diferenças na inclinação da curva de demanda. Podemos reparar que a primeira curva de demanda tende mais para a horizontal, isso demonstra que ela pertence ao segmento mais elástico da demanda e, nesse sentido, com o aumento do imposto, a maior parcela deste irá ser paga pelos ofertantes ou produtores.
Por outro lado, a segunda curva de demanda tende mais para a vertical, demonstrando que o trecho relevante para análise apresenta demandainelástica e, nesse sentindo, quem irá absorver a maior parcela a ser paga do aumento do imposto é justamente os consumidores.
Portanto, com uma demanda elástica, os consumidores acabam diminuindo significativamente o consumo pelo bem, dada a elevação dos preços em consequência do aumento do imposto. E com uma demanda inelástica, os consumidores acabam não tendo expressivamente, muitas possibilidades de fugir do aumento de preços provocado pela elevação do imposto.
Está certa, pois uma queda no preço de Y, tudo permanecendo constante, deixará inalterado o gasto dos consumidores com essa mercadoria, sendo a elasticidade-preço da demanda igual a 1. Isso acontece porque a queda do preço será proporcionalmente igual ao aumento da quantidade a ser consumida. Dessa forma, o gasto dos consumidores permanecerá constante.

Continue navegando