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Mandado de Segurança e Mandado de Injunção

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DIREITO PROCESSUAL 
CONSTITUCIONAL 
Igor Moura Rodrigues Teixeira 
Igormoura.r@gmail.com 
(085) 9.8563.9471 
MANDADO DE SEGURANÇA 
MANDADO DE SEGURANÇA (art. 5º, LXIX CRFB/88 e Lei 12.016/09) 
 
O mandado de segurança, criação brasileira, é uma ação constitucional de 
natureza civil, qualquer que seja a do ato impugnado, seja ele 
administrativo, seja ele jurisdicional, criminal, eleitoral, trabalhista etc. 
 
O constituinte de 1988 assim o definiu: "conceder-se-á mandado de 
segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas 
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de 
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de 
atribuições do Poder Público" (art. 5.º, LXIX). 
 
Dessa forma, excluindo a proteção de direitos inerentes à liberdade de 
locomoção e ao acesso ou retificação de informações relativas à pessoa 
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades 
governamentais ou de caráter público, através do mandado de segurança 
busca-se a invalidação de atos de autoridade ou a supressão dos efeitos 
da omissão administrativa, geradores de lesão a direito líquido e certo, 
por ilegalidade ou abuso de poder (SUBSIDIÁRIO). 
Direito líquido e certo 
 
O direito líquido e certo é aquele que pode ser demonstrado de 
plano mediante prova pré-constituída, sem a necessidade de dilação 
probatória. 
 
Trata-se de direito manifesto na sua existência, delimitado na sua 
extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. 
 
Em verdade não é o DIREITO que é líquido e certo, são OS FATOS. Os 
fatos é que deverão ser líquidos e certos para o cabimento do writ. 
 
Ilegalidade ou abuso de poder 
 
O cabimento do mandado de segurança dá-se quando perpetrada 
ilegalidade ou abuso de poder por autoridade pública ou agente de 
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 
 
Legitimidade ativa 
 
O legitimado ativo, sujeito ativo, impetrante é o detentor 
de "direito líquido e certo não amparado por habeas 
corpus ou habeas data". 
 
Assim, dentro do rol "detentor de direito líquido e certo" 
incluem-se: pessoas físicas (brasileiras ou não, residentes 
ou não, domiciliadas ou não), jurídicas, órgãos públicos 
despersonalizados, porém com capacidade processual 
(Chefias dos Executivos, Mesas do Legislativo), 
universalidades de bens e direitos (espólio, massa falida, 
condomínio), agentes políticos (governadores, 
parlamentares), o Ministério Público etc. 
Legitimidade passiva 
 
Já o legitimado passivo, sujeito passivo, impetrado é a autoridade coatora, 
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder, autoridade pública ou agente 
de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 
 
De acordo com o art. 6º, § 3º, da Lei n. 12.016/2009, considera-se autoridade 
coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a 
ordem para a sua prática. 
 
Equiparam-se às autoridades os representantes ou órgãos de partidos políticos 
e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de 
pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder 
público, somente no que disser respeito a essas atribuições (art. 1º, §1º). 
 
A lei deixa claro que não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão 
comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de 
sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público (art. 1º, 
§ 2º). 
Competência 
A competência para processar e julgar o mandado de 
segurança dependerá da categoria da autoridade coatora e 
sua sede funcional, sendo definida nas leis 
infraconstitucionais, bem como na própria CRFB/88. 
 
Observação: O mandado de segurança pode ser repressivo 
de ilegalidade ou abuso de poder já praticados, ou 
preventivo, quando estivermos diante de ameaça a violação 
de direito líquido e certo do impetrante. 
 
O prazo para impetração do mandado de segurança, de 
acordo com o art. 23 da lei (12.016/09), é de 120 dias, 
contado da ciência, pelo interessado, do ato a ser 
impugnado. 
 
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (art. 5º, LXX) 
 
A grande diferença entre o mandado de segurança 
individual e o coletivo (este criado pela CF/88) reside 
em seu objeto e na legitimação ativa. 
 
Com o mandado de segurança coletivo, visa-se a 
proteção de direito líquido e certo, não amparado 
por habeas corpus ou habeas data (campo residual), 
contra atos ou omissões ilegais ou com abuso de 
poder de autoridade, buscando a preservação 
(preventivo) ou reparação (repressivo) de interesses 
transindividuais, sejam os individuais homogêneos, 
sejam coletivos. 
O art. 21, parágrafo único, da Lei n. 12.016/2009, na 
linha do que já conceituava o Código de Defesa do 
Consumidor, define: 
 
- individuais homogêneos: assim entendidos, para 
efeito desta lei, os decorrentes de origem comum e 
da atividade ou situação específica da totalidade, ou 
de parte dos associados ou membros do impetrante; 
 
- coletivos: assim entendidos, para efeito desta lei, os 
transindividuais, de natureza indivisível, de que seja 
titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si 
ou com a parte contrária por uma relação jurídica 
básica. 
Legitimidade ativa 
 
O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado 
por (art. 5º, LXX): 
 
- partido político com representação no Congresso 
Nacional; 
 
- organização sindical, entidade de classe ou 
associação, desde que estejam legalmente 
constituídas e em funcionamento há pelo menos 1 
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou 
associados. 
MANDADO DE INJUNÇÃO 
MANDADO DE INJUNÇÃO (art. 5.º, LXXI da CRFB/88 e L. 
13.300/16 – NOVIDADE LEGISLATIVA) 
 
Conceito 
É uma ação judicial, de origem constitucional, de natureza 
civil, com caráter especial, que objetiva combater a 
morosidade do Poder Público em sua função legislativa 
regulamentadora, para que viabilize o exercício concreto de 
direitos, liberdades ou prerrogativas constitucionalmente 
previstas. 
 
Objeto 
A presente ação busca viabilizar normas que sejam de 
eficácia limitada, ou seja, dependentes de regulamentação, 
não cabendo o referido writ quando a norma for 
autoaplicável. 
 
Pressupostos de cabimento 
 
Os dois requisitos constitucionais para o mandado de 
injunção são: 
 
- norma constitucional de eficácia limitada, 
prescrevendo direitos, liberdades constitucionais e 
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e 
à cidadania; 
- falta de norma regulamentadora, tornando inviável 
o exercício dos direitos, liberdades e prerrogativas 
acima mencionados (omissão do Poder Público). 
 
Mandado de injunção coletivo 
 
O STF tem admitido mandado de injunção de 
cunho coletivo aplicando-se analogicamente o 
art. 5.º, LXX, da CR (norma direcionada ao 
MANDADO DE SEGURANÇA). Ademais, o art. 
8.º, III, da CR afirma que cabe ao sindicato a 
defesa da categoria; logo, o sindicato poderá 
impetrar o writ. 
Legitimidade ativa 
 
Qualquer pessoa que esteja impossibilitada de 
exercer direito à liberdade ou prerrogativa 
constitucional em virtude de falta de norma 
regulamentadora. 
 
Legitimidade passiva 
 
A ação dirige-se contra autoridade estatal do órgão 
competente para expedição de norma 
regulamentadora da vontade constitucional. 
Procedimento 
O mandado de injunção previsto 
constitucionalmente, já decidiu o STF, é 
autoaplicável, sendo adotado, analogicamente e 
no que couber, o rito do mandado de 
segurança. 
 
Competência 
A competência vem prevista na Constituição 
Federal arts. 102, I, “q”; 102, II, “a”, 105, I, “h”; 
121, § 4º, V; e 125, §1º. 
 
MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO 
 
O STF, inclusive,admitiu o ajuizamento de mandado de injunção coletivo, 
sendo legitimadas, por analogia, as mesmas entidades do mandado de 
segurança coletivo. O requisito será a falta de norma regulamentadora que 
torne inviáveis os direitos, liberdades ou prerrogativas dos membros ou 
associados (indistintamente). 
 
DESTAQUE-SE: julgamento dos Ml’s 670, 708 e 712, ajuizados, 
respectivamente, pelo Sindicato dos Servidores Policiais Civis do Estado do 
Espírito Santo (Sindpol), pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do 
Município de João Pessoa (Sintem) e pelo Sindicato dos Trabalhadores do 
Poder Judiciário do Estado do Pará (Sinjep), buscando assegurar o direito de 
greve para seus filiados, tendo em vista a inexistência de lei regulamentando o 
art. 37, VII, da CF/88. O STF, em importante decisão, por unanimidade, 
declarou a omissão legislativa e, por maioria, determinou a aplicação, no que 
couber, da lei de greve vigente no setor privado, Lei n. 7.783/89. A aplicação 
da lei não se restringiu aos impetrantes, mas a todo o funcionalismo público. 
Assim, pode-se afirmar que o STF consagrou, em referido julgamento, a teoria 
concretista geral.

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