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20171019 22446 Tecido Epitelial

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HISTOLOGIA ANIMAL
	A histologia estuda as células e o material extracelular que constituem os tecidos do corpo.
Os tecidos são constituídos por células mais a matriz extracelular produzida pelas células. A matriz é quase inexistente em alguns tecidos, porém em outros é abundante e contém estruturas e moléculas importantes do ponto de vista estrutural e funcional, que serão estudadas em capítulos seguintes. Apesar da comple-xidade do organismo dos mamíferos, há apenas quatro tipos básicos de tecidos: o epitelial, o conjuntivo, o muscular e o nervoso. Esses quatro tipos de tecidos não existem isoladamente mas juntam-se aos outros, em proporções variáveis, para formar os diferentes órgãos e sistemas do organismo animal.
TECIDO EPITELIAL
 	Os epitélios são constituídos por células geralmente poliédricas, justapostas, entre as quais encontra-se pouca substância extracelular. Geralmente, as células epiteliais aderem firmemente umas às outras, formando camadas celulares contínuas que revestem a superfície externa e as cavidades do corpo (boca, fossas nasais, tubo digestivo etc.). Além desses epitélios de revestimento, distinguem-se os epitélios glandulares, formados de células especializadas na produção de secreção. Há ainda epitélios especializados na captação de estímulos (luz, cheiro, gosto) provenientes do ambiente, são os neuroepitélios. Os epitélios de revestimento dividem o organismo em compartimentos funcionais e têm papel importante na absorção nos nutrientes (revestimento da superfície interna do intestino).
As células epiteliais provêm dos três folhetos germinativos. A maior parte das células epiteliais que cobrem a pele, boca, fossas nasais e ânus tem origem ectodérmica. Os epitélios que revestem quase todo o tubo digestivo, a árvore respiratória e as glândulas do aparelho digestivo, como o pâncreas e o fígado, são de origem endodérmica. Outros epitélios, como o endotélio que reveste internamente os vasos sanguíneos, têm origem mesodérmica. 
Com exceção de uma camada muito delgada de glicoproteínas denominada glicocálice ou glicocálix, que reveste as células epiteliais, não existe substância intersticial entre elas. Essas glicoproteínas tomam parte nos processos celulares de endocitose, de adesão entre células, em fenômenos imunológicos e em outros processos vitais. Na endocitose, o glicocálice participa da retenção de partículas na superfície celular.
Os epitélios apresentam, na sua superfície de contato com o tecido conjuntivo, uma estrutura chamada de lâmina basal. Essa estrutura, que tem espessura de 20 a 100 nm, é formada principalmente por colágeno, uma glicoproteína denominada laminina e proteoglicanas, sendo sintetizada pelas células epiteliais. Devido às suas dimensões reduzidas, a lâmina basal só é visível no microscópio eletrônico.
 	As células epiteliais apresentam uma intensa adesão mútua e, para separá-las, são necessárias forças mecânicas relativamente grandes. Essa coesão varia com o tipo epitelial, mas é especialmente desenvolvida nos epitélios sujeitos a fortes trações e pressões, como no caso da pele. Ela é, em parte, devida à ação adesiva das glicoproteínas do glicocálice.
Além da aderência proporcionada pelas macromoléculas das superfícies celulares, as membranas laterais das células epiteliais exibem certas especializações que formam as junções celulares. Estas junções servem para a aderência e também para vedar o espaço intercelular, impedindo o fluxo de moléculas por entre as células. Certas junções formam canais de comunicação entre células adjacentes. Nos epitélios com uma única camada de células (epitélios simples), freqüentemente as junções se apresentam numa ordem definida da parte apical para a parte basal da célula.
É comum classificar os epitélios, de acordo com sua estrutura e função, em dois grandes grupos: os revestimentos e os glandulares. Esse critério é um tanto arbitrário, pois existem epitélios de revestimento onde todas as células secretam muco (é o caso do epitélio de revestimento do estômago) ou então onde apenas algumas células são glandulares (por exemplo, as células caliciformes do epitélio da traquéia e do intestino).
Os epitélios de revestimento são tecidos cujas células se dispõem em camadas, recobrindo a superfície externa ou as cavidades do corpo. Estão sempre apoiados numa camada de tecido conjuntivo que contém os vasos sanguíneos cujo sangue nutre o epitélio. Os epitélios de revestimento são divididos de acordo com critérios morfológicos, tendo em vista o número de camadas constituintes e a forma das células na camada mais superficial. Pelo primeiro critério, os epitélios podem ser simples ou estratificados, segundo tenham uma só ou mais de uma camada de células. Os epitélios simples subdividem-se de acordo com a forma de suas células, em pavimentosos, cúbicos e prismáticos, também chamados de colunares ou cilíndricos.
	Nos epitélios estratificados, a classificação baseia-se na forma das células da camada mais superficial do epitélio. Os mais freqüentes são os pavimentosos, os prismáticos e o de transição.
	Um tipo especial de epitélio simples é o chamado epitélio pseudo-estratificado, que recebeu este nome porque, apesar de apresentar núcleos em várias alturas, todas as suas células atingem a lâmina basal. Trata-se na realidade de um epitélio constituído por uma só camada de células de diversas alturas.
Com raras exceções, os vasos sanguíneos não penetram nos epitélios, de modo que a nutrição dos epitélios é feita por difusão através do tecido conjuntivo, da membrana basal e de um número variável de camadas celulares, para atingir as células mais superficiais. Esse fato, provavelmente, torna difícil a existência de epitélios com grande espessura.
 	Embora os epitélios não tenham vasos, são inervados, recebendo terminações nervosas livres que, às vezes, formam uma rica rede intra-epitelial.
Os epitélios glandulares são constituídos por células que apresentam como atividade característica a produção de secreções de composição diferente da do plasma sanguíneo ou do fluido tecidual. Quase sempre os produtos elaborados pelas células glandulares são acumulados temporariamente no citoplasma, sob a forma de pequenas partículas envolvidas por membrana, os grânulos de secreção. Há células que secretam proteínas (pâncreas), lipídios (adrenal e glândulas sebáceas) ou complexo de carboidratos e proteínas (glândulas salivares). No caso das glândulas mamárias, todas as três substâncias (lipídios, proteínas e carboidratos) são secretadas. De modo geral, as células glandulares se caracterizam por elaborarem e eliminarem, para o meio interno ou externo, produtos que não serão por elas utilizados, mas que terão importância funcional para outros setores do organismo.
Os epitélios glandulares formam as glândulas. Quando cada célula secretora aparece isolada, a glândula é unicelular. É o caso das células mucosas caliciformes da traquéia e brônquios. A maioria das glândulas, porém, é pluricelular. As glândulas originam-se da proliferação das células de epitélios de revestimento, com a invasão do tecido conjuntivo subjacente e posterior diferenciação. Nas glândulas exócrinas, o produto de secreção vai ter à superfície epitelial livre através de ductos. Nas glândulas endócrinas, o produto de secreção é lançado no meio extracelular e transportado pelo sangue.
De acordo com a maneira pela qual o produto de secreção sai das células, as glândulas podem ser merócrinas , holócrinas e apócrinas. No primeiro caso saem só os produtos de secreção; é o que se observa no pâncreas e nas glândulas salivares. Nas glândulas holócrinas, a célula toda se destaca da glândula, arrastando consigo o seu produto de secreção acumulado. O exemplo clássico desse tipo é a glândula sebácea. As glândulas apócrinas são intermediárias. Nelas o produto de secreção é eliminado juntamente com pequena parte do citoplasma apical. Este tipo de secreção ocorreem certas glândulas sudoríparas.
Os epitélios são tecidos cujas células têm vida limitada. Ocorre, pois, uma renovação constante dessas células, graças a uma atividade mitótica contínua. A velocidade dessa renovação, porém, é variável, podendo ser muito rápida em certos casos e lenta em outros.

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