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Aula 7 - Oferta Demanda e Equilíbrio de Mercado - Economia Política

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Boa noite, 
Vamos passar a abordar, a partir de hoje, um novo assunto, aquele relacionado 
com o funcionamento do mercado. O mercado tem a ver com a circulação dos bens 
produzidos pela sociedade. Tomando como ponto de partida a ideia de que os agentes 
econômicos produzem bens para sua satisfação, mas que nunca conseguem dispor de 
todos os bens que necessitam para suprir suas necessidades, eles vão obter os bens que 
não têm com outros agentes, por meio de trocas. Dessa situação de trocas seguem os 
conceitos econômicos essenciais de mercado e preços, oferta, demanda e equilíbrio de 
mercado. 
Em aulas subseqüentes, examinaremos outros aspectos conexos, como as 
estruturas de mercado. Sempre lembrando que ainda estamos no nível da análise 
microeconômica. 
 
 
 
 
AS TROCAS, MERCADORIAS E MERCADO 
Numa sociedade em que os agentes econômicos não produzem tudo o que 
necessitam, eles devem trocar seus produtos entre si: trocar parte daquilo que se tem 
pelo que não se tem. 
A troca é feita entre excedentes (parte da produção não consumida pelo próprio 
produtor). Ou seja, o agente econômico produz bens numa quantidade além da que vai 
consumir. Aquilo que não consome serve para trocar por bens que ele necessita mas não 
tem. 
Os bens trocados são chamados de mercadorias. Mercado é o lugar (não 
necessariamente físico e delimitado) no qual se encontram muitos donos de bens que 
vão trocá-los entre si. 
Esses bens trocados no mercado chamam-se Mercadorias. 
 
TROCAS E PREÇOS 
Note-se que nem todos os bens são destinados à troca. Por exemplo, se estou 
com fome e colho frutas no quintal de minha casa, essas frutas não são mercadorias. 
Seriam mercadorias se eu as vendesse ou trocasse por qualquer outra coisa com algum 
vizinho. 
Por exemplo: troco frutas de meu quintal com meu vizinho, que é alfaiate e me 
dará uma camisa: 
 
Frutas de meu quintal ó Camisa 
 
Nesse exemplo, temos uma troca direta entre mercadorias, isto é, sem a 
intermediação do dinheiro (moeda). Não se trata portanto de operação de compra e 
venda de bens. A troca direta entre mercadorias é chamada de ESCAMBO. 
A troca direta entre mercadorias restringe a expansão das trocas. Para resolver o 
problema, cria-se uma mercadoria que pode ser trocada por todas as outras: a Moeda 
(vamos tratar desse assunto em aula posterior). 
Em qualquer caso, a troca procura manter uma relação de equivalência entre os 
bens trocados, pois, do contrário, uma das partes se sentiria prejudicada e 
provavelmente não concordaria com o negócio. Ou seja, se quero obter algum bem de 
outro agente econômico, preciso dar algo em troca que ele necessite e aceite. 
Aqui, o problema é que cada bem trocado é único, tem uma utilidade que não 
pode ser substituída pela utilidade de outro bem. Se preciso de uma camisa, não adianta 
eu dispor de frutas. As frutas não satisfazem a necessidade da vestimenta, não cobrem 
meu corpo. O mesmo se dá em relação à camisa. Meu vizinho pode ter quantas camisas 
quiser, mas elas não matarão sua fome como as minhas frutas. 
Isto significa que a utilidade dos bens que vão ser trocados (seu valor de uso) 
não pode ser comparada, pois cada um satisfaz uma necessidade diferente. Portanto, os 
bens não podem ser trocados por seu valor de uso, por suas qualidades individuais, por 
suas capacidades de satisfazer necessidades. 
Quando bens diferentes vão ser trocados, é preciso estabelecer qual a quantidade 
de um bem deverá ser trocada por determinada quantidade de outro bem. No nosso 
exemplo, quantas frutas deverão ser trocadas por quantas camisas: 
 
x Frutas ó y Camisas 
 
Em outras palavras, a troca implica uma relação de quantidade entre os bens 
trocados; no nosso exemplo: uma certa quantidade de frutas por uma certa quantidade 
de mercadorias. 
Naturalmente, considerando-se que cada agente econômico agirá racionalmente 
na maximização dos resultados das trocas, cada um procurará obter o máximo possível, 
gastando o mínimo possível. Ou seja, para quem vai se envolver na troca, o melhor seria 
obter o máximo de bens do outro agente, entregando-lhe o mínimo de bens que puder. 
No exemplo citado, vou procurar obter a melhor camisa possível (ou mais de uma 
camisa), entregando a meu vizinho, como troca, o mínimo de frutas possível. 
Naturalmente, meu vizinho tratará de fazer o oposto, obtendo de mim o máximo de 
frutas que puder. 
A negociação entre as duas partes poderá levar a um acordo em torno das 
quantidades de bens que devem ser trocados. Ora, a quantidade de mercadoria que 
permite a troca com outra mercadoria é chamada de preço desta mercadoria. 
Ou seja, se acertei com meu vizinho a troca de duas dúzias de frutas por uma 
camisa, então o “preço” da camisa é duas dúzias; enquanto o “preço” de duas dúzias é 
uma camisa. Obviamente, numa sociedade monetizada, os preços destas duas e de todas 
as mercadorias são cotadas em dinheiro (moeda): duas dúzias de frutas podem custar R$ 
20,00, e uma camisa também pode custar R$ 20,00. 
Em síntese, as trocas podem ser feitas: (a) diretamente entre mercadorias 
diferentes (Escambo): M1 - M2; (b) com a intermediação de uma mercadoria especial 
chamada moeda: M1 - $ - M2. Nesse caso, a troca é chamada de compra e venda de 
mercadorias. 
O problema essencial na troca de mercadorias é determinar a relação quantitativa 
entre os bens trocados: xM1 - yM2. Essa relação é chamada de Preço. O preço é 
determinado pelas relações entre Demanda e Oferta das mercadorias. 
 
DEMANDA E OFERTA 
Demanda 
É a quantidade de determinado produto que os consumidores estão dispostos a 
adquirir no mercado em determinado momento. Também é chamada de “procura”. O 
consumidor faz escolhas sobre o melhor uso de sua renda, buscando sua maximização 
(obter o máximo de utilidade com o mínimo de recursos). 
A demanda depende dos seguintes fatores que influem nas decisões de 
consumo: 
(a) preço do bem 
(b) preço dos outros bens 
(c) outros fatores 
 
(a) Preço do Bem 
Conforme o que a Economia chama de “Lei Geral da Demanda”, quanto menor 
o preço de um bem, maior será a demanda, e o inverso também verdadeiro (quanto mais 
caro um bem, menos pessoas vão comprar). 
Além disso, quando os preços de um bem estão caindo, vai aumentando o 
número de agentes econômicos dispostos a comprá-lo. E quando o preço vai subindo, 
diminui o número de compradores. Esquematicamente: ↑preço de um bem ↓demanda 
desse bem. 
Por que isto acontece? 
· (1º) com os preços elevados, muitos consumidores não podiam comprar. 
Mas, caso os preços caiam, esses consumidores que não podiam comprar, 
passam a poder comprar. 
· (2º) os consumidores que já podiam comprar, mesmo com o preço 
elevado, podem aproveitar para comprar mais caso o preço caia. Nesse 
caso, pode tratar-se de uma medida especulativa. Quem acha que o preço 
de um bem está barato e compra mais do que necessita, estocando o 
excesso, pode pensar que, em breve o preço poderá subir novamente, e, 
então, terá feito um bom negócio já tendo comprado; 
 
(b) Preço dos Outros Bens 
Por “outros bens” entendem-se os bens substitutos (bens diferentes que 
satisfazem uma mesma necessidade, por exemplo, guaraná e coca-cola) e bens 
complementares (bens que são consumidos junto com outros, por exemplo, pneu e 
automóvel). 
Em relação aos Bens Substitutos (ou similares), a relação entre os preços e as 
demandas é a seguinte: Ou seja, caso o preço do bem principal (como a coca-cola) suba, 
sua demanda deve cair. Por isso, parte dos consumidores que gostariam de tomar coca-
cola deixarão de fazê-lo, passando a consumir bens substitutos (como o guaraná, por 
exemplo), cuja demanda deve subir. Então: ↑preço do bem principal (ou preferido) 
↓demanda do bem principal ↑demanda do bem principal (ou o bem que é uma “segunda 
opção” do consumidor). 
Já em relação aos Bens Complementares,
caso o preço do bem principal (como o 
automóvel, por exemplo) suba, sua demanda deve cair. Ora, isto fará naturalmente com 
que a demanda por bens complementares (como pneus, por exemplo) também caia. 
Então: ↑preço do bem principal ↓demanda do bem principal ↓demanda do bem 
complementar 
 
(c) Outros fatores 
Como vimos em aula anterior (5ª Aula), vários outros fatores podem interferir na 
demanda. Entre eles, podemos destacar: 
· Utilidade do bem 
· Renda dos consumidores 
· Gosto dos consumidores 
· Fatores sazonais 
· Localização do consumidor 
· Condições de crédito 
· Perspectivas da Economia 
· Congelamento ou tabelamento de preços e salários. 
 
Naturalmente, quanto maior for a percepção de utilidade de um bem, maior deve 
sua demanda (excluindo-se a interferência de outros fatores, como preço, por exemplo). 
O mesmo se pode dizer em relação ao gosto do consumidor, que às vezes decide sobre 
qual mercadoria incidirá a compra, entre várias mercadorias semelhantes com base em 
critérios subjetivos, como cor, forma, design, formato, praticidade, moda etc. 
Não menos óbvio é o efeito da renda dos consumidores. Quanto mais dinheiro as 
pessoas tiverem, mais elas poderão e deverão gastar. Além disso, outro efeito verifica-se 
em relação à renda. Quando as pessoas têm bastante dinheiro, tendem a preferir bens de 
qualidade superior, preterindo os de qualidade inferior, enquanto que com os mais 
pobres verifica-se que, embora possam preferir bens de qualidade superior, têm que se 
conformar com aqueles mais em conta. 
Por fatores sazonais entendem-se que certas épocas do ano ocorre um consumo 
maior de certos produtos (como ovos de chocolate durante a Páscoa, ou panetones 
durante o Natal, por exemplo). Além de serem mais facilmente encontrados, em suas 
épocas costumeiras estes produtos podem ser adquiridos com preços menores. 
A localização interfere claramente na demanda. Habitantes de grandes cidades 
consomem muito, também porque contam com muitos locais de compras à disposição 
(lojas, shopping centers, magazines etc.), diferentemente de populações de regiões 
interioranas. 
Outro fator importante é o crédito, uma operação comercial na qual o comprador 
não paga na hora (no máximo, uma “entrada”), mas em período posterior e, geralmente, 
parceladamente. Esta facilidade de pagamento favorece as compras de modo geral, e, 
especialmente, de bens de elevado valor (imóveis, automóveis etc.) 
Condições gerais da economia também podem interferir na decisão de demanda 
do consumidor. Um clima de incerteza, crise mundial ou mudança de equipe econômica 
pode fazer com que alguns consumidores adiem decisões de compra, sobretudo de bens 
de elevado valor, como imóveis. 
Também decisões governamentais que afetam a economia, como o controle de 
preços e salários, que ocorriam no Brasil com freqüência até o começo da década de 90, 
também interferem na demanda. Se os salários, por exemplo, são “congelados”, isto é, 
não podem ser reajustados, as classes assalariadas ficarão com menos dinheiro para 
gastar. 
 
Oferta 
É a quantidade de determinado produto que os empresários estão dispostos a 
colocar à venda em determinado momento. Portanto, a oferta é uma decisão do 
empresário, do dono do negócio, que, como todo agente racional, faz escolhas entre 
usos alternativos do capital, buscando a maximização do lucro (obter o máximo de lucro 
com o mínimo de gastos possível). Ou seja, a decisão de colocar ou não mercadorias à 
venda depende do lucro da operação: ↑lucro ↑oferta ↑nível de produção 
O ganho que empresário vai obter – e, portanto, seu interesse na oferta –, por 
sua vez, é influenciado por vários fatores, como: 
 
· Preço do Bem 
· Preço dos Outros Bens 
· Outros fatores 
 
(a) Preço do Bem 
Pela chamada “Lei Geral da Oferta”, quanto maior o preço de um bem, maior o 
interesse de um empresário em colocá-lo à venda. Esquematicamente: ↑preço do bem 
↑oferta desse bem. 
Por que isto ocorre? 
 
· (1º) O que ocorre é que quanto maior o preço do bem vendido, maior 
deve ser o lucro que o empresário deverá ter com ele; maior será a 
margem de lucro que ele poderá embutir no preço do bem. Então: ↑preço 
do bem ↑margem de lucro com a venda desse bem ↑oferta desse bem; 
· (2º) Ao mesmo tempo, caso um empresário comece a obter um ganho 
expressivo com determinado produto, outros empresários certamente 
passarão a vendê-lo também, de modo que: ↑preço do bem ↑número de 
empresários que oferecem esse bem ↑oferta desse bem. 
 
(b) Preço dos Outros Bens 
O preço de bens substitutos também interfere na decisão do empresário em 
vender este ou aquele artigo. Caso, por exemplo, o preço de um bem suba, se tornará 
mais atraente para o empresário vendê-lo. Isto poderá fazer com que ele concentre as 
vendas neste bem mais rentável e por isso reduza as vendas de outros bens que são 
substitutos, mas cujos preços não subiram (ou não subiram tanto). Por isso: ↑preço do 
bem substituto ↑oferta desse bem substituto ↓oferta bem principal. 
 
(c) Outros fatores 
Naturalmente, há outros fatores que interferem nas decisões de oferta por parte 
dos empresários. Um deles é o preço dos fatores de produção. Quanto mais o 
empresário tiver que gastar para colocar suas mercadorias à venda, menos recursos ele 
terá para produzir. É o que acontece, por exemplo, quando se elevam o preços de itens 
como trabalho (os salários), matérias-primas, máquinas. Assim: ↑preço dos fatores de 
produção para determinado bem ↓oferta desse bem. 
Já efeito contrário apresenta a tecnologia incorporada no processo produtivo. A 
história mostrou que, sempre que houve incorporação de novas tecnologias na 
produção, esta cresceu em relação ao período anterior. Novas tecnologias podem referir-
se a máquinas mais aperfeiçoadas, novas técnicas produtivas etc., de modo que: 
↑tecnologia presente na produção de determinado bem ↑oferta desse bem. 
 
EQUILÍBRIO DE MERCADO 
Até o momento, falamos isoladamente sobre demanda e oferta, suas variações, 
suas causas, sem relacionar os dois fatores. Mas, naturalmente, esse isolamento não 
passa de um recurso analítico, utilizado para facilitar o entendimento do estudante. Na 
prática, esta separação não existe; demanda e oferta ocorrem a todo o momento 
continuamente e uma interfere na outra. 
O que relaciona demanda e oferta é o chamado “equilíbrio de mercado”. É o 
equilíbrio entre oferta e demanda: quando a quantidade de bens demandados é igual aos 
bens ofertados. Vimos que tanto a demanda quanto a oferta podem ser elevadas ou 
baixas, crescer ou cair, conforme diversos fatores. Pois bem, equilíbrio da oferta e da 
demanda de um determinado bem é quando tudo o que foi colocado à venda (oferta) de 
determinado bem foi comprado (demanda). Não sobram mercadorias sem serem 
vendidas, nem consumidores sem a mercadoria desejada. 
Esse equilíbrio é dado pelo preço do bem, o chamado “Preço de Equilíbrio”. Ou 
seja, há um preço de determinado bem que vai igualar sua oferta e sua demanda. 
Portanto, caso o preço não seja aquele, haverá um “desequilíbrio” de mercado. Com 
base nas leis gerais da oferta e da demanda, se o preço de uma mercadoria for superior 
ao seu preço de equilíbrio, deverá haver mais oferta que demanda; caso o preço esteja 
abaixo, deverá haver mais demanda que oferta. 
Desta forma, podemos verificar as seguintes situações: 
1ª Situação: Em relação a um bem determinado, verifica-se a existência de mais 
demanda que oferta. Então, o preço desse bem deve estar abaixo do preço de equilíbrio. 
Quando isso ocorre, existem muitos consumidores atrás da mercadoria, mas poucas 
mercadorias à venda. Esses muitos consumidores passarão a disputar as poucas 
mercadorias disponíveis. Alguns deles poderão admitir pagar um pouco mais para obter 
a mercadoria. Quando essa situação se generaliza, é porque na prática,
o preço do bem 
já subiu. Uma vez que o preço do bem tenha subido, a demanda por ele deverá cair, 
enquanto a oferta deverá subir, tendendo para a situação de equilíbrio. 
2ª Situação: Em relação a um bem determinado, verifica-se a existência de mais 
oferta que demanda. Então, o preço desse bem deve estar acima do preço de equilíbrio. 
Quando isso ocorre, existem muitas mercadorias disponíveis, mas poucos consumidores 
atrás delas. Para evitar que a mercadoria sobre nas prateleiras, alguns empresários 
estarão dispostos a promover promoções, que, na prática, significam descontos na venda 
do bem. A generalização da prática leva à queda do preço da mercadoria. Uma vez que 
o preço do bem tenha caído, a demanda por ele deverá subir, enquanto a oferta deverá 
cair, tendendo para a situação de equilíbrio. 
Admite-se, então, que a tendência natural do mercado é sempre atingir o ponto 
de equilíbrio. No entanto, note-se que estamos falando de uma situação de mercado em 
que compradores podem escolher livremente os produtos a comprar e os vendedores 
podem fixar livremente seus preços. Além disso, todos os agentes econômicos dispõem 
do mesmo nível de informações que seus concorrentes. Ou seja, pressupõe uma situação 
chamada de “livre mercado”, em que a concorrência entre os agentes é elevada. 
No entanto, esta é uma situação mais teórica do que prática. Isto porque, na 
economia real, ocorrem “perturbações” que distorcem a situação de livre mercado, 
dificultando o impedindo que se atinja a situação de equilíbrio de mercado, ou 
mantendo a situação de desequilíbrio. 
Em geral, estas perturbações são causadas por fatores como a ação dos governos, 
quando, por exemplo, “congelam” preços, impedindo que os empresários reajustem 
livremente seus preços, ou por certas configurações de mercado, como os monopólios. 
Este último caso é o que veremos na próxima aula.

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