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PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL PÓLO BARRAS ARI DO REGO DOS SANTOS ANÁLISE AMBIENTAL DA AGRICULTURA DE SUBSISTÊNCIA: SÃO JOÃO, CABECEIRAS DO PIAUÍ Barras – PI 08/2013 ARI DO REGO DOS SANTOS ANÁLISE AMBIENTAL DA AGRICULTURA DE SUBSISTÊNCIA: SÃO JOÃO, CABECEIRAS DO PIAUÍ Artigo apresentado ao Instituto de Ensino Superior Múltiplo – IESM, Timon/MA, como requisito parcial para a conclusão do Curso de Educação Ambiental, sob a orientação do Professor Orientador: Professor Especialista Welson Soares. Barras – PI 08/2013 ANÁLISE AMBIENTAL DA AGRICULTURA DE SUBSISTÊNCIA: SÃO JOÃO, CABECEIRAS DO PIAUÍ Ari do Rego dos Santos Licenciado em Geografia – Universidade Estadual do Piauí (UESPI). RESUMO: Este trabalho foi conduzido na localidade São João, município de Cabeceiras do Piauí. Os dados foram obtidos a partir da pesquisa de campo com aplicação de entrevistas a 20 agricultores da localidade, englobando aspectos como: técnicas utilizadas no preparo do solo, utilização de agrotóxicos, a finalidade do uso de agrotóxicos dentre outros, com o intuito de analisar os aspectos socioambientais da agricultura de subsistência na mesma, utilizando-se do método dedutivo e probabilístico para a obtenção dos dados e de acordo com os objetivos da pesquisa. Os resultados mostraram que a prática da agricultura de subsistência da forma atrasada como ainda é realizada com a utilização de técnicas arcaicas e instrumentos rudimentares podem causar eventos degradantes na natureza, comprometendo o desenvolvimento futuro desta atividade. Neste contexto, pretende-se com este estudo estimular os agricultores a se engajarem mais na busca de uma prática que não perca de vista os aspectos ambientais que envolvem a mesma. Além de provocar discussões reflexivas sobre esse costume na localidade do estudo em beneficio de todos. PALAVRAS-CHAVE: Agricultura. Técnicas. Degradações. 1 INTRODUÇÃO A agricultura é uma das invenções humanas mais significativas em termos de avanços na produção de alimentos. A sua introdução permitiu que o homem passasse a produzir as culturas de alimentação básica utilizadas na sua dieta alimentar. Isso resultou em um enorme ganho para a humanidade porque a partir daí, ela passou a dispor de grandes quantidades de alimentos eliminando assim, o risco de sua extinção devido à escassez dos recursos alimentícios fornecidos diretamente pela natureza. No Brasil, são praticados vários tipos de agriculturas, indo desde a de subsistência que tem como objetivo principal a sobrevivência de quem a pratica passando pela familiar comercial voltada tanto para a alimentação da própria família produtora como para a comercialização até a empresarial abastecedora dos mercados de itens alimentícios de origem agrícola. E a prática de todas elas é pertinente de importância e considerações que devem ser abordadas na análise de suas efetivações. Este trabalho teve como finalidade conhecer as técnicas de manejos da agricultura de subsistência e suas consequências para com o meio ambiente na localidade São João, município de Cabeceiras do Piauí. Além de identificar os mecanismos utilizados no preparo do solo e no plantio das culturas relacionando os principais impactos resultante destes processos, bem como propor a elaboração de planos de manejo que resulte em práticas de cultivos sustentáveis. A hipótese que norteou o trabalho é a de que a utilização de técnicas e instrumentos rudimentares pelos agricultores locais aliadas à falta de recursos financeiros para investir em técnicas agricultáveis modernas, causa o enfraquecimento, desgaste, esgotamento e exaustão dos solos, bem como a destruição vegetal e da biodiversidade comprometendo o equilíbrio dos sistemas naturais e o desenvolvimento futuro da atividade. O desenvolvimento da pesquisa com enfoque na abordagem da importância da conservação ambiental a partir de uma prática agrícola que busque técnicas de manejos menos degradantes, além dos impactos negativos decorrente de sua realização, permeará a pertinência do levantamento bibliográfico, para embasar as ideias que serão construídas. Na execução desta pesquisa e obtenção de dados foram utilizados procedimentos metodológicos tais como: levantamento bibliográfico sobre o tema; elaboração de um roteiro de observação da área de estudo, de acordo com os objetivos da pesquisa; registro visual através do levantamento fotográfico; entrevistas com os moradores que praticam esse tipo de agricultura; visita a órgãos públicos; organização e análise dos dados coletados e elaboração do relatório final dos resultados alcançados com a realização da pesquisa, segundo os seus objetivos. Espera-se com este estudo, estimular os agricultores que praticam a agricultura de subsistência, a se engajarem mais nesta atividade no sentido de aumentar a produção tanto com destino a sua alimentação quanto a comerciável a fim de fortalecer as suas rendas. Que contribua para as discussões reflexivas sobre esta pratica tanto em termos locais quanto no âmbito geral e, que ela seja entendida como uma atividade pertencente ao modo de vida de seus praticantes e de caráter permanente de orientação a fim de que o seu desenvolvimento ocorra de forma sustentável. E que sirva também, como fonte de informações para o município de Cabeceiras do Piauí, comunidade do estudo, acadêmicos e para os futuros pesquisadores do tema. 2 CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES NATURAIS QUE CONDICIONAM A PRÁTICA DA AGRICULTURA Solo, vegetação, hidrografia, biodiversidade e clima são fatores os quais a agricultura depende muito para se efetivar. Fará a seguir, a caracterização de cada um destes fatores enfocando a importância deles para a agricultura bem com suas vulnerabilidades em função da prática da mesma. 2.1 Solo O solo é um fator muito importante para o desenvolvimento da agricultura. “A planta precisa do solo para alimentar e fixar-se; nele, através de suas raízes, se prende e se alimenta” (GALETI, 1973, p. 69). Para que o solo seja um bom reservatório de alimentos, com bastante nutrientes e água, tem que ser além de profundo e rico, usado de forma racional objetivando alcançar o máximo rendimento de maneira permanente (op.cit., 1973). Mas, infelizmente, a situação rotineira em grande parte do território brasileiro é, apesar de já existir certo grau de conscientização a respeito da conservação dos solos por parte da população agricultora, a exaustão desenfreada dos mesmos por meio de técnicas de manejas degradantes que causa enormes prejuízos aos pequenos agricultores por não disporem de recursos técnicos e financeiros para recuperar as áreas degradadas. Quando se percorre o interior do Brasil, verifica-se com certa generalidade o problema da destruição de nossos solos. Esta destruição, ora é provocada por erosão, proveniente da falta ou a quase falta de medidas práticas de conservação de solos, ora ela se manifesta por queimadas indiscriminadas que já é destruição premeditada pelo homem, que, por falta de melhores esclarecimentos a realiza, pensando agir corretamente. A destruição de nossas terras também se processa ao longo dos anos de cultivo, às vezes de maneira quase sem se perceber. Isto se deve ao fato das culturas de modo geral, serem esgotantes em matéria orgânica (adubo orgânico), e o agricultor via de regra não a repõe no solo, anualmente, comodeveria ser o correto (SILVA, 1982, p. 475) O solo além de ser a base de sustentação do desenvolvimento e reprodução das culturas alimentícias consumidas pelo homem e pelo os animais é também o objeto de ocorrência da erosão que é o processo de desagregação, transporte e deposição do solo, principalmente pelas águas tanto pluviais quanto fluviais e pelo vento. 2.1.1 Manejo do solo na localidade São João Os solos da localidade e regiões próximas, assim como os solos predominantes no município de Cabeceiras do Piauí, Compreendem principalmente plintossolos álicos de textura média, fase complexo campo maior. Solos podzólicos vermelho-amarelos, plínticos e não plínticos com transições vegetais caatinga/cerrado caducifólio, floresta ciliar de carnaúba e caatinga de várzea e, secundariamente, solos arenosos essencialmente quartzosos, profundos, drenados, desprovidos de minerais primários, de baixa fertilidade, com transições vegetais, fase caatinga hiperxerófila e/ou cerrado sub-caducifólio/floresta sub-caducifólia e/ou carrasco (CPRM, 1973 apud AGUIAR, 2004, p. 3). E esta condição, faz com que o preparo do solo para o plantio das lavouras empreendido pelos agricultores locais seja degradante e a produção ineficiente para consumo dos mesmos durante a entressafra. Os agricultores presos a costumes fundamentados em conhecimentos empíricos utilizam-se de técnicas de manejos que resulta na baixa produtividade dos produtos cultivados e no enfraquecimento e desgaste do solo. A única inovação introduzida na agricultura local é a utilização de agrotóxicos, principalmente, os herbicidas usados no controle das ervas daninha. Mas, isto em vez de ser considerado um avanço, torna-se um grande problema porque o seu uso é feito de maneira descontrolada tanto nas quantidades aplicadas como no destino das embalagens vazias causando prejuízos para o meio ambiente. Para a introdução das lavouras, os agricultores fazem o roço, a derruba e depois a queima da mata, usando nestes processos foice e machado como instrumentos. Depois da colheita a área com o solo esgotado e totalmente exausto é abandonada e o processo é repetido em outra gleba de terra no ano seguinte. Sendo isso tudo, uma prática não compensatória para os agricultores e para a permanência das boas condições físicas, químicas e biológicas do solo, pois além de não representar alta produtividade, provoca a perda da fertilidade do último. Esta situação faz com que a agricultura de subsistência não seja capaz de garantir eficiência alimentar aos agricultores. Nem de permitir o seu desenvolvimento sem comprometer a sustentabilidade dos recursos naturais. Por ter sua efetivação encravada na primitividade proporciona apenas parte do que necessitam para sobreviver e coloca em risco o equilíbrio dos sistemas naturais. 2.2 Vegetação A cobertura vegetal é essencial tanto para a reposição de nutrientes na parte superficial do solo tornando-o propício para a prática da agricultura quanto para a sua proteção contra a erosão, já que, ela apara a chuva evitando o contato direto dos pingos d’água contra o mesmo. Mas, a destruição da vegetação que ocorre, principalmente no preparo do solo para a introdução da agricultura e por via das queimadas causa grandes desequilíbrios na natureza. Pois, Além de prejudicar a fertilidade do solo, as queimadas, destruindo facilmente grandes áreas de vegetação natural, trazem outras desvantagens, como a de retirar aos pássaros a possibilidade de construírem seus ninhos. E o desaparecimento dos pássaros acarreta o desaparecimento de um importante fator de extermínio de pragas de toda espécie (HOLANDA, 1995, p. 68). 2.3 Hidrografia A agricultura tem sua origem intimamente ligada à presença dos recursos hídricos. No passado, ela era praticada nas áreas drenadas pelos grandes vales fluviais. Uma vez por ano, ou mais, estes vales, transbordavam alagando extensas áreas de terras e nelas depositando toneladas de nutrientes tornando-as muito fértil. E era neste solo que, sem outro adubo além da terra aluvial, se produzia ricas colheitas. A retirada da vegetação que é uma das técnicas utilizadas no preparo do solo para a prática da agricultura pode causar danos incalculáveis para a hidrografia próxima ao local de ocorrência deste evento. Segundo Adam (2001) a devastação das matas ciliares e da vegetação nativa, além de contribuir para a contaminação da água, contribui também para o assoreamento do leito dos rios e bacias hidrográficas. 2.4 Biodiversidade A importância da biodiversidade para a agricultura recai no papel que as plantas, os animais, os microorganismos e os ecossistemas desempenham na natureza em processos evolutivos. As inter-relações existentes entre ambos cria as condições para que o homem possa cultivar suas culturas. No ecossistema os animais e os vegetais são uma grande cadeia e interligados entre si por peças que quando danificadas precisam ser substituídos por outras novas para a permanência desta relação. O ecossistema é um sistema funcional, delimitado arbitrariamente, onde se dão relações complementares entre os organismos vivos e seu ambiente. É constituído de organismos vivos, que interagem no ambiente de fatores bióticos, e de componentes físicos e químicos não-vivos do ambiente como solo, luz, umidade, temperatura, etc; que constituem os fatores abióticos. As relações entre ambos formam a estrutura do sistema, e os processos dinâmicos de que participam constituem a função do sistema (AQUINO; ASSIS, 2005, p. 55). A prática da agricultura por meio de ações irracionais tem causado grandes impactos nos biomas brasileiros. Pois além da utilização de técnicas de agricultagem arcaicas, os praticantes desta atividade incluem a premissa de que os recursos naturais são inesgotáveis e que, portanto nunca vão acabar. O ecossistema em seu estado natural tem uma grande capacidade de auto-regulação que se mantêm em contínuo e perfeito funcionamento, conservando o fluxo normal de energia e matéria, independentemente das variações ambientais (ADAM, 2001). Mas, o avanço tecnológico responsável pela modernização da produção tem resultado na aceleração da destruição do relacionamento entre as partes que compõem o universo natural. 2.5 Clima O clima é um dos fatores que mais interfere no processo prático da agricultura. Ele tem grande influência sobre as plantas através de seus elementos. “Dentre eles, para efeito de agricultura, pode-se destacar: temperatura, umidade (precipitação) e luminosidade” (GALETI, 1973, p. 274). Esses elementos exercem essa ampla influência nesta atividade porque as suas alterações podem alterar a produtividade e o manejo das culturas por influírem de maneira decisiva na vida vegetal. A falta ou a irregularidade de um deles causa enormes desequilíbrios nos rendimentos esperados das lavouras cultivadas. Para um melhor rendimento na atividade agrícola e ao mesmo tempo amenizar os impactos causados pela sua realização, é preciso que o homem se adapte e respeite as peculiaridades e imposições do clima. Na localidade do estudo, assim como no município de Cabeceiras como todo, As condições climáticas apresentam temperaturas mínimas de 22 0C e máximas de 35 0C, com clima quente tropical. A precipitação pluviométrica média anual é definida no Regime Equatorial Marítimo, com isoietas anuais entre 800 a 1.600 mm, cerca de 5 a 6 meses como os mais chuvosos, e período restante do ano de estação seca. Os meses de fevereiro, março e abril correspondem ao trimestre mais úmido da região (IBGE; CEPRO, 1998 apud AGUIAR, 2004,p. 3). Sendo dessa forma um empecilho a uma maior produtividade das lavouras cultivadas na mesma. 3 METODOLOGIA A metodologia contemplada percorreu as seguintes etapas: no primeiro momento foi realizado o levantamento bibliográfico a partir da literatura sobre o tema proposto. No segundo momento foi elaborado um roteiro de observação da área de estudo, de acordo com os objetivos da pesquisa. Utilizou-se também do registro visual por entre o levantamento fotográfico que serviu para mostrar detalhes sobre o local da realização da mesma. Logo após, realizou-se a pesquisa de campo. Optou-se por uma pesquisa exploratória e descritiva através do método dedutivo em que se buscou conhecer a produção, comercialização e consumo dos produtos cultivados na agricultura de subsistência na localidade São João, município de Cabeceiras do Piauí. A pesquisa caracterizou-se como quanti-qualitativa, onde foi utilizada dentro do universo de agricultores da localidade uma amostragem de 20(vinte) indivíduos que corresponde a aproximadamente 40,82% da população residente na mesma. A investigação ocorreu através de entrevistas aos agricultores. Elas contavam com perguntas fechadas e abertas, como forma de obtenção dos dados e foram feitas individualmente a cada um deles. Como complemento houve o acompanhamento por meio do contato direto com o plantio e a colheita dessas culturas com uma das famílias residentes na localidade, na safra 2010/2011. Além da visita ao escritório do IBGE regional para maiores informações a respeito da área pesquisada. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante os trabalhos de campo realizados na localidade São João, encontrou-se uma prática agrícola ainda centrada em técnicas de produção arcaicas que a cada safra, além de não fornecer a quantidade de alimentos suficientes à alimentação dos agricultores com suas famílias, provocam degradações ambientais. As informações obtidas, bem como, a análise dos dados, a formulação de algumas considerações a seguir. Quadro 01: Técnicas utilizadas no preparo do solo TÉCNICAS Nº. AGRICULTORES PORCENTAGEM Técnicas rudimentares 18 90% Aragem 02 10% TOTAL 20 100% Fonte: Pesquisa direta, 2011. Gráfico 01: Técnicas utilizadas no preparo do solo Fonte: Pesquisa direta, 2011. Diante dos dados apresentados no quadro e gráfico acima, confirmou-se a hipótese de que a utilização de técnicas rudimentares é um dos fatores que contribui para o baixo índice de produtividade na atividade agrícola da localidade, pois, 90% de seus agricultores utilizam técnicas rudimentares como o roço, a derruba e a queima e instrumentos como a foice e o machado no preparo do solo para o cultivo de suas lavouras. Quadro 02: Se a produção é suficiente para a alimentação durante o período compreendido entre uma safra e outra PRODUÇÃO Nº AGRICULTORES PORCENTAGEM Não é suficiente 17 85% É suficiente 03 15% TOTAL 20 100% Fonte: Pesquisa direta, 2011 Gráfico 02: Se a produção é suficiente para a alimentação durante o período compreendido entre uma safra e outra Fonte: Pesquisa direta, 2011. Indagados se a produção é suficiente para a alimentação deles com suas famílias durante o período compreendido entre uma safra e outra, 85% responderam que não é suficiente e logo que 15% disseram ser suficiente. Com estes dados notou-se que a agricultura praticada pelos moradores da localidade pesquisada não tem significado meio de sobrevivência eficiente para os mesmos. A produção conseguida durante a colheita é na grande maioria insuficiente para alimentá-los na entressafra. Neste contexto, fica evidente que não é compensatório a prática da agricultura de subsistência, na mesma, da forma atrasada como ainda é conduzida. Quadro 03: Utilização de agrotóxicos UTILIZAÇÃO Nº AGRICULTORES PORCENTAGEM Utiliza 11 55% Não utiliza 09 45% TOTAL 20 100% Fonte: Pesquisa direta, 2011. Gráfico 03: Utilização de agrotóxicos Fonte: Pesquisa direta, 2011. Quando questionados se utilizam agrotóxicos, 55% falaram que sim e 45% disseram que não usam. Observou-se diante deste resultado, que a maioria dos agricultores da localidade introduziu o uso de agrotóxicos como método de manejo em sua prática. Gráfico 04: Os agrotóxicos utilizados Fonte: Pesquisa direta, 2011. Pesquisa feita com 11 agricultores que corresponde aos 55% que utilizam agrotóxicos. Dentre estes 90,90% utilizam o Roundup, 81,80% o Gramoxone 200 e 18,20% outros. Conforme os dados acima apresentados, notou-se que tanto o Gramoxone 200, quanto o Roundup são amplamente utilizados na localidade pelos adeptos dos herbicidas. O que é muito prejudicial para o futuro da atividade agrícola nesta. Pois o primeiro é de classe toxicológica I, sendo extremamente perigoso ao meio ambiente e o segundo de classe toxicológica III, o que significa ser medianamente perigoso ao mesmo. O uso descontrolado destes pode causar à contaminação, de animais, vegetação, e das áreas de mananciais. Isso compromete a fertilidade do solo e por isso corre o risco de se tornar pouco produtivo para a agricultura local. Quadro 05: A finalidade do uso de agrotóxicos FINALIDADE Nº AGRICULTORES PORCENTAGEM Controle de ervas daninha 08 72,70% Controle de pragas 01 9,10% Controle de ervas daninhas e de pragas 02 18,20% TOTAL 11 100% Fonte: Pesquisa direta, 2011. Gráfico 05: A finalidade do uso de agrotóxicos Fonte: Pesquisa direta, 2011. De acordo com os dados apresentados no quadro e gráfico acima, constatou-se que para os 90,90% dos 11 agricultores que utilizam agrotóxicos, a eliminação das ervas daninhas por meio da capina foi substituída pelo uso de herbicidas. 5 PROPOSTAS PARA UMA PRÁTICA AGRÍCOLA MAIS EFICIENTE NA LOCALIDADE SÃO JOÃO Diante da realidade encontrada na localidade São João por ocasião deste estudo, onde a prática da agricultura de subsistência ainda é realizada de forma atrasada com a utilização de técnicas arcaicas e instrumentos rudimentares causando eventos degradantes na natureza, é oportuno sugerir técnicas de manejos que melhore as práticas da agricultura de subsistência na localidade, tais como rotações de culturas e plantio direto, caracterizadas a seguir. Porque o futuro desta atividade depende de práticas mais conscientes. É preciso que os agricultores locais repensem melhor os seus hábitos agrícolas no sentido de produzir mais conservando os agroecossistemas para garantir as condições que a mesma precisa, por muitas décadas. 5.1 Rotações de culturas Prática que consiste na alternância de culturas no mesmo terreno por várias safras. É conhecida desde a antiguidade, e usada por agricultores de quase todas as partes do mundo. É uma prática simples, que não acarreta outros gastos senão os comuns, trazendo grandes benefícios ao agricultor e sua terra. Os quais são: controle de doenças e pragas, pois quando se faz a rotação plantando uma cultura diferente daquela que esteve na gleba, as pragas e doenças desaparecem, porque não encontram as plantas sobre as quais se desenvolveram; controle de ervas daninhas, pelo fato de que quando se altera o tipo de cultivo ou tipo de exploração, é possível extinguir determinadas ervas; melhor aproveitamento das riquezas minerais do solo porque cada planta tem exigência particular em nutrientes e melhor aproveitamento do solo em suas várias profundidades, já que as plantas também tem sistemas radiculares diferentes (GALETI, 1973). 5.2 Plantio diretoPlantio feito diretamente em solo que contêm os restos das culturas cultivadas anteriormente. E consiste em uma prática bastante lucrativa tanto para os agricultores quanto para a natureza. A devolução dos nutrientes retirados do solo pelas lavouras antes cultivadas é uma das vantagens, já que depois de mortas e mantidas no solo elas constituem matéria orgânica para o mesmo. Nas propriedades que adotam o plantio direto, a manutenção da cobertura morta contribui para a conservação da estrutura dos solos, reduzindo a erosão em até 90% e ampliando os níveis de fertilidade, devido ao maior acúmulo de matéria orgânica e de certos nutrientes (SHIKI, 1984 apud BEZERRA; VEIGA, 2000, p. 78). Mas, além das vantagens agronômicas, há também as econômicas. Com este sistema há uma maior produtividade e redução de custos no manejo do solo, significando menos gastos e mais rentabilidade econômica na produção de alimentos agrícolas para os pequenos produtores. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa realizada na localidade São João mostrou que a agricultura de subsistência tem importância inestimável para os agricultores nela residentes. Além de ser um hábito pertencente aos seus modos de vida. Entretanto, essa forma de agricultura não tem significado um meio de sobrevivência eficiente por que a produção é pequena chegando a ser, na maioria dos casos, insuficiente para a alimentação dos mesmos na entressafra. O uso de técnicas arcaicas e a utilização de instrumentos rudimentares é a principal causa da baixa produtividade e consequentemente dessa insuficiência. Os relatos dos agricultores entrevistados deixaram bastante evidentes que o processo produtivo empreendido atualmente nunca foi significativo em termos de boas colheitas. Constatou-se que a única novidade introduzida no modo de produzir deles é o uso de herbicidas no controle das ervas daninhas e em algumas vezes a utilização de inseticidas, principalmente, no combate aos insetos invasores, na cultura do feijão. Porém, esta é uma situação que pode ser revertida. A partir do momento em que os agricultores começarem a pensar um plano de desenvolvimento local partindo da inovação tecnológica, recebendo o apoio financeiro e técnico dos órgãos públicos voltados para a agricultura, e utilizando-se de técnicas de manejos e práticas conservacionistas como rotações de culturas, adubação orgânica, plantio direto, uso de biofertilizantes, dentre outras, será possível tornar a agricultura de subsistência em uma atividade que possibilitará uma melhor gestão dos recursos naturais. Espera-se com este estudo, estimular os agricultores a se engajarem mais na busca de uma prática que não perca de vista os aspectos ambientais que envolvem a mesma. E que sirva também, como fonte de informações para o município de Cabeceiras do Piauí, comunidade do estudo, acadêmicos e para os futuros pesquisadores do tema. ENVIRONMENTAL ANALYSIS OF SUBSISTENCE AGRICULTURE: SAINT JOHN, HEADENDS PIAUI ABSTRACT: This study was conducted in the locality Saint John, city of Headwaters of Piauí. Data were obtained from field research with application of interviews to 20 farmers of the locality, covering aspects such as techniques used in soil preparation, use of pesticides, the purpose of the use of pesticides among others, in order to analyze the environmental aspects of subsistence farming in the same, using the deductive method and probabilistic obtaining the data and in accordance with the research objectives. The results showed that the practice of subsistence agriculture in delayed fashion as is still done with the use of archaic techniques and rudimentary tools can cause degrading events in nature, compromising the future development of this activity. In this context, the aim of this study was to encourage farmers to engage more in search of a practice that does not lose sight of the environmental aspects that involve the same. In addition to causing reflective discussions about this custom in the locality of the study for the benefit of all. KEYWORDS: Agriculture. Techniques. Degradations. 7 REFERÊNCIAS ADAM, R. S. Princípios do ecoedifício: interação entre ecologia, consciência e edifício. São Paulo: Aquariano, 2001. AGUIAR, R. B. de. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea. Estado do Piauí: diagnóstico do município de Cabeceiras do Piauí /Organização do texto [por] Robério Bôto de Aguiar [e] José Roberto de Carvalho Gomes. ¾ Fortaleza: CPRM - Serviço Geológico do Brasil, 2004. AQUINO, A. M. de. e ASSIS, R. L. de. Agroecologia: princípios e técnicas para uma agricultura sustentável. Brasília, DF: Embrapa Informações Tecnológica, 2005. BEZERRA, M. do C. L. e VEIGA, J. E. da. (Coord.). Agricultura sustentável. – Brasília: MMA, 2000. GALETI, P. A. Conservação do solo; Reflorestamento; Clima. São Paulo: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 2.ed., 1973. HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 26. ed., 1995. SILVA, O. Manual prático e técnico de agricultura. São Paulo: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 2ª ed., 1982.
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