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www.acasadoconcurseiro.com.br 449
História 
INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA (1645 – 1654) 
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e4/33475.jpg/250px-33475.jpg
Nove anos após a expulsão dos franceses, o território colonial brasileiro sofreu uma invasão 
holandesa, em 1624. Os motivos que traziam os holandeses ao Brasil eram muito diferentes. 
Para compreendê-los, é necessário fazer algumas considerações sobre o período em que 
Portugal (União Ibérica) esteve sob o domínio espanhol, bem como sobre as relações 
internacionais da Espanha.
Após ter emergido como potência europeia, a Espanha perseguiu o objetivo de unificar toda a 
península ibérica, incorporando Portugal ao seu território. Os portugueses resistiram enquanto 
puderam. Mas, no século 16, alguns acontecimentos contribuíram para a Espanha concretizar 
seus objetivos.
Em 1578, o rei dom Sebastião, último monarca da dinastia de Avis, morreu e não deixou 
herdeiros. Então, o cardeal dom Henrique, único sobrevivente masculino da linhagem de Avis, 
assumiu a regência. Com sua morte, em 1580, o rei da Espanha, Felipe 2º; da mesma linhagem 
familiar, achou-se no direito de ocupar o trono português e invadiu Portugal. O domínio 
espanhol sobre Portugal duraria 60 anos, até 1640.
Contudo, antes disso, Portugal já havia estabelecido relações comerciais com os ricos 
negociantes holandeses, que passaram a financiar a produção açucareira no Brasil e a controlar 
toda a sua comercialização no mercado europeu. Por outro lado, no mesmo período, a Espanha 
pretendia dominar todo o território dos Países Baixos, na qual a Holanda estava situada, pois 
a circulação de mercadorias naquela região contribuía significativamente para abastecer os 
cofres do tesouro espanhol.
 
www.acasadoconcurseiro.com.br450
Não obstante, em 1581, sete províncias do Norte dos Países Baixos, incluindo a Holanda, 
criaram a República das Províncias Unidas e passaram a lutar por sua autonomia em relação aos 
espanhóis. Ao incorporar Portugal, aproveitando-se do seu controle sobre o Brasil, a Espanha 
planejou impedir que os holandeses continuassem a comercializar o açúcar brasileiro. Era uma 
tentativa de sufocar economicamente a Holanda e impedir sua independência.
Os holandeses reagiram rapidamente, concentrando seus esforços no controle das fontes dos 
produtos que negociavam. Surgiu assim, em 1602, a Companhia das Índias Orientais. Essa 
empresa, de porte enorme, se apossou dos domínios coloniais portugueses no Oriente. Em 
decorrência dos êxitos desse empreendimento, os holandeses criaram, em 1621, a Companhia 
das Índias Ocidentais. Esta ficou encarregada de recuperar o controle do açúcar brasileiro e 
monopolizar o seu comércio nos mercados europeus.
Para controlar a produção e comercialização do açúcar era necessário ocupar e se apoderar de 
partes do território colonial brasileiro onde ele era produzido. Desse modo, contando com uma 
frota composta de 26 navios e 500 canhões, os holandeses iniciaram sua primeira invasão do 
Brasil em 1624. Atacaram a cidade de Salvador, na época o centro administrativo da colônia. 
Mas, um ano após terem chegado, foram expulsos, sem grandes dificuldades.
http://1.bp.blogspot.com/_FN93sP351Q8/TTlgy4E0EzI/AAAAAAAAAKc/5bZaigRrNu0/s1600/invhol.jpg
A segunda invasão holandesa ocorreu em Pernambuco, ("Zuickerland" = terra do açúcar) em 
1630, sob o comando de Hendrick Coenelizoon Lonck; o desembarque ocorreu em Pau Amarelo.
A resistência foi organizada por Matias de Albuquerque, governador de Pernambuco, que 
fundou o Arraial do Bom Jesus. Em 1631 ocorreu a batalha dos Abrolhos entre a esquadra de D. 
Antônio de Oquendo (espanhola) e a esquadra do Almirante holandês Jansen Pater. Em 1632 
ocorreu a deserção de Domingos Fernandes Calabar, contribuindo decisivamente para que os 
holandeses se fixassem no Nordeste.
História – Insurreição Pernambucana – Prof. Cássio Albernaz
www.acasadoconcurseiro.com.br 451
Os holandeses ocuparam novos territórios (Itamaracá, Rio Grande do Norte, Paraíba) e tomaram 
o Arraial do Bom Jesus. Em Porto Calvo, Calabar foi preso e enforcado. Matias de Albuquerque 
foi substituído por D. Luís de Rojas e Borba, que depois morreu no combate de Mata Redonda 
frente aos holandeses; seu substituto foi o Conde Bagnoli.
http://www.coladaweb.com/wp-content/uploads/invasoes-holandesas.jpg
Para governar o "Brasil Holandês", foi nomeado o Conde Maurício de Nassau, que além de 
estender o domínio holandês (do Maranhão até Sergipe, no rio São Francisco) realizou uma 
excelente administração:
 • fez uma política de aproximação com os senhores-de-engenho;
 • incrementou a produção açucareira;
 • concedeu tolerância religiosa;
 • trouxe artistas e cientistas como Franz Post (pintor) Jorge Markgraf (botânico), Pieter Post 
(arquiteto), nomes ligados ao movimento renascentista flamengo;
 • promoveu o embelezamento da cidade de Recife, onde surgiu a "Mauricéia", na ilha de 
Antônio Vaz.
https://www.algosobre.com.br/images/stories/historia/governo_holandes_brasil_03.gif
 
www.acasadoconcurseiro.com.br452
A Insurreição Pernambucana (ou Guerra da Luz Divina) representou uma ação de confronto 
com os holandeses por parte dos portugueses, comandados principalmente por João Fernandes 
Vieira, um próspero senhor de engenho de Pernambuco. Em 15 de maio de 1645, reunidos no 
Engenho de São João, 18 líderes insurretos pernambucanos assinaram compromisso para lutar 
contra o domínio holandês na capitania. O movimento integrou forças lideradas por André Vidal 
de Negreiros, João Fernandes Vieira, Henrique Dias e Felipe Camarão, nas célebres Batalhas 
dos Guararapes, travadas entre 1648 e 1649, que determinaram a expulsão dos holandeses do 
Brasil. Nessa luta contra os holandeses, os portugueses contaram com o importante auxílio de 
alguns africanos libertos e também de índios potiguares.
Batalha dos Guararapes (óleo sobre tela por Victor Meirelles, 1879).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Insurrei%C3%A7%C3%A3o_Pernambucana#/media/File:Victor_Meirelles_-
_%27Battle_of_Guararapes%27,_1879,_oil_on_canvas,_Museu_Nacional_de_Belas_Artes,_Rio_de_Janeiro_2.jpg
A oposição dos portugueses aos holandeses ocorreu em decorrência da intensificação da co-
brança de impostos e também da cobrança dos empréstimos realizados pelos senhores de en-
genho de origem portuguesa com os banqueiros holandeses e com a Companhia das Índias 
Ocidentais, empresa que administrava as possessões holandesas fora da Europa.
Outro fato que acirrou a rivalidade entre portugueses e holandeses foi a questão religiosa. Boa 
parte dos holandeses que estava na região de Recife e Olinda era formada por judeus ou pro-
testantes. Nesse contexto religioso que trazia as consequências da Reforma e da Contrarrefor-
ma para solo americano, o catolicismo professado pelos portugueses era mais um elemento de 
estímulo para expulsar os holandeses do local.
Os conflitos iniciaram-se em maio de 1645, após o regresso de Maurício de Nassau à Holanda. 
As tropas comandadas por João Fernandes Vieira receberam o apoio de Antônio Felipe Ca-
marão, índio potiguar conhecido como Poti que auxiliou no combate aos holandeses junto a 
centenas de índios sob seu comando. Outro auxílio recebido veio do africano liberto Henrique 
Dias. A Batalha do Monte Tabocas foi o principal enfrentamento ocorrido nesse início da In-
surreição. Os portugueses conseguiram infligir uma retumbante derrota aos holandeses, ga-
rantindo uma elevação da moral para a continuidade dos conflitos. Além disso, os insurrectos 
receberam apoio de tropas vindas principalmente da Bahia.
Outro componente envolvido na Insurreição Pernambucana estava ligado às disputas que havia 
entre vários países europeus à época. Durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), os espa-
nhóis estavam em confronto com os holandeses pelos territórios dos Países Baixos. Era ainda o 
períododa União Ibérica, em que o Reino Português estava subjugado ao Reino Espanhol.
História – Insurreição Pernambucana – Prof. Cássio Albernaz
www.acasadoconcurseiro.com.br 453
Nesse sentido, a posição holandesa em relação a Portugal era dúbia. Em solo europeu, os holan-
deses apoiavam os portugueses contra o domínio espanhol, mas, ao mesmo tempo, ocupavam 
territórios portugueses na África Ocidental e no Brasil, sendo que além da região pernambucana, 
os holandeses tentaram ainda conquistar algumas localidades no Maranhão e em Sergipe.
http://www.abim.inf.br/wp-content/uploads/2014/11/PRC_RJ_Museu-Nacional-25c.jpg
No início de 1648, Holanda e Espanha selaram a paz, e os espanhóis aceitaram entregar aos 
holandeses as terras tomadas pelos insurrectos portugueses em Pernambuco. Frente a tal situ-
ação, o conflito continuou. Em Abril de 1648, ocorreu a primeira Batalha dos Guararapes, em 
que os holandeses sofreram dura derrota, abrindo caminho para o ressurgimento do domínio 
português a partir de 1654.
A derrota da Holanda somente aconteceu no ano de 1654, quando despertavam-se os sentimentos 
nativistas. Entre as principais consequências dessa insurreição, temos a colonização das Antilhas, 
que fizeram com que a Holanda aumentasse sua produção de açúcar com técnicas mais avançadas 
que geraram uma decadência na produção desse produto no nordeste do Brasil. Além disso, houve 
ainda o acordo conhecido como Tratado de Paz de Haia, firmado no ano de 1661 entre Portugal e 
Holanda. Com esse acordo, ficou determinado que os holandeses receberiam uma indenização de 4 
milhões de cruzados e as Ilhas Molucas e do Ceilão como uma forma de indenização.
www.acasadoconcurseiro.com.br 455
História 
PERNAMBUCO NO CONTEXTO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
A Província de Pernambuco no I e II Reinado 
https://sites.google.com/site/historia1958/_/rsrc/1374109396514/o-processo-de-independencia-do-brasil/
os%20revolucion%C3%A1rios%20de%201817.jpg
No início do século XIX, uma grande mudança política aconteceu no Brasil: a transferência da 
família real portuguesa para o Rio de Janeiro, em função da ocupação francesa de Portugal. Isso 
provocou uma grande alteração no status da colônia (primeira e única vez na história em que a 
sede da metrópole transfere-se para a colônia), além de mudanças econômicas e sociais. 
 A chamada Revolução Pernambucana, também conhecida como Revolução dos Padres, foi 
um movimento emancipacionista que eclodiu em 6 de março de 1817, na então Capitania de 
Pernambuco, no Brasil. Dentre as suas causas, destacam-se a influência das ideias Iluministas 
propagadas pelas sociedades maçônicas (sociedades secretas), a crise econômica regional, 
o absolutismo monárquico português e os enormes gastos da Família Real e seu séquito 
recém-chegados ao Brasil — o Governo de Pernambuco era obrigado a enviar para o Rio de 
Janeiro grandes somas de dinheiro para custear salários, comidas, roupas e festas da Corte, o 
que ocasionava o atraso no pagamento dos soldados, gerando grande descontentamento do 
povo brasileiro. Foi o único movimento separatista do período colonial que ultrapassou a fase 
conspiratória e atingiu o processo revolucionário de tomada do poder.
 
www.acasadoconcurseiro.com.br456
http://api.ning.com/files/pfBy7r02IeSsFr-HOVt5Vevwg-ew*Q5KF01K1WaxbLmcKL2wgEi*K9-
UPRgrKlFYlBHy3W9Z8IjcInaOwLBMC-04vxNVnhu1/PERN.jpg
No começo do século XIX, Olinda e Recife, as duas maiores cidades pernambucanas, tinham 
juntas cerca de 40 mil habitantes (o Rio de Janeiro, capital da colônia, possuía 60 mil habitantes). 
O porto do Recife escoava a produção de açúcar, das centenas de engenhos da Zona da Mata, 
e de algodão. Além de sua importância econômica e política, os pernambucanos tinham 
participado de diversas lutas libertárias (Insurreição Pernambucana e Guerra dos Mascates).
As ideias liberais que entravam no Brasil junto com os viajantes estrangeiros e por meio de 
livros e de outras publicações, incentivavam o sentimento de revolta entre a elite pernambu-
cana, que participava ativamente, desde o fim do século XVIII, de sociedades secretas, como as 
lojas maçônicas. Em Pernambuco as principais foram o Areópago de Itambé, a Patriotismo, a 
Restauração, a Pernambuco do Oriente e a Pernambuco do Ocidente, que serviam como locais 
de discussão e difusão das "infames ideias francesas". Nas sociedades secretas, reuniam-se in-
telectuais religiosos e militares, para elaborar planos para a revolução.
A fundação do Seminário de Olinda, filiado a ideias iluministas, deve ser levado em conside-
ração. Não é por outro motivo que o levante ficaria conhecido como "revolução dos padres", 
dada a participação do clero católico. Frei Caneca tornar-se-ia um símbolo disso.
Dentre as causas imediatas, podemos destacar a presença maciça de portugueses na liderança 
do governo e na administração pública; a criação de novos impostos por Dom João VI pro-
vocando a insatisfação da população pernambucana. Segundo escritor inglês então residente 
no Recife, era grande a insatisfação local ante a obrigatoriedade de se pagar impostos para a 
manutenção da iluminação pública do Rio de Janeiro, enquanto no Recife era praticamente 
inexistente a dita iluminação; a grande seca que havia atingido a região em 1816 acentuando a 
fome e a miséria, como consequência, houve uma queda na produção do açúcar e do algodão, 
História – Pernambuco no Contexto da Independência do Brasil – Prof. Cássio Albernaz
www.acasadoconcurseiro.com.br 457
que sustentavam a economia de Pernambuco, esses produtos começaram a sofrer concorrên-
cia do algodão nos Estados Unidos e do açúcar na Jamaica; as influências externas com a divul-
gação das ideias liberais e iluministas, que estimularam as camadas populares de Pernambuco 
na organização do movimento de 1817; a crescente pressão dos abolicionistas na Europa vinha 
criando restrições gradativas ao tráfico de escravos, que se tornavam mão de obra cada vez 
mais cara, já que a escravidão era o motor de toda a economia agrária pernambucana. O movi-
mento queria a Independência de Pernambuco sob um regime republicano.
O movimento foi liderado por Domingos José Martins, com o apoio de Antônio Carlos de An-
drada e Silva e de Frei Caneca. Tendo conseguido dominar o Governo Provincial, se apossaram 
do tesouro da província, instalaram um governo provisório e proclamaram a República. Mas as 
tentativas de obter apoio das províncias vizinhas fracassaram.
Tropas enviadas da Bahia, chefiadas por Luís do Rego Barreto, avançaram pelo sertão pernam-
bucano, enquanto uma força naval, despachada do Rio de Janeiro, bloqueou o porto do Recife. 
Em poucos dias 8000 homens cercavam a província. No interior, a batalha decisiva foi travada 
na localidade de Ipojuca. Derrotados, os revolucionários tiveram de recuar em direção ao Reci-
fe. Em 19 de maio as tropas portuguesas entraram no Recife e encontraram a cidade abando-
nada e sem defesa. O governo provisório, isolado, se rendeu no dia seguinte. 
http://brasilescola.uol.com.br/upload/e/Rev%20Pernambucana%20-%20BRASIL%20ESCOLA.jpg
Dominada a revolução, foi desmembrada de Pernambuco, com sanção de João VI de Portugal, a 
comarca de Alagoas, cujos proprietários rurais haviam se mantido fiéis à Coroa, e como recom-
pensa, puderam formar uma província independente. Apesar de sentenças severas, um ano 
depois todos os revoltosos foram anistiados, e apenas quatro haviam sido executados. 
http://2.bp.blogspot.com/-8VhUjGPkcWE/VBb_xtmHOhI/AAAAAAAABt4/kJR_eiJTwnA/s1600/digitalizar0003%2B-%2BCopia%2B(2).jpg
 
www.acasadoconcurseiro.com.br458
Em 1818, D. João é proclamado rei (passa a ser D. João VI), em decorrência da morte de sua 
mãe. Porém o rei permanece no Brasil, deixando o comando de Portugal nas mãos de um general 
inglês, responsável pela expulsão dos franceses. Essa submissão revolta os portugueses, que em 
1820rebelam-se (Revolução do Porto). As lideranças do movimento constituem um governo 
provisório e convocam as Cortes, para votar uma Constituição e criar a monarquia constitucional. 
Diante de tais acontecimentos, D. João VI é obrigado a voltar para Portugal (em 1821).
O rei deixa seu filho, D. Pedro, como príncipe regente. Porém, as Cortes de Lisboa pretendiam 
“recolonizar” O Brasil, por ser a única colônia que ainda gerava lucros. Por isso, passaram a 
restringir a autonomia administrativa e os poderes de D. Pedro, além de exigirem o retorno do 
príncipe a Portugal.
http://osheroisdobrasil.com.br/wp-content/uploads/2013/02/revolucaoporto-584x486.jpg
Muitos latifundiários e comerciantes brasileiros sentem-se prejudicados, e passam a apoiar a 
desobediência de D. Pedro. Surge o Partido Brasileiro, que tem dentre seus membros, Cipria-
no Barata, grande nome envolvido na Insurreição Pernambucana. Um documento elaborado 
pelo partido reúne mais de 8 mil assinaturas pedindo a permanência de D. Pedro, que gerou o 
famoso dia do fico (9 de janeiro de 1822) e a determinação de que ordens vindas de Portugal só 
seriam acatadas mediante sua autorização.
Na sequencia, uma série de medidas adotadas por D. Pedro desagradaram a metrópole e pre-
pararam o caminho para a Independência (convocação de uma Assembleia Constituinte, or-
ganização de uma Marinha de Guerra, além de obrigar as tropas portuguesas a irem embora). 
Em 7 de setembro há o famoso Grito do Ipiranga e em 22 de dezembro do mesmo ano, ele é 
declarado Imperador.
Durante o processo de independência, em Pernambuco, duas alianças se formavam e disputa-
vam o poder: centralistas e federalistas. Da disputa pelo poder, resultou a vitória daquela que 
viria a ser liderada pelos irmãos Cavalcanti de Albuquerque (centralistas), cuja influência foi tal 
que, na década de 1840, dizia-se que a província se tornara um feudo daquela família, resultan-
do daí o citadíssimo soneto, cantarolado na época da Praieira (1848): "Quem viver em Pernam-
buco, há de estar desenganado; ou há de ser Cavalcanti, ou há de ser cavalgado".
História – Pernambuco no Contexto da Independência do Brasil – Prof. Cássio Albernaz
www.acasadoconcurseiro.com.br 459
http://www.rhbn.com.br/uploads/docs/images/images/4%20imagem%20%20imagem%20icon395098_297.jpg
O processo de maturação e disputa das alianças políticas em Pernambuco teve paralelos em 
várias outras províncias, onde não era certa a continuação da obediência ao Rio de Janeiro, 
de onde vinham as ordens desde 1808. O federalismo era uma bandeira extremamente 
atraente para vários setores das elites locais, que ficaram encantadas com a autorização das 
cortes revolucionárias em Portugal para que elegessem suas próprias juntas governativas. Esse 
arremedo de governo local, com o pleno controle das rendas internas das ex-capitanias, era 
parte da agenda dos liberais "moderados" federalistas. 
A revolução do Porto desatou os elos entre as partes constituintes do reino. Em cada uma das 
províncias havia disputas locais para a formação das juntas governativas. Mas a autonomia fôra 
concedida pelas cortes reunidas em Portugal. Assim, a liderança carioca passou a ser vista com 
extrema desconfiança nas antigas capitanias.
A adesão de Pernambuco ao Rio de Janeiro, sob um regime monárquico autoritário, foi 
conseguida através de um golpe de Estado, urdido com o aval dos Andrada e apoio das tropas 
do exército. Ali o desejo por maior autonomia, e até separação, já era antigo entre muitos 
letrados e liberais mais "exaltados". Mas isso não significava aderir ao Rio de Janeiro. Muito 
pelo contrário. Veio de lá a repressão a 1817, quando as tropas fiéis à Sua Majestade fidelíssima 
chegaram ao cúmulo de executar até padres. Vista sob este prisma, a Confederação do Equador 
pode ser entendida como uma radicalização tardia de uma proposta federalista moderada, 
cujos defensores estiveram no poder em Pernambuco quando governou a província a primeira 
junta de governo entre 1821 e 1822, eleita de acordo com as provisões exaradas pelas cortes 
constitucionais do Porto.
Mesmo admitindo-se que a maioria das elites locais era favorável à separação de Portugal 
(uma proposta no mínimo discutível), não há porque pensar que a alternativa preferida fosse a 
constituição de um novo país tendo Pedro como Imperador. Havia um verdadeiro descompasso 
entre a posição do Rio e de algumas capitanias mais antigas, como Pernambuco, Paraíba, 
Alagoas, Sergipe, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, Pará.
O resultado prático mais imediato da revolução do Porto foi a demissão dos governadores 
provinciais, nomeados pelo rei, e a formação de Juntas Provisórias de governo, eleitas pelas 
Câmaras. As províncias ganharam mais autonomia do que tinham antes, ou mesmo do que 
viriam a ter durante o resto do período imperial. O governo local foi de fato exercido durante 
este curto período, entre 1821 e 1822. Não é difícil compreender, portanto, porque houve 
gente que preferia a manutenção dessa situação à aventura da independência a qualquer 
custo, muito menos a reboque da nova corte que se constituía em torno do príncipe regente.
 
www.acasadoconcurseiro.com.br460
O último governador régio de Pernambuco foi o General Luís do Rego. Provado nos campos de 
batalha contra Napoleão, era um homem talhado para segurar as rédeas de uma província saída 
de uma revolta das dimensões de 1817. Como seria de se esperar de um militar experiente, 
acompanhou com desconfiança e cautela o desenrolar dos acontecimentos em Portugal e no 
Rio. Os liberais só entraram num clima de euforia a partir do dia 06 de maio de 1821, quando 
desembarcaram, anistiados, os rebeldes que haviam sido presos em 1817. A maioria deles, 
todavia, preferiu se instalar na vila de Goiana, perto da fronteira com a Paraíba, do que ficar 
bem vigiada pelo General no eixo Recife-Olinda. A constituição portuguesa foi jurada no Rio de 
Janeiro no dia 21 de abril. Mas Luís do Rego só fez o mesmo em Pernambuco no dia 11 de julho.
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/imagens/f6027.jpg
Era grande a pressão sofrida pelo governador. As cortes o viam como um representante do 
Ancién Regime, embora se entendesse a situação peculiar de Pernambuco que precisava de um 
laço forte, haja vista o que acontecera quatro anos antes. A aristocracia agrária pernambucana, 
por sua vez, pretendia formar uma junta de governo local, como em outras províncias. 
Controlando de perto as Câmaras de Recife e Olinda, Luís do Rego procedeu à eleição dos 07 
representantes de Pernambuco às cortes, o que deixou profundamente insatisfeita a oposição 
local. Foi em meio a rumores de todos os tipos que um tresloucado personagem, desses que 
aparecem de vez em quando para turvar um pouco mais os rumos do mundo, tocaiou e atirou 
em Luís do Rego no dia 21 de julho. Ninguém nunca soube suas reais motivações, embora de 
tudo já tenham dito um pouco os cronistas locais ufanistas. Herói, ou maluco simplesmente, na 
fuga, o infeliz personagem morreu afogado. Mas Luís do Rego fôra ferido. Sem saúde, era mais 
difícil manter a firmeza de antes. No dia 30 de agosto de 1821, obedecendo às novas diretrizes, 
o General formou a sua própria junta de governo, e anunciou a medida às outras províncias. 
Colocou então o cargo à disposição, mas não houve quem assumisse o seu lugar.
Um dia antes, em 29 de agosto, militares, milicianos, plantadores e ex-rebeldes de 1817 
mobilizaram-se em Goiana, formando uma outra junta provisória. A "junta de Goiana" enviou 
um ultimato ao governador no dia 1º de setembro de 1821, ameaçando tomar o Recife, caso 
o general não entregasse o cargo. Ao contrário do que se poderia esperar de um general bem 
treinado, Luís do Rego mostrou moderação nesse momento. Ao enviar tropas para investigar 
o que ocorria em Goiana, deixou claro ao comandante que a sua missão era de paz e não deguerra.
História – Pernambuco no Contexto da Independência do Brasil – Prof. Cássio Albernaz
www.acasadoconcurseiro.com.br 461
Os membros da Junta de Goiana começaram a ser tratados como rebeldes. Como sempre 
acontecia no Brasil escravista, temia-se também que a oportunidade fosse aproveitada pelos 
negros e pardos para uma insurreição mais ampla. Luís do Rego acusou a Junta de Goiana de 
armar negros nos subúrbios e insuflá-los contra os habitantes do Recife. No dia 21 de setembro 
de 1821, houve refregas entre as forças de ambas as Juntas. Uma ao norte, em Olinda, outra 
em Afogados, ao sul do Recife. As escaramuças repetiram-se no dia 1º de outubro. Luís do Rego 
acusava os anistiados de 1817 pela agitação.
https://tokdehistoria.com.br/tag/seculo-xix/
Com a província quase em guerra, resolveram dialogar. No dia 05 de outubro de 1821, reuni-
ram-se os representantes da Junta de Goiana e do General português na povoação de Beberi-
be, na saída para o interior, entre Recife e Olinda. Chegaram a um acordo. A cidade do Recife 
ficaria com o governador. O resto com a Junta de Goiana. Isso até a eleição de uma nova Junta, 
conforme as instruções que se esperava de Portugal. É relevante notar, que o "procurador" do 
Recife nessa reunião foi Gervásio Pires, comerciante de grosso trato, senhor de engenho, e um 
dos rebeldes de 1817 anistiados. Quem o acompanhava na empreitada era um outro ex-rebel-
de de 1817, Luís Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque - um dos irmãos Cavalcanti: o 
mais brilhante deles, diria anos depois o Marquês de Paraná.
No dia 26 de outubro de 1821, formava-se então a primeira Junta de Governo de Pernambuco. 
À frente dela estava eleito o próprio Gervásio Pires, o homem que intermediara a negociação 
entre o governador português e os liberais mais exaltados de Goiana. Com o afastamento do 
governador português, as disputas internas entre as elites locais tornaram-se mais claras. Dei-
xando de lado os "pés de chumbo", sempre opostos à chamada "causa do Brasil", os liberais 
radicais republicanos, e os negros que queriam haitianizar a América portuguesa, pode-se per-
ceber a paulatina cristalização de duas tendências principais entre as elites locais. 
Uma delas, melhor articulada com o projeto urdido no Rio de Janeiro, era favorável à união 
das províncias sob a liderança do príncipe regente. Chamaremos essa tendência de centralista, 
termo emprestado da historiografia sobre o liberalismo na América Latina muito apropriado 
quando se olha a construção do Estado nacional de fora do eixo das províncias do sudeste que 
viriam a deter a hegemonia política a partir do primeiro reinado. Essa tendência congregava 
muita gente da antiga aristocracia açucareira, e viria a ser liderada pelo Morgado do Cabo, su-
cedido pelos irmãos Cavalcanti. 
 
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A outra tendência era a federalista: tanto fazia a sede do reino ser no Rio como em Lisboa - ou 
até nos dois lugares - desde que fosse mantida a autonomia provincial, conquistada com a Re-
volução do Porto. Essa segunda tendência era liderada por Gervásio Pires, que assumiu o go-
verno provincial em outubro de 1821.
Vale salientar que essas duas facções obviamente não eram partidos pré-concebidos e coesos.
O grupo centralista, favorável à união das províncias em torno do projeto de José Bonifácio, 
juntava uma boa parte da aristocracia agrária mais antiga e muitos dos comerciantes de grosso 
trato bem estabelecidos. Sob o ponto de vista econômico e político, iriam se aliar à corte no Rio 
de Janeiro justamente por terem se beneficiado do sistema vigente direta ou indiretamente, 
afinal de contas o sistema colonial não teria durado tanto sem a ajuda de uma oligarquia local, 
que ganhava dinheiro, poder e status com o regime. Essa elite pagava um preço pelos limites 
impostos à expansão de seus negócios de exportação. Mas, em troca, ganhava a garantia da 
permanência das estruturas de poder da qual fazia parte, mesmo como parceiros secundários. 
Isso incluía todo um conjunto de prerrogativas que, na prática, se traduziam no apoio real ao 
domínio exercido localmente. Inclusive culturalmente sentiam-se mais como portugueses do 
Brasil do que com alguma identidade própria, diferenciada, brasileira propriamente dita. O na-
cionalismo ufanista da historiografia colonial brasileira costuma disfarçar a colaboração interna 
ao sistema. Mas esse dado é relevante para entender a dominação portuguesa por tanto tem-
po, com tão pouca tropa estacionada no Brasil.
Uma vez mantido o poder no Rio, fosse ou não feita a independência de Portugal, acreditavam, 
em primeiro lugar, que nada seria mexido. Caso o Brasil adquirisse sua soberania, continuariam 
ganhando o livre acesso ao comércio externo - que aliás já tinham em 1821-22. Em segundo 
lugar, ganhariam finalmente o pleno controle das rendas derivadas dos impostos arrecadados. 
Socialmente, desejavam títulos de nobreza e fidalguia, que não eram em absoluto irrelevantes, 
numa época em que o Estado ainda não era esse ente impessoal a que estamos acostumados 
hoje em dia. Os antigos barões do açúcar não se satisfaziam mais em serem barões apenas (no 
sentido metafórico da palavra), queriam se tornar efetivamente nobres. A monarquia centraliza-
da no Rio poderia assim vir a ser do agrado de muitas famílias fidalgas mais antigas da província, 
desde que ajustada de forma a conceder-lhes mais alguns privilégios mantendo os que já tinham. 
Além dessas vantagens, dentro de uma perspectiva bastante prática, entendiam que o apoio 
do Rio de Janeiro se traduziria no suporte militar da Coroa quando tivessem que enfrentar seus 
adversários locais, fossem esses quilombolas, índios ou os vizinhos. Isso não era pouco, como 
ficou evidente na demonstração de força do exército que esmagou 1817.
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História 
CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR E REVOLUÇÃO PRAIEIRA
Movimentos Liberais: Confederação do Equador (1824) e Revolução Praieira 
(1848)
Combate entre rebeldes e legalistas na luta dos Afogados. 
Exército Imperial do Brasil ataca as forças confederadas no Recife, 1824.
A Confederação do Equador foi um grande movimento revolucionário, de caráter separatista 
e republicano ocorrido em 1824 no Nordeste do Brasil. A revolta teve seu início na província 
de Pernambuco, porém, espalhou-se rapidamente por outras províncias da região (Ceará, Rio 
Grande do Norte e Paraíba).
Representou a principal reação contra a tendência absolutista e a política centralizadora do go-
verno de D. Pedro I (1822-1831), esboçada na Carta Outorgada de 1824, a primeira Constituição 
do país. A revolução queria a formação de uma república baseada na constituição da Colômbia. 
Ganhou este nome, pois o centro do movimento ficava próximo a Linha do Equador. 
Em Pernambuco, centro da revolta, o movimento teve participação das camadas urbanas, elites regio-
nais e intelectuais. A grande participação popular foi um dos principais diferenciais deste movimento. 
Por trás das divergências políticas que culminaram com a proclamação da Confederação do Equador, 
encontra-se uma divisão econômica e espacial de Pernambuco. Ao norte, açucareiro e algodoeiro, com 
vilas populosas, opunha-se o monolitismo do sul pernambucano, exclusivamente açucareiro, cujas po-
voações eram simples anexos dos engenhos de cana. De acordo com Evaldo Cabral de Mello:
"O contraponto do algodão e do açúcar explica ali mais acentuadamente que em nenhuma 
outra região brasileira, que se aprofundou ali o conflito entre a nova e a velha estrutura comer-
cial - a do algodão, ligada desde a transmigração da Coroa para o Rio e à abertura dos portos 
ao mercado britânico, e a do açúcar da cana, jungida ao entreposto lusitano." Ambos os itens 
encontram-se figurados na bandeira da Confederação, onde se vê um ramo de algodão, à direi-
ta, lado a lado com uma cana-de-açúcar.
 
www.acasadoconcurseiro.com.br464O absolutismo de D. Pedro I trouxe grande insatisfação à população e isso gerou protestos em 
Pernambuco, Paraíba e Ceará.
Os jornais “Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco” de Cipriano Barata e o “Tífis 
Pernambuco” de Frei Caneca (ambos liberais) ajudaram ainda mais a preparar o espírito das 
pessoas para a revolução. Cipriano Barata era natural da Bahia e tornou-se notável pela sua 
atividade jornalística defendendo os valores liberais da época. Dedicou a sua vida à luta revolu-
cionária e esteve ligado às camadas mais populares e por essa razão, foi preso várias vezes. Frei 
Caneca era um dos discípulos de Cipriano e principal líder da Confederação do Equador contra 
D. Pedro.
Frei Caneca, preso
Em 1823, as ideias republicanas dominavam o nordeste e se acentuaram em face das ameaças do 
Imperador que, com a Constituição outorgada em 1824, impôs ao país um estado unitário. Pernam-
buco não aceitou essa Constituição e em 2 de julho de 1824, seu presidente Manuel de Carvalho 
Pais de Andrade proclamou a Confederação do Equador (movimento republicano e separatista que 
uniu Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte). No início a Constituição adotada foi a Colombiana. 
O objetivo era formar um novo estado completamente separado do Império, cujas bases eram um 
governo representativo e republicano, garantindo a autonomia das províncias confederadas.
Surgiram algumas dissidências internas no movimento, pois ele agregava classes sociais díspares. 
Depois de estabelecidas as primeiras ações da Confederação, alguns de seus líderes decidiram aban-
doná-la. Tudo isso porque alguns integrantes da revolta defendiam a radicalização de algumas ações 
do novo governo. Frei Caneca, Cipriano Barata e Emiliano Munducuru acreditavam que a ampliação 
de direitos políticos e reformas no campo social eram medidas urgentes no novo poder estabeleci-
do. A proposta de Pais de Andrade no sentido de libertar os escravos e o exemplo haitiano (país que 
recentemente se libertara do domínio francês através de uma revolta popular) não tranquilizavam 
as elites, e alguns proprietários de terras passaram a colaborar com o governo imperial. Porém, a 
repressão ao movimento estava sendo preparada no Rio de Janeiro. Várias tropas foram enviadas 
para o Nordeste sob o comando do brigadeiro Francisco de Lima e Silva (forças terrestres) e de Lord 
Cochrane (forças navais). Em setembro de 1824, as forças de Lima e Silva dominaram Recife e Olinda 
(principais centros de resistência), e dois meses depois foi a vez do Ceará.
As penas impostas aos revoltosos foram severas e D. Pedro não atendeu aos pedidos para que 
elas fossem mudadas. Frei Caneca foi condenado à forca, contudo, acabou sendo fuzilado, dian-
te da recusa do carrasco em executar a sentença. Muitos companheiros de Caneca receberam a 
mesma condenação, outros tiveram mais sorte e conseguiram fugir.
História – Confederação do Equador e Revolução Praieira – Prof. Cássio Albernaz
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Possível mapa da Confederação do Equador
https://pt.wikipedia.org/wiki/Confedera%C3%A7%C3%A3o_do_Equador#/media/File:Confedera%C3%A7%C3%A3o_do_Equador.png
Mesmo com o fim da Confederação do Equador, a insatisfação contra o absolutismo do Impe-
rador continuava e crescia cada vez mais. O forte caráter centralizador do governo de D. Pedro I 
gerou conflito entre o novo estadista e as elites que defenderam sua chegada ao poder.
Não bastassem os desentendimentos políticos, a falta de arrojo do rei junto às questões eco-
nômicas também contribuiu para sua queda. A contração de dívidas com a Inglaterra e o gasto 
de verbas com a Guerra da Cisplatina fortaleceram o movimento oposicionista. Em 1829, a fa-
lência do Banco do Brasil agravou o repúdio aos poderes imperiais. Dessa forma, a vitória dos 
oposicionistas, em 1830, dava sinais do enfraquecimento político de Dom Pedro I.
No Rio de Janeiro, vários confrontos entre brasileiros e portugueses representavam a falta de reco-
nhecimento ao governo imperial. A Noite das Garrafadas, ocorrida no início 1831, ficou marcada 
como a maior dessas manifestações anti-lusitanas. Ainda tentando recuperar prestígio, em março 
daquele ano, Dom Pedro I anunciou um corpo de ministros formado somente por brasileiros. A ma-
nobra de Dom Pedro I já era tardia. Os militares aderiram ao movimento de oposição ao seu gover-
no e a câmara dos deputados se tornou um reduto de críticas à presença do rei.
Sem alcançar o êxito esperado, um grupo de soldados e populares concentrados no Campo de 
Santana ameaçaram a integridade de Dom Pedro I. Mediante a embaraçosa situação, o impera-
dor abdicou do trono no dia sete de abril de 1831. Porém seu filho e sucessor, o futuro D. Pedro 
II era menor de idade (tinha apenas 5 anos) e seguiu-se um período em que o governo do Impé-
rio brasileiro estava nas mãos de regentes. 
Não foi um período tranquilo, muitas revoltas e rebeliões eclodiram no país. A Cabanada foi 
uma rebelião ocorrida entre 1832 e 1835, iniciada logo após a abdicação de Dom Pedro I, ou 
seja, no período da Regência. Dificuldades financeiras do novo Regime, com o comércio exte-
rior quase estagnado e a queda das cotações do algodão e da cana-de-açúcar, além do privilé-
gio aduaneiro à Inglaterra, em vigor desde 1810, fizeram com que eclodissem diversas revoltas 
no Império do Brasil nesse período.
O movimento da Cabanada se deu em Pernambuco, Alagoas, e Pará, porém são insurreições 
diferentes e em locais diferentes. A primeira se trata da revolta em Pernambuco e Alagoas e a 
segunda na região do atual Pará.
 
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Em Pernambuco, onde também foi chamado de "A Guerra dos Cabanos", a rebelião foi conser-
vadora pois pretendia a volta do monarca português ao trono do Brasil (para alguns historiado-
res, uma pré-Canudos). Desenrolou-se na zona da mata e no agreste. Teve como líder Vicente 
de Paula, com seguidores de origem humilde, predominando índios (jacuípes e outros) e es-
cravos foragidos (chamados de papaméis). Com a morte de Dom Pedro I em Portugal (1834), 
o movimento deixou de ter razão de existir. Ao final da Cabanada, o líder Vicente de Paula foi 
preso e enviado para a ilha de Fernando de Noronha.
Após muita instabilidade política e social, em 1940 ocorre o Golpe da Maioridade, dando início 
ao Segundo Reinado.
No começo do Segundo Reinado, a ascensão dos liberais que apoiaram a chegada de Dom Pe-
dro II ao poder foi logo interceptada após os escândalos políticos da época. As “eleições do 
cacete” tomaram os noticiários da época com a denúncia das fraudes e agressões físicas que 
garantiriam a vitória da ala liberal. Em resposta, alguns levantes liberais em Minas e São Paulo 
foram preparados em repúdio às ações políticas centralizadoras do imperador.
Nesses dois estados os levantes não tiveram bastante expressão, sendo logo contidos pelas 
forças militares nacionais. Entretanto, o estado de Pernambuco foi palco de uma ação liberal de 
maior impacto que tomou feições de caráter revolucionário. 
http://brasilescola.uol.com.br/historiab/revolucao-praieira.htm
Ao longo da década de 1840, setores mais radicais do partido liberal recifense manifestaram 
seus ideias através do jornal Diário Novo, localizado na Rua da Praia. Em pouco tempo, esses 
agitadores políticos ficaram conhecidos como “praieiros”. Assim como em outras partes do Bra-
sil, em Pernambuco existiam dois partidos: liberal (dominado pelos Cavalcanti) e conservador 
(dominado pelos Rego Barros).
Essas duas famílias faziam acordos políticos com muita facilidade. Assim, Francisco de Paula 
Cavalcanti tornou-se presidente da província em 1837, através de um acordo com os Rego Bar-
ros e, em 1840, foi a vez de Francisco Rego Barros (barão de Boa Vista) assumir a presidência. 
Em 1842, alguns integrantes do Partido Liberal se rebelaram e fundaram o Partido Nacional de 
Pernambuco (Partido da Praia),eles acusavam Rego Barros de distribuir os melhores cargos aos 
Cavalcanti e seus aliados mais próximos.
Entre as principais medidas defendidas por esses liberais estavam a liberdade de imprensa, 
a extinção do poder moderador, o fim do monopólio comercial dos portugueses, mudanças 
sócio-econômicas e a instituição do voto universal. Mesmo não tendo caráter essencialmente 
História – Confederação do Equador e Revolução Praieira – Prof. Cássio Albernaz
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socialista, esse grupo político era claramente influenciado por socialistas utópicos do século 
XIX, como Pierre–Joseph Proudhon, Robert Owen e Charles Fourier.
Em 1847, o movimento passou a ganhar força com a nomeação de um presidente de provín-
cia conservador mineiro para conter a ação dos liberais pernambucanos. Revoltados com essa 
ação autoritária do poder imperial, os praieiros pegaram em armas e tomaram conta da cidade 
de Olinda. A essa altura, um conflito civil contando com o apoio de grandes proprietários, pro-
fissionais liberais, artesãos e populares tomou conta do estado.
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000003035/md.0000034426.jpg
Em 1 de janeiro de 1849, os revoltosos lançaram o seu programa, um documento que denomi-
naram Manifesto ao Mundo, de conteúdo socialista utópico, supostamente escrito por Borges 
da Fonseca, um jornalista. O manifesto defendia:
 • o voto livre e universal do povo brasileiro;
 • a plena e absoluta liberdade de comunicar os pensamentos por meio da imprensa 
(liberdade de imprensa);
 • o trabalho, como garantia da vida para o cidadão brasileiro;
 • o comércio a retalho só para os cidadãos brasileiros;
 • a inteira e efetiva independência dos poderes constituídos;
 • a extinção do Poder Moderador e do direito de agraciar;
 • o elemento federal na nova organização
 • a completa reforma do Poder Judiciário, de forma a assegurar as garantias dos direitos 
individuais dos cidadãos;
 • a extinção da lei do juro convencional;
 • a extinção do sistema de recrutamento militar então vigente.
Apesar do caráter liberal da revolução, os revoltosos não cogitavam a abolição da escravidão.
Em fevereiro de 1849, depois de receber a adesão da população urbana que vivia em extrema 
pobreza, pequenos arrendatários, boiadeiros, mascates e negros libertos, os rebelados toma-
 
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ram a cidade de Recife e entraram em novo confronto com as forças imperiais. Nesse período, 
o insurgente Pedro Ivo surgiu como um dos maiores líderes dos populares. Entretanto, a falta 
de apoio de outras províncias acabou desarticulando o movimento pernambucano. 
Pedro Ivo, herói da revolução.
http://www.overmundo.com.br/uploads/banco/multiplas/1268794349_1pedro_ivo_heroi_praieiro_1850.jpg
No ano de 1851, o governo imperial deu fim aos levantes que contabilizaram cerca de oitocen-
tas baixas. Os líderes do movimento pertencentes à classe dominante, foram detidos e julgados 
apenas em 28 de novembro de 1851, quando os ânimos na província já tinham serenado, oca-
sião em que o governo imperial pôde lhes conceder anistia. Voltaram, assim, a ocupar os seus 
cargos públicos e a comandar os seus engenhos.
Por outro lado, os rebeldes das camadas sociais menos privilegiadas - rendeiros, trabalhadores 
e outros - não tiveram direito a julgamento e, ou sofreram recrutamento forçado ou foram 
anistiados por intervenção de seus superiores para retornarem ao trabalho, exceto aqueles que 
foram sumariamente fuzilados durante e logo após os combates.
Dentre as várias revoltas ocorridas durante o Brasil Império, esta foi a última.
http://www.onordeste.com/administrador/personalidades/imagemPersonalidade/b2f8c3a28f0549d0ed6ed60c0718e159406.jpg
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História 
TRÁFICO TRANSATLÂNTICO DE ESCRAVOS 
PARA TERRAS PERNAMBUCANAS
Maquete do interior de um navio negreiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio_atl%C3%A2ntico_de_escravos#/media/File:Kenneth_Lu_-_Slave_
ship_model_(_(4811223749).jpg
Recife foi o quinto maior centro mundial de tráfico escravista (ficaria atrás apenas de Rio de 
Janeiro, Liverpool, Bahia e Londres). O período coberto, 1801-1851, abrange a fase de maior 
intensidade do tráfico de escravos, 1801-1830, quando o número de escravos desembarcados 
foi maior que um terço do total para todo o período do tráfico pernambucano.
O primeiro navio negreiro a desembarcar em Pernambuco (em 1560) foi também o primeiro 
navio negreiro a desembarcar no Brasil, fruto de um pedido de Duarte Coelho, primeiro dona-
tário da capitania de Pernambuco, ao rei de Portugal. O último aportou no Recife em 1851, ano 
em que finalmente a proibição do tráfico negreiro transatlântico foi adotada. Foram, no total, 
1.376 viagens com o nefasto objetivo. Dos quase 5 milhões de escravos oficialmente trazidos 
para o Brasil, 853.833 deles desembarcaram em Pernambuco.
Principais regiões de comércio de escravos na África entre os séculos XV e XIX.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio_atl%C3%A2ntico_de_escravos#/media/File:Africa_slave_Regions.svg
 
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No Brasil, 2.054.725, ou 42%, desembarcaram no período de 1801 a 1850. Em Pernambuco, 
259.054, ou 30%, desembarcaram entre 1801 e 1850, perfazendo uma média de 5 mil desem-
barcados por ano. Comparativamente, nos séculos XVII e XVIII, a média era de 2.500 e 3.300 ao 
ano, respectivamente. O fato de o volume de importação de escravos em Pernambuco ser bem 
mais expressivo no século XIX que nos séculos anteriores sugere que as atividades econômicas 
nesta região estavam aquecidas. 87,2% das viagens cujo destino era Pernambuco tinham como 
ponto de partida esta mesma região. Isto sugere que quem organizava e financiava o desem-
barque de negros em Pernambuco eram pessoas que ali residiam.
Dado que a origem da maioria das viagens para Pernambuco era Pernambuco, em todos os 
períodos do tráfico, é evidente que este era essencialmente um tráfico Recife-portos africanos-
-Recife durante toda a sua vigência. Contrariamente, é comum a ideia de um comércio triangu-
lar na literatura: um mesmo navio transportaria manufaturas da Europa para a África, trocadas 
por escravos que eram trazidos para as Américas, e finalmente o navio levaria produtos agríco-
las das Américas para a Europa.
O Projeto Estudo Comparado do Escravismo Brasileiro no Século XIX (UnB e UFPE), examinou 
3.955 inventários registrados em cartórios pernambucanos ao longo do século XIX, para desco-
brir quem eram os agentes financiadores do tráfico para Pernambuco. A cobertura geográfica 
dos inventários cobre todas as áreas da província. Graças a este material, coletaram-se infor-
mações sobre o registro do inventário; o ano e a região em que este foi feito; a ocupação do 
inventariado; a quantidade de dinheiro, ouro, prata e cobre que possuía; a quantidade e o valor 
de escravos sob seu domínio; dívidas ativas e passivas; e assim por diante. Ao todo, encontram-
-se registros de 21.930 escravos levados a Pernambuco: 11.005 registrados na Zona da Mata; 
5.390 no Recife; 3.617, no Agreste; e 1.918, no Sertão.
Tais dados pesquisados apontam que, em sua maioria, os traficantes de Pernambuco eram por-
tugueses radicados no Recife. No geral, eram comerciantes e desenvolviam atividades comer-
ciais nos centros urbanos. Alguns possuíam fazendas, e a maioria era influente na política local.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio_atl%C3%A2ntico_de_escravos#/media/File:Pelourinho.jpg
É importante ressaltar que, durante muitos anos, a Companhia Geral de Pernambuco e Para-
íba deteve o monopólio do tráfico para a região em análise, mais precisamente entre 1759 e 
1788. Tal companhia era uma empresa de caráter monopolista, criada em 1759 pelo Marquês 
de Pombal logo após o grande terremoto de Lisboa, que deixou a economia localmuito preju-
dicada. O objetivo da criação desta companhia, juntamente com a Companhia Geral do Grão-
-Pará e Maranhão, era alavancar a economia portuguesa fragilizada pelo desastre natural de 
1755. Funcionou durante 26 anos, apesar de ter começado sua atividade cerca de dois anos 
História – Tráfico Transatlântico de Escravos para Terras Pernambucanas – Prof. Cássio Albernaz
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após a aprovação dos estatutos. O fim do monopólio abriu espaço para a livre concorrência, a 
qual permitiu a alocação de recursos dos próprios pernambucanos nesta atividade.
Mais de 70% dos escravos trazidos para Recife na primeira metade do século XIX vieram em na-
vios de proprietários particulares, a maioria comerciante. Desta forma, há indícios de que o capi-
tal aplicado nesta atividade não vinha de senhores de engenho preocupados com a escassez de 
mão de obra, mas de comerciantes acostumados a lidar com outros tipos de mercado, além do 
de escravos. Muitos tinham casas comerciais, padarias, lojas, açougues, casas de importação e 
exportação, emprestavam dinheiro por meio de emissão de letras, eram membros da Alfândega 
de Pernambuco e participavam de sociedades comerciais. Também eram senhores de engenho; 
porém, esta atividade parece ter sido complementar, não preponderante sobre as demais.
Era natural que capitais originados no comércio, importante fonte de acumulação no período, 
se dirigissem para uma área lucrativa de negócios: o tráfico de escravos. Essa atividade, no 
século XIX em Pernambuco, tinha como característica a bilateralidade, a participação de nego-
ciantes portugueses radicados no Recife e de familiares no ramo. Que os negociantes fossem 
portugueses não é surpreendente: havia predominância deles no comércio, desde o período 
colonial; a Guerra dos Mascates foi essencialmente entre senhores de engenho de Olinda e co-
merciantes portugueses do Recife.
http://maracatu.org.br/o-maracatu/historia/
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História 
COTIDIANO E FORMAS DE RESISTÊNCIA ESCRAVA EM PERNAMBUCO
http://s1.static.brasilescola.uol.com.br/artigos/e4c9583e6c2349dfc2b065e3f62fa21b.jpg?i=http://www.
brasilescola.com/upload/conteudo/images/e4c9583e6c2349dfc2b065e3f62fa21b.jpg&w=302&h=293&c=FFFFFF
A maior prova da significativa da quantidade de cativos no estado de Pernambuco, inclusive em 
seu interior, desmentindo a ideia de uma escravidão branda, é a demografia documentada pelo 
DGE (Diretoria Geral de Estatística) na década de 70 do século XIX, com a obrigatoriedade das 
matriculas, após a lei do ventre livre sancionada, em 28 de setembro de 1871.
De fato, o impacto (político, social e jurídico) da lei de 1871 não foi pequeno, e a matrícula 
geral dos escravos foi talvez sua mais significativa materialização. Com sua instituição, além do 
silêncio ritual, as relações entre raça e cidadania modificaram-se de modo radical. Até então, os 
chamados homens livres “de cor” precisavam ser socialmente reconhecidos como tal, o que no 
mínimo limitava sobremaneira seu direito de ir e vir além das já referidas redes imediatas. Após 
1871, deslocava-se o ônus da prova: era o senhor que precisava apresentar a matrícula de seu 
escravo. Sem ela, qualquer pessoa “de cor” era juridicamente livre. A instituição da matricula 
se, por um lado, servia para garantir futura indenização ao direito de propriedade senhorial no 
processo gradual de abolição para o qual a lei sinalizava, de outro, pela primeira vez, rompia 
com a associação legal entre cor e suspeita da condição de escravidão.
Foi, principalmente, a partir da década de 1870, momento de grande transformação social e econô-
mica no parque açucareiro nacional como um todo, que, particularmente Pernambuco, então prin-
cipal produtor de açúcar do país, e mais especificamente a Zona da Mata, recebeu grande parte dos 
investimentos do governo imperial avançando tecnologicamente. O objetivo do governo era que 
 
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a indústria açucareira nacional se mantivesse no mercado internacional do açúcar o qual, naquele 
momento, contava com o crescimento da produção europeia de açúcar de beterraba.
As festas tinham um importante papel na construção da liberdade, por proporcionar a sociabili-
zação e o divertimento, no dia a dia inexistente. Lembrando que também traziam a tona, brigas 
entre grupos rivais, que antecediam sua vinda da África. Todavia esquecido, pela consciência de 
fazerem parte do mesmo grupo social, se recorriam nestas horas para criação de estratégias. 
Criando um mundo paralelo na escravidão aonde o negro, era livre para decidir um destino me-
lhor. Afinal a alforria não era a real resposta que traria a liberdade para um escravo, era quase 
que inconsciente na maioria deles, a liberdade só aconteceria se fosse para todos.
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/historia/img/0120.jpg
Entende-se pelos anos da década de 70 do século XIX, como um período único na história 
do trabalhador brasileiro, de passagem ou “transição” do trabalho escravo para o trabalho 
“livre” ou assalariado. Voltando-nos para Pernambuco, às cidades do interior do estado, no 
ano de 1872, no primeiro senso brasileiro, verificamos paróquias, freguesias e cidades com 
perfis econômicos variados, mudando a velha perspectiva histórica de que em Pernambuco 
teve uma escravidão branda, concentrando-se de maneira quase única na produção açucareira, 
consequentemente de escravos de profissão lavradores. Compreende-se, cada vez mais, que 
a escravidão estava onipresente, dentro de toda a produção de bens de consumo, há muito já 
institucionalizada nesta província de antiga colonização. 
De acordo com o mesmo recenseamento, comparando as províncias, coloca-se que só 105 
homens escravos e 52 mulheres escravas, em toda a província de Pernambuco, sabiam ler e 
escrever. Um número alto se compararmos ao Rio Grande do Norte, que no total registrou-se 4 
homens e 3 mulheres, porém altíssimo quando a capital do império, Rio de Janeiro, só possuía 
79 homens e 28 mulheres registradas como capaz de ler e escrever.
Na capital da província de Pernambuco, Recife, antes mesmo de 1830 a maioria dos 
trabalhadores alforriados eram mulheres negras e mulatas. Mulheres estas que se apropriavam, 
ou não, das vantagens que tinham, perante os escravos homens, obtinham mas cedo a alforria. 
Sua vantagem consistia na proximidade dos senhores, e de agrados que poderiam dar e receber. 
Eram elas amas de leite, cozinheiras, engomadeiras, faxineiras. E estavam onipresentes na 
sociedade escravista. Difícil dizer o que o luxo da escravidão não poderia oferecer aos senhores 
de conforto e serviços. De pentear o cabelo, a limpar o a calçada da casa. Sabe-se que mesmo 
sendo submetidas a humilhações, assédios e estupros por seus senhores e ódio de suas patroas, 
era melhor que trabalhar na rua local que era sinônimo de insegurança, morte, prostituição e 
fome. A empregada doméstica assalariada surgirá aí nesta condição específica de ex-escrava e, 
junto a elas, suas concorrentes que baixavam suas possíveis rendas, as próprias escravas.
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uol.com.br/upload/e/Resitencia-escravos-BRASILESCOLA(1).jpg&w=302&h=293&c=FFFFFF&t=1
Outra profissão importante dentro da urbe pernambucana eram os canoeiros responsáveis pelo 
movimento do transporte fluvial nos rios que cruzam a cidade. Eles exerciam um emaranhado 
de funções sociais: passagem de informações, contatos entre os Engenhos, transporte de água 
limpa para consumo, e de pessoas. Foram verdadeiros precursores na formação dessa sociedade 
paralela. Os canoeiros do Recife tinham mais autonomia do que muita gente livre. Muitosdesses 
escravos pagavam semanalmente uma certa quantia ao senhor e moravam nas cidades nos seus 
próprios casebres, espalhados nos arredores da cidade, na periferia das ilhas de Santo Antônio e 
da Boa Vista, nos limites entre os mangues e a terra firme, nas casas palafitas na beira dos rios. 
Havia, portanto, uma contradição entre necessidade de controle do escravo e a natureza das ocu-
pações urbanas, que para gerarem lucro, muitas vezes exigiam uma grande movimentação do 
trabalhador.
Não muito distante da capital, vários homens e mulheres viviam no campo vagando de vila em 
vila tentando fugir da estrutura extrativista da sociedade escravista. Presentes dentro dos en-
genhos e nas cidades. Para sobreviver a tanta “onipresença” da escravidão e da desapropriação 
do corpo, pelos senhores de engenhos: negros, brancos, pardos, livres e mulatos escravos ou 
não, viviam na “bandidagem” e na “vadiagem” roubando cavalos, e revendendo-os. Ajudando 
fugas, até quem sabe negociando melhores patrões para escravos fujões. 
A fuga para o mato era uma decisão extrema, que envolvia riscos. A construção da sua ideia de 
liberdade era baseada na sua experiência, e nas tradições de sua cultura. Isolado estaria social-
mente morto. Não haveria a liberdade social, o que é o que nos interessa aqui. Para que esta 
fosse alcançada no mato, era preciso que o fugitivo passasse a pertencer a uma comunidade 
alternativa: o quilombo. Mas mesmo aí o processo continuava.
Os quilombos vingaram até o fim da Cabanada, isto é, até o começo da segunda metade do sé-
culo XIX. Nos anos de 1870, o mundo da fuga, estava muito mais perto do mundo legal. Roubos 
e trocas de passaporte, contrabando, roubos de vilas. Muitas eram as possibilidades de se sus-
tentar e fugir do sistema sem olhar para trás e muitos faziam. Em fuga, o sistema era personifi-
cado na polícia, que eventualmente, dava de cara com essas figuras que habitam o imaginário 
dos quilombolas, dos cangaceiros e cavaleiros do Sertão e Agreste pernambucano.
 
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https://blogdogianfranco.wordpress.com/category/trabalho-sobre-quilombos/
O risco do submundo do crime não seria mais feliz do que pertencer a grupos sociais dentro 
do tão violento sistema escravista? Provavelmente sim, ou não. Fugir dos castigos, humilhação, 
da desapropriação do próprio corpo, do estupro, de ver filhos sendo vendidos como coisas, 
tudo isso deveria servir de estímulo mais que convincente para seguir na vida de incertezas do 
crime, mas experimentando alguns momentos de liberdade, principalmente se fosse feito em 
bandos, ou duplas. A relação entre a liberdade social e a liberdade jurídica será sempre muito 
íntima durante a escravidão.
Ainda sobre resistência escrava, nota-se que muitos autores questionam a virtual ausência de re-
beliões escravas, mesmo tendo havido até mais confusão no Recife do que na maioria das capitais 
provinciais na primeira metade do século XIX, quando comparado com o ciclo das insurreições 
liberais, que se inicia com a Insurreição de 1817, passa pela Confederação do Equador em 1824 e 
termina com a Praieira, em 1848. Porem, alguns historiadores percebem algumas ligações plausí-
veis entre esses movimentos políticos maiores e as estratégias de resistência desenvolvidas pelos 
escravos do Recife nessa época, através de algumas narrativas de fugas que expressam o desen-
volvimento de alternativas de resistência em resposta à conjuntura específica de Pernambuco 
nesse período, assim como alguns dos motins urbanos ocorridos no Recife nesse período, que 
não envolveram apenas escravos, mas também outros segmentos da sociedade.
Podemos citar um episódio ilustrativo de grande relevância para o estudo da resistência negra, es-
pecificamente em Pernambuco: aconteceu em 1846. De acordo com o chefe de polícia da província, 
suspeitava-se que uma seita religiosa de negros, surgida na cidade, era na realidade um disfarce para 
uma sociedade secreta cujo objetivo era preparar uma insurreição de escravos. A polícia entrou em 
ação, cercando uma casa no bairro de São José, onde os fiéis se reuniam. Segundo as autoridades, 
os negros então saíram protestando, gritando contra a religião do Estado. O líder – o Divino Mestre 
segundo os fiéis – era o crioulo Agostinho José Pereira, que teria uns trezentos seguidores na cidade. 
Pelo menos outros seis negros foram presos além de Agostinho, sendo que um deles entregou-se, 
declarando o desejo de compartilhar da mesma sorte do Divino Mestre, cuja esposa estaria grávida 
havia cinco anos mas só daria à luz quando descesse o Messias. 
A seita do Divino Mestre espalhara-se pela cidade. Um editorial do Diário de Pernambuco conta 
que no bairro da Boa Vista, na casa de um dos principais discípulos de Agostinho, foi encontra-
do uma bíblia onde estavam marcadas as passagens que tratavam do fim da escravidão. Mais 
grave ainda foi a apreensão, na casa do próprio réu, de alguns textos que tratavam do Haiti.
No seu interrogatório, o Divino Mestre mostrou um pouco mais de si. Dizia-se livre. Tinha 47 
anos. Sabia ler e escrever. Já estivera no Rio de Janeiro como oficial de milícias e, de passagem, 
na Bahia. Foi-lhe também perguntado se havia participado da Sabinada na Bahia, em 1839. Res-
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pondeu que não, mas admitiu que conhecera Sabino quando o líder da revolta já estava preso no 
Rio de Janeiro, numa fortaleza onde o Divino Mestre estava de serviço. Isso, de uma certa forma, 
indica que não eram infundadas as suspeitas das autoridades de que Agostinho era um desertor 
do exército que, anteriormente, já se havia metido em outras aventuras políticas. Poderia mesmo 
ter sido punido, através do recrutamento forçado, pela participação como miliciano na Confede-
ração do Equador, sob as ordens do seu comandante, como admitiu no interrogatório. O advoga-
do de defesa foi ninguém menos que o maior agitador liberal daquela época, em Pernambuco, 
Borges da Fonseca. Que crime é ser cismático? – perguntou Borges, argumentando com clareza 
que a lei proibia outros cultos, mas não cominava a pena de prisão para os praticantes, limitando-
-se a ordenar a sua dispersão e a destruição dos seus artefatos; no mais, uma multa poderia ser 
aplicada. Só que os desembargadores perceberam que Agostinho não era um protestante qual-
quer. O problema não era só de ordem religiosa. Agostinho não pregava apenas a desobediência 
ao padroado régio. Tinha algo mais. Ele era um pastor negro.
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A pregação negra trazia ainda um outro inconveniente para a ordem escravista. A livre inter-
pretação das escrituras é um dos princípios básicos do protestantismo, mas a rigor ele só se 
efetiva quando é possível a cada pessoa ler a Bíblia. Ao alfabetizar os seus seguidores, Agosti-
nho dava-lhes um instrumento adicional de luta de enorme repercussões. Se adicionarmos a 
esse aprendizado os tais papéis sobre o Haiti e a ênfase nas passagens bíblicas que tratam da 
libertação dos escravos, pode-se entender que Agostinho era realmente um elemento perigoso 
para a ordem, por mais que Borges da Fonseca se esforçasse em provar o contrário.
Os escravos pernambucanos não estavam alheios às ideias francesas, presentes nas revoltas e 
tentativas de rebeliões do início do século XIX – como poderiam estar, depois da experiência 
do Haiti? Agora, ninguém era ingênuo de se envolver assim sem mais nem menos. Era preciso 
alguma esperança efetiva de ganho. Os escravos do Recife também não estiveram ausentes das 
demais manifestações urbanas ocorridas na primeira metade do século passado e que são par-
te do contexto político maior das disputas políticas locais.
Por seu protagonismoem muitos levantes liberais ocorridos em Pernambuco, os negros (es-
cravos ou forros, pardos, mulatos...) causavam medo e ofereciam grande perigo para a camada 
senhorial. Tanto que cantaram-se nas ruas os citadíssimos versos:
 
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Marinheiros e caiados
todos vão se acabar,
porque só pardos e pretos,
o Brasil hão de habitar.
http://people.ufpr.br/~lgeraldo/Fugadeescravos.jpg
Em outro evento ocorrido no Recife em 1824, em que não faltaram pardos pobres, negros e 
escravos entre os manifestantes, outros versos também foram entoados:
Qual eu imito a Cristovam,
esse imortal haitiano.
Eia! Imitai a seu povo,
Oh, meu povo soberano!
A cidade do Recife foi amordaçada durante a década de 1820. Mesmo assim não faltaram fugas 
de escravos e todas as demais formas de resistência comuns às sociedades escravistas. O fato 
mais importante desse período foi o apogeu do quilombo de Malunguinho, cuja vida e morte 
está intimamente ligada à história política e social de Pernambuco como um todo. Pode-se 
dizer que a expansão do quilombo é um dos resultados das brigas de branco entre 1817 e 1824, 
que abriram brechas no sistema, facilitando as fugas de escravos, inclusive urbanos. Onde havia 
mato, sempre houve gente escondida, mas um volume tão grande de quilombolas perto do 
Recife só pode ser entendido como resultado das fugas dos cativos dos proprietários que se 
envolveram naquelas duas insurreições. Começando quase que às portas das cidades gêmeas 
de Recife e Olinda, nos morros e florestas dos subúrbios a noroeste delas, os mocambos 
espalhavam-se pelas matas que serpenteavam entre os engenhos da zona da mata norte, 
conhecidas pelo nome de floresta do Catucá.
O quilombo de Malunguinho se fortalecia toda vez que as elites brigavam entre si, como em 
1817, 1824 e 1831-32, e feneceu no final do decênio de 1830, após a derrota da Cabanada 
(1832-1835). Enquanto durou, foi a alternativa mais radical para os cativos do Recife e da zona 
da mata seca, daí a sua importância para o entendimento da resistência escrava, não somente 
no interior, mas também no principal núcleo urbano da província.
Havia conexões entre os quilombolas e os escravos da cidade. Os quilombolas costumavam 
atacar os arrabaldes, principalmente a povoação de Beberibe, onde a água era límpida, e onde 
as escravas lavavam as roupas dos seus senhores e senhoras do Recife, para onde voltavam 
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depois, provavelmente de canoa, remadas por negros, muitas vezes cativos também. Isso indica, 
inclusive, que a conexão com os escravos da cidade podia também ser feita pelas mulheres.
Essas ligações entre os quilombolas e os demais escravos ficaram mais claras em 1827, quando o 
Conselho de Governo reuniu-se para tomar medidas efetivas contra o quilombo. Não era a primeira 
vez que isso acontecia, muito pelo contrário. Após ter debelado a Confederação do Equador, 
o general Lima e Silva marchou para o Catucá com toda a tropa disponível. Mas bastou a força ir 
embora para os mocambos voltarem a crescer. Na tal reunião de janeiro de 1827, a elite dirigente de 
Pernambuco temia que Malunguinho e seus seguidores tencionassem efetivamente atacar o Recife.
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Alguns escravos habilitados profissionalmente, fingindo-se de forros, fugiam para trabalhar 
em navios. Marinheiros escravos faziam a mesma coisa, mudando até de nome depois do 
desembarque. Essas pessoas tiveram um enorme papel na resistência escrava pois, ao repassar 
as notícias de rebeliões, terminaram influindo na conduta dos escravos de outros lugares. 
Alguns desses marinheiros negros cruzaram os mares, chegando a aprender outras línguas 
europeias, como era o caso de um negro jovem vindo de São Tomé, que fugiu no Recife em 
1831: era capaz de falar “inglês alguma coisa”.
Pode-se dizer que o quilombo do Catucá ditou o ritmo da resistência escrava no Recife. Após o 
seu fim, fugir para o mato perdeu muito do sentido para os escravos urbanos. As alternativas de 
resistência e sobrevivência mudaram. Enquanto existiu, foi o principal referencial da resistência 
escrava na província.
Alguns levantes urbanos ocorreram ainda nos anos de 1830, sendo reprimidos duramente. Mas 
não se esgota aí o tema dos levantes urbanos no Recife em que os negros e pardos participaram 
– e quem sabe até alguns brancos pobres, descendentes de portugueses ou açorianos modestos 
que imigravam aos montes para Pernambuco. A violência urbana renovou-se na década de 
1840, quando praieiros e conservadores disputavam o poder na província. Tendo que disputar 
as eleições, as lideranças partidárias mobilizavam sua clientela urbana, que terminava fugindo 
ao controle e aderindo à causa dos liberais radicais. Em torno de 1845, a agitação da população 
deslocada da cidade já era tanta que o cônsul americano chegou a dizer que a mob – a canalha 
– estava no poder.
 
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Foi muita correria pela cidade naqueles anos. Os escravos, todavia, são menos visíveis na docu-
mentação sobre aqueles episódios, devido ao rápido aumento da população livre depois da In-
dependência. Não obstante, justamente lá pela década de 1840, se solidificaria uma das formas 
de contestação mais criativas dos cativos do Recife: deixar-se acoitar ou roubar por alguém. 
Em outras palavras, procurar um outro patrão, tal como faziam e fazem os trabalhadores livres 
quando insatisfeitos. O que não falta nos anúncios de fuga daqueles anos são menções a um 
possível acoitamento dos cativos por pessoas livres.
Esses acoitamentos, todavia, não se davam por solidariedade – pensar assim seria idealizar de-
mais a relação senhor-escravo – mesmo admitindo que isso possa ter ocorrido em algumas ins-
tâncias, principalmente nos casos em que os próprios negros escondiam companheiros sendo 
perseguidos. Regra geral, os acoitamentos aconteciam por interesse do acoitador que ganhava 
um trabalhador sem ter que pagar por ele o preço de mercado.
O aspecto mais significativo dessa situação é a participação do escravo no processo. Era ele quem 
saía da casa do seu dono para se estabelecer noutra residência. Assim, a única e fundamental 
diferença de uma fuga como outra qualquer é a cumplicidade desse alguém livre, interessado em 
adquirir o cativo. Essa não era uma fuga para se tornar um quilombola, ou um fugitivo a mais se 
fingindo de forro pelas ruas, mas a busca por um senhor menos despótico e/ou disposto a respei-
tar alguns direitos que o fugitivo acreditava ter adquirido ou pensava em adquirir.
Também foi na década de 1840 que os roubos de escravos tornaram-se uma atividade corri-
queira em Pernambuco. Roubo, não furto. Como coisa que era, de acordo com a lei brasileira, 
ele não poderia ser furtado, mas somente roubado. Considerava assim a legislação que só era 
possível tomar um escravo alheio através da violência (como, por exemplo, nos casos de rapto 
de crianças) ou então através da persuasão do cativo. Na linguagem das ruas, utilizada nos jor-
nais e nas fontes policiais, o ladrão “seduzia” o cativo, oferecendo-lhe dinheiro ou outra vanta-
gem qualquer. De acordo com a lei, o senhor – a vítima aqui – ficava indefeso no momento em 
que o ladrão convencia o cativo a deixá-lo. Através de um artifício de lógica jurídica portanto, o 
direito considerava que essa persuasão equivalia a coação direta, uma vez que impossibilitava 
o legítimo proprietário de defender a sua posse. Assim, a legislação admitia claramente que, 
para um ser humano ser “roubado”, era preciso que o “objeto” do crime, o cativo, consentisse 
no roubo. Ficava tacitamente reconhecida a capacidade do escravo de interferir no ato ilícito, 
agindo em seu próprio benefício. Ao contráriode outros bens semoventes, o cativo dificilmen-
te poderia, sem consentimento, ser levado por outra pessoa.
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História – Cotidiano e Formas de Resistência Escrava em Pernambuco – Prof. Cássio Albernaz
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Na história do Recife, não há outro período de longa duração tão conturbado. A Insurreição de 
1817, as manifestações de rua de 1823 e 1824, a Setembrizada em 1831 e os mata-marinheiros 
entre 1844 e 1848 são parte desse contexto. Vale a pena repetir que, obviamente, nenhum 
desses episódios foi uma rebelião escrava. Todavia, eles têm relevância para o entendimento 
da história da escravidão na cidade e em Pernambuco como um todo. Não que os cativos, a 
partir dessa conjuntura, entendessem a existência de “contradições” no sistema – não é assim 
tão simples. Mas eles com certeza percebiam que os brancos também brigavam entre si. 
Muitas das fissuras do sistema foram escancaradas naqueles momentos de perigo. A rotina 
era quebrada. Reinava aquilo que os contemporâneos letrados chamavam nos jornais de 
“anarquia”, “algazarras”, “distúrbios” e outros termos semelhantes. Os escravos aproveitavam-
se das circunstâncias para avançarem suas lutas, em grupo ou individualmente.
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História 
CRISE DA LAVOURA CANAVIEIRA
Durante várias décadas, até meados do século XX, quando foi suplantado por São Paulo, Per-
nambuco foi o principal produtor nacional de açúcar. Até então, seus concorrentes mais impor-
tantes - Bahia e Rio de Janeiro - não conseguiram ultrapassá-lo.
Na segunda metade do século XVII, o triunfo alcançado pelo açúcar já não era mais o mesmo. 
Nessa época, os holandeses foram expulsos da região Nordeste – principal polo de fabricação 
do açúcar brasileiro – para empreender o cultivo de cana-de-açúcar nas Antilhas. Nesse con-
texto, Portugal não conseguiu fazer frente ao preço e à qualidade mais competitiva do açúcar 
antilhano. De tal modo, a produção açucareira entrara em crise. Podemos citar como principais 
causas da crise do açúcar:
- A União Ibérica (1580 a 1640), que estabeleceu o domínio da Espanha sobre Portugal e suas 
colônias. Este fato fez com que os espanhóis tirassem os holandeses da lucrativa atividade açu-
careira brasileira, expulsando-os do Nordeste brasileiro. Após este fato os holandeses passaram 
a produzir açúcar em suas colônias nas Antilhas.
- Os holandeses conheciam o processo de fabricação de açúcar e tinham o controle sobre a dis-
tribuição e comercialização deste produto. Logo, conseguiram conquistar os grandes mercados 
consumidores rapidamente, deixando o açúcar produzido no Brasil em segundo plano no mer-
cado internacional. A concorrência holandesa foi, portanto, uma das principais causas da crise 
do açúcar brasileiro no período colonial, pois eles conseguiram produzir açúcar mais barato e 
de melhor qualidade do que o brasileiro.
A crise do açúcar reduziu drasticamente os lucros dos senhores de engenho do Nordeste e tam-
bém diminuiu a arrecadação de impostos, provocando uma crise financeira em Portugal. A co-
roa portuguesa rapidamente agiu em busca de uma nova forma de exploração colonial. Neste 
sentido, a coroa portuguesa estimulou a produção de outros gêneros agrícolas no Brasil como, 
por exemplo, tabaco e algodão.
 
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Vale ressaltar que, apesar da crise, a produção e exportação de açúcar permaneceram como prin-
cipais atividades econômicas até o apogeu do Ciclo do Ouro (segunda metade do século XVIII).
Essa não seria a primeira e nem a última vez que a produção de açúcar brasileira viria a entrar em 
crise. A falta de condições para investimento e as várias oscilações experimentadas no mercado 
externo acabavam por deflagrar esses tempos de crise da economia açucareira. Apesar disso, não 
podemos nos esquecer que tal atividade econômica sempre figurou entre as mais importantes de 
nossa economia colonial. E, por isso, nunca chegou a entrar em uma crise definitiva que viesse a 
encerrar o negócio.
Engenho Espadas, em Pernambuco, no Brasil: um exemplo de engenho banguê em funcionamento na década de 1950
https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenho_de_a%C3%A7%C3%BAcar#/media/File:Engenho1.jpg
As inovações em escala internacional introduzidas no século XIX determinaram a necessidade de 
modernização da indústria açucareira, dando margem ao programa imperial de implantação de 
engenhos de maior produção. Assim, a partir de 1874 foram implementadas melhorias nos banguês, 
visando à produção de açúcar branco e demerara, surgindo então as fábricas de maior capacidade 
de produção. Quando eram de propriedade particular, chamavam-se usinas; quando de empresas 
comerciais, geralmente estrangeiras, denominavam-se engenhos centrais. O que distinguia umas 
das outras era que as usinas, sendo de propriedade de antigos senhores de engenho e de parentes 
e vizinhos associados, não separavam a produção da industrialização da cana e utilizavam a mão-
de-obra escrava, enquanto os engenhos centrais, subsidiados e com garantias de juros do capital 
aplicado pelo governo, tinham restrições quanto à posse de terras para a cultura da cana e à 
utilização da mão-de-obra escrava. A produção da cana a ser industrializada nos engenhos centrais 
era feita por proprietários de terra, antigos senhores de engenho que a vendiam ao engenho central, 
comprometendo-se a fornecer cotas anuais. Esses proprietários de engenho que desmontavam a 
sua indústria, eram chamados de fornecedores de cana, substituindo os banguezeiros.
http://3.bp.blogspot.com/_1dNjQ4O4_c8/TTO9xcs9SvI/AAAAAAAABXo/l9R4DXe_WX8/s1600/206b9985b54fb58
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História – Crise da Lavoura Canavieira – Prof. Cássio Albernaz
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Os engenhos centrais instalados em Pernambuco a partir de 1884 tiveram pequena duração. 
Muitos deles foram vendidos a usineiros, sobretudo após a proclamação da República, face ao 
poder político que os chefes regionais passaram a exercer após a descentralização promovida 
pelo 15 de novembro.
O processo de extinção dos engenhos banguês e a sua substituição por usinas e engenhos 
centrais iniciado no último quarto do século XIX foi lento a princípio. Posteriormente houve uma 
tal aceleração, que em 1914 já colocara em funcionamento cerca de 56 usinas. Os engenhos 
centrais foram fechados ou transformados em usinas após a proclamação da República.
Do século XVIII ao XIX o açúcar continuou a ter importância na economia do nosso país, embora 
o café viesse a se tornar o principal produto brasileiro. Mas pouco a pouco o açúcar perdeu 
mercado e foi deixando de ser a base de sustentação da nossa economia.
Outros acontecimentos que prejudicaram o açúcar brasileiro, já no século XIX, foram o 
Bloqueio de Napoleão Bonaparte contra os navios ingleses transportadores de açúcar do nosso 
continente para o mercado consumidor europeu e o aparecimento do açúcar de beterraba, o 
chamado “açúcar alemão”. Esse novo produto foi utilizado pelos países consumidores como um 
produto substituto ao açúcar da cana, ocorrendo o agravamento da crise do nosso açúcar e os 
maus efeitos decorrentes da monocultura latifundiária em nossa economia.
Assim, a partir de meados do século XVIII e durante todo o século XIX, o preço do açúcar 
permaneceu reduzido à metade. Sem recursos próprios para conter a desvalorização do açúcar 
o Governo de Portugal e os produtores portugueses mudam atenção para o café, no século XIX. 
http://3.bp.blogspot.com/_1dNjQ4O4_c8/TTPA7QShEAI/AAAAAAAABX4/_bBBs_kqQOw/s1600/Ciclos%252520-
%252520MUNDO%252520EDUCACAO.jpg
Dessa forma houve no próprio funcionamento do ciclo do açúcar, elementos negativos que 
impediram sua viabilidade ao progresso. Ocorrendo, então, o encerramento do monopólio da 
economia açucareira que manteve sua importância, porém deixou

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