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Livramento Condicional

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PROCEDIMENTO PARA CONCESSÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL 
LEGITIMIDADE DO JUÍZO PARA A CONCESSÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL O juízo competente para conhecer do Livramento Condicional é ojuízo da execução penal, ainda que a execução seja provisória, obrigatoriamente devendo ser conceida oportunidade de vistas ao processo ao Conselho Penitenciário(se a iniciativa do pedido não for dele próprio) e do Ministério Público para que possam emitir parecer, não sendo o parecer obrigatório, ou seja, o que a lei exige é que haja oportunidade para os referidos órgãos se manifestarem. Por tratar-se de sentença, a decisão do juiz conedendo ou não o Livramento Condicional deverá conter fundamentação(Arts. 381, CPP e 193, CF), até porque é cabível recurso de Agravo de Execução das partes(não tem efeito suspensivo, ou seja, o condenado é liberado mesmo tendo havido o recurso). Após o prazo do Recurso haverá a audiência admonitória, ocasião em que o condenado será advertido das condições do Livramento Condicionais e das conseqüências do não cumprimento destas. O sentenciado não é obrigado a aceitar o Livramento Condicional. 
LEGITIMIDADE PARA POSTULAR O LIVRAMENTO CONDICIONAL(ART. 712, CPP) Têm legitimidade para postular o Livramento Condicional: 
- Sentenciado; 
- Cônjuge(ou convivente); 
- Qualquer parente ; 
- Conselho Penitenciário 
CONDIÇÕES DO LIVRAMENTO CONDICIONAL 
1)- CONDIÇÕES LEGAIS(OBRIGATÓRIAS) - São condições que o juiz é obrigado a impor(Art. 132, § 1º, lei 7210/84 -LEP): 
a)- Obter ocupação lícita dentro de prazo razoável, se for apto para o trabalho, ou seja, a deficiência física não impede o Livramento Condicional; 
b)- Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação, a fim de possibilitar ao juiz um acompanhamento mais próximo do liberado; 
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c)- Não mudar do território da comarca do juízo da execução(não é da cidade, mas sim de todo o território abrangido pela comarca), sem prévia autorização deste, a fim de limitar o espaço territorial em que o sentenciado pode cumprir a Liberdade Condicional. 
2)- CONDIÇÕES JUDICIAIS(FACULTATIVAS) - São aquelas previstas no Art. 132 da LEP, ficam a critério do juiz aplica-las ou não, levando em consideração a conveniência em razões do crime e em razão da pessoa condenada, a fim de que o liberado seja melhor observado e haja uma maior garantia para a sociedade. São Condições Judiciais(rol exemplificativo): 
a)- Não freqüentar determinados lugares; 
b)- Recolher-se à sua residência em hora fixada; 
c)- Não mudar de residência(endereço) sem autorização do juízo. 
OBS. Da mesma forma das condições do Sursis, não podem ser impostas para o Livramento Condicional, condições vexatórias, ociosas ou inconstitucionais. 
ALTERAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO LIVRAMENTO CONDICIONAL De forma fundamentada pelo juiz, as condições podem ser modificadas, sendo até mesmo exacerbadas. 
CONSEQUÊNCIA EM RAZÃO DO NÃO CUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES DO LIVRAMENTO CONDICIONAL Haverá a revogação do Livramento Condicional se as condições deixarem de ser cumpridas ou mesmo se surgirem fatos para tal, voltando a pena a ser cumprida na prisão. 
ESPÉCIES DE REVOGAÇÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL 
1)- REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA(ART. 86, CP) - Ocorre a requerimento do MP, Conselho Penitenciário e o próprio Juiz, de ofício, pode determinar a revogação. O sentenciado sempre terá que ser ouvido antes da revogação. São as seguintes as causas de revogação obrigatória: 
a)- Se o liberado for definitivamente condenado à pena privativa de liberdade por crime(doloso ou culposo)cometido durante o período de prova; 
EFEITOS DA REVOGAÇÃO POR CONDENAÇÃO DEFINITIVA POR CRIME COMETIDO DURANTE O PERÍODO DE PROVA 
- Não se computa na pena o tempo em que o sentenciado esteve solto, ou seja, ele perde todo o período em que ficou em Livramento Condicional(ex.: o sentenciado tinha um período de prova de 5 anos. Passados 3 anos ele comete um novo crime pelo qual é condenado definitivamente faltando um mês para terminar o período de prova. Nesse caso, ele voltará para a prisão e terá que cumprir os 5 anos); 
- Não se concederá, em relação à mesma pena, novo Livramento Condicional, ou seja, sobre aquela pela que o sentenciado estava cumprindo Livramento Condicional não será concedido um novo período de prova. O que pode ocorrer é aquela antiga pena ser cumprida e depois disso o condenado postular Livramento Condicional para a nova pena. 
b)- Se o liberado for condenado definitivamente à pena privativa de liberdade por crime(doloso ou culposo)cometido antes do período de prova. 
EFEITOS DA REVOGAÇÃO POR CONDENAÇÃO ANTES DO PERÍODO DE PROVA 
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- O período de prova é computado como tempo de cumprimento da pena(ex.: o sentenciado foi condenado a pena de 6 anos. Cumpriu 2 anos e saiu em Livramento Condicional de 4 anos(restante da pena). Passados 3 anos o sentenciado é condenado definitivamente com pena de 2 anos por crime praticado antes do período de prova. Nesse caso, ele voltará à prisão e cumprirá somente mais 1 ano). Porém, é possível a manutenção do Livramento Condicional, ou seja, somando-se as duas penas e sendo possível o Livramento Condicional este poderá ser mantido. Dessa forma, considerando o exemplo, soma-se 2 + 6 anos(totalizando 8 anos). Digamos que seja reincidente por crime doloso, por isso terá que cumprir 4 anos para ter o Livramento Condicional. Como ele já cumpriu 5 anos(sendo 3 no período de prova e 2 na prisão), o Livramento Condicional pode ser mantido, embora seja causa de revogação obrigatória. 
OBSERVAÇÕES SOBRE A REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA 
- O cometimento do crime e a instauração do processo não autorizam a revogação, porém, a lei autoriza a suspensão do Livramento Condicional(é faculdade de juiz de forma fundamentada), ficando a revogação dependendo da decisão final do processo(Art. 145, lei 7210/94 - LEP); 
- Como a lei se refere apenas a crime, não dizendo se é por crime doloso ou culposo, se o sentenciado for condenado definitivamente por crime culposo à pena privativa de liberdade, mesmo assim a revogação ocorre, ou seja, pouco importa se o crime é culposo ou doloso, o que importa é ser crime; 
- Não é possível a revogação do Livramento Condicional quando o crime for cometido após o término do período de prova, ainda que não haja sentença declarando extinta a pena(ex.: Depois de ter cumprido o período de prova e o juiz ainda não ter declarado extinta a pena o sentenciado cometeu um crime doloso. Nesse caso, o juiz não pode deixar de declarar a pena extinta, isto porque a sentença de extinção de pena é declaratória). 
2)- REVOGAÇÃO FACULTATIVA(ART. 87, CP) - E aquela em que o juiz pode ou não manter o Livramento Condicional. Segundo interpretação do Prof. Mirabete, o Art. 140 da LEP dispõe que, em qualquer das hipóteses de Revogação Facultativa, o juiz tem as seguintes opções: 
a)- Ou revogar o Livramento Condicional; 
b)- Ou advertir o liberado; 
c)- Ou modificar as condições do Livramento Condicional. 
CONDIÇÕES PARA A REVOGAÇÃO FACULTATIVA DO LIVRAMENTO CONDICIONAL 
a)- Quando o liberado deixar de cumprir qualquer das condições constantes na sentença concessiva, pouco importando que sejam condições obrigatórias(legais) ou facultativas(judiciais); 
EFEITOS DA CAUSA DE REVOGAÇÃO QUANDO O LIBERADO DEIXA DE CUMPRIR AS CONDIÇÕES CONSTANTES DA SENTENÇA CONCESSIVA 
- Não se computa na pena o tempo em que o liberado esteve solto; 
- Não se concederá novo Livramento Condicional sobre a mesma pena; 
b)- Quando o liberado é definitivamente condenado por crime ou contravenção penal a pena que não seja privativa de liberdade(multa ou pena restritiva de direitos). Portanto, se o liberado foi condenado por crime ou contravenção penal a pena de multa ou a pena restritiva de direito, será possível a revogação facultativa. 
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EFEITOS DA CAUSA DE REVOGAÇÃO QUANDO O LIBERADO É CONDENADO POR CRIME OU CONTRAVENÇÃO PENAL À PENA QUE NÃO SEJA RESTRITIVA DE LIBERDADE 
a)- CONDENAÇÃO DEFINITIVA POR CRIME OU CONTRAVENÇÃO DURANTE O PERÍODO
DE PROVA 
- Não se computa o tempo de Livramento Condicional como de efetivo cumprimento; - Não se 
concederá novo livramento sobre esta pena. 
 b)- CONDENAÇÃO DEFINITIVA POR CRIME OU CONTRAVENÇÃO ANTES DO PERÍODO DE PROVA 
- É computado na pena o tempo em que o liberado esteve solto; 
- É possível novo livramento condicional pelo restante da pena unificada, ou seja, poderá ser mantido o Livramento Condicional quando unificada a pena. 
OBS.: Da forma em que estavam colocados os efeitos da causa de revogação no caso de condenação por crime ou contravenção à pena que não seja restritiva de liberdade, não tinha sentido(foi alterado o resumo). Na verdade trata-se de condenação definitiva por crime ou contravenção cometidos durante o período de prova e condenação definitiva por crime ou contravenção cometidos antes do período de prova, o que, alías, considerando-se os efeitos da revogação obrigatória, é o lógico. 
AULA 7/3(28/08/06) 
NO CASO DE CONDENAÇÃO À PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR CONTRAVENÇÃO PENAL DURANTE O PERÍODO DE PROVA, OCORRE A REVOGAÇÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL? É CAUSA DE REVOGAÇÃO FACULTATIVA OU CONDICIONAL? A doutrina entende que houve falha do legislador em não prevê a hipótese de revogação quando for condenação à pena privativa de liberdade por contravenção penal, ou seja, foi prevista apenas a revogação por crime(obrigatória) e revogação em caso de contravenção com pena diferente de privativa de liberdade. Dessa forma, existem duas correntes doutrinárias a respeito da matéria: 
1)- MAIORIA DA DOUTRINA(PRFS. MIRABETE, C. ROBERTO BITENCOUT E FERNANDO CAPEZ) - Entende que é hipótese de revogação facultativa, porque na exposição de motivos do código penal(item 76) o legislador foi expresso em manifestar a intenção de a contravenção penal ensejar revogação facultativa, pouco importante se a pena aplicada foi privativa de liberdade ou restritiva de direito. Além do mais, se entende ser um contra senso haver revogação se aplicada uma pena mais branda(restritiva de direito ou multa) e não ser possível a revogação se aplicada uma pena mais grave; 
2)- DOUTRINA MINORITÁRIA(PROFS. DAMÁSIO E FLÁVIO AUGUSTO M. DE BARROS) - Entende que havendo condenação por contravenção penal e a pena seja restritiva de liberdade não há revogação(nem facultativa e nem obrigatória), porque não se pode fazer interpretação extensiva em caso de omissão do legislador que venha eventualmente a desfavorecer o sentenciado. 
PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE PROVA NO LIVRAMENTO CONDICIONAL(ART. 89, CP) É a hipótese em que o sentenciado, praticando um crime durante o cumprindo da pena em liberdade condicional, terá o período de prova prorrogado, estendido, não persistindo(durante a prrrogação), 
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porém, as condições do livramento condicional. A prorrogação dura até o trânsito em julgado da sentença referente ao processo que ensejou a prorrogação. 
SE DURANTE O PERÍODO DE PROVA O SENTENCIADO FOR PROCESSADO POR CRIME PRATICADO ANTES DO PERÍODO DE PROVA, OCORRERÁ A PRORROGAÇÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL? Não, porque só ocorre a prorrogação em razão de processo decorrente de crime praticado durante a vigência do livramento condicional, porque havendo a revogação o sentenciado perde o tempo do período de prova que havia cumprido. 
SE O SENTECIADO ESTIVER SENDO PROCESSADO EM RAZÃO DE CONTRAVENÇÃO PENAL PRATICADA DURANTE A VIGÊNCIA DO LIVRAMENTO CONDICIONAL, HAVERÁ A PRRROGAÇÃO DO PERÍODO DE PROVA? Hoje está pacificado na doutrina que nesse caso não ocorre a prorrogação, porque esta só é possível em razão da prática de crime. 
LIVRAMENTO CONDICIONAL EM FAVOR DE ESTRANGEIRO Em razão do Princípio da Isonomia(Art. 5º, caput, CF) o livramento condicional, em regra, pode ser concedido ao estrangeiro, os seja, tanto brasileiro nato, naturalizado e estrangeiros são tratados e forma igualitária. São exceções à concessão de livramento condicional ao estrangeiro: 
- Estrangeiro em situação irregular no país, isto porque o estrangeiro irregular não pode trabalhar no Brasil e como uma das condições para a concessão do livramento condicional é ter o condenado condições de conseguir ocupação lícita em prazo razoável para a sua subsistência, evidentemente não há como ser concedido o livramento condicional; 
- Havendo processo de extradição ou expulsão do estrangeiro do país. 
EXTINÇÃO DA PENA APÓS O CUMPRIMENTO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL Sendo cumprido o período de prova do livramento condicional sem que haja revogação ou prorrogação, o juiz declara extinta a pena, sendo a sentença que extingue a pena de natureza declaratória. 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO A sentença penal condenatória possui dois efeitos: 
1)- EFEITO PRINCIPAL - Aplicação de uma pena(privativa de liberdade, restritiva de direito ou multa), ou eventualmente uma medida de segurança. A sentença condenatória transforma o preceito sancionador da norma penal incriminadora de abstrato em concreto; 
2)- EFEITOS SECUNDÁRIOS(REFLEXOS OU ACESSÓRIOS) - Podem ser: 
a)- DE NATUREZA PENAL - Traz como conseqüências a configuração de maus antecedentes ou eventualmente reincidência, gera a revogação do sursis e do livramento condicional, provoca a perda do direito à reabilitação, impede a transação penal nos crimes de menor potencial ofensivo. 
b)- DE NATUREZA EXTRA PENAL - São aqueles de natureza diversa da penal, ou seja, não cominam uma pena. Os efeitos secundários de natureza extra penais estão previsto n o CP e nas leis extravagantes(ex.: Código de Trânsito, Lei de Tóxicos, etc.). São os efeitos extra penais previstos no Código Penal que serão estudados no decorrer do Curso. 
- Natureza Cível(ex.: condenação de reparar o dano). 
- Natureza Administrativa(ex.: condenação de perda do cargo público, perda da carteira de habilitação, etc.). 
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- Natureza Trabalhista(ex.: o empregado pode ser dispensado por justa causa se tiver uma condenação penal). 
- Natureza Política(ex.: com a condenação, enquanto não for extinta apena ficam suspensos os direitos políticos). 
EFEITOS SECUNDÁRIOS EXTRA PENAIS PREVISTOS NO CÓDIGO PENAL(ARTS. 91 E 92, CP) 
a)- EFEITOS SECUNDÁRIOS GENÉRICOS - São aqueles que decorrem de qualquer sentença penal condenatória e não precisam ser expressamente declarados na sentença, ou seja, são efeitos automáticos de toda e qualquer condenação penal(ex.: a condenação pura e simples já determina a reparação do dano, a perda dos instrumentos utilizados na prática do crime, etc.; o juiz não precisa expressamente declarar os efeitos na sentença, eles já decorrem de lei). 
b)- EFEITOS SECUNDÁRIOS ESPECÍFICOS - São aqueles que decorrem de condenação criminal pela prática de determinados crimes e em situações específicas devendo ser motivadamente declarados na sentença condenatória(ex.: Perda da função pública. O juiz só pode aplicar este efeito na sentença condenatória na hipótese de determinado crime e em determinadas situações específicas; a perda do poder familiar só pode ocorrer quando o agente praticar crime doloso contra filho, tutelado e curatelado e a pena seja de reclusão, etc.). 
EFEITOS SECUNDÁRIOS EXTRA PENAIS GENÉRICOS A sentença condenatória gera os seguintes efeitos extra penais genéricos: 
1)- QUANTO À REPARAÇÃO DO DANO 
a)- TORNA CERTA A OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO CAUSADO PELO CRIME(ART. 91, I, CP); 
b)- CONSTITUI TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL(ART. 584, III, CPC); 
c)- FAZ CERTA A OBRIGAÇÃO DE REPARAÇÃO DO DANO(ART. 63, CPP) - Significa que a sentença condenatória dá a certeza necessária para a execução, não havendo necessidade de ação de conhecimento; 
d)- OBRIGA A REPARAÇÃO DO DANO(ART. 186, CC) - É uma responsabilidade aquiliana(extra-contratual). Sigifica que a condenação obriga aquele que praticou ato ilícito a reparar o dano(tanto material como moral).A reparação do dano será exigida através de ação de execução(a sentença constitui título executivo judicial), pois a sentença penal não fixa valor, apenas configura a obrigação da reparação por aquele que praticou o ilícito.
QUESTÕES PERTINENTES AOS EFEITOS EXTRA PENAIS GENÉRICOS QUANTO À REPARAÇÃO DO DANO 
a)- NO CASO DA SENTENÇA PENAL SÓ IMPOR MEDIDA DE SEGURANÇA, COMO SOLUCIONAR A QUESTÃO, EXISTE O DEVER DE REPARAÇÃO DO DANO? Depende da medida de segurança aplicada. Se for aplicada ao semi-imputável será configurada a obrigação de reparação do dano porque neste caso a sentença é de natureza condenatória(apenas substitui a pena privativa de liberdade), mas se a medida de segurança for aplicada ao inimputável não haverá obrigação de reparação do dano, isto porque a sentença é de natureza absolutória imprópria(apesar de absolver, aplica uma medida de segurança); 
b)- NO CASO DE SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DA TRANSAÇÃO PENAL(ART. 76, LEI 9099/050), EXISTE O DEVER DE REPARAÇÃO DO DANO? 
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A sentença da transação penal não faz certa a obrigação de reparação do dano, porque ela não é sentença condenatória, mas sim homologatória(não discute mérito e não gera reincidência). O Prof. Mirabete classifica como sentença condenatória imprópria, mas a maioria da doutrina entende tratar-se de sentença homologatória; 
c)- NO CASO DE SOBREVIR ABSOLVIÇÃO DO CONDENADO EM SEDE DE REVISÃO CRIMINAL(DESCONTITUI A COISA JULGADA), COMO PROCEDER COM O QUE FOI REPARADO? Não tendo ainda havido pagamento, nada será pago e se o pagamento tiver ocorrido, aquele que pagou indevidamente terá direito de repetição do indébito, ou seja, terá o direito de ter o ressarcimento daquilo que foi pago indevidamente. 
d)- NO CASO DE ANISTIA E "ABOLITIO CRIMINIS", EXISTE O DEVER DE REPARAR O DANO? Tanto no caso de anistia como no caso de "abolitio criminis" desaparecem todos os efeitos da sentença condenatório(principal e secundários), porém permanecendo todos os efeitos extra penais secundários(ex.: o adultério deixou de ser crime, mas continua sendo ilícito civil, ou seja, o adultério é causa de dissolução do casamanto). 
AULA 8/3 (04/09/06) 
e)- POSSIBILIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO EXECUTAR A SENTENÇA CONDENATÓRIA NA ÁREA CÍVEL PARA REPARAR O DANO DECORRENTE DO CRIME(ART.68, CPP) Sendo a vítima pobre, o MP pode promover a ação de execução da sentença condenatória ou a ação cível para a reparação do dano. Este dispositivo do Art. 68 do CPP padece de Inconstitucionalidade Progressiva, ou seja, gradativamente a norma vai se transformando em inconstitucional, isto porque é a Defensoria Pública(criada pela Constituição de 1988) o órgão competente para defender os direitos e interesses daqueles sem condições de pagar advogado, mas o referido órgão ainda não existe em todos os Estados e à partir do momento em que esteja funcionando em todo o Brasil o Art. 68 do CPP se tornará totalmente inconstitucional. 
f)- A CONDENAÇÃO À PENA DE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA TEM ALGUMA A RELAÇÃO COM A REPARAÇÃO DO DANO NA ESFERA CÍVEL? Há relação, porque o Art. 45 do CP dispõe que o valor pago a título de prestação pecuniária será abatido da reparação do dano, ou seja, o valor pago será abatido do valor da indenização devida à vítima. 
g)- PENA DE MULTA É ABATIDA DO VALOR DA INDENIZAÇÃO? Pena de Multa não é abatida, somente pode ser abatida a Prestação Pecuniária(que é uma pena restritiva de direito, substitutiva à pena privativa de liberdade). 
h)- NA HIPÓTESE DE MORTE DO RÉU A EXECUÇÃO CÍVEL PARA A REPARAÇÃO DO DANO É POSSÍVEL, OU É EXTINTA A OBRIGAÇÃO DE REPARAÇÃO? Sim, é possível a execução para a reparação do dano mesmo após a morte do réu, porque a obrigação se transmite aos herdeiros na medida da força da herança, uma vez que neste caso não é aplicado o Princípio da Personalidade(não é pena que está sendo transferida). 
i)- "ACTIO CIVILIS EX DELICTIO"(AÇÃO CIVIL EM RAZÃO DO CRIME) A regra é que a responsabilidade penal e a responsabilidade civil são independentes. Se a pessoa é condenada no crime faz coisa julgada no cível, mas se o réu for absolvido no crime faz coisa julgada no cível em alguns casos e outros casos não faz coisa julgada. 
HIPÓTESES EM QUE A SENTENÇA ABSOLUTÓRIA NO CAMPO PENAL NÃO FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL 
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a)- Se a sentença absolutória for em razão de insuficiência de provas - Nesse caso não faz coisa julgada no cível, portanto é possível que o ofendido ingresse com ação cível de reparação do dano, até porque no cível pode ser que haja provas que sejam suficientes para ser julgada procedente a ação. 
b)- Se a sentença absolutória for em razão do fato não constituir crime(Art. 386, CPC) - Nesse caso não faz coisa julgada no cível, portanto é possível o ofendido ingressar com ação cível de reparação do dano, até porque pode não ser ilícito penal mas pode ser ilícito civil. 
HIPÓTESES EM QUE A SENTENÇA ABSOLUTÓRIA NO CAMPO PENAL FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL 
a)- Se a sentença absolutória for em razão da inexistência do fato(Art.. 66, CPP) - Faz coisa julgada no cível, ou seja, nesse caso não é possível que o ofendido ingresse com ação civil de reparação do dano. 
b)- Se a sentença absolutória for em razão do réu não ter sido o autor do fato(Art. 935, CC) - Faz coisa julgada no cível não sendo o réu o autor do fato, portanto, não pode o ofendido ingressar com ação civil de reparação do dano. 
SOBRESTAMENTO DA AÇÃO CIVIL(ART. 64, § ÚNICO, CPP) A fim de evitar decisões contraditórias, há a possibilidade de o juiz cível sobrestar a ação até que seja conhecida a sentença na área penal.contraditórias. Porém, eventualmente ocorrendo condenações contraditórias no cível e no penal, como, por exemplo, o réu foi condenado na área penal e absolvido no cível, o STJ e jurisprudência têm entendido que deve prevalecer a condenação ocorrida na área penal, isto porque no processo penal se busca a verdade real, portanto terá a obrigação de reparar o dano se foi condenado pelo crime. 
c)- Quando o réu por absolvido por excludente de ilicitude(legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito) - Arts. 188, I e II, CC e 65, CPP - A absolvição por excludente de ilicitude, em regra faz coisa julgada no cível, portanto se o réu agiu amparado por uma excludente de ilicitude a vítima não pode ingressar com ação cível de reparação do dano. Em relação a essa hipótese há duas exceções: 
EXCEÇÕES À REGRA DE COISA JULGADA NO CÍVEL POR EXCLUDENTE DE ILICITUDE(ARTS. 929 e 930, CC) Mesmo tendo o réu agido respaldado por excludentes de ilicitudes, ele terá que reparar o dano nas seguintes hipóteses: 
- Se a pessoa lesada ou o dono da coisa, no caso da hipótese de estado de necessidade, não foi culpada pelo perigo(não deu causa à situação de perigo) terá direito à reparação do dano - Nesse caso, mesmo tendo agido em estado de necessidade e sendo absolvido em razão de excludente de ilicitude o agente terá que reparar o dano, podendo, no entanto, se voltar regressivamente contra aquele que efetivamente deu causa à situação de perigo, a fim de obter o ressarcimento. Exemplo: João teve a roupa incendiada num acidente provocado por Manoel. Desesperado para apagar o fogo João pega um aquário contendo um valioso peixe pertencente a José e utiliza toda a água provocando a morte do peixe. João agiu em estado de necessidade e será absolvido, porém, terá a obrigação de reparar o dano sofrido por José(indenizar pela morte do peixe), podendo exigir o ressarcimento por parte de Manoel(que deu causa ao perigo)através de ação regressiva. 
- Se em legítima defesa, por erro na execução ou "aberratio criminis" a pessoa causar dano a um terceiro será absolvida, mas terá a obrigação de reparar o dano e ingressar com ação regressiva contra o agressor. Exemplo:"A", defendendo-se de agressão atual, iminente e injusta de "B", desfere dois tiros. Um tiro acerta o agressor("B") e o segundo tiro acerta e causa lesão em "C". Apesar de"A" ter agido em legítima defesa e ser absolvido em razão disso, terá a obrigação de reparar o dano sofrido por "C", mas através de ação regressiva poderá exigir o ressarcimento por parte de "B"(agressor). 
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EXEMPLO DA EXCEÇÃO EM CASO DE LEGÍTIMA DEFESA "Tício" agride
injustamente "Mévio". Este em legítima defesa atira contra "Tício" vindo a matar "Caio". Processado, "Mévio" é absolvido em face da legítima defesa real. Os herdeiros de "Caio" podem exercer a ação civil de reparação do dano com relação à "Mévio", isto porque a agressão em relação a ele não foi perpetrada por "Caio", assim , apesar do crime ser considerado justificável(lícito) deverá "Mévio" reparar o dano, ficando, contudo, com direito regressivo contra o autor da injusta agressão(Tício). 
OBSERVAÇÕES 
MORTE OU LESÃO DO AGRESSOR, TERÃO SEUS HERDEIROS DIREITO A INDENIZAÇÃO? Os herdeiros não terão direito, porque aquele que agiu em legítima defesa o fez de forma lícita, portanto seria ilógico aquele que se defendeu ainda ter que indenizar. 
EM CASO DE ABSOLVIÇÃO EM RAZÃO DE EXCLUDENTES DE CULPABILIDADE(COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL, OBEDIÊNCIA À ORDEM NÃO MANIFESTAMENTE ILEGAL, EMBRIAGUÊS, CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR, INIMPUTABILIDADE EM RAZÃO DE DOENÇA MENTAL OU MENORIDADE), EXISTE O DEVER DE INDENIZAR(REPARAR O DANO), FAZ COISA JULGADA NO CÍVEL?

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