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RESUMO Regime Jurídico dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo

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RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
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RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
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SUMÁRIO 
CAPÍTULO 1. SERVIDORES PÚBLICOS: ESPÉCIES, CARGO, EMPREGO 
E FUNÇÃO. PROVIMENTO E VACÂNCIA À LUZ DO ESTATUTO PAULISTA 
CAPÍTULO 2. REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO 
ESTADO DE SÃO PAULO 
CAPÍTULO 3. O REGIME TRABALHISTA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
ESTADUAL 
CAPÍTULO 4. OS SERVIDORES TEMPORÁRIOS DO ESTADO DE SÃO 
PAULO: ANÁLISE DA LEI Nº 500/74, DA CF/88, DA CONSTITUIÇÃO DO 
ESTADO DE SÃO PAULO DE 1989 E DA LEI Nº 1093/2009 
CAPÍTULO 5. OS ADICIONAIS TEMPORAIS DOS SERVIDORES 
PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO: QUINQUÊNIO E SEXTA-PARTE 
CAPÍTULO 6. A EXTENSÃO DE GRATIFICAÇÕES AOS SERVIDORES 
INATIVOS E A LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N° 1.080/2008 
CAPÍTULO 7. O ADICIONAL DE INSALUBRIDADE NA ADMINISTRAÇÃO 
PAULISTA 
CAPÍTULO 8. DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR À LUZ DA 
LEI ESTADUAL nº 10.261/68 (alterada pela Lei Complementar nº 942/2003) 
CAPÍTULO 9. VISÃO GERAL DO REGIME DE Previdência SOCIAL DO 
SERVIDOR PÚBLICO ESTATUTÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO 
CAPÍTULO 10. COMPLEMENTAÇÕES DE APOSENTADORIA E PENSÃO 
NO ESTADO DE SÃO PAULO: CONFLITOS DE NATUREZA TRABALHISTA E 
EMPRESARIAL 
CAPÍTULO 11. APOSENTADORIA ESPECIAL E O SERVIDOR PÚBLICO 
 
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CAPÍTULO 1. SERVIDORES PÚBLICOS: ESPÉCIES, CARGO, 
EMPREGO E FUNÇÃO. PROVIMENTO E VACÂNCIA À LUZ DO 
ESTATUTO PAULISTA 
 
1. INTRODUÇÃO 
 Servidores públicos são uma espécie do gênero “agentes públicos”, 
que conforme a classificação de Helly Lopes Meirelles: “são todas as pessoas 
físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício de alguma 
função estatal.” 
 No estudo em análise são abordados, à luz da Constituição Federal e 
das Leis de regência estaduais, em especial a Lei estadual nº 10.261/68 e Lei 
Complementar estadual 180/78, alguns dos temas relacionados a essa espécie 
de agentes públicos. 
2. SERVIDORES PÚBLICOS. REGIMES JURÍDICOS E ESPÉCIES 
 Servidores públicos (ou agentes públicos, na classificação de Helly 
Lopes Meirelles) são todos aqueles que se vinculam ao Estado ou às entidades 
da Administração Indireta “por relações profissionais, sujeitos à hierarquia 
funcional e ao regime jurídico determinado pela entidade estatal a que 
servem.”1 São três categorias: 
a) Servidores estatutários: ocupam cargos públicos na Administração, 
sujeitos ao regime estatutário, com ingresso mediante concurso público 
(art. 37, II CF). A Lei complementar 180/78 diz que: “funcionário é a 
pessoa legalmente investida no cargo público” (art. 5º,IV). A CF a partir 
das ECs 19 e 20 de 1998 passou a utilizar o termo “servidor público” 
para identificar o titular de cargo efetivo. 
São enquadrados também nessa categoria por força constitucional: (i) 
os membros da magistratura, do MP, Tribunal de Contas, da Advocacia 
Pública e Da defensoria pública; (ii) os ocupantes de cargos necessários 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
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  Hely	
  Lopes	
  Meirelles,	
  Direito	
  Administrativo	
  Brasileiro,	
  p.	
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à administração da Justiça (art. 96, I, ‘e’ CF) e (iii) os servidores que 
desenvolvam atividades exclusivas de Estado (art. 247, CF) 
b) Empregados Públicos: contratados sob o regime da legislação 
trabalhista e ocupantes de emprego público. 
Embora sujeitos à legislação trabalhista, submetem-se a todas as 
normas constitucionais referentes a requisitos para a investidura, 
acumulação de cargos, vencimentos, entre outras previstas no Capítulo 
VII, do Título III da CF. Necessária a submissão prévia a concurso 
público, sob pena de nulidade da contratação (Súmula 363 TST). 
Servidores de empresas públicas, sociedades de economia mista e 
fundações públicas de direito privado regem-se pela legislação 
trabalhista. 
c) Servidores Temporários: admitidos para atender à necessidade 
temporária de excepcional interesse público, nos termos dispostos no 
art. 37, IX CF (art. 115, X da Constituição Estadual), mediante regime 
especial a ser disciplinado em lei de cada ente federativo, exercem 
função sem estarem vinculados a cargo ou emprego público. 
 
 No estado de São Paulo era disciplinado pela Lei nº 500/74, de forma 
contrastante à CF. Em 2009 o Estado disciplinou a contratação dos 
temporários com a promulgação da Lei Complementar nº 1.093/2009, 
regulamentando as hipóteses de contratação temporária previstas no art. 115 
da Constituição Estadual, mediante processo seletivo simplificado (art. 2º da 
LC), vinculando o contrato ao RGPS (art. 20 LC) e vedou a admissão de 
pessoal com fundamento na Lei 500/74, determinando ainda que as 
contratações à luz da Lei 500/74 após o advento da LC 1010/2007 estarão 
automaticamente extintas findo o prazo de contratação ou na falta, após o 
decurso de 12 meses da publicação da LC 1093/2009. 
 O STF já decidiu que não pode a Administração Pública se valer de 
contratação temporária para prover cargos de carreiras típicas de estado 
(exemplo Defensoria – ADI 2229/ES e ADI 3700/RN) 
 
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3. CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO. 
 Cargo público => é o lugar dentro da organização funcional da 
Administração Direta e de suas autarquias e fundações que, ocupado por 
servidor público, tem funções específicas e remuneração fixadas em lei. Ar. 5º, 
II LC 180/78. 
 Emprego Público => usada para identificar o vínculo trabalhista. O 
ocupante de emprego público tem vínculo contratual, sob regência da CLT. 
 Função => é o conjunto de atribuições às quais não corresponde um 
cargo ou emprego. Todo cargo pressupõe uma função, mas nem toda função 
pressupõe um cargo. 
 Sob a ótica da atual Constituição, admitem-se duas espécies de 
funções: (i) exercida por servidores temporários (art. 37, IX) e, (ii) de confiança, 
de natureza permanente, destinadas às atribuições de direção, chefia e 
assessoramento (art. 37, V), que deverão ser ocupadas exclusivamente por 
servidores detentores de cargo efetivo. 
 Regime jurídico único => instituído originariamente pela CF/88, no 
art. 39. Houve alteração pela EC 19/98, que deixou de exigir o regime jurídico 
único. Porém, o STF, no julgamento da ADI 2135/DF, suspendeu a eficácia do 
caput do art. 39, na nova redação conferida pela EC 19, de modo que voltou a 
valer o regime jurídico único para a Administração Direta, autarquias e 
fundações públicas. 
4. CLASSIFICAÇÃO DOS CARGOS. 
 A classificação adotada pelo livro é de Celso Antonio Bandeira de 
Mello. 
 Quanto à posição no quadro podem ser: a) de carreira – permitem 
progressão funcional dos servidores através de diversas classes; b) isolados – 
inviabilizam a progressão. 
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 Quanto à retenção dos ocupantes, podem ser: 
a) Efetivos – providos mediante concurso público, assegurado ao 
servidor, após 3 anos de efetivo exercício, a estabilidade (art. 41, CF). A 
perda do cargo somente poderá se dar por sentença judicial transitada 
em julgado, por processo administrativo em que lhes seja assegurada a 
ampla defesa ou por procedimento de avaliação periódicade 
desempenho. 
b) Vitalícios – oferecem maior garantia de permanência aos ocupantes, 
já que a destituição somente será possível mediante sentença judicial 
transitada em julgado. São vitalícios membros da magistratura, do MP, 
do Tribunal de Contas. A vitaliciedade será assegurada após 2 anos de 
efetivo exercício (exceto nos casos dos conselheiros do TC e dos 
membros dos tribunais oriundos do quinto constitucional, quando será 
adquirida concomitantemente à investidura). 
c) Em comissão – de livre provimento (art. 37, II CF), são nomeados em 
virtude da relação de confiança. Destinados às atribuições de direção, 
chefia e assessoramento, e devem ser ocupados por servidores de 
carreira (efetivos), nos casos, condições e percentuais mínimos 
estabelecidos por lei (art. 37, V). 
 Atentar para a Súmula vinculante nº 13 que veda o nepotismo. Tal 
proibição não alcança os servidores titulares de cargos de provimento efetivo 
ou vitalício. E ainda não alcança a nomeação de ministros de estado, 
secretários de Estado e dos Municípios, por se tratarem de cargos de natureza 
política. 
 No âmbito estadual, o assunto é disciplinado pelo Decreto nº 
54.376/2009, excluindo da proibição a nomeação de Secretários de Estado e 
do Procurador Geral. 
 Há ainda no ordenamento paulista vedação aos funcionários de 
trabalhar sob as ordens imediatas de parentes até 2º grau, salvo quando se 
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tratar de cargo de confiança, limitados a dois o numero de nomeações nessa 
condição (art. 244, do Estatuto dos Servidores). 
5. PROVIMENTO 
 É o ato pelo qual o servidor é investido no exercício do cargo, emprego 
ou função. 
 Provimento originário => não decorre de vínculo anterior com a 
Administração. Pode ocorrer pela nomeação e pela contratação. A nomeação 
pode ser em caráter efetivo, vitalício ou em comissão (art. 13 do Estatuto). 
 Provimento derivado => pressupõe vínculo anterior entre o servidor e 
a Administração. Nos termos do art. 11 do Estatuto, são modalidades de 
provimento derivado: 
a) Transferência – de um para outro cargo de provimento efetivo, de 
mesmo padrão de vencimento ou igual remuneração, ressalvados os 
casos de transferência a pedido, em que o vencimento ou remuneração 
poderá ser menor (arts. 26 e 28 do estatuto). 
b) Reintegração – reingresso no serviço público decorrente de decisão 
judicial transitada em julgado (art. 30, Estatuto). Como consequência da 
reintegração o servidor terá direito à recondução ao seu cargo de 
origem. 
c) Acesso – elevação do servidor, dentro do respectivo quadro a cargo da 
mesma natureza de trabalho, de maior grau de responsabilidade e 
complexidade de atribuições (Art. 33, Estatuto). (obs.: a Lei federal 
8112/90 chama esse instituto de promoção). 
d) Aproveitamento – reingresso no serviço público de servidor em 
disponibilidade (art. 37, Estatuto). Pode ocorrer nos casos em que o 
cargo que ocupava foi extinto ou declarado desnecessário, tendo o 
servidor ficado em disponibilidade, com remuneração proporcional ao 
tempo de serviço. 
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e) Readaptação – investidura em cargo mais compatível com a 
capacidade do servidor (art. 41, Estatuto). 
f) Reversão – o aposentado reingressa no serviço a pedido ou ex officio 
(art. 35, Estatuto) 
g) Readmissão – o demitido ou exonerado reingressa (art. 39, Estatuto) 
h) Transposição – o funcionário passava de um cargo a outro, de 
conteúdo ocupacional diverso (art. 22 LC 180/78). 
 À luz da nova disciplina constitucional não mais subsistem a reversão a 
pedido, a readmissão e a transposição, havendo inclusive despacho normativo 
de 12.03.1990, determinando tal orientação à Administração do Estado de São 
Paulo. Atentar ainda para a Súmula 685 do STF, que dispõe ser 
inconstitucional modalidade de provimento que propicie o servidor investir-se 
em cargo sem prévia aprovação em concurso público. 
 Saliente-se, porém, que o STF tem delineado os seguintes contornos 
para declarar a constitucionalidade ou não de normas que tratam desse 
assunto: Se há similitude nas atribuições das carreiras que se pretende unir ou 
cindir e se houve o ingresso através de concurso público. No estado de São 
Paulo houve o julgamento da ADI 3720-SP que declarou constitucional a opção 
feita pelos Procuradores do Estado pela Carreira da Defensoria Pública, 
porquanto o cargo inicial para o qual foi realizado o concurso englobava 
assistência jurídica e judiciária aos menos afortunados. 
6. VACÂNCIA 
 É o ato administrativo pelo qual o servidor é destituído do cargo, 
emprego ou função (Maria Sylvia Zanella di Pietro). Para Hely Lopes Meirelles, 
tal conceituação se aproxima de desinvestidura, sendo que para ele, a 
vacância implica ser tornado vago o cargo público, pondo-o apto para novo 
provimento. 
 Segundo o estatuto paulista, são as seguintes modalidades de 
vacância: exoneração, demissão, transferência, acesso, aposentadoria e 
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falecimento (art. 86). E a LC 180/78 prevê a transposição. Tendo em vista que 
os demais institutos já foram analisados, passa-se a análise da demissão e 
exoneração. 
 Demissão => Possui natureza de penalidade administrativa (art. 86, § 
2º do Estatuto). Será possível após regular procedimento administrativo 
disciplinar instaurado, assegurados a ampla defesa e o contraditório. Para os 
vitalícios, somente após decisão judicial irrecorrível. 
 Exoneração => dispensa do servidor por interesse deste ou da 
Administração, não tendo qualquer conotação punitiva. Nos termos da CF e do 
Estatuto paulista, são as seguintes hipóteses de exoneração ex officio: 
a) A critério do governo, nos casos de cargo em comissão (art. 86, § 1º, 1 
Estatuto); 
b) Quando o funcionário não entrar em exercício no prazo legal (art. 86, 
§1º, 2); 
c) Quando ocupante de cargo efetivo não satisfizer as condições do 
estágio probatório (art. 41 CF e Súmula 241 STF); 
d) Quando o estável demonstrar insuficiência de desempenho (art. 41, § 
3º, III c.c art. 247, parágrafo único CF); 
e) Adequação de despesas com pessoal aos limites fixados na Lei de 
Responsabilidade Fiscal (art. 169, §§ 3º e 4º 
f) Hipótese do art. 198, § 6º CF. 
 Dispensa => desinvestidura dos empregados públicos, que apesar de 
ingressarem por concurso público, não fazem jus à garantia de estabilidade, 
conforme orientação da CF (que garante aos servidores de cargo efetivo) e 
também orientação do STF. De qualquer forma, deve ser obsevado o princípio 
da motivação, ou seja, o rompimento do vínculo do empregado público, como 
qualquer ato administrativo deve ser motivado. 
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 Atentar para a súmula 390 do TST que reconhece estabilidade aos 
empregados públicos celetistas da administração direta, autárquica ou 
fundacional, não sendo estendido aos empregados de empresas públicas ou 
sociedades de economia mista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 2. REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS 
DO ESTADO DE SÃO PAULO 
 
INTRODUÇÃO E NORMAS ESTATUTÁRIAS 
Vencimento, remuneração e subsídio não se confundem. Vencimento 
corresponde à prestação pecuniária que o servidor faz jus pelo efetivo exercício 
do cargo, é o valor de referência do cargo fixado em lei mais as vantagens 
incorporadas. Remuneração, porsua vez, é a soma dos valores percebidos 
pelo exercício do cargo, correspondente a 2/3 do respectivo padrão mais as 
vantagens pecuniárias a elas incorporadas por lei. 
São exemplos de vantagens pecuniárias: adicionais por tempo de 
serviço, gratificações, diárias, ajuda de custo, salário-família, etc. Esses 
adicionais estão elencados no art. 124, I a XI do Estatuto. Esse rol é 
meramente exemplificativo. Outro exemplo de adicional consta no art. 133 da 
Constituição Estadual. Cumpre ressaltar que a expressão “a qualquer título” do 
inc. X do supramencionado art. 124 foi declarada inconstitucional. 
O funcionário não pode receber em razão de seu cargo ou função 
nenhuma outra vantagem pecuniária dos órgãos, entidades ou organizações 
públicas nos quais tenha sido mandado servir, sob pena de demissão, por 
procedimento irregular, com imediata reposição da importância recebida, 
ressalvado os casos expressos em lei (§§ 1º e 2º do art. 124). 
No art. 126 consta que o funcionário não fará jus à percepção de 
quaisquer vantagens pecuniárias nos casos em que deixar de auferir o 
vencimento ou remuneração. Há uma ressalva no sentido de que as vantagens 
pecuniárias serão pagas nas hipóteses em que o funcionário deixar de receber 
o vencimento ou remuneração nos casos disciplinares e penais, bem como nos 
casos de licença por motivo de doença em pessoa da família. 
 
 
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NORMAS CONSTITUCIONAIS 
A EC 19/98 introduziu em nosso ordenamento o regime remuneratório 
de subsídio para algumas categorias de servidores (detentores de mandato 
eletivo, membros MP, AGU e procuradores estaduais, Ministros do TCU, 
policiais e facultativamente os servidores públicos organizados em carreira) . 
Subsídio é a retribuição pecuniária paga pelo serviço desempenhado, 
significando o mesmo que vencimento ou remuneração, porém a ser pago em 
parcela única. 
Esse regime ainda não foi implementado no Estado de SP. Nesse 
Estado ainda se recebe a remuneração por parte fixa e parte variável. A 
competência para fixação dos subsídios depende de leis específicas de 
competência privativa do TJ, do MP, do TCE e do Governador. 
No Estado de SP a fixação e alteração de remuneração depende de lei 
específica do Governador, da Assembleia Legislativa, do Presidente do TJ e do 
MP, para seus respectivos servidores. 
A Lei Estadual nº 12.391/06 fixou a data de 1º de março de cada ano 
para a revisão da remuneração dos servidores, no entanto, a mesma lei 
estabelece que essa revisão anual não implica, necessariamente, reajuste de 
remuneração. Com efeito, essa disposição causou inúmeras divergências e 
discussões jurisprudenciais onde se discutia se havia ou não mora legislativa 
do Governador. 
A ADIn n 2492-2, julgada pelo Supremo Tribunal Federal em 2001, tão 
somente constatou a mora do Governador e determinou a ciência da decisão 
ao mesmo. 
Atualmente o STF está novamente analisando a questão no rext 
565.089. Discute-se o direito de servidores públicos do Estado de São Paulo a 
indenização por não terem sido beneficiados por revisões gerais anuais em 
seus vencimentos em razão de omissão do Poder Executivo Estadual. No 
entanto o julgamento está suspenso, desde outubro de 2014, por um pedido de 
vista do ministro Dias Toffoli. 
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De acordo com o 39, § 1º da CF os servidores não podem receber valor 
inferior ao salário mínimo, a jurisprudência já se firmou no sentido de que não é 
o padrão que deve estar acima do salário mínimo, mas sim a totalidade de 
ganhos do servidor. 
Atualmente os servidores públicos de todos os entes da federação estão 
sujeitos ao teto estabelecido pelo art. 37, XI, da CF. No que se refere aos 
Estados, o chamado subteto varia conforme se trate de servidor do Executivo 
(subsídio do Governador), do Legislativo (subsídio dos Deputados Estaduais) 
ou do Judiciário (subsídio dos desembargadores do TJ). Esse teto fica ainda 
limitado a 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do STF. 
O limite estabelecido aos servidores do Judiciário aplica-se aos 
Procuradores Estaduais. 
A partir da EC 47/05, é facultado aos Estados e ao DF, mediante 
emenda, adotarem um único paradigma como limite, que seria o subsídio dos 
Desembargadores do TJ. 
No julgamento do RE 606358- SP o STF decidiu que computam-se para 
efeito de observância do teto remuneratório do art. 37, XI, da Constituição da 
República, também os valores percebidos anteriormente à vigência da Emenda 
Constitucional nº 41/2003 a título de vantagens pessoais pelo servidor 
público, dispensada a restituição dos valores recebidos em excesso e de boa-
fé até o dia 18 de novembro de 2015. 
Cumpre ressaltar que o servidor que, de forma lícita, cumular dois 
cargos públicos, não deve sofrer a incidência do teto remuneratório sobre a 
soma das suas remunerações, mas sim sobre cada uma delas, 
isoladamente. É indiscutível, também, que as despesas indenizatórias não se 
submetem ao teto. 
Para concluir, a rigidez da norma que institui o teto também deve ser 
atenuada nas hipóteses em que conflita com os direitos igualmente 
constitucionais previstos no art. 7º da CF, tais como o 13º salário, o adicional 
noturno e as horas extras. 
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Conclui-se que as normas atinentes à remuneração dos servidores 
públicos estão cada vez mais disciplinadas no âmbito constitucional, 
vinculando todos os entes federativos. Porém se está longe de chegar em 
um consenso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 3. O REGIME TRABALHISTA NA ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA ESTADUAL 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O presente estudo cuida apenas dos agentes públicos que celebram 
contrato de trabalho com a Administração Pública, sujeitando-se ao regime 
jurídico da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 
 
2. CONCEITOS 
 
O regime celetista sofre derrogações de ordem publicística, ainda 
que regido, essencialmente, pelas normas trabalhistas. 
Maria Sylvia Zanella Di Pietro propõe a existência de quatro 
modalidades de agentes públicos: (1) agentes políticos; (2) servidores públicos; 
(3) militares; (4) os particulares em colaboração com o Poder Público. Os 
empregados públicos são enquadrados na categoria de servidores públicos 
regidos pela legislação trabalhista. 
Celso Antônio Bandeira de Melo, por sua vez, vislumbra três grupos 
de agentes públicos: (1) agentes políticos; (2) servidores estatais; (3) 
particulares em atuação colaboradora com o Poder Público. Segundo essa 
classificação, os servidores estatais das pessoas jurídicas de direito públicos 
poderão ser celetistas ou estatutários. Já os servidores estatais das pessoas 
governamentais de direito privado (empresas públicas, sociedades de 
economia mista e fundações governamentais de direito privado) serão sempre 
regidos pela CLT. 
Apesar da controvérsia doutrinária em torno da expressão “emprego 
público”, para fins deste estudo, utilizar-se-á a expressão empregados estatais 
para designar o universo de agentes contratados com base na legislação 
trabalhista pela Administração. A locução empregados públicos será manejada 
para denominar os celetistas vinculados às pessoas de direito público. 
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Finalmente, quando se referir aos empregados, estar-se-á aludindo àquelescontratados por pessoa jurídica de direito privado integrante da Administração. 
 
3. ALCANCE DO REGIME TRABALHISTA 
 
A Administração Pública pode contratar celetistas para o 
preenchimento de núcleos permanentes, por tempo determinado ou em 
empregos de livre provimento. Há também as atividades incompatíveis com as 
normas da CLT. 
 
3.1. Possíveis vínculos celetistas com a Administração 
 
O primeiro e mais comum é o núcleo permanente de encargos 
disciplinados pela CLT e inserido na estrutura do ente da Administração. 
É possível também que o agente público seja admitido por tempo 
determinado para atendimento de necessidade temporária de excepcional 
interesse público, com base no art. 37, IX, da Constituição Federal e art. 115, 
X, da Constituição Estadual. 
Não obstante o conflito entre as disposições da Lei nº 500/74 e da 
Lei Complementar Estadual 1.093/2009, a Administração pode contratar 
empregados por tempo determinado, desde que observadas as regras 
previstas nos artigos 443, 445 e 451 da CLT. 
Por fim, tem-se a possibilidade de contratação, a fim de preencher 
os empregos em comissão, que são de livre nomeação e exoneração. Pode-
se mencionar, como exemplo no Estado do São Paulo, as normas de regência 
da Fundação Memorial da América Latina, as quais preveem os empregos em 
comissão, considerados de livre admissão e dispensa. 
 
3.2. Limitações à adoção do emprego público 
 
Convém relembrar que é obrigatória a adoção do regime celetista 
para a contratação dos agentes das pessoas de direito privado da 
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Administração indireta. Quanto aos entes com personalidade de direito público, 
o regime de emprego público constitui mera faculdade. 
No entanto, “não há qualquer dúvida de que algumas carreiras 
realmente não comportam, por sua natureza particular, a incidência do regime 
de emprego público e devem continuar sujeitas ao regime estatutário, sejam ou 
não consideradas as respectivas funções como ‘atividades exclusivas de 
Estado’. Citem-se, para exemplificar, as carreiras de diplomacia, fiscalização, 
polícia, advocacia pública e carreira militar em geral. Por conseguinte, o regime 
de emprego público será o adequado para os servidores que executem as 
funções normais de apoio técnico e administrativo em geral, as quais, verdade 
seja dita, formam a maioria esmagadora dentro da categoria dos servidores 
públicos.” (José dos Santos Carvalho Filho, Manual de Direito Administrativo, 
2011, p. 550). 
Celso Antônio Bandeira de Melo entende que o regime de emprego 
público somente seria cabível para “certas atividades subalternas”, próprias de 
“serventes, motoristas, artífices, jardineiros ou de mesmo mecanógrafos, 
digitadores, etc.”. 
Essa última posição foi adotada na fundamentação da decisão 
monocrática do Ministro Marco Aurélio na Medica Cautelar na ADI nº 2310. 
 
4. DA RELAÇÃO DE EMPREGO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
4.1. O concurso público na formação do vínculo trabalhista 
 
Com o advento da Constituição Federal de 1988, não mais 
prevalece a orientação de que a contratação de empregados públicos 
prescinde de concurso público, compreensão esta que vigorava na vigência da 
Emenda Constitucional nº 1/69. 
No Estado de São Paulo, a autorização para a abertura de concurso 
público é competência do Governador, tanto na Administração Direta e 
autárquica quanto nas empresas estatais e fundações instituídas e mantidas 
pelo Poder Público. 
A admissão de empregados em comissão dispensa a realização de 
concurso público. 
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   18	
  
A contratação de empregados por tempo determinado parece ser 
realizada por um processo seletivo simplificado, como, aliás, prevê a já citada 
Lei Complementar Estadual nº 1.093/2009, quanto à admissão temporária de 
estatutários (art. 2º, inciso I). 
Ainda sobre concurso público, 3 temas merecem ser tratados. 
Primeiro, importa mencionar o teor do enunciado da Súmula 363, do 
Tribunal Superior do Trabalho: 
“A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia 
aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, 
II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da 
contraprestação pactuada, em relação ao número de horas 
trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos 
valores referentes aos depósitos do FGTS.”. 
 
O segundo tema versa sobre o direito à nomeação do candidato 
aprovado dentro do número de vagas fixadas no edital. O Supremo Tribunal 
Federal pacificou a questão no julgamento do RE 598.099 RG, sob a 
sistemática da repercussão geral. 
O Pretório Excelso reconheceu que: 
“O dever de boa-fé da Administração Pública exige o respeito 
incondicional às regras do edital, inclusive quanto à previsão das 
vagas do concurso público. Isso igualmente decorre de um 
necessário e incondicional respeito à segurança jurídica como 
princípio do Estado de Direito.”. 
 
Em determinados casos, tais nomeações não são obrigatórias. Nas 
palavras da Suprema Corte, “Não se pode ignorar que determinadas situações 
excepcionais podem exigir a recusa da Administração Pública de nomear 
novos servidores. Para justificar o excepcionalíssimo não cumprimento do 
dever de nomeação por parte da Administração Pública, é necessário que a 
situação justificadora seja dotada das seguintes características: a) 
Superveniência: os eventuais fatos ensejadores de uma situação excepcional 
devem ser necessariamente posteriores à publicação do edital do certame 
público; b) Imprevisibilidade: a situação deve ser determinada por 
circunstâncias extraordinárias, imprevisíveis à época da publicação do edital; c) 
Gravidade: os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser 
extremamente graves, implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou 
mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras do edital; d) 
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   19	
  
Necessidade: a solução drástica e excepcional de não cumprimento do dever 
de nomeação deve ser extremamente necessária, de forma que a 
Administração somente pode adotar tal medida quando absolutamente não 
existirem outros meios menos gravosos para lidar com a situação excepcional 
e imprevisível. De toda forma, a recusa de nomear candidato aprovado dentro 
do número de vagas deve ser devidamente motivada e, dessa forma, passível 
de controle pelo Poder Judiciário.”. 
 Por fim, é relevante definir a Justiça competente para apreciar e 
julgar demandas relativas a certames para preenchimento de empregos na 
Administração Pública Direta e Indireta. 
O Superior Tribunal de Justiça entende que: 
 “Não compete à Justiça do Trabalho decidir os feitos em que se 
discutem critérios utilizados pela Administração para a seleção e 
admissão de pessoal nos seus quadros, uma vez que envolve fase 
anterior à investidura no emprego público.” (CC nº 90.258 - SC , 
julgado em 23/06/2008). 
 
O Tribunal Superior do Trabalho, por sua vez, orienta-se no sentido 
de que a Justiça Laboral é competente para decidir tais demandas. Por 
exemplo, no Recurso de Revista nº 98100-37.2008.5.05.0004, ficou assentado 
que “a demanda que envolve requisitos para o reconhecimento de vínculo 
empregatício válido, à luz do art. 37, II, da Carta Magna, insere-se na esfera de 
competência da Justiça do Trabalho, a teor do art. 114, da mesma Carta.”. 
 O autor concorda com o entendimento esposado pelo Superior 
Tribunal de Justiça, tendo em vista que, ainda que se possa refletir em eventual 
e futura relação de emprego público, a natureza administrativado concurso 
público afasta a competência da Justiça do Trabalho. 
 
4.2. Condições negativas para o preenchimento de empregos na 
Administração Estadual 
 
A primeira dessas condições negativas é a não acumulação de 
empregos na Administração, ressalvadas as hipóteses constitucionalmente 
autorizadas2. 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
2	
  	
  Conferir	
  o	
  art.	
  37,	
  incisos	
  XVI	
  e	
  XVII,	
  da	
  Constituição	
  da	
  República	
  e	
  art.	
  115,	
  incisos	
  XVIII	
  e	
  XIX,	
  da	
  Constituição	
  Estadual.	
  
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   20	
  
A proibição ao nepotismo é outra condição negativa. Sobre o tema, o 
Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante nº 13, de seguinte teor: 
 
“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, 
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade 
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em 
cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de 
cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada 
na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a 
Constituição Federal.”. 
 
O Decreto nº 54.376/2009 disciplina a aplicação de tal enunciado na 
Administração Estadual. 
Entre as restrições previstas pela legislação eleitoral, cabe 
mencionar a vedação prevista no art. 73, V, da Lei Federal 9.504/1997: 
 
Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as 
seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades 
entre candidatos nos pleitos eleitorais: 
(...) 
V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa 
causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar 
ou impedir o exercício funcional e, ainda, ex officio, remover, transferir 
ou exonerar servidor público, na circunscrição do pleito, nos três 
meses que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de 
nulidade de pleno direito, ressalvados: 
a) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação 
ou dispensa de funções de confiança; 
b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, 
dos Tribunais ou Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência 
da República; 
c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados 
até o início daquele prazo; 
d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao 
funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, com prévia 
e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo; 
e) a transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e 
de agentes penitenciários;” 
 
Após o Supremo Tribunal Federal declarar que a “Lei da Ficha 
Limpa” (Lei Complementar Federal nº 135/2010) é constitucional e aplicável a 
fatos anteriores ao seu advento, foi promulgada a Emenda Constitucional 
Estadual nº 34/2012, que inseriu o art. 111-A na Constituição Estadual. Eis o 
teor da citada norma: 
“Artigo 111-A – É vedada a nomeação de pessoas que se enquadram 
nas condições de inelegibilidade nos termos da legislação federal 
para os cargos de Secretário de Estado, Secretário-Adjunto, 
Procurador Geral de Justiça, Procurador Geral do Estado, Defensor 
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
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Público Geral, Superintendentes e Diretores de órgãos da 
administração pública indireta, fundacional, de agências reguladoras 
e autarquias, Delegado Geral de Polícia, Reitores das universidades 
públicas estaduais e ainda para todos os cargos de livre provimento 
dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Estado.” 
 
O Decreto nº 57.970/2012 regulamentou a mencionada norma 
constitucional. 
 
4.3. O problema da estabilidade dos celetistas 
 
Além das formas provisórias de estabilidade previstas na 
Constituição da República, existem três modalidades principais: a estabilidade 
celetista (decorrente do art. 492 da CLT), a estabilidade do art. 41 da 
Constituição Federal e a estabilidade “anômala” do art. 19 do Ato de 
Disposições Constitucionais Transitórias. 
 
4.3.1. Estabilidade do art. 41 
 
O art. 41, da Constituição da República, em sua redação original, 
previa que “são estáveis, após dois anos de efetivo exercício, os servidores 
nomeados em virtude de concurso público”. 
Sob a égide desse texto, não se reconhecia a estabilidade aos 
empregados das empresas estatais3. Todavia, o Supremo Tribunal Federal 
assentou o entendimento de que: 
“A estabilidade prevista no caput do art. 41 da Constituição Federal, 
na redação anterior à EC 19/98, alcança todos os servidores da 
administração pública direta e das entidades autárquicas e 
fundacionais, incluindo os empregados públicos aprovados em 
concurso público e que tenham cumprido o estágio probatório antes 
do advento da referida emenda, pouco importando o regime jurídico 
adotado.”4. 
 
Com o advento da Emenda Constitucional nº 19/1998, o art. 41, 
caput, passou a ostentar o seguinte teor: “são estáveis após três anos de 
efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
3	
  Nesse	
  sentido:	
  STF,	
  Primeira	
  Turma,	
  AI	
  232.462,	
  Rel.	
  Min.	
  Moreira	
  Alves,	
  julgado	
  em	
  15/06/1999.	
  
4	
  STF,	
  AI	
  628888	
  AgR,	
  Relator:	
  	
  Min.	
  RICARDO	
  LEWANDOWSKI,	
  Primeira	
  Turma,	
  julgado	
  em	
  20/11/2007.	
  
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   22	
  
virtude de concurso público.”. Nesse contexto, a estabilidade limita-se aos 
ocupantes de cargos de provimento efetivo, não alcançando os celetistas. 
Não obstante a clareza do texto constitucional, a Súmula 390, I, do 
Tribunal Superior do Trabalho dispõe que “O servidor público celetista da 
administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da estabilidade 
prevista no art. 41 da CF/1988.”. 
Di Pietro assevera que este enunciado sumular “iguala situações 
que, pela Constituição, são submetidas a regimes jurídicos distintos”. O autor 
também entende que o inciso I da citada súmula é inconstitucional. 
Quanto ao inciso II da mesma súmula, prevalece a compreensão de 
que está em consonância com a Constituição da República. Eis o teor do 
enunciado em referência: “Ao empregado de empresa pública ou de sociedade 
de economia mista, ainda que admitido mediante aprovação em concurso 
público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988.”. 
 
4.3.2. A estabilidade “anômala” do artigo 19 do ADCT 
 
Eis o teor da norma em epígrafe: 
 
“Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica 
e das fundações públicas, em exercício na data da promulgação da 
Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não 
tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, 
são considerados estáveis no serviço público.” 
 
Tal dispositivo legitimou, à luz do novo ordenamentoconstitucional, 
as contratações realizadas de forma dissonante com o art. 37, da CF/88, desde 
que presentes certos requisitos. 
O Tribunal Superior do Trabalho, estendendo tal regra às fundações 
estatais dotadas de personalidade jurídica de direito privado, editou a OJ-SDI-
364, nos seguintes termos: 
 
“364. ESTABILIDADE. ART. 19 DO ADCT. SERVIDOR PÚBLICO 
DE FUNDAÇÃO REGIDO PELA CLT (DJ 20, 21 e 23.05.2008) 
Fundação instituída por lei e que recebe dotação ou subvenção do 
Poder Público para realizar atividades de interesse do Estado, ainda 
que tenha personalidade jurídica de direito privado, ostenta natureza 
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
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de fundação pública. Assim, seus servidores regidos pela CLT são 
beneficiários da estabilidade excepcional prevista no art. 19 do 
ADCT.” 
 
O autor entende que tal OJ está em descompasso com o art. 19 do 
ADCT, o qual só menciona fundações públicas, isto é, aquelas que possuem 
personalidade jurídica de direito público. 
O Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral dessa 
controvérsia no ARE 659039 RG/SP. A matéria ainda está pendente de 
julgamento definitivo. 
 
4.4. Institutos relacionadas à estabilidade 
 
O primeiro instituto é o estágio probatório. 
De acordo com Di Pietro, “no caso de servidor nomeado por 
concurso, a estabilidade somente se adquire depois de três anos; o período 
compreendido entre o início do exercício e a aquisição da estabilidade é 
denominado de estágio probatório e tem por finalidade apurar se o servidor 
apresenta condições para o exercício do cargo, referentes à moralidade, 
assiduidade, disciplina e eficiência.”. 
O instituto do estágio probatório não se aplica aos empregados 
estatais, visto que a Constituição Federal não lhes confere estabilidade. 
Outro tema de relevância é a possibilidade de dispensa sem justa 
causa. 
A questão se resume aos empregados estatais não estáveis, pois 
aos servidores estatais que possuem direito à estabilidade – estatutários ou 
celetistas ‒ aplica-se o § 1º, do art. 41, da Constituição Federal. 
Vale destacar que o dever de motivação não se confunde com a 
dispensa sem justa causa. 
Segundo o autor, o Poder Público está autorizado a dispensar sem 
justa causa o celetista não estável, desde que tal ato seja motivado. 
Em sentido contrário, confira-se o teor da OJ-SDI-247/TST: 
 
“247. SERVIDOR PÚBLICO. CELETISTA CONCURSADO. 
DESPEDIDA IMOTIVADA. EMPRESA PÚBLICA OU SOCIEDADE 
DE ECONOMIA MISTA. POSSIBILIDADE (alterada – Res. nº 
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
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143/2007) - DJ 13.11.2007 
I - A despedida de empregados de empresa pública e de sociedade 
de economia mista, mesmo admitidos por concurso público, 
independe de ato motivado para sua validade; 
II - A validade do ato de despedida do empregado da Empresa 
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) está condicionada à 
motivação, por gozar a empresa do mesmo tratamento destinado à 
Fazenda Pública em relação à imunidade tributária e à execução por 
precatório, além das prerrogativas de foro, prazos e custas 
processuais.” 
 
A quaestio iuris foi deslinda pelo Supremo Tribunal Federal no 
julgamento do leading case RE 589998 / PI, cujo acórdão ficou assim 
ementado: 
 
Ementa: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – 
ECT. DEMISSÃO IMOTIVADA DE SEUS EMPREGADOS. 
IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO DA 
DISPENSA. RE PARCIALEMENTE PROVIDO. 
I - Os empregados públicos não fazem jus à estabilidade prevista 
no art. 41 da CF, salvo aqueles admitidos em período anterior ao 
advento da EC nº 19/1998. Precedentes. 
II - Em atenção, no entanto, aos princípios da impessoalidade e 
isonomia, que regem a admissão por concurso publico, a 
dispensa do empregado de empresas públicas e sociedades de 
economia mista que prestam serviços públicos deve ser 
motivada, assegurando-se, assim, que tais princípios, 
observados no momento daquela admissão, sejam também 
respeitados por ocasião da dispensa. 
III – A motivação do ato de dispensa, assim, visa a resguardar o 
empregado de uma possível quebra do postulado da impessoalidade 
por parte do agente estatal investido do poder de demitir. 
IV - Recurso extraordinário parcialmente provido para afastar a 
aplicação, ao caso, do art. 41 da CF, exigindo-se, entretanto, a 
motivação para legitimar a rescisão unilateral do contrato de 
trabalho.” 
(RE 589998, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal 
Pleno, julgado em 20/03/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO 
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-179 DIVULG 11-09-2013 
PUBLIC 12-09-2013) – grifo. 
 
5. Conclusão 
 
 Sobre o tema ora estudado, avulta a importância de delimitar a 
extensão do regime jurídico administrativo, sem que seja descaracterizado, 
todavia, a natureza celetista da contratação. 
 
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
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CAPÍTULO 4. OS SERVIDORES TEMPORÁRIOS DO ESTADO DE 
SÃO PAULO: ANÁLISE DA LEI Nº 500/74, DA CF/88, DA 
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO DE 1989 E DA LEI 
Nº 1093/2009. 
 
1. DOS SERVIDORES REGIDOS PELA LEI Nº 500/74. DO REGIME 
JURÍDICO APLICÁVEL. 
Existiam 3 hipóteses em que era possível a contratação de temporários 
previstos na Lei 500/74: (i) para o exercício de função-atividade 
correspondente a função de serviço público de natureza permanente 
(inciso I); (ii) para o desempenho de função-atividade de natureza técnica, 
mediante contrato bilateral, por prazo certo e determinado (inciso II); e (iii) 
para a execução de determinada obra, serviços de campo ou trabalhos 
rurais, todos de natureza transitória, ou ainda a critério da Administração, 
para execução de serviços decorrentes de convênios (inciso III). No caso 
dos incisos I e II a contratação era regida pela Lei nº 500/74 e no caso do 
inciso III era regida pela CLT. 
Todavia, conforme se observará nos tópicos seguintes, com a LC 
1.093/2009, foi vedada a contratação de temporários com base na Lei 500/74, 
uma vez que não se amoldava às disposições constitucionais (Art. 37) acerca 
da contratação temporária. 
2. DOS DIREITOS E DEVERES DOS FUNCIONÁRIOS CONTRATADOS 
NOS TERMOS DA LEI Nº 500/74 
2.1 Da estabilidade e da titularidade do cargo 
 Os temporários podem ser dispensados nas hipóteses do art. 355, 
lembrando que nos casos dos incisos II e III há a possibilidade de dispensa 
imotivada. 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
5	
  Artigo	
  35	
  —	
  Dar-­‐se-­‐á	
  a	
  dispensa	
  do	
  servidor:	
  
I	
  —	
  a	
  pedido;	
  
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   26	
  
No entanto, com o advento da CF/88 (art. 19 do ADCT) e com a instituição 
da SPPREV (LC 1.010/2007), a questão da estabilidade ficou disciplinada da 
seguinte forma: 
1) Tornaram-se titulares de cargo efetivo todos os servidores admitidos pelo 
regime da Lei 500/74 contratados até 1º de junho de 2007. 
2) Tornaram-se estáveis todos os servidores admitidos até 05 de outubro 
1988, que estivessem em exercício há pelo menos 5 anos e, 
posteriormente, todos os professores admitidos até 1º de junho de 2007, 
já que antes de 2007 os professores de nível superior estavam excluídos. 
(ver exceções – art. 18 do ADCT da Constituição do Estado) 
 
2.2 Das férias, dos afastamentos e das licenças 
 Aquisição e gozo das férias: art. 24 
 Afastamentos quesão considerados como tempo de efetivo exercício: art. 16 
 Licenças: art. 25 
 Aposentadoria: art. 27 e seguintes 
OBS: Não foram transcritos os artigos acima citados, pois regem apenas os 
servidores admitidos na vigência da Lei 500/74. Com o advento da LC 
1.093/09, os temporários passaram a ser regidos por essa lei, inclusive no que 
tange às férias, afastamentos, etc. 
2.3 Do Quinquênio 
É pacífico o entendimento de que o servidor contratado sob o regime da Lei 
500/74, ao preencher os requisitos legais (art. 76 e 78 do Estatuto dos 
Servidores Públicos), faz jus à incorporação do quinquênio (previsto no art. 127 
do estatuto). 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
II	
  —	
  no	
  caso	
  de	
  criação	
  do	
  cargo	
  correspondente,	
  a	
  partir	
  da	
  data	
  do	
  exercício	
  de	
  seu	
  titular;	
  	
  
III	
  —	
  a	
  critério	
  da	
  Administração,	
  independentemente	
  da	
  criação	
  do	
  cargo	
  correspondente,	
  no	
  caso	
  de	
  
cessação	
  da	
  necessidade	
  do	
  serviço;	
  
IV	
  —	
  quando	
  o	
  servidor	
  não	
  corresponder	
  ou	
  incorrer	
  em	
  responsabilidade	
  disciplinar.	
  
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   27	
  
2.4. Da licença-prêmio6 e da sexta parte7 
 Após muitas discussões, diante do entendimento consolidado do TJSP, 
inclusive com edição de súmula sobre o assunto, o Governador do Estado à 
época proferiu 2 despachos concedendo aos temporários o direito à licença-
prêmio desde o ingresso no serviço público e à sexta-parte a partir do 
despacho do Governador datado de 23/11/2011. Destaca-se que em relação 
à sexta-parte, ficou vedado o pagamento das parcelas vencidas em data 
anterior ao despacho de 23/11. 
2.5 Dos deveres, das proibições e das responsabilidades 
Os temporários estão sujeitos às mesmas regras aplicáveis aos servidores 
titulares de cargo efetivo. 
3. DAS FORMAS DE CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA 
De acordo com a doutrina majoritária, as hipóteses de contratação 
temporária previstas na CF/88 e na Constituição Estadual (que repetiu a CF 
neste ponto), não se amoldam à Lei 500/74. 
Desta forma, a LC 1.093/09 estabeleceu a forma e hipóteses de 
contratação por tempo determinado (art. 1º)8. 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
6	
  Lei	
  10.261/68	
  -­‐	
  Artigo	
  209	
  -­‐	
  O	
  funcionário	
  terá	
  direito,	
  como	
  prêmio	
  de	
  assiduidade,	
  à	
  licença	
  de	
  90	
  
(noventa)	
  dias	
  em	
  cada	
  período	
  de	
  5	
  (cinco)	
  anos	
  de	
  exercício	
  ininterrupto,	
  em	
  que	
  não	
  haja	
  sofrido	
  
qualquer	
  penalidade	
  administrativa.	
  
7 Constituição	
  SP	
  -­‐	
  Artigo	
  129	
  -­‐	
  Ao	
  servidor	
  público	
  estadual	
  é	
  assegurado	
  o	
  percebimento	
  do	
  adicional	
  por	
  tempo	
  de	
  serviço,	
  concedido	
  no	
  mínimo	
  por	
  quinqüênio,	
  e	
  vedada	
  a	
  sua	
  limitação,	
  bem	
  como	
  a	
  sexta-­‐parte	
  dos	
  vencimentos	
  integrais,	
  concedida	
  aos	
  vinte	
  anos	
  de	
  efetivo	
  exercício,	
  que	
  se	
  incorporarão	
  aos	
  vencimentos	
  para	
  todos	
  os	
  efeitos,	
  observado	
  o	
  disposto	
  no	
  art.	
  115,	
  XVI,	
  desta	
  Constituição.	
   
8	
  Artigo	
  1º	
  -­‐	
  A	
  contratação	
  por	
  tempo	
  determinado	
  de	
  que	
  trata	
  o	
  inciso	
  X	
  do	
  artigo	
  115	
  da	
  Constituição	
  
Estadual,	
  para	
  atender	
  a	
  necessidade	
  temporária	
  de	
  excepcional	
  interesse	
  público,	
  será	
  formalizada	
  
mediante	
  contrato	
  e	
  nas	
  seguintes	
  hipóteses:	
  
I	
  -­‐	
  urgência	
  e	
  inadiabilidade	
  de	
  atendimento	
  de	
  situação	
  que	
  possa	
  comprometer	
  ou	
  ocasionar	
  prejuízo	
  
à	
  saúde	
  ou	
  à	
  segurança	
  de	
  pessoas,	
  obras,	
  serviços,	
  equipamentos	
  e	
  outros	
  bens,	
  públicos	
  ou	
  
particulares;	
  
	
  
II	
  -­‐	
  necessidade	
  de	
  pessoal	
  em	
  área	
  de	
  prestação	
  de	
  serviços	
  essenciais,	
  em	
  decorrência	
  de:	
  
a)	
  dispensa,	
  demissão,	
  exoneração,	
  falecimento	
  e	
  aposentadoria;	
  
b)	
  criação	
  de	
  novas	
  unidades	
  ou	
  ampliação	
  das	
  já	
  existentes;	
  
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   28	
  
Estabeleceu, ainda, que o tempo de contratação não poderá ser superior a 
12 meses e, no caso de docente, fica limitado ao ano letivo fixado no 
calendário escolar (art.7º), sendo que uma mesma pessoa não pode ser 
contratada antes de decorridos 200 dias do término do contrato, ainda que para 
atividades diferentes (art. 6º). 
 Outra alteração importante refere-se à previdência social. Os servidores 
temporários recebiam o mesmo tratamento dos estatutários: contribuíam para o 
IPESP e possuíam as mesmas regras de aposentadoria. 
Assim, conforme explica Dânae Dal Bianco: ”para não deixar este grupo de 
pessoas sem amparo previdenciário, adotou-se o entendimento de que esses 
servidores deveriam continuar sob o regime do RPPS até eventual alteração 
legislativa futura.” 
Seguindo tal orientação, a Lei 1.010/2007, que instituiu a SPPREV, 
determinou a incidência do RPPS aos servidores regidos pela Lei 500/74. 
No entanto, aos novos servidores temporários admitidos com fulcro na 
Lei nº 1.093/2009, o regime a ser aplicado será o RGPS. 
 
 
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
c)	
  afastamentos	
  que	
  a	
  lei	
  considere	
  como	
  de	
  efetivo	
  exercício;	
  
d)	
  licença	
  para	
  tratamento	
  de	
  saúde;	
  
	
  
III	
  -­‐necessidade	
  justificada	
  de	
  execução	
  de	
  função	
  eventual,	
  transitória	
  e	
  determinada:	
  
a)	
  relativa	
  à	
  consecução	
  de	
  projetos	
  de	
  informatização;	
  
b)	
  de	
  natureza	
  técnica	
  nas	
  áreas	
  de	
  pesquisa	
  científica,	
  tecnológica,	
  educacional	
  e	
  cultural;	
  	
  
c)	
  de	
  natureza	
  técnica	
  especializada,	
  no	
  âmbito	
  de	
  projetos	
  implementados	
  mediante	
  contratos	
  de	
  
financiamento	
  externo	
  e	
  acordos	
  de	
  cooperação	
  internacional,	
  desenvolvidos	
  sob	
  a	
  subordinação	
  de	
  
órgão	
  público	
  estadual;	
  
	
  
IV	
  -­‐	
  para	
  suprir	
  atividade	
  docente	
  da	
  rede	
  de	
  ensino	
  público	
  estadual,	
  que	
  poderá	
  ser	
  feita	
  nas	
  hipóteses	
  
previstas	
  no	
  inciso	
  II	
  deste	
  artigo	
  e,	
  ainda,	
  quando:	
  
a)	
  o	
  número	
  reduzido	
  de	
  aulas	
  não	
  justificar	
  a	
  criação	
  de	
  cargo	
  correspondente;	
  
b)	
  houver	
  saldo	
  de	
  aulas	
  disponíveis,	
  até	
  o	
  provimento	
  do	
  cargo	
  correspondente;	
  
c)	
  ocorrer	
  impedimento	
  do	
  responsável	
  pela	
  regência	
  de	
  classe	
  ou	
  magistério	
  das	
  aulas.	
  
	
  
Parágrafo	
  único	
  -­‐	
  Observado	
  o	
  disposto	
  no	
  artigo	
  5º	
  desta	
  lei	
  complementar,	
  a	
  contratação	
  somente	
  
será	
  celebrada,	
  nas	
  hipóteses	
  previstas	
  nas	
  alíneas	
  “a”	
  e	
  “b”	
  do	
  inciso	
  II	
  deste	
  artigo,	
  se	
  estiver	
  em	
  
trâmite,	
  conforme	
  o	
  caso,	
  processo	
  para	
  a	
  realização	
  de	
  concurso	
  público	
  ou	
  para	
  a	
  criação	
  de	
  cargos.	
  
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   29	
  
4. CONCLUSÃO 
 Vê-se, portanto, que a LC 1.093/09 visa, efetivamente, adequar a 
contratação dos servidores temporários às disposições Constitucionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   30	
  
CAPÍTULO 5. OS ADICIONAIS TEMPORAIS DOS SERVIDORES 
PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO: QUINQUÊNIO E 
SEXTA-PARTE 
 
 
PROCURADOR FÁBIO WU 
 
V.1 INTRODUÇÃO 
 
O quinquênio e a sexta-parte estão previstos na Constituição Estadual 
de São Paulo (CESP). São adicionais concedidos a servidores públicos 
estaduais em função do seu tempo de serviço. 
 
Para melhor entendimento, oportuno conceituar vencimento e 
vantagens pecuniárias. O EFPCESP (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis 
do Estado de São Paulo – Lei nº 10.261/68) traz o conceito de vencimento: 
 
Artigo 108 – Vencimento é a retribuição paga ao funcionário pelo 
efetivo exercício do cargo, correspondente ao valor do respectivo 
padrão fixado em lei, mais as vantagens a ele incorporadas para 
todos os efeitos legais. 
 
Já as vantagens pecuniárias são, segundo JSCF, “parcelas 
pecuniárias acrescidas ao vencimento-base em decorrência de uma situação 
fática previamente estabelecida na norma jurídica pertinente”. As vantagens 
pecuniárias podem ser incorporadas ou não ao vencimento do servidor, a 
depender de expressa previsão legal. 
 
No Estado de São Paulo, muitas gratificações e adicionais foram 
concedidos como “aumentos de salário disfarçados”, sendo, em verdade, 
vantagens pecuniárias faticamente (não legalmente) incorporadas ao 
vencimento dos servidores. Tal situação gera uma dúvida: a base cálculo do 
quinquênio e da sexta-parte deve levar em consideração o vencimento (base + 
gratificação e adicionais incorporados por lei), apenas, ou o vencimento 
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   31	
  
acrescido desses “aumentos de salário disfarçados”? A resposta depende de 
análise isolada de cada adicional temporal. 
 
V.2 QUINQUÊNIO 
 
V.2.1 Conceito e previsão legal 
 
É um adicional de 5% concedido ao servidor após cada período de 5 
anos de exercício. Está previsto na CESP (art. 129) e no EFPCESP (art. 127). 
 
V.2.2 Controvérsia quanto à fórmula de cálculo do benefício 
 
BASE DE CÁLCULO DO QUINQUÊNIO 
TESE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA TESE DOS SERVIDORES 
 (Tese Ampliativa) 
Vencimento-base + Vencimento-base + 
Apenas Gratificações e Adicionais 
incorporados ao vencimento do servidor 
por expressa determinação legal. 
Todas as vantagens, pois são genéricas, 
caracterizando “aumento disfarçado”. 
 
A tese da Administração Pública defende que o EFPCESP prevê a 
incidência dos quinquênios apenas sobre o vencimento (base + gratificação e 
adicionais incorporados por lei) dos servidores. Defende, ainda, que a tese dos 
servidores ofende o inciso XIV do art. 37 da CF, que foi alterado pela EC 18/98: 
 
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não 
serão computados nem acumulados para fins de concessão de 
acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
19, de 1998). 
 
A CF veda, então, a acumulação de vantagem sobre vantagem, 
denominada pela doutrina e jurisprudência de efeito cascata ou repique ou 
repicão. No entanto, há decisões do Poder Judiciário Paulista reconhecendo a 
tese dos servidores apenas para quinquênios completados antes da EC 19/98, 
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   32	
  
sob o fundamento de que a restrição ao efeito cascata era menor antes da 
reforma constitucional. 
 
V.3 ENTENDIMENTO ATUAL DO JUDICIÁRIO PAULISTA E DO STF 
 
No Judiciário Paulista a questão ainda não é pacificada. O STF 
reconheceu a repercussão geral da matéria nos autos do RE nº 563.708-5 MS 
(pesquisei e a situação desse RE do Mato Grosso do Sul é um pouco diferente 
da situação em São Paulo 
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoPeca.asp?id=136774907&tipo
App=.pdf). 
 
V.4 SEXTA-PARTE 
 
V.4.1 Conceito e previsão legal 
 
É um adicional de 1/6 concedido ao servidor após o período de 20 anos 
de exercício. Está previsto na CESP (art. 129) e no EFPCESP (art. 130). 
Diferentemente dos quinquênios, esse adicional é concedido apenas uma vez. 
 
A extensão do benefício da sexta-parte somente se aplica aos 
servidores admitidos sob a égide da Lei Estadual nº 500/74, de forma que não 
pode ser estendida aos complementados, que são regidos pela CLT, uma vez 
que se trata de um benefício estatutário. 
 
V.4.2 Controvérsia quanto à fórmula de cálculo do benefício 
 
BASE DE CÁLCULO DA SEXTA-PARTE 
TESE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA TESE DOS SERVIDORES 
 (Tese Ampliativa) 
Vencimento-base + Vencimento-base + 
Apenas Gratificações e Adicionais Todas as vantagens, pois são genéricas, 
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   33	
  
incorporados ao vencimento do servidor 
por expressa determinação legal. 
caracterizando “aumento disfarçado”. 
 
V.5 ENTENDIMENTO ATUAL DO JUDICIÁRIO PAULISTA E DO STF 
 
No Judiciário Paulista a tese da Administração Pública sagrou-se 
vencedora no Incidente de Uniformização de Jurisprudência nº 193.485-1/6-03: 
a sexta-parte deve incidir sobre os vencimentos integrais dos servidores, 
excluídas as vantagens eventuais. 
 
O STF entendeu que o tema não tem repercussão geral, fazendo 
prevalecer o entendimento firmado pelo TJ de São Paulo. 
 
V.6 CONCLUSÃO 
 
A tese da Administração Pública da sexta-parte tende a se pacificar, 
enquanto ainda é controversa aquestão dos quinquênios. 
	
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   34	
  
CAPÍTULO 6. A EXTENSÃO DE GRATIFICAÇÕES AOS 
SERVIDORES INATIVOS E A LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL 
N° 1.080/2008 
 
O Governo do Estado de São Paulo desde a década de 1980 aprovou 
inúmeras leis instituindo gratificações das mais diversas, tais como a 
Gratificação Fixa (LC 741/93), a Gratificação Extra (LC 788/94) e a Gratificação 
Especial de Atividade (LC 674/92), em detrimento do efetivo aumento do 
vencimento-base do servidor público. 
 A estratégia adotada pelo Governo teve como consequência última a 
desvalorização da remuneração, em virtude da precariedade das referidas 
gratificações. Ou seja, os benefícios somente eram pagos se o servidor 
preenchesse os requisitos para o seu recebimento, não se incorporando aos 
vencimentos para quaisquer fins. 
 Assim, ao se aposentarem, os servidores públicos estaduais deixavam 
de receber todas as gratificações a que faziam jus enquanto na ativa. Desta 
forma, os aposentados passaram a recorrer ao Poder Judiciário para pleitear a 
equiparação remuneratória com os servidores ativos, com fulcro no então 
vigente artigo 40, §4°, da Constituição Federal, que dispunha da seguinte 
forma: 
"§4° - Os proventos da aposentadoria serão revistos, na mesma 
proporção e na mesma data, sempre que modificar a remuneração 
dos servidores em atividade, sendo também estendidos aos inativos 
quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos 
servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da 
transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu 
a aposentadoria, na forma da lei." 
 Com a Emenda Constitucional n°20/1998, o artigo 40, §4° da 
Constituição da República teve sua redação e localização topográfica 
alterados, passando a ocupar o artigo 40, §8°do mesmo diploma: 
§8°- Observado o disposto no art. 37, XI, os proventos de 
aposentadoria e as pensões serão revistos na mesma proporção e na 
mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores 
em atividade, sendo também estendidos aos aposentados e aos 
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   35	
  
pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente 
concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando 
decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função 
em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a 
concessão da pensão, na forma da lei." 
 Depois de 5 anos, a Emenda Constitucional n°42/2003 alterou o §8° do 
artigo 50, pondo um fim à paridade entre ativos e inativos, conforme abaixo: 
§8° - É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-
lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios 
estabelecidos em lei. 
 Em resumo, o pleiteado regime de paridade estava garantido na 
Constituição Federal para os servidores aposentados até o advento da Emenda 
Constitucional n° 41/2003 e na Carta Paulista para que os se aposentaram até 
a edição da Emenda Constitucional n° 21/2006. 
AS TESES FAZENDÁRIAS 
 O Estado de São Paulo refutou a pretensão da equiparação, sob o 
argumento de que o artigo 40, § 8° da Constituição apenas determinava a 
extensão aos inativos dos benefícios ou vantagens de caráter geral, 
concedidos a todos os servidores. 
 A Fazenda Pública defendeu que as gratificações em questão não eram 
dotadas de caráter geral, ou seja, dependiam da verificação de condições 
específicas e que precisariam ser comprovadas, quais sejam, o exercício da 
atividade e o cumprimento específico da jornada de trabalho correspondente. 
 Outra tese era que as próprias leis que criaram as gratificações 
expressamente determinavam a sua não incorporação à remuneração e 
denotavam o seu caráter provisório. 
 Outro fundamento era no sentido de que o §8° da Constituição, alterado 
pela E.C. n°41/2003, não mais dispõe sobre a equivalência entre os proventos 
e pensões com a remuneração dos servidores ativos, mas apenas àqueles é 
assegurado reajuste dos benefícios, delegando à lei ordinária o procedimento. 
 Além disso, a própria Constituição Federal veda qualquer vinculação 
para efeito de remuneração de servidores públicos, o que implicaria na 
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   36	
  
inconstitucionalidade de qualquer decisão judicial que determinasse a 
equiparação entre ativos e inativos: 
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies 
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço 
público. 
 Por fim, a Fazenda alegou que eventual concessão das gratificações 
ocasionaria a violação dos princípios da legalidade, isonomia, separação dos 
poderes, tendo em vista a ausência de previsão legal para a extensão aos 
inativos. 
O POSICIONAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA 
 Em que pesem os argumentos utilizados pelo Governo do Estado de 
São Paulo, o Tribunal de Justiça houve por bem decidir que as gratificações 
criadas não estariam vinculadas a qualquer atuação específica ou 
extraordinária do servidores públicos, caracterizando-se como aumento geral 
de vencimentos, em que a denominação adotada. 
 Como se tratava de um vencimento disfarçado, o Poder Judiciário 
determinou sua incorporação para todos os efeitos, implicando na sua 
extensão aos inativos, com fundamento no art. 40, §8° da Constituição. 
 A controvérsia chegou ao Supremo Tribunal Federal, que basicamente 
adotou o mesmo entendimento do órgão estadual. Desta forma, o TJ de São 
Paulo editou os enunciados 24, 25, 29, 30, e 31: 
24. GRATIFICAÇÃO POR ATIVIDADE ADMINISTRATIVA 
EDUCACIONAL (GAAE) DA LEI COMPLEMENTAR N° 716/2010 
TEM CARÁTER GENÉRICO. 
25. A GRATIFICAÇÃO POR ATIVIDADE DE MAGISTÉRIO (GAM) 
DA LEI COMPLEMENTAR N°977/2005 TEM CARÁTER GENÉRICO 
29. A GRATIFICAÇÃO POR ATIVIDADE DE POLÍCIA (GAP) DA LEI 
COMPLEMENTAR N° 873/2000 TEM CARÁTER GENÉRICO 
30. A GRATIFICAÇÃO POR ATIVIDADE DE SUPORTE 
ADMINISTRATIVO (GASA) DA LEI COMPLEMENTAR N° 876/2000 
TEM CARÁTER GENÉRICO. 
31. A GRATIFICAÇÃO DE ASSISTÊNCIA E SUPORTE À SAÚDE 
(GASS) DA LEI COMPLEMENTAR N° 871/2000 TEM CARÁTER 
GENÉRICO. 
RESUMO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO 
	
  
	
   37	
  
 
CENÁRIO ATUAL: A LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N° 1.080/2008 
 Diante da jurisprudência firmada sobre o tema e da enxurrada de 
demandas julgadas desfavoravelmente, o Estado de São Paulo editou a Lei 
Complementar n°1.080/2008 que instituiu um "Plano Geral de Cargos, 
Vencimentos e Salários". 
 As principais alterações trazidas pela lei foi a extinção de diversas 
gratificações e a absorção de deus respectivos valores no vencimento-base 
dos servidores que a elas fazem jus. Artigos 44 e 45: 
Artigo 44 - Não mais se aplicam aos servidores abrangidos por esta 
lei complementar, por estarem absorvidas nos valores fixados nas 
escalas de vencimentos instituídas pelo artigo 12 desta lei 
complementar: 
I - a Gratificação Extra, instituída pelo artigo 3º da Lei Complementar 
nº 788, de 27 de dezembro de 1994; 
II - a Gratificação Fixa, instituída pelo artigo 10 da Lei Complementar 
nº 741, de 21 de dezembro de 1993. 
 
Artigo 45 - Não mais se aplicam aos servidores abrangidos por esta 
lei complementar: 
I - a gratificação nas travessias por ferryboat, de que trata o Decreto 
nº 45.695, de 15 de dezembro de 1965; 
II - a Gratificação por Travessia, instituída pela Lei Complementar nº 
380, de 21 de dezembro de 1984; 
III - a Gratificação de Informática, instituída nos termos do artigo 20 
da Lei nº 7.578, de 3 de dezembro de 1991; 
IV- a Gratificação Especial de Atividade - GEA, a Gratificação 
Especial por Atividade Hospitalar - GEAH, a Gratificação Especial por 
Atividade Prioritária e Estratégica - GEAPE e Gratificação Especial 
por Atividade no Instituto de Infectologia “Emílio Ribas” e Centro de 
Referência e Treinamento - AIDS - GEER, instituídas pelo artigo 19 
da Lei Complementar nº 674, de 8 de abril de 1992; 
V - a Gratificação de Pedágio, instituída pelo artigo 21 da Lei 
Complementar nº 677, de 3 de julho de 1992; 
VI - a Gratificação por Atividade Administrativa Educacional, instituída 
pela Lei Complementar nº 716, de 11 de junho de 1993; 
VII - a Gratificação de Apoio Escolar, instituída pela Lei 
Complementar nº 717, de 11 de junho de 1993; 
VIII - a Gratificação de Função, instituída pela Lei nº 8.482, de 21 de 
dezembro de 1993; 
IX - a Gratificação por Atividade de Apoio à Agricultura - GAAG, 
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instituída nos termos do inciso I do artigo 1º, da Lei Complementar nº 
759, de 25 de julho de 1994; 
X - a Gratificação Especial de Mediação Trabalhista - GEMT, 
instituída pelo artigo 2º da Lei Complementar nº 778, de 23 de 
dezembro de 1994; 
XI - a Gratificação de Atividade Rodoviária GAR, instituída pela Lei 
Complementar nº 784, de 26 de dezembro de 1994; 
XII - o Prêmio de Valorização, instituído pela Lei Complementar nº 
809, de 18 de abril de 1996; 
XIII - a Gratificação Área Educação, instituída pela Lei Complementar 
nº 834, de 4 de novembro de 1997; 
XIV - a Gratificação de Assistência e Suporte a Saúde - GASS, 
instituída pela Lei Complementar nº 871, de 19 de junho de 2000; 
XV - a Gratificação de Suporte às Atividades Escolares - GSAE, 
instituída pela Lei Complementar nº 872, de 27 de junho de 2000; 
XVI - a Gratificação por Atividade de Suporte Administrativo - GASA, 
instituída pela Lei Complementar nº 876, de 4 de julho de 2000; 
XVII - a Gratificação Geral, de que trata o §1º do artigo 1º da Lei 
Complementar nº 901, de 12 de setembro de 2001; 
XVIII - a Gratificação por Atividade de Defesa Agropecuária, instituída 
pelo artigo 27 da Lei Complementar nº 919, de 23 de maio de 2002; 
XIX - a Gratificação Suplementar - G.S., instituída nos termos do §1º 
do artigo 1º da Lei Complementar nº 957, de 13 de setembro de 2004; 
XX - a Gratificação Especial de Atividade Técnico-Desportiva - 
GEATD, instituída pela Lei Complementar nº 993, de 12 de abril de 
2006. 
 
Tal medida teve por consequência a incorporação para todos os efeitos 
das gratificações na remuneração dos servidores, passando a sobre elas 
incidirem todos os acréscimos que incidem sobre o vencimento-base, tais como 
o décimo terceiro salário e o terço constitucional de férias. 
 Além disso, a absorção do valor das gratificações nos vencimentos 
promoveu a sua extensão aos inativos. 
 Entretanto, mesmo com a edição da referida lei, as demandas judiciais 
não diminuíram, tendo em vista que a referida lei promoveu a absorção das 
gratificações no vencimento-base dos servidores a partir de sua edição, 
apenas. 
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 Dessa forma, os inativos continuaram ajuizando ações contra o Estado 
de São Paulo, pleiteando o pagamento dos valores pretéritos, não atingidos 
pela prescrição quinquenal, relativos às gratificações absorvidas. O Tribunal de 
Justiça manteve seu posicionamento anterior, acolhendo o pedido de 
pagamento dos valores pretéritos. 
 Desta forma, tendo em vista que a sucumbência fazendária passou a ser 
tão recorrente, a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo editou a 
Orientação Normativa SubG/Contencioso Geral n°06, que autorizou os 
Procuradores do Estado a não interpor recurso contra decisões judiciais que 
reconheçam, em favor de servidores inativos, o direito ao recebimento das 
diferenças relativas à determinadas gratificações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 7. O ADICIONAL DE INSALUBRIDADE NA 
ADMINISTRAÇÃO PAULISTA 
 
1. DEFINIÇÃO E FUNDAMENTO LEGAL 
A remuneração do servidor público é composta pelo vencimento mais 
vantagens pecuniárias atribuídas por lei. Por sua vez, o adicional de 
insalubridade é espécie do gênero vantagem pecuniária, sendo definido como 
gratificação de serviço em razão da atividade me condições anormais. 
O adicional de insalubridade tem previsão somente no art. 7º, inciso 
XXIII da CF, transmitindo a falta impressão de limitar apenas ao trabalhadores 
urbanos ou rurais, em razão da redação do seu “caput”. No entanto, essa 
vantagem foi estendida aos servidores públicos estatutários através da 
remissão expressa da redação original do §2 do art. 39 da CF. 
Em que pese a E.C ter suprimido o §2º do art. 39 da CF, a interpretação 
da nova redação do art. 39, em seu inciso III, na qual há previsão de que o 
padrão de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório 
observará “as peculiaridades dos cargos”, dá sustento a percepção do 
adicional de insalubridade. 
A Constituição do Estado de São Paulo garante o adicional de 
insalubridade para os servidores públicos civis e militares nos arts. 124 e 138. 
Tanto a CF com a CE/SP exigem lei específica para a criação da aludida 
vantagem. O art. 39 da CF, demonstra essa exigência ao prever lei especifica 
para fixação ou alteração da remuneração dos servidores públicos. 
No Estado de São Paulo, a LC Estadual nº 432/1985, ainda em vigor e 
recepcionada pela CF e CE, suplantou as condições de criação do adicional de 
insalubridade e permitiu a percepção da vantagem. 
 
 
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2. POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL DO STF 
A pacificação do tema se iniciou através do julgamento do RE nº 
565.714, interposto por policiais militares do Estado de São Paulo, contra 
acórdão do TJ/SP que afastou a incidência do adicional de insalubridade em 
percentual sobre a remuneração, mantendo a base de cálculo sobre o salário 
mínimo. 
Foi negado provimento ao RE, sob o entendimento de não recepção da 
parte final do art. 3º da LC Estadual 432/1985 que vinculava a base de cálculo 
do adicional de insalubridade ao salário mínimo. Porém, o STF deixou de fixar 
nova base de cálculo, em razão da vedação de atuação como legislador 
positivo, mantendo a base de cálculo em dois salários mínimos para evitar um 
prejuízo ainda maior às partes. 
Instado novamente a se manifestar, agora em sede de controle abstrato 
de constitucionalidade (ADPF 151-DF), em processo ainda pendente de 
julgamento, prevalece a decisão em medida cautelar proferido pelo Ministro 
Gilmar Mendes, o qual asseverou que a solução para o vácuo legislativo e a 
não-recepção de normas que vinculam o adicional de insalubridade ao salário 
mínimo seria o congelamento da base de cálculo do adicional na data do 
trânsito em julgado da decisão proferida em ADPF. 
Nesse panorama, o entendimento atual do STF, até o julgamento final 
da ADPF 151, é da vinculação da base de cálculo do adicional de insalubridade 
ao salário mínimo congelado do trânsito em julgado da decisão que assim o 
estabelecera. Essa, por sua vez, encontra-se congelada em R$545,00 – salário 
mínimo fixado em 2011 pela Lei nº 12.382 na data do trânsito em julgado da 
cautela da ADPF – devendo os percentuais incidirem sobre esse valor, 
aplicado os múltiplos previstos em lei, v.g, a LC Estadual 432/2005 que define 
a incidência sobre dois salários mínimos: 2 x R$545,00 = 1.090,00. 
3. POSIÇÃO

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