Buscar

TCC LEANDRO DE OLIVEIRA SILVA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
INTEGRAÇÃO DAS AÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO E SEUS EFEITOS NA SAÚDE EM MUNICÍPIOS DO ESPÍRITO SANTO
LEANDRO DE OLIVEIRA SILVA
VITÓRIA
2016
LEANDRO DE OLIVEIRA SILVA
INTEGRAÇÃO DAS AÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO E SEUS EFEITOS NA SAÚDE EM MUNICÍPIOS DO ESPÍRITO SANTO
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Departamento de Enfermagem, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Espírito Santo, para obtenção do título de Enfermeiro, pelo aluno Leandro de Oliveira Silva.
Orientadora: Profª Drª. Fátima Maria Silva
Banca Examinadora: 
Drª Juliana Carvalho Rodrigues
Profª Drª Luzimar Dos Santos Luciano
VITÓRIA
2016
RESUMO
A partir da Constituição de 1988, o saneamento básico passou a ter uma maior relevância, pois responsabilizou a União pela criação de diretrizes para o desenvolvimento do saneamento básico no Brasil. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios passam a ter maiores atribuições a partir da lei 8080/90, onde devem participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico, colaborando também com a proteção e recuperação do meio ambiente. Em 2007, foi criada a Lei do Saneamento básico (nº 11.445), sendo uma de suas diretrizes a universalidade do acesso ao Saneamento básico. O saneamento básico abrange o abastecimento de água de qualidade; a coleta, tratamento e disposição adequada das águas residuárias no meio ambiente; o acondicionamento, a coleta, o transporte e a destinação final dos resíduos sólidos; e a coleta das águas pluviais e controle de empoçamentos e inundações. A motivação do presente estudo foi: Analisar a cobertura de saneamento básico no ES nos anos 2000 e 2010 e relacionar com as seguintes taxas: Mortalidade infantil, taxa de analfabetismo e Renda Per Capita. Para cumprir os objetivos, a metodologia empregada consistiu na análise estatística das taxas de cobertura de saneamento associadas com as taxas de mortalidade infantil, renda familiar per capita e taxa de analfabetismo coletados no IBGE e no DATASUS referentes aos anos 2000 e 2010. Os resultados mostraram altas taxas de cobertura de abastecimento de água, e coleta de lixo, o que gerou mais questionamentos, pois os valores não são realistas com o encontrado no estado, já as taxas de cobertura de esgoto foram sempre baixas para todas as macrorregiões do estado do Espírito Santo, evidenciando uma realidade na qual o governo já tem se programado para investir. Também mostraram a associação entre a taxa de cobertura de esgoto com a taxa de renda per capita. A partir da análise estatística e da revisão de literatura, concluímos que a mortalidade infantil é impactada pelo saneamento básico, assim como as taxas de analfabetismo e renda familiar per capita interagem com o saneamento básico, revelando a necessidade de investimento de recursos para que a população tenha uma melhor qualidade de vida a partir do acesso ao saneamento, além da melhor distribuição de renda e a criação de políticas que visem a educação da população.
Palavras chaves: Engenharia sanitária e ambiental, saneamento básico e saúde.
Lista de Siglas e Abreviaturas
ARSI	Agência Reguladora de Saneamento Básico e Infraestrutura Viária do Espírito Santo
BVS	Banco Virtual em Saúde
CESAN	Companhia Espírito Santense de Saneamento
DRSAI	Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado
IBGE			Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IJSN	Instituto Jones Santos Neves
OMS			Organização Mundial de Saúde
ONU	Organização das Nações Unidas
PAC	Programa de Aceleração do Crescimento
PLANASA		Plano Nacional de. Saneamento do Brasil
PLANSAB		Plano Nacional de Saneamento Básico
PNSB	Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
PNUD	Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
SEDURB	Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano
SEMA			Secretaria de Estado do Meio Ambiente
SIS			Sistema de Informação em Saúde
SNIS			Sistema Nacional de Informações sobre Saúde
SUS			Sistema Único de Saúde
UNICEF	Fundo das Nações Unidas para a Infância
Lista de Tabelas e Gráficos
Tabela 1 - Caracterização das variáveis						4
Tabela 2 – Comparação das taxas médias entre os anos 			33
Tabela 3 – Comparação das taxas médias por macrorregião e ano		34
Tabela 4 – Comparação das taxas médias entre os anos e Macrorregião 35
Tabela 5 – Associação de taxa de cobertura de água com os fatores	36
Tabela 6 – Associação da taxa de cobertura de esgoto com os fatores	37
Tabela 7 – Associação da taxa de cobertura de coleta de lixo e fatores	38
Gráfico 1 – Caracterização da taxa de cobertura de água			30
Gráfico 2 – Caracterização da taxa de cobertura de esgoto			31
Gráfico 3 – Caracterização da taxa de cobertura de coleta de lixo		31
Gráfico 4 – Caracterização da taxa de cobertura de mortalidade por 	32
nascidos vivos									
Gráfico 5 – Caracterização da renda familiar per capita			32
Gráfico 6 – Caracterização da taxa de analfabetismo				33
Lista de Quadro
Quadro 1 – Histórico de Saneamento						4
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
	
A necessidade e a importância do saneamento relacionado com a manutenção da saúde e bem estar da população estão presentes desde os tempos antigos. Podemos tomar como exemplo algumas ruínas de uma civilização indiana que se desenvolveu a cerca de 4000 anos, onde foram encontrados banheiros, redes de esgoto nas construções e drenagem nas ruas, fora os relatos encontrados de 2000 A.C de tradições médicas na Índia, com diversas recomendações relacionadas ao cuidado com a água. (GUIMARÃES, A. J et al 2016)
O saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem estar físico, mental e social. (GUIMARÃES, A. J et al 2016)
Por volta do Século XIX, na Inglaterra, John Snow, um epidemiologista com grande capacidade de observação, relatou cientificamente a ligação entre uma matéria existente na água que era consumida com o aparecimento da cólera. (CERDA, J. et al 2007).
E, no Século XX, com a Constituição de 1988 percebe - se a relevância do saneamento quando este passa a fazer parte dos planos governamentais. Na Lei 8.080/90, Capítulo IV, artigo 15 diz que A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão as seguintes atribuições: VII – participação de formulação da política e da execução das ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recuperação do meio ambiente. (BRASIL, 1990) Depois disso em 2007 foi criada a Lei 11.445 que discursa somente sobre Saneamento básico, tendo como princípio a universalização do acesso. (BRASIL, 2007).
De acordo com Guimarães, A. J et al (2016), o saneamento básico abrange:
. Abastecimento de água às populações, com a qualidade compatível com a proteção de sua saúde e em quantidade suficiente para a garantia de condições básicas de conforto;
. Coleta, tratamento e disposição ambientalmente adequada e sanitariamente segura de águas residuárias (esgotos sanitários, resíduos líquidos industriais e agrícolas);
. Acondicionamento, coleta, transporte e/ou destino final dos resíduos sólidos (incluindo os rejeitos provenientes das atividades doméstica, comercial e de serviços, industrial e pública); 
. Coleta de águas pluviais e controle de empoçamentos e inundações.
O Brasil é um país que possui uma extensão territorial de cerca de 8,5 milhões de km2, sendo assim, existe uma grande dificuldade de se administrar tamanho patrimônio (IBGE, 2013). No diagnóstico do ano de 2013, lançado em dezembro de 2014, do Sistema Nacional de informações sobre Saneamento (SNIS), cerca de 93,0% da população urbana era atendida por rede de abastecimento de água e somente 56,3% era atendida com coleta de esgoto. Desse percentual, apenas 40% passam por tratamento,com o intuito dos prestadores dos serviços de água e esgoto de se enquadrarem às legislações federal e/ou estadual. Em um estudo comparando com a Holanda, podemos observar que existe uma disparidade enorme, tomando o cuidado é claro com as devidas proporções. Mas a partir de uma publicação gerada em 21 de março de 2006, no ano de 2002, cerca de 99,9% da população holandesa já era atendida por rede pública de abastecimento de água e 99% já estava conectada ao sistema urbano de coleta de esgoto, sendo que todo esse percentual atendido já recebe algum tipo de tratamento. Evidenciando assim, grande diferença na administração dessas questões. (SOUZA, M.M. et al 2016)
No Brasil, a parcela do orçamento federal destinada à saúde, excluídos gastos de estados e municípios, foi de 7,6% do total de gastos da União. (DATASUS, 2011). Sendo, inferior à média dos países africanos (10,6%) e à média mundial (11,7%) entre 2000 e 2009. (OMS, 2010)
Dentro de uma pesquisa realizada por Teixeira, Júlio César et al (2014), foi constatado que todos os agravos gerados pelas doenças de notificação compulsória, ocasionados pela falta de saneamento básico (a dengue, a hepatite, a esquistossomose e a leptospirose) gerou uma despesa total de 2,141 bilhões de reais no período de 2001 a 2009, ou seja, 2,84% do gasto total do Sistema único de Saúde (SUS), direcionado para consultas médicas e internações hospitalares, sendo assim, temos recursos que poderiam ser alocados para outros fins, investidos em uma situação que poderia ser evitada se houvesse mais investimento em informação e tecnologia para distribuição e tratamento da água e esgoto.
2. OBJETIVO
Analisar a cobertura de saneamento básico no ES nos anos 2000 e 2010 e relacionar com os indicadores: Mortalidade infantil, taxa de analfabetismo e Renda Per Capita.
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. BREVE HISTÓRICO SOBRE O SANEAMENTO NO BRASIL E NO ESPÍRITO SANTO
No Quadro 1, observamos uma evolução desde a década de 30 até os momentos atuais do Brasil, onde tudo teve início com o controle dos recursos hídricos. E com o tempo podemos perceber que o entendimento de que o saneamento estava intimamente ligado com a qualidade de vida foi aumentando e com isso uma legislação foi sendo estruturada para garantir o saneamento como direito, o que trouxe uma maior responsabilização para a população brasileira e seus governantes.
	Período
	Principais Características
	
 Décadas de 30 e 40
	. Elaboração do Código das Águas (1934), que representou o primeiro instrumento de controle do uso de recursos hídricos no Brasil, estabelecendo o abastecimento público como prioritário;
. Coordenação das ações de saneamento (sem prioridade) e assistência médica (predominante) essencialmente pelo setor de saúde.
	
Décadas de 50 e 60
	. Surgimento de iniciativas para estabelecer as primeiras classificações e os primeiros parâmetros físicos, químicos e bacteriológicos definidores da qualidade das águas, por meio de legislações estaduais e em âmbito nacional;
. Permanência da dificuldade em relacionar os benefícios do saneamento com a saúde, restando dúvidas inclusive quanto à sua existência efetiva.
	
Década de 70
	. Predomínio da visão de que avanços nas áreas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário nos países em desenvolvimento resultariam na redução das taxas de mortalidade, embora ausentes dos programas de atenção primária à saúde;
. Consolidação do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA), com ênfase no incremento dos índices de atendimento por sistemas de abastecimento de água;
. Inserção da preocupação ambiental na agenda pública brasileira, com a consolidação dos conceitos de Ecologia e Meio Ambiente e a criação da Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA) em 1973.
	
Década de 80
	. Formulação mais rigorosa dos mecanismos responsáveis pelo comprometimento das condições de saúde da população, na ausência de condições adequadas de saneamento básico (água e esgoto);
. Instauração de uma série de instrumentos legais de âmbito nacional definidores de políticas e ações do governo brasileiro, como a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81);
. Revisão técnica das legislações pertinentes aos padrões de qualidade das águas.
	
Década de 90 até
o início do século XXI
	. Ênfase no conceito de desenvolvimento sustentável e de preservação e conservação do meio ambiente e particularmente dos recursos hídricos, refletindo diretamente no planejamento das ações de saneamento.
. Instituição da Política e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97).
. Incremento da avaliação dos efeitos e consequências de atividades de saneamento que importem impacto ao meio ambiente.
. Instituição de diretrizes nacionais para o saneamento básico (Lei 11.445/07).
Temos na Lei federal nº 11.445/07 (artigo 45) e também na Lei Estadual (ES) nº 9096/08 (Artigo 54) estabelecido que toda edificação permanente urbana será conectada à rede de abastecimento de água e esgotamento sanitário, porém na prática não vemos a lei sendo posta em vigor pelos atores sociais, por diversos motivos, desde falta de informação e conscientização até a falta de condições financeiras para arcar com as tarifas cobradas pelas concessionárias. Dessa forma, existe uma necessidade de se rever a legislação para que atinja todas as classes e assim impactar de forma positiva também na saúde, que esta diretamente ligada às condições de saneamento. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) 2014, a cada R$ 1,00 investido em saneamento gera economia de R$ 4,00 na área da saúde. Este que também cita que 31% da população desconhecem o que é saneamento e que somente 3% o relacionam com a saúde. A população precisa ter acesso à informação sobre a relação saúde-saneamento, pois somente a partir desse avanço a legislação executará com segurança e propriedade o que está previsto em Lei. Enquanto a consciência coletiva não estiver voltada também para o saneamento, outras necessidades serão estabelecidas como prioridades.
3.2 POLÍTICAS DE SANEAMENTO BÁSICO
Política de Saneamento Básico é uma lei direcionada para superação das desigualdades sociais, no que tange o acesso aos serviços públicos de saneamento básico, com a função de alavancar a área e chegar à universalização desse direito. (BRASIL, 2014)
No que se refere à lei n° 8080/90, do Sistema Único de Saúde (SUS), é obrigação desse sistema promover, proteger e recuperar a saúde, traduzida na promoção de ações de saneamento básico e de vigilância sanitária. (BRASIL, 1990)
Outra política que também tem como um dos seus objetivos intervir no saneamento básico é a política nacional de meio ambiente (lei nº 6938/81), que objetiva a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental. (BRASIL, 1981)
Segundo Amorim, L. et al (2009), todo processo que gera pressão sobre o meio ambiente culmina em desigualdades em várias áreas da sociedade, e dessa forma, expõe a fragilidade das políticas de saúde já existentes. 
A partir da citação acima, podemos dissertar que ainda que existam políticas voltadas para o saneamento e para o cuidado com o meio ambiente; a sua existência não garante que as os mesmos sejam devidamente fiscalizados e cuidados.
Segundo (BRASIL, 2012), o saneamento básico é um direito previsto na constituição e definido na Lei 11.445/2007, que estabeleceu as diretrizes nacionais para o saneamento básico e definiu uma Política Federal de Saneamento Básico.
“Artigo 3º Para os efeitos da Lei 11.445/2007 considera-se:
I - Saneamento básico: conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de:
a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;
b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte,tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente”. Dentre outras. 
Dessa forma, para direcionar a União, a Lei do saneamento básico estabeleceu a elaboração do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), para a partir desse plano, o Governo Federal alocar os recursos devidos para investir nessa área. Porém para alcançar esses recursos é necessário que os municípios elaborem os próprios Planos, que serve como um instrumento para o planejamento da prestação dos serviços públicos de saneamento básico. E segundo (BRASIL, 2012) também é obrigatório a regulação dos serviços, visando aspectos socioeconômicos, técnicos da prestação dos serviços, assim como institui a participação e o controle social.
A universalização dos serviços de saneamento básico é um dos princípios da Lei 11.445/2007, que visa o abastecimento de água de qualidade e quantidade suficientes às suas demandas, à coleta e tratamento de lixo e esgoto e ao manejo correto das águas das chuvas para todos. (BRASIL, 2012)
A regulação de todo esse processo envolvendo o saneamento básico é extremamente importante, pois gera maior responsabilização dos órgãos competentes e também das empresas publico-privadas prestadoras de serviço, além disso, a regulação segundo Galvão, Júnior A. C. (2009), é essencial na busca pela universalização, princípio da Lei de Saneamento Básico, por incentivar essas empresas a cumprirem as políticas regulatórias, o que cria um ambiente estável para os investimentos públicos ou privados.
“No Espirito Santo, por meio da Lei Complementar Nº 477, publicada em dezembro de 2008, e vinculada à Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano – SEDURB, a ARSI (Agência Reguladora de Saneamento Básico e Infraestrutura Viária do Espírito Santo) possui como atribuições regular, controlar e fiscalizar, no âmbito do Estado do Espírito Santo, os serviços de saneamento básico”.(ARSI, 2010. p.1)
Podemos visualizar a importância da regulamentação no planejamento do saneamento básico de um estado quando analisamos os avanços do estado do Espírito Santo com a criação da ARSI. Segundo o (IBGE, 2011), o Espírito Santo foi um dos destaques da PNSB 2008 com apenas 2 de 78 municípios que não possuíam coleta de esgoto. E segundo Couzi, D. O. apud Rabello, S. (2011), o abastecimento de água na área urbana, onde a CESAN atua, já é universalizada.
Segundo Ayach, L. et al (2012), 
No Brasil, ainda é pouco reconhecida a relação entre o desenvolvimento econômico e as condições ambientais e de saúde, situação que reflete negativamente na qualidade de vida da população. 
Dessa forma, é visível a necessidade do desenvolvimento de políticas públicas intersetoriais na intenção de dividir a responsabilidade e aumentar a cooperação de todos os setores com aquele que é responsável pelo meio ambiente, este que reflete diretamente na saúde da população.
Segundo (BRASIL, 2007) 
A saúde deve ser um elemento fundamental no processo de tomada de decisões de outras políticas, como as de trabalho e emprego, transportes, educação, ciência, tecnologia, economia, indústria, meio ambiente, desenvolvimento urbano e cultura, entre outras.
Sendo assim, é necessário considerar todo o contexto da população, além das políticas públicas de infraestrutura básica que são desencadeadas com base na legislação vigente e suas propostas, identificando as melhores estratégias de ação preventiva dos inúmeros riscos a que a população vem sendo exposta. Ayach, L. et al (2012)
Para Ayach, L. et al (2012) é necessário a criação de uma Política Nacional que tenha como objetivo a preservação e a recuperação do meio ambiente, com ações e metas integradas com a saúde, garantindo uma vida de qualidade para a população, trabalhando-se a prevenção. As políticas de Saúde Ambiental já tem se preparado para tal integração, porém outras áreas ainda criam entraves, sendo assim um desafio.
Segundo Ayach, L. et al (2012), as condições ambientais devem ser as direcionadoras das políticas públicas pelo fato de serem determinantes na saúde e na qualidade de vida da população.
A política pública é a conclusão de todo uma organização e planejamento que para Yévenes, S. (2010), pode potencializar a gestão dos serviços públicos, reduzindo improvisações e decisões emergenciais.
Com isso podemos dizer que o planejamento, ou a criação de uma política que vise a organização de todo o processo envolvendo o saneamento, afim de gerar uma melhor qualidade de vida para a população é de extrema importância, para isso é necessário que a participação popular seja mais efetiva, pois deveria ser uma das partes mais interessadas no processo.
E assim, segundo Farmer, P. et al (2006), a participação social vem se efetivando por meio de vários instrumentos e tem estado presente nos novos modelos de planejamento.
3.3 SANEAMENTO BÁSICO E DESIGUALDADES SOCIAIS
Segundo Heller, L. et al (2013), os serviços de saneamento básico são fatores de grande importância para a promoção da saúde pública. A qualidade e a quantidade de águas adequadas e a sua insuficiência e qualidade impróprias constituem respectivamente um fator de prevenção de doenças e um fator causador de doenças. Podemos olhar da mesma forma para a inexistência ou pouca efetividade de outros serviços de saneamento básico como, esgotamento sanitário, limpeza pública, manejo de resíduos sólidos e drenagem urbana.
Um dos impasses que impedem a universalização do saneamento básico segundo Galvão, J.A.C. (2009) é a desigualdade social, observadas renda familiar e localização dos domicílios distribuídos pelas regiões do país. Levando-se em conta que para um indivíduo/família usufruir dos serviços de água e esgoto, é exigido o pagamento de uma tarifa para a concessionária responsável pelo serviço, fora a localidade do domicílio, e outros fatores. É importante colocar que os serviços de saneamento são imprescindíveis para a saúde, dessa forma, aqueles que não têm acesso ou têm um acesso ineficiente, podem sofrer com doenças relacionadas ao saneamento.
Segundo Silva, R.T. et al (2001), no Brasil, o déficit dos serviços de água e esgoto é mais acentuada nas populações de baixa renda, as quais apresentam maiores problemas de saúde pública. Sendo assim, essas populações precisam ter um maior cuidado por parte do setor público para que possa viabilizar a universalização do saneamento básico, este que é direito constitucional e definido na Lei 11.445/2007. 
Para isso, é necessário um investimento maior em soluções simplificadas para que essa desigualdade social não cause grande impacto na saúde da população que não tem acesso a um saneamento básico de qualidade, lembrando que segundo o Trata Brasil (2004), a cada R$ 1,00 investido em saneamento gera economia de R$ 4,00 na área da saúde, dessa forma, podemos notar que o investimento para o desenvolvimento de técnicas ou modelos que torne mais acessível o saneamento básico é de extrema importância não só para a população, mas também para os cofres públicos. 
Segundo (BRASIL, 2007):
Estudos indicam que os resultados na saúde da população, por meio da melhoria na educação, transporte, destino dos resíduos, cultura, esporte e lazer, e qualidade ambiental geram resultados positivos diretos mais duradouros na saúde do que aqueles propiciados pela prestação de serviços assistenciais.
Concordando com a citação acima, Morais, L. D. e Jordão, B. Q. (2002) afirmam que as necessidades de saúde da população são muito mais amplas do que as que podem ser satisfeitas com a garantia de cobertura dos serviços de saúde.
Porém, segundo Ayach, L. et al (2012), os gestores e a população têm como prioridades, o aumento de hospitais, médicos e ambulâncias. Mostrando a necessidade de se investir também em educação, pois se tivessem acesso a informação sobre a importância do saneamento e as implicações que a mesma possui em relação à saúde, iriam rever suas prioridades.
Confirmando a necessidade de investimento na área da educação,o Trata Brasil cita que 31% da população desconhecem o que é saneamento e que somente 3% o relacionam com a saúde. (BRASIL, 2004)
Em pesquisa realizada pelo (IBGE, 2011), ao lado da grande demanda por moradias em 323 municípios brasileiros, 11,4 milhões de pessoas vivem em aglomerados subnormais no Brasil. Fato que gera mais entraves para o saneamento.
Segundo Lena, L. (2007), as desigualdades socioeconômicas, juntamente ao desorganizado processo de urbanização observado no Brasil, levam parte da população a viverem em precárias condições de vida. Esse processo de urbanização desordenado termina em ocupações de locais em que o saneamento é ineficiente ou inexistente, não sendo muito diferente da área rural e às vezes em piores condições, o que exige dos responsáveis, soluções para que essas desigualdades não criem barreiras para que o saneamento chegue ate a casa da população.
Segundo Galvão, J.A.C. (2009) apud Brasil (1995), 
para os sistemas de esgotos, as soluções simplificadas geralmente são as mais viáveis técnica e economicamente para as populações de baixa renda e para áreas de alta densidade urbana. Assim, é necessário distinguir “tecnologias de baixo custo” de “atendimento de baixo padrão”, o que exigirá mudanças de comportamento de prestadores de serviço aos usuários.
As concessionarias responsáveis pelos serviços de água e esgoto precisam juntamente com os municípios, o estado e a união pensar em alternativas que tragam benefícios a população. Para que tal situação ocorra também é necessário que haja regulação desses serviços por parte dos órgãos responsáveis, temos como bom exemplo a regulação por parte da Agência Reguladora de Saneamento Básico e Infraestrutura Viária do Espírito Santo (ARSI).
Visando a necessidade de alternativas citada acima, assim como a criação de uma estrutura que regule todo o processo que envolve o saneamento básico (HOLLANDER A.E.M; STAATSEN, B.A.M. 2003), colocam que uma abordagem multidisciplinar e multisetorial, pode ser determinante para a saúde ambiental em áreas urbanas desfavorecidas, incorporando políticas sobre aspectos socioeconômicos, geográficos e ambientais dos bairros. 
Dessa forma, a abordagem se torna cada vez mais específica para cada realidade encontrada, diminuindo os riscos de uma situação de vulnerabilidade.
Segundo Seroa, Motta R. e Moreira, A. (2015), uma boa alternativa para a população de baixa renda, seria o subsídio direto, mediante programas sociais. Funcionaria da seguinte forma: a parte fixa, de consumo mínimo seria paga diretamente à concessionária pelo gestor do programa, e a segunda, variável, seria paga pelo usuário, sendo essa a diferença efetivamente consumida em relação ao consumo mínimo.
Essa poderia ser uma forma para viabilizar a universalização do saneamento básico para as camadas da sociedade que não conseguem ter acesso aos serviços. E segundo Trémolet S, Hunt C. (2006), padrões de qualidade devem ser adaptados às necessidades locais no sentido de se obter tarifas sustentáveis, ou seja, todo o processo deve ser criado e mantido de forma que gere lucro para as concessionarias, e ao mesmo tempo leve qualidade no serviço para a população de uma forma que não afete tanto a sua renda mensal.
Portanto, segundo Machado, Jorge M., Porto M. (2003) é fundamental que alguns setores como os da saúde e do meio ambiente, juntamente com os setores da Economia e Finanças do Governo Federal, criem novos mecanismos para melhorar infraestruturas de saneamento básico, como o financiamento. Constituindo um primeiro passo para uma melhora na qualidade de vida da população menos favorecida.
É necessário colocar que as organizações responsáveis pelo saneamento básico precisam garantir que esse seja entregue com eficiência, essa eficiência que não podemos observar quando vemos as perdas de água na distribuição de 38,8% e de faturamento de 36,7%, estimadas pelo Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento – SNIS (BRASIL, 2012).
Segundo Assis, A.M.O. e Barreto, M. L. et al (2007)
Existe uma associação entre a desigualdade social e econômica e situações diferenciadas de acesso aos alimentos, das precárias condições do ambiente familiar e do estado de saúde e nutrição na infância, o que torna possível compreender que somente a melhoria na qualidade de vida da população pode fomentar a diminuição da pobreza e da desigualdade, e garantir a equidade e a inclusão social. Nesse sentido, a distribuição justa da riqueza socialmente produzida é um pressuposto básico da inclusão social e econômica e da eqüidade em saúde e nutrição.
3.4 DIFICULDADES E INTERFERENCIAS NO SANEMANTO BÁSICO
O saneamento básico é um grande desafio por enfrentar diversas dificuldades e interferências, desde processos burocráticos envolvendo os órgãos competentes e também a população, até problemas estruturais e técnicos envolvendo as obras de saneamento.
Para confirmar essa situação Couzi, D.O. (2012) afirma que existe grande dificuldade para a execução de ampliações e reformas na área do saneamento, devido questões legais, políticas, humanas e naturais, sendo um desafio para todo o setor de meio ambiente.
A lei federal nº 10257/01, estabelece diretrizes gerais para política urbana, e a partir dessa lei, pensar em planejamento e assim permitir, por exemplo, que uma obra de saneamento seja executada sem maiores problemas com moradias em locais inapropriados, galeria de águas pluviais, rede elétrica, rede de telefonia, ligações de esgoto dos imóveis às galerias de águas pluviais (sistema misto), e fora a falta de regulamentação para essas situações, o cadastro técnico inadequado ou até mesmo a inexistência do cadastro.
Segundo Couzi, D.O. (2012), a persistência na urbanização desordenada pode tornar o atendimento que hoje ainda é feito de forma convencional, inviável, encarecendo o processo a curto, médio e longo prazo.
Toda essa questão do planejamento tem que partir dos órgãos responsáveis por tal área, porém é uma ação que deve ser tomada em conjunto com a população, que deve ser mais ativa e participativa nesses processos, pois causa um impacto direto em suas vidas, interferindo na saúde, na economia e em seu cotidiano.
Um problema estrutural que costuma onerar as obras públicas de saneamento é o alto fluxo de veículos nas vias principais ou secundárias, onde normalmente precisa ser interditado, e se faz necessário, a criação de desvios e às vezes construção de canteiros, que segundo Couzi, D.O. (2012), causa também um aumento no prazo das obras pelo número reduzido de frentes de serviços, que objetiva minimizar esta situação. A partir do momento em que o planejamento seja o carro-chefe das organizações responsáveis, as obras serão menos onerosas, com um prazo menor, pois tais situações poderão ser antecipadas.
Vale lembrar que para tal planejamento é necessário uma equipe multiprofissional para se responsabilizar tanto do projeto técnico, como de várias situações que envolvem obras de saneamento. Para isso, é necessário o envolvimento de engenheiros, assistentes sociais, pedagogos e participação da comunidade, para que haja um consenso em todas as decisões, evitando problemas futuros.
Hoje o grande problema encontrado e citado é a falta de mão de obra qualificada para desenvolver projetos de qualidade, segundo Couzi, D.O. (2012), 
“As dificuldades na elaboração de projetos de saneamento no Brasil geram, além da deficiência na gestão de obras e serviços, obras mais onerosas e menos eficientes operacionalmente, acabando por apresentar manutenções prematuras e/ou implantação de sistemas mais complexos, inviáveis economicamente”.
Além dos problemas estruturais já apresentados, ainda há dois empecilhos para a universalização do saneamento que é a política e a morosidade dos processos envolvendo tal situação. (COUZI, D.O. 2012).
A Política segundo Couzi, D.O. (2012), interfere diretamente na distribuição da verba que é direcionada para o saneamento, pois conforme o desejo dos envolvidos, determinada região pode ser beneficiada ou não, gerando uma distribuiçãodesigual de recursos. Já o segundo se refere a situações envolvendo obtenção de licenças, exigências legais, além dos processos envolvendo os moradores, que por sua vez, tem propriedades atingidas pelas obras, culminando em problemas na justiça. Quando essa é resolvida amigavelmente o processo é rápido, porém quando isso não acontece o processo é moroso, atrasando o início das obras e assim, gerando dificuldades para a universalização do saneamento.
A dificuldade para implantar um saneamento adequado no Brasil existirá por um longo tempo, sendo pela distancia e pouco investimento em áreas rurais, com o número pequeno de moradores, como em áreas urbanas com o número maior de moradores, com um investimento teoricamente maior, porém com os entraves de uma região com grande fluxo de pessoas, veículos e o desenvolvimento desenfreado, sem um planejamento. 
Visando a aceleração de todo o processo para universalização do saneamento o Ministério do Planejamento em 2007 criou o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Dentro de uma programação, foi previsto para o setor de saneamento no PAC, um investimento de R$ 83,6 bilhões até o ano de 2014, para intervenções de saneamento, incluindo abastecimento de água, nos resíduos sólidos, no manejo de águas pluviais e no esgotamento sanitário. Deste total, o valor de R$ 77,7 bilhões foi destinado para a gestão do Ministério das Cidades. (SALGADO, S.R.T; ARAÚJO, A.L.C 2016)
Segundo Salgado, S.R.T e Araújo, A.L.C (2016), o Espírito Santo possui 54 municípios com algum tipo de tratamento de esgoto, porém não foram encontrados dados mostrando se este tratamento é eficiente ou não. O que aponta para a necessidade uma melhora nos sistemas de informação de Saneamento Básico e também para a uma revisão ou reestruturação dos serviços de esgotamento sanitário.
A universalização do saneamento traz muitos desafios a serem superados e a administração desses desafios está diretamente relacionada ao bem-estar e à qualidade de vida da população. (LOUREIRO, A. L. 2009)
3.5 MORTALIDADE NA INFANCIA
Segundo Heller, L. (2005), crianças menores de cinco anos são muito afetadas pelas inadequações ou falta de serviços de saneamento. 
O saneamento inadequado ou inexistente é um fator preponderante para internações e morte de crianças com doenças evitáveis, principalmente aquelas que se encontram em situações de vulnerabilidade, situações de pobreza e falta de escolaridade dos pais. 
Segundo a UNICEF, 2009, 88% das mortes por diarreias no mundo são causadas pelo saneamento inadequado ou inexistente. Destas mortes, aproximadamente 84% são de crianças, sendo, a segunda maior causa de mortes em crianças menores de cinco anos de idade.
Sendo assim, segundo (BRASIL, 2012), isso é o reflexo de um ambiente hostil, com alta taxa de desnutrição, vacinação incompleta ou ausente, saneamento parcial ou inexistente, atendimento medico hospitalar ineficaz durante a gestação, entre outros.
Em estudo realizado pela Trata Brasil (2013) em 100 cidades no ano de 2011, foi constatado que 138.447 crianças menores de 5 anos foram internadas por diarreia; 28.594 delas nas 100 cidades analisadas, ou seja, 20,7% do total no Brasil. 
Prüss, Annette e Kay, David et al (2002) estimam que:
a diarréia é responsável por 4,3% dos anos de vida perdidos ou com incapacitação (DALY) no mundo e que 88% desta carga de doenças é atribuída ao abastecimento de água, esgotamento sanitário e higiene inadequados. 
Segundo Heller, Léo (2005), a maior porcentagem dessas crianças está nos países em desenvolvimento, cuja situação do saneamento encontra-se extremamente vulnerável.
E segundo DATASUS, (2016), 5380 crianças menores de 5 anos foram internadas por diarreia ou gastroenterite entre 2010 e 2016 no estado do Espírito Santo. Somente em 2011, foram 693 internações. Números que precisam ser levado em consideração por ser um problema de saúde público altamente relacionado a saneamento básico inadequado ou ineficiente e à má distribuição de água potável.
Os resultados mostram que as crianças são a parte da população mais vulnerável à falta de saneamento básico adequado e às diarreias. Sendo assim, as políticas públicas que envolvem o saneamento básico precisam de um direcionamento para essa faixa da população, visando à importância da atenção e assistência com as crianças, não somente com mudanças no saneamento, mas também na atenção primária, para identificar tais situações com maior eficiência.
Prüss, Annette e Kay, David et al (2002) afirmam que a proporção de doenças relacionadas ao abastecimento de água e ao esgotamento sanitário em crianças menores de cinco anos de idade, na África, é absurdamente maior em relação a países ricos, isso também vale para mortalidade em menores de cinco anos. 
Com isso, possuímos ainda mais base para afirmar que a renda, ou riqueza de uma população influencia diretamente nas condições de saneamento e na distribuição de sua água, trazendo à tona a questão da desigualdade social, que acontece tanto em outro continente como aqui em nosso estado. 
Segundo (UNICEF, 2011)
Os gastos com saúde para cuidar dos casos de diarreia foi estimado, individualmente, pelo percentual do gasto do Ministério da Saúde com atenção básica e os valores per capita dos gastos com saúde federal, estadual e municipal no valor de R$ 83,71 per capita. Entretanto, apenas 28% das crianças com diarreia recebem tratamento.
Para Vanderlei, L.C.M. e Silva, G.A. (2004), a morbimortalidade por diarreia infantil está condicionada principalmente ao baixo nível socioeconômico da população, sendo este um dos principais fatores, que influencia as condições de saneamento básico precário e comportamento higiênico pessoal e doméstico insatisfatório.
Concordando com a citação acima Bühler, H.F e Ignotti, Eliane et al (2014) dizem que, independente dos fatores que influenciem no processo saúde-doença na população infantil, o fator que determina é as condições de saúde na infância é a pobreza. 
Dessa forma, olhando para o Brasil, Assis, A.M.O. et al 2007 apud Duarte, et al.,2003 diz que o risco de adoecer e morrer continua mais alto entre as crianças menores de cinco anos de idade das áreas pobres, resultado da desigualdade socioeconômica.
 Fink, G. e Gunther, I. et al (2011), afirmam que,
Crianças que vivem em uma casa com infraestrutura sanitária de alta qualidade, têm um risco de mortalidade que é cerca de 15-23% mais baixo do que crianças que vivem em agregados familiares sem instalações sanitárias.
O mesmo autor também afirma que o acesso à água e saneamento têm efeitos positivos na saúde infantil. O que confirma a importância do acesso ao que é de direito em relação ao saneamento básico.
Essas situações evidenciam a necessidade da melhor distribuição de renda para as famílias brasileiras, afim de terem acesso a um saneamento de qualidade e também evidenciam a correlação de saúde infantil e estrutura sanitária de qualidade.
3.6 RENDA, SANEAMENTO E SAÚDE
De acordo com diversos autores podemos afirmar que a falta de água, ou saneamento básico está ligada à condição econômica da população, acarretando no processo, vários problemas de saúde.
SILVA, S.R. (2007) apud Bouguerra (2004), afirma que
Atualmente, ao olhar para a realidade dos países em desenvolvimento, acredita ser visível que as origens da pobreza estão diretamente ligadas à falta de água e dos serviços de esgotamento sanitário, e acrescenta: “lá onde a água é rara, vingam a pobreza e a miséria”.
Segundo SILVA, Sara Ramos apud Heller (2006), um número significativo de crianças morrem anualmente no mundo, vítimas de doenças diretamente relacionadas à ineficiência no abastecimento de água e de esgotamento sanitário. O que deve chamar ainda mais atenção dos entes públicos e privados, afim de garantir o que é de direito da população. 
 Para SILVA, S.R. da (2007) apud Bouguerra (2004),
Tanto na Argélia quanto em outras partes, a distribuição da água é inseparável dos problemas das desigualdades sociais e espaciais (ricos e pobres, homens e mulheres,favelas e bairros nobres) [...] A fragilidade e a carência do estado têm sua parte de responsabilidade.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD, 2006) a distribuição do acesso adequado à água e ao serviço de esgoto reflete a distribuição de riqueza em muitos países. Também diz que:
a crise da água e do saneamento é, acima de tudo, uma crise dos pobres. Quase duas em cada três pessoas sem acesso à água potável sobrevivem com menos de 2 dólares por dia, com uma em cada três a viver com menos de 1 dólar por dia. Mais de 660 milhões de pessoas sem saneamento vivem com menos de 2 dólares por dia e mais de 385 milhões com menos de 1 dólar por dia.
Dessa forma, precisamos atentar para a realidade em que vivemos e cobrar por uma maior igualdade na distribuição de água e maior investimento em saneamento, como também a criação de alternativas envolvendo o setor público e privado, com o objetivo de diminuir o custo para a população que não possui muitos recursos como também para as empresas privadas prestadoras de serviço. O setor privado pode ter um papel importante nesse processo, mas segundo o (PNUD, 2004), o setor público possui a chave para solucionar toda a questão. 
Confirmando o que foi declarado acima, Ayach, et al 2012 apud Cardoso, 2005 diz que a habilidade para enfrentar a gravidade dos efeitos de riscos ambientais é limitada muito frequentemente por circunstâncias econômicas. Sendo assim, a intersetorialidade se torna a grande resposta para diversas situações, como essa, por exemplo, onde um trabalho em conjunto dos setores de finanças e economia, saúde e meio ambiente do governo poderiam solucionar o problema. 
Analisando a realidade brasileira, Heller, L. et al (2013) diz que o crescimento econômico brasileiro segue um modelo em que os pobres são excluídos da concentração de renda e infraestrutura, culminando em doenças infecto-parasitárias relacionadas a falta de saneamento básico onde se concentra a população mais pobre.
Seguindo essa linha de correlação da doença com o saneamento A. Prüss-Üstün e C. Corvalán (2006) estimam que 94% da carga das doenças diarreicas sejam atribuíveis às condições de renda, saneamento básico e educação; dando ênfase a essa estimativa, em pesquisa realizada por Fonseca, E.O.L. e Teixeira, M.G. et al (2010), foram encontradas em 10 municípios do Norte e Nordeste brasileiro, associações entre prevalência de Geo-helmintiases e renda familiar menor que 1 salário mínimo, presença de lixo próximo de casa, ausência de água encanada e número de residentes na moradia maior que 5 pessoas.
Situações que fazem correlação entre inadequado ou inexistente abastecimento de água e coleta de lixo, com doenças evitáveis, renda familiar e educação.
Em estudo realizado por Afonso, J.R. e Araújo, E.A. et al (2004), foi constatado que:
enquanto a tributação indireta representou 16,8% da renda das famílias pertencentes ao primeiro décimo, na classe das famílias mais ricas (pertencentes ao último décimo) mobilizou apenas 2% da renda – ou seja, 9,5 pontos percentuais a menos.
Ou seja, essa constatação mostra a injustiça na tributação, que vai gerar maiores problemas à população que não possui condições de arcar com esses gastos, criando assim, uma barreira para a população de baixa renda ter acesso ao saneamento básico eficiente, o que futuramente culminará em problema de saúde.
3.7 EDUCAÇÃO, SANEAMENTO E SAÚDE
	
O Trata Brasil (2004), cita que 31% da população desconhecem o que é saneamento e que somente 3% o relacionam com a saúde, evidenciando a necessidade de investimento também na educação da população.
Além do papel que pertence aos entes públicos e privados, existe o papel da população com o Controle Social, esta que só se torna realmente efetiva a partir do momento em que a população possui instrução para lutar por seus direitos. À medida que a taxa de analfabetismo diminui, o empoderamento da população acerca dos deveres do estado para com ela deveria aumentar, dessa forma, o controle social aumenta a fiscalização dos entes públicos e privados na prestação dos seus serviços, como por exemplo, nos serviços de saneamento básico. A partir dessa fiscalização, por exemplo, a má distribuição dos recursos destinados para o saneamento será findada, dando espaço para a universalização do saneamento que a tanto tempo está atrasada e impede uma melhor qualidade de vida para a população.
Segundo IJSN (2011), em estudo realizado utilizando pessoas com 15 anos ou mais, a taxa de analfabetismo no Estado do Espírito Santo no período de 2001 a 2009, passou de 11,9% para 8,5% respectivamente. No mesmo período ouve redução entre homens e mulheres, evidenciando uma maior taxa de analfabetismo entre as mulheres; pode-se se constatar redução entre os brancos (2,7%) e não brancos (5,8%); entre a população residente no meio rural (17,7%) e urbano (6,6%); e entre os que residiam em grandes municípios (11,6%) e pequenos (6,3%). Também foi averiguado diminuição na taxa de analfabetismo funcional.
No mesmo período segundo IJSN (2011), ocorreram aumentos na cobertura do abastecimento de água, na rede de coleta de esgoto, no esgotamento sanitário e na coleta de lixo. 
O Instituto Jones dos Santos Neves também relatou que à medida que se alcança uma maior classe de rendimentos, a taxa de analfabetismo diminui.
Com todos esses dados podemos declarar que existe o investimento em setores como educação e saneamento básico, porém, ainda não é o bastante e está longe de atingir o necessário para alcançar a universalização do saneamento e a melhora na qualidade de vida da população.
Segundo Ayach, Lucy et al (2012), 
Embora já seja consenso a importância do investimento em saneamento como forma de prevenir riscos à saúde pública, o comportamento da população e a visão dos gestores, em geral essa prioridade não tem sido contemplada. A própria opinião popular se ausenta dessa reivindicação, sinalizando como prioridade para solução dos seus problemas o aumento de hospitais, médicos e ambulâncias.
Com a citação acima, podemos afirmar que existe a necessidade de um constante investimento em educação, visando diminuir o analfabetismo e o analfabetismo funcional, com o intuito de aumentar o controle e a participação social.
Segundo Guimarães, Ester et al (2014), 
A Organização das Nações Unidas (ONU) identificou necessidade de orientações sobre conteúdo normativo das obrigações referentes aos direitos humanos em matéria de saneamento; obrigações pertinentes aos direitos humanos em matéria de elaboração de uma estratégia nacional dos serviços; regulamentação de serviços privados; critérios de proteção do direito ao acesso a tais serviços em caso de interrupção dos mesmos e obrigações dos municípios no papel do Poder Publico.
Corroborando com o que a Organização das Nações Unidas (ONU) identificou, Piccoli, Andrezza et al (2016), diz que a educação é a mola propulsora para alcançar a população e a levar à mobilização e participação. E também diz que é necessário que a população esteja organizada, informada e atuante na fiscalização do cumprimento dos seus direitos e também atuante no que tange a cumprir os seus deveres em promover a sustentabilidade dos recursos naturais.
A partir de estudo realizado no município de Campina Grande, Pedrosa, R. et al (2016), dizem que a grande maioria dos (as) chefes de família possuem pouco grau de instrução, o que seria um entrave para uma possível implementação de programas ambientais. Diz também que a criação de uma política pública que privilegie a educação, traria muitos benefícios, como aumento da escolaridade da população, incremento nas possibilidades de compreensão e engajamento nas questões pertinentes ao saneamento ambiental.
Seguindo essa lógica dos benefícios de uma política que dê maior atenção à educação, Vikram, K. et al (2010), dizem que os pais educados têm redes sociais que lhes fornecem conhecimento, conselhos e contatos que aumentam sua capacidade de reconhecer a gravidade da doença, procurar tratamento eencontrar bons cuidados, no que tange a saúde infantil.
3.8 EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS
Segundo Rouquayrol, M.Z. et al (2003), a epidemiologia possui um papel muito importante no controle das doenças associadas ao saneamento básico, dentro desse papel, podemos destacar algumas atribuições como, o desenvolvimento e atualização das normas para a sua prevenção e controle quando necessário, organizar toda a estrutura que envolve a recepção e transmissão de informações dentro do país tanto para os profissionais da área como para a população em geral e também trabalhar a educação continuada, visando o fortalecimento da base já formada no que tange as doenças associadas a falta ou inexistência do saneamento básico.
Segundo Ayach, L. et al (2012), 
estima-se que cerca de 80% de todas as doenças humanas estejam relacionadas, direta ou indiretamente, à água não tratada, ao saneamento precário e à falta de conhecimentos e informações básicas de higiene e dos mecanismos das doenças.
Baseada na classificação ambiental proposta por Cairncross e Feachem (1993), foi criada uma classificação para Doenças Relacionadas a um Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI), sendo essas, doenças infecciosas e parasitárias.
Pela adaptação de Costa, A.M. et al (2002) da Classificação de Cairncross e Feachem (1993), podemos perceber essas características, quando apresentam essas doenças em divisões: doenças do tipo fecal-oral (diarreicas, febres entéricas e Hepatite A), doenças transmitidas por inseto vetor (Dengue, Febre amarela, Leishmanioses, Filariose Linfática, Malária e Doença de Chagas), doenças baseadas na água (Esquistossomose, leptospirose), doenças relacionadas a higiene (Doenças dos olhos e Doenças da pele) e doenças relacionadas a Geo-helmintos e teníase.
Calcula-se que os fatores ambientais respondem atualmente por 23% das causas de todas as doenças, lesões e mortes no mundo Ayach, L. (2012) apud Vilela, R. A. G. et al (2003), o que deveria chamar atenção dos órgãos públicos, pois afeta diretamente a qualidade de vida da população.
Segundo Costa, A.M. et. al (2002), 
A vigilância ambiental, além de monitorar situações de risco, pode contribuir para a avaliação das políticas públicas de saneamento ambiental. 
Neste sentido, é importantíssimo que haja uma maior estruturação dos sistemas de vigilância para realização da promoção e prevenção da saúde, visando um menor impacto na saúde da população.
Segundo Seidl, E. M. F. et al (2004), os condicionantes do processo saúde-doença que são multifatoriais e complexos, relacionados aos diversos aspectos econômicos, sociais e outros. Mostrando a necessidade de uma ação intersetorial, com o objetivo de se abarcar toda essa complexidade.
Independentemente das características das doenças relacionadas ao saneamento inadequado, as principais medidas de controle das doenças referenciadas neste trabalho, incluem: adequada infraestrutura de saneamento e educação em saúde para a população, o que exige investimento e estudo de alternativas por parte do poder público. (BRASIL, 2008)
 Além da melhor distribuição de renda para a população, pois segundo a PNUD (2006), a crise da água e do saneamento é uma crise dos pobres.
Corroborando com as citações acima, Ayach, L. et al (2012), diz que: 
Dentre os problemas ambientais urbanos, o aspecto sanitário tem sido um dos maiores desafios para a administração pública e para a sociedade, uma vez que tem ligação direta com todas as demais atividades de atendimento ao público, implicando diretamente a saúde e o bem-estar social. São notáveis as inúmeras doenças vinculadas à falta de saneamento básico e formas inadequadas de uso e ocupação do solo, exigindo medidas preventivas mais severas, tendo como premissa a melhoria nas condições de moradia e de convivência salubre entre as pessoas e o seu entorno.
Segundo Teixeira, J.C. et al (2014), 
a infraestrutura sanitária deficiente desempenha uma interface com a situação de saúde e com as condições de vida das populações dos países em desenvolvimento, onde as doenças infecciosas continuam sendo uma importante causa de morbidade e mortalidade.
4. METODOLOGIA
4.1 TIPO DE ESTUDO 
O estudo foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica, considerando a relevância do tema, buscando conhecer sob o olhar de alguns autores, a associação entre as taxas de cobertura de saneamento básico, a taxa de mortalidade infantil e as taxas de analfabetismo e renda per capita, no Estado do Espírito Santo, nos anos de 2000 e 2010. A revisão bibliográfica, segundo Ribeiro, J.L.D.(2007), é aquela que reuni ideias oriundas de diferentes fontes, visando construir uma nova teoria ou uma nova forma de apresentação para um assunto já conhecido. A elaboração da pesquisa teve como ferramenta, o material já publicado sobre o tema; artigos científicos, publicações periódicas e materiais na Internet disponíveis nos seguintes bancos de dados: DATASUS, SCIELO, MINISTÉRIO DA SAÚDE, BVS, entre outros.
4.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO
O estudo em questão é realizado com toda a população do estado do Espírito Santo, pois acredita-se que a saúde de todos é afetada pela falta ou pelo inadequado saneamento básico. 
Segundo Héller, L. et al (2013), os serviços de saneamento básico são fatores de grande importância para a promoção da saúde pública. 
4.3 FONTE DE DADOS
As informações foram compostas de dados secundários obtidos em bases de acesso público. Os dados foram coletados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do DATASUS, sites oficiais do Governo que possuem informações de todo território nacional, de onde foram obtidas informações referentes às taxas de Saneamento Básico, taxas sociais e dados de mortalidade do ano 2000 e do ano de 2010. Foi utilizado o período de 10 anos para a comparação das taxas sociais, epidemiológica e de saneamento básico. De cada município foram coletados dados referentes à porcentagem de abastecimento de água, de instalação sanitária, de coleta de lixo, de taxa de analfabetização, de renda per capita e de mortalidade infantil. 
4.4 ABRANGÊNCIA DO ESTUDO
O universo da pesquisa utilizou os municípios do Estado do Espírito Santo. O Estado tem uma área de 46.078 km2, está dividido em 78 municípios e a capital é Vitória. Apesar de o Estado possuir 78 municípios foram utilizados 77 deles para o ano de 2000 e 78 para o ano de 2010. No ano de 2000, o município excluído da pesquisa foi Governador Lindenberg, por ser um município novo sem registro dos dados que utilizamos no estudo, mas que já foi incluído para o ano de 2010. O clima do Estado é tropical úmido, com chuvas concentradas especialmente no verão. Possui sete rios que o cortam: Rio Doce, que nasce no Estado de Minas Gerais, Rio São Mateus, Rio Itaúnas, Rio Itapemirim, Rio Jucu, Rio Mucuri e o Rio Itabapoana. Possui uma população de 3.514.952 habitantes no ano de 2010, com a estimativa de 3.973.697 habitantes para o ano de 2016. (IBGE, 2016).
4.5 VARIÁVEIS DO ESTUDO
Foram selecionadas as taxas sociais, sanitárias e epidemiológica para o estudo em questão. A taxa epidemiológica selecionadas foi a taxa de mortalidade infantil de 0 a 4 anos de idade por doenças relacionadas ao saneamento já referidas. As taxas de saneamento básico foram: cobertura de água, cobertura de esgoto e cobertura de coleta de lixo. As taxas sociais do estudo foram: taxa de analfabetização e renda per capita. Para a taxa de renda per capita foram utilizados dados para o ano de 2000 e 2010.
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A primeira abordagem da análise estatística foi a caracterização de todas as taxas através da mediana, média e desvio padrão de todos os municípios do Espírito Santo para o ano de 2000 e 2010.
Na segunda abordagem tivemos a Comparação das taxas médias entre os anos, onde primeiro foi calculado a média e o desvio padrão das taxas de cobertura de água, esgoto e coleta de lixo de todos os municípios do Espírito Santo para os anos de 2000 e 2010 e por fim foi feito o Teste t de Student para verificar se houve uma diferença estatisticamentesignificativa entre as médias referidas.
Na terceira abordagem foi realizada Comparação das taxas médias por macrorregião e ano, onde através da ANOVA, foi associado e calculado média e desvio padrão das taxas de cobertura de água, esgoto e coleta de lixo para cada macrorregião do estado do Espírito Santo (Norte, central, metropolitana e Sul) nos anos de 2000 e 2010 e quando houve diferença estatisticamente significativa foi utilizado o teste de Tukey; as diferenças entre as médias foram destacadas com letras diferentes. 
Na quarta abordagem foi feita a comparação das taxas médias entre os anos por macrorregião, onde foi associado e calculado a média e desvio padrão separadamente de cada macrorregião com as taxas de saneamento dos anos referidos anteriormente e foi calculado o valor p* para verificar se existe significância entre as médias a partir do Teste t de Student.
Na quinta e última abordagem foi realizada a associação das taxas de cobertura de saneamento com os fatores, onde a partir do cálculo de Regressão linear múltipla, foi calculada a tendência da associação entre as taxas de cobertura de saneamento (variável dependente), os indicadores sociais (Renda per capita e taxa de analfabetismo) e o indicador epidemiológico (taxa de mortalidade/nascidos vivos).
O nível de significância utilizado em todas as estatísticas foi de 5% com intervalo de confiança de 95%.
O programa IBM SPSS Statistics versão 24 foi o que realizou as análises.
4.8 CONCEITUAÇÕES DAS TAXAS
Taxa de Saneamento básico
Segundo Trata Brasil (2012), 
Saneamento é o conjunto de medidas que visa preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde, melhorar a qualidade de vida da população e à produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica. 
A cobertura de abastecimento de água pode ser conceituada como: Percentual da população residente servida por rede geral de abastecimento, com ou sem canalização domiciliar, em determinado espaço geográfico, no ano considerado. (BRASIL, 2008)
A cobertura de esgotamento sanitário pode ser conceituada como: Percentual da população residente que dispõe de sanitário através de ligação do domicílio à rede coletora ou fossa séptica, em determinado espaço geográfico, no ano considerado. (BRASIL, 2008)
Segundo (BRASIL, 2008), a cobertura de coleta de lixo pode ser conceituada como: percentual da população residente atendida, direta ou indiretamente, por serviço regular de coleta de lixo domiciliar, em determinado espaço geográfico, no ano considerado.
Taxa de analfabetismo
Percentagem das pessoas analfabetas de um grupo etário, em relação ao total de pessoas do mesmo grupo etário. (IBGE, 2016)
Taxa de renda per capita
Soma da renda mensal da família, exclusive os das pessoas cuja condição na família fosse pensionista, empregado ou parente de empregado doméstico. (IBGE, 2016)
Taxa de mortalidade de menores de 5 anos
Para cada mil crianças nascidas vivas, a frequência com que ocorrem os óbitos de crianças antes de completar 5 anos de idade em uma população, em relação ao número de nascidos vivos em determinado ano civil. (IBGE, 2016)
4.7 ASPECTOS ÉTICOS
Por se tratar de uma Revisão Bibliográfica e dados secundários, não houve a necessidade deste trabalho passar pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Espírito Santo.
5. RESULTADOS
O objetivo do estudo é analisar se o impacto do saneamento básico na mortalidade infantil e nos indicadores sociais (taxa de analfabetismo e renda per capita) nos anos dos censos de 2000 e 2010. A partir desse objetivo, a análise estatística chegou aos seguintes resultados.
O ano 2000 obteve maiores medianas e médias nas seguintes variáveis: taxa de cobertura de água (mediana = 97,76%; média = 97,34%; DP ± 1,91%), taxa de mortalidade por nascidos vivos (mediana = 1,95%; média = 2,12%; DP ± 1,11%) e taxa de analfabetismo (mediana = 15,50%; média = 15,65%; DP ± 4,97%). Já o ano de 2010 obteve maior mediana e média na taxa de cobertura de esgoto (mediana = 46,14%; média = 47,51%; DP ± 20,08%), taxa de cobertura de coleta de lixo (mediana = 99,63%; média = 99,46%; DP ± 0,55%) e renda familiar Per Capta (mediana = R$ 520,05; média R$ 563,72; DP ± R$ 198,99).
Tabela 1: Caracterização das variáveis.
	 
	2000
	2010
	Total
	
	Mediana
	Média
	Desvio padrão
	Mediana
	Média
	Desvio padrão
	Mediana
	Média
	Desvio padrão
	Taxa de cobertura de água (%)
	97,76
	97,34
	1,91
	93,56
	92,05
	6,13
	96,58
	94,68
	5,26
	Taxa de cobertura de esgoto (%)
	34,12
	37,27
	20,89
	46,14
	47,51
	20,08
	42,33
	42,42
	21,05
	Taxa de cobertura de coleta de lixo (%)
	99,38
	99,19
	0,55
	99,63
	99,46
	0,55
	99,49
	99,33
	0,56
	Taxa de mortalidade/nascidos vivos (%)
	1,95
	2,12
	1,11
	1,35
	1,49
	0,65
	1,72
	1,82
	0,97
	Renda domiciliar Per Capita (R$)
	398,18
	416,76
	146,56
	520,05
	563,72
	198,99
	453,74
	490,71
	189,29
	Taxa de Analfabetismo (%)
	15,50
	15,65
	4,97
	12,15
	12,14
	4,28
	13,40
	13,88
	4,95
	Fonte: IBGE.
	
	
	
	
	
	
	
	
	
 Gráfico 1: Caracterização da taxa de cobertura de água.
 Gráfico 2: Caracterização da taxa de cobertura de esgoto.
 Gráfico 3: Caracterização da taxa de cobertura de coleta de lixo.
 Gráfico 4: Caracterização da taxa mortalidade por nascidos vivos.
 Gráfico 5: Caracterização da renda familiar Per Capta.
 Gráfico 6: Caracterização da taxa de analfabetismo.
A comparação das taxas médias entre os anos é apresentada na Tabela 2 a seguir. Houve diferenças entre as médias em todas as três taxas, portanto, a taxa média de cobertura de água foi maior no ano 2000 (97,34%; DP ± 1,91%), já a taxa média de cobertura de esgoto foi maior no ano de 2010 (47,72%; DP ± 20,12%) e a taxa média de cobertura de coleta de lixo foi maior no ano de 2010 (99,45%; DP ± 0,55%).
Tabela 2: Comparação das taxas médias entre os anos.
	 
	 
	Média
	Desvio Padrão
	Valor p*
	Taxa de cobertura de água
	2000
	97,34
	1,91
	< 0,001
	
	2010
	92,02
	6,17
	
	Taxa de cobertura de esgoto
	2000
	37,27
	20,89
	< 0,001
	
	2010
	47,72
	20,12
	
	Taxa de cobertura de coleta de lixo
	2000
	99,19
	0,55
	< 0,001
	
	2010
	99,45
	0,55
	
	*. Teste t de Student para amostras pareadas.
	
	
A comparação entre as taxas médias por macrorregião e ano foi estatisticamente significante apenas para a taxa de cobertura de água no ano 2010 e no total (2000 e 2010 juntos). Assim, as macrorregiões com maiores taxas médias de cobertura de água no ano 2010 foram observadas na macrorregião norte (média = 94,83%; DP ± 2,89%) e central (média = 94,99%; DP ± 2,41%). Já quando se observou a taxa no total, a macrorregião com maior média foi a central (média = 96,40%; DP ± 2,43%).
Tabela 3: Comparação das taxas médias por macrorregião e ano.
	 
	 
	Média
	Desvio Padrão
	Valor p*
	 
	
	
	
	
	2000
	Taxa de cobertura de água
	Norte
	96,91
	1,44
	0,485
	
	
	Central
	97,90
	1,33
	
	
	
	Metropolitana
	97,10
	2,27
	
	
	
	Sul
	97,38
	2,13
	
	
	Taxa de cobertura de esgoto
	Norte
	34,86
	16,42
	0,663
	
	
	Central
	42,92
	21,29
	
	
	
	Metropolitana
	35,77
	25,22
	
	
	
	Sul
	36,03
	19,60
	
	
	Taxa de cobertura de coleta de lixo
	Norte
	99,06
	0,47
	0,501
	
	
	Central
	99,35
	0,32
	
	
	
	Metropolitana
	99,21
	0,46
	
	
	
	Sul
	99,15
	0,74
	
	2010
	Taxa de cobertura de água
	Norte
	94,83ᵇ
	2,89
	0,001
	
	
	Central
	94,99ᵇ
	2,41
	
	
	
	Metropolitana
	92,20ᵃᵇ
	4,90
	
	
	
	Sul
	88,42ᵃ
	8,07
	
	
	Taxa de cobertura de esgoto
	Norte
	49,26
	16,51
	0,658
	
	
	Central
	51,94
	19,39
	
	
	
	Metropolitana
	46,18
	25,26
	
	
	
	Sul
	44,5318,24
	
	
	Taxa de cobertura de coleta de lixo
	Norte
	99,26
	0,57
	0,271
	
	
	Central
	99,50
	0,45
	
	
	
	Metropolitana
	99,38
	0,83
	
	
	
	Sul
	99,60
	0,21
	
	Total
	Taxa de cobertura de água
	Norte
	95,87ᵃᵇ
	2,48
	0,010
	
	
	Central
	96,40ᵇ
	2,43
	
	
	
	Metropolitana
	94,65ᵃᵇ
	4,52
	
	
	
	Sul
	92,90ᵃ
	7,39
	
	
	Taxa de cobertura de esgoto
	Norte
	42,06
	17,74
	0,424
	
	
	Central
	47,56
	20,55
	
	
	
	Metropolitana
	40,98
	25,47
	
	
	
	Sul
	40,28
	19,23
	
	
	Taxa de cobertura de coleta de lixo
	Norte
	99,16
	0,53
	0,259
	
	
	Central
	99,43
	0,40
	
	
	
	Metropolitana
	99,30
	0,67
	
	
	
	Sul
	99,37
	0,58
	
*. ANOVA; ᵃᵇ. Letras diferentes indicam diferenças entre as médias (Teste de Tukey).
Abaixo segue o mapa de Divisão Regional do Espírito Santo por macrorregiões, criado pelo Instituto Jones dos Santos Neves.
A avaliação das médias das taxas entre os anos por macrorregião é apresentada na Tabela 4 abaixo. Para a macrorregião norte houve diferença entre as médias nas taxas de cobertura de água e cobertura de esgoto, onde o ano 2000 obteve maior taxa média de cobertura de água (96,91%; DP ± 1,44%) e o ano de 2010 a maior taxa média de cobertura de esgoto (49,26%; DP ± 16,51%). A taxa média de cobertura de lixo foi semelhante entre os anos.
A macrorregião central foi percebida maior taxa média de cobertura de água no ano 2000 (97,90%; DP ± 1,33%) e maior taxa média de cobertura de esgoto no ano 2010 (51,94%; DP ± 19,39%). A taxa média de cobertura de lixo foi semelhante entre os anos.
A macrorregião metropolitana obteve maior taxa média de cobertura de água no ano 2000 (97,10%; DP ± 2,27%), maior taxa média de cobertura de esgoto no ano 2010 (46,18%; DP ± 25,26%) e maior taxa média de cobertura de coleta de lixo no ano 2010 (99,38%; DP ± 0,83%).
A macrorregião sul apresentou a maior taxa média de cobertura de água no ano 2000 (97,38%; DP ± 2,13%), maior taxa média de cobertura de esgoto no ano 2010 (44,53%; DP ± 18,24%) e maior taxa média de cobertura de coleta de lixo no ano 2010 (99,60%; DP ± 0,21%).
Tabela 4: Comparação das taxas médias entre os anos por macrorregião.
	 
	 
	 
	Média
	Desvio Padrão
	Valor p*
	Macrorregião Norte
	Taxa de cobertura de água
	2000
	96,91
	1,44
	0,013
	
	
	2010
	94,83
	2,89
	
	
	Taxa de cobertura de esgoto
	2000
	34,86
	16,42
	< 0,001
	
	
	2010
	49,26
	16,51
	
	
	Taxa de cobertura de coleta de lixo
	2000
	99,06
	0,47
	0,501
	
	
	2010
	99,26
	0,57
	
	Macrorregião Central
	Taxa de cobertura de água
	2000
	97,90
	1,33
	< 0,001
	
	
	2010
	94,99
	2,41
	
	
	Taxa de cobertura de esgoto
	2000
	42,92
	21,29
	< 0,001
	
	
	2010
	51,94
	19,39
	
	
	Taxa de cobertura de coleta de lixo
	2000
	99,35
	0,32
	0,102
	
	
	2010
	99,50
	0,45
	
	Macrorregião Metropolitana
	Taxa de cobertura de água
	2000
	97,10
	2,27
	0,001
	
	
	2010
	92,20
	4,90
	
	
	Taxa de cobertura de esgoto
	2000
	35,77
	25,22
	< 0,001
	
	
	2010
	46,18
	25,26
	
	
	Taxa de cobertura de coleta de lixo
	2000
	99,21
	0,46
	0,006
	
	
	2010
	99,38
	0,83
	
	Macrorregião Sul
	Taxa de cobertura de água
	2000
	97,38
	2,13
	< 0,001
	
	
	2010
	88,42
	8,07
	
	
	Taxa de cobertura de esgoto
	2000
	36,03
	19,60
	< 0,001
	
	
	2010
	44,53
	18,24
	
	
	Taxa de cobertura de coleta de lixo
	2000
	99,15
	0,74
	0,028
	
	
	2010
	99,60
	0,21
	
	*. Teste t de Student para amostras pareadas.
	
	
	
A seguir é apresentada a associação entre a taxa de cobertura de água com taxa de mortalidade por nascidos vivos, renda domiciliar Per Capita e a taxa de analfabetismo.
Não há relação dos fatores com a taxa de água, portanto, a taxa de mortalidade por nascidos vivos, renda domiciliar Per Capita e a taxa de analfabetismo independem da taxa de cobertura de água.
Tabela 5: Associação da taxa de cobertura de água com os fatores.
	 
	B
	Erro Padrão
	t
	Valor p*
	Intervalo de Confiança de 95,0% para B
	Tendência
	
	
	
	
	
	Limite inferior
	Limite superior
	
	2000
	Taxa de mortalidade/nascidos vivos
	0,196
	0,201
	0,973
	0,334
	-0,206
	0,598
	Estável
	
	Renda domiciliar Per Capita
	0,003
	0,002
	1,283
	0,204
	-0,001
	0,006
	Estável
	
	Taxa de Analfabetismo
	-0,062
	0,060
	-1,040
	0,302
	-0,181
	0,057
	Estável
	2010
	Taxa de mortalidade/nascidos vivos
	1,731
	1,120
	1,546
	0,127
	-0,504
	3,966
	Estável
	
	Renda domiciliar Per Capita
	0,008
	0,005
	1,708
	0,092
	-0,001
	0,018
	Estável
	
	Taxa de Analfabetismo
	-0,143
	0,227
	-0,632
	0,530
	-0,596
	0,309
	Estável
	Total
	Taxa de mortalidade/nascidos vivos
	1,275
	0,464
	2,748
	0,342
	0,358
	2,192
	Estável
	
	Renda domiciliar Per Capita
	0,002
	0,003
	0,602
	0,548
	-0,004
	0,008
	Estável
	
	Taxa de Analfabetismo
	-0,031
	0,124
	-0,251
	0,802
	-0,275
	0,213
	Estável
*. Regressão linear múltipla; B - Coeficiente; t - Estatística de teste; Variável dependente - Taxa de cobertura de água.
A renda familiar Per Capta foi signficante para o ano 2000, 2010 e os dois juntos. Assim, a renda influencia no acréscimo da taxa de cobertura de esgoto, ou seja, de acordo que a renda aumenta, a taxa de esgoto também aumenta em média. Os demais fatores não se associam com a taxa de cobertura de esgoto.
Tabela 6: Associação da taxa de cobertura de esgoto com os fatores.
	 
	B
	Erro Padrão
	t
	Valor p*
	Intervalo de Confiança de 95,0% para B
	Tendência
	
	
	
	
	
	Limite inferior
	Limite superior
	
	2000
	Taxa de mortalidade/nascidos vivos
	1,263
	0,978
	2,155
	0,065
	0,319
	8,206
	Estável
	
	Renda domiciliar Per Capita
	0,054
	0,019
	2,829
	0,006
	0,016
	0,093
	Crescimento
	
	Taxa de Analfabetismo
	-0,753
	0,587
	-1,282
	0,204
	-1,924
	0,418
	Estável
	2010
	Taxa de mortalidade/nascidos vivos
	1,580
	3,301
	0,479
	0,634
	-5,008
	8,168
	Estável
	
	Renda domiciliar Per Capita
	0,047
	0,014
	3,241
	0,002
	0,018
	0,075
	Crescimento
	
	Taxa de Analfabetismo
	-0,062
	0,668
	-0,093
	0,926
	-1,396
	1,271
	Estável
	Total
	Taxa de mortalidade/nascidos vivos
	2,972
	1,622
	1,832
	0,069
	-0,234
	6,178
	Estável
	
	Renda domiciliar Per Capita
	0,051
	0,011
	4,631
	< 0,001
	0,029
	0,072
	Crescimento
	
	Taxa de Analfabetismo
	-0,576
	0,432
	-1,335
	0,184
	-1,430
	0,277
	Estável
*. Regressão linear múltipla; B - Coeficiente; t - Estatística de teste; Variável dependente - Taxa de cobertura de esgoto.
A taxa de mortalidade por nascidos vivos, renda domiciliar Per Capta e a taxa de analfabetismo independem da taxa de cobertura de coleta de lixo, logo não associação entre as mesmas ao nível de 5%.
Tabela 7: Associação da taxa de cobertura de coleta de lixo com os fatores.
	 
	B
	Erro Padrão
	t
	Valor p*
	Intervalo de Confiança de 95,0% para B
	Tendência
	
	
	
	
	
	Limite inferior
	Limite superior
	
	2000
	Taxa de mortalidade/nascidos vivos
	0,039
	0,060
	0,648
	0,519
	-0,081
	0,158
	Estável
	
	Renda domiciliar Per Capita
	0,000
	0,001
	0,533
	0,596
	-0,001
	0,001
	Estável
	
	Taxa de Analfabetismo
	-0,012
	0,018
	-0,675
	0,502
	-0,047
	0,023
	Estável
	2010
	Taxa de mortalidade/nascidos vivos
	0,137
	0,109
	1,256
	0,213
	-0,081
	0,355
	Estável
	
	Renda domiciliar Per Capita
	-6,417E-05
	0,000
	-0,135
	0,893
	-0,001
	0,001
	Estável
	
	Taxa de Analfabetismo
	-0,011
	0,022
	-0,497
	0,621
	-0,055
	0,033
	Estável
	Total
	Taxa de mortalidade/nascidos vivos
	0,035
	0,052
	0,681
	0,497
	-0,067
	0,137
	Estável
	
	Renda domiciliar Per Capita
	0,000
	0,000
	0,489
	0,626
	-0,001
	0,001
	Estável
	
	Taxa de Analfabetismo
	-0,0160,014
	-1,158
	0,249
	-0,043
	0,011
	Estável
*. Regressão linear múltipla; B - Coeficiente; t - Estatística de teste; Variável dependente - Taxa de cobertura de coleta de lixo.
6. DISCUSSÃO
A partir da variável dependente (taxa de cobertura de água e taxa de cobertura de coleta de lixo), associada com as variáveis independentes (Taxa de mortalidade/nascidos vivos, Renda Domiciliar Per Capita e Taxa de Analfabetismo), o modelo criado através da Regressão linear múltipla não apresentou tendência de crescimento para os anos de 2000 e 2010, ou seja, hipoteticamente a partir dos dados obtidos, não há relação entre as taxas de coberturas de água e de coleta de lixo com os indicadores em questão. 
A partir da literatura, era esperado que houvesse relação entre as taxas citadas acima associadas com os indicadores apresentados, pois diversos autores falam de tais relações. Segundo Heller, Léo (2006), um número significativo de crianças morrem anualmente no mundo, vítimas de doenças diretamente relacionadas à ineficiência no abastecimento de água e de esgotamento sanitário. Vanderlei, L.C.M. et al (2003) e Fink, G et al (2011) fazem afirmações sobre a morbimortalidade infantil associada a questões socioeconômicas e sobre o acesso a água e a toda estrutura sanitária respectivamente, onde o primeiro diz especificamente que a morbimortalidade por diarreia infantil está condicionada principalmente ao baixo nível socioeconômico da população e o segundo fala que a infraestrutura sanitária de alta qualidade tem total influência sobre a mortalidade infantil, assim como o acesso a água tem efeito positivo sobre a sua saúde.
Quando a relação é a taxa de analfabetismo com o saneamento básico, a maioria dos autores encontrados trabalham essa associação visando o controle e participação social, já Vikram, Kriti et al (2010), dizem que os pais educados têm redes sociais que lhes fornecem conhecimento, conselhos e contatos que aumentam sua capacidade de reconhecer a gravidade da doença, procurar tratamento e encontrar bons cuidados, no que tange a saúde infantil. O que nos embasa a dizer que além do controle e participação social, a diminuição da taxa de analfabetismo traz benefícios principalmente para a saúde da população infantil e também da população em geral.
Hipoteticamente a associação que apresentou tendência de crescimento a partir do modelo de Regressão linear múltipla foi a taxa de cobertura de esgoto relacionada à renda domiciliar per capita nos anos de 2000 e 2010. Para o ano de 2000 o Coeficiente (B) foi 0,054, o erro padrão foi 0,019 e a estatística do teste (t) foi 2,829, apresentando significância com o p* valor: 0,006, com um intervalo de confiança de 95,0% para (B) no limite inferior de 0,016 e no limite superior de 0,093. E para o ano de 2010 o Coeficiente (B) foi 0,047 o erro padrão foi 0,014 e a estatística do teste (t) foi 3,241, apresentando significância com o p* valor: 0,002, com um intervalo de confiança de 95,0% para (B) no limite inferior de 0,018 e no limite superior de 0,075.
Confirmando tal associação a (PNUD, 2006) diz que a distribuição do acesso adequado à água e ao serviço de esgoto reflete a distribuição de riqueza em muitos países. Segundo Cardoso, 2005 a habilidade para enfrentar a gravidade dos efeitos de riscos ambientais é limitada muito frequentemente por circunstâncias econômicas. Dessa forma, podemos dizer que a taxa de cobertura de esgotamento sanitário é influenciada pela renda domiciliar per capita e que essa relação acaba impactando diretamente na saúde. Pois segundo A. Pruss-Ustun et al (2006) e Fonseca, E.O. et al (2010) existe uma relação entre doenças causadas pela falta de saneamento e a renda familiar da população, o primeiro diz que 94% da carga das doenças diarreicas são atribuíveis às condições de renda, saneamento básico e educação e o segundo diz que existe associação entre prevalência de Geo-helmintiases e renda familiar menor que 1 salário mínimo, presença de lixo próximo de casa, ausência de água encanada e número de residentes na moradia maior que 5 pessoas.
Segundo Salgado, S.R.T. et al (2016), o Espírito Santo possui 54 municípios com algum tipo de tratamento de esgoto, porém não foram encontrados dados mostrando se este tratamento é eficiente ou não. Existe então uma necessidade de contemplar todos os outros municípios com o esgotamento sanitário adequado e também a melhora nos sistema de informações de saneamento.
Visando já a necessidade de investimentos no saneamento, a partir do ano de 2014, foi destinado R$ 77,7 bilhões ao Ministério das Cidades para a gestão geral do saneamento básico através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Do valor total, R$ 26,4 bilhões foram destinados para o esgotamento sanitário. Hoje no PAC, existem 21 operações na modalidade de esgotamento sanitário com investimentos para municípios do estado do Espírito Santo, que totalizam R$ 399.564.878,24, conforme consulta ao Banco de Dados Saneamento Cidade (BRASIL, 2012).
A partir da aplicação do Teste t de Student para a comparação das taxas médias entre os anos por macrorregião, vemos apenas duas comparações que não foram estatisticamente significativas, que foi a taxa de cobertura de coleta de lixo para o ano de 2000 e 2010 na macrorregião Norte e na macrorregião Central. Quero destacar o resultado hipoteticamente significativo para o aumento na taxa de cobertura de esgoto em todas as Macrorregiões do estado do Espírito Santo ano de 2000 para o ano de 2010, ainda assim, é necessário um maior investimento em todas as macrorregiões, pois as médias são baixas em relação as taxas de cobertura de água e coleta de lixo. Investimentos estão previstos para tais regiões, onde Segundo Salgado, S.R.T. e Araújo, A.L.C (2016) estão contemplados no PAC, para construção ou ampliação de Estações de Tratamento de Esgoto, os seguintes municípios: Guarapari, Serra, Afonso Cláudio, Nova Venécia, Itapemirim, Colatina, Viana, Marechal Floriano, Ibatiba, Vila Velha e Aracruz. 
A partir dessa discussão, podemos inserir a visão do enfermeiro no processo de saneamento. A enfermagem entra nesse processo como um ponto chave para a disseminação da educação da população sobre controle e prevenção de doenças associadas à deficiência ou ausência de saneamento básico, também tem papel importante no empoderamento da população sobre o controle social, principalmente quando há um contato maior nas unidades de saúde. 
Esse trabalho de educação deve ser desenvolvido em conjunto, a partir de ações intersetoriais, é necessário, por exemplo, que o setor de saúde possa trabalhar com o setor de meio ambiente, visando um maior alcance e eficácia no processo de levar educação, informação para a população que não possui nenhum grau de formação, que não saiba a real importância do saneamento básico na relação com a saúde.
7. CONCLUSÃO
Nos resultados obtidos pelo estudo percebemos que estatisticamente o impacto causado pelo saneamento básico na mortalidade infantil nos indicadores nos anos de 2000 e 2010 nos municípios do estado do Espirito Santo não foi tão significativo. Porém com todo o embasamento teórico podemos dizer que existe uma forte relação entre o saneamento básico com a renda familiar per capita e a taxa de analfabetismo, impactando diretamente na morbimortalidade infantil, sendo assim, é necessário que haja maior integração de todos os setores para que o saneamento chegue à universalização e que também gere uma maior qualidade de vida para a população, esta que está diretamente relacionada ao saneamento básico. No Espirito Santo a necessidade de investimento no saneamento é grande, principalmente no esgotamento sanitário, o que foi estatisticamente significativo, porém existem muitas outras variáveis a serem tratadas, como os aglomerados populacionais em regiões de crescimento desordenado, assim como os municípios que possuem uma característica rural, dentre outras, o que nos leva a maiores discussões e aprofundamentos sobre a situação de saneamento, envolvendo

Continue navegando