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PATOLOGIA CAROLINE ZANELLA - ATM 2022/A 1 RESPOSTAS CELULARES AO ESTRESSE ÀS AGRESSÕES TÓXICAS: A patologia se dedica ao estudo das alterações estruturais, bioquímicas e funcionais de células, tecidos ou órgãos; essas alterações constituem as bases das doenças. Ela tenta explicar os porquês e as causas dos sinais e sintomas manifestados pelo paciente, fornecendo uma base racional para a terapêutica e cuidados clínicos. ETIOLOGIA: estudo da causa de uma doença → genéticas:mutações hereditárias e polimorfismos ou adquiridas: doenças, agentes químicos, físicos, etc.. PATOGENIA: sequência de eventos celulares, bioquímicos e moleculares que decorrem à partir da exposição da célula a algum agente nocivo → desde o estímulo inicial até a expressão da doença.→mecanismos indutores. ALTERAÇÕES MOLECULARES E MORFOLÓGICAS: alterações estruturais nas células e nos tecidos, que são características de uma doença ou diagnósticas de um processo etiológico. Morfologia: tipo de doença e sua evolução → possui inúmeras limitações. →manifestações similares podem ser provenientes de alterações completamente distintas. PERTURBAÇÕES FUNCIONAIS E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: anormalidades funcionais que provocam as manifestações clínicas (sinais e sintomas) das doenças e sua progressão VISÃO GERAL: RESPOSTAS CELULARES. Em funções normais, a célula possui uma faixa de variação de funcionamento → essa faixa é estreita devido ao estado de metabolismo, diferenciação e especialização. → depende de substratos metabólicos. HOMEOSTASE→ representa o estado de equilíbrio celular, perante suas demandas fisiológicas. ADAPTAÇÕES→ respostas estruturais ou funcionais. São reversíveis e existem para auxiliar o organismo a retornar a um estado de equilíbrio emmeio a alterações fisiológicas ou estímulos patológicos. Se os limites das respostas adaptativas se excedem, ou se as células forem expostas a agentes ou estímulos nocivos, privadas de nutrientes essenciais ou ficarem comprometidas por mutações, ocorre uma sequência de eventos chamada LESÃO CELULAR.→ a lesão celular é reversível até certo ponto. Com a persistência ou aumento da intensidade do estímulo, a célula acaba por sofrer uma LESÃO IRREVERSÍVEL. A lesão irreversível sempre acaba por se encaminhar para amorte celular→ um dos eventos mais cruciais na evolução de uma doença → pode ocorrer de duas maneiras distintas: necrose ou apoptose. ADAPTAÇÕES DE CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULARES. HIPERTROFIA: aumento do tamanho das células, que resulta no aumento do tamanho do órgão afetado. → O aumento do tamanho celular se deve à síntese e incorporação de novos componentes estruturais.→ Células Miocárdicas (não possuem capacidade de divisão, apenas aumentam seu tamanho). → ocorre pelo aumento da demanda funcional, ou por estimulação hormonal ou de fatores de crescimento. Hipertrofia fisiológica: aumento da carga de trabalho→ células de musculatura esquelética/ células cardíacas = capacidade de divisão limitada. → aumento das fibras musculares dos músculos de fisiculturistas em função do aumento da demanda de força. → No coração, o estímulo para a hipertrofia é, geralmente, o aumento da hemodinâmica crônica (hipertensão ou válvulas deficientes. → aumento da quantidade de força que cada miócito pode gerar. ÚTERO: crescimento fisiológico induzido por ação hormonal. → Hormônios estrogênicos agem nos receptores de estrogênio nas células de músculo liso →Maior síntese proteica e consequente aumento do órgão. Hipertrofia patológica: o aumento da massa muscular deixa de compensar sua sobrecarga, acarretando em diversas alterações regressivas nas fibras do miocárdio → lise e perda de elementos contráteis. → Em casos extremos pode PATOLOGIA CAROLINE ZANELLA - ATM 2022/A 2 Hipertrofia originada pelo aumento da pressão arterial→maior esforço mecânico. → Espessamento da parede ventricular esquerda ocorrer a morte dos miócitos por apoptose ou necrose. O resultado final é INSUFICIÊNCIA CARDÍACA arritmias ou morte súbita. MECANISMOS DE HIPERTROFIA: aumento de produção de proteínas celulares. → sensores mecânicos, fatores de crescimento e agente vasoativos → ativação de uma rede de sinais envolvida na transdução de sinal que trabalham, coordenados, para aumentar a síntese proteica. A hipertrofia também pode estar relacionada com a troca de proteínas contráteis adultas por proteínas fetais ou neonatal. → troca de cadeias proteicas. → contração mais lenta e energicamente mais econômica. HIPERPLASIA: aumento do número de células em um órgão ou tecido em resposta a um estímulo.→normalmente ocorre simultaneamente com a hipertrofia. → a hiperplasia ocorre SOMENTE em tecidos que possuem a capacidade de se dividir. Hiperplasia fisiológica: ação hormonal ou fatores de crescimento → necessidade de aumentar a capacidade funcional dos órgãos ou quando há necessidade de aumento compensatório após lesão ou ressecação (regeneração do fígado após transplante de um lobo). → Proliferação de epitélio glandular mamário na puberdade e durante a gravidez (geralmente é acompanhado por hipertrofia) → amamentação. Hiperplasia patológica: ação excessiva ou inapropriada de hormônios ou fatores de crescimento sobre suas células alvo → constitui-se em um solo fértil para o surgimento de proliferação de células cancerosas. → Também é evidenciada como resposta a infecções virais, como o HPV. Hiperplasia endometrial→perturbação entre o equilíbrio estrogênio/progesterona → aumento na quantidade de estrogênio → hiperplasia glandular → sangramento menstrual anormal. Hiperplasia prostática→ resposta ao estímulo androgênico. → aumento do tamanho prostático devido a formação de nódulos. Hiperplasia adrenal MECANISMO→proliferação de células maduras, induzidas por fatores de crescimento, e em alguns casos, ocorre pelo surgimento de novas células a partir de células tronco teciduais. Devido ao fato de a hiperplasia ser uma adaptação celular, caso o estimulo seja retirado, ela ocorre eventual regressão. ATROFIA: redução do tamanho de um órgão ou tecido que resulta na diminuição do tamanho e do número de células. Atrofia fisiológica: é comum durante o desenvolvimento normal → algumas estruturas acabam sofrendo atrofia por sua perda de sua função → noto corda e ducto tireoglosso sofrem atrofia logo após o desenvolvimento fetal → logo após o parto ocorre a regressão do tamanho do útero. Atrofia patológica: possui várias causas distintas. Redução de carga de trabalho (DESUSO)→ imobilização de osso fraturado causa atrofia da musculatura adjacente devido ao seu desuso - repouso do paciente→ redução celular é revertida quando a atividade motora é restaurada. Contudo, com o desuso prolongado, fibras musculares sofrem apoptose e diminuem em número e tamanho de células. Perda de invervação→ lesão de nervos = atrofia dos músculos invervados devido à deficiência de A área esbranquiçada indica a ocorrência de um infarto agudo da musculatura prévio, que originou uma grande área isquêmica. PATOLOGIA CAROLINE ZANELLA - ATM 2022/A 3 metabolismo e função normal. Perda de suprimento sanguíneo→ isquemia→ deficiência de nutrientes e suporte de oxigênio, causa atrofia tecidual. Pode ser causada por alguma doença oclusiva arterial. Com o avanço da idade, o cérebro sofre um processo isquêmico natural, cuja progressão resulta na diminuição da turgidez dos giros e com o aprofundamento dos sulcos. O cérebro ao lado pode ser de um adulto de 30 anos x idoso de 80 ou de um idoso de 80 saudável x idoso de 80 com alzheimer. Nutrição inadequada→desnutrição proteico-calórica = uso das proteínas musculares como suporte energético = caquexia (consumo muscular acentuado) → também observada em doenças inflamatórias crônicas ou câncer. Perda de estimulação endócrina→ a perda da estimulaçãosobre tecidos-alvo resulta em sua atrofia →mamas e órgãos reprodutores. Pressão→ compressão tecidual por qualquer período de tempo→ crescimento de tumor benigno tecidual pode causar atrofia de tecidos adjacentes. Inicialmente, sempre ocorre a diminuição do tamanho celular e de suas organelas, reduzindo suas necessidades metabólicas. → ocorre diminuição de síntese proteica, com o uso da via ubiquitina-proteossoma para a degradação proteica celular → é, muitas vezes acompanhada pela autofagia (a privação de nutrientes faz com que a célula realize digestão de organelas internas para diminuir seu aporte energético). METAPLASIA→ é uma alteração reversível, na qual ocorre a troca de um tipo celular adulto, por outro tipo celular adulto que não é característico de tal região. Todos os tecidos possuem uma reserva celular pouco diferenciada, que sob determinados estímulos é capaz de se diferenciar em outros tipos. → representa uma resposta adaptativa em que ocorre a troca de um tipo celular sensível a um estímulo nocivo por outro tipo celular que é resistente à ele. COLUNAR→ ESCAMOSA: grande ocorrência em trato respiratório. Em fumantes, as células epiteliais colunares e ciliadas (mais frágeis) da traqueia e dos brônquios são substituídas por células epiteliais escamosas estratificadas (mais resistentes - à toxicidade da fumaça e às altas temperaturas). → esse novo epitélio se mostra capaz de sobreviver às condições adversas impostas ao trato → contudo, a mudança para as células escamosas acarreta na perda da secreção de muco e dos movimentos ciliares (mecanismos de proteção) → É possível que o estímulo que induz essa mudança, se persistir, acarrete na formação de alguma tumefação malígna. ESCAMOSA→ COLUNAR: ocorre no esôfago de Barret, onde o epitélio escamoso do esôfago é substituído pelo epitélio colunar intestinal (secretor de muco), com o intuito de resistir à refluxos de ácido gástrico. MECANISMO: É resultado de uma reprogramação de células-tronco que sabiamente existem em tecidos normais ou de células mesenquimais indiferenciadas presentes no tecido conjuntivo. → A diferenciação de células-tronco para uma linhagem em particular é causada por sinais gerados por citocinas, fatores de crescimento e componentes da matriz extracelular no ambiente das células. Observação:Metaplasias crônicas podem virar neoplasias. Embora a adaptação seja um processo bom, quando temos a presença de uma adaptação celular crônica que aumenta em intensidade, pode resultar em doenças. → Amaioria das neoplasias malignas humanas são epiteliais (carcinoma) - cerca de 90% - e 10% de sarcoma. →→Dentro do carcinoma, há duas divisões - adenocarcinoma e carcinoma das células escamosas. Pelo esôfago ter revestimento de tecido pavimentoso estratificado, o tipo mais comum de neoplasia seria um carcinoma das células escamosas. No entanto, nos últimos tempos, houve o surgimento de adenocarcinoma de esôfago (pelas células caliciformes que surgem das metaplasias); PATOLOGIA CAROLINE ZANELLA - ATM 2022/A 4 VISÃO GERAL: LESÃO E MORTE CELULAR A lesão ocorre quando há um estímulo intenso e incessante, que faz com que a célula perca a sua capacidade de se adaptar. A lesão também pode ocorrer quando há exposição a agentes nocivos ou ocorre alguma anormalidade extrínseca. Lesão reversível→ estágios iniciais ou formas leve de lesão → lesão é reversível se o estímulo for removido → redução da fosforilação oxidativa → depleção do armazenamento de energia. → tumefação celular. Morte celular→persistência do dano→ célula perde capacidade de adaptação e recuperação → necrose ou apoptose. Necrose: morte acidental → dano às membranas celulares, com perda da homeostase dos íons, ocorre lesão de dna e proteínas. → ocorre a perda de conteúdos celulares, originando um processo inflamatório. Apoptose: é caracterizada pela dissolução nuclear, fragmentando a célula sem existir uma ruptura de membrana. → não há extravasamento do conteúdo celular e não é gerado um processo inflamatório. → “morte celular programada” CAUSAS DE LESÃO CELULAR: Privação de oxigênio redução da respiração oxidativa aeróbica → hipóxia → pode ser causada por redução de fluxo sanguíneo, oxigenação inadequada do sangue (insuficiência cardio-resp) e redução da capacidade de transportar O2 (anemia falciforme) Agentes físicos: traumas mecânicos, temperaturas extremas, radiação, choques elétricos e alterações brucas de pressão. Agentes químicos e drogas: concentrações hipertônicas de íons, sais oxigênio.... Agentes infecciosos. Reações imunológicas: reações conta auto-antígenos endógenos = doenças auto-imunes. Defeitos genéticos. Desequilíbrios nutricionais. Alterações morfológicas: as alterações variam com o tipo de lesão (reversível ou não) e atingem, principalmente, as organelas celulares. A lesão reversível é sempre caracterizada por alterações que causam perda diminuição de produção de ATP, perda da integridade da membrana celular, deficiência na síntese proteica e danos ao citoesqueleto e ao DNA. A persistência do estímulo impulsiona a célula para o ponto de “não-retorno”, onde a lesão se torna irreversível e acaba orrendo a morte celular. LESÃO REVERSÍVEL TUMEFAÇÃO CELULAR - surge quando as células se tornam incapazes de manter a homeostase, resultando na falência de bombas iônicas que dependem de energia emMP.→ Quando afeta muitas células, provoca certa palidez, aumentando o turgor (elasticidade) e o peso do órgão. → aumento de coloração com eosina se torna mais evidente quando a progressão do estado está mais próximo de se tornar necrótico. REGENERAÇÃO GORDUROSA - lesão hipóxica, manifestada pela formação de vacúolos lipídicos no citoplasma→ células envolvidas e dependentes do metabolismo de gorduras. Em A→ túbulos renais normais, com células epiteliais viáveis. Em B→ lesão isquêmica recente (reversível), mostrando bolhas na superfície, eosinofilia aumentada no citoplasma e tumefação em algumas células. Em C→ evolução para necrose → lesão irreversível, onde há perda dos núcleos e fragmentação das membranas celulares com consequente extravasamento do conteúdo intra-celular. MORTE CELULAR Apoptose → normalmente fisiológica, mas pode ser patológica também. Necrose → sempre patológica Necroptose Autofagia (pouco considerada) CÉLULA NECRÓTICA Células ficam edemaciadas Há fragmentação da membrana celular e extravasamento de material nucleico. Há rompimento de membrana plasmática PATOLOGIA CAROLINE ZANELLA - ATM 2022/A 5 CÉLULA APOPTÓTICA Células sofrem diminuição. O núcleo é fragmentado com organização e não há dispersão de material nucleico. Amembrana plasmática permanece intacta. NECROSE Desnaturação de proteínas intracelulares e digestão enzimática da célula que é letalmente lesada. Possui um padrão de fácil reconhecimento, devido a seus aspecto mais “sujo”, devido ao rompimento da membrana plasmática. A liberação do conteúdo celular causa um processo inflamatório no tecido onde há o rompimento celular. Padrões de necrose tecidual: COAGULATIVA: Ocorre preservação da arquitetura básica dos tecidos por um pequeno intervalo de tempo, mantendo uma consistência firme nos tecidos. → O tecido não se torna líquido devido a presença de proteínas íntegras. → Contudo, a tendência da necrose coagulativa é tornar-se liquefativa. A lesão não desnatura somente as proteínas celulares, ela bloqueia, também, enzimas que degradariam a estutura (evita a proteólise) Como resultado, temos células anucleadas e eosinófilas Células necróticas são removidas por fagocitose por leucócitos e pela digestão das células mortas através de enzimas lisossômicas. A isquemia causada pela obstrução do vaso causa necrose de coagulação em todos os tecidos, exceto no cérebro. Infarto A figura microscópica é a realizaçãode um corte na transição do parênquima renal.→ Os glomérulos são preservados, contudo, as células tubulares perdem seu núcleo. → Elas conseguemmanter a luz do túnel, mas a perda do núcleo indica a morte da célula. O que é encontrado de núcleo, indica a presença de células inflamatórias. → túbulos não viáveis. LIQUEFATIVA: Ocorre digestão de células mortas, resultando na transformação do tecido em umamassa viscosa e líquida. Infecções bacterianas focais ou infecções fúngicas→micróbios estimulam acúmulo de leucócitos e liberação de suas enzimas. Omaterial geralmente é amarelo-cremoso → pus→devido a presença de leucócitos mortos. Morte por hipóxia de células dentro do SNC frequentemente se manifesta como necrose liquefativa. → Existe a perda da caracterítica substância branca x cinzenta no cérebro. O SNC é escasso em proteínas e elementos de matriz extra-celular (grande constituição de água). Essas condições facilitam o colapso da estrutura. PATOLOGIA CAROLINE ZANELLA - ATM 2022/A 6 CASEOSA: Seu aspecto lembro o de um queijo. → Friável e esbranquiçado Frequentemente encontrada em infecção tuberculosa. Células gingantes, multinucleadas devido a fusão de vários macrófagos e pode ser causada por inflamação crônica granulomatosa. Emmicroscopia, obtemos uma coleção de células rompidas e restos celulares amorfos delimitados por uma borda inflamatória. FIBRINOIDE: Forma especial de necrose, geralmente observada em reações imunes que envolvem vasos sanguíneos. Complexos antígenos e anticorpos são depositados nas paredes arteriais. Esse depósito, em combinação com a fibrina extravasa e gera uma coloração rósea-brilhante. Associado com alguns tipos de vasculites (sífilis = vasculite infecciosa = destruição ou compromentimento de vasos sanguíneos arteriais). Na figura, podemos observar o padrão em uma artéria, cuja parede mostra uma área circunferencial brilhante de necrose com inflamação (neutrófilos com núcleos escuros) GORDUROSA: Não denota padrão verdadeiro de necrose. Se refere a áreas focais de destruição de adipócitos, resultante da liberação de lipases pancreáticas ativadas no interior do pâncreas ou na cavidade peritoneal. → Ocorre em pancreatite aguda. As enzimas pancreáticas escapam dos ácinos e liquefazem as membranas adiposas das células do peritônio. Saponificação de gorduras. → Formação de sabão de cálcio. As áreas esbranquiçadas representam a deposição de calcários brancos, que representam os focos de necrose no mesentério. Lesões em PINGO DE VELA. GANGRENOSA: Não denota padrão verdadeiro de necrose. Em geral é aplicado amembros que tenham perdido o suprimento sanguíneo (tipicamente, necrose de coagulação). Necrose úmida: quando uma infecção bacteriana se sobrepõe, ocorre necrose liquefativa, devido a ação de enzimas e leucócitos. Necrose seca: processo semelhante à necrose coagulativa. APOPTOSE Via de morte induzida por “programa de suicídio” regulado→ as células fadadas a morrer ativam enzimas que degradam seu próprio DNA, suas proteínas nucleares e citoplasmáticas. → CORPOS APOPTÓTICOS que se tornam alvos de macrófagos teciduais que os fagocitam. É uma morte considerada limpa pois não há extravasamento de material celular. → Não desperta resposta inflamatória. Causas fisiológicas Eliminar células que não são mais necessárias / manter número constante de populações celulares. Destruição programada de células na embriogênese. Involução de tecidos hormônio-dependentes quando há privação do hormônio. Perda celular em populações proliferativas. Eliminação de linfócitos autorreativos. Morte de células normais que já cumpriram sua função.→ privação dos sinais de sobrevivência. PATOLOGIA CAROLINE ZANELLA - ATM 2022/A 7 Causas patológicas Danos ao DNA, como radiação, mecanismos antineoplásicos, hipoxia. → alternativa mais agradável do que viver com DNA lesado. Acúmulo de proteínas mal-dobradas → estresse de RE→morte da célula. Morte celular em infecções. Atrofia patológica no parênquima de órgãos após obstrução de ducto. É normal, no processo apoptótico, que ocorra a redução do tamanho da célula. → Na figura B, podemos ver células apoptóticas por microscopia eletrônica → é possível evidenciar a fragmentação do núcleo, formação de bolhas e aparecimento de corpos apoptóticos. Na figura A, temos a apoptose de uma célula epidérmica em reação imunológica → ocorre a diminuição do tamanho, mudança da coloração do citoplasma e condensação do núcleo. Após iniciar a apoptose, a célula permanece em seu destino até seu fim. MECANISMOS DE APOPTOSE Ativação de caspases→marcadores de células que estão sofrendo apoptose. VIA INTRÍNSECA ou via mitocondrial: Principal mecanismo de apoptose → ocorre o aumento da permeabilidade da membranamitocondrial externa, com liberação de moléculas indutoras de morte celular para dentro do citoplasma→ citocromo c→ iniciam o programa de suicídio por apoptose. Fatores de crescimento e outros sinais de sobrevivência estimulam a produção de proteínas anti-apoptóticas → evitando a saída de proteínas indutoras de morte celular para fora da membrana mitocondrial externa. Via preferencial para quando há dano mitocondrial. VIA EXTRÍNSECA: É iniciada pela ativação de receptores de morte na membrana plasmática de diversas células. → esses receptores acabam sinalizando as adversidades celulares. O envolvimento da mitocôndria não é obrigatório, mas há a ativação das caspases pelos receptores TNF ativados. NECROPTOSE → É um tipo híbrido de morte celular. → Ele se assemelha, morfologicamente, à necrose e patogeneticamente à apoptose, visto que é um tipo de morte programada. → É desencadeada pela ligação de TNFR1 e por proteínas de vírus RNA e DNA. → Ela é independente das caspases. PATOLOGIA CAROLINE ZANELLA - ATM 2022/A 8 PIROPTOSE →Morte celular relacionada à processo inflamatório e febre. AUTOFAGIA →Apesar de não ser consenso o fato de ser morte celular, alguns autores a classificam como tal visto que tem um papel importante em algumas doenças comuns na prática médica. → Quando privada de energia, a célula pode utilizar suas próprias organelas para produzir energia, o que pode ocasionar morte celular. MECANISMOS DE LESÃO CELULAR DANOMITOCONDRIAL Elementos críticos na lesão e na morte celular em todas as formas, devido a importância da mitocôndria para a síntese energética. → É a organela que consegue conduzir mais rapidamente à morte celular. Pode ser danificada devido ao aumento da concentração de cálcio no citosol, por espécies reativas de oxigênio, hipoxia... O dano mitocondrial geralmente forma um canal de alta condutância→ poro de permeabilidade mitocondrial → acarretando na perda do potencial de membrana e falha na fosforilação oxidativa e na depleção progressiva de ATP → necrose da célula. A fosforilação oxidativa anormal também induz a formação de algumas espécies reativas de oxigênio. → efeitos deletérios. Liberação de caspases → enzimas capazes de iniciar os mecanismos apoptóticos. INFLUXO DE CÁLCIO Mediadores de lesão celular → entrada de Ca na célula indica lesão celular. Acúmulo de Ca nas mitocôndrias → abertura de poros de transição de permeabilidade. → falência da produção de ATP. Aumento de Ca no citosol → ativa enzimas com efeitos deletérios → fosfolipases, proteases, endonucleases e ATPases. Aumento Ca intracelular → indução de apoptose → ativação das caspases. ACÚMULO DE RADICAIS LIVRES Os elétrons livres dos radicais livres atacam e modificam moléculas → proteínas, lipídeos, carboidratos.... Algumas dessas reações são auto-catalíticas, formando novos radicais livres reativos. DEFEITOS NA PERMEABILIDADE DE MEMBRANAS PATOLOGIA CAROLINEZANELLA - ATM 2022/A 9 Dano de membrana pode afetar integridade e funções de todas as membranas celulares. → à membrana plasmática, mitocondrial e dos lisossomos. CORRELAÇÕES CLINOPATOLÓGICAS LESÃO ISQUÊMICA E HIPÓXICA A isquemia é o tipo mais comum de lesão celular → provocada pela redução de fluxo sanguíneo. → provável obstrução mecânica arterial. Hipóxia → redução dos níveis de oxigênio fornecidos ao tecido. Também pode ser causada por redução de drenagem venosa. Hipóxia → produção energética continua através da glicólise. Isquemia → produção energética é completamente interrompid, pois há compromentimento de substrado para glicólise. LESÃO ISQUEMIA - REPERFUSÃO A restauração do fluxo sanguíneo para as células pode reverter a situação, exacerbando a lesão. Novos processos lesivos são causados durante a reperfusão → causando a morte de células que poderiam ter se recuperado. Estresse oxidativo: reoxigenação pode ser danosa pela formação de novos agentes reativos de oxigênio e nitrogênio. Sobrecarga de cálcio intracelular: favorece abertura do poro de transição mitocondrial → depleção de ATP. Inflamação. Sistema complemento: anticorpos IgM→ quando ocorre a reperfusão, proteínas ligam-se a esses anticorpos, provocando mais lesão celular e inflamação. LESÃO QUÍMICA Principal limitação para a terapia com fármacos. Grande toxicidade hepatológica.→ grande taxa de lesão hepática. Toxicidade direta→ substâncias podem lesar as células por haver recombinação com componentes moleculares críticos. → Lesão ocorre nas células que usam, absorvem excretam ou concentram as substâncias. Conversão emmetabólitos tóxicos→ causam lesão à membrana celular pela formação de radicais livres e peroxidação lipídica. ACÚMULOS INTRA-CELULARES Ocasiona manifestações de alterações metabólicas. Pode ocorrer por remoção inadequada, acúmulo anormal por defeitos genéticos, falha em degradar o metabólito, acúmulo por falta de maquinaria enzimática. Acúmulo pode ser reversível se a sobre-carga é controlada ou interrompida. LIPÍDEOS Triglicerídeos, ésteres de colesterol, e fosfolipídeos ESTEATOSE ou degeneração gordurosa Acúmulo de gordura em células parenquimatosas Mais comum: hepática, mas também ocorre em coração, músculos e rins. Causas: substâncias tóxicas, desnutrição proteica, diabetes melito, obesidade e anoxia (ausência de oxigênio). Esteatose Hepática → Aspecto de fígado gorduroso, com aumento de tamanho, icterícia, aparência friável e brilhante. → perda da capacidade fosca. Atividade de hepatócitos fica diminuída, devido a contração das organelas e do núcleo contra a membrana plasmática. PATOLOGIA CAROLINE ZANELLA - ATM 2022/A 10 Toda doença hepática crônica possui potencial de evoluir para cirrose (estado irreversíve Esteatose e álcool: o álcool desvia uma série de rotas bioquímicas normais do hepatócito, e por ser tóxico, faz com que haja necessidade de ummaior acúmulo de energia para ocorrer a degradação da substância. A esteatose é considerada o primeiro estágio de lesão hepática de um paciente que faz utilização de álcool regularmente. Fígado normal → fígado com esteatose → hepatite (inflamação de parênquima renal) → cirrose Um fígado com HEPATITE pode sofrer reversão e retornar ao estágio de esteatose. Um fígado com ESTEATOSE pode sofrer reversão e retornar ao seu estágio de fígado normal. A CIRROSE é irreversível!! O fígado é afetado como um todo. Não há preservação de segmentos. ACÚMULO DE COLESTEROL OU ÉSTERES DE COLESTEROL Ometabolismo do colesterol deve ser muito bem regulado. → A célula deve absorver só o necessário para síntese de membranas e não deve haver acúmulo intra-celular. ATEROSCLEROSE: condição em que existe a formação de uma placa aterosclerótica, de gordura, na luz de vasos arteriais, causando obstrução para passagem do fluxo sanguíneo. Nesse tipo de placa, há a presença de células musculares lisas e macrófagos dentro da túnica íntima→ repleto de vacúolos lipídicos. Macrófagos xantomatosos que fagocitam gotículas lipídicas em excesso para tentar não causar alterações no parênquima dos vasos. Os ésteres de colesterol formam fendas nos cortes histológicos, pois eles se cristalizam na forma de agulhas longas. XANTOMAS: Acúmulo intracelular de colesterol dentro dos macrófagos também é característico desse estado de hiperlipidêmicos. É caracterizado por um aglomerado de células espumosas no tecido conjuntivo subepitelial da pele e tendões, produzindo pequenas massas tumorais. Aparecimento significativo em região periocular. COLESTEROLOSE: acúmulos focais de macrófagos cheios de colesterol em lâmina própria da vesícula biliar. DOENÇA DE NIEMANN: depósito lisossômico causado por mutações que afetam uma enzima envolvida no transporte do colesterol, resultando em seu acúmulo emmúltiplos órgãos. Na foto ao lado, a coloração alaranjada da vesícula indica alterações, pois geralmente a mucosa da vesícula é pardacenta. Os cálculos verdes também não são usuais e as estriações amareladas indicam a colesterolose propriamente dita. PATOLOGIA CAROLINE ZANELLA - ATM 2022/A 11 ACÚMULO DE PROTEÍNAS Os acúmulos intracelulares de proteínas geralmente aparece como gotículas, vacúolos ou agregados arredondados e eosinófilos no citoplasma. → podem ter aparência amorfa, fibrilar ou cristalina. As principais razões para o acúmulo intracelular de proteínas são distúrbios como a amiloidose, o aumento na síntese de proteínas, defeitos no processo de dobra, proteínas defeituosas ou acúmulo de proteínas anormais; AMILOIDOSE: Distúrbio relacionado a problemas envolvendo o transporte e à dobra de uma proteína específica → Alfa-antitripsina→ causando seu acúmulo no interior celular. O acúmulo proteico é decetado com um corante vermelho e luzes polarizadas. Pode ocorrer por origem genética ou como consequência de processos inflamatórios. Podem levar à falência do órgão. Locais comuns: coração, fígado, rins, pulmões.... REABSORÇÃO RENAL - em doenças associadas à perda de proteínas pela urina, há um aumento na reabsorçãp de proteína dentro das vesículas pinocíticas, e a proteína aparece como gotículas hialina róseas dentro do citoplasma das células tubulares. O processo é reversível se a proteinúria reduzir. CORPÚSCULOS DE RUSSEL - ocorre uma distensão de RE devido ao grande acúmulo de proteínas. Ele começa a produzir grandes inclusões eosinófilas homogêneas que formam os cospúsculos. → ocorre especialmente em plasmócitos envolvidos na síntese ativa de imunoglobulinas.
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