Conhecimento popular e científico

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Universidade Federal de Pelotas
Ciências sociais
Ariadne Fernandes
Giovanna Roecker
Gustavo Tomashewiski
Marçal Pizzi
Conhecimento popular e científico
Pelotas
Outubro/2016
INTRODUÇÃO
Em fundamentos de metodologia científica, Marina Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos apresentam dentro vários textos e temas questões epistemológicas, dentre esses as questões que englobam o conhecimento popular e o científico. 
 O conhecimento comum, ao contrário do que se acredita popularmente, não é errado, ele é, em sua essência, sem metodologia. Assim, não tendo um aprofundamento naquilo que é dito pelo mesmo. 
O conhecimento popular passa comumente a ideia de que o mesmo é, em primeiro lugar, exclusivamente o conhecimento passado tradicionalmente por gerações, e em segundo um conhecimento que muitas vezes vem carregado de erros e não deve ser considerado em comparação ao conhecimento científico, esse por sua vez, é comum ter a crença que é totalmente coerente e sem a necessidade de questionamentos. 
Porém na análise aqui apresentada veremos que essas visões não são exatamente corretas. 
Quando se trabalha o conceito e as características que diferem o conhecimento popular e o científico, como aqui é proposto, é necessário tomar conhecimento dos mesmo de formas separadas e identificar suas características individuais a fim de conseguir distinguir os dois. 
O conhecimento científico se baseia em questões de método, todo a sua estrutura de pensamento e conclusão vem da ideia de que se tem uma problemática ou algo que se é levantado como questão e assim se inicia por meio de métodos previamente estudados que comprovem a conclusão do mesmo conhecimento. 
Em contra partida o conhecimento popular se apresenta em cinco formas que ele é adquirido. 
1 – Superficial: Conclusão feita a partir da aparência ou por ter presenciado; 
2- Sensitivo: Conclusão feita por vivência, ânimo e emoções; 
3- Subjetivo: Conclusão feita embasada nas vivências próprias ou por ter ouvido falar;
4 – Assistemático: Conclusão feita sem nada que a valide; 
5 – Acrítico: Quando não tem pretensão de ser crítico. 
As questões que diferenciam os dois e o seu fim como um conhecimento dão o desenvolvimento desse trabalho. 
CONHECIMENTO POPULAR
Em contexto de conhecimento popular as autoras Marina Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos discorrem que o conhecimento popular é fundamentado e restringido pelo emocional daquele que analisa o objeto de pesquisa. Também se restringe pelo conhecimento familiar do “analista” com o objeto, além de não ser proposto por uma formulação geral que é definida como ideal pelo conhecimento científico. As autoras afirmam que as experiências próprias influenciam na análise, além da falta de explicação dos fenômenos que complica assiduamente a transmissão do conhecimento. 
Em um análise comparativa com o consagrado historiador inglês Eric Hobsbawn se tem um alelo na obra “A invenção das tradições” em que ele argumenta que a questão do “popular” deve ser relativizada, que todas as tradições são inventadas, ela se enquadra no conhecimento popular, visto que ela é formulada numa visão pessoal de determinado local.
Em termos gerais é comum analisar que o conhecimento popular é algo que é errado em seu todo, porém o mesmo pode carregar em si verdades, porém não tem em si um método para a comprovação de suas hipóteses, assim torna-se inexato. Mas é importante ressaltar que o conhecimento popular é a baseada para o conhecimento científico, ao fim que antes de qualquer indivíduo se especializar em alguma área ele tem que ter um conhecimento prévio sobre o mesmo. 
A questão apresentada pelas autoras onde discorrem sobre o conhecimento popular ser falível é que o mesmo pode ser questionado e derrubado com outro argumento que pode ser tanto igualmente popular ou científico. 
Veja por exemplo, quando um indivíduo tem uma certeza baseada em um conhecimento popular totalmente assistemático e em contra partida se encontra em uma situação em que outro indivíduo apresenta uma visão que tem embasamento no conhecimento popular superficial. O segundo tem argumentos que provem que sua ideia está mais correta, mesmo não sendo científica.
Em aspectos mais em caráter de análise se tem que o conhecimento popular é valorativo porque tem em si o julgamento que o indivíduo vai ter a partir dos seus valores e ideias pessoais e por conta disso é reflexível por exigir uma reflexão do que analisa;
CONHECIMENTO FILOSÓFICO
O conhecimento filosófico caracteriza-se pelo uso do método racional utilizando o método dedutivo, operando com apenas na coerência lógica. Em contrapartida ao método científico, a filosofia procura sempre o que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma filosofia unificada e unificante do universo.
Por ser um conhecimento que se baseia estritamente na razão e no raciocínio lógico, suas hipóteses são sempre dadas com consenso inicial de aceitação. Portanto não sendo submetidos ao decisivo teste da observação.
Suas características são:
●	Valorativo: 	as hipóteses emergem da experiência, e não da experimentação;
●	Não 	verificável: não podem ser refutados ou verificados através da 	experimentação;
●	Racional: 	seus enunciados são logicamente correlacionados;
●	Sistemático: 	utiliza-se de representações coerentes com a realidade estudada, 	na tentativa de apreendê-la em sua totalidade;
●	Infalível 	e Exato: seus postulados e hipóteses não são submetidos ao 	decisivo teste da experimentação;
CONHECIMENTO RELIGIOSO
O conhecimento religioso ou teológico trata de que as “verdades” são infalíveis e indiscutíveis, já que se baseiam em “revelações” divinas (sobrenaturais). Pelo fato de o mundo ser interpretado como um contínuo ato de uma entidade divina (Deus), suas evidências são consideradas com base na fé e portanto nunca são postas em dúvida nem verificadas. Ou seja, o fiel não procura evidências, já que a verdade é tomada como causa primeira da revelação divina.
Suas características são:
●	Valorativo: 	apoiado em doutrinas tidas 	como sagradas;
●	Inspiracional: 	revelado pelo sobrenatural;
●	Sistemático: 	obra de um criador divino; com origem, significado, finalidade e 	destino;
●	Não 	verificável: a fé assume o conhecimento como verdade;
●	Infalível 	e Exato: sua verdade nunca é questionada;
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O conhecimento científico é estimulado pela dúvida e se restringe ao mundo natural (physis) dado que se baseia em fatos. Portanto, o conhecimento científico requer um método de verificação quanto a veracidade ou falsidade através da experiência, não apenas baseado na razão.
Suas características são:
●	Real 	(factual): se 	baseia em fatos que ocorrem no mundo natural;
●	Contingente: 	é incerto, suas 	proposições/hipóteses podem ser verdadeiras ou falsas;
●	Sistemático: 	saber ordenado logicamente;
●	Verificável: 	hipóteses que não podem 	ser verificadas não pertencem ao âmbito da ciência;
●	Falível 	e Inexato: 	não é definitivo, 	absoluto ou final e novas proposições e técnicas podem reformular 	a teoria existente;
CONCEITO DE CIÊNCIA
Etimologicamente, o termo ciência provém do verbo em latim Scire, que significa aprender, conhecer. Essa definição etimológica, entretanto, não é suficiente para diferenciar ciência de outras atividades também envolvidas com o aprendizado e o conhecimento. Segundo Trujillo Ferrari (1974), ciência é todo um conjunto de atitudes e de atividades racionais, dirigida ao sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação
A ciência é entendida como uma sistematização de conhecimento, sendo um conjunto de preposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar.
Todas as ciências possuem:	
Objetivo ou finalidade: Distinguir as leis que regem determinados fenômenos;
Função: Uma utilidade;
Objeto: Que se subdivide em:
• Material: O que se pretendeestudar;
• Formal:O enfoque especial, necessário em face das várias ciências que possam possuir o mesmo objeto material.
O conhecimento cientifico é racional, objetivo, factual, transcendente aos fatos, analítico, claro e preciso, comunicável, verificável, dependente de investigação metódica, sistemático, acumulável, falível, geral, explicativo, preditivo, aberto e útil.
	
CLASSIFICAÇÃO E DIVISÃO DA CIÊNCIA
Das classificações vistas, percebe-se que não há um consenso entre autores, nem sequer quando se trata da diferença entre ciências e ramos de estudos oque para alguns é ciência, para outros ainda permanece como ramo de estudo e vice-versa.
Classificação das ciências:
Figura 1 - LAKATOS E MARCONI - Fundamentos da metodologia cientifica
 Ciências Formais: Estuda as ideias, assim sendo dividida em lógica e matemática, não tem contato com a realidade, assim não convalidado suas fórmulas. Ele usufrui de seus teoremas. E tem como objetivo formar hipóteses. 
Ciências Factuais: Se sub divide em naturais e sociais onde seu objetivo é analisar acontecimentos no mundo e partindo de experiências comprovar suas hipóteses. Seus resultados verificam, comprovam e refuam hipóteses que normalmente são provisórias.
Ciências Naturais: D Seu objeto de estudo são os fenômenos naturais, ou seja, ao natureza e como tudo nela funciona, desde suas relações aos seus processos naturais assim formulando regras e leis.
Ciências sociais: Seu objeto de estudo é o ser humano, dentro disso seu comportamento, relações, desenvolvimento social. 
CONCLUSÃO
De fato o aprofundamento do conhecimento sobre questões como conhecimento popular e científico em discussão com outras formas de conhecimento e até as diferenças drásticas que separam os dois são levantamentos escenciais para todo e qualquer indivíduo que busca o conhecimento científico para obter suas conclusões, seja ele em qualquer área de atuação estiver. Dentro do curso das ciências socais essa discussão se faz amplamente necessária, não apenas pela sua necessidade natural, mas por ser um curso das ciências humanas onde todo e qualquer indivíduo com o conhecimento popular sobre o mesmo se julga capaz de discutir sobre assuntos dessa área e muitas vezes questionam e até confrontam os estudiosos sem embasamento nenhum. 
Tento esse fenômeno em vista é possível haver uma certa discussão sobre o que o conhecimento popular sabe sobre ele mesmo e o que ele interpreta como sendo científico. De fato, é de praxe que todo popular não questione um engenheiro por estar fazendo de tal forma uma ponte, pois o mesmo confia que ele tem o conhecimento científico da área o suficiente pra saber o que fazer, mas como foi dito anteriormente não é o mesmo que ocorre, em muitos casos, nas ciências humanas. Isso se torna até motivos para discussões e estudos futuros dessa própria área afim de compreender e resolver esse problema. 
Questões sobre o conhecimento científico devem ser levantadas por igual, pois a descrença por aqueles que são do meio científico para/com todo aquele que tem apenas o conhecimento popular seja em uma ou em todas as áreas é uma questão de preconceito vindo de que apenas quem tem diploma pode falar sobre. Veja o exemplo de médicos que desconsideram o que seus pacientes acreditam ter apenas por seu conhecimento popular, sem contar que os mesmo podem já ter passado por alguma experiência com aquela doença, seja com ele ou com outras pessoas, e o médico acaba por destratar e até ofender aquele que questionar seus atos. 
Em todas as áreas do conhecimento é visto essa batalha, de que só aquele é correto, mesmo que o mesmo seja questionável. E talvez, para que se possa encontrar respostas que não sejam conflitantes entre as quatro áreas seria necessário que todos soubessem ouvir e relevar o que a outra pode oferecer. Principalmente nas questões do popular e científico, Marina Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos
REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS
LAKATOS, Maria Eva. Ciência e conhecimento científico in, MARCONI, Andrade marina e LAKATOS, Maria Eva, “Fundamentos da metodologia científica” 5º edição. São Paulo. 2003. 75 - 81.