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Cessão Temporária do Útero no Direito Brasileiro

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 Biodireito 
 Direito Civil 
 Barriga de Aluguel 
 Reprodução Humana Assistida (RHA) 
 Cessão Temporária do Útero Editar tópicos 
Possibilidade jurídica da cessão 
temporária do útero no direito 
brasileiro 
Publicado por Abraão Jonatas Carvalho Barros - 4 meses atrás 
Por Abraão Jônatas Carvalho Barros, Ana Paula Souza, Caroline Keren Melo 
Mendez Mila e Gabriela Rodrigues. 
1. INTRODUÇÃO 
A sociedade atual, em decorrência dos avanços científicos recentemente 
alcançados, pode utilizar-se de diversas alternativas para evitar os inúmeros 
problemas que ocasionalmente afligem a vida dos seres humanos. Mais 
especificamente, pode-se destacar as técnicas conhecidas como reprodução 
artificial assistida, que auxiliam indivíduos que possuem algum empecilho que os 
impeçam ou dificultem a alcançar a fecundação com seu cônjuge ou 
companheiro para fins reprodutivos. 
A questão da prole sempre foi de extrema relevância em todas as sociedades ao 
redor do mundo. Assim, nada mais justo do que dar uma importância específica 
à técnica que digam respeito a esse tema na sociedade recente. 
Estima-se que, em média, 10% a 15% dos casais sexualmente ativos que não 
se utilizem de métodos anticoncepcionais sofram de infertilidade conjugal, um 
conceito que considera o período de um ano de atividade sexual do casal[1]. 
Assim, percebe-se a relevância das chamadas técnicas de reprodução humana 
assistida, e a necessidade de seu estudo e implementação na coletividade. 
No entanto, a utilização dessas técnicas não está de todo livre de controvérsias. 
Por ser um tema extremamente interdisciplinar, abrangendo questões de 
medicina genética, direito, ética e até mesmo psicologia, o tema é sujeito de 
constantes discussões acerca de sua legitimidade. Para agravar a situação, esse 
assunto não é extensivamente especificado descrito na lei, contando apenas 
com uma tímida menção à essa questão no Código Civil de 2002. 
Não obstante, busca-se nesse trabalho explorar a matéria da reprodução 
humana assistida, com um enfoque especial ao seu instituto de cessão 
temporária de útero, vulgarmente conhecido como “barriga de aluguel” na 
sociedade brasileira, em todos as suas manifestações, controvérsias e 
especificidades, para se poder adquirir uma maior compreensão do tópico e seus 
aspectos. Ademais, procura-se identificar qual é o tratamento que o direito 
brasileiro dá a esse fenômeno, e se sua situação se encontra prevista e/ou 
unificada na doutrina e jurisprudência nacional. 
2. BREVE DEFINIÇÃO DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA 
Segundo Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus Maluf:[2] 
A Reprodução Humana Assistida (RHA) é, basicamente, a intervenção do 
homem no processo de procriação natural, com o objetivo de possibilitar que 
pessoas com problemas de infertilidade e esterilidade e esterilidade satisfaçam 
o desejo de alcançar a maternidade ou a paternidade. 
(...) Pode-se entender por infertilidade a impossibilidade de procriar quando há 
fecundação, mas o feto não chega a termo; já a esterilidade se configura como 
a ausência de concepção em dois anos. Como já sabe na atualidade, as causas 
para tanto podem ser masculinas ou femininas. Entretanto, ambos os termos 
vêm empregados como sinônimos na atualidade. 
Dessa maneira, pode-se afirmar que a reprodução humana assistida se resume 
em um conjunto de técnicas que auxiliam o processo de prática reprodutiva. 
A reprodução humana assistida pode ser dividida em duas categorias: ZIFT e 
GIFT. O método ZIFT (Zibot Intra Fallopiab Transfer) consiste na extogênese ou 
fertilização in vitro, feita com a retirada do óvulo feminino, sua fecundação 
externa com sêmen de seu cônjuge ou outro homem, e a sua subsequente 
inserção no seu próprio útero ou no de outra mulher. Já o método GIFT 
(Gametha Intra Fallopian Transfer) caracteriza-se pela fecundação in vivo, que 
é a inserção do sêmen na mulher sem que haja qualquer alteração no óvulo ou 
no embrião. 
Dessa maneira, existem diversas possibilidades de reprodução assistida, como 
por exemplo: a fecundação do óvulo da mulher com o esperma de seu marido, 
e se necessário, a sua subseqüente transferência para o útero de outra mulher; 
a fertilização com sêmen do cônjuge de um óvulo não pertencente à sua mulher, 
mas que se encontra implantado em seu útero; a fertilização do óvulo da mulher 
com sêmen de terceiro; a fecundação in vitro do óvulo da mulher com o sêmen 
de seu cônjuge, e o subseqüente congelamento do embrião, seja o homem vivo 
ou falecido; e diversas outras hipóteses. 
Contudo, nem mesmo a extensa lista de métodos assistenciais existentes 
consegue suprir todas as hipóteses ocorrentes na vida real. Assim, como 
proceder quando ambos os membros do relacionamento são inférteis, quando o 
corpo feminino não tem capacidade de gerar e desenvolver o embrião de 
maneira regular, ou quando se trata de uma união homoafetiva? 
É nesses casos que a cessão temporária de útero se torna uma alternativa 
cabível. 
3. O CONCEITO DE CESSÃO TEMPORÁRIA DE ÚTERO 
Conceitua Maluf:[3] 
A cessão temporária de útero, também conhecida por “barriga de aluguel”, 
“mãe de aluguel”, “mãe hospedeira”, “maternidade de substituição”, entre outras, 
pode ser definida por muitos doutrinadores como a cessão de útero para a 
gestante de filho concebido pelo material genético de terceiro – contratante – a 
quem a criança gerada deverá ser entregue logo após o nascimento, assumindo 
a fornecedora a condição de mãe, possibilitando assim a mãe de conceber um 
filho biológico fora de seu ventre. 
Essa prática, desencorajada pela maioria dos países, representa um último 
recurso na cura da infertilidade de casais cuja mulher apresenta qualquer 
anomalia uterina que lhe impeça a gestação normal. Envolve, outrossim, 
questões bastante delicadas acerca da determinação de questões atinentes à 
maternidade e à paternidade do novo ser gerado, gerando conflitos em relação 
aos papéis familiares, além de conflitos bioéticos e religiosos. 
A questão da barriga de aluguel não está livre de controvérsias. Diversos críticos 
desse método apontam que a injustiça do filho possuir o material genético do pai 
e não o da mãe afetiva, havendo a semelhança física com apenas um de seus 
responsáveis. 
Além do que, alguns doutrinadores também levantam a questão de que, por 
gestar a criança durante nove meses, a mãe biológica teria desenvolvido uma 
relação excepcional com o bebê, e abdicar desse laço seria amoral, reduzindo o 
papel da mulher como uma simples incubadora. É o entendimento de Dalvi 
Luciano:[4] 
A experiência nos mostra que não é certa a atitude da ciência de manipular a 
vida humana, e também fazer experiências absurdas, como esta de utilizar o ser 
humano como um objeto, ausente de sentimentos, para que um filho de outro 
possa nascer. 
Na mesma esteira, surge a preocupação da exploração da cessão de útero em 
decorrência de necessidades financeiras. Novamente utilizamo-nos do parecer 
de Dalvi: [5] 
Se isto (a cessão de útero) se tornar popular, no futuro, as mães “ricas”, não 
querendo se submeter a maternidade, poderão pagar a “mães” pobres para 
gestarem seus filhos, só por preguiça, ou para não ter o corpo modificado pela 
gravidez (como se isso fosse negativo). Também é importante relacionar que a 
mulher quando engravida leva consigo uma pessoa que tem a certeza que 
nasceu de sua mãe e não apenas de uma profissional com intuitos lucrativos. 
Assim, para esse doutrinador e muitos outros que concordam com o seu 
entendimento, a adoção é a opção mais viável para casais que desejem utilizar-
se da prática da cessão de útero. Não somente seria considerada a solução mais 
igualitária para o casal, também seria a alternativa mais humanitária perante a 
sociedade. 
Há, por exemplo, sociedades onde a cessão temporária do útero se faz proibida,[6] sendo nesses locais diversos os motivos para isso. Algumas vezes por razões 
pragmáticas, outras por razões religiosas, ou ainda razões histórico-culturais. 
4. A FILIAÇÃO NA CESSÃO TEMPORÁRIA DE ÚTERO 
Como já explorado, a barriga de aluguel, gestação de substituição ou cessão 
temporária do útero é entendida como o ato pelo qual uma mulher cede seu útero 
para a gestação do filho de outra, a quem a criança deverá ser entregue após o 
nascimento, assumindo esta a condição de mãe. 
No ordenamento jurídico brasileiro, a matéria ainda não foi especificamente 
regulamentada, tendo como principal disposição a Resolução nº 2.121/2015 do 
Conselho Federal de Medicina. Como esta Resolução será estudada mais 
adiante, nos atentaremos apenas às suas principais disposições, quais sejam: a 
doadora genética que procura outrem para ser “barriga de aluguel” deve possuir 
problema médico que a impeça de gestar uma criança, e, além disso, a cedente 
temporária do útero não deve ter finalidade lucrativa. Por fim, deve haver grau 
de parentesco de até quarto grau. 
É fato que as evoluções das técnicas reprodutivas trazem uma possibilidade 
àqueles que desejam ter filhos, mas que por alguma impossibilidade genética, 
não o podem. Entretanto, não é difícil imaginar as problemáticas jurídicas e 
sociais que advém do uso dessas práticas. Há na sociedade indagações 
coerentes e lógicas, provenientes de um descompasso entre o ético e 
revolucionário, o desenvolvimento científico e os institutos jurídicos. 
E é neste contexto que surge a principal problemática da cessão temporária de 
útero, pois, quando efetivada, pode ocorrer o surgimento de até três mães em 
potencial: a mãe gestacional, a mãe biológica e a mãe socioafetiva. 
Por óbvio, essa realidade afeta o conceito tradicional de família. A mãe era, 
presumidamente, aquela que deu à luz a criança, presunção esta absoluta. Já a 
paternidade era incerta e difícil de ser comprovada. Hoje, sabemos que é 
possível comprovar a paternidade de uma pessoa. A filiação, agora, não se 
define apenas pelos laços biológicos que unem pai e mãe ao menor e, assim, o 
elemento da vontade se torna protagonista na discussão. 
Neste sentido, Venosa diz: 
Tradicionalmente, afirmava-se com insistência, em passado não muito remoto, 
que a maternidade era sempre certa (mater semper certa est); a paternidade era 
sempre incerta (pater semper incertus est). O avanço da ciência e da tecnologia 
genética nas últimas décadas coloca na berlinda e desmente a afirmação 
tradicional 
Assim, notório é o novo cenário social e jurídico que a cessão temporária de 
útero traz. Porém, a inexistência de legislação específica para os possíveis 
conflitos que podem surgir é preocupante, pois a liberdade indiscriminada pode 
vulgarizar o procedimento e torná-lo objeto de comércio clandestino. 
Muito embora se veja com bons olhos a resolução do Conselho Federal de 
Medicina, tal disposição não se faz suficiente, por se tratar de norma 
administrativa, e como tal, não possuir força coercitiva, servindo apenas de 
parâmetro ético para os profissionais de medicina. 
Diante da ausência de previsão legal, a Doutrina tem colocado como fator 
decisivo para a solução de possíveis conflitos o princípio do melhor interesse 
da criança. Neste sentido, tem sido preponderante a posição de que o elemento 
de vontade, exteriorizado pela busca da gestação de substituição, cria, 
previamente, um vínculo entre os impossibilitados da gestação e a criança. Sob 
esta ótica, Diniz afirma que “independentemente da origem genética ou 
gestacional, mãe seria aquela que manifestou à vontade procracional, 
recorrendo ao estranho para que ela se concretizasse”.[7] 
O princípio de tudo, então, está no vinculo gerado entre a mãe em potencial e a 
criança, que surgiu exatamente da ausência de possibilidade genética desta 
mulher em gestar. 
À luz da prática da maternidade de substituição, a filiação deve preponderar, em 
regra, àquela definida anteriormente à prática da gestação de substituição, ou 
seja, o parâmetro deve ser a vontade que ensejou o uso do método. Contudo, a 
discussão não se tornou finda, ante a necessidade de legislação que ofereça 
soluções concretas aos possíveis conflitos, a fim de viabilizar o ideal da prática: 
o direito à formação e ao planejamento do núcleo familiar, consagrados pela 
Magna Carta. 
Por fim, como afirma Diniz: [8] 
A verdade real da filiação pode ser biológica ou socioafetiva; o que importa é a 
vontade procracional conscientemente assumida e a afetividade. O laço que une 
pais e filhos funda-se no amor e na convivência familiar. Enfim, ser pai e ser mãe 
requer um ato de amor, e o amor não conhece fronteiras. 
5. A CESSÃO TEMPORÁRIA DE ÚTERO NA RESOLUÇÃO CFM nº 
2.121/2015 
No Brasil, atualmente aplica-se à reprodução assistida a Resolução 2.121/2015. 
No que concerne a reprodução assistida no Brasil, essa Resolução não tem o 
poder de vincular a atuação do judiciário, porém serve como um farol, haja vista 
não haver lei que discipline a matéria no território nacional. Entretanto, em 
relação a prática médica, os profissionais da saúde a ela ficam vinculados em 
sua atuação. 
A primeira exigência que se faz à cessão temporária de útero, observada pela 
Resolução, é a necessidade de o procedimento ser usado quando da existência 
de reais problemas para a mãe. Esse é, sem dúvida, um dos primados máximos 
não só da cessão temporária de útero, mas de toda a reprodução assistida. 
Essa deve ser sempre encarada de forma terapêutica, e não como uma simples 
escolha, utilizando-se o método assistido somente na impossibilidade de outra 
forma de reprodução. 
Outra exigência extremamente importante é o caráter gratuito que a cessão deve 
ter. No Brasil é proibido receber dinheiro para ceder o útero. Essa cessão tem 
que ser gratuita, e por isso se fala em barriga solidária. 
Quanto ao regramento para a cessão temporária, o primeiro destaque fica em 
relação a pessoa que vai gestar a criança; prevê a Resolução que essa deverá, 
a princípio, pertencer a família de um dos parceiros. Tal medida visa coibir o 
comércio e o interesse lucrativo que a atividade de gestar um filho poderia ter. A 
Resolução é clara nesse sentido em seu artigo 7º, inciso I: 
I- As doadoras temporárias do útero devem pertencer à família de um dos 
parceiros em parentesco consanguíneo até o quarto grau (primeiro grau – mãe; 
segundo grau – irmã/avó; terceiro grau – tia; quarto grau – prima). Demais casos 
estão sujeitos à autorização do Conselho Regional de Medicina 
Como se vê, no Brasil existe a exigência primária de vínculo familiar entre a mãe 
gestacional e a mãe dona do material genético, como prevê a Resolução do 
Conselho Federal de Medicina. Esta Resolução tem por finalidade manter este 
procedimento entre pessoas previamente ligadas, ou seja, da mesma família, 
eliminando a possibilidade de exploração comercial. 
Também a resolução estabelece e informa a necessidade do consentimento 
informado e livre, pois todas as informações deverão ser passadas àqueles que 
participarão do procedimento, e que deverão de tudo ficar cientes, já que é um 
dos preceitos chaves do biodireito. 
O consentimento informado é de extrema necessidade e importância, pois se 
pede que a postura a ser adotada pelo profissional da saúde é a de ter a 
preocupação e tentar compreender as necessidades e dificuldades do paciente, 
buscando sempre se fazer entender e, na medida do possível, proporcionar o 
maior grau de informação. A relação médico-paciente se funda no 
comprometimento com a saúde, ética, o bem-estar e a dignidade, não podendo 
hoje prevalecer a antiquada postura de que o médico sabe o que é melhor. 
Atualmente, o paciente deve ser de tudo informado para poder tomar a decisão 
que melhor lhe cabe. 
A doutora Isabela Maria Marques Thebaldi, em artigo publicadono âmbito 
jurídico afirma: [9] 
Analisando o histórico do consentimento informado percebe-se que esse instituto 
foi durante muito tempo utilizado apenas no campo da pesquisa com seres 
humanos, principalmente porque os excessos ao limite das pesquisas eram 
infringidos a todo o momento, ocorrendo verdadeiras atrocidades “em nome” da 
ciência. Goldim, Clotet e Francisconi (2002) relatam um exemplo dessas 
pesquisas abusivas que foi um teste da vacina BCG realizado em 100 crianças 
na Alemanha em 1930, sem o conhecimento ou consentimento dos pais e ao 
longo do projeto morreram pelo menos 75 participantes. 
Porém, os padrões atuais da bioética prezam por informar tudo o que for possível 
para aqueles que estão envolvidos no procedimento, especialmente quando se 
fala da possibilidade de nascimento de dois, três ou até mais filhos de uma única 
vez. 
Aquele que cede o material genético, e aquela que vai ter os óvulos implantados 
dentro de si devem conhecer a exata medida dos riscos e benefícios da 
implantação de um número maior ou menor de óvulos, não podendo esta decisão 
ficar apenas nas mãos do médico. 
É necessária também a autorização do outro cônjuge doador para que esse 
procedimento possa se concretizar. 
A questão da idade também já se encontra superada, pois em vez de termos 
uma idade limite, hoje está nas mãos do médico e daqueles que irão passar pelo 
tratamento a escolha da pessoa, podendo ela ter idade avançada, mas atestada 
pelo medico que tem condições de ter uma gestação livre de problemas. 
Por fim, a Resolução trata ainda das situações onde será possível a cessão 
temporária de útero com a presença da pessoa estranha a família, hipótese essa 
que muitas vezes ocorre em situações onde não existem parentes, ou se existem 
esses não são aptos, ou mesmo não querem ceder o útero. Assim, para não 
punir a pessoa que quer ter o filho a Resolução abre a possibilidade da cessão 
temporária. Nesses casos a Resolução dá como solução a procura de uma 
autorização direta do Conselho Regional de Medicina. Segundo Maria de Fatima 
e Bruno Torquato:[10] 
Apesar de silente a atual resolução (CFM de 2010), outras pessoas que não 
sejam parentes consanguíneos até o quarto grau continuam podendo ser 
doadoras temporárias de útero, desde que haja manifestação positiva do 
conselho Regional de Medicina (CRM). Al possibilidade de permissão está 
prevista no capitulo IX da Resolução, "Disposição final", em que se coloca o CRM 
como responsável pela solução dos casos omissos. 
A resolução por fim, seguindo os passos daquela editada no ano de 2010, não 
faz nenhuma ressalva em relação a pessoa que irá procurar a cessão 
temporária, podendo assim ser utilizada por casais heterossexuais, casais 
homossexuais, ou mesmo mães sem companheiro, não podendo a clínica 
recusar o tratamento a qualquer grupo. 
6. O CABIMENTO DA CESSÃO TEMPORÁRIA DE ÚTERO 
A cessão temporária de útero ainda não é especificamente regulamentada pela 
legislação brasileira, embora tramitem Projetos de Lei na Câmara dos 
Deputados. Tem-se no Código Civil de 2002 tímida, mas não sem importância, 
menção a reprodução assistida nos incisos III e IV do Art. 1.597: 
Art. 597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: 
(...) 
III- Havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido. 
(...) 
IV – Havidos a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, 
decorrentes de concepção artificial homóloga. 
Essa menção é considerada tímida em razão de abordar apenas a questão da 
presunção de paternidade no caso de reprodução não natural, de modo a deixar 
uma enorme lacuna e, consequentemente, liberdade para o cometimento de 
práticas assemelhadas a ilícitos que não necessariamente caracterizam-se 
como crimes. 
A demora do processo legislativo é injustificável, tendo em vista que há Projeto 
de Lei datado de 1997. Muito provável que por ser uma questão social polêmica, 
seja nos aspectos religioso, econômico e moral, tenham, aqueles incumbidos da 
criação legislativa, receio de eventual reprovação da sociedade, especialmente 
daqueles mais conversadores. 
Dada a ausência de norma, os interessados neste método devem se socorrer à 
Resolução n.º 2.121/2015, editada em 16 de julho de 2015 pelo Conselho 
Federal de Medicina, a fim de verificarem se preenchem ou não os requisitos 
necessários ao procedimento. 
É de se ressaltar que a Resolução do Conselho Federal de Medicina é mero 
expediente administrativo com o fito de orientar os procedimentos médicos a fim 
de evitar eventuais responsabilidades. Porém, diante do limbo legislativo, é 
inegável que sirva de parâmetro legal no que tange a reprodução artificial. 
A resolução trata da cessão temporária de útero em seu tópico VII e a denomina 
como “GESTAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO (DOAÇÃO TEMPORÁRIA DO 
ÚTERO)”, in verbis: 
As clínicas, centros ou serviços de reprodução assistida podem usar técnicas de 
RA para criarem a situação identificada como gestação de substituição, desde 
que exista um problema médico que impeça ou contraindique a gestação 
na doadora genética ou em caso de união homoafetiva. [destaques lançados] 
É de ressaltar que a Resolução não tem caráter, nem poderia ter, taxativo, de 
modo que outras situações não previstas no seu texto poderão ser submetidas 
ao crivo do Conselho Federal de Medicina, ex vi da disposição final da norma 
administrativa. 
Percebe-se então que o Conselho Federal de Medicina permite a reprodução 
assistida em basicamente duas situações, sendo a primeira naqueles casos em 
a mulher que será a doadora genética, seja portadora de algum problema 
médico que impeça ou contraindique a gestação e a segunda é nos casos de 
união homoafetiva. 
De modo simples Isabela Pessanha Chagas ensina que[11]: 
“A permissão para a referida prática tem diversos fundamentos, sendo um deles 
possibilitar a casais estéreis realizarem o sonho de ter um filho e dar 
continuidade à sua linhagem hereditária. ” 
E continua, vejamos[12]: 
“No caso específico das reproduções assistidas envolvendo casais 
homossexuais, esta normatização é cristalina, sobretudo ao dispor acerca da 
possibilidade do uso de suas técnicas em tais hipóteses, ressalvando que a 
objeção de consciência do médico deverá ser respeitada, criando uma limitação 
ao direito de paternidade de tais casais, a priori, sem fundamento jurídico 
relevante. ” 
Em apertada síntese, cabe a reprodução assistida no caso de casais estéreis, 
casais homossexuais, inundados do desejo do projeto familiar. 
7. AS HIPÓTESES DA CESSÃO TEMPORÁRIA DE ÚTERO 
A gestação de substituição pode ser homóloga, quando o sêmen pertencer ao 
companheiro, ou heteróloga, quando o sêmen é de terceiro. 
Marcelo Truzzi Otero, citando Guilherme Calmon Nogueira da Gama[13], 
apresenta três hipóteses mais comuns na gestação de substituição, vejamos: 
“a) material genético de um casal titular do projeto parental implantado no corpo 
de outra mulher; b) material genético pertencente ao marido/companheiro e à 
gestante, alheia ao projeto parental, mas de indispensável presença, na medida 
em que cederá o corpo e o óvulo; c) material genético pertencente a terceiros, 
alheios ao projeto parental de um casal infértil.” 
Na primeira hipótese, haverá tanto o vínculo biológico quanto o vínculo afetivo 
da criança em relação aos pais, perfazendo a gestante substituta, basicamente, 
o papel de “incubadora”. Na segunda hipótese, haverá vínculo biológico em 
relação ao homem e vínculo afetivo em relação a mulher com o desejo maternal, 
de modo que a gestante substituta, embora geneticamente ligada à criança em 
razão da doação de seu óvulo e cessão do útero, renuncia ao direito maternal. 
O inverso também é possível, na medida em que o sêmen pode ser de terceiro, 
protegido pelo anonimato, e o óvulo da mulherque após a fecundação será 
introduzido no útero da gestante substituta. Na terceira hipótese, o material 
genético é totalmente alheio ao projeto parental, sendo que o vínculo daqueles 
que manifestaram vontade é unicamente afetivo, de modo que a gestante 
substitutiva também, nesta hipótese, faz apenas o papel de “incubadora”. 
Quanto à filiação, como já oportunamente abordado, deverá prevalecer em regra 
a vontade que ensejou o uso do método. Noutras palavras, a criança será filha 
ex lege daqueles que nutriam esse desejo, independentemente de haver sido 
gestada por mulher substituta. 
No que concerne aos casais homossexuais, com o advento da Resolução n.º 
1.957/2010 do Conselho Federal de Medicina, uma grande oportunidade surgiu 
para que realizassem o seu projeto parental. 
A Defensoria Pública do Estado de São Paulo, atenta a importância da novel 
Resolução, elaborou documento esclarecendo acerca das hipóteses da 
gestação de substituição em se tratando de casais homossexuais, que se 
encontra parcialmente a seguir: 
“Num casal homossexual masculino, o esperma pode ser de um dos parceiros, 
e o óvulo deve ser de uma doadora anônima. Depois de fecundado, o embrião 
é introduzido no útero de uma parente (até segundo grau) de um dos dois - essa 
medida busca evitar o comércio de “barrigas de aluguel”. 
Entre mulheres, o doador do sêmen deve ser anônimo e uma delas poderá 
desenvolver o embrião, desde que tenha interesse e condições clínicas 
favoráveis; caso contrário, uma parente (até segundo grau) gestará o embrião. 
Esse contexto torna a técnica menos acessível aos casais homossexuais 
masculinos, pois ficam a depender de disponibilidade, interesse e condições 
clínicas de outrém (parentes). O Conselho Regional de Medicina de São Paulo 
(CREMESP) autorizou, nos últimos meses, quinze mulheres não parentes a 
“emprestarem” seus úteros, sendo que seis foram de casais homossexuais. Além 
disso, a obtenção de óvulos doados é mais difícil que a de sêmen, pela natureza 
do processo. ”[14] [destaques no original] 
Adaptando-se o documento elaborado pela Defensoria Pública a atual resolução, 
tem-se que, no caso dos casais do sexo masculino, depois de fecundado, o 
embrião deverá ser introduzido útero de uma parente até o quarto grau, de modo 
que na ausência desta, nada impede que uma terceira pessoa desprovida de 
interesse econômico seja a gestante substituta, dependendo, obviamente, da 
autorização do Conselho Federal de Medicina. 
Em relação aos casais do sexo feminino há mais hipóteses de gestação 
substituta. É que há a possibilidade de o casal ser fértil, de modo que uma das 
companheiras poderá desenvolver o embrião, contando apenas com a doação 
do sêmen por terceiro. Caso nenhuma das duas mulheres sejam férteis, deverão 
contar com a solidariedade de uma parente até o quarto grau e na ausência 
desta, nada impende que terceira mulher, desprovida de interesse econômico, 
ceda o útero em situação semelhante a terceira hipótese dos casais 
heterossexuais anteriormente abordada. 
De interessante menção se faz o apontamento feito por Isabela Pessanha 
Chagas: 
Quando as parceiras forem mulheres, o panorama altera-se um pouco devido ao 
fato da possibilidade de gestação. Uma técnica viável do ponto de vista clínico é 
a mistura do DNA do núcleo celular de ambas in vitro e a consequente fertilização 
daquela que será a mãe aos olhos da lei.[15] 
Aparentemente trata a autora de uma forma de manipulação genética 
consistente na mistura do DNA das duas parceiras e a fecundação de uma delas 
com o resultado dessa técnica. 
A ausência deliberada de legislação pertinente esse método de reprodução 
assistida dá enorme discricionariedade ao Conselho Federal de Medicina que, 
ponderando o concreto, poderá ou não autorizar esse tipo técnica. 
A sensação que dá é que praticamente tudo pode em matéria de gestação 
substituta, desde que não confronte com as normas estabelecidas pelo conselho 
médico. Certamente é um dos mais perigosos aspectos da ausência descarada 
de legislação. 
8. O REGIME JURÍDICO DA CESSÃO TEMPORÁRIA DE ÚTERO 
Regime jurídico pode ser conceituado como o conjunto de normas que regulam 
determinado direito. 
Infelizmente, carece a cessão temporária de útero de regulamentação própria, 
tendo apenas na Câmara dos Deputados Projetos de Lei em tramitação, 
inclusive desde o ano de 1997. 
É de se ressaltar, também, que o Projeto de Lei n.º 1184/2003, de autoria do 
Senador Federal Lucio Alcantara, proíbe expressamente em seu texto a 
gestação de substituição em seu art. 3º, e torna crime a prática do método por 
qualquer parte, sejam aqueles que manifestam vontade inicial, seja a gestante 
substituta ou também aquele que executar a inseminação artificial, como 
disposto em seu art. 19: 
“Art. 19. Constituem crimes: 
(...) 
III – participar do procedimento de gestação de substituição, na condição de 
Beneficiário, intermediário ou executor da técnica: 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa; 
No entanto, outros Projetos de Lei permitem a gestação de substituição, como 
por exemplo os PL n.º 1.135/2003 e n.º 2.855/1997. 
Qualquer tentativa de classificação que se faça não estará isenta de críticas, até 
mesmo porque em eventual regulamentação legal deverá o método ter regime 
próprio e, portanto, especifico. Porém, boa parte da doutrina converge para a 
alocação da cessão temporária do útero no regime jurídico afeto aos contratos. 
De fato faz muito sentido, exceto em razão de o produto final ser uma criança e 
não um objeto qualquer negociável com cunho patrimonial. 
Marcelo Truzzi Otero tem posicionamento firme que o regime jurídico apropriado 
é o dos contratos, de modo que fala em contrato gestacional, admitindo ainda 
que pode ser a título gratuito ou oneroso, vejamos: 
“Será gratuita ou onerosa, conforme a mulher que aceitou a gestação por outrem 
receba uma contraprestação, em dinheiro ou espécie. ”[16] 
De modo algum, embora na prática seja comum, poderá a cessão temporária de 
útero se dar de modo oneroso, sob pena de se criar, no Brasil, o comércio da 
“barriga de aluguel”. 
Já Isabela Pessanha Chagas não tem de modo tão claro qual seja o regime 
jurídico pertinente: 
É difícil conceber a natureza jurídica do acordo firmado para a maternidade por 
substituição, visto que não há a presença da noção de patrimonialidade, de 
locação ou de prestação de serviços. Nestes casos, estar-se-ia na presença de 
contraprestação, e não sob a feição de puro altruísmo, que no momento se faz 
como única razão possível. 
(...) 
Na esfera do direito obrigacional, que tipo de obrigação assume a mãe de 
gestação? Seria uma obrigação de dar, na medida em que se deve entregar a 
criança ao nascer, ou uma obrigação de fazer, tendo em vista que cabe a ela 
cuidar de si, de seu corpo e de sua gravidez para evitar danos ao bebê? E se, 
por um descuido, por uma atitude imprudente ou negligente, como ignorar uma 
dor ou ingerir drogas ou álcool, a mãe substituta ocasionar um dano ao feto? 
Caberá indenização aos pais biológicos?[17] 
A tarefa de classificar a gestação de substituição em um regime jurídico já 
existente é tarefa árdua e perigosa. Caso se admita se tratar de um negócio 
jurídico comum, necessário se faz observar os requisitos do Art. 104 do Código 
Civil e certamente haveria uma incompatibilidade com o inciso II deste dispositivo 
legal. 
No entanto, dadas as peculiaridades da Resolução do Conselho Federal de 
Medicina n.º 2.121/2015 quanto a necessidade de termo de consentimento livre 
e esclarecido informado, termo de compromisso entre os pacientes e a doadora 
temporária do útero, esclarecendo a filiação da criança, garantia de tratamento 
e acompanhamento médico à mãe que doará temporamente o útero, até o 
puerpério, garantia do registro civil da criança por aquelesque manifestaram a 
vontade inicial e aprovação do cônjuge ou companheiro, apresentada por escrito, 
melhor classificação, com as devidas ressalvas, é de que o regime jurídico 
adequado é o dos contratos. 
Porém, um contrato único e com peculiaridades próprias, sendo fonte de uma 
obrigação jurídica que não se adéqua a nenhuma das existentes, não podendo 
ser entendida pura simplesmente como uma obrigação de dar, fazer ou não 
fazer. 
Surge deste contrato uma nova obrigação que exige a renúncia do direito 
materno da gestante substituta em prol do casal heterossexual ou homossexual 
que manifestou a vontade do projeto parental, de forma genuinamente gratuita e 
com uma série de obrigações especificas a serem cumpridas pela gestante 
substitutiva sem nenhum objetivo de lucro, sempre com estrita observância do 
superior interesse da criança. 
9. A CESSÃO TEMPORÁRIA E OS TRIBUNAIS 
Dá-se o nome de “barriga de aluguel” – denominação imprópria no direito 
brasileiro, pois a lei não permite remuneração nessa operação e a palavra 
barriga de aluguel designa pagamento - percebe-se que outros vários problemas 
surgem através deste procedimento. 
Luiz Roldão de Freitas Gomes em seu artigo publicado pela Revista dos 
Tribunais “Questões jurídicas em torno da inseminação artificial”, enumera 
quinze questões formuladas por um jurista norte americano sobre a 
denominação “barriga de aluguel”:[18] 
“Para se alcançar a magnitude e profundidade do tema, a dizer com a essência 
do homem, sua existência e criação, perscrutando os arcanos da vida e da 
morte, transcrevam-se quinze indagações formuladas por um jurista norte 
americano a propósito da “maternidade substituta” uma das formas que pode 
revestir a fecundação artificial: 1) Quem pode participar? 2) Como pode a aptidão 
dos participantes individuais ser determinada? 3) Que espécie de atos deveria 
ocorrer no escopo de qualquer regulamentação proposta? 4) Que tipo de 
supervisão médica deve ser exigida? 5) Quais são os direitos e obrigações das 
respectivas partes após o nascimento com vida? 8) E se vier a ser natimorto? 9) 
Pode a mãe substituta receber compensação financeira? 10) Qual o estatuto 
legal da criança ao nascer? 11) Que medidas deve a “mãe substituta tomar para 
abdicar de seus direitos como mãe 12) Quais providências por outro lado, deve 
o pai adotar para assegurar ou reivindicar seus direitos como pai? 13) Que 
medida deve, de outra feita, promover a esposa do pai natural para obter ou 
reivindicar direitos de maternidade? 14) Que procedimento deve a mãe 
substituta seguir se decide manter a criança? 15) Quais os direitos e obrigações 
do pai natural se a mãe substituta decide manter a criança?.”. 
As questões relativas à maternidade substituta não se esgotam no rol elencada 
acima. Inúmeros outros debates decorrem do tema como, por exemplo a 
classificação quanto à obrigação que assume a “mãe de gestação”. Seria uma 
obrigação de dar, na medida que deve entregar a criança quando nascer ou 
obrigação de fazer, tendo em vista que cabe a ela cuidar de si, de seu corpo e 
de sua gravidez para evitar danos ao bebê? 
E se por um descuido, por uma atitude imprudente ou negligente, como ignorar 
uma dor ou ingerir demasiadamente álcool ou drogas a “mãe substituta” 
ocasione dano ao feto. Caberá indenização aos pais biológicos? 
Necessário se faz refletir, cuidadosamente, quanto a natureza da relação entre 
a “mãe substituta” e a criança. Será que ela apenas é aquela que exerce uma 
das funções maternas? Se for casada seria necessária a anuência do marido? 
Se o procedimento se der às ocultas configura caso de injuria grave ou conduta 
desonrosa dando respaldo a separação? 
A partir da leitura dos artigos 1 e 2 do tópico VII da Resolução n. 2.121/2015 
alguns poucos esclarecimentos já podem ser auferidos: 
As clínicas, centros ou serviços de reprodução assistida podem usar técnicas de 
RA para criarem a situação identificada como gestação de substituição, desde 
que exista um problema médico que impeça ou contraindique a gestação na 
doadora genética ou em caso de união homoafetiva. 
1 - As doadoras temporárias do útero devem pertencer à família de um dos 
parceiros em parentesco consanguíneo até o quarto grau (primeiro grau – mãe; 
segundo grau – irmã/avó; terceiro grau – tia; quarto grau – prima). Demais casos 
estão sujeitos à autorização do Conselho Regional de Medicina. 
2 - A doação temporária do útero não poderá ter caráter lucrativo ou comercial. 
A gestação por substituição, portanto, deve ocorrer em casos de necessidade 
médica e a doadora do útero deve pertencer a família da doadora genética, num 
parentesco até quarto grau, ou mediante autorização do Conselho Regional de 
Medicina nos demais casos. 
Outros ramos do direito sofrem as consequências das novas técnicas de 
reprodução humana assistida, além do direito civil. No campo do direito penal, a 
titulo de ilustração, vale lembrar que o artigo 242 tipifica que é crime punido com 
pena de 2 a 6 anos de reclusão do parto alheio como próprio. Diz o artigo: 
Artigo 242. Dar parto alheio como próprio; registrar como seu filho de outrem; 
ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprindo ou alterando direito inerente ao 
estado civil: 
Pena – reclusão, de 2 a 6 anos. 
Parágrafo único. Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza; 
Pena – detenção, de 1 a 2 anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena. 
Com relação a maternidade substituta o referido dispositivo pode suscitar 
dúvidas no caso em que a mãe biológica der como seu o parto da “mãe de 
aluguel” ou, ainda, no caso em que a “mãe substituta” registrar a criança como 
seu filho, já que sua gravidez, aos olhos da sociedade, perante terceiros, faz crer 
que o recém-nascido é o seu filho. 
No campo do direito do trabalho, um dos institutos afetados pela maternidade 
substituta é o a licença maternidade. A licença maternidade é concedida a 
gestante para que se recupere da fadiga da gravidez e do parto e para que a 
mãe cuide da criança, tendo em vista a fragilidade do recém-nascido nos 
primeiros meses de vida. 
O direito a licença maternidade está previsto no artigo 7º, inciso XVIII da 
Constituição Federal e a referida licença é de 120 dias. 
A jurisprudência tem entendido a respeito da concessão licença maternidade em 
se tratando de temas como a barriga de aluguel. 
Vejamos trecho de um acórdão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, onde 
a primeira turma manteve a sentença que concedeu 180 dias de licença 
maternidade à autora que tinha se submetido à fertilização in vitro e gestação 
em “barriga de aluguel” sob o fundamento de que se tratava de filiação biológica, 
o que é diferente da situação de filiação por adoção: 
“APELAÇÃO CÍVEL Nº 534999 PE (0004161-23.2011.4.05.8300) 
EMENTA:CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. LICENÇA MATERNIDADE. 
PRAZO DE 180 DIAS. FERTILIZAÇÃO “IN VITRO” EM “BARRIGA DE 
ALUGUEL”. DANOS MORAIS. INXISTÊNCIA. 
1. Hipótese em que a autora tendo realizado fertilização “in vitro”e gestação em 
“barriga de aluguel”, em virtude das dificuldades em engravidar, pretende seja 
reconhecido o seu direto à licença maternidade pelo período de 180 (cento e 
oitenta dias) dias e não de 150 (cento e cinquenta) dias como deferido pela 
UFPE, bem como indenização por danos morais. 
2. Devem ser computados aos prazos previstos nos artigos 207 e 210, da 
Constituição Federal, os prazos estabelecidos nos Decretos nºs. 6.690/2008 e 
6.691/2008, resultando o benefício de 180 (cento e oitenta) dias para a mãe 
gestante e 150 (cento e cinquenta) dias para a mãe adotante. 
3. A autora é, efetivamente, mãe biológica, não importa se a fertilização foi “in 
vitro”ou com “barriga de aluguel”. Os filhos são sanguíneos e não adotivos. A 
autora faz jus à licença maternidade pelo período de 180 (cento e oitenta) dias, 
o que se justifica,sobretudo, por serem 03 (três) os filhos. 
4. Quanto ao pedido de indenização por danos morais, conforme posicionamento 
firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, o mero dissabor não gera o direito à 
indenização por danos morais. 
5. “O mero dissabor não pode ser alçado ao patamar do dano moral, mas 
somente aquela agressão que exacerba a naturalidade dos fatos da vida, 
causando fundadas aflições ou angústias no espírito de quem ela se dirige” 
(REsp 898.005/RN, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, Quarta Turma, julgado em 
19/06/2007, DJ 06/08/2007 p. 528). 
6. Apelação a que se nega provimento. 
VOTO 
O JUIZ FRANCISCO CAVALCANTI (Relator): Hipótese em que a autora tendo 
realizado fertilização “in vitro”e gestação em “barriga de aluguel”, em virtude das 
dificuldades em engravidar, pretende seja reconhecido o seu direto à licença 
maternidade pelo período de 180 (cento e oitenta dias) dias e não de 150 (cento 
e cinquenta) dias como deferido pela UFPE, bem como indenização por danos 
morais. 
Penso que a r. Sentença não merece reparos 
Vejamos. 
A Lei nº. 8.112/90 assegura a licença maternidade, diferenciando o prazo da 
licença concedida à mãe gestante do prazo concedido à mãe adotante, nos 
seguintes termos: 
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 (cento e vinte) dias 
consecutivos, sem prejuízo da remuneração. (Vide Decreto nº 6.690, de 2008) 
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de criança até 1 (um) 
ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias de licença remunerada. (Vide 
Decreto nº 6.691, de 2008) 
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de criança com mais de 
1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo será de 30 trinta dias. 
Devem ser computados aos prazos acima previstos, os dos Decretos nºs. 
6.690/2008 e 6.691/2008, resultando o benefício de 180 (cento e oitenta) dias 
para a mãe gestante e 150 (cento e cinquenta) dias para a mãe adotante. 
Considerando que não há previsão legal para a hipótese dos autos (fertilização 
“in vitro”com gestação em “barriga de aluguel”), a solução deve ser analisada 
com base no art. 4º, da Lei de introdução ao Código Civil, como bem entendeu 
a MM. Juíza a quo, nos seguintes termos: 
Diante dessa omissão legislativa é que surge o presente litígio, cuja solução é 
alcançada por meio do que dispõe o art. 4º da Lei de introdução ao Código Civil, 
in verbis: 
Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, 
os costumes e os princípios gerais de direito. 
Diante disso, a questão é saber se, por analogia, o caso apresentado aos autos, 
desprovido que é de expressa previsão legal, merece o tratamento dispensado 
à mãe gestante ou aquele dispensado à mãe adotante. 
No entender deste Juízo, deve-se dispensar à autora o mesmo tratamento legal 
conferido à mãe gestante. 
No tipo de concepção apresentado, fertilização in vitru para o desenvolvimento 
do feto no útero de outra mulher, a mãe biológica, embora não sofra com os 
procedimentos da gestação e do parto, é submetida a diversos outros 
procedimentos a fim de propiciar referida fertilização, além de acompanhar 
diuturnamente seu filho sendo gestado em útero alheio, o que significa, 
necessariamente, conseqüências psicológicas típicas de uma mãe gestante. 
Já em relação à mãe adotante, a mesma não é submetida, ao menos em tese, 
a qualquer procedimento de intervenção médica, não chegando, inclusive, na 
maioria das vezes, a acompanhar a gestação ou a presenciar o parto. 
Conforme já realçado acima, o benefício em questão é promovido para suprir 
uma necessidade imediata da criança, cujo bom desenvolvimento físico e mental 
depende da atenção que lhe é dada, principalmente pela mãe, nos primeiros 
meses de vida. A mãe também necessita de tempo para se dedicar aos filhos, 
mormente quando se trata de trigêmeos, como no caso em análise. 
Uma que uma mãe em tal situação aproxima-se mais da condição da mãe 
gestante do que da condição de mãe adotante, porquanto a distinção entre essas 
duas é justamente o laço genético havido com a criança, sendo a mãe que opta 
por conceber um filho através de aludido método mãe biológica tal qual uma mãe 
gestante. 
Pelo exposto, verificados os motivos acima, é de se entender que o tratamento 
legal em que se enquadra a autora deve ser o mesmo da mãe gestante, sendo-
lhe, pois, devido o benefício da licença maternidade a ser gozado no período de 
180 (cento e oitenta) dias. 
Destarte, a autora é, efetivamente, mãe biológica, não importa se a fertilização 
foi “in vitro”ou com “barriga de aluguel”. Os filhos são sanguíneos e não adotivos. 
A autora faz jus à licença maternidade pelo período de 180 (cento e oitenta) dias, 
o que se justifica, sobretudo, por serem 03 (três) os filhos. 
(...). Fonte: DVD Magister. Jun/Jul 2013. 
Cumpre observar que o MM. Relator confirmou a sentença que reconheceu à 
mãe que tomou o útero emprestado como mãe com plenos direitos, uma vez que 
teve que acompanhar toda a gestação do filho no útero alheio. 
10. CONCLUSÃO 
Desta forma, podemos compreender que os desafios da matéria do biodireito no 
que concerne a reprodução assistida são gigantescos, tanto pelo que já existe 
de ciência no mundo como pela tendência de crescimento que a ciência possui, 
já que suas as técnicas a cada dia tornam-se mais e mais avançadas. 
Assim, é papel da bioética dentro do direito fundar sólidas bases, e dizer com 
clareza o que se pode, e o que não se pode fazer nesse campo, mas sem perder 
de vista que no desenvolvimento científico existem desafios que muitas vezes 
podem parecer inicialmente insuperáveis, mas que na realidade são necessários 
para o progresso da ciência. Assim, a bioética deve, quando houver choque de 
valores do eticamente incorreto com o do desenvolvimento científico, dizer o 
caminho a ser seguido. Os doutrinadores Bruno Torquato e Maria de Fatima 
apontam esse desafio: 
A crise vivida pelo direito nas ultimas décadas impôs questionamentos 
relevantes. Os vários e inúmeros conflitos que emergem de questões bio 
jurídicas demonstram quão precária é uma ordem jurídica baseada em normas 
postas de antemão, que devem prever toda e qualquer situação litigiosa 
minuciosamente e oferecer-lhe solução. Mas como elaborar um ordenamento 
jurídico que ofereça respostas satisfatórias para problemas que constantemente 
desafiam as previsões? Propor soluções por um sistema codificado tendo em 
vista o problema proposto?[19] 
Existe uma complexidade de questionamentos bioéticos hoje levados ao 
judiciário, muitos deles ao Supremo Tribunal Federal, e tem sido papel da 
bioética dizer a melhor forma de atuar. 
Porém, a matéria da bioética tem um compenetre multidisciplinar, não sendo 
restrita apenas ao direito, mas empapando dentro dela aspectos de outras áreas 
das ciências duras e da filosofia. É dever do judiciário estar aberto a ouvir esses 
outros ramos das ciências, afim de procurar a melhor solução do caso concreto; 
quando de questões afetas ao STF é comum vermos as famosas audiências 
públicas onde são ouvidos especialistas dos diversos ramos da ciência, 
especialistas estes em suas áreas que podem, e devem dar uma importante 
contribuição ao debate científico, e à busca de uma melhor posição no debate 
do biodireito. A título de exemplo, um caso que ficou muito famoso no Brasil foi 
o dos fetos anencéfalos [20]. 
Apesar de existirem especialistas nessas áreas, pode-se considerar um dever 
de todo o campo jurídico observar os progressos da ciência, e ter um dialoga 
aberto com todas as áreas científica. 
Assim, podemos ver que vai se criando no Brasil uma espécie de microcosmo 
jurídico nas matérias de cunho mais científico, ante aos avanços cada vez 
maiores da ciência e a demora da reforma de alguns conceitos ciclísticos,como 
apontam os doutrinadores Bruno Torquato e Maria de Fatima:[21] 
Certo é que a evolução fantástica de novas tecnológicas demonstrou a 
inadequação de alguns conceitos civilisticos, o que culminou com a formação do 
micro sistema em analise. Portanto, o estudo que devemos proceder, buscando 
a solução de questões intrincadas, deve ser realizado a luz da teoria da 
constituição contemporânea, ou seja, a construção da norma a partir da 
interpretação do sistema de princípios jurídicos. 
Dentro de todo esse debate, está incluída a matéria da cessão temporária do 
útero, que tem temas extremamente relevantes tanto ao biodireito quanto ao 
direito civil brasileiro. 
A partir desse trabalho, podemos perceber que a reprodução assistida está 
impondo um novo paradigma, no que se refere às questões da paternidade e da 
maternidade (principalmente), e traz alterações no que concerne a matéria de 
registro civil. 
A ausência de uma legislação nessa área tem sido um problema extra aos 
operadores do direito, pois acaba por dificultar as relações jurídicas. Ademais, a 
ausência de uma norma que regulamente o tema acaba por impor que os juizes 
decidam com base no caso concreto a solução do litígio, o que acaba 
ocasionando uma insegurança jurídica muito grande. 
Contudo, ainda que a falta de legislação seja patente, ao menos podemos 
observar que no Brasil a situação tem sido bem resolvida pelo judiciário, que tem 
aceito a tese da cessão temporária do útero, e tem feito o registro civil a 
conforme. Não obstante, fica aqui a nota da necessidade de uma legislação. 
Muito também tem sido feito baseado nas Resoluções do Conselho Federal de 
Medicina, apesar de terem a força para vincular apenas os médicos. Ainda 
assim, têm sido um farol para a atuação de todo o judiciário. 
Mas de toda forma, não podemos perder de vista no Brasil a criação de uma 
legislação na área de reprodução assistida que englobe os principais pontos da 
matéria como: a forma do contrato de cessão temporária, a questão da 
gratuidade, e a possibilidade de ser oneroso; também, o respeito ao registro de 
nascimento que espelhe não a que gerou a criança, e sim aos donos do material 
genético aceitando como validade o consentimento da gestante, que não se 
coloca como mãe, e sim apenas como portadora. E ainda prever um sistema de 
supervisão e fiscalização das clínicas que praticam todas as técnicas de 
reprodução assistida, no que concerne as regras que regulamentam a prática 
médica e a bioética. 
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Atlas, 2009, v.6. 
 
[1] 1 Informações obtidas no site http://www.sbrh.org.br/. Acesso em 09/11/2015. 
[2] MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus. Curso de bioética e 
biodireito. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2013. Pp. 193-194 
[3] MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus. Curso de bioética e 
biodireito. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2013. P. 216. 
[4] DALVI, Luciano. Curso avançado de biodireito: doutrina, legislação e 
jurisprudência. Florianópolis: Conceito Editorial, 2008. P. 199 
[5] DALVI, Luciano. Op. Cit. P. 199. 
[6] SÁ, Maria de Fátima Freire de; NAVES, Bruno Torquato de Oliveira; Manual 
de biodireito. 3. Ed., rev., atual. E ampl. Belo Horizonte, MG: Del Rey, 2015. P. 
161. 
[7] DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. São Paulo: Saraiva, 2002. 
P.580. 
[8] DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 24. 
Ed. São Paulo: Saraiva, 2009, v. 5. P. 505. 
[9] THEBALDI, Isabela Maria Marques. A utilização do consentimento informado 
como termo de adesão. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 104, set 2012. 
Disponível em: < 
http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=
12263 >. Acesso em 15/11/2015. 
[10] SÁ, Maria de Fátima Freire de; NAVES, Bruno Torquato de Oliveira; Manual 
de biodireito. 3. Ed., rev., atual. E ampl. Belo Horizonte, MG: Del Rey, 2015. P. 
218. 
[11] Fernando, S. J., & (Coord.), B. S. R. (2015). Direito Civil: Estudos em 
Homenagem a José de Oliveira Ascensão: Teoria Geral do Direito, Bioética, 
Direito Intelectual e Sociedade da Informação, (V. 1). Disponível em 
http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522498505/page/91. Acesso 
em 10/11/2015. 
[12] Fernando, S. J., & (Coord.), B. S. R. (2015). Direito Civil: Estudos em 
Homenagem a José de Oliveira Ascensão: Teoria Geral do Direito, Bioética, 
Direito Intelectual e Sociedade da Informação, (V. 1). Disponível em 
http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522498505/page/95; Acesso 
em 10/11/2015. 
[13] OTERO, Marcelo Truzzi; Contratação da barriga de aluguel gratuita e 
onerosa: legalidade, efeitos e o melhor interesse da criança. Revista Brasileira 
de Direito das Famílias e Sucessões, v. 20, 2011, p.5. 
[14] Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Reprodução Assistida: Casais 
Homossexuais. Disponível em 
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[15] Fernando, S. J., & (Coord.), B. S. R. (2015). Direito Civil: Estudos em 
Homenagem a José de Oliveira Ascensão: Teoria Geral do Direito, Bioética, 
Direito Intelectual e Sociedade da Informação, (V. 1). Disponível em 
http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522498505/page/95. Acesso 
em 10/11/2015. 
[16] OTERO, Marcelo Truzzi; Contratação da barriga de aluguel gratuita e 
onerosa: legalidade, efeitos e o melhor interesse da criança. Revista Brasileira 
de Direito das Famílias e Sucessões, v. 20, 2011, p. 4. 
[17] Fernando, S. J., & (Coord.), B. S. R. (2015). Direito Civil: Estudos em 
Homenagem a José de Oliveira Ascensão: Teoria Geral do Direito, Bioética, 
Direito Intelectual e Sociedade da Informação, (V. 1). Disponível em 
http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788522498505/page/94.Acesso 
em 10/11/2015. 
[18] GOMES, Luiz Roldão de Freitas. Questões Jurídicas em torno da 
inseminação artificial, p. 268. 
[19]. SÁ, Maria de Fátima Freire de; NAVES, Bruno Torquato de Oliveira; Manual 
de biodireito. 3. Ed., rev., atual. E ampl. Belo Horizonte, MG: Del Rey, 2015. P. 
16. 
[20] Disponível online em http://www.conjur.com.br/2011-mai-17/audiencia-
pública-tenta-democratizar-decisao-aborto-anencefalo. Acesso em 22/11/2015. 
[21] SÁ, Maria de Fátima Freire de; NAVES, Bruno Torquato de Oliveira; Manual 
de biodireito. 3. Ed., rev., atual. E ampl. Belo Horizonte, MG: Del Rey, 2015. P. 
19.