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Arquitetura 1 – prof. Maria Cristina Sampaio LEGISLAÇÃO EDILÍCIA 1 LEGISLAÇÃO EDILÍCIA A legislação edilícia é particular de cada cidade, variando de acordo com seu porte e especificidades, sendo prerrogativa do poder municipal legislar sobre o uso do solo urbano. Entretanto deve-se obediência também às disposições das esferas superiores tais como as constituições federal e estadual, o Código Civil Brasileiro, além de outras leis estaduais e federais de caráter urbanístico e de proteção cultural e ambiental. No caso do Rio de Janeiro a magnitude do município aliada à diversidade de regras edilícias existentes, além dos vários índices, leis e decretos específicos para cada local da cidade, levou a Secretaria Municipal de Urbanismo a dividir sua área de atuação em 5 Áreas de Planejamento - APs - às quais correspondem Coordenadorias de Urbanismo, que são subdivididas em Superintendências, Gerências e Departamentos de Licenciamento e Fiscalização. A Administração Pública no município do Rio de Janeiro também foi descentralizada, tendo sido instituídas sub-prefeituras, cada uma coordenando um grupo de Regiões Administrativas – RAs. Para que um projeto seja aprovado pela Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU) é necessário que seja concebido de acordo com parâmetros por ela estipulados. Assim, o primeiro passo para se conhecer a legislação e as normas urbanísticas vigentes é fazer uma consulta à Prefeitura Municipal e obter uma Certidão de Informações (CI), que é o documento que indica as potencialidades de um lote. Através dele é possível saber qual é o zoneamento para uma determinada área, se existe alguma legislação de tombamento ou preservação para o local, que tipo de edificação pode ser implantado (residencial, comercial, industrial ou mista), a quantidade de andares, a altura da edificação, as leis e decretos que estabelecem regras e limites para o logradouro em questão, a taxa de ocupação e o Índice de Aproveitamento de Área (IAA) para o lote, os números do Projeto Aprovado de Alinhamento (PAA) e da Planta Aerofotogramétrica, entre outras informações. Ele á obtida nas Diretorias e/ou Superintendências de Licenciamento e Fiscalização existentes no Município. Arquitetura 1 – prof. Maria Cristina Sampaio LEGISLAÇÃO EDILÍCIA 2 O Plano Diretor da cidade do Rio de Janeiro, aprovado pela Câmara Municipal em 2011, é o instrumento básico para a política de desenvolvimento e expansão urbana, tendo como objetivos orientar as ações dos agentes públicos e privados e determinar as prioridades para aplicação dos recursos orçamentários e investimentos. O Plano Diretor contém diretrizes e normas relativas a: I - política municipal de desenvolvimento sustentável; II - ordenamento territorial do Município; III - ordenação do uso e ocupação das áreas urbanas; IV - políticas públicas setoriais e seus programas; V - instituição e aplicação de instrumentos legais; VI - sistema municipal de planejamento e gestão; VII - da participação pública efetiva e continuada, através dos Conselhos Municipais, Conferências da Cidade, Audiências Públicas e da disponibilização ampla de informações qualificadas sobre a Cidade; e VIII - desenvolvimento urbano com base na política de planejamento e desenvolvimento sustentável. Para a implantação e desenvolvimento de um projeto de arquitetura na cidade do Rio de Janeiro, além do Plano Diretor deve-se, também, consultar o Código de Obras, o Regulamento de Zoneamento, regulamentos de instalações prediais de gás, telefone, energia elétrica, água, esgotos, o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico, entre outros instrumentos legais. O Código de Obras é uma compilação de leis e decretos que regem as edificações no Município. Como leis e decretos são aprovados e publicados com grande frequência e muitos deles acarretam pequenas alterações em outros já publicados, esse documento se encontra em estado de “permanente alteração”, sendo necessário, assim, que se pesquise os decretos que fazem parte do Código de Obras e as alterações posteriores (caso existam) aos pontos que se aplicam ao projeto a ser aprovado. No Rio de Janeiro, podemos citar como relevantes: Arquitetura 1 – prof. Maria Cristina Sampaio LEGISLAÇÃO EDILÍCIA 3 � Lei de Parcelamento do Solo (1967) que estabelece dimensões dos lotes, dimensões e característica técnicas dos logradouros, percentual e características das áreas a serem destinadas a uso comum, áreas não-edificáveis, normas para implantação de redes de serviços públicos. � O Decreto 3800 /1970 que dispõe sobre obras públicas ou privadas de demolição, reforma, transformação de uso, modificações e construções, estabelecendo normas para construção e parcelamento da terra. � Decreto 322/1976 que regulamenta o uso e ocupação do solo através da divisão da cidade em Zonas e áreas de Especial Interesse, além de regulamentar edificações. Assim, a Cidade do Rio de Janeiro foi dividida em diversas zonas que visavam a ordenar a utilização de seu solo, conforme listagem a seguir: AC Área Central com 2 subdivisões abrangendo o centro da cidade; ZR Zona Residencial com 7 subdivisões ZA Zona Agrícola ZC Zona Comercial ZE Zona Especial com 9 subdivisões abrangendo as mais diversas situações tais como recursos naturais, a baixada de Jacarepaguá e Barra da Tijuca, as ilhas da baía de Guanabara e oceânicas, zonas de uso das Forças Armadas, áreas de comunidades, entre outras. ZIC Zona de Indústria e Comércio ZP Zona Portuária ZUM Zona de Uso Misto ZT Zona Turística AIC Área de Interesse Cultural. O Projeto Aprovado de Alinhamento (PAA) - ou simplesmente PA, como é mais conhecido – é um instrumento de intervenção urbana que define os limites entre as áreas públicas e as áreas de propriedade privada. Através dele são projetados a abertura e o alargamento de logradouros, Arquitetura 1 – prof. Maria Cristina Sampaio LEGISLAÇÃO EDILÍCIA 4 além de serem estabelecidas, quando necessário, áreas de recuo e investidura. Eles podem ser realizados através de iniciativa do Poder Público ou de particulares. O PA costuma ser um instrumento de aplicação progressiva, sendo consolidado à medida em que ocorre renovação urbana no(s) logradouro(s) para o qual foi projetado. Porém, em algumas situações onde existe a necessidade de intervenção urbana em determinado local (a abertura de uma via, por exemplo) , ele é implantado de maneira imediata. Quando se executa um projeto de loteamento, além do PAA, que delimita as áreas públicas e as privadas dos logradouros, é também elaborado um PAL – Projeto Aprovado de Loteamento – que define a partição da gleba em lotes e estabelece as dimensões e características de cada um. A planta aerofotogamétrica é a representação plani-altimétrica feita através da restituição de fotos aéreas apoiadas em levantamento topográfico. Ela não estabelece ou denota qualquer tipo de regra edilícia, porém apresenta uma grande quantidade de informações relevantes relacionadas ao local em estudo. Algumas dessas plantas foram elaboradas a partir de levantamentos bem antigos e apresentam-se bastante defasadas. Existem, ainda, outros instrumentos que estabelecem regras para edificações no município do Rio de Janeiro, como PEU’s – Planos de Estruturação Urbana – e a Lei Orgânica do Município, os quais incidem sobre a legislação edilícia vigente em algumas áreas ou aspectos específicos. Após o levantamento das informações urbanísticas para o local de implantação, o próximo passo deveráser a consulta à legislação pertinente às edificações propriamente ditas. Na CI também existem indicações das leis e decretos que contém essas informações. A implantação das edificações é limitada por afastamentos – frontal, lateral e de fundos – e a área a ser ocupada deve estar dentro de limites estabelecidos pela Taxa de Ocupação ou pela área total edificável (ATE), assim como a altura deve obedecer ao gabarito ou altura máxima permitida para o local. É considerada área útil o espaço efetivo de utilização e área construída a área útil acrescida das alvenarias. Arquitetura 1 – prof. Maria Cristina Sampaio LEGISLAÇÃO EDILÍCIA 5 A taxa de ocupação é o percentual máximo do terreno que a projeção da edificação pode ocupar. Em alguns casos, será necessário adotar-se afastamentos maiores que os mínimos permitidos para que se obedeça a esse percentual. Já a área total edificável (ATE) é obtida pelo produto da área do terreno pelo índice de aproveitamento de área (IAA) do logradouro. A soma soma das áreas construídas deve ser menor ou igual a esse valor. É importante observar que algumas áreas construídas - áreas comuns e varandas, por exemplo – não são somadas para cálculo da ATE. Além disso, para um mesmo logradouro podem existir valores diferentes de IAA, dependendo do uso a ser adotado. Os afastamentos frontais em relação ao logradouro serão determinados pelo Regulamento de Zoneamento, variando de um local para outro da cidade. Quanto mais alta a edficação, maior o afastamento frontal. As dimensões dos afastamentos laterais e de fundos da edificação em relação às divisas do lote serão determinadas pelo Regulamento de Zoneamento, PEU, PA, PAL ou Decreto, devendo no entanto serem observadas as seguintes condições mínimas: Quando os afastamentos forem utilizados para ventilar ou iluminar compartimentos, eles deverão medir, no mínimo, 2.50 m ou 1/5 da altura da edificação prevalecendo a maior dimensão entre as duas. A altura da edificação será considerada como a medida entre o nível do 1º compartimento iluminado e ventilado e o nível superior do último pavimento, não sendo considerado o eventual pavimento de cobertura, observado o esclarecimento gráfico a seguir. PUC Estacionamento Estacionamento Divisa Afast. Afast. 1 H 2 Divisa Divisa Afast. Afast. Afast. Afastamento Frontal Logradouro Divisa Arquitetura 1 – prof. Maria Cristina Sampaio LEGISLAÇÃO EDILÍCIA 6 1 Afastamento = 1,50 m 2 Deverá ser computado em H caso haja compartimento iluminado pelo afastamento no PUC. Segundo estipulado pela Lei Orgânica do Município, caso a edificação esteja colada em pelo menos uma das divisas laterais sua altura ficará limitada a 12m, mesmo que a altura máxima para o logradouro seja maior. Os afastamentos entre edificações no mesmo lote, quando o RZ exigir, será equivalente a 2/5 da média da altura das edificações. Existem, ainda, limites mínimos para as áreas dos cômodos, áreas mínimas de iluminação e ventilação, número mínimos de vagas de estacionamento, entre outros parâmetros. Esses valores podem variar bastante dependendo do local da implantação e do tipo de uso da edificação. Alguns usos não estão regidos por legislação específica, sendo os projetos analisados de acordo com critérios específicos estabelecidos pela SMU.
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