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1 APOSTILA DE MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA LUIS CARLOS PITA DE ALMEIDA 2 MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA A produção de alimentos tem sido ao longo dos tempos, uma das preocupações básicas da humanidade. Para realizar essa tarefa, inicialmente o homem empregou a energia de seus próprios músculos. Depois, passou a utilizar-se dos animais que domesticara. Ao chegar ao limiar da Era das Máquinas, descobre mecanismos capazes de converter a energia dos ventos e das quedas d'águas em trabalho útil. Mais tarde, domina a tecnologia de transformação do calor em trabalho, chegando as máquinas motoras térmicas. Finalmente, torna viável o uso da energia elétrica, através da expansão das redes de eletrificação rural. Com a utilização da mecanização agrícola, consegui-se aumentar a produção de alimentos e diminuir os esforços necessários na condução das culturas, por meio do uso de máquinas e implementos cada vez mais específicos e sofisticados. Como exemplo da importância da mecanização agrícola, temos em níveis médios que um homem utilizando somente ferramentas manuais cultiva apenas 1 ha, com a ajuda da tração animal passa para 8 ha e utilizando motomecanização consegue cultivar 80 ha, conseguindo aumentar a sua capacidade produtiva e a produção de alimentos. Mecânica: Ciência que investiga os movimentos e as forças que os provocam. Do grego mechanike, "a arte de construir uma máquina", pelo latim mechanica, atividade relacionada com máquinas, motores e mecanismos. Mecanização Agrícola: A mecanização agrícola de uma propriedade significa utilizar uma serie de máquinas e implementos visando minimizar os esforços necessários nas atividades agropecuárias. ABRIGO DE MÁQUINAS A - Por que abrigos para as máquinas? - Custo das máquinas - compensa investir na proteção; - Necessidade de preservação do material; - Controle de entrada e saída de peças e combustíveis/ lubrificantes: caso de grande número de máquinas (grandes fazendas ou empresas); - Suporte à manutenção. B - Escolha do local, (considerações): - Disponibilidade de água: limpeza, abastecimento, etc; - Proximidade de rede elétrica: ferramentas, iluminação, etc; - Proximidade de estradas: facilitar acesso; - Tem que ter localização estratégica. 3 C – Tamanho: - Vai depender do número e tipo de máquinas e implementos. Preferencialmente de formato retangular. D - Partes do Abrigo: - Almoxarifado: guardar e controlar materiais; - Escritório: controle de pessoal e uso de máquinas; - Deposito de combustíveis; em local seguro e com controle de acesso (devido ao nível de periculosidade); - Depósito de lubrificantes: pode ser no almoxarifado ou no depósito de combustíveis; - Pátio para testes e manobras: normalmente nele, são deixados equipamentos (implementos) que não necessitam tanta proteção; - Encarretador: encarretamento de implementos e tratores; - Galpão: abrigo de máquinas e implementos; - Lavador, oficina, borracharia, etc. E - Oficina mecânica: - Devido à urgência que o trabalho agrícola impõe às execuções de reparações, a oficina agrícola deve estar preparada para fazer frente às mais diversas eventualidades. Não é que tenha máquinas custosas nem de grande precisão, pois o serviço de mecânica agrícola não pode ser especializado, porém tem que ter ferramentas variadas e adequadas aos trabalhos heterogêneos que são necessários executar. A oficina deve ter um ambiente seco e piso feito com cimento (para facilitar a limpeza e outros trabalhos). FERRAMENTAS A - Regras para o bom manuseio: - Limpeza: sempre efetua após o uso da ferramenta; - Local para guardar: se possível em um quadro de ferramentas de fácil acesso; - Uso adequado da ferramenta: o exemplo mais típico de mau uso é fazer alicate de martelo, chave de fenda de talhadeira e outros; - Segurança pessoal: conforme o caso deve-se usar luvas, avental, capacete, botas, macacão, máscara, etc.; - Cuidados específicos para cada ferramenta: cuidados com as mãos, olhos (luz e fagulha), pele (queimaduras, cortes, etc.), pés, contaminações com metais pesados (chumbo, mercúrio e outros). B - Principais ferramentas e suas características: 1 - Martelo: Especificado pelo peso e tipo Obs.: Acima de 1 quilo, denomina-se como marreta (diversos autores têm considerações diferentes a respeito desta classificação quanto ao peso). 4 Tipos: - bola (de mecânico, de 200 a 1000 gramas); - orelha (unha); - madeira; - pedreiro; - plástico; - bronze; - sapateiro; - borracha; - etc. 2 - Alicates: Especificado pelo comprimento e tipo. Tipos: - universal (de uso geral); - de corte (reto, diagonal, frontal, torquês); - ajustável (ou bomba d'água); - de pressão (fixação e para solda); - de bico (reto, curvo, chato, pontiagudo); - de borne (para terminal de bateria); - de trava (para presilhas ou travas, externas ou internas); - etc. 3 - Limas: Especificadas pelo tipo, tamanho e gran. Gran: número de ranhuras por unidade de comprimento, exemplo de gran fina é a lima circular rabo de mico; exemplo de gran grossa é a lima circular bastarda. Comprimento: de diversos tamanhos, conforme a necessidade. Tipos: Variam conforme o formato da seção transversal da mesma: - chata ou paralelas: tipo lima KF; - quadradas: trabalhos em "ângulos vivos"; - triangular: tipo lima de serrote; - redonda: tipo lima de moto-serra (rabo de mico); - meia-cana: para acabamento em partes arredondadas. 4 - Chaves de Boca ou Chave Fixa: Usada para menores esforços na torção de parafusos sextavados ou quadrados; escala em milímetro (mm) ou em polegada (in), variando crescentemente de extremidade para extremidade. Exemplo: 18 x 19, 5/8 x 11/16", 3/4 x 25/32", etc. 5 - Chaves de Estria ou Chave Estrela: Usada para maiores esforços, já que tem mais pontos de contato com a peça a ser girada; possui escala em mm ou em in, variando do mesmo modo. Exemplo: 18 x 19, 5/8 x 11/16", 3/4 x 25/32", etc. 6 - Chave Mista ou Combinada: Em uma extremidade tem uma chave de boca e na outra chave estrela, escala semelhante às anteriores. Tem a mesma dimensão nos dois lados. Exemplo: boca de 15 mm e anel de estria com 15 mm, boca de 3/4" e anel de 3/4 de polegada. As escalas das chaves costumam ter as seguintes variações: ΔV = diferença das dimensões de uma chave (boca/anel) para outra. ΔV para escala em mm: normalmente varia de 1 em 1 mm. ΔV para escala em pol (in): normalmente varia de 1/16, 1/32 e 1/64 de poI. Lembrando que uma polegada equivale aproximadamente a 2,54 cm, temos: 5 I---.---.---.---.---.---.---.---.---.---.---.---.---.---.---.---I = pol. I---.---.---.---.---.---.---.---I---.---.---.---.---.---.---.---I = 1/2, 2/2 pol I---.---.---.---I---.---.---.---I---.---.---.---I---.---.---.---I = 1/4, 2/4, 3/4,4/4 pol. I---.---I---.---I---.---I---.---I---.---I---.---I---.---I---.---I = 1/8, 2/8, 3/8,4/8, 5/8, 6/8, 7/8, 8/8 pol. I---I---I---I---I---I---I---I---I---I---I---I---I---I---I---I---I = 1/16, 2/16, 3/16, 4/16, 5/16, 6/16, 7/16, 8/16, 9/16, 10/16, 11/16, 12/16, 13/16, 14/16, 15/16, 16/16 pol. Por exemplo: de (3/8)" a (1” 1/16)", existem quantas chaves, sendo o ΔV de (1/16)"? 3/8 = 6/16, então a primeira chave é 6/16, como o ΔV é de (1/16)", basta somar o ΔV com o tamanho da chave. Ex. 6/16 + 1/16 = 7/16"11/16 + 1/16 = 12/16 = 3/4" 7/16 + 1/16 = 8/16 simplificando = ½" 12/16 + 1/16 = 13/16" 8/16+ 1/16=9/16" 13/16 + 1/16 = 14/16 = 7/8" 9/16 + 1/16 = 10/16 simp. = 5/8" 14/16 + 1/16 = 15/16" 10/16 + 1/16 = 11/16" 15/16 + 1/16 = 16/16 = 1" Então temos 12 chaves de 6/16" a 1" e 1/16". 7 - Chave de Fenda: Especificada pelo comprimento e diâmetro da haste, que normalmente é circular. Acopla-se à cabeça do parafuso numa fenda diametral. 8 - Chave Philips: Especificada pelo comprimento e diâmetro da haste, que normalmente é circular. Acopla-se à cabeça do parafuso num orifício em fenda cruzada, semelhante a uma estrela. 9 - Chave de Grife: Possui vários nomes comuns a cada região ou de acordo com o uso; são eles: chave griff, chave de cano, chave inglesa ou chave francesa, chave atilson. 10 - Chave Allen: Sextavada (haste sextavada reta ou dobrada em "L") ou castilhada (haste estriada reta ou dobrada em "L"). Suas dimensões variam em função do comprimento de uma extremidade a outra e em função das dimensões do parafuso (orifício na extremidade). Escala em mm ou em poI. 11 - Chave Soquete ou chave cachimbo ou chave de castanha: Escala em mm ou em pol, normalmente vêm em um jogo com varias peças e com acessórios como: haste "T", extensões, manivela, junta universal e catraca. 12 - Outras ferramentas são: Extrator (rosca invertida para retirar parafusos quebrados); Punção; Tarracha; Morsa; Talhadeira; Macho; Chave de vela; Serra de metais; Flangeador Espátula; Saca-Polia; Bigorna; etc. 6 APARELHOS DE MEDIÇÕES A - Medidores de Comprimento (dimensões): 1 – Trena: Mede comprimentos (distâncias), normalmente de 1 m, 2 m, 3 m, 5 m, 10 m, 15 m, 20 m, 30 m e 50 metros; geralmente apresenta leitura em dois sistemas de unidades: - Pé ou Polegada = sistema inglês; - Centímetro ou Milímetro = sistema internacional. - 1 pé (ou foot) = 0,3048 m ou 30,48 cm - Precisão: 0,5 cm a 0,2 cm. 2 - Régua-de-Escala: Tem maior precisão que a trena e possui pequenos comprimentos (dimensões), muito usados em trabalhos de bancada. Normalmente são confeccionadas em material especial, de baixo coeficiente de dilatação (aço especial). - Leitura: em mm e pol (in) - Precisão: de 0,5 mm e (1/16) pol. 3 - Paquímetro: é utilizado para medir diâmetros e dimensões internas e/ou externas, além de profundidade. Normalmente são confeccionados em material especial, de baixo coeficiente de dilatação (aço especial). - Leitura: em mm e in - Precisão: geralmente de 0,05 a 0,1 mm e 1/64 a 1/128 de pol. 4 - Micrômetro ou Primer: utilizado para medir diâmetros e espessuras internas ou externas, conforme o modelo. Normalmente são confeccionados em material especial, de baixo coeficiente de dilatação (aço especial). Atinge maior precisão que o paquímetro. - Leitura normalmente no Sistema Internacional, mm. - Precisão: 0,01mm. 5 - Calibrador de Folga: são lâminas que possuem espessuras em centésimos ou milésimos de polegada ou ainda em décimo ou centésimo de milímetro. Normalmente são confeccionadas em material especial, de baixo coeficiente de dilatação (aço especial). Comumente chamados de canivete. B - Medidores de Velocidade: 1 - Contagiros: aparelho utilizado para medir o número de voltas de um eixo; associado a um cronômetro, dá o número de rotações ou voltas por um determinado tempo. 2 - Tacômetro: aparelho utilizado para medir o número de rotações por minuto (rpm) de um eixo; tem um relógio interno para o controle do tempo ou já faz a conversão direta em rpm. 3 - Outros: horímetro, velocímetro, etc. 7 C - Medidores de Força: 1 - Dinamômetro: aparelho utilizado para medir força, com leitura instantânea. Existem os dinamômetros de compressão (tipo balança), os de tração (de mola e outros), de torção (medição de força de rotação) e outros. Leitura: em Kgf, N, Dina, Lbf 2 - Dinamógrafo: tem a mesma função do anterior, só que faz o registro das medições feitas. 3 - Torquímetro: aparelho utilizado para medir o torque (força) exercido num esforço de torção, normalmente é associado a uma chave soquete. D - Outros Aparelhos: 1 - Manômetro: aparelho utilizado para medir pressão, ex. manômetro de compressão de motores, pressão de pneus ("calibradores de pneus'), manômetro de compressor, etc. Suas leituras, normalmente são feitas em Kgf/cm2, Pascal (Pa) no sistema internacional ou Lbf/pol2 e psi no sistema inglês. Sendo: 1 Pa = 1 N/m2, 1 Kgf/m2 = 9,80665 Pa; 1 Kgf/cm2 = 9,80665 KPa; 1 Lb/pol2 (psi) = 6895,302 Pa. 2 - Multiteste: aparelho utilizado para medições elétricas, que na realidade é a composição de diversos aparelhos, tais como: Voltímetro: medição de voltagem (em V); Amperímetro: medição de corrente elétrica (em A); Teste de centelha, etc. 3 - Termômetro: aparelho para medir temperatura, de diversos tipos. Normalmente existem os que possuem escalas ou indicação por faixa de temperatura (tratores). 4 - Cronômetro: aparelhos para medir tempo (em segundos), podem ser digitais ou mecânicos. TRABALHOS DE BANCADA Componentes Principais: 1 - Tomo Mecânico: máquina utilizada para fazer trabalhos em peças cilíndricas, com usinagem de superfícies cônicas, roscas (interna ou externa e direita ou esquerda), eixos, retificas, etc. 2 - Arco de Serra: ferramenta que se deve usar sempre toda a extensão da serra para que ocorra um desgaste uniforme da mesma, só efetua o corte em um sentido, para frente. Usado para corte de materiais metálicos ou não. 8 3 - Moto-Esmeril: máquina que normalmente possui dois discos abrasivos (com diferentes níveis de abrasividade, conforme o acabamento desejado), denominados também de "rebolos". Ex. rebolo com maior granulometria, para esmerilamento grosseiro, desbaste, etc; rebolo com granulometria fina, para afiamento de ferramentas de corte, brocas, etc. 4 - Morsa (também conhecida como torno): ferramenta utilizada para fixação de peças e materiais em bancada; existem para fixar objetos planos e circulares. 5 - Bigorna: peça utilizada como suporte para operações de martelamento de metais, modelagens, etc. 6 - Lima: ferramenta utilizada para operações de afiamento ou acabamento de trabalhos em peças metálicas ou não. 7 - Talhadeira: ferramenta utilizada para corte de metais, madeira, pedra, concreto, etc; conforme o tipo de tratamento que recebeu (revenido). Em trabalhos de bancada, nunca se deve ter pressa nesse tipo de operação; cuidados para não atingir quem estiver perto; utilizar-se de marreta para a operação. Podem ser feitas de vergalhão e em tamanho conveniente para o trabalho a ser realizado. 8 - Outros Equipamentos: - Policorte - Forja - Compasso - Furadeira de Coluna - Tesoura de Bancada - Esquadro - Corsinete ou fêmea ou tarraxa - Brocas - Furadeira manual - Macho - Escova de Aço - ETC. MÁQUINAS Peça – É um corpo rígido com dois ou mais pontos de articulação com outro corpo, com a finalidade de transmitir força ou movimento. Mecanismo – É uma combinação de peças, com movimentos relativo entre si, servindo paratransmissão de movimentos, forças ou potência. Máquina – É um mecanismo ou um conjunto de mecanismos, que transforma a ação de agentes naturais em trabalho mecânico. - Apoio em um ponto. ex. alavanca - Apoio em um eixo. Máquina simples ex. rolamento. - Apoio em um plano. ex. Plano inclinado. Máquina → ∑ máquinas simples 9 ÓRGÃOS DE MÁQUINAS Órgãos receptores – São aqueles que recebem diretamente a energia, na forma original, e a transferem aos órgãos transformadores, sob a forma de movimento (ex. Êmbolo, nos motores de combustão; rodas de palhetas, nos motores eólicos e nas turbinas.). Órgãos transformadores – são os órgãos que recebem a energia captada pelos órgãos receptores, na forma de movimento, e transformam-na em energia mecânica, geralmente caracterizada por um binário e movimento rotativo (ex. Mecanismo biela/virabrequim, nos motores de combustão). Órgãos Operadores – São aqueles que recebem a energia mecânica dos transformadores, colocando-a em ação, para realizar trabalho mecânico (ex. Tomada de potência e rodado, nos tratores). Órgãos Reguladores – São órgãos que se destinam a regularizar o funcionamento das máquinas motores, estabelecendo um equilíbrio entre o momento motor e o momento resistente, para cada condição de sobrecarga; são representados pelo volante e pelo regulador centrífugo. FONTES DE POTÊNCIA PARA ACIONAMENTO DE MÁQUINAS Estacionarias – Acionamento de máquinas fixas numa base determinada. Máquinas Móveis – Executam o trabalho se deslocando sobre a área 1 - Fontes de potência para máquinas estacionárias: 1.1 - Motores elétricos: rendimento (ŋ) ŋ = 80 a 95 % 1.2 - Motores de combustão interna ŋ = +/- 35% 1.3 - Motores de combustão externa ŋ = 5 a 13% e se considerar as perdas térmicas ŋ = 2 % 1.4 - Motores de energia solar ŋ = 12 a 15 % 1.5 - Motores eólicos ŋ = 40 % 1.6 - Motores a energia hidráulica ŋ = 20 a 90 % 10 2 – Fontes de potência para máquinas moveis. 2.1 Motores de combustão interna; 2.2 Motores de combustão externa; 2.3 Motores elétricos (bateria); 2.4 Motores a tração animal (homem, boi, cavalo, elefante, outros) Combustíveis para motores de combustão interna: ▪ Gás natural; ▪ Gasolina; ▪ Querosene; ▪ Diesel; ▪ Álcool – cana-de-açúcar, madeira, suco de laranja; ▪ Óleos vegetais – soja, amendoim, cutieira, girassol e outros. MOTOR DE EXPLOSÃO INTERNA Motor é um conjunto de peças interligadas que estando em funcionamento, transforma, ou converte "qualquer" forma de energia em trabalho mecânico. Ou ainda, motor é um artefato com o qual o homem da força e movimento a distintas máquinas e implementos de trabalho. Em 1860 o belga Etiene Lenoir constrói o primeiro motor de combustão interna. Em 1878 Nikolaus A. Otto construiu um motor de combustão interna de quatro tempos, sendo considerado o primeiro motor construído segundo os princípios que são usados até hoje, para motor a gasolina. O engenheiro Rudolf Diesel em 1893 descreveu um novo tipo de motor, cujo funcionamento diferencia do de Otto inclusive no combustível. CONSTITUIÇÃO DOS MOTORES: Partes Fixas Cabeçote (tampão) ÓRGÃOS PRINCIPAIS: Partes Móveis PARTES FIXAS: Bloco Bombas Cárter Mancais BOMBAS: Bomba de Óleo Pistões Bomba de Água Biela Anéis de Segmento PARTES MÓVEIS: Eixo do Virabrequim MANCAIS: De Escorregamento Válvulas De Rolamento Eixo do comando de válvula Volante * Pistão - Biela - Virabrequim = transforma o movimento linear alternativo do pistão em movimento rotativo contínuo no eixo do virabrequim. 11 Partes principais de um motor de combustão interna: 1 - Bloco: é o suporte para as demais partes constituintes do motor. Geralmente construído em ferro fundido ou aço. Existem os blocos de cilindros externos (arrefecido a ar) e os blocos de cilindros internos (arrefecido a água). Blocos de cilindros horizontais, blocos de cilindros verticais e blocos de cilindros inclinados. 2 - Cilindro: parte fixa (interno ou externo no bloco) no interior do qual se desloca o pistão ou êmbolo em seu movimento de vai vem, e onde se realiza a combustão da mistura (ar + combustível) e subsequente expansão dos gases. Podem possuir tubos removíveis (camisas). Suporta altas temperaturas e pressões e deve oferecer o mínimo de atrito ao movimento dos anéis de segmentos. 3 - Cabeçote: é o órgão que fecha o bloco e os cilindros na sua parte superior. É onde estão localizadas as válvulas, passagens de ar, água, óleo e velas (bico injetor, nos motores diesel), e em alguns câmaras de compressão. 4 - Cárter: é o órgão que fecha a parte inferior do motor (bloco), e onde fica armazenado o óleo lubrificante. 5 - Pistão: primeira parte do motor a se movimentar devido à expansão dos gases, confeccionado em alumínio, de volume cilíndrico, aberto em sua parte inferior onde ocorre a união deste com a biela, através do pino do pistão. Também conhecido como êmbolo. 6 - Anéis de Segmento: são anéis metálicos situados no interior das ranhuras ou canaletas existentes na parte superior do pistão. Funções: a) Efetuar a vedação da câmara do cilindro, retendo a compressão; b) Reduzir a área de contato direto entre as paredes do pistão e do cilindro; c) Controlar o fluxo de óleo lubrificante nas paredes do cilindro; d) Dissipar o calor do pistão pelas paredes do cilindro. 7 - Biela: peça que estabelece a conexão entre o pistão e a árvore de manivela (virabrequim). 8 - Árvore de Manivelas ou Eixo do Motor ou Virabrequim: parte móvel, confeccionada em aço de maneira a resistir a transferência do movimento desde o pistão. Liga-se o eixo as partes inferiores das bielas, que juntas com este, são encarregadas pela transformação do movimento linear em rotativo. 9 - Válvulas: são peças que servem para fechar ou abrir os orifícios por onde entram ou saem as misturas novas (ar + combustível) ou queimadas (gases). Por tanto, cada cilindro tem no mínimo, uma válvula de admissão e outra de escape. Só existem nos motores de quatro tempos. 10 - Eixo de Comando de Válvulas ou Árvore de comando de Válvula: é um eixo dotado de pontos excêntricos responsáveis pelo movimento de abertura das válvulas. 12 11 - Volante do Motor: é uma pesada peça circular de ferro fundido, colocado na extremidade do eixo do motor, preso por parafusos a um platô. Serve para dar uniformidade na velocidade do eixo do motor, especialmente em motores de poucos cilindros e para reduzir ao mínimo a vibraçãoque é causada pelos empuxos descontínuos dos pistões. 12 - Bomba de óleo: é responsável pelo bombeamento do óleo do cárter aos diversos pontos do motor, que necessitam de lubrificação. 13 - Bomba d'água: destina-se a efetuar a circulação de água pelo motor e radiador, para arrefecimento do motor. 14 - Bronzinas ou casquilhos, buchas e arruelas de encosto: são peças que visam elevar a eficiência dos motores e prolongar a vida útil dos elementos móveis de maior responsabilidade e custo, como o virabrequim, a biela e o eixo de comando de válvulas. 15 - Mancais: por sua vez, têm a função de apoiar os eixos, deixando-os girar, transmitindo potência, e mantendo-os alinhados. 13 Órgãos Complementares: - Sistema de válvula; - Sistema de lubrificação; - Sistema de alimentação; - Sistema de arrefecimento. - Sistema de partida/ignição; Motores de Ciclo Otto São motores cujo funcionamento é dado pela queima de combustíveis de baixo ponto de evaporação como: gasolina, gases liquefeitos de petróleo, álcool, metano, etc. A queima da mescla (combustível + ar) no interior do cilindro é iniciada por uma centelha elétrica (faísca), que salta entre os polos de uma vela colocada na parte central externa da câmara de combustão. Nestes motores a temperatura na câmara de combustão varia de 200°C a 270°C, enquanto a pressão atinge de 200 a 500 lb/pol2 (140,6 a 351,5 kg/cm2), Motores de Ciclo Diesel São motores cujo funcionamento é dado pela queima de óleo diesel, óleos vegetais e até um percentual de gás mais diesel. A queima da mescla (combustível + ar) é meio que "espontânea", devido à injeção do combustível no interior da câmara de combustão, ser sob alta pressão e alta temperatura. Essa característica faz com que os motores desse tipo trabalhem sempre com altos índices de pressão e temperatura. Na câmara de combustão apresenta uma temperatura de 450°C até 800°C e pressão de 500 a 1000 Ib/pol2 (351,5 a 703 kg/cm2). Os motores Diesel têm vantagens consideráveis: 1 - Sua altíssima compressão proporciona um maior aproveitamento da potência calorífica do combustível; 2 - Por ser mais denso, o óleo diesel é mais calorífico "por litro" que a gasolina, rendendo 40% a mais; 3 - O preço do óleo Diesel é mais barato, em comparação com a gasolina. Combustível Poder calorífico (Kcal/kg) Relação Ar : Combustível Taxa de compressão Álcool etílico 6390 9 : 1 . 12 : 1 . Gasolina 11260 15 : 1 . 8 : 1 . Óleo Diesel 10260 superalimentado 16 : 1 . 14 Tempos e Ciclos dos Motores Para noções de ciclo e tempo, temos que, o conjunto de transformações porque passa a mistura ar + combustível no interior do cilindro e que se repete periodicamente, é chamado de ciclo de trabalho. A duração deste ciclo é determinada pelo número de "tempos", isto é, de movimentos alternativos (vai-e-vem) do pistão necessário para completar o conjunto de transformações. Nos motores de quatro tempos para cada explosão ocorre quatro movimentos do pistão, correspondendo a duas voltas completas do eixo do motor. Nos modelos de dois tempos, ocorrem dois movimentos do pistão para cada explosão, correspondendo a uma volta completa do eixo do motor. Fases dos Motores de Quatro Tempos 1 ° Tempo - Admissão - Período no qual começa o ciclo de trabalho. Inicia com o pistão na parte superior do cilindro (Ponto morto superior - PMS), No primeiro movimento do pistão a válvula de admissão se abre e a mescla de combustível + ar proveniente do carburador (nos motores de ciclo Otto) ou o ar proveniente do filtro de ar (nos motores de ciclo Diesel) se introduz no cilindro, devido ao vácuo que o pistão cria ao mover-se para baixo dentro do cilindro. 2° Tempo - Compressão - É quando o pistão inicia pela segunda vez seu movimento, agora para cima (Ponto morto inferior - PMI - PMS), a válvula de admissão fecha-se, e a mescla será comprimida dentro da câmara de combustão. 3° Tempo - Expansão - É quando o pistão alcançou o ponto morto superior, e a mescla incendeia-se através de uma faísca que salta dos elementos da vela na cabeça do cilindro (nos motores de ciclo Otto) ou incendeia-se por causa da alta temperatura e alta pressão (nos motores de ciclo Diesel). A mescla queima-se produzindo calor, fazendo com que os gases produzidos expandam-se pressionando o pistão para baixo. 4° Tempo - Escape - Encerra o ciclo de trabalho, a válvula de escape abre-se enquanto o pistão eleva-se novamente, expulsando os gases queimados para fora do cilindro até chegar ao PMS, onde está pronto para reiniciar o ciclo novamente. Conceitos Importantes - Ciclo - conjunto de transformações termodinâmicas que ocorre durante as fases; - Fases - admissão, compressão, expansão (ou explosão ou trabalho) e descarga; Tempo - giro de 180° no virabrequim ou ida do ponto morto superior (PMS) ao ponto morto inferior (PMI) ou o inverso; - Câmara de Combustão (CC) - espaço para queima do combustível; - Cilindrada - volume deslocado pelo pistão; 15 - Cilindrada Total - cilindrada vezes o número de cilindros do motor. - Taxa de Compressão (r) - r = (CC + cilindrada) / CC; - Eficiência Volumétrica (ŋV) - ŋV = volume admitido / cilindrada (motor de ciclo Otto = 0,75 (75%) e motores de ciclo Diesel = 0,85 (85%)) - Curso do pistão (L) - É à distância que o pistão percorre entre seu ponto morto superior (PMS) e o ponto morto inferior (PMI). - Potência - É dada pela seguinte expressão: P = (força x deslocamento) / tempo e é expressa nas seguintes unidades: - Horse Power (HP) - é a força necessária para elevar um peso de 33 mil libras a um pé de altura em 1 minuto (1 libra = 0,45359 km e 1 pé = 30,48 cm). - Cavalo Vapor (CV) - é a força necessária para elevar um peso de 75 kg a um metro de altura em 1 segundo (75 kg.m / s). SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO DE MOTORES Como o próprio nome indica, é um conjunto de mecanismos que tem por função, armazenar e fornecer ao motor um combustível limpo e em proporção correta, dentro de um amplo campo de alternativas de cargas e velocidades de trabalho. Estando ajustado corretamente dá a máquina à oportunidade máxima de converter a energia química do combustível em energia mecânica. O sistema de alimentação para os motores de ignição por centelha (vela, ciclo OTTO) difere dos sistemas de combustão Diesel (motores de ignição por compressão). O mecanismo mais importante no primeiro sistema é o carburador e no segundo é a bomba injetora de combustível. A constituição do sistema é: - Tanque de combustível; - Carburador ou Bomba Injetora; - Tubulações; - Filtro de ar; - Filtros e/ou copo de sedimentação; - Bico injetor. - Bomba de transferência (bomba alimentadora); FUNÇÕES DAS PARTES CONSTITUINTES DO SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO Tanque: reservatório de combustível que vai propiciar autonomia de funcionamento do motor, principalmente em motores veiculares. Copo Sedimentador: tem a função de executar uma pré-limpeza no combustível (retém as impurezas maiores e/ou água). Normalmente é composto de um recipiente de vidro para facilitar a visualização utilizada em motores do ciclo diesel. Bomba Alimentadora: tem a função de succionar o combustível do tanque e fornecer em quantidade adequada para o restante do sistema de alimentação. 16 Filtros de Combustível: pode ser filtragem simples (apenas com um filtro) ou dupla (com dois filtros, comfiltragem em série), os filtros normalmente são de papel (com estojo próprio) ou de feltro (onde é montado em um suporte); responsável pela retenção das impurezas contidas no combustível. Carburador: tem como função básica misturar o ar com o combustível (mistura e dosagem), carburação simples ou dupla (ciclo Otto). Bomba Injetora: envia óleo para os bicos injetores sob alta pressão, e na ordem certas, sequencialmente, de acordo com a ordem de combustão, o excedente de combustível retoma para os filtros. Bicos Injetores: são responsáveis pela injeção de combustível dentro da câmara de combustão, sob-regime de pressão. Filtro de Ar: a seco ou a banho de óleo, tem a função de reter as impurezas físicas (partículas), presentes no ar ambiente que será admitido pelo motor. SISTEMA DE ARREFECIMENTO A queima da mescla combustível/ar na câmara de combustão sujeita as partes mais próximas do motor, cilindros, pistões e válvulas a altas temperaturas. A menos que o calor se dissipe por um sistema de refrigeração, pode resultar em danos ao motor, visto que um superaquecimento das partes moveis, pode chegar a fundi-Ios e os pistões podem expandir- se (inchar-se) ou até a garrotar-se (prender-se) dentro do cilindro. O sistema de refrigeração não reduz unicamente a temperatura, e sim a controla, pois um resfriamento excessivo não é aconselhável. Isto quer dizer que a temperatura de funcionamento de um motor deve permanecer controlada dentro de certos limites para produzir os melhores resultados. Estes limites variam segundo os diferentes tipos de motores. Os motores podem ser refrigerados mediante ar e/ou água, sendo os últimos os mais populares. - Motor refrigerado por ar: É aquele em que o calor se conduz diretamente desde as partes de trabalho até uma corrente de ar. Nos motores de motocicletas a simples passagem do ar é suficiente para manter o motor "frio", porém com os motores de tratores e os motores fixos (estacionários) refrigerados a ar, deve-se utilizar um ventilador alojado convenientemente para que dirija a corrente de ar frio de forma a controlar a temperatura. - Motor refrigerado por água: É aquele em que a água é utilizada para conduzir o calor desde as partes de trabalho até o radiador e deste ao ar. Embora o ar seja utilizado para eliminar o calor do radiador, a água é o principal portador do calor no motor. Existem duas classes de sistema de refrigeração por água: - Por convecção - baseia-se no princípio da diferença de peso especifico entre a água fria e a quente. Sendo a água quente menos densa que a fria, desloca-se dando lugar a esta (água fria). 17 - Por pressão - este sistema opera sobre o princípio de que o ponto de ebulição de um líquido varia de acordo com a pressão que se exerce sobre ele. Quanto maior é a pressão, mais alto é o ponto de ebulição. Este sistema incorpora uma bomba de água, a qual será responsável pela circulação da água. Ao esquentar a máquina, a água se expande ocasionando um aumento de pressão. Assim a água pode elevar-se acima dos 100°C sem ferver, o que toma mais eficiente à transferência de calor ao ar frio, devido a maior diferença de temperatura. SISTEMA ELÉTRICO DE MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA A) Motor de Ciclo Diesel: Nestes motores o sistema elétrico tem função complementar, não sendo primordial a sua função, com o motor conseguindo funcionar sem problemas com a sua ausência. A sua função básica é a de dar início ao funcionamento do motor, através do motor de arranque ou motor de partida (que é um motor elétrico de corrente continua, acionado pela bateria). O sistema elétrico desses motores é constituído de: Bateria de acumuladores, Gerador (Alternador - corrente alternada ou Dínamo - corrente contínua) com o controlador de voltagem, motor de arranque, iluminação e/ou instrumental. O gerador tem a função de recarregar o sistema, armazenando a energia gerada nas baterias de acumuladores; alguns motores e máquinas mais modernas já trazem alguns sistemas de automação, que necessita da presença do sistema elétrico em motores de Ciclo Diesel (embreagem magnética, acionamento de tração auxiliar no trator Ford, etc.). B) Motor de Ciclo Otto: Nestes motores existem basicamente todos os componentes do sistema elétrico dos motores de Ciclo Diesel, mais a presença do Sistema Elétrico de Ignição por Centelha comum aos motores de Ciclo Otto. Esse Sistema de Ignição (Ciclo Otto) tem a função de provocar a emissão da centelha elétrica que determina o início do processo de combustão. Componentes Básicos do Sistema Elétrico de Ignição por Centelha: bobina, platinado, condensador, mesa de distribuição, mecanismo de avanço (a vácuo e centrífugo), rotor, tampa do rotor de distribuição, cabos e velas de ignição. 1- Platinado: função de interruptor. 2 - Condensador: capacitor, armazenador de carga e "amortecedor" dos picos de corrente e tensão. 3 - Mecanismo de Avanço: correção da posição de ocorrência da centelha, conforme a rotação de motor. O avanço a vácuo funciona com o motor em baixas rotações e o centrifugo quando o motor desenvolve as maiores rotações. 4 - Bobina: propicia a elevação de tensão do sistema elétrico de ignição por centelha (para formação da centelha) normalmente de 12 v para 6.000 v. 5 - Rotor: distribuição das correntes/tensões geradas, para cada uma das velas de ignição, sequencialmente. 18 6 - Tampa de distribuição: interligação rotor/velas e proteção (estojo) da mesa de distribuição. 7 - Velas de distribuição: elemento responsável pela emissão da centelha dentro da câmara de combustão, conforme a sequência. OBS. Ponto de Ignição do Motor ("ponto do motor"): A centelha deve ser liberada um pouco antes do PMS, para propiciar uma combustão (que não é instantânea) completa da mistura, de tal forma que quando o pistão estiver no PMS, haverá um máximo de energia. OBS. Quando o motor estiver funcionando em alta rotação, há um mecanismo para correção automática da ocorrência da centelha (avança ainda mais); esse mecanismo é o avanço automático de ignição que é acionado por dois componentes básicos: o avanço centrífugo e o a vácuo. LUBRIFICAÇÃO E LUBRIFICANTES Atrito: * força contrária ao movimento * maior na partida que durante o movimento O atrito varia com: * natureza e estado das superfícies de contato; * carga aplicada; * velocidade; * temperatura. Maneiras de reduzir o atrito: * usar material apropriado; * escolher atrito de rolamento em vez de deslizamento; * polir ao máximo as superfícies em contato; * usar lubrificantes. Lubrificação – é a interposição, entre peças que trabalham em contato, de uma substância com finalidade de reduzir o atrito. Finalidade: * Reduzir atrito; * Eliminar impurezas; * Diminuir ruído; * Garantir a vida útil; * Eliminar calor; * Reduzir custo do trabalho. TEORIAS DA LUBRIFICAÇÃO 1) Hidrodinâmica: comporta-se como uma película entre as superfícies; 2) Molecular: comportam-se como pequenas esferas; 3) Dielétrica: funciona fazendo força de repulsão entre as partes; 4) Hidrostática: o lubrificante entra sobre pressão entre as partes. 19 LUBRIFICANTES Lubrificantes: são as substâncias que fazem a lubrificação. I) Função dos lubrificantes: As principais funções dos lubrificantes, nas suas diversas aplicações, são as seguintes: 1) Controle do atrito -transformando o atrito sólido em atrito fluido, reduzindo assim a perda energia; 2) Controle do desgaste - reduzindo ao mínimo o contatoentre as superfícies, origem do desgaste; 3) Controle da temperatura - absorvendo o calor gerado pelo contato de superfícies; 4) Controle da corrosão - evitando que a ação de ácidos destrua os metais; 5) Transmissão de força - funcionando como meio hidráulico, transmitindo força com um mínimo de perda (sistemas hidráulicos, por exemplo); 6) Amortecedor de choques - transferindo energia mecânica para energia fluida (como nos amortecedores dos automóveis) e amortecendo o choque entre os dentes das engrenagens; 7) Remoção de contaminantes - evitando formação de borras, lacas e vernizes; 8) Vedação - impedindo a saída de lubrificantes e a entrada de partículas estranhas (função graxas) e a entrada de outros fluidos ou gases (função dos óleos nos cilindros de motores compressores). II) Classificação: - Quanto à origem: - Orgânica (óleos graxos): Vegetal (mamona, palma, oliva, etc.); Animal (sebo, mocotó, gordura ou óleo de baleia, banha de porco, etc.); - Mineral (petróleo); - Sintético (polímeros da industria petroquímica). - Quanto ao estado físico: - Sólido (talco, grafite e outros); - Pastoso (graxas); - Líquido (óleo); - Gasoso (freon, nitrogênio, ar). 20 III) Características desejáveis nos lubrificantes: - Gerais: - Habilidade em reduzir atrito; - Durabilidade. - Físicas: - Densidade; - Temperatura de vaporização; - Fluidez; - Viscosidade; - Cor, odor. - Químicas: - Acidez: - Oxidação. - Outras: - Consistência suficiente; - Elevado ponto de ebulição; - Baixo coeficiente de atrito; - Pureza. - Resistência à alteração química; Existem cinco características de um óleo lubrificante que merecem destaque: a viscosidade, o índice de viscosidade, o ponto de fluidez, a capacidade de extrema pressão e a compatibilidade com os materiais usados nos equipamentos. Viscosidade - Essa é a característica mais importante. É a propriedade que um lubrificante tem de penetrar entre duas peças em movimento e ficar lá, impedindo o atrito. Tem a ver com o escoamento do óleo. Lubrificante é como mel, grosso, difícil de escorrer. Um óleo fluido – pouco viscoso - é como água, fino, fácil de escorrer. A viscosidade varia com a temperatura, quanto mais quente menos viscoso é o óleo. Índice de Viscosidade (IV) - É a variação da viscosidade em relação com a temperatura. Fundamental para a escolha de lubrificante. Quanto maior o IV, menor será a variação de viscosidade do óleo lubrificante, quando submetido a diferentes valores de temperatura, o índice de viscosidade mostra também a temperatura ideal de serviço e a que o óleo começa a evaporar. Lubrificantes para motores, por exemplo, não deve evaporar em serviço, se isto acontecer, pode haver incêndio durante a queima de combustível. Para que isto não ocorra, o ponto de evaporação de um óleo tem que ser superior às temperaturas de trabalho. Ponto de Fluidez - Indica qual a menor temperatura em que um óleo ainda consegue fluir, chegando aos locais que necessitam de lubrificação quando o motor arranca. Densidade - Indica o peso de certo volume de óleo quando submetido a uma determinada temperatura. Essa medida permite saber quando um lubrificante está contaminado. Possibilita também verificar se o óleo está em processo de oxidação / reação com o oxigênio presente no ar, modificando a constituição do óleo. Capacidade de Extrema Pressão - É a capacidade do lubrificante de proteger adequadamente partes metálicas quando submetido a elevadas cargas, formando uma película resistente. 21 CLASSIFICAÇÃO DOS ÓLEOS LUBRIFICANTES Classificações: - SAE = usa como parâmetro a viscosidade do lubrificante; - API = usa como parâmetro característica do motor e condições de uso; - ASTM = usada nos EUA para regulamentar a classificação dos lubrificantes. Antes fazer a troca de óleo, devemos consultar a tabela de lubrificantes do manual de instruções da máquina. Lá consta o óleo de motor recomendado, indicado por uma série de letras e números - como SAE 30, API-CD, o que significam? Tem relação com os três itens fundamentais para definir o lubrificante mais adequado - temperatura ambiente, tipo de serviço e tipo de motor. E são conhecidos em todo o mundo. 1) O código (classificação) SAE e a temperatura: SAE é a abreviatura de Society of Automotive Engineer (Sociedade dos Engenheiros Automotivos). Essa sociedade norte-americana criou no início do século XX uma classificação da viscosidade do óleo - que varia conforme a temperatura - dividindo os óleos de motor em dois grandes grupos. O primeiro são os óleos de "inverno", que podem ser classificados em um dos seis graus a seguir: SAE OW, 5W, 10W, 15W, 20W, 25W. A letra w, de winter (inverno em inglês), indicam os óleos desse grupo. O outro grupo é constituído por óleo de "verão", que podem ser classificados em: SAE 20, 30, 40, 50 e 60. OBS: Nos dois casos, quanto maior o grau (número), mais viçoso é o óleo; Existem óleos que tem as duas características ao mesmo tempo. São os multiviscosos (inverno e verão): SAE 20W-40, 20W-50, 15W-50 2) O código (classificação) API e a característica do motor e condição de trabalho. As normas do american petrolemn institute (instituto americano de petróleo) sugeridas em 1943. Foram criadas para aferir a detergência (poder de limpar o motor) e a dispersância (capacidade de manter a sujeira em suspensão até a próxima troca). É subdivida em duas grandes categorias. Uma começa com letra S e vale para motores do ciclo OTTO e a outra começa com letra C e vale para motores do ciclo DIESEL. Uma segunda letra, após o S ou o C, obedecendo à ordem alfabética, indica uma melhor qualidade do óleo (mais aditivos na sua formulação). ' Ex.: API SA, API SB,..., API SJ, API SM. (S = spark centelha) Ex.: API CA, API CB, API CC, API CD. (C = compressão) 3) O código (classificação) ASTM: As da American Society for Testing of Materials (Associação Americana para Prova de Materiais) Define os métodos de ensaios e limites de desempenho do lubrificante. Nos EUA, a SAE, API e ASTM constituem o grupo trino responsável por especificações aceitas pelas indústrias. Solicitações para novas classificações ou revisões das já existentes são enviadas pelo Comitê Técnico de Lubrificantes e Combustíveis do SAE, que estabelece um grupo-tarefa para estudar a proposta. Se o grupo-tarefa concorda que uma nova categoria seja necessária, faz-se uma solicitação oficial a ASTM para desenvolver ou selecionar as técnicas de ensaio necessárias. A tarefa do API é a de desenvolver a linguagem usada para comunicar ao usuário a nova categoria. 22 Classificação dos óleos usados em transmissão: Caixa de marcha, diferencial e redução final. a) Classificação quanto a viscosidade (SAE): Inverno = 3 grupos - 75w, 80w, 85w. Verão = 3 grupos - 90, 140,250. b) API = 6 grupos - GL 1, GL2, GL3, GL4, GL5, GL6. G = Gear (engrenagem) * mais usados em máquinas agrícolas - GL4, GL5 e GL6 = Condições muito severas de trabalho. OBS: Quanto melhor (mais moderno) for o lubrificante, maior a quantidade de aditivos. Aditivos - são substâncias químicas, adicionadas aos óleos lubrificantes com o intuito de aumentar o rendimento da máquina e aumentar a vida útil do óleo. Como por exemplo: Detergente / dispersante, melhorador de índice de viscosidade, abaixador do ponto de fluidez, antioxidante, antiespumante, antiferruginoso, aumentador de resistência a pressão elevada e muitos outros. OBS. - Evite a mistura de óleos de marcas diferentes, pois os aditivos podem ser diferentes nas suas composições químicas e ocorrer reações indesejadasdentro do motor, como a perda do poder lubrificante do óleo. GRAXAS LUBRIFICANTES Certos pontos das máquinas e dos implementos agrícolas, não podem ser lubrificados por óleos. Mancais de arados, grades, enxada rotativa, juntas universais do trator, estrias de acoplamento do cardam e cubos de rodas necessitam de um lubrificante que não escorra fácil. Nestes casos entra a graxa, resultado da mistura de um óleo lubrificante com sabões metálicos (3 a 40% em massa). Essas misturas podem ser enriquecidas com aditivos, Na escolha da graxa o usuário deve se preocupar com três propriedades: ponto de gota, consistência e bombeabilidade. Ponto de Gota - praticamente toda graxa amolece ao ser tocada, amassada, depois volta ao normal, Ao ser aquecida acontece o mesmo, Só que existe uma temperatura em que o óleo se separa do sabão e escorre, O ponto de gota indica exatamente este ponto e depende do tipo de sabão metálico que entrou em sua composição e da forma que foi fabricada. Consistência - indica se a graxa é mais ou menos fácil de ser penetrada, As graxas são classificadas pelo grau de consistência, O critério estabelecido pelo NLGI (National Lubricanting Grease Institute), dos EUA - quadro xx - é reconhecido em todo o mundo. As graxas moles têm grau 000 e as graxas duras grau 6, estando as outras dentro deste intervalo, A consistência varia com a temperatura e nada tem a ver com o ponto de gota, Graxas moles podem ter alto ou baixo ponto de gota. Bombeabilidade - indica a resistência de uma graxa ao escoamento. Depende da consistência e textura, Graxas duras são mais fibrosas e exige mais força de quem vai fazer a aplicação. Para escolher bem uma graxa, é necessário, primeiro, conhecer a temperatura real das peças a serem lubrificadas e a temperatura de pico no caso de rolamentos e mancais. Na agricultura as graxas mais recomendadas pelos fabricantes de máquinas e implementos, enquadram-se nas classes 2 e 3 da NGLI e devem suportar, não por muito tempo, 23 temperaturas da ordem de 150 graus centígrados, A boa graxa não deve se misturar com a água, resistir à carga, proteger contra corrosão e ferrugem, ter boa capacidade de vedação, boa aderência e validade por longo período. Se o serviço é de lubrificação geral, convém usar graxa a base de lítio e com grau NGLI 2. Facilmente bombeável, oferece elevado ponto de gota e pode ser usada em temperaturas que vão de20 graus negativos a 140 graus centígrados, Para cubos de rodas, é melhor optar por graxas à base de lítio mais duras (NGLI 3) em temperatura normal, mas bem resistente ao aquecimento e à altas cargas, Para lubrificação de engrenagens aparentes e cabos deve-se usar graxas à base de cálcio e compostos betuminosos, extremamente resistentes a lavagem e muito aderente. Obs.: cada sabão dá uma característica à graxa. Tipos de sabão mais comuns: - Cálcio; - Sódio; - Complexo de Cálcio; - Lítio. Classificação: NGLI - 000, 00, O, 1 = mais fluidas ou finas (pequenas engrenagens); NGLI - 2, 3 = mancais de rolamento; NGLI - 4, 5, 6 = implementos agrícolas e outros. Quadro Comparativo Sabão Resistência P = pobre A Temperatura A Água Ao Trabalho R = regular Sódio MB P B B = bom Cálcio R a B O R a B MB = Muito Bom Complexo de Cálcio MB MB MB O = Ótimo Lítio MB MB O TIPOS DE SISTEMAS DE LUBRIFICAÇÃO Todo sistema de lubrificação consiste na maneira pela qual faz-se chegar o lubrificante aos pontos de atrito existentes no equipamento. Cada maquinário tem seu próprio sistema. De acordo com a forma de distribuição do óleo pelas diferentes partes do motor a serem lubrificadas, distinguem-se os seguintes tipos de sistemas de lubrificação. - Mistura com combustível - Por gravidade; - Por pressão. Funções básicas de um sistema de lubrificação: Os sistemas de lubrificação empregados nos motores desempenham quatro funções básicas, a saber: a) Permitir que o óleo lubrificante forme uma película na interface de contato entre superfícies móveis, reduzindo o atrito; b) Promover uma circulação constante do óleo nas partes que exigem lubrificação, a fim de contribuir para manter dentro de determinados limites a temperatura da mesma, quando ação do sistema de arrefecimento não se faz sentir eficiente; c) Fazer com que o óleo lubrificante promova a limpeza dos pontos de lubrificação removendo resíduos de combustão, partículas metálicas, gomas, etc.; 24 d) Permitir que o óleo lubrificante forme uma fina película de vedação entre a parede do cilindro e os anéis de vedação. LUBRIFICADORES: Os lubrificadores são dispositivos usados para aplicação do lubrificante. - Com perda total do lubrificante; - Com reaproveitamento do lubrificante. 1) Para óleo lubrificante. a) Almotolia; f) Capilaridade ou por mecha; b) Copo com vareta; g) Salpico (borrifo); c) Copo com conta-gotas; h) Imersão (banho de óleo); d) Circulação; i) Sistema forçado (bomba). e) Anel lubrificante ou corrente; 2) Para graxas lubrificantes. a) Bombas (pinos); b) Copo Staufer; c) Pincel ou espátula; d) Compartimento (espaço entre as esferas e roletes de rolamentos). Comboio de abastecimento e lubrificação Justificativas: Quando o número de tratores em operação diária ultrapasse a 8; Quando a distância da sede aos locais de trabalho estiver acima de 3 Km. Equipamentos: Tanque de combustível e óleo lubrificante com circuito pressurizado; Tambor de graxa com bomba; Compressor de ar; Materiais diversos. TRATORES AGRÍCOLAS I - DEFINIÇÃO: Máquina autopropelida apoiada sobre rodas ou esteiras capaz de tracionar, transportar e fornecer potência mecânica para acionar outras máquinas. II - FORMAS DE UTILIZAÇÃO: 1 - tracionar máquinas e implementos de arrasto pela barra de tração. Ex: arado, grade. 25 2 - acionar máquinas pela TDP (tomada de potência). Ex: pulverizadores, bombas hidráulicas. 3 - tracionar pela barra de tração e acionar pela TDP. Ex: pulverizadores, enxada rotativa. 4 - tracionar pelo SLH (sistema de levante hidráulico) de 3 pontos. 5 - tracionar pelo SLH e acionar pela TDP. 6 - transportar pelo SLH. III - CONSTITUIÇÃO DOS TRATORES: Os tratores são constituídos basicamente por: 1 - motor; 4 - diferencial; 7 - tomada de potência; 2 - embreagem; 5 - redução final; 8 - sistema hidráulico. 3 - caixa de mudanças de marcha; 6 – rodados; 1 – Motor: Órgão responsável pela transformação da energia potencial do combustível em energia mecânica, na forma de potência disponível no volante do eixo de manivelas. 2 – Embreagem: Órgão responsável pela transmissão de movimento do motor para a caixa de mudanças de marcha. É comandada por pedal ou alavanca acionada pelo tratorista. 3 - Caixa de mudança de marcha: Órgão que possibilita a transformação do torque e velocidade angular no motor, no torque e velocidade requeridas para cada tipo de serviço. É constituída por jogos de engrenagens com diferentes relações de transmissão, a serem selecionadas de acordo com a necessidade de torque ou velocidades. 4 - Diferencial, coroa e pinhão: Órgãos responsáveis pela transmissão do movimento da caixa de mudanças a cada roda motriz, envolvendo uma redução proporcional de velocidade e uma mudança na direção do movimento de um ângulo de 90 graus. O diferencial esta entre as reduções finais, possibilitando, a um mesmo tempo, diferentes velocidades angulares às rodas motoras nas curvas. 5 - Redução final: Responsável pela transmissão do movimento do diferencial às rodas motrizes, possibilitando a redução da velocidade angular e o aumento do torque. 6 - Rodados:Órgãos responsáveis pela sustentação, deslocamento e direcionamento do trator, bem como pela transformação da potência do motor em potência na barra de tração. Os rodados podem ser constituídos por, pneumáticos ou esteiras. 7 - Tomada de potência (TDP): Órgão transmissor do movimento da caixa de cambio ou do diferencial, usando um eixo cuja extremidade é disposta externamente, na parte posterior do trator, acima da barra de tração. A TDP pode ser agrupada em dois grupos: - TDP com rotação constante; - TDP com rotação proporcional ao avance. 26 a - TDP de rotação constante: Existem diferentes formas de acionamento da TDP. Os sistemas mais comuns entre os fabricantes nacionais são: - embreagem simples; - embreagem dupla; - embreagem dupla, com acionamento independente. b - TDP com rotação proporcional ao avance Neste caso, a TDP possui a velocidade angular proporcional à rotação da roda motriz do trator. 8 - Sistema hidráulico: Conjunto de órgãos receptores, transformadores e transmissores da potência do motor, através de um fluido sob pressão, a órgãos operadores representados, principalmente, por cilindros hidráulicos. IV - CLASSIFICAÇÃO DOS TRATORES: Os tratores são classificados de acordo com: 1 - tipo de rodado; 3 - tipo de tração; 2 - potência; 4 - operação e serviço. 1 - Quanto ao tipo de rodado: 1.1 - tratores de rodas: - duas rodas (rabiça); - quatro rodas; - rodado duplo. - três rodas (triciclo); - seis rodas; 1.2 - tratores de esteira 1.3 - tratores de semi-esteira 27 1.1- Tratores de roda Características: - Possuem rodas pneumáticas como meio de propulsão; - São de uso intenso na agricultura; - Mais barato; - Mais velozes; - Exigem menos manutenção; - Utilizados praticamente em todas as fazes de uma cultura. Vantagens dos pneumáticos: - Ampla superfície de apoio; - Boa adaptação às irregularidades do terreno; - Boa absorção das vibrações; - Boa aderência aos solos. 28 1.1.1- Tratores de duas rodas (Rabiça) Características: - Possuem duas rodas motrizes; - Par de rabiças para comando e direcionamento; - Potência - varia de 3 a 14cv; - Recomendados para áreas planas de até 5ha; - Próprio para trabalhos em solos descompactados e sem pedras. Desvantagem dos tratores de duas rodas: - Centro de gravidade alto; * pouca estabilidade; * necessidade de uso de rodado duplo em solos declivosos. - Péssima maneabilidade; - Exige muito esforço do operador; - Não trabalha bem em solos pedregosos ou arenosos; - Alto custo por unidade de potência. 1.1.2 - Tratores triciclos Características: - Denominados de tratores de cultivo em linha; - Sustentação em três pontos (rodados), duas rodas motrizes; - Direcionamento feito pela rotação da coluna de sustentação da roda dianteira; - Grande vão livre; - Grande variação da bitola; - Fáceis de manobrar; - Boa visibilidade - facilita cultivo; - Não fabricados no Brasil; - Baixa potência. 29 1.1.3 - Tratores de quatro rodas Características: - Sustentação em quatro rodas, com direcionamento pelas rodas dianteiras; - Usados em trabalhos que requerem força de tração e nos serviços de transporte; - Boa estabilidade - permite trabalhar em declividade máxima de 10%; - Baixo custo por unidade de potência; - Boa maneabilidade; - Pequeno vão livre - inadequado para o cultivo (Máximo de 45cm.). 1.1.4 - Tratores de seis rodas - Tratores pouco utilizados no Brasil; - Maior numero de rodas aumenta o desempenho (força de tração); - Diminui o problema de compactação do solo (aumenta a área de contato); - Tratores de grande porte. 30 1.1.5 – Tratores de rodado duplo - Tratores utilizados em grandes áreas agrícolas e planas.; - Maior numero de rodas aumenta o desempenho (força de tração); - Diminui o problema de compactação do solo (aumenta a área de contato); - Tratores de grande porte. 1.2 - Tratores de esteira Características: - Rodados; * duas rodas motrizes denteadas; * duas rodas movidas; * duas esteiras formadas por sapatas providas de pino como elementos de articulação; * estruturas de apoio; * conjunto de roletes; - Direcionamento usando diferentes velocidades nas esteiras. Possui uma embreagem para cada redutor final; - Recomendados nas operações que requerem grande potência de tração como, desmatamento e movimentação de terras; - Mais lentos; - Pouca versatilidade ( bitola não ajustável); - Pequeno vão livre; - Manutenção dispendiosa - sistema de rodagem. Vantagens sobre trator de rodas: - estabilidade – pode trabalhar em etá 15% inclinação; - compactação do solo; * Pneu - profundidade 40 cm; * Esteira - profundidade 25 cm. - menor patinagem dos rodados; - melhor aproveitamento da potência na tração. 31 1.3 - Tratores semi-esteira Características: - Tratores de quatro rodas, adaptados com esteira nas rodas motrizes, com auxilio de 3ª roda para regulagem da tensão e suporte da esteira; - A adaptação da esteira – finalidades: * para propiciar maior superfície de contacto com o solo; * aumentar aproveitamento da potência; * diminuir compactação do solo; * aumentar estabilidade. 2 - Classificação de acordo com a potência: - tratores leves - motor de até 49 cv; - tratores médios - motor de 50 a 99 cv; - tratores pesados - motor de 100 a 199 cv; - tratores super-pesados - motor acima de 200cv. 3 - Classificação quanto ao tipo de tração: - tratores de duas rodas - 2 X 2; - tratores de três rodas - 3 X 2; - tratores de quatro rodas; * tração em duas rodas - 4 X 2; * tração em duas rodas com TDA - 4 X 2 TDA (tração dianteira auxiliar); * tração em quatro rodas - 4 X 4. - tratores de seis rodas * tração em quatro rodas - 6 X 4; * tração em seis rodas - 6 X 6. 4 - Classificação quanto à operação: - trator semi-agrícola; - trator agrícola; - trator anfíbio; - trator florestal; * corte e derrubada (Feller Buncher); * arraste (Skidder); * transporte (Forwader); * processador (Harvester). 4.1 - Trator semi-agrícola - Conformação geral e disposição dos órgãos, permite sua utilização para fins agrícolas e industriais; - São mais pesados e menos versáteis; - Menor faixas de velocidades; - Recomendados apenas para algumas etapas da exploração agrícola. 32 4.2 - Trator agrícola - Usados para realizar a maioria das operações agrícolas; - Maior número de velocidades; - Maior vão livre - mínimo de 40cm; - Sistema de levante hidráulico de três pontos; - Tomada de potência; - Barra de tração. 4.3 - Trator florestal - Constitui categoria especial para a exploração florestal; - Usados nas operações de corte, arraste, processamento, carga e transporte de madeiras; - Geralmente possui chassi articulado ou todas as rodas articuladas. 4.4 - Tratores anfíbios - São tratores apropriados para áreas alagadas; - São dotados de flutuadores e hélice propulsora acionada pela TDP do trator. - OBS.: Potência dos tratores A potência dos tratores pode ser definida como o regime de transformação da energia em trabalho, num dado tempo. Também pode ser definida como a quantidadede trabalho realizado por uma máquina, num dado tempo, e expressado em KW, CV, HP e Kgm/s. - Transformações de unidades 1 CV = 75 kgm/s 1 HP = 0.746 KW ou 746 W 1 CV = 1.014 HP 1 CV = 0.7355 KW ou 735,5 W IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS 1 – Definição: É um conjunto constrangido de órgãos que não apresentam movimentos relativos nem tem capacidade para transformar energia; seu único movimento é o de “deslocamento”, normalmente imprimido por uma máquina tratora, sendo utilizado para exercer algum tipo de trabalho. 2 – Acoplamento: É a forma em que o implemento está ligado ao trator. 33 2.1 – Tipos de acoplamento: a – Implementos de Arrasto: São aqueles que apresentam órgãos de sustentação próprios e acopla-se ao trator através de um ponto, representado pelo pino de engate de barra de tração. b – Implementos Semimontados: São aqueles em que parte apoia sobre o trator e parte apoia-se sobre rodas de sustentação própria. c – Implementos Montados: São aqueles desprovidos de órgão de sustentação próprio, apoiando-se integralmente sobre o trator, no sistema de três pontos (sistema de levante hidráulico). ARADO Tem a função de promover a inversão de camadas do solo, cortando em faixas denominada de “leiva”, que é elevada e invertida juntamente com um certo efeito de esboroamento. Esta operação trás alguns benefícios para o sistema solo-planta, como: Deixa o solo solto permitindo melhor circulação de ar; Permite melhor penetração, movimentação e retenção de água; Incorpora matéria orgânica as camadas sub-superficiais; Faz controle de ervas daninhas, pelo seu enterro; Destruição de animais nocivos; Enterro e incorporação de fertilizantes e corretivos; Enterro e incorporação de adubos verdes, etc. Classificação: a – De acordo com o órgão ativo de corte: Arado de disco; Arado de aiveca b – Quanto à tração, podem ser: Tração animal; Tração motorizada. c – Quanto à posição de tombamento ou movimentação dos órgãos de corte: Fixos; Reversíveis. 34 ARADO DE DISCO Componentes: Corpo, chassi ou viga principal; Coluna, suporte dos discos ou braço; Mastro ou torre; Eixo transversal; Roda guia; Discos (lisos ou recortados); Limpador de disco; Ângulo de trabalho dos discos: Ângulo horizontal – varia de 42° a 50° Ângulo vertical – varia de 15° a 25° ARADO DE AIVECA: Componentes: a – Chassi, composto de: Mesa; Torre ou mastro; Barra transversal. b – Rodado. c – Corpo, composto de: Coluna; Suporte da aiveca; Aiveca; Relha; Rastro; Ombro. 35 d – Acessórios: Facão; Sega Circular; Ante Corpo (limpador de sega circular). Classificação: a – Quanto à forma geométrica: Cilíndrica – própria para aração profunda; Cônica – própria para aração profunda; Elíptica – própria para aração superficial; Helicoidal – própria para aração superficial; Convexa – de uso geral. b – Quanto ao tipo de aiveca: Lisa; Recortada. c – Quanto à característica construtiva de modo a possibilitar a reversibilidade: Simétrica – reversível; Assimétrica – não reversível. Ângulo de trabalho da aiveca: Ângulo de inclinação da relha – varia de 15° a 18°. Ângulo de ataque da relha – varia de 12° a 20°. OBS: Estes ângulos variam de acordo com o fabricante. OBS: Os arados de aiveca realizam uma melhor inversão da leiva. Antes de iniciar a aração observar: Formato da gleba; Declividade do solo; Tipo de arado de que se dispõe; Tipo de solo; Se o terreno está terraceado ou não. GRADES As grades são equipamentos usados no preparo do solo para complementar o trabalho dos arados. Diferem destes por possuírem movimento solidário dos discos, ou seja, giram todos com a mesma velocidade devido a que todos são montados em um mesmo eixo. Podem ser empregadas antes da aração e após a aração, sendo que para cada tipo de solo trabalhado (arenoso, argiloso, pedregoso) apresentará resultados muito diferentes entre si. 36 As grades têm como objetivos: Destorroar; Nivelar; Pulverizar o solo. Além dessas operações básicas de preparo de solo, podem também: Destruir ervas daninhas em culturas perenes (cafezais, laranjais, goiabais, etc.); Picar, cortar ou fragmentar restos de culturas; Enterrar sementes, incorporar fertilizantes e corretivos; Fazer escarificações superficiais e profundas; Incorporar adubos verdes; Efetuar práticas de controle de erosão (terraços, curvas de nível, embaciamento.). CLASSIFICAÇÃO DAS GRADES: a – Quanto ao acoplamento: Montadas (transporte), arrasto (trabalho); Montadas – discos leves ou grades pequenas; Arrasto – grades médias e pesadas. - Grades montadas: São acopladas ao sistema de 3 pontos do trator; Possuem discos leves (discos de 18” a 24”); Penetram de 5 a 10 cm no solo. - Grades de arrasto: Discos recortados ou recortados/lisos; Discos pesados (26” a 36”) Recomendados para grandes extensões, terras duras e mais sujas; Podem possuir rodas para transporte ou regular a profundidade de corte. b – Quanto ao peso, espaçamento e diâmetro dos discos: PESO DO DISCO (Kgf) ESPAÇAMENTO (Cm) DIÂMETRO (POL.) LEVE 20 – 60 17 – 24 20 – 24 MÉDIA 100 – 150 24 – 36 26 – 30 PESADA 200 – 350 32 – 50 32 – 36 SUPER PESADA 400 - 600 Maior que 50 Maior que 36 c – Quanto a ação: Simples ação; Dupla ação. d – Quanto a disposição das secções ou conjunto de discos: Em linha; Em tanden ou em “X”; Em off-set ou em “V”. 37 e – Quanto ao tipo de disco: Recortados – exercem maior pressão no solo; Lisos – exercem menos pressão no solo. f – Quanto ao elemento ativo: Discos – destorroar e nivelar; Dentes – rastelar o solo. Possui alavanca para controlar o ângulo de inclinação do dente com o solo; Molas – escarificar o solo e cultivo (capina), em solos com pedras, raízes e outros obstáculos. g – Quanto à função desempenhada: Niveladora – maior número de discos, maior curvatura, discos lisos e peso por disco de até 50 kg. Destorroadora – menor número de discos, menor curvatura dos discos, apresentando discos recortados à frente. Peso por disco de 50 a 130 kg. Aradora – menor curvatura dos discos, discos recortados na frente. Peso por disco, maior que 130 kg. Destorroadora/Niveladora – apresenta características tanto da grade destorroadora, como da grade niveladora. CONSTITUIÇÃO: As grades de discos são formadas pelas seguintes partes: Chassi: * Fixo ou; * Articulado. Conjunto ou secção de discos: * Eixo; * Carretéis ou encosto; * Discos; * Calotas; * Arruelas e porcas; * Mancais. Suporte das secções dos discos. - Chassi: Estrutura metálica onde são fixadas as secções dos discos. O chassi articulável permite variar o ângulo da secção dos discos, em relação ao deslocamento. De acordo com a disposição do chassi tem-se grades em “V”, ou em “X”, com 2 ou 4 secções de discos. - Suporte da secção dos discos: são estruturas que prendem as secções dos discos ao chassi, por meio de mancais. Osmancais podem ser de madeira ou metálicos. Cada secção ou conjunto de discos é montado no chassi, utilizando dois mancais, sendo um em cada extremidade. 38 CAPACIDADE OPERACIONAL DE CONJUNTO TRATOR IMPLEMENTO O conhecimento do tempo necessário para a execução das operações, ao longo de todo o ciclo de uma cultura é indispensável para se poder administrar a utilização das máquinas agrícolas. Uma atividade agrícola, como qualquer empreendimento empresarial, tem como objetivo propiciar lucro. Entretanto para se obter lucro é importante minimizar as despesas, inclusive as decorrentes do uso de máquinas. Assim uma boa administração resultará em uma economia de tempo , combustível, mão de obra, desgaste das máquinas, dentre muitas outras. Uma operação agrícola consiste na realização de algumas atividades, durante o ciclo de uma cultura. Assim a operação de preparo do solo constitui uma operação agrícola, sendo que nesta atividade poderão ser executados os trabalhos de aração, subsolagem e gradagem. Da mesma forma os trabalhos de semeadura, cultivo (capina), controle de praga e doenças (pulverizações) e colheita são também considerados com operações agrícolas. A capacidade operacional ou capacidade de trabalho consiste na determinação da quantidade de trabalho realizado por um conjunto mecanizado em um determinado tempo. Capacidade operacional = área trabalhada . Tempo gasto na operação A capacidade operacional é expressa de várias formas, como: ha/h (hectare por hora), m²/h (metro quadrado por hora), alq/h (alqueire por hora), etc. CAPACIDADE OPERACIONAL TEÓRICA – COt: É a capacidade de trabalho de uma máquina, considerando que durante o trabalho todo o tempo gasto é utilizado exclusivamente na execução da operação em questão, ou seja, não há paradas para abastecimento, manutenção e manobras no campo. É calculada em função de dados relativos às dimensões dos órgãos ativos dos implementos, tais como: largura de ataque e velocidade de deslocamento escolhido para a operação. Deste modo a capacidade operacional será obtida pela formula: COt = (Largura de Ataque x Velocidade) / 10 Ou ainda, COt (Ha/h) = V x L , 10 Onde: COt = Capacidade Operacional teórica, em Ha/h; V = Velocidade de Deslocamento, em km/h; L = Largura de Corte, em m; 10 = Número da fórmula (para igualar as unidades). CAPACIDADE OPERACIONAL EFETIVA – COe A capacidade operacional efetiva se refere à capacidade de executar uma operação qualquer em uma determinada área, considerando as condições reais de trabalho. Neste caso são considerados no calculo do tempo de utilização da máquina todas as paradas 39 necessárias, tais como: abastecimento, manobras, reabastecimento de semente, adubos e calda de pulverização, troca de operador e etc. Além disso, são consideradas ainda, as utilizações parciais da largura de corte, devido às sobreposições entre passadas sucessivas e o uso de velocidades de deslocamento inferiores às teoricamente recomendadas. A capacidade operacional efetiva pode ser determinada pela expressão: COe = Área Trabalhada . Tempo Efetivo Ou ainda, COe = V x L x Ef . 10 onde: Coe = Capacidade Operacional Efetiva, em Ha/h; V = Velocidade de Deslocamento, em km/h; L = Largura de Corte, em m; Ef = eficiência de campo, adimensional; 10 = Número da formula (para igualar as unidades). A área trabalhada é obtida medindo diretamente no campo, após a execução do serviço. O tempo efetivo é obtido cronometrando o tempo necessário para executar a operação no campo. TABELA – Dos valores de fator de campo (f) em porcentagem e velocidade de trabalho durante as operações. Para calculo da capacidade operacional dos implementos. Operação Fator de campo (f) (%) Velocidade (km/h) Aração 70 a 85 4 a 8 Gradagem 70 a 90 5 a 9 Semeadura (sementes miúdas) 65 a 85 3 a 10 Semeadura e Adubação 50 a 85 4 a 8 Pulverização 60 a 75 5 a 8 Cultivo 75 a 90 3 a 5 Cultivo (enxada rotativa) 70 a 90 2 a 7 Colheita com máquina combinada 65 a 80 3 a 6 Colheita com colhedora montada 60 a 75 4 a 6 Colheita de algodão 60 a 75 2 a 5 Colheita da forrageira 50 a 75 4 a 6 Derrubada com correntão 70 8 Derrubada com correntão (duas passadas) 50 8 Derrubada com lâmina 80 À calcular Segadora de feno 80 a 90 8 a 10 Ancinho de descarga lateral 85 a 90 6 a 10 Enfardadora 70 a 90 4 a 8 Enleiradora 75 a 85 8 a 11 40 APLICADORES DE DEFENSIVOS I - INTRODUÇÃO: Atualmente é impraticável a condução de uma cultura sem a utilização dos recursos da tecnologia de aplicação dos defensivos agrícola. A aplicação de defensivos tem por objetivo o controle econômico de insetos, doenças, ervas daninhas e a aplicação de adubos foliares, através da distribuição da exata quantidade de defensivos, veiculados em forma de gotas que possibilitem uma distribuição relativamente uniforme. II - TIPOS DE APLICADORES DE DEFENSIVOS: 2.1 – Pulverizadores: São equipamentos capazes de fragmentar o liquido em gotas com diâmetro maior que 150 microns (1 mm = 0,001 mícron). A fragmentação do liquido é obtida pela ação da pressão hidráulica proveniente de uma bomba hidráulica. Os pulverizadores podem ser: a) Pulverizador costal manual: São recomendados para aplicação de defensivos em pequenas áreas, ou de uso doméstico, para aplicação de inseticidas em plantas ou animais. Constituído por um pequeno depósito e uma bomba de pistão acionada pelo operador através de uma alavanca b) Pulverizador estacionário manual: Tem utilização parecida com o anterior, porem tem um tanque (deposito) maior. 41 c) Pulverizador motorizado: Utilizado na aplicação de defensivos em áreas urbanas ou instalações para criação de animais. Possui um motor elétrico ou de combustão interna para o acionamento da bomba hidráulica. Além disso, é formado por um depósito montado sobre um chassi com rodas, acionado por um motor. d) Pulverizador tratorizado de barra: Constitui um dos pulverizadores mais utilizados na agricultura, principalmente em grandes áreas. É constituído geralmente por um chassi montado no sistema de três pontos dos tratores ou sobre rodas, um depósito para colocação do defensivo, uma bomba pneumática de pistões, uma câmara de ar e uma barra de pulverização, onde são montados os bicos hidráulicos. 1 - Filtro de entrada 7- Filtro 2 – Depósito (tanque) 8 - Regulador de pressão 3 - Registro (valvula) de controle de agitação 9 - Retorno 4 – Câmara de compensação 10 – Manômetro 5 - Bomba de pistões 11 - Registro de saida para a barra; 6 - Registro de entrada 12 – Barra com Bicos. 2.2 - Atomizadores: São considerados como atomizadores os aplicadores de defensivos que promovem uma fragmentação do liquido, produzindo gotas com diâmetro entre 50 a 150 microns (1 mícron 0,001mm). Os atomizadores são utilizados para aplicação de volumes de pulverização a ultrabaixo volume (UBV) ou baixo volume (BV). Estes podem ser: 42 a) Atomizador tipo canhão: Os atomizadores tipo canhão são geralmente utilizados
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