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O MUNDO DAS IDEIAS: A INFLUÊNCIA DO PENSAMENTO ILUSTRADO
Relembrando
Como vimos anteriormente, o iluminismo é o conjunto de ideias econômicas, políticas e filosóficas que questionam as teorias absolutistas e o Antigo Regime.
Vejamos agora algumas das mais importantes considerações feitas por alguns destes filósofos.
Antigo Regime
Esta é uma das muitas expressões que usamos com frequência, mas que raramente paramos para avaliar seu significado. Ela se popularizou no século XIX, através do trabalho de Alexis de Tocqueville.
Tocqueville utilizava a noção de Antigo Regime para caracterizar a França entre os séculos XVI e XVIII, absolutista, mercantilista, religiosa e estamental, ou seja, com pouca mobilidade entre as classes sociais.
Progressivamente, o uso desta expressão passou a designar outros reinos europeus, na mesma época e com características semelhantes, como Portugal.
Estado do Antigo Regime x Iluministas
Podemos dizer que o modelo de sociedade visto anteriormente é o principal alvo das críticas iluministas.
A centralização de poder e o afastamento da população da administração pública são apontados como exemplos de atraso e tirania.
O Estado do Antigo Regime deveria, de acordo com o pensamento ilustrado, ser reformado ou extinto, para dar lugar a um sistema político moderno, e que de fato atendesse às necessidades da população como um todo e não só de algumas classes, como o clero e a nobreza.
É importante ressaltar que o iluminismo está profundamente ligado ao contexto da Idade Moderna, especialmente a movimentos como o renascimento e o humanismo, que valorizavam o homem e a razão. 
Sendo assim, não é surpresa que muitas obras iluministas fossem perseguidas pela igreja católica e acabassem queimadas nas fogueiras da inquisição.
A perseguição ao pensamento ilustrado acabou por fazer com que este se desenvolvesse, sobretudo, em reinos onde a influência católica fosse menos relevante, como a anglicana Inglaterra.
No caso da França, embora fosse um reino católico, tinha um grande número de habitantes que professavam a religião protestante, os chamados huguenotes.
As regiões protestantes ou que tivessem uma maior tolerância religiosa (que não era o caso dos ibéricos já que Portugal e Espanha eram reinos fortemente católicos), se tornaram campo fértil para a propagação das ideias iluministas.  
MASSACRE DOS HUGUENOTES EM PARIS EM 1572.
Recebia o nome de huguenote todo o seguidor da religião protestante na França. Eram na maioria calvinistas(acreditavam nos ensinamentos de João Calvino) e membros da Igreja Reformada. A origem do termo é creditada aos católicos franceses, que o teriam criado baseando-se no nome de Besançon Hugues, líder religioso suíço.
Durante maior parte do século XVI, os huguenotes foram alvo de uma perseguição feroz, que culminou em guerras civis religiosas. No reinado de Henrique II (1547-1559), os huguenotes formam um grupo político numeroso e influente, tornando-se o centro das disputas políticas e religiosas dentro do país. À medida que eles se tornavam mais fortes, eram mais perseguidos pelo governo católico. Grandes personalidades do cenário político internacional eram huguenotes, como Antônio (rei de Navarra), Luís I de Bourbon de Condé e o almirante Gaspar de Coligny. Do lado oposto estava a família Guise, que liderava o grupo católico, de forte influência sobre o rei Francisco II, filho de Henrique.
Com a morte de Francisco II assume a coroa Carlos IX, mas é a rainha-mãe, Catarina de Médici, que passa a exercer o poder de fato. Durante algum tempo ela defendeu os huguenotes como uma forma de contrabalançar a influência dos Guise. Catarina, porém, passou a temer que o almirante Coligny estivesse influenciando demasiadamente seu filho e aliou-se ao duque de Guise.
Na madrugada de 24 de Agosto de 1572 os sinos da catedral de Saint Germain-l’Auxerrois* anunciaram o dia do apóstolo Bartolomeu, supostamente martirizado nessa data. Ao mesmo tempo, as forças católicas tramavam um massacre de grande parte da população protestante. Entre 3 e 10 mil huguenotes foram atraídos a Paris para um casamento real que supostamente poria um fim às guerras religiosas que se travavam ao longo de duas décadas, mas acabaram assassinados no que ficou conhecido como "Massacre da noite de São Bartolomeu", episódio infame na história da França.
Pouco depois, porém, em 1598, Henrique IV, necessitado do apoio huguenote, baixou o Édito de Nantes, pelo qual concedia aos protestantes franceses liberdade de culto em cerca de 75 cidades e vilas onde prevalecia o calvinismo, além de completa liberdade política.
Mais tarde, Luís XIV perseguiria os protestantes novamente, levando muitos à fuga. Ele revogou o Édito de Nantes (supostamente irrevogável) em 1685, tornando o protestantismo ilegal com o Édito de Fontainebleau. Depois disto, muitos Huguenotes fugiram para os países protestantes vizinhos como a Prússia, cujo rei Frederico Guilherme era calvinista e lhes acolheu, na esperança de reconstruir seu país destruído e despovoado pela guerra. Muitas das palavras de origem francesa no vocabulário alemão (exemplo: portemonaie - porta-moedas - ou enquete - inquérito) foram introduzidas pelos huguenotes residentes na Prússia. Em 1687, um grupo de huguenotes velejou da França até o Cabo da Boa Esperança, onde implantaram a cultura da uva, dando origem na África do Sul a uma indústria vinícola que é destaque no mundo todo.
O Estado do Antigo Regime é tão duramente criticado pelos iluministas por estes entenderem que esta estrutura política não dá conta das necessidades e anseios de uma população onde uma burguesia atuante proporcionou o desenvolvimento do comércio e das cidades.
Quando falamos sobre a questão da importância das cidades, temos que considerar que a vida urbana cria vínculos muito diferentes da vida camponesa. A proximidade, o sentimento de comunidade e, além disso, o acesso a diversas mercadorias fazem com que a população urbana tenha uma mentalidade muito diferente dos habitantes do campo.
A difusão de ideias, o contato com a imprensa, com livros e panfletos, acaba por fazer com que na cidade surjam discussões sobre os direitos políticos e tenha inicio uma reivindicação pela maior participação do povo no Estado, cuja insatisfação é um dos fatores determinantes da crise e consequentemente da queda do sistema absolutista
Teorias contratualistas - Locke.
Na aula anterior, ao falarmos sobre Thomas Hobbes, definimos a questão do contratualismo, certo? Mas essas teorias contratualistas não se restringem aos filósofos que defendem o absolutismo, mas também àqueles que se contrapõem a este sistema, como Locke e Rousseau.
Entretanto, o contrato social defendido por eles é bem diferente daquele proposto por Hobbes, já que previa um Estado reformulado segundo princípios diferentes do Estado absoluto.
A palavra iluminismo costuma nos remeter aos pensadores franceses, já que a França era o modelo de absolutismo da Idade Moderna. Mas esse movimento atingiu diversos lugares da Europa e teve representantes das mais diferentes nacionalidades, como o inglês John Locke
Locke viveu na Inglaterra do século XVII e é considerado um dos fundadores do empirismo filosófico. Falamos de empirismo quando estudamos sobre René Descartes, lembra? Assim como Descartes, Locke valorizava a experiência e a ciência para a formação do homem.
Ele acreditava que, ao nascer, o indivíduo fosse uma tábula rasa, como um quadro em branco.
Todos os homens nascem iguais e não são, a princípio, nem bons nem maus. Na medida em que adquirem experiências diversas, vão tendo seu caráter e suas personalidades moldadas pela vida em sociedade. 
Dessa forma, há uma enorme valorização da educação como fundamental para a formação de homens justos e bons. 
Em ensaio sobre o entendimento humano, ele explica sua teoria.( “Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos, um papel branco, desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer ideias; como ela será suprida? De onde lhe provém estevasto estoque, que a ativa e que a ilimitada fantasia do homem pintou nela com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, em uma palavra, da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento.” (Locke, John. Ensaio sobre o entendimento)
Do ponto de vista político, sua obra, Dois ensaios sobre o governo, critica a doutrina do direito divino e o Estado absolutista. 
Segundo Francisco Weffort:
“Os direitos naturais inalienáveis do indivíduo à vida, à liberdade e à propriedade constituem para Locke o cerne do estado civil e ele é considerado por isso o pai do individualismo liberal”
Dessa forma, a grande preocupação deste filósofo é conciliar a liberdade inerente( INSEPARÁVEL) ao indivíduo, seu direito natural, com a manutenção da ordem social e política. A defesa do direito natural, comum a Hobbes e Rousseau é chamada de jusnaturalismo. 
A um Estado legitimo cabe formular leis que garantam os direitos naturais do homem e mantenham a ordem social. Caso isso não ocorra, esse Estado deixa de ser legítimo, tornando- se tirânico ou obsoleto e podendo ser substituído.
“O poder absoluto arbitrário ou o governo sem leis fixas estabelecidas não se podem harmonizar com os fins da sociedade e do governo, pelo qual os homens abandonassem a liberdade do estado de natureza para sob ele viverem, se não fosse para preservar-lhes a vida, a liberdade e a propriedade, e para garantir-lhes, por meio de regras estabelecidas de direito e de propriedade, a paz e a tranquilidade.” 
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo: Martin Claret, 2006, p. 101.
Teorias contratualistas - Jean-Jacques Rousseau
Outro importante contratualista foi Jean-Jacques Rousseau. Suíço, viveu no século XVIII e uma de suas principais obras é Do contrato social. 
Rousseau defende a existência do bom selvagem, o homem em seu estado natural.
Diferente de Hobbes, que acreditava que o homem natural era comparável a um lobo, para Rousseau, o homem natural é bom desde o nascimento, sendo corrompido somente através da vida em sociedade. Entretanto, ele reconhece que este homem natural é pouco inclinado a estabelecer laços de sociabilidade.
Dessa maneira, para que exista a sociedade, o homem deve abandonar seu estado de natureza primitivo.
Rousseau escreveu sobre temas diversos, mas, além de seus escritos políticos, chamam a atenção os trabalhos dedicados à educação, como Emílio, publicado em 1762.  
Para muitos analistas, este filósofo é considerado um romântico, pois suas ideias idealizam o homem em seu estado de natureza e entendem a vida em sociedade como um mal inevitável.
Dessa forma, traça propostas para tornar este convívio social mais justo e igualitário, através da existência de um estado legítimo e soberano.
Suas teorias políticas, expostas no contrato social, foram fundamentais para a formação de uma democracia burguesa que, em finais do século XVIII, acabaria por derrubar o poder absoluto na França, durante a Revolução Francesa.
Dentre os lemas desta revolução, “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, foi o ideário de liberdade que mais atraiu Rousseau e sobre o qual ele teceu as mais cuidadosas observações, sendo considerado um dos fundamentos básicos de toda sua obra.
“O homem nasce livre, e por toda parte encontra-se aprisionado. O que se crê senhor dos demais não deixa de ser mais escravo do que eles. Como se deu esta transformação? Eu o ignoro. O que poderá legitimá-la? Creio poder resolver esta questão. Se considerasse somente à força e o efeito que dela deriva, eu diria: "Quando um povo é obrigado a obedecer e o faz, age acertadamente; mas logo que possa sacudir esse jugo e o faz, age ainda melhor, pois, recuperando sua liberdade pelo mesmo direito com que esta lhe foi roubada, ou ele tem o direito de retomá-la ou não o tinham de subtraí-Ia". Mas a ordem social é um direito sagrado que serve de base a todos os outros. Tal direito, no entanto, não se origina da natureza: funda-se, portanto, em convenções.” 
ROUSSEAU, Jean Jacques.  O contrato social e outros escritos SP: Cultrix, 1965.  P. 21-22.
TEORIAS CONTRATUALISTAS
Podemos apontar, portanto, como contribuições que se destacam na obra dos contratualistas Rousseau e Locke, a discussão acerca do direito natural e da relação entre estado e sociedade, na qual o homem abre mão de seu direito à liberdade em prol da ordem social proporcionada pelo estado.
Thomas Hobbes defendia a ideia segundo a qual os homens só podem viver em paz se concordarem em submeter-se a um poder absoluto e centralizado. Para ele, a Igreja cristã e o Estado cristão formavam um mesmo corpo, encabeçado pelo monarca, que teria o direito de interpretar as Escrituras, decidir questões religiosas e presidir o culto. Neste sentido, critica a livre-interpretação da Bíblia na Reforma Protestante por, de certa forma, enfraquecer o monarca.
De acordo com Hobbes, tal sociedade necessita de uma autoridade à qual todos os membros devem render o suficiente da sua liberdade natural, por forma a que a autoridade possa assegurar a paz interna e a defesa comum. Este soberano, quer seja um monarca ou uma assembleia (que pode até mesmo ser composta de todos, caso em que seria uma democracia), deveria ser oLeviatã, uma autoridade inquestionável.
Reorganização do Estado absolutista
A reorganização do Estado absolutista é o tema que mais preocupou e atraiu a atenção dos filósofos da época, tanto dos teóricos que apoiam o regime, quando daqueles que o condenam.
Os contratualistas apontaram problemas de ordem e ética e dos princípios morais que o Estado deixava de lado. Entretanto, o filósofo francês Charles de Montesquieu:compreendia e apoiava esta corrente de pensamento, mas acreditava que, para haver de fato uma mudança na política que não ficasse somente no plano das ideias, era necessária a reorganização do próprio regime do Estado no qual o poder, concentrado nas mãos do rei, deveria ser dividido entre outras instâncias, que tinham como objetivo fiscalizar umas às outras e evitar os abusos e os excessos cometidos em nome do rei.
“Há três espécies de governo: o republicano, o monárquico e o despótico. Para descobrir-lhes a natureza, basta a ideia que deles têm os homens menos instruídos. Suponho três definições ou, antes, três fatos: um, que o governo republicano é aquele em que todo o povo, ou apenas uma parte do povo, tem o poder soberano; o monárquico, aquele em que uma só pessoa governa, mas por meio de leis fixas e estabelecidas; enquanto, no despótico, uma só pessoa, sem lei e sem regra, tudo conduz, por sua vontade e por seus caprichos”. 
(MONTESQUIEU, Charles. Do espírito das leis. São Paulo: Difel, 1852)
Separação dos poderes
Para controlar o abuso de poder, Montesquieu elabora a teoria da separação de poderes em executivo, legislativo e judiciário.
De modo geral, podemos dizer que:
o poder executivo é aquele que administra, e pode ser exercido pelo rei ou, nos dias atuais, pelo presidente da república, por governadores e prefeitos;
o legislativo é encarregado de criar as leis do país;
o judiciário, de fazer cumpri-las.
Suas ideias se basearam no sistema de governo inglês, a monarquia parlamentar. Na Inglaterra, o parlamento é dividido em duas câmaras, em uma estrutura que já existe há séculos e que permanece até nossos dias; a Câmara dos Lordes, formada pelo clero e por membros da nobreza e a Câmara dos Comuns formada por membros do povo. 
Esse sistema, chamado de bicameral, foi considerado como o modelo de democracia e administração para Montesquieu. Dessa forma, ele defende a existência dos três poderes vistos.
Constituição dos Estados Unidos
“A obra de Montesquieu influenciou também a elaboração da Constituição dos Estados Unidos, que entrou em vigor no ano de 1787.”
Dentre as influências iluministas, na elaboração da Constituição norte-americana, além de Montesquieu, podemos também citar o pensador escocês DavidHume. 
Entretanto, se Montesquieu defendia que, quanto maior a nação, mais difícil de governá-la, Hume ia pelo caminho oposto, pois defendia a grandeza nacional:
“Apesar de as pessoas como um órgão serem incapazes de governar, caso elas se dispersarem em pequenas unidades (tais como colônias individuais ou estados) elas são mais susceptíveis( aptos para receber) de se submeter à razão e à ordem; a força das correntes populares (populismo) e marés são, em grande medida, quebrada”. 
(Hume, David. Ensaios: Morais, Políticos e Literários)
Suas ideias fora incorporadas por James Madison, um dos colaboradores da Constituição dos Estados Unidos e defensor do federalismo. 
Sob esta ótica, não importaria a extensão territorial de uma nação, mas a obediência às leis propostas pelo Estado. 
Não é à toa que a justiça é um dos valores mais caros a Hume, defendendo que toda a lei só é valida e legítima se tiver como objetivo o bem comum. 
Hume também influencia sobremaneira o pensamento positivista e o desenvolvimento do pensamento liberal, desenvolvido por outro escocês, seu contemporâneo, Adam Smith.
Cabe lembrar que esta constituição, fortemente influenciada por ideias iluministas, está em vigor até os dias de hoje e possui apenas 7 artigos e em 2 séculos de vigência, sofreu 27 emendas. 
Em contrapartida, o Brasil já teve 7 constituições desde a independência, e a constituição de 1988, que está em vigência possui 250 artigos e diversas emendas.
Adam Smith e o mercantilismo
Smith, considerado o “pai da economia moderna”, desenvolveu, em sua obra fundamental A riqueza das nações, publicada em 1776, os princípios do liberalismo econômico, uma das mais importantes vertentes do sistema capitalista. 
Se até então vimos às críticas políticas ao sistema absolutismo, veremos com Smith uma crítica às práticas econômicas do Estado absoluto: o mercantilismo.
Já vimos, em aulas anteriores, que o mercantilismo se baseia, sobretudo, no controle total da economia pelo Estado, baseado em diversos princípios, como, por exemplo, o estabelecimento de monopólios.
Para Adam Smith, o controle da economia por parte do Estado limita o seu desenvolvimento e provoca crises econômicas que se tornam cada vez mais graves à medida que a influência estatal se torna cada vez mais forte.
Dessa forma, ele defende a não intervenção do Estado na economia e a livre concorrência. Segundo esta teoria, se o estado não interferir, a economia tende a regular-se por si mesma.  
Adam Smith e o mercantilismo
Se dois indivíduos comercializam o mesmo produto, a tendência é que tenham preços competitivos para atrair seus consumidores. O preço pode variar devido a diversos fatores como mão de obra, qualidade do produto, demanda etc.
Entretanto, os dois vendedores, concorrentes entre si, farão o possível para ter sucesso em seus negócios e por isso, tenderão a praticar um preço justo, em sua mercadoria, para que não percam consumidores para seu concorrente.
A livre concorrência permitiria o completo desenvolvimento do mercado, bem como o investimento em inovações tecnológicas cujo objetivo fosse baratear os custos da produção e, portanto, do produto final.( “Todo homem, contanto que não transgrida as leis da justiça, permanece plenamente livre para seguir a estrada apontada por seu interesse e para levar onde lhe aprouver sua indústria e seu capital. O soberano se encontra inteiramente livre da responsabilidade de ser o superintendente da indústria dos particulares, tendo apenas três deveres para cumprir: defender a sociedade de todo ato de violência ou de invasão; proteger tanto quanto possível todo membro da sociedade da injustiça ou da opressão de qualquer outro membro; exigir e manter certas obras públicas e certas instituições.” )
(Smith, Adam. A riqueza das nações).
É claro que a teoria de Smith não leva em consideração os vícios inerentes ao sistema capitalista quando este estivesse plenamente desenvolvido, como a formação dos cartéis onde diversos fornecedores de um mesmo serviço combinam um preço comum entre si e eliminam qualquer possibilidade de concorrência. 
Entretanto, quando foi formulada, a teoria liberal ia de encontro aos interesses burgueses, para quem a interferência do Estado em seus negócios era prejudicial e limitante.
Neoliberalismo
Compreender os fundamentos do liberalismo é importante não só para entendermos o iluminismo, mas também a realidade econômica que vemos nos dias de hoje.
Estas teorias foram a base de uma vertente do capitalismo amplamente adotada, em diversos países do mundo, no século XX. Com a crise do capitalismo liberal, os estados adotaram uma nova política, o neoliberalismo, do qual tanto falamos atualmente.
O primeiro país a adotar este sistema foi o Chile, no período da ditadura militar de Augusto Pinochet.
Se Adam Smith pregava o afastamento do Estado na economia, no neoliberalismo há um Estado, mas este não gera diretamente os assuntos econômicos, mas sim, os regula.
Podemos citar como exemplo as agências reguladoras que existem no Brasil. Elas não determinam o preço dos serviços básicos, como fornecimento de energia elétrica ou telefonia, mas estabelecem um teto máximo para as tarifas destes serviços. 
O que podemos perceber é que, as ideias formuladas há 200 anos foram tão importantes para o desenvolvimento do Estado moderno e muitas delas são praticadas por diversos governos ainda hoje.
Benjamin Constant
O liberalismo influenciou outro pensador, o suíço Benjamin Constant. 
Constant viveu entre os séculos XVIII e XIX e sua obra dialoga com boa parte dos filósofos iluministas que o precederam.
Tem influência particular a obra de Montesquieu e sua proposta de separação de poderes.
Embora Constant defenda a separação, ele não acredita no esvaziamento do poder real e acredita que ao rei devem ser dados poderes de chefe de Estado, ainda que sejam limitados pelos demais poderes. Mesmo que o rei detivesse poderes administrativos, estes não deveriam permitir a imposição de uma tirania.
“Todo o despotismo é, pois, ilegal; nada pode sancioná-lo, nem mesmo a vontade popular que ele alega. Por que ele se arroga, em nome da soberania do povo, um poder que não está compreendido nesta soberania, e não é somente a mudança irregular do poder que existe, mas a criação de um poder que não deve existir”. *
É esse o pensamento que, no Brasil, dará origem ao poder moderador, instituído pelo imperador Dom Pedro I, na constituição de 1824. Entretanto, no caso brasileiro, o imperador valeu-se das ideias deste iluminista para estabelecer um poder superior aos demais e que, no final das contas, fez com que toda a administração brasileira estivesse submetida as suas vontades.
Influências iluministas
Não é somente no texto constitucional de 1824 que podemos perceber as influências iluministas, no Brasil, e no resto do ocidente.
Na França, a revolução que mudou o mundo e deu início à Era Contemporânea, a Revolução Francesa de 1789, pôs em prática as ideias elaboradas por diferentes filósofos ao longo do século XVIII.
Mas é na América que as ideias propagadas, na Europa, encontram maior eco. 
O movimento de independência dos Estados Unidos, de 1776 e a constituição deste país, de 1787 tiveram clara influência iluminista, bem como os diversos movimentos emancipacionistas ao longo do continente.
Não é à toa. Os iluministas defendem o racionalismo, a liberdade política e comercial e a participação popular, princípios que eram defendidos e desejados pelas colônias, submetidas ao jugo metropolitano. 
As elites coloniais, tanto as brasileiras quanto os criollos da América espanhola encontravam, nos ideais iluministas, a base teórica que fundamentaria os movimentos emancipacionistas que eclodiriam no século XIX.
Influência iluminista no Brasil
No Brasil, a influência mais notória foi durante o período da Inconfidência Mineira, ocorrida em 1789, o mesmo ano da Revolução Francesa. Muitos historiadores, revendo este levante, questionam o seu caráter popular. De fato,embora tenha sido inspirada pelo iluminismo, a Inconfidência Mineira não reivindicava, por exemplo, o fim da escravidão, um principio básico em uma sociedade que defenda a igualdade política e social. Mas se a inconfidência ignorava a questão escrava, abraçava integralmente outro dos princípios defendidos pelos pensadores europeus, a liberdade. Este foi o primeiro movimento separatista do Brasil, e entrou para a história como um ato de resistência à dominação estrangeira. 
Mas é na Conjuração Baiana de 1798, que as propostas iluministas ganham destaque. 
Ressaltamos que, no Brasil Colonial, vigorava a proibição à imprensa, incluindo livros, jornais e panfletos. Essa proibição só seria extinta com a chegada da família real em 1808. Sendo assim, o acesso aos livros era raro e limitado a uma pequena elite. As obras que chegavam ao Brasil vinham, sobretudo, nas malas dos filhos das famílias abastadas que haviam sido enviados para estudar nas universidades da Europa. Essa literatura começou a ser discutida exatamente no círculo destas famílias e nas sociedades maçônicas, onde os intelectuais da época se reuniam. E em uma destas sociedades, na loja maçônica Cavaleiros da Luz, os princípios de liberdade e igualdade começaram a tomar corpo na forma de um movimento contra a dominação portuguesa. 
O médico maçom Cipriano Barata foi um dos principais divulgadores destas ideias que acabaram por atingir a população pobre que vivia sob condições de miséria nas ruas e cortiços da Bahia. 
 O movimento logo se alastrou e conseguiu a adesão de diversas classes, em especial, as mais baixas como soldados, artesãos, negros livres e mestiços. O grande número de alfaiates fez com que a conjuração também fosse conhecida como Revolta dos Alfaiates e ela é considerada o primeiro movimento realmente popular a reivindicar a independência do Brasil, além de ter sido o primeiro a exigir a abolição da escravatura. 
A revolta foi reprimida com violência pela coroa e os líderes das classes baixas, como os alfaiates Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus Nascimento e os soldados Lucas Dantas do Amorim Torres e Luis Gonzaga das Virgens foram condenados à morte por enforcamento. Os líderes das classes mais altas e membros da maçonaria como Cipriano Barata foram absolvidos. 
É importante notarmos que, embora tenha sido uma corrente de pensamento, o iluminismo foi posto em prática em diversos momentos e épocas, tendo sido fundamental para o fim do antigo regime e o estabelecimento dos estados nacionais como conhecemos nos nossos dias.

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