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DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO - PONTO 03

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DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO - PONTO 03
Despesa pública. Conceito e classificação. Disciplina constitucional dos precatórios
Conceito: “conjunto de dispêndios do Estado ou de outra pessoa de direito público para o funcionamento dos serviços públicos” – ALIOMAR BALEEIRO
A despesa pública pode ser entendida como a aplicação de certa quantia em dinheiro pela autoridade ou agente público competente dentro de uma autorização legislativa para execução de um determinado fim, a cargo do governo.
A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento de despesas, serão acompanhados de estimativa de impacto orçamentário (no exercício de vigência e nos dois subseqüentes), além de declaração do ordenador de que o aumento tem adequação com a LOA e compatibilidade com a LDO e PPA.
Baleeiro aponta três causas de crescimento real da despesa pública, constatando que é crescente a extensão da rede de serviços públicos, motivando maior destinação das rendas à satisfação destas necessidades:
a) o incremento da capacidade econômica do homem contemporâneo, sobretudo devido ao aperfeiçoamento da técnica de produção e, portanto, da produtividade;
b) a elevação do nível político, moral e cultural das massas sob o influxo de idéias-forças, que levam os indivíduos a exigir e a conceder mais ampla e eficaz expansão dos serviços públicos;
c) as guerras, que de lutas entre grupos armados, restritos, assumiram o caráter de aplicação total das forças econômicas e morais, humanas, enfim, do país na sorte do conflito.
O autor nota ainda como causa para o aumento da despesa pública os erros e vícios políticos e administrativos, entendendo estes sem significação percentual de relevo. Exemplifica com as ações demagógicas, onde as decisões dos órgãos de poder público quanto às dotações orçamentárias sofrem, por vezes, a influência de interesses eleitorais, distorcendo o ideal de interesse público.
Cite-se, a título de ilustração de aumento desnecessário da despesa pública, as bruscas alterações que diferentes governos que se sucedem à proa da entidade federativa impõem aos planos de ação pública.
Seja por motivação ideológica, finalística ou política, o início de um novo governo tem por costume, ao menos na tradição brasileira, romper com parte do planejamento traçado pelo governo anterior, imprimindo nova direção aos trabalhos da Administração Pública.
Com razão, pois, veio o Plano Plurianual a coibir esta prática, ao estender um horizonte de metas e programas além dos três últimos anos de mandato do governante que o propôs, atingindo o primeiro quarto do governo sucessor, permitindo racionalização e estabilidade nas ações administrativas.
Fases:
- autorização: deve haver previsão orçamentária – a despesa deve estar autorizada por lei ou, extraordinariamente por MP – ordenar despesa não autorizada por lei pode caracterizar o crime previsto no artigo 359-D do CPB
- licitação: verificação da necessidade ou não de licitação - procedimento administrativo pelo qual a administração seleciona a proposta que lhe trará mais vantagens
- adjudicação: atribuir ao vencedor o objeto da licitação – contrato com a adm. Pública
As fases elencadas acima são as chamadas fases internas (prévias). A partir de então surgem as fases previstas na Lei nº 4320/64, artigos 58/ss:
- empenho: ato administrativo emanado da autoridade competente que antecede a despesa e confirma as obrigações da administração em relação ao contratado - reserva da quantia necessária ao pagamento da dotação orçamentária – a nota de empenho apenas confirma a garantia de pagamento, não cria obrigação para a administração pública.
Permite o autocontrole pela administração pública e serve como instrumento para o controle realizado pelo legislativo (corte de contas)
É vedado aos municípios, no último mês do mandato do Prefeito, empenhar mais do que o duodécimo (1/12) da despesa prevista no orçamento vigente.
No último ano do mandato do chefe do executivo é vedada a realização de operação de crédito por antecipação de receita orçamentária.
Nos dois últimos quadrimestres de mandato é vedado contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele (vedação de restos a pagar)
Obs.: empenhos globais – pagamento de servidores – está dispensada a emissão de nota de empenho (o empenho deve haver, mas sem a nota de empenho – simplificação)
Obs.: decreto de contingenciamento – limita os empenhos já realizados (art. 4º, inc. I, b da LRF) – 30 dias após a aprovação do orçamento o chefe do executivo deverá realizar uma avaliação (programação) dos empenhos com base nas estimativas de receitas e gastos – analisa uma média do que efetivamente irá se realizar, conjugando com os gastos obrigatórios – tudo aquilo que ultrapassar a média será contingenciado e somente será pago quando a arrecadação corresponder efetivamente à previsão orçamentária
- liquidação (art. 63, §1º): verificação, por parte da administração, do direito do credor de receber a quantia empenhada. A ordem dos fatos deve ser: contrato, nota de empenho, comprovante de entrega da mercadoria ou serviço, liquidação.
Se não comprovar, o empenho será anulado. Note-se que a anulação de empenho diferencia-se do contingenciamento. O primeiro caso indica uma sanção pelo não cumprimento do contrato. Já o contingenciamento é instrumento de controle orçamentário.
- ordem de pagamento (art. 64): despacho, precedente ao pagamento, exarado pelo ordenador de despesas.
Obs.: a LRF não traz punições a administradores pelo descumprimento de suas normas, aplicando-se somente aos órgãos e entes públicos.
- pagamento: extingue a obrigação
Classificação
Quanto à periodicidade:
- ordinárias: as despesas que tem autorização orçamentária e atendem a gastos rotineiros, a exemplo do pagamento de precatórios e dos servidores públicos.
- extraordinárias: as oriundas de ocorrências inesperadas, urgentes e inadiáveis, a exemplo daquelas decorrentes de calamidade pública.
Quanto às categorias econômicas:
A Lei nº 4320/64 traz em seu artigo 12 a classificação por categorias econômicas:
- despesas correntes: gastos improdutivos, que não impliquem aumento do patrimônio.
Duas modalidades:
a) custeio: pagamento de pessoal, material de consumo, obras de conservação, etc...;
b) transferências correntes: subvenções, gastos com inativos, juros da dívida pública
Obs.: amortização – transferência de capital x juros – transferência corrente (supra)
Obs.: considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, MP ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação de sua execução por um período superior a dois exercícios (art. 17 da LRF)
 
- despesas de capital: gastos produtivos por envolverem dispêndios que têm por escopo a aquisição ou construção de bens de capital que contribuam para a formação de novos bens.
Modalidades:
a) investimentos: material permanente, obras e aquisição de imóveis necessários à sua execução, participação em constituição ou aumento de capital de empresas industriais ou agrícolas;
b) inversões financeiras: imóveis, concessão de empréstimos, participação em constituição ou aumento de capital em empresas comerciais ou financeiras;
c) transferências de capital: amortização da dívida pública (v. obs. supra), auxílio para obras públicas, dotações para que outras pessoas de direito público ou privado realizem investimentos ou inversões financeiras.
Obs.: considera-se material permanente o de duração superior a dois anos
A Lei Complementar nº 101/2000 adota outra classificação, trazendo em seus artigos 16 e 17 previsões relativas às despesas de capital e correntes, respectivamente. Como conseqüência pelo não cumprimento dos requisitos estabelecidos nos artigos 16 e 17, o artigo 15 estabelece que as despesas podem ser declaradas lesivas ao interesse público, irregulares ounão autorizadas.
O art. 16 (despesas de capital) traz como requisitos: estimativa de impacto orçamentário/financeiro; declaração do ordenador de despesas asseverando que há previsão/consonância com a tríade orçamentária
Já o artigo 17 trata das despesas obrigatórias de caráter continuado (correntes), definindo-as como aquelas que sejam necessárias ao funcionamento da máquina administrativa e que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. Tem como requisitos: estimativa de impacto orçamentário/financeiro, comprovante de que não afetará as metas do anexo de metas fiscais, aumento permanente de receita ou corte de gastos.
Obs.: serviço da dívida ou reajuste de pessoal – não necessitam de estudo de impacto orçamentário/financeiro
Despesas com pessoal: 
Metas do Consenso de Washington: superávit primário, câmbio flutuante, independência do Banco Central, responsabilidade fiscal – a pressão do FMI estimulou a aprovação da LRF, mas esta LC tem berço no artigo 169 da CF/88 (a soma dos gastos com pessoal deve respeitar os limites da lei complementar)
Entende-se como despesas com pessoal o somatório dos gastos com os ativos, inativos e pensionistas, bem como os encargos sociais e contribuições recolhidos pelo ente às entidades de previdência. Também os contratos de terceirização de mão-de-obra devem ser contabilizados como “outras despesas com pessoal”, somando-se aos gastos com ativos, inativos e pensionistas (v. art. 18).
Os artigos 19 e 20 da LRF definem os limites para gastos com pessoal dos entes federativos (União: 50%, Est. e mun.: 60%) e dos poderes (legislativo federal: 2,5%, judiciário: 6%, MPU: 0,6%) – atualmente, por exemplo, se o legislativo descumpre seu limite, toda a União será tida como descumpridora – há um projeto de lei complementar em tramitação para alterar esta previsão.
Ao final de cada quadrimestre, se verificado que a despesa com pessoal excedeu ao limite prudencial de 95%, serão vedados rejustes, contratações e etc. Se ultrapassado o limite do artigo 20, o excedente deve ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, inclusive com a adoção das medidas previstas nos §§ 3º e 4º do art. 169 da CF.
A LRF exclui dos limites de gastos com pessoal a revisão geral anual. Maria Sylvia defende que essa revisão não pode ser impedida pelo fato de estar o ente político no limite de despesa de pessoal porque seria inaceitável que a aplicação de uma norma constitucional tivesse o condão de transformar outra, de igual nível, em letra morta (o STF já entendeu desta forma no julgamento de uma ADIN por omissão).
São vedados empréstimos ou operações de crédito para suprir gastos com pessoal.
A Lei nº 9504/97 (Lei Geral das Eleições) proíbe a revisão geral da remuneração dos servidores que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo, desde 180 dias antes do pleito até a posse dos eleitos.
É nulo o ato que implique aumento de despesas com pessoal expedido nos 180 dias anteriores ao término do mandato.
Disciplina Constitucional dos Precatórios
A CF/88 em seu artigo 100 dispõe que os pagamentos devidos pela fazenda pública em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos.
Ressalte-se que os acordos judiciais poderão não se sujeitar ao regime dos precatórios, se presentes o interesse público e observada a moralidade administrativa, não podendo, para tanto, ser utilizada verba reservada para o pagamento de precatórios.
O precatório decorre de sentença executada na forma do artigo 730 do CPC, sendo a pessoa jurídica de direito público citada para opor embargos no prazo de 30 dias (não para pagar).
A Súmula 279 do STJ estabelece que é cabível execução de título extrajudicial contra a fazenda pública.
Decorrido o prazo de 30 dias sem embargos ou caso estes sejam julgados improcedentes, o juiz expedirá ofício requisitório ao presidente do seu Tribunal. Obs.: juiz estadual no exercício delegado de função federal comum ou trabalhista expede o requisitório para o presidente do TRF ou TRT.
A execução contra empresas públicas ou sociedades de economia mista será feita na forma comum, caso referidas entidades tenham por objeto atividade econômica. O STF decidiu que no caso dos Correios, por exercer atividade típica de Estado, o regime de execução deveria seguir a forma dos precatórios, em razão da impenhorabilidade de seus bens (Informativo 213).
O Enunciado no. 655 da Sumula do STF estabelece que “A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição, em favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a isentá-los da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de outra natureza.”. Esta manifestação teve como contraponto a tese que defendia que a previsão do caput do art. 100 trazia uma exceção ao regime dos precatórios, que ao final restou não acolhida.
Antes da Emenda no. 30/2000 a atualização dos valores era realizada em 1o. de julho do ano anterior ao do pagamento (data limite para apresentação). Após referida emenda os valores passaram a ser reajustados na data do pagamento, o qual tem por limite o final do ano seguinte (essa previsão foi mantida com a EC no 62/09).
Quando o pagamento do precatório é feito a menor (geralmente em razão da atualização monetária do crédito), decidiu o STJ que não é necessária a citação da fazenda para opor embargos a cada atualização do cálculo, bastando sua intimação para se manifestar sobre a conta de liquidação (RESP 354.357/2002). De qualquer forma, apurada a diferença, será necessária a expedição de novo precatório (STF - EDcl no RE 112.661/SP, 2ª Turma, DJ de 12.8.1988).
As obrigações definidas em lei como de pequeno valor não estão sujeitas aos precatórios. No âmbito federal o limite é de 60 s.m. Até que leis sejam editadas por Estados e Municípios, os limites serão 40 e 30 s.m., respectivamente.
Na hipótese de litisconsórcio cada autor terá seu crédito considerado individualmente (Resoluções 373 e 399 do CJF). No âmbito dos Estados há quem sustente que deve ser considerado o valor total dos créditos em cada processo.
De acordo com o art. 78 do ADCT os precatórios pendentes de pagamento na data de promulgação da Emenda 30 (13/09/2000) e os que decorram de ações ajuizadas até 31/12/1999, serão liquidados pelo seu valor real, em moeda corrente, acrescido de juros legais, em prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de dez anos.
O prazo de parcelamento fica reduzido para dois anos nos casos de precatórios originários de desapropriação de imóvel residencial do credor, desde que seja seu único imóvel à época da imissão na posse.
Não estão sujeitos ao parcelamento os créditos de natureza alimentícia, os de pequeno valor, os que já tiveram recursos liberados, os já depositados e os anteriormente parcelados.
As prestações anuais que não forem liquidadas até o final do exercício a que se referem, terão poder liberatório dos tributos da entidade devedora.
Sequestro de rendas: caso algum credor seja preterido em seu direito precedência, poderá requerer ao presidente do tribunal o sequestro de quantia necessária ao pagamento, que será determinado nas seguintes hipóteses: a) omissão de inclusão da parcela no orçamento; b) se, vencido o prazo anual, a parcela não for integralmente paga; c) se verificada a preterição do direito de precedência.
Intervenção federal: no caso de atraso ou suspensão do pagamento de precatórios, pode caracterizar-se o descumprimento de uma ordem judicial, dando ensejo a eventual intervenção, que dependerá de requisição do STF, STJ ou TSE. Duas ações envolvendo o Estado de São Paulo já foram decididas pelo STF, que concluiu que não houve descumprimento voluntário, mas sim impossibilidade decorrente de inexistência de recursos.
A Lei no. 11033/2004 exigiu a apresentação de certidões negativas para levantamentodos valores depositados a título de precatório. Tanto o STF (Pleno – ADI 3453) quanto o STJ (1a turma - Zavascki) entenderam pela inconstitucionalidade do artigo 19 desta lei.
A Emenda Constitucional no. 62/2009 trouxe profundas alterações no sistema constitucional dos precatórios (principais pontos em negrito):
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora, a entrega de créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros, independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei complementar a esta Constituição Federal poderá estabelecer regime especial para pagamento de crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo de liquidação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
Outra novidade estabelecida pela Emenda Constitucional 62/09 foi a inclusão do art. 97 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias dispondo que até que seja editada a lei complementar de que trata §15 do art. 100 da Constituição Federal (acima exposto), os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, na data de publicação desta Emenda Constitucional, estejam em mora na quitação de precatórios vencidos, relativos às suas administrações direta e indireta, inclusive os emitidos durante o período de vigência do regime especial instituído por este artigo, farão esses pagamentos de acordo com as normas a seguir estabelecidas, sendo inaplicável o disposto no art. 100 desta Constituição Federal, exceto em seus §§ 2º, 3º, 9º, 10, 11, 12, 13 e 14, e sem prejuízo dos acordos de juízos conciliatórios já formalizados na data de promulgação desta Emenda Constitucional.
Assim, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios sujeitos ao regime especial mencionado optarão, por meio de ato do Poder Executivo:
1- para saldar os precatórios, vencidos e a vencer, pelo regime especial, por deposito mensal, em conta especial criada para tal fim, 1/12 (um doze avos) do valor calculado percentualmente sobre as respectivas receitas correntes líquidas, apuradas no segundo mês anterior ao mês de pagamento; ou
2- pela adoção do regime especial pelo prazo de até 15 (quinze) anos, caso em que o percentual a ser depositado na conta especial criada para saldar os precatórios corresponderá, anualmente,ao saldo total dos precatórios devidos, acrescido do índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança e de juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança para fins de compensação da mora, excluída a incidência de juros compensatórios, diminuído das amortizações e dividido pelo número de anos restantes no regime especial de pagamento.
Importante ressaltar que as contas especiais utilizadas para o pagamento em regime especial, serão administradas pelo Tribunal de Justiça local, para pagamento de precatórios expedidos pelos tribunais. Sendo que os recursos depositados em tais contas não poderão retornar para Estados, Distrito Federal e Municípios devedores.
E ainda, pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos recursos serão utilizados para pagamento de precatórios em ordem cronológica de apresentação, respeitadas as preferências definidas no § 1º, para os requisitórios do mesmo ano e no § 2º do art. 100, para requisitórios de todos os anos. Durante a vigência do regime especial, gozarão também desta preferência os titulares originais de precatórios que tenham completado 60 (sessenta) anos de idade até a data da promulgação desta Emenda Constitucional.
Nos casos em que não se possa estabelecer a precedência cronológica entre 2 (dois) precatórios, pagar-se-á primeiramente o precatório de menor valor.
A aplicação dos recursos restantes dependerá de opção a ser exercida por Estados, Distrito Federal e Municípios devedores, por ato do Poder Executivo, obedecendo à seguinte forma, que poderá ser aplicada isoladamente ou simultaneamente:
- destinados ao pagamento dos precatórios por meio do leilão:
- Leilões serão realizados por meio de sistema eletrônico administrado por entidade autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários ou pelo Banco Central do Brasil;
- admitirão a habilitação de precatórios, ou parcela de cada precatório indicada pelo seu detentor, em relação aos quais não esteja pendente, no âmbito do Poder Judiciário, recurso ou impugnação de qualquer natureza, permitida por iniciativa do Poder Executivo a compensação com débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra devedor originário pela Fazenda Pública devedora até a data da expedição do precatório, ressalvados aqueles cuja exigibilidade esteja suspensa nos termos da legislação, ou que já tenham sido objeto de abatimento nos termos do § 9º do art. 100 da Constituição Federal;
- ocorrerão por meio de oferta pública a todos os credores habilitados pelo respectivo ente federativo devedor;
- considerarão automaticamente habilitado o credor que satisfaça o que consta no inciso II;
- serão realizados tantas vezes quanto necessário em função do valor disponível;
- a competição por parcela do valor total ocorrerá a critério do credor, com deságio sobre o valor desta;
- ocorrerão na modalidade deságio, associado ao maior volume ofertado cumulado ou não com o maior percentual de deságio, pelo maior percentual de deságio, podendo ser fixado valor máximo por credor, ou por outro critério a ser definido em edital;
- o mecanismo de formação de preço constará nos editais publicados para cada leilão;
- a quitação parcial dos precatórios será homologada pelo respectivo Tribunal que o expediu.
- destinados a pagamento a vista de precatórios não quitados na forma do § 6° e do inciso I do art. 97 do ADCT, em ordem única e crescente de valor por precatório;
- destinados a pagamento por acordo direto com os credores, na forma estabelecida por lei própria da entidade devedora, que poderá prever criação e forma de funcionamento de câmara de conciliação.
Enquanto Estados, Distrito Federal e Municípios devedores estiverem realizando pagamentos de precatórios pelo regime especial, não poderão sofrer sequestro de valores, exceto no caso de não liberação tempestiva dos recursos
Denominada por alguns "emenda do calote", há de se dizer que, contra ela, a Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, em 15.12.2009, ajuizou ação direta de inconstitucionalidade (Adin 4357), sobretudo alegando que os leilões de deságio desqualificam as decisões do Poder Judiciário, prejudicam o direito adquirido e apequenam a coisa julgada. Ainda não há decisão sobre o tema (pedido de liminar ainda não apreciado).
O Presidente do STF, Ministro Gilmar Mendes, assim sustentou, em manifestação extra autos: "a proposta de parcelamento não é maldade cometida pelos agentes públicos. Trata-se de um modelo de racionalização para sairmos desse impasse que existe. Agora, se o modelo adotado é o melhor ou se existem alternativas é outra discussão".
O órgão especial do TJ/SP já declarou incidentalmente a inconstitucionalidade da emenda.
O novel regramento está a demonstrar que os dois parcelamentos antes facultados pela Constituição se mostraram insuficientes para atenuar, sequer em nível razoável, esse robusto passivo judicial. Com efeito, na promulgação da Carta Política em 1988 concedeu-se 8 anos para quitação dos precatórios pendentes e 12 anos depois, em 2000, mediante a Emenda Constitucional 30, franqueou-se outro fracionamento, em 10 anos, agora para as ações ajuizadas até 31 de dezembro de 1999.
Para a COMPENSAÇÃO do precatório com eventuais débitos não é necessária regulamentação, bastando que o crédito e o débito sejam referentes a mesma pessoa política. (não é necessário regulamentação + mesma pessoa política).
O TRF 4 já se pronunciou pela inconstitucionalidade dos §§ 9º e 10 do art. 100 da CF, introduzidos pela EC 62/09, que determinavam aos juízes que intimassem a fazenda para que dissesse se tinha algum crédito contra o contribuinte, para fins de compensação, antes da expedição da requisição de pagamento. Entendeu o tribunal que tal determinação ofende, a um só tempo:
a independência dos poderes, 
a garantia da coisa julgada, 
a segurança jurídica, 
o devido processo legal, 
a razoabilidade e a proporcionalidade. 
Desse modo, não há obstáculo à pronta expedição da RPV ou do precatório. 
QUESTÕES DECIDIDAS PELO STJ EM PRECATÓRIOS 
Em relação aos precatórios originados de ações movidas contra entidades da administração pública indireta do Estado, quanto à sistemática do art. 78, § 2º, do ADCT, a jurisprudência do STJ não abona a pretensão de compensação com tributos estaduais, se não houver legislação estadual autorizando tal operação, uma vez que não é dado ao poder judiciário invadir a esfera de competência do ente federado para determinar a compensação, como se legislador fosse. 
A jurisprudência pacífica desta Corte Superior firmou entendimento de que é inviável a compensação de débito tributário com precatório emitido por pessoa jurídica distinta da credora. 
A jurisprudência pacífica do STJ não abona a pretensão de compensação, se não houver legislação estadual autorizando a compensação de créditos tributários de ICMS com precatórios devidos por ente jurídico de natureza distinta, uma vez que não é dado ao Poder Judiciário invadir a esfera de competência do ente federado para determinar a compensação, como se legislador fosse. Somente quando existente lei estadual autorizadora é possível a compensação prevista no art. 170 do CTN de débito tributário com precatório judicial.
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão segundo a qual é possível a expedição de precatório relativamente à parte incontroversa da dívida quando se tratar de embargos parciais à execução opostos pela Fazenda Pública. Precedentes. (EREsp 638.597/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em 01/08/2011, DJe 29/08/2011)
A jurisprudência do STJ considera penhorável o crédito relativo a precatório judiciário, mesmo que a entidade dele devedora não seja a própria exequente, o qual, todavia, equivale à penhora de crédito, e não de dinheiro.
É proibida a compensação de créditos entre pessoas jurídicas distintas. Ademais, só é possível a compensação entre tributos de mesma natureza.É possível o fracionamento de execução de sentença para a expedição de requisição de pequeno valor, apenas se tratar-se de litisconsórcio facultativo ativo, e não de ação coletiva intentada por legitimado extraordinário ou substituto processual.
SÚMULAS DO STJ E DO STF SOBRE PRECATÓRIOS 
STF: 
Súmula 655: A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição, em favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatórios, limitando-se a isentá-la da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de outra natureza. 
Súmula 733: Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precatórios. 
STJ: 
Súmula 144: Os créditos de natureza alimentícia gozam de preferência, desvinculados os precatórios da ordem cronológica dos créditos de natureza diversa. 
Súmula 213: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária. 
Súmula 279: É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública. 
Súmula 311: Os atos do presidente do tribunal que disponham sobre processamento e pagamento de precatório não tem caráter jurisdicional. 
Súmula 406: A fazenda pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatórios.

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