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Caderno Tipicidade e Antijuridicidade

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Aula 14/03
Direito penal I
Definição do que é crime (trata-se de uma definição jurídico-penal).
Existem tão somente dois modelos de analise acerca do que é crime. O primeiro modelo é comumente chamado de modelo bipartido. Este modelo nos dirá que crime é tão somente um tipo de injusto culpável. Há, entretanto, uma outra possibilidade de modelo. O modelo tripartido dirá que crime é um fato típico, antijurídico e culpável. De cara, já se percebe a motivação por trás dos nomes. No modelo bipartido há duas partes, enquanto no modelo tripartido há três partes. Modelo Bipartido → tipo de injusto + culpável
Modelo Tripartido → fato típico + antijurídico + culpável
Tipicidade
Culpabilidade 
Antijuridicidade 
São os três elementos que compõem o núcleo bipartido do crime (bipartido e tripartido repetem um elemento, que é a culpabilidade). O que trabalha com duas partes, sistema bipartido, unifica em uma única categoria os dois elementos do sistema tripartido. No sistema tripartido o tipo injusto se subdivide em fato típico e antijurídico. 
Se eu tenho essas duas possibilidades de modelo, que dizem o que é crime, eu tenho uma premissa. A premissa é que não importa o modelo que eu escolher, eu sempre vou ter como premissa - já que eu estou tratando de um crime - a premissa e de que eu trato de uma conduta humana. Só seres humanos praticam condutas delitivas. 
Animais podem ser sujeitos passivos, podem ser protegidos de crimes como maus tratos aos animais.
Conduta humana (premissa para uma crime)
Possibilidades de condutas: comissivas e omissivas.
• Comissiva: comete algo
• Omissiva: se omite em face de algo 
Código Penal - art. 121 
 → "Matar alguém": conduta comissiva, uma narrativa que se caracteriza pela positividade da ação (algo que você faz) "você mata, você lesiona”.
Homicídio: é o tipo penal, é o fato típico. Não é necessariamente antijurídico e nem necessariamente culpável. Art. 121 - é apenas o tipo penal (não se sabe o contexto em que foi realizado, logo não se pode afirmar que se trata de um crime).
Código Penal – art. 135
→ "Deixar de prestar assistência": deixar de, não pedir; ela não tem um conteúdo de narrativa positivo, mas negativo. É algo que você deixa de fazer. O Estado impõe que você faça algo e você deixa de fazer.
Matar alguém é crime?
 Depende da situação. Matar alguém é apenas tipo penal. Você pode matar alguém por necessidade e isso exclui a antijuridicidade. 
Antijurídico e tipo de injusto - analisar o que ele fez; 
 Quer saber que conduta ele teve e se essa conduta e reprovável, para depois saber o que reprovar; 
Culpabilidade - analisar porque é reprovado; 
Porque fez algo que não deveria ter feito; 
Aula passada
Raiz história do direito penal moderno: direito penal cumpre uma função precípua no estado burguês - limitar o Estado na vida do indivíduo (Estado não pode te punir pelo que ele quiser, como ele quiser e quando ele quiser) senão não haveria o mínimo de segurança jurídica. Trata-se de uma tentativa de construir um direito penal racional. Tenta-se criar um poder direito penal racional para evitar arbitrariedades, abusos, etc no direito e proteger as liberdades individuais e coletivas no estado democrático. Eu tenho que ter um direito regido por princípios, comunicabilidade do direito constitucional e penal. Princípios recepcionados pelo código penal.
Princípios 
Princípio da legalidade: nulum crime nulum pena sine lege, não há crime não há pena sem lei. É óbvio que o princípio da legalidade ele se desmembrar em quatro vedações:
Retroatividade: é vedada a retroatividade da lei penal e isso se dá em dois sentidos:
Quanto a norma: proíbe todas as mudanças de pressupostos de punibilidade prejudiciais ao réu compreendendo os tipos legais, as justificações e as exculpações. A lei penal não pode retroagir no seu sentido normativo seja no tocante ao tipo, seja no tocante à antijuridicidade e a culpabilidade para prejuízo do réu.
Quanto a pena: abrange as penas e as medidas de segurança. Os efeitos de condenação, as condições objetivas de punibilidade, as causas de extinção de punibilidade (especialmente os prazos prescricionais) os regimes de execução incluído critérios de progressão e regressão de regime e obviamente todas as causas de excarceração (tirar do cárcere). 
Caso concreto: suponhamos que um sujeito hoje pratique um crime (fato típico, antijurídico e culpável), ele será processado por isso, mas antes de ser sentenciado a pena da crime dobra. Ele só pode ser julgado com base na pena que era dada para o crime naquela época. Escolha sempre em benefício do réu. Suponhamos que uma pessoa seja presa hoje por tráfico de drogas e depois de um mês a droga é legalizada. É imediata a sua excarceração.
A lei penal não retroage, salvo EXCEÇÃO: EM BENEFÍCIO DO RÉU (art. 5º, XL, CF). 
O costume: o recurso ao costume não pode servir de fundamento para criminalizar e punir um indivíduo. Exige -se lex scripta (lei escrita) para todos os tipos e respectivas penas a eles cominadas. 
Para que esse algo seja crime a conduta deve estar disposta no código penal. É óbvio que se eu crio crimes e a eles comino penas, os crimes enquanto construções sociojurídicas inseridas em determinado tempo histórico, é natural que os costumes ensejam processos naturais de legalização e descriminalização de condutas. Se começa a se praticar alguma conduta descrita no código penal de forma generalizada, mostra-se a falta de eficácia e de validade da norma penal. Desrespeito generalizado da norma faz com que ela passe por um processo em que descriminalizada.
Ex: nas grandes metrópoles não existe motel com esse nome. Porque num passado havia um crime no CP em que casa de prostituição. Como o motel era automaticamente relacionado a esse tipo de prática, porque havia um estigma relacionado a esse tipo de coisa. Passou a se legalizar apenas a conduta da prostituição, pois a proliferação dos motéis fez com que a lei perdesse sua eficácia. Relação causal.
Analogia: é proibido analogia in malam partem, em malefícios do réu. Não se pode aplicar a lei penal a fatos que não estejam previstos em lei, mas que sejam considerados semelhantes, ocasionando prejuízos ao réu.
Caso concreto: um sujeito tem uma companheira há 10 anos e engana ela dizendo que sua profissão e músico e que infelizmente não pode ficar muito em casa porque está viajando. Quando ele sai de casa, ele vai para casa de outra mulher com quem está casado há 20 anos e para ela diz que é cacheiro viajante e não pode ficar em casa nos dias em que está com a outra devido ao trabalho.
Bigamia é crime? Sim. Contrair casamento sendo já casado, não contrair casamento e depois união estável. 
É permitida a analogia em bonam partem.
Caso concreto: uma mulher mora no interior do Nordeste. Mulher é estuprada e poucos meses descobre que decorreu uma gravidez desse estupro. A mulher não tem grana, não tem condição de pagar um ônibus que tenha o serviço de aborto. Então, chega uma amiga mais velha parteira e diz que pode fazer o procedimento do aborto. Opções: ou tem o filho ou aborta. Com ela não acontece nada, porque ela já está protegida pela lei para fazer o aborto. Mas e a parteira? É válido punir uma senhora que tinha a intenção de ajudar a amiga que não tinha condições de acessar esse tipo de serviço? Não. Se não houve nenhum tipo de malefício para mãe da criança, se foi consensual e se esse foi o contexto é possível fazer analogia para beneficiar o réu.
Indeterminação: trata-se de um dispositivo principiológico contra o arbítrio expresso por leis penais indefinidas ou obscuras. Welzel dizia que a indeterminação da lei é o maior perigo para a segurança jurídica.
Ex: lei de drogas, pluralidade de verbos... 
Princípio da Culpabilidade: trata-se de conhecimento real ou possível do tipo de injusto. Disto se depreende que o princípio da culpabilidade está em relação de dependência com o princípio da legalidade, já que este diz o que é crime. Nula pena sine culpa. Consequente daparte da culpabilidade dos sistemas tripartidos e bipartido.
Não se pode punir sem que se faça presentes os requisitos do juízo de reprovação:
a) inimputáveis: não podem ser puníveis porque não tem culpabilidade. Pessoas incapazes de saber o que fazem (passivos de medida de segurança) 
Ex: sujeito que a mulher tem uma doença de bebida patológica ele se envolva numa briga provocado por ele mesmo e lesione uma pessoa. É um fato culpável? Não. É um fato típico e antijurídico, mas ele é inimputável porque faltou a ele motivação racional devido a sua patologia. Ele não sofre nenhum tipo de sanção? Não, pode ser acionada medida de segurança nesse caso. 
b) imputáveis em erro de proibição inevitável: não sabem o que fazem justamente por estarem em erro.
Ex: caso de uma senhora que decide na região área pública que tem uma série de ervas e decide colher porque quer preparar um chá pra sua neta. Senhora tem ascendência indígena e entende do uso de ervas. E aí é acusada de crime ambiental porque se tratava de uma área de proteção. Nessa situação, a senhora por ter uma neta que estava sofrendo e por pensar que esse seria o único jeito de acabar com seu sofrimento pensou que não haveria problema em retirar uma erva dessa reserva ambiental. Pensa que seria proibido se fosse cortado com más intenções.
	
Erro de proibição – conheço a lei, mas que naquele caso específico por mais que tenha uma tipicidade você tem um erro. Erro tem que ser inevitável. Tudo leva a crer que toda pessoa naquela mesma situação faria o mesmo. Defeito no entendimento do tipo. Caso do holandês que ascendeu um baseado no aeroporto e foi enquadrado por tráfico ilegal.
c) imputáveis em situação de exculpação: sem o poder de não fazerem o que fazem. Se o sujeito pega uma arma e coloca na cabeça do filho e mata o cara. Coação moral irresistível. É irresistível quando qualquer pessoa “mediana” tomar a mesma decisão que foi tomada.
Aula 19/03
Teoria do bem jurídico
Para que haja um tipo penal, que esteja de acordo com os modelos do que é crime, e que ao ser cometido de modo antijurídico culpável expressa um crime. Para que ele exista, é preciso que expresse a tutela penal de um bem jurídico. Todo tipo penal expressa um bem jurídico tutelado pelo direito penal
	Art. 121 –“matar alguém”. A justificativa da existência desse tipo penal é o fato de que o direito penal tutela a vida humana, logo, o bem jurídico tutelado pelo art. 121 é a vida humana.
Se eu for para outro tipo, por exemplo, tipo furto. Qual bem jurídico tutelado por esse tipo penal? Patrimônio.
Subtrair sobre violência ou grave ameaça coisa alheia móvel. Qual tipo de bem tutelado? São bens coletivos. Furto + violência com grave ameaça. Ameaça a dois bens jurídicos: propriedade e patrimônio e autodeterminação individual (sujeito em situação em que ele não pode escolher o que fazer). 
Se for com violência também tutela a integridade física.
Um mesmo tipo penal pode tutelar mais de um bem jurídico, mas tem de haver pelo menos um. 
Não há de se falar de uma tutela do bem jurídico, na verdade é uma pretensão de tutela. Pretende proteger a vida humana pela existência do art. 121, mas efetivamente não tutela, não por má fé, mas por não ser o dispositivo efetivo.
Pós-modernidade 
A partir dos anos 90 sécs. XX/XIX – Pós modernidade: tese em que vários autores defendem que a queda do muro de Berlim e a dissolução da União Soviética e do fim da bipolarização do mundo (entre mundo socialista e mundo capitalista) os paradigmas do século XX e aqueles que orientaram toda a modernidade, durante o século XIX, colapsaram integralmente, de modo em que não mais o mundo estaria dividido. Em geral, todo pós-moderno defende que não há UMA verdade, há MÚLTIPLAS verdades. A verdade, já no século XXI, colapsou a noção de verdade da modernidade. A verdade não é mais identificada como sempre foi, isto é, a partir de um método científico. 
Definição de verdade dada por Platão: crença verdadeira justificada. Porque que isso é importante? Porque a verdade é fundamental? Porque na epistemologia, que é a teoria do conhecimento, discute-se as formas de se conhecer. Se eu caço a categoria verdade, eu digo que todos conhecem o mundo de uma forma relevante.
→ exemplo da astrologia e astronomia como a mesma coisa, mesma função;
	Se não há um conceito de verdade, o pós-moderno não nega que algo se apresenta como verdadeiro. Em geral, o pós-moderno dirá que isso é tão somente o resultado de uma disputa entre narrativas, em que uma delas se sobressai hegemonicamente e é considerada como verdade. 	
	A realidade é socialmente construída. Toda realidade é socialmente construída. Desconsidera biologia, física, etc. Não há o conceito de saber, há o conceito de saberes.
	Há de fato uma hierarquia do saber. Quem alega, desde o princípio, tem o compromisso de provar.
	Na década de 90, ocorreu o processo de ruptura da modernidade, ruptura de paradigmas. Se não há uma só verdade, como isso afeta o direito penal? Ocorre o processo de desmaterialização do bem jurídico ou, em alguns materiais, espiritualização do bem jurídico. Se eu examino o art. 121, eu vejo que ele expressa uma concretude material obvia, vida humana, é concreto, eu vejo, eu afiro. O que começou a acontecer foi uma pluralização de tipos penais e de bens jurídicos construídos socialmente, sem lastro material. 
	→ hoje, na Alemanha, é crime negar o holocausto (tipo penal). Se eu crio uma conduta penal “negar o holocausto”, o bem jurídico tutelado por este tipo é o sentimento do povo judeu.
	Sentimento como algo subjetivo e intangível. Como eu embaso isso? É possível criar um direito penal racional a partir disso? 
Princípio De Lesividade e Princípio da Insignificância
Do princípio de lesividade decorre um outro princípio, este é uma expressão positiva do gênero lesividade, que é o princípio da insignificância. Se já é difícil construir um bem jurídico elaborado, dar um status material para ele, o que que é o próximo passo em respeito do princípio da lesividade? É preciso saber se a lesão foi relevante ou não. Há várias formas de lesionar o bem jurídico. 
Caso concreto: uma senhora entrou nas lojas americanas, colocou uma barra de chocolate de diamante negro na bolsa e saiu das lojas americanas. O alarme apitou e ela foi presa em flagrante por crime de furto. Ela praticou furto? Efetivamente sim. Furtou coisa alheia móvel para si ou para outrem. 
bem jurídico tutelado: patrimônio. 
Mas será que o furto de uma barra de chocolate afeta o patrimônio das Lojas Americanas? O ponto é, mesmo dentro do aparato jurídico, há discordâncias. Fundamentadas ou não. 
Princípio da Proporcionalidade 
Expressa três princípios parciais: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito (avaliação).
Disso decorrem três perguntas 
A pena é adequada ao caso concreto?
A pena é necessária ao caso concreto?
A pena criminal cominada e aplicada é proporcional a lesão abstrata (limita o legislador) ou concreta (limita o juiz) ao bem jurídico?
É razoável que tipos penais distintos, abstratamente analisados, tenham penas distintas, mas que o cortejo desses tipos penais não apenas expresse penas distintas, mas, também, penas proporcionais na medida das suas distinções. Não faz sentido, por exemplo, que uma lesão corporal tenha uma pena maior e mais severa que a de um homicídio.
Lesão abstrata – legislador ira redigir o tipo e irá cominar uma pena 
Lesão concreta – limita o juiz 
→ dois tipos penais de homicídio (art. 121, CP)
caso (a): sujeito tem um desafeto, puxa uma arma e dá um tiro na cabeça e o cara morre na hora.
caso (b): sujeito tem um desafeto, vai até a casa do sujeito na calada da noite, fica de tocaia, quando vê o sujeito dá um tiro em cada perna e quando ele cai corta ele em pedacinhos.
São casos concretamente distintos, embora tratem de mesma matéria: homicídio. Possuem, portanto, diferença qualitativa.
Princípio da Humanidade 
Art. 1º, III, CF
Art. 5º, XLVII, CF
Art. 38, caput, CP [materialização dosdois artigos anteriores]
Responsabilidade penal pessoal: 
- limita aos autores e partícipes a responsabilização pela realização de um tipo de injusto penal;
- limita a responsabilização penal aos seres humanos de carne e osso, uma vez que há o requisito da culpabilidade vedando a criminalização da pessoa jurídica;
Aula 21/03
O pressuposto de uma conduta criminosa é uma conduta humana, isto é, uma ação praticada por um ser humano. Essa conduta poderá ser comissiva ou omissiva e para que possa ser classificada como criminosa deve ser classificada como um fato típico, antijurídico e culpável. Então esta ação, em sentido latu, essa ação deve ser analisada. O que o direito penal entende como ação?
Teoria da Ação
Modelo Teleológico de Ação 
Telos, em grego, significa finalidade ou objetivos. Aristóteles em seu texto “de anima”, que significa “da alma”, verificou a existência de duas substancias: animadas e inanimadas. Ele dirá que o que diferencia essas duas substâncias é a psiché (alma como algo que te torna um ser). Feita essa separação, entende-se que a necessário categorizar as diferentes espécies de substancias animadas e, por fim, concluir quais são as capacidades que vão diferenciar o homem das demais espécies. Para Aristóteles, o que diferencia os homens de outros seres animados é sua capacidade de cálculo e raciocínio. Por possuímos a capacidade de cálculo e raciocínio somos animais políticos.
	Ao contrário de todos os outros animais, o ser humano consegue estabelecer fins, objetivos. A partir desses fins e objetivos pré-estabelecidos, os seres humanos são capazes de selecionar meios para a realização desses objetivos. À medida que os seleciona consegue materializa-los em suas ações, isto é, consegue empregar esses fins e meios na prática da vida social.
	Teleologia → toda ação humana é teleológica, isto é, o ser humano estabelece fins/objetivos, seleciona meios e aplica esses meios para alcançar os objetivos previamente estabelecidos. Há, também, ações mecânicas, mas essas não interessam ao direito penal.
Caso concreto: temos um casal que está dormindo na cama e em determinado momento o marido tem um pesadelo. Ele fica angustiado, sua esposa fica nervosa e cutuca-o. Quando ela o cutuca ele, num ato reflexo, vira e dá uma cotovelada no nariz dela quebrando-o. Se trata de uma lesão, no entanto, não se trata de uma ação teleológica, uma vez que se trata de um impulso mecânico. Há, neste caso, ausência de ação. Nesta situação a mulher não poderá acusa-lo de lesão corporal, uma vez que se tratou de uma ação mecanicista, isto é, não houve o estabelecimento de um fim, a organização dos meios e nem a aplicação deles para que fosse alcançado o objetivo.
Para que haja conduta criminosa é preciso que haja uma conduta humana e que esta seja teleológica. Neste caso, a lesão causada pelo marido em sua esposa foi apenas uma resposta mecânica, já que seu marido estava inconsciente ao realizar tal ação. Nesse sentido, uma vez que o marido não estabeleceu o fim de lesiona-la, não organizou meios e não aplicou esses meios para alcançar um fim previamente estabelecido, não há ação teleológica e, portanto, não há conduta criminosa.
Teoria do Tipo 
A noção de tipo penal nasce no século XIX com Bering, quando Bering propôs o conceito de fato típico, ele tinha o significado em alemão de “tabestand”, o que significa situação de fato. O tipo penal é tão somente descritivo e objetivo, neutro, tipo puro, não incide valoração e subjetividade. Há medida que o tipo penal se desenvolve ao longo da história, descobre-se que o tipo penal não é completamente neutro, uma vez que não há nada puramente neutro. O tipo penal pode ser descritivo e objetivo, mas também pode ser subjetivo e normativo. Foi possível perceber isso, uma vez que há o modelo teleológico de ação. Toda ação que realiza um tipo expressa desde sua gênese uma intencionalidade, uma programação mental orientada para um fim especifico. Já na ação o agente se faz sujeito, já que a ação realiza um tipo, como seria possível que a ação não seja neutra e o tipo seja.
	“Tabestand” (situação de fato): o tipo penal se constituiria como uma categoria objetiva e livre de valoração. Os elementos subjetivos estariam presentes na culpabilidade, enquanto que a valoração caberia a antijuridicidade.
	Mudança essencial: modelo teleológico de ação (Welzel) – se a ação realiza o tipo penal ela é manifestação expressa de uma vontade consciente de modo que os tipos penais conteriam em si elementos objetivos e subjetivos, logo não há teoria pura do tipo penal.
Tipo de injusto: é criado a partir da junção do fato típico e antijurídico, uma vez que se entende que o fato típico não é neutro, objetivo e sobre ele incide valoração.
Teoria da Adequação Social e Exclusão da Tipicidade (proposta por Wezel)
Definição: fato atípico corresponde ao tipo penal, mas é realizado no contexto da ordem sócio histórica da vida em comunidade. Não sendo, portanto, socialmente inadequados.
O tipo não é puro, o tipo expressa uma valoração intrínseca a ele. O legislador está limitado a sua escrita. O tipo também contém casos em que dado o contexto social em que a ação é realizada, malgrado ela corresponda a descrição típica, ela não realiza o tipo. 
Ex: fofocas e difamação dentro do contexto familiar ou de uma academia, furtar quando se está em um contexto de fome e não há outras formas de saciar essa necessidade. Nesses casos o tipo penal é ignorado, já que dentro de um dado contexto sócio histórico tal tipo de conduta é adequada. Por mais que se realize o tipo penal, não há uma conduta inadequada, trata-se, portando, de um fato atípico. 
Ao analisar um caso concreto é preciso, primeiramente, analisar se houve conduta teleológica, se o fato é típico, se houve antijuricidade e se é culpável.
Caso concreto: furtar uma barra de chocolate.
Furtar: subtraiu coisa alheia móvel para si ou para outrem, nesse caso houve ação teleológica que realizou um tipo penal.
Princípio da legalidade: ação teleológica, está no tipo e na ação, configura-se como tipo penal.
Princípio da lesividade: houve uma lesão substantiva e relevante ao bem jurídico tutelado pelo tipo de furto? Disso decorre o princípio da insignificância. 
 Hipóteses de defesa:
Princípio da insignificância; 
Adequação social da conduta; realizou o tipo penal em decorrência da fome;
Propriedade x vida; propriedade x integridade física;
Se uma das hipóteses for aceita, o cliente será absolvido, já que nesse caso se trata de fato atípico. Fundamentar a sua absolvição a partir das hipóteses da defesa (princípio da lesividade, insignificância e adequação social).
Ex: art. 327, CP- “solicitar ou receber”, trata de uma ação passiva. 
Aula 26/03
Modalidades de Tipos:
Tipos de resultado: há uma separação espaço-temporal entre ação e resultado
[art. 121, CP – separação espaço-temporal entre o que se fez e o resultado (atirar em alguém e a pessoa falecer três dias depois devido a uma infecção); “furtar coisa alheia móvel para si ou para outrem” – há decisões e ações que devem ser realizadas até a realização do crime, etapas do crime do “quero furtar” até a consumação do furto].
Tipos de simples atividade: a realização da ação não produz resultado independente, casos em que essa separação espaço-temporal inexiste.
Art. 150, CP – “entrar ou permanecer”, o simples fato de entrar ou permanecer já realizou o crime. Não há uma condição espaço-temporal para se realizar o crime, simples fato de entrar sem autorização já configura crime.
Art. 342, CP – “fazer afirmação falsa, tentar ocultar”, é de simples atividade.
Tipos Simples: protegem apenas um bem jurídico. 
Matar alguém; bem jurídico tutelado: vida humana.
Tipos Compostos: protegem mais de um bem jurídico.
Roubo; bens jurídicos tutelados: propriedade ou patrimônio, pretensão de proteger a integridade física e autodeterminação.
Tipos de Lesão: 
Tipos de Lesão real: ocorre a lesão real, concreta, do objeto da ação (representa a maioria esmagadora dostipos penais). Pessoa específica, um bem específico, se trata de algo individualizado.
Tipos de Perigo Concreto: exigem a efetiva produção de perigo para o objeto em proteção, de modo que a ausência de lesão pareça acidental. Bem jurídico mais abrangente.
Enquanto no anterior eu tenho uma lesão real ao bem jurídico. Homicídio, eu efetivamente tentei matar aquela pessoa. Eu queria um resultado, eu dei tiro. Mas ele não morreu; não importa, pois, houve uma tentativa de homicídio. Escolhi lesão corporal porque queria que a pessoa ficasse bem machucada, trata-se de uma lesão real, a integridade física. Lesão objetiva e real. 
Nos tipos de perigo concreto, eu não tenho uma lesão real, eu tenho um perigo concreto. O que é um perigo concreto? É a produção de um risco tão substantivo, tão claro, que se o resultado naturalístico não ocorrer vai aparecer mero acidente, dado o nível do perigo, dado a sua concretude.
 	 Art. 130, CP – “sujeito que tem doença venérea” e ele decide, (não sabe da doença, mas deveria saber) expor a vítima a esse contágio. Ele não usa e convence a vítima a não usar nenhum tipo de preservativo. Partindo do pressuposto que o autor tem essa doença e a vítima não se protegeu de maneira alguma, temos uma situação de um perigo que de tão concreto, que se a vítima não se contagiar parece até um acidente, sorte.
 	 Art. 250, CP – “incêndio com objetivo de danificar uma propriedade ou matar alguém dentro do lugar”, o incêndio falhou em cumprir essas aspirações. Se parece um acidente, parece sorte, uma vez que há um perigo concreto.
– Tipos de Perigo Abstrato: presumem o perigo para o objeto em proteção. Não é necessário que o Ministério Público ofereça provas de que a conduta ofereceu um risco concreto, uma vez que a própria lei presume que a conduta é, em abstrato, perigosa.
 Problema: não estabelece nenhum critério objetivo para aferir a concretude do perigo.
Tipos instantâneos (ou de estado): completam-se com a produção de determinados estados.
 	Momento em que se completa o homicídio: a morte, momento em que se completa o furto: quando eu detenho a posse mansa e pacífica da coisa furtada. Se realiza assim que o resultado ocorra.
Tipos permanentes (ou duráveis): caracterizam-se pela extensão no tempo da situação típica.
 		Tipo permanente óbvio: sequestro. Por que? Foi lá, pegou a pessoa, colocou ela em cárcere privado, o tipo de sequestro está ocorrendo tão logo a pessoa seja liberta, tão logo ela consiga escapar. Durante todo aquele tempo em que ela esteve em cárcere, o resultado está se protraindo no tempo. Não é um tipo instantâneo, é um tipo permanente. 
Tipos Gerais: realizáveis por qualquer pessoa.
 
Tipos Especiais: somente podem ser praticáveis por sujeitos portadores de qualidades descritas ou pressupostas no tipo legal.
Tipos Especiais Próprios: fundamentam a punibilidade.
Tipos Especiais Impróprios: agravam a punibilidade.
Tipos de Mão Própria: somente podem ser realizados por autoria direta (nunca por autoria mediata, quando o autor domina a vontade alheia e desse modo se serve de outra pessoa como instrumento).
Aula 28/03
Tipos Especiais
	
Tipos Especiais Próprios:
Art. 312 – um tipo especial próprio, o tipo diz a respeito do funcionário público, só pode ser praticado por um funcionário público;
Art. 316 – “ainda que fora da função”, o que fundamenta é o fato de que o sujeito é funcionário público; 
Art. 317 – idem;
Tipos Especiais Impróprios:
Art. 150, parágrafo 2º – o que fundamenta não é o fato de ser funcionário público, mas se for funcionário público aumenta a pena, se trata de um tipo especial impróprio. O caput do artigo é tipo geral, ou seja, se aplica a qualquer pessoa.
Tipos de Mão Própria: não admitem a autoria mediata (nunca por autoria mediata, quando o autor domina a vontade alheia e, desse modo, se usa de outra pessoa de instrumento). Não admite instrumentalização. Especificidade ainda maior.
Art. 342 – “falso testemunho”, só a pessoa que está testemunhando poderá cometer falso testamento 
Art. 123 – restringe-se unicamente à mãe que mata o seu próprio filho e estava em estado puerperal.
E se uma mãe sob estado puerperal decide matar o próprio filho e contrata alguém para fazê-lo? Qual é crime praticado por quem matou a criança? Homicídio. Mãe responderá pelo crime de infanticídio e quem matou pelo crime de homicídio.
(VI)
Tipo Básico: representa a forma fundamental do tipo de injusto.
Art. 121, caput – tipo básico.
Tipo Privilegiado ou Qualificado: indica caracteres ligados ao modo de execução, ao emprego de certos meios, as relações entre autor e vítima ou as circunstâncias de tempo ou lugar que atenuariam ou agravariam a punibilidade do fato.
Art. 121, parágrafo 1º - tipo privilegiado 
Art. 121, parágrafo 2º, I – tipo qualificado
→ se o crime for de tipo privilégio e, ao mesmo tempo, qualificado, prevalece o privilégio e a qualificação cai.
Tipos Independentes: possuem conteúdo típico próprio posto que sua combinação cria um tipo independente. 
Ex: furto + lesão corporal = roubo 
(VII)
Tipos de Ação: comportamentos ativos descritos em forma positiva no tipo penal/tipo legal.
Tipos de Omissão da Ação: comportamentos passivos que podem apresentar omissão própria ou imprópria. 
Omissão Própria: descrita de forma negativa no tipo legal caracterizando-se pela simples omissão da ação mandada.
Art. 135 – “deixar de prestar assistência...” 
Art. 269 – “deixar de...”
Omissão Imprópria (comissão por omissão): trata do dever de garantidor e ele tem que agir.
Art. 13, parágrafo 2º - “dever de garantidor, tem que agir, não pode se omitir”
Requisitos: poder agir, evitabilidade do resultado e dever de impedir o resultado.
Caso concreto: pai leva o filho de 6 anos na praia, o filho pula na agua e manifesta que esta se afogando. O pai pode negar a socorrer seu filho? Não, pois ele tem o dever de garantidor. No entanto, se o pai não souber nadar não se pode exigir legalmente que o pai entre na água para tentar salvar o filho. Poder de agir.
Suponhamos que os dois estivessem na agua e o pai fosse um nadador, ele se distrai, bate uma onda e o pai acaba soltando. A maré puxa, o pai tenta nadar, mas ele não consegue pegar o menino. Resultado inevitável. 
Mae que levou o filho no wallmart, esqueceu que levou o filho, saiu do carro e foi para o supermercado. O menino morreu de insolação. Ela tinha o dever de garantidor. Se trata de um caso de omissão imprópria. Ela poderia agir? Sim. O resultado era evitável? Sim. Há um dispositivo que diz algo como se o crime em si já constitui a pena o Estado pode se eximir de aplicar uma pena.
Aula 02/04
(VIII)
Tipos Dolosos: são produzidos pela vontade consciente do autor.
Tipos Culposos: soa produzidos pela lesão do dever de cuidado ou pela lesão do risco permitido.
Se já vimos a parte de princípios, de ação e a parte de modalidade de tipos, que é muito mais uma parte classificatória e característica. Agora, entraremos efetivamente no estudo do tipo em sua primeira acepção.
Depois de analisar se houve a realização de um crime iremos analisar no âmbito da subjetividade, isto é, qual foi a sua intenção com o crime praticado. Se o crime foi doloso, culposo, as condições materiais, o contexto, se foi em legítima defesa, etc.
Tipo Objetivo
No tipo objetivo serão analisadas duas coisas. Em um primeiro momento, a causação do resultado. Já em um segundo momento, a imputação de resultado.
Causação do resultado: é um processo natural de determinação causal. Determina-se a relação de causalidade entre ação e resultado.
Imputação do resultado: é um processo valorativo de atribuição típica. Define-se o resultado como realização do risco criado pelo autor; imputável ao autor como obra dele.
No primeiro momento, houve uma ação e um resultado. Há um nexo causal que liga ação e resultado um ao outro?
Caso concreto: um sujeito apertou um gatilho de uma arma carregada. Um outro sujeito morreu ao ser atingido por uma arma. Foi a bala daquela pistola queatingiu um sujeito? Sim. Há nesse caso uma ação, um resultado e uma relação direta entre a causa e o resultado. Isso é uma relação de causação do resultado.
Dessa ação de que resultou algo, essa relação de causalidade é imputável àquele autor como obra dele? A quem esse resultado é imputável? Não se quer saber a intencionalidade do agente no tipo objetivo.
Teoria da Equivalência das Condições (art. 13, CP. Análise da causação do resultado)
Se não há uma teoria de nexo causal, eu regresso ao infinito. A partir de um momento não há mais causa, apenas contextos. Sendo assim, no âmbito da causação do resultado só importa a ação, o nexo causal e o resultado.
Conceitos centrais:
Todas as condições determinantes de um resultado são necessárias.
Causa é a condição que não pode ser excluída hipoteticamente sem excluir o resultado.
Ao analisar um caso concreto irei reconstruir o caso em minha cabeça. Tenho que examinar o que é necessário para ter acontecido. Nesse sentido, irei retirar etapas desse processo. Se eu excluir uma etapa e o resultado for excluído trata-se de causa do resultado.
A e B decidem matar C. Eles arquitetam um plano. B é dono de um restaurante e além de dono ele é o cozinheiro. A tem veneno. Eles arquitetam o seguinte plano: iremos chamar C, para o seu restaurante (B) e antes vou te entregar um veneno, você (B) irá colocar na comida dele e quando vier o seu prato comeremos normalmente e, assim, eu (A) servirei de álibi. Se eu tirar A o que acontece? Nada, uma vez que A que trouxe o veneno.
Exame de Concausas (causas que concorrem)
Caso concreto: A quer matar B. A saca a arma carregada e mira em B, mas antes que A dispare uma telha cai em cima de B e causa sua morte. A causa da morte de B, portanto, que antes seria devido a um possível disparo causado por A, agora teve sua causa devido à queda de uma telha. Desse modo, ainda que A tivesse a intenção de praticar um homicídio, A não será responsabilizado por este crime, uma vez que não teve nenhuma relação com a queda da telha em B.
Concausas: interrupção da relação de causalidade.
No âmbito dessa relação de causalidade, interessa saber qual foi a ação que rendeu o resultado. Porque? Porque podem ter havido ações concorrendo para um mesmo resultado, mas uma sobressaiu. No caso concreto, em que a telha caiu em cima de B, o nexo causal de A foi interrompido por uma causa absolutamente independente. Logo, rompeu-se a relação de causalidade. Não houve causação do resultado e nem imputação do resultado.
Modelos de interrupção de causalidade
Absolutamente independente: produz diretamente o resultado interrompendo o curso causal anterior. Nunca tem nexo causal.
As causas absolutamente independentes se dividem em:
Pré-existentes: anterior ao que está dando causa. A decide matar B. Eles estão num restaurante. Vou falar que vou no banheiro e quando me levantar vou dar uma facada nele. B cai e ele foge. Laudo do IML: causa mortis envenenamento. B tinha sido envenenado por outra pessoa. Causa absolutamente independente de A pré-existente. Nesse caso A irá responder por tentativa de homicídio, uma vez que causa mortis não foi a facada.
Concomitante: causa ocorre ao mesmo tempo. A e B, sem combinar, tentam matar C ao mesmo tempo disparando. Quem matou C? A atirou na barriga e B na cabeça, laudo diz que a causa mortis foi traumatismo craniano. Portanto, B responderá por homicídio e A por modalidade de homicídio tentada. Os dois atiraram na mesma área e a causa da morte foi aquela mesma área, logo trata-se de causa concomitante.
Superveniente: sempre depois, posterior ao que deu causa. Suponhamos que A envenene B, que acabou de comer, foi envenenado, levantou, pagou a conta, saiu do restaurante e no momento que atravessou a rua foi atropelado. Sua causa mortis foi o acidente. Nesse caso, A não será responsabilizado pela morte ainda que tenha tentado matá-lo.
Relativamente independentes
Pré-existente: A esfaqueia B que é hemofílico e morre em decorrência da ferida e da sua incapacidade de coagular o seu sangue. Havia uma condição pré-existente. Se ele não fosse hemofílico ele teria morrido? Não, uma vez que a causa da morte foi a conjugação de facada e hemofilia. Sobreveio uma causa pré-existente relativamente independente, uma vez que hemofilia e facada estão diretamente relacionados. A sabia que B era hemofílico? Se sim A seria punido por homicídio, se não soubesse A responderia por tentativa de homicídio dependendo do lugar da facada ou lesão corporal.
Concomitante: A começa a atirar em B que é cardíaco. B tem um pico de estresse e devido ao susto causado pela situação B morre. A sabe que B é cardíaco? Se não sabe se B é cardíaco é tentativa, se souber é homicídio.
Superveniente: art.13, parágrafo 1º, CP. Ou seja, importa identificar, no caso das supervenientes, a causa que por si só produziu o resultado. A imputação de resultado mais grave não acontece, rompe-se o nexo de causalidade. E se A atira em B com dolo de homicídio, B cai no chão, não morre e socorrido por uma ambulância, o piloto com pressa de chegar ao hospital se envolve em um acidente. Disso decorre a morte de B devido ao acidente de transito. A superveniência veio depois (a ambulância) de causa (o acidente) relativamente independente (há uma separação entre um tiro e uma ambulância surgir) exclui a imputação, uma vez que o acidente por si só produziu o resultado. Os fatos anteriores, entretanto, imputam-se aos que o praticaram. Não há desdobramento naturalístico. Não se pode responder por homicídio.
Em uma outra situação, a causa mortis foi um erro médico durante uma cirurgia devido ao tiro. É obvio que ser submetido a uma cirurgia é uma consequência de ser atingido por um tiro, agora não há um desdobramento naturalístico entre tiro e problema cirúrgico causado pelo erro médico. Sujeito que deu o tiro responderá pela tentativa de homicídio.
Não se trata de superveniência quando há desdobramento naturalístico.
Ex: agora, suponhamos que ele não tenha morrido no acidente do transito, mas de uma infecção hospitalar devido as feridas. É uma superveniente (veio depois), com causa (porque ele morreu por causa da infecção), mas relativamente independente porque a infecção e a ferida estão em um desdobramento naturalístico. Responderá por homicídio.
Aula 04/04
É muito comum que você possa ter uma causa, um resultado, um nexo causal e, obviamente, uma imputação objetiva ao agente e isso se dá naquele tipo ideal. Agora, muitas vezes aparece uma concausa ou mais de uma. Há causas em conflito para a produção de um resultado e isso irá afetar tanto a análise da causação do resultado quanto a análise objetiva da imputação do resultado ao agente. Há as causas absolutamente independentes, isto é, rompem completamente o nexo causal e de causas relativamente independentes, não se rompe completamente o nexo causal. No caso das causas relativamente independentes, a única diferença não se dá no exame da pré-existente, nem da concomitante, mas da superveniente, que irá disciplinar a causa que por si só causou o resultado. Este “por si só” não está solto no tempo, ele está relacionado a algo, senão não haveria uma concausa. Agora, eu quero saber se o “por si só” está naturalisticamente ligado aquele evento ou não, se rompeu o nexo causal completamente. Se sim responde pelo que ele fez, se não responde apenas por tentativa.
Relações de Causalidade
Imputações objetivas do resultado: resolve os problemas oriundos do mecanicismo.
Valoração: 
Atribuição objetiva do resultado – conforme o critério de realização do risco.
Atribuição subjetiva do resultado – conforme o critério de realização do plano.
Se a imputação objetiva diz que a lesão ao bem jurídico foi obra dele temos, portanto:
A criação de um risco para o bem jurídico pela ação do autor;
Realização do risco criado pela ação do autor no resultado de lesão ao bem jurídico;
Hipóteses de ausência de risco de resultado:
O autor não cria o risco de resultado. 
Ex: situação em que uma pessoa sugere a outra quevá nadar na praia, mas está ocorrendo uma tempestade e há o risco da pessoa que entrar no mar ser atingida por um raio. A pessoa é atingida pelo raio, mas quem sugeriu não tem relação alguma com a produção desse risco de resultado, se a pessoa morreu se trata de um mero evento determinístico causal.
O autor reduz o risco de resultado.
Ex: suponhamos que eu veja que uma pessoa será atropelada e eu a empurro para evitar essa situação, porém no momento que eu a empurro, e que o seu braço. Foi uma ação teleológica, o resultado é imputável a mim (ela só quebrou o braço porque eu a empurrei). Mas nesse caso, a lesão se justifica, pois, se trata de uma tentativa de atenuar o risco. Nesse sentido, há um fato atípico.
Ex2: suponhamos que um bombeiro está cumprindo o seu dever tentando apagar um incêndio, mas vê que não poderá conter o incêndio e terá que evacuar o estabelecimento. Ao evacuar ele vê que ele e uma criança está num cômodo ele pega a criança para salvar ela, mas percebe que não há como arrombar a porta, se não o prédio cai. Ele pode jogar a criança pela janela? Sim, dependendo do andar. Bombeiro está agindo no sentido de reduzir o risco ao bem jurídico.
Ex3: suponhamos que A e B são de gangues rivais. A atira na barriga de B, B cai e é socorrido por uma ambulância enquanto A foge. No caso não ocorreu o socorro, porque B se negou ao socorro e fugiu. B morreu em decorrência do tiro. Eu tenho uma tentativa de homicídio porque o agente contribuiu para o resultado, mas para aumentar o risco ao bem jurídico.
Aula 09/04
Tipo Subjetivo 
Tipo de Injusto Doloso 
Elemento Subjetivo Geral: dolo
Elementos Subjetivos Especiais: intenções, tendências especiais, atitudes pessoais (necessários para precisar a imagem do crime ou para qualificar ou privilegiar certas formas básicas).
Definição de Dolo
Dolo é vontade consciente de realizar um crime ou mais tecnicamente a vontade consciente de realizar o tipo objetivo de um crime. 
Pensar em duas palavras chaves: “saber + querer”, se faltar uma das duas não é dolo. O “querer” é fundamental para a existência de dolo. Disso depreende-se que não há tentativa culposa, para que eu tente algo eu devo querer algo.
Art. 18, III, CP – quando ele quis o resultado (dolo direto) ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual).
Elementos Constitutivos do Conceito de Dolo 
Elemento intelectivo: representação do fato (A) + compreensão (B) de que o resultado naturalístico é certo ou provável como decorrência da conduta praticada.
Comportamento que preenche as exigências objetivas de um tipo penal 
Trata-se de consciência atual pois não é possível querer o que não se conhece, não bastando ser potencial 
Elemento volitivo (de vontade): consiste na vontade informada pelo conhecimento atual de realizar o tipo objetivo de um crime.
A vontade deve ser incondicionada. Decisão de uma ação já definida, ou seja, se A pega uma arma e vai em direção a B sem saber se vai machuca-lo ou feri-lo não existe dolo, já que se arbitra o dolo a partir de uma decisão tomada. A vontade tem de ser capaz de influenciar o acontecimento real permitindo o resultado como obra do autor. Então, isso também vale para o exemplo do sujeito que quer matar o outro e manda que ele nade na tempestade, que o cara é atingido por um raio. Nessa situação houve um dolo, mas a situação não era imputável ao que sugeriu que o outro nadasse na tempestade. A vontade tem que ser capaz de influenciar o resultado.
Espécies de Dolo 
Dolo direto: querer o resultado (primeira parte do art. 18, I, CP). A caracterização do dolo direto se faz mediante a vontade livre e consciente que se dirige diretamente para a realização da conduta típica.
Dolo eventual: assumir o risco de produzir o resultado (segunda parte do art. 18, I, CP). Permite caracterizar o tipo subjetivo como a intenção de realizar a conduta perigosa que pode acabar se adequando ao descrito do tipo penal. 
Se um sujeito enche a cara e pega o carro para dirigir. Posso afirmar que ele agiu em dolo eventual? Sim (posição majoritária). Críticas: precedência de uma norma proibitiva, já possibilita uma série de medidas. O código disciplina uma quantidade de álcool que se pode ter no sangue. Direito penal regido pelo princípio da legalidade, que veda analogia em malam parte. O exame que estou fazendo na lei seca é no sangue? Não. O sujeito que dirige bêbado assume o risco? Se sim, o que é assumir e o que é risco?
No dolo eventual eu levo a sério a possível produção do resultado típico e no nível da atitude emocional me conformo com a eventual produção do mesmo.
Não dá para dizer que isso é dolo eventual? A pessoa que quer dirigir embriagada sempre alega que não está bêbada, ela nega sua condição de bêbada, o que revela muito sobre sua atitude emocional. A atitude emocional tem que levar em consideração que se está com chances de matar alguém e se aceita este resultado.
Definição de manuais de direito penal (dolo eventual x culpa consciente)
Dolo eventual: o sujeito tem o risco na frente dele, leva ele a sério, assume o risco e a produção possível do resultado. “Foda-se”.
Culpa consciente: sabe do possível resultado, mas não acredita que aquilo pode acontecer. “Fudeu”.
Entende-se, nos dois casos, que há um risco. A diferença entre os dois é a atitude psicológica frente a possibilidade.
Exemplo de dolo eventual: art. 130, CP – sabe que o resultado naturalístico é a contaminação da pessoa com quem ele se relaciona, mas não se importa se irá transmitir uma doença. Aceita o risco de produzir o resultado objetivamente. “Se eu passar passei”.
Aula 11/04
Qual a primeira etapa que eu examino sempre? Qual etapa que rege aquilo que vou analisar em cada caso concreto? Sempre, primeira coisa, princípio ou os princípios que vão orientar minha análise do caso concreto. Se eu tenho isso em mente, eu passo a análise da conduta. Qual modelo de análise da conduta penalmente relevante? Teleológico. Sempre é o modelo teleológico. Por isso a conduta sempre é uma ação ou omissão. O que é o modelo teleológico? Fim definido, pré-determinados pelo sujeito, seleção de meios a serem empregados para o alcance desse fim, preteritamente definido, e o emprego adequado desses meios em uma conduta. Essa teleologia tem que realizar um tipo penal, não basta ser apenas uma ação teleológica, ou seja, tem que ser uma ação teleológica relevante para o direito penal. Agora, em seguida, percebe-se que esse tipo penal não é um tipo puro. Ele tem sentido subjetivo. Em primeiro lugar, pegar o tipo objetivo. No tipo objetivo será analisada a causação do resultado e imputação objetiva. Na causação do resultado eu quero identificar causa, resultado e se há um nexo causal que ligue os dois. É obvio que esse caminho pode ser óbvio, mas pode ser que causas concorrem para o mesmo fim, as concausas. No tipo objetivo serão analisadas as seis hipóteses acerca da causa, para verificar se houve algum tipo de ruptura no nexo causal. Se eu sei, mediante esse exame, a causa, o resultado e o nexo causal. Agora cabe examinar o tipo subjetivo com base no sujeito, qual é a intencionalidade dele, o que movia sua conduta, qual era a vontade consciente. Hipótese de dolo e culpa. A hipótese de dolo se subdivide em: dolo direto e dolo eventual, no dolo eventual assume o risco e minha atitude mental é de não me importar. Dolo cai por terra se houver uma ruptura absolutamente independente do nexo causal, por isso é importante fazer a análise por etapas.
→Princípio, conduta, tipicidade (primeiro a questão objetiva do tipo penal e depois a subjetiva). Primeiro objetivo, causação do resultado, imputação do objetivo, nexo causal e depois dolo ou culpa (parte subjetiva do tipo penal).
Caso concreto: suponhamos que um cara é casado, tem três filhos e um cachorro. Decide depois de 20 anos de casado que não está mais satisfeito só com aquele casamento e ele sai de casa a procura e encontra uma pessoa que gosta dele também. Ele com essa vida dupla tem um filho com essa nova moça e está em união estável com ela. Há condutasteleológicas em toda parte, ele teve o casamento dele, teve os três filhos, casou com a mulher, foi a procura de outra, teve um filho com essa moça e está em união estável com ela. Há conduta teleológica. Por que o fato é atípico? Perceba, eu começo sempre pelo princípio porque estou analisando uma conduta humana. Essa conduta realizou um tipo penal? Não. Malgrado a conduta do sujeito tenha sido teleológica não se pode dizer que ele realizou o tipo legal bigamia porque contrair casamento e união estável não é a mesma coisa que contrair dois casamentos, logo, pelo princípio da legalidade, que veda analogia em malam partem, fato atípico. Ou seja, é fato atípico porque não realizou um tipo penal.
Tipo de Injusto Culposo 
Culpa é a inobservância de um dever objetivo de cuidado manifesta numa conduta produtora de um resultado não querido, objetivamente previsível.
Tipo doloso = eu puno o autor por uma conduta dirigida a um fim ilícito. Há intenção.
Tipo culposo = eu puno o autor por uma conduta mal dirigida. Não há intenção de praticar um homicídio, por exemplo.
Elementos constitutivos do tipo de injusto culposo:
Previsão legal da conduta típica culposa: sempre um tipo aberto, quem fecha o tipo é o juiz.
Caso concreto: o sujeito teve um mal-estar enquanto estava dirigindo um taxi que não era dele. Ele não tem autonomia, está dirigindo um carro que não é dele e teve um grande mal-estar e desmaiou. O carro atropelou uma pessoa e essa pessoa morreu. Não houve ação teleológico, portando se trata de um fato atípico. Mas o carro sofreu danos, então é crime de dano? Não, pois não houve ação teleológica nem para homicídio nem para dano, mas é possível que o dono do carro enseje uma ação de responsabilidade civil. E se o dono tivesse emprestado o carro para um menor de 16 anos e o mesmo ocorresse? Nesse caso o dono do carro será responsabilizado por uma modalidade culposa em relação ao homicídio.
→Todo o tipo penal existe em dois gêneros de modalidade subjetiva: em dolo e em culpa.
Caso concreto: suponhamos que uma mãe grávida de alguns meses e desde garota ela tem o habito de subir em arvora para pegar a fruta do pé. Não é uma conduta aconselhável para uma mulher grávida. A árvore esta molhada e no momento que pega a fruta cai, é levada para o hospital e descobre-se que ela perdeu o filho. Se eu entender que é dolo eventual, eu entendo que ela praticou um crime de aborto. Agora, se eu entender que foi uma conduta mal dirigida, que ela não tinha intenção nenhuma de abortar, mas ela abortou. Existe aborto culposo? Não. Então, se não foi dolo, é fato atípico, porque o princípio da legalidade prevê que não posso criar uma modalidade culposa que já não esteja disposta no código.
Inobservância do dever objetivo de cuidado: consiste em reconhecer o perigo para o bem jurídico tutelado e preocupar-se com as possíveis consequências que uma conduta descuidada pode produzir-lhe deixando de praticá-la ou então executá-la somente depois de adotar as necessárias e suficientes precauções para evita-lo.
Dolo está sempre relacionado a um saber + querer.
A culpa é sempre relacionada a diligencia devida (necessidade de ter cuidado, precaução, de cautela).
A doutrina reconhece que não é o caso de exigir do sujeito um cuidado excessivo para com o bem jurídico, mas sim o que seria devido por um ser humano razoável e prudente nas mesmas condições em que se encontrava o sujeito. Ou seja, trabalha-se no direito brasileiro com a expressão do “homem médio”, a partir de um critério de razoabilidade eu me coloco no lugar do outro e penso o que faria nessa situação. O que eu poderia exigir de um “homem médio” nas mesmas condições? 
Aula 16/04
Relação de causalidade entre a conduta e o resultado naturalístico
Previsibilidade objetiva do resultado: se refere a situação de risco e a probabilidade da ocorrência do referido resultado. Ou seja, o resultado tem que ser objetivamente previsível.
Esses são os 4 elementos constitutivos do tipo culposo. Se eu for no art. 18, II, CP – “imprudência, negligencia e imperícia”. O que significam esses termos para o direito penal?
Imprudência, negligência e imperícia
Imprudência (palavra-chave: “ação”): imprudência é a pratica de uma conduta arriscada ou perigosa e tem caráter comissivo. Conduta imprudente é aquela que se caracteriza pela intempestividade, precipitação, afoiteza, insensatez ou imoderação. Pensar no sujeito que avança no sinal vermelho, que faz uma ultrapassagem perigosa, típico delito de transito, excesso de velocidade alcoolizado.
Negligência (palavra-chave: “inação”): negligencia é displicência no agir, a falta de precaução, a indiferença do agente que podendo adotar as cautelas necessárias não o faz. O sujeito que dirige de porta aberta, que não faz a manutenção do veículo e em decorrência disso um tipo ocorre.
Imperícia (palavra-chave: “profissional ou técnico”): falta de capacidade, despreparo ou insuficiência de conhecimentos técnicos para o exercício de arte, profissão ou ofício. No geral, então, a imperícia pode se manifestar tanto como uma imprudência como uma negligencia, mas por um profissional ou técnico. 
Caso concreto: motorista de taxi avança o sinal vermelho e mata um indivíduo. Suponhamos que ele não tenha agido em nenhuma modalidade de dolo, então qual a resposta? Modalidade culposa. Imprudência, negligencia ou imperícia?
Imprudente: avançou o sinal
Negligente: não parou no sinal vermelho
Imperícia: é profissional e não respeitou as regras de trânsito
Sempre que vir que é profissional chutar imperícia, quando não for profissional, mas que o delito decorreu de uma ação especifica vai na ação e joga na imprudência, se não for uma ação e sim uma falta de cautela colocar negligência.
Cirino não usa a terminológica culposo, ele usa tipo de injusto imprudente. Nos três casos (imprudência, negligência e imperícia), daria culposo, logo não faz diferença.
Juarez Tavares usa a terminologia negligência - forma de conduta humana que se caracteriza pela realização do tipo de um delito por meio de uma ação perigosa e contrária ao dever de cuidado, materializável em um resultado proibido previsível e evitável e cuja culpabilidade se assenta no fato de não haver o agente evitado sua realização apesar de capaz em condição de fazê-lo.
Espécies de culpa 
Culpa inconsciente: quando o agente não prevê o resultado típico (obs: mas pelos elementos constitutivos do tipo era de se esperar que ele previsse objetivamente).
Caso concreto: meia noite, prática típica do transito pessoas avançam os sinais. O sujeito vai devagarinho e avança o sinal. Outro sujeito vem zunindo com o sinal aberto, acima da velocidade e bate no sujeito, que acaba lesionado. No tocante as regras do trânsito ele estava acima da velocidade, mas você cometeu uma infração mais grave que foi a de avançar o sinal vermelho. Mas nessa situação você sequer está prevendo esse resultado, você estava avançando devagarinho e você acaba lesionando o outro porque se torna um obstáculo para ele.
Culpa consciente: quando o agente prevê o resultado, embora não o aceite. 
Diferenciação entre dolo eventual e culpa consciente. Posição do Thiago no caso de possível acidente quando um sujeito dirige alcoolizado, que não está em dolo eventual, mas em culpa consciente. O sujeito quando dirige alcoolizado e que porventura mata alguém em um acidente de transito não está em dolo eventual. Porque em culpa consciente ele prevê esse resultado, é de fato uma possibilidade. Para ter um acidente de carro basta estar dentro dele. É obvio que quando você ingere álcool esse risco aumenta e também é previsto pelo sujeito, a questão não está tanto na previsibilidade, porque a previsibilidade vai existir tanto no dolo eventual quanto na culpa consciente. A diferença substantiva entre os dois está em que o sujeito que age por dolo eventual, ele assume o risco no sentido de que a atitude emocional dele frente aquele resultado é de pouco se me dá, é irrelevante, dane-se se acontecer. Enquanto que na culpa consciente ele prevêaquele resultado possível, mas está convicto de que aquilo não vai acontecer.
Culpa imprópria: o agente incorre em uma conduta dolosa, mas está em erro evitável.
Caso concreto: suponhamos que uma enfermeira aplique vaselina na veia de um paciente achando que era soro, ela efetivamente pega a injeção, perfura a veia do paciente, está querendo trata-lo, tem o dolo em todas as suas ações, mas estava em erro. Ela acaba matando ele achando que está curando-o. A conduta dela é dolosa, mas se realiza em modo culposo porque está em erro.
Se eu tenho dolo e culpa, há um outro tipo que pode acontecer na confluência de um com outro.
Crimes qualificados pelo resultado
São aqueles em que o legislador após descrever uma conduta típica com todos os seus elementos acrescenta-lhe um resultado cuja a ocorrência acarreta em agravamento da sanção penal. 
São 4 possibilidades de um crime ocorrer sendo qualificado pelo resultado:
Dolo no antecedente e dolo no consequente: o legislador ele disciplina alguns tipos penais que tem por exemplo sua forma básica, mas que no exame dos incisos ou dos parágrafos contidos no tipo básico, mas que se ocorrer um resultado x eu agravo apena, por isso é um tipo qualificado por esse resultado.
 Caso concreto: um sujeito decide praticar uma lesão corporal com dolo, mas ele não quer só bater no cara, ele quer bater no cara até que ele fique paraplégico. Se eu leio o art. 129, p. 2º, IV, eu vou ver um resultado se da lesão corporal sobrevier deformidade permanente. Tenho um dolo no antecedente, nesse caso específico, quer bater e um dolo no consequente, quer que fique paraplégico, resultado deformidade. Pensar no exemplo, casos do oriente médio, em que o marido está “puto” e joga ácido, dolo de lesão no antecedente e também um resultado de deformidade.
Culpa no antecedente e culpa no consequente: imaginar um caso em que a pessoa realiza um tipo de injusto culposo porque agiu em diligência indevida e dessa conduta culposa sobreveio um outro resultado culposo. Exemplo da pessoa que está em casa assistindo à televisão, deixa o cigarro aceso, o cigarro cai e a casa pega fogo. E se sua esposa morrer incendiada? Resultado culposo (desatenção supõe uma teleologia com conduta má dirigida). Art. 250, p. 2º, CP – incêndio culposo.
Culpa no antecedente e dolo no consequente: você atropela alguém culposamente e você se omite de socorrê-la.
Dolo no antecedente e culpa no consequente (préter-doloso): caso em que o sujeito tem o dolo de praticar uma conduta, mas sobrevêm um resultado culposo mais grave.
Caso concreto: uma senhora começou a discutir com a vizinha de porta dela, a vizinha era muito mais nova que ela. Bate-boca até que uma foi em cima da outra. Aí chegou a filha da idosa, que pensou que sua mãe estava em perigo “foi para cima” para apartar a briga, a filha não foi com o dolo de “meter a porrada” na vizinha. Pegou a mulher pelo cabelo pelas costas e deu um puxão. A filha da vizinha acabou escalpelando a mulher. Ela teve dolo na ação, queria puxar o cabelo da mulher, mas culpa no resultado. Não pode ser dolo eventual pois não era possível prever esse tipo de acontecimento.
Aula 18/04
A adequação de uma conduta ao comportamento previsto no tipo penal pressupõe a satisfação de todos requisitos objetivos e subjetivos que lhe são próprios. Não basta realizar objetivamente a conduta descrita no tipo; também é necessário que o agente oriente sua conduta subjetivamente no sentido de efetua-la.
A adequação ao tipo penal incriminador, no entanto, merece atenção especial quando o sujeito orienta sua conduta em erro quanto a qualquer de seus elementos objetivos. No erro de tipo verifica-se um descompasso entre aquilo que o agente pretendeu realizar e o que efetivamente realizou.
Importa notar que o erro é modalidade de erro de representação em que ocorre em uma falsa ou uma falta de percepção da realidade para orientar a conduta do sujeito. O erro implica não haver correspondência entre a consciência do indivíduo e a realidade concreta.
→Erro de tipo – art. 20, caput, CP.
Ex: se um sujeito é caçador e vai para uma área especifica para caça, pega sua arma, aponta para um veado e atira. O veado cai morto. Depois verifica-se que não se tratava de um veado, mas de um homem fantasiado de veado. Em outro exemplo o homem pode ter confundido uma pessoa com um veado. Nos dois casos temos um erro essencial no tipo. Art. 121 – “matar alguém”, sabia que estava matando, mas não que estava matando alguém. Era evitável matar aquele sujeito? Se for evitável responde por homicídio culposo, pois não agiu com a diligência devida. Se for inevitável trata-se de fato atípico. É evidente que um erro essencial pode ser evitável ou inevitável.
Erro de tipo → erro essencial do tipo → evitável ou inevitável
Caso concreto: num colégio forma-se um casal. Um menino de 18 anos e uma menina de 14. A namorada não disse que ela tem 14 e ele está convicto que ela tem 15. Menina está numa série apropriada para uma menina de 15 anos, os pais conhecem o menino, uma típica relação de namorados de escola. Ele tem relação sexual. Trata-se de estupro de vulnerável? Depende. Ele não sabe que ela tem 15 anos? Deveria saber? Posso criar um caso em que ele dificilmente poderia saber, caso em que a menina mentisse. Neste caso seria fato atípico. Ou seja, se for evitável responde por modalidade culposa que estiver prevista no código, caso não esteja será fato atípico.
O erro é sempre uma deficiência na sua percepção da realidade, descompasso entre o que você acha que faz e o que você efetivamente faz, a questão central é se o erro é evitável ou inevitável. Eu tenho um erro de tipo, ele pode ser essencial porque ele incide sobre um elemento constitutivo do tipo penal, acho que estou comprando droga ilícita, mas estou comprando fermento. Ou seja, não realiza um tipo penal. Se qualquer pessoa praticasse aquilo naquela situação eu não posso punir essa pessoa, se trata de um erro inevitável. O erro inevitável sempre torna o fato atípico.
Erro essencial vs. Erro acidental 
O art. 20 do Código Penal deve ser interpretado de modo que a exclusão do dolo somente deva ocorrer quando o erro que incidir sobre o elemento do tipo for essencial. Por erro essencial deve se entender aquele que recai sobre dados que se vinculam a própria essência da matéria de proibição. Todavia se o erro for considerado inessencial ou acidental não haverá exclusão do dolo. A distinção entre as hipóteses de erro essencial e acidental opera-se mediante a compreensão da finalidade protetiva da norma jurídica e do conteúdo material da proibição. Se for um erro essencial, seja ele evitável ou inevitável eu excluo o dolo. Agora, o erro de tipo acidental não exclui o dolo.
Erro de tipo (evitável ou inevitável) → exclui o dolo
Erro acidental → não exclui dolo 
Mesmo exemplo do sujeito que quer matar uma caça e mata uma pessoa, concordamos que se trata de um erro essencial. Não se sabia que era alguém. Resta saber se ele vai responder por modalidade culposa, evitável, ou por fato atípico, inevitável. Agora no erro de tipo acidental eu tenho uma outra configuração, o erro não incide no tipo constitutivo do tipo. O erro acidental é sempre acessório e residual, “irrelevante”.
Caso concreto: erro sobre a pessoa. Sujeito quer matar A e mata B. Foi um mero acidente de percurso. Não queria matar um animal e sim uma pessoa.
Caso concreto: A tinha a intenção de matar B, B é pai de A. Só que na verdade ele confundiu B com C e matou C. Responde pelo que? Homicídio, como se ele quisesse matar o pai. Qualificadora do parricídio. Responde por sua intencionalidade. Erro acidental, não incidiu sobre o tipo.
Erro evitável vs. Erro inevitável
No erro de tipo ainda importa discutir se no caso concreto era ou não era possível ao agente evitar o erro. O art. 20 do CP permite a responsabilização do agente por crime culposo se previsto em lei. Entretanto, a adequação do fato a um tipo culposo não depende somente da existência de previsão de modalidade culposa. Também é necessárioque concretamente o agente tenha condições de evitar a ocorrência do erro. Em outras palavras, depende de que o erro derive de culpa daquele que erra.
Se o erro for inevitável não se poderá responsabilizar o sujeito, pois qualquer um em seu lugar teria errado. Considera-se inevitável o erro apenas quando inexistirem cuidados objetivos que pudessem evitar a ocorrência do erro. A inevitabilidade do erro significa que não se poderia exigir do agente que evitasse o erro, logo como em direito inexistem obrigações impossíveis o erro inevitável exclui o dolo e a culpa, tornando o fato atípico.
Aula 02/05
Erro acidental: é aquele que incide sobre dados acessórios da figura típica. O autor tem uma falsa percepção de realidade, mas ainda que não tivesse responderia pelo crime. O que vale é a intenção; o dolo do agente.
O erro essencial vai incidir sob um elemento constitutivo do tipo, de modo que a falsa percepção da realidade colidida com a realidade concreta produz uma alteração significativa. Não percebe que está matando e mata, ele realiza o art. 121 sem perceber. Isso é um típico erro essencial, que pode ser evitável e inevitável. Se for inevitável, fato atípico, e se for evitável responde pela modalidade culposa se ela existir.
Se o erro for acidental o agente responderá pelo crime que pretendia realizar, o que queria ter praticado. 
Tipos de erros acidentais 
Erro sobre a pessoa: A quer matar B, seu pai, mas mata C, que se parece muito com B. Ele irá responder por homicídio qualificado pois o que vale é intencionalidade do agente, trata-se, nesse caso, de um erro sobre a pessoa. Qualificador art. 121, p. 21, V, CP.
 
Art. 20, p. 3º, CP – erro sobre a pessoa não isenta de pena, ou seja, o que valia era a vítima virtual. Suponhamos que eu queira matar B, mas mato C, que é muito parecido com B, que é meu pai, aí não respondo pela qualificadora.
Caso concreto: suponhamos que uma mulher acaba de ter um filho, ela está na maternidade, seu filho foi levado para incubadora. A mulher começou a sofrer alguns distúrbios derivados do seu estado puerperal. Ela se levanta, vai até o berçário e vai até o bebê e mata o bebê, mas erra o bebê e acaba não matando seu filho. Ela irá responder pelo infanticídio, que era o que ela queria praticar.
Caso concreto: suponhamos que ela quer matar qualquer criança do berçário e acaba matando o filho, ela irá responder por homicídio qualificado por motivo fútil ou torpe.
Erro sobre a coisa: A furta um objeto X acreditando ser um objeto Y, irá responder pelo furto.
 Erro sobre o nexo causal: A quer matar B e disfere um tiro certeiro em seu peito. Na tentativa de ocultar o cadáver, ele joga o corpo no rio. B é encontrado, passa por autópsia e verifica-se que a causa mortis foi afogamento. Irá responder por homicídio doloso com tentativa de ocultação.
Erro na execução: A quer matar seu pai B, erra o tiro e acerta C. Não é que o A confundiu o B com C, ele simplesmente errou. Ele irá responder pela qualificadora de tentar matar o pai.
Mas supondo que por uma “cagada de destino” ele acerta o pai, atravessa o pai e mata o C que estava atrás. Irei combinar os dois, se trata de concurso formal.
Resultado diverso do pretendido: quando a pessoa quer praticar um crime e acaba cometendo um crime completamente diverso. Bens jurídicos completamente distintos.
Caso concreto: A quer quebrar a janela de seu vizinho B com uma pedra, mas acaba atingindo a cabeça de C, filho de B, levando-o a óbito. Art. 74 do CP, se quebrou a janela e matou o menino responde pelos dois em concurso formal, se a janela estava aberta e acertou a cabeça do garoto irá responder por homicídio culposo. Um crime contra o patrimônio e o outro contra a vida.
Q. prova: A quer furtar um saco plástico de B, acreditando que o mesmo está cheio de notas de 100 reais. Ao ter a posse mansa e pacífica do bem, descobre que o saco estava repleto de papelotes de cocaína. Qual a conduta de A? R: fato atípico, aquilo que é ilicito não é furtável.
Q. prova: matar alguém é crime? Não, é apenas tipo penal. Para que seja crime deve ser composto de fato típico, antijurídico e culpável ou de um tipo de injusto culpável. 
Antijuridicidade e justificação
Antijuridicidade é uma contradição entre a ação humana “realizada ou omitida” e o ordenamento jurídico no conjunto de suas proibições e permissões. Tais permissões compreendem as justificações legais e supralegais como situações concretas que excluem as proibições.
Antijuridicidade formal: exprime a contradição do comportamento concreto com o conjunto das proibições e permissões do ordenamento jurídico (qualidade invariável de toda ação típica e antijurídica).
Antijuridicidade material: exprime a lesão injusta ao bem jurídico tutelado pelo direito penal como dimensão graduável do tipo de injusto.
Não basta matar alguém para dizer que foi crime porque se for o meio necessário e adequado eu posso matar alguém em legítima defesa. Eu não posso pedir que o legislador coloque todos os tipos de matar alguém. Matar alguém só é crime se estiver em contradição com o ordenamento jurídico. 
Essa antijuridicidade, enquanto um dos elementos constitutivo do delito, ela se subdivide. Em um primeiro plano eu tenho seu aspecto formal e em um segundo plano seu aspecto material. No âmbito da forma, da antijuridicidade formal, “subtrair coisa alheia móvel para si ou para outrem” importa ao tipo que coisa foi no âmbito formal? Não, não faz distinção entre um saco de pão e uma bmw. Então no âmbito formal tenho a qualidade invariável, agora não é razoável dizer no âmbito material dizer que o furto de um saco de pão é a mesma coisa que o furto de uma bmw. Materialmente são distintas, ainda que referenciadas pela mesma forma, então você percebe que na antijuridicidade material eu não tenho só a gradação do tipo um fator preponderante para aplicar o princípio da proporcionalidade. Eu não posso punir, ainda que eu entenda que o furto de um saco de pão não seja beneficiado pelo princípio da insignificância, mas eu não posso punir um furto de pão com a mesma pena que de um furto de uma bmw. 
Exemplos da inexistência de antijuridicidade material: lesões corporais mínimas, furto de coisa de pequeno valor, injúrias no âmbito familiar, jogos de azar com valores módicos.
Se considerar que não é antijurídico
Se você trabalha com modelo bipartido você viu a conduta é típica, mas não é antijurídica (mas você não trabalha com os dois separados, trata-se de tipo de injusto culpável), se o seu modelo for bipartido e você identificar que a conduta não foi antijurídica você vai chamar de fato atípico porque os dois estão juntos.
Se o sistema for tripartido a tipicidade está separado, então se a conduta for típica, mas não for antijurídica é uma ação típica justificada.
Como uma ação pode ser típica e justificada? Se seguir o modelo tripartido e se o agente estiver em legitima defesa, em estado de necessidade ou estrito cumprimento do dever legal.
Aula 07/05
Modelo tripartido: crime é um fato típico antijurídico e culpável.
Modelo bipartido: crime é um tipo de injusto culpável.
Se eu afiro que a ação foi típica, mas não antijurídica, matar alguém em legítima defesa, por exemplo, esse sujeito praticou um fato típico justificado. No modelo bipartido se o sujeito praticou uma situação típica, mas não antijurídica não cabe falar em ação típica justificada e sim em fato atípico.
Causas legais de justificação (art. 23 do CP)
Legítima defesa: legítima defesa é repulsa a agressão ilegítima atual ou iminente pelo atacado ou por terceira pessoa contra o agressor sem ultrapassar a necessidade da defesa e dentro da racional proporção dos meios empregados para impedi-la ou repeli-la.
Elementos da legítima defesa (art. 25 do CP)
Agressão: é toda a ação humana de violência real ou ameaçada dirigida contra bens jurídicos do agredido ou de terceiros. 
Em regra, o que eu percebo que se trata de uma ação humana, logo em regra não estou em legítima defesa caso se trate de um animal. Agressão não é necessariamentecontra a integridade física ou a vida. Não precisa ser doloso, pode ter caso de uma pessoa praticando um delito de omissão imprópria, mãe que se recusa a alimentar o filho. Tipo culposo, suponhamos que um sujeito pegue o seu carro e faz manobras perigosas em uma rua que tem crianças, eu posso tirar a chave do carro.
Injusta: é a agressão imotivada ou não provocada pelo agredido e nesse sentido marcada pelo desvalor da ação e do resultado. Se para eu estar em legitima defesa eu tenho que estar repelindo uma agressão injusta, que em geral inexiste legitima defesa contra legítima defesa.
Caso concreto: suponhamos que um cara me agride, eu respondo com outro soco, ele fez uma agressão injusta e eu em legítima defesa. Um dos dois está praticando uma ação injusta.
Não existe legítima defesa contra legítima defesa se não isso iria legalizar a prática do duelo.
Atual: significa em realização ou em continuação.
Iminente: agressão de realização imediata; que estão as vias de acontecer.
Eu posso responder a agressão se ela for uma agressão presente (se já estiver acontecendo ou em continuidade), mas também não preciso esperar ela acontecer. Tudo está levando a crer que aquilo vai virar uma agressão, ela está na iminência de ocorrer. Não existe legítima defesa no dia seguinte.
Direito próprio ou de outrem: garante a defesa, em geral, de todos os bens jurídicos individuais. Vida, autodeterminação física, integridade, etc.
E bens jurídicos sociais? Não são individuais. Bens jurídicos da comunidade: ordem pública, saúde pública, paz social. Eu posso agir em legítima defesa de bens jurídicos da comunidade? Não é possível legítima defesa dos bens jurídicos da comunidade, “legalização do Batman”. No caso de bens jurídicos do Estado a única exceção é o patrimônio, pois é a expressão pública do que é privado.
Elementos subjetivos da ação de defesa 
Conhecimento da situação justificante (majoritária): basta que o sujeito saiba e conheça a situação justificante.
Conhecimento da situação justificante + vontade de defender o bem jurídico (minoritária): não basta o conhecimento da situação justificante, seria necessário também a vontade de defender o bem jurídico tutelado pelo direito penal.
Caso concreto: suponhamos que A quer matar B. C observa essa situação, vê que A estava com uma pistola apontada para B. Para C essa era a chance que faltava pois odeia A, usa essa situação para se aproveitar. C atira em A. Nesse caso eu tenho uma legítima defesa para a doutrina maioritária, uma vez que basta que o sujeito saiba da situação justificante.
Elementos objetivos da ação de defesa 
Legítima defesa = emprego moderado dos meios de defesa necessários.
Necessidade: compreende o poder de excluir a agressão com o menor dano possível ao agressor. Defesa protetora em vez de defesa agressiva; ameaça de violência em vez de violência, ferir ao invés de matar. Não se exige proporcionalidade entre os meios de defesa e os meios de agressão.
Posso me defender de um espancamento utilizando uma faca. No entanto, é evidente que desproporcionalidades extremas são ilegítimas. Não há um meio desnecessário por excelência, o que há é um uso moderado de um meio. O emprego desse meio, ainda que seja desproporcional, de modo adequado.
Defesa necessária pode render efeitos indesejados
Efeito indesejado adequado: mediante um soco no rosto o agressor perde um dente (justificado). É obvio que esse defeito foi indesejado, agora no âmbito de uma legítima defesa ainda que renda esse resultado é adequada.
Efeito indesejado inadequado: morte do agressor por tiro de advertência (injustificado).
Moderação: enquanto persistir a agressão é moderado o uso dos meios necessários, critério da necessidade. 
O que que pressupõe que alguém está em excesso de legítima defesa? O pressuposto é que em algum momento eu estive em legítima defesa, eu não excedo aquilo que eu não cumpri. Então o sujeito que está em excesso de legitima defesa ele agiu de acordo com os meios necessários e adequados e moderados por algum tempo e depois se excedeu. Irá responder pelo excesso.
Objetivamente tenho que cumprir o emprego moderado de meios necessários para que seja legítima defesa.
Excesso de legítima defesa: o excesso é tudo aquilo que ocorre após a cessação da agressão. Responde-se por todos os resultados nos termos do art. 23, p. único do CP. São quatro tipos de excesso:
Excesso doloso em sentido estrito: o sujeito vira, toma um soco, responde com outro e resolve bater até ficar paraplégico. Ele quer alcançar aquele resultado, direciona sua conduta querendo aquele resultado.
Excesso doloso por erro de proibição indireto: o agente acredita que por estar amparado por uma causa de justificação pode, por exemplo, matar o agressor.
Aula 09/05
Excesso culposo: o agente avalia mal a situação imaginando que ainda está ou poderá ser agredido (art. 20, p. 1º do CP).
Caso concreto: dois sujeitos brigaram num bar, um provocou primeiro e o outro agiu em legítima defesa, veio a turma do “deixa disso”, separou, resolvido o problema, duas horas e meia depois, o sujeito que foi agredido inicialmente foi ao banheiro, quando ele estava saindo do banheiro o agressor vem correndo em sua direção. Nesta situação ele dá um soco no sujeito, que caiu e quebrou o nariz. Posteriormente ele pergunta porque você me bateu? Pessoa só estava correndo para ir ao banheiro e a outra achou que ele iria agredi-la. 
Excesso culposo em sentido estrito: ocorre um erro quanto ao modo ou a gravidade da reação, ou seja, o sujeito tem uma ação imoderada em virtude de que ele acha que o sujeito vai agredi-lo de uma forma que ele efetivamente não vai. Culposo devido ao modo de reação. 
Da permissibilidade da legítima defesa: define limites ético-sociais excludentes ou restritivos ao exercício de legítima defesa. 
No plano material há formas de exercer a legítima defesa. Vamos supor que um sujeito aleatoriamente me morde, eu posso bater nessa pessoa para cessar essa agressão? E se for uma criança? Não. Formalmente a mesma coisa, mas materialmente coisas distintas. 
Agressões de incapazes (crianças, adolescentes, doentes mentais ou mesmo bêbados sem sentido): trata-se de uma pessoa que não tem a mesma capacidade mental que os outros.
Criam para o agredido um leque de alternativas prévias a serem observadas: a) desviar a agressão; b) empregar defesas sem dano; c) pedir socorro aos pais, professores, policiais, seguranças, etc; d) assumir o risco de pequenos danos; e) se nada disso for possível então e somente então a defesa necessária estará justificada.
Forma da doutrina de criar uma série de requisitos a serem observados nesse caso específico, não são progressivos nem taxativos. Pensadas como critérios de razoabilidade no caso de legitima defesa contra incapazes.
Agressões entre pessoas ligadas por relações de garantia fundadas na afetividade, no parentesco ou na convivência (casais, união estável, amigos, pai com filho, etc). Mesmo os limites dos casos anteriores, mas em regra estão excluídos os resultados de morte ou lesões graves.
Exceções: a) risco de lesões sérias, b) maus tratos físicos duradouros ou continuados (surras constantes).
Agressão provocada pelo agredido para agredir o agressor: a agressão dolosa injustificada exclui a legítima defesa (majoritária). Se a agressão for antijurídica, em princípio, a legitima defesa

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