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CADERNO DIREITO PENAL II

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CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 
 
DIREITO PENAL II - DANIEL NICORY 
CADERNO DE NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 
 
TEORIAS DA AÇÃO 
 
1) TEORIAS DA AÇÃO NA TRADIÇÃO FILOSÓFICA ARISTOTÉLICA. 
 
(Páginas 25 do link: PRADO, Daniel Nicory do. “No mundo dos autos: uma teoria da 
narrativa judicial” https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/25031). 
 
. Um dos campos mais importantes da Filosofia, a ética, estuda a ação humana para 
compreender qual seria a ação humana correta. Discussão do que é certo e do que é 
errado fazer. Isso ainda não se trata de uma discussão jurídica entre o que é punível 
ou não, ilegal ou legal, pois essas questões variam no espaço e ao longo do tempo. 
. Pode haver em algumas áreas um descasamento parcial entre o que o direito aceita 
e o que a moral aceita. 
. Contudo, tanto o direito, a moral, a gramática, as convenções artísticas, a religião, 
são todos sistemas de regulação de alguma coisa, essas normatividades. - NORMA 
não do ponto vista da lei cientifica, mas como previsão de um comportamento 
devido/previsão e valoração dele como certo e errado, se refere ao comportamento 
ao humano. 
. Todas essas normas (moda, religião etc.) dirigem-se aos seres humanos/ao 
comportamento humano voluntário, que são capazes de compreender a norma e agir 
conforme ela. – Cachorro/gato são capazes de entender determinados comandos e 
sanções a determinados comportamentos, mas isso não é norma jurídica. Isto 
porque, o Direito não trata de qualquer comportamento, mas sim do 
COMPORTAMENTO HUMANO VOLUNTÁRIO. – = o que o Direito Penal chama de 
CONDUTA. 
. Conduta: ação ou omissão. 
. Chamamos de “Teorias da Ação” e não “Teorias da Conduta”, pois ao falar de AÇÃO 
estamos falando da ideia de comportamento dentro de um juízo pré-jurídico que é 
fazer algo voluntariamente, de maneira mais independente. Por outro lado, ao se 
falar em omissão, que é deixar de fazer algo, deixar de praticar a ação devida, a ideia 
de omissão tá sempre mais próxima da ideia de normatividade (só posso falar de 
omissão quando deixo de fazer algo que era devido). 
https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/25031
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 
 
. Isso gera algumas dúvidas a respeito da origem da “OMISSÃO”. Os primeiros 
filósofos do Direito Penal vão falar da omissão como INÉRCIA/relaxamento corporal. 
. Teoria da ação consegue ser mais facilmente fracionada com uma dimensão pré-
jurídica do que a omissão. 
. Omissão é deixar de praticar a ação devida. Por isso, estudando a ação eu consigo 
trazer também pra omissão. 
. Só posso chamar alguém de omitente (aquele que omite) quando eu analiso/defino 
uma conduta devida (o que deveria ser feito e não foi), que deve estar prevista em 
algum lugar/sistema. – EXEMPLO: explosão do Líbano, para eu dizer que eles 
omitiram no trato com o material explosivo de forma inadequada, eu preciso 
identificar o que poderia ter sido feito e se eles poderiam ou não ter feito essa 
conduta devida; – EXEMPLO: China sonegando informações cruciais pra comunidade 
internacional no início da quarentena sobre o CORONAVÍRUS. Contudo, não posso 
punir todos os órgãos do mundo como responsáveis por não conseguirem impedir a 
disseminação da doença. Porém, além dos comportamentos absolutamente 
incontroláveis nessa pandemia, existem também existem comportamentos 
omissivos ou ativos que pioraram as consequências do que já era um problema. -
EXEMPLO: um país que não tem verba para compra de respiradores e que então 
nessa pandemia do COVID-19 não compra. O chefe executivo não pode ser punido 
com omissão, pois ele não tinha como comprar. Porém, em um segundo caso como 
quando ele deixa de passar a verba que ele recebeu pra compra desses 
equipamentos, é possível responsabilizar pessoas por não terem impedido um 
prejuízo diante do que concretamente era possível fazer. 
 
A) A TELEOLOGIA EM ARISTÓTELES: 
. Telos = finalidade. 
. Ação humana é dirigida para uma finalidade. Essa direção da ação para uma 
finalidade é o que mostra a racionalidade do comportamento. – Quando eu me 
comporto de uma determinada maneira, pelo menos teoricamente, estou buscando 
a realização de um objetivo/cumprir uma finalidade. 
. Aristóteles coloca o BEM como fim, dizendo que todo comportamento humano deve 
ser dirigido para o BEM. Mas, sabemos que isso não é verdade, porque se o bem fosse 
algo fácil de entender/compreender/se orientar, todos nós estaríamos 
desempregados. O Direito vai tratar justamente da regulação do comportamento 
humano diante dessas incertezas e necessidade de segurança. 
. NEM TODO COMPORTAMENTO HUMANO, PORTANTO, É VOLTADO PARA O BEM 
(QUALQUER QUE SEJA O SENTIDO DE BEM COMPREENDIDO). 
. Aristóteles vai dizer que a forma mais básica de comportamento, que até os animais 
tem, é o comportamento voluntário (animal ou humano) que busca evitar a dor e 
buscar o prazer. – Relacionado com o instinto de sobrevivência: preservar-se do 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 
 
sofrimento, ter prazer e seguir em frente do pela reprodução. Só que nem toda busca 
do prazer a curto prazo é o que lhe faz bem a longo prazo; e o comportamento 
doloroso no agora pode fazer bem no futuro. – Vai demonstrando a racionalidade do 
pensamento, na medida em que se consegue projetar no tempo as consequências. – 
Pensando assim a longo prazo, consegue se separar meios fins, planejando o tempo 
em etapas e planejas as ações, o que vai afastando da pura impulsividade de 
sobrevivência (buscar prazer e evitar dor) para algo que é bom no longo prazo. – 
FALANDO DO AGENTE. 
. Mas, o agente não vive sozinho e sim em sociedade. Então, há ainda a possibilidade 
de um comportamento prazeroso para o agente e danoso para os demais. 
. Segundo Aristóteles, não mandamos em nossos desejos, só podemos controlar 
nossa ação frente a essa vontade. – Se tenho um desejo que é danoso para o outro e 
compreendo ser errado, eu não posso deixar de querer, mas consigo deixar de fazer. 
Posso não conseguir mudar o que desejo, mas posso mudar o que eu faço. - Qual 
seria a importância da educação? O que molda o sujeito a enxergar prazer em fazer 
bem e enxergar dor em fazer o mal. 
. EXEMPLO: vegetarianismo e veganismo - se pensarmos que o ser humano enquanto 
espécie mata outras espécies para se alimentar delas, o que sobressai e diferencia 
essa postura do ser humano dos outros animais é o tipo de sofrimento que o ser 
humano faz para adquirir esse alimento. É um alimento barato (dada as formas como 
é feito o abate) e gostoso. Mas, se mudamos nossa postura de pensamento 
(vegetarianismo e veganismo), com o tempo filosoficamente compreendo a dor do 
outro (animal) e mudo a postura. 
. O prazer pode ser ensinado/educado/modificado, embora tenha também uma base 
instintiva diante de uma situação concreta (pois, nesse caso, só poderíamos controlar 
a ação). 
. Aristóteles sabe que o desejo não é em si incontrolável, que pode ser educado, 
modificado; diz também que diante de um caso concreto o desejo não é controlável, 
mas que podemos controlar a ação. Por isso ninguém é punido simplesmente por 
cogitar o crime, mesmo que a gente chegue a um futuro onde podemos prever o que 
a pessoa vai fazer, a cogitação não pode ser punida. 
. A ação vive nesse capo: diante de um desejo compreendo se aquilo é bom ou mau 
e optamos por agir ou omitir. Nessa escolha de meios, o próprio Aristóteles vai dizer 
que acabamos escolhendo pelo que é mais fácil e eficaz. 
. Aristóteles tem algumas discussões sobre voluntariedade e involuntariedade que 
não são correspondentes exatamente ao que o Direito trata como tal. Algumas coisas 
que Aristóteles trata como involuntárias, para o Direito são voluntárias. – Para 
Aristóteles os conceitos de voluntariedade e involuntariedade estão ligados à 
vontade livre e isenta de erro e coação. 
 CADERNO DIREITO PENAL II -2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 
 
. Comportamento humano dirigido a um fim, e este não pode ser, segundo 
Aristóteles, puramente satisfazer um desejo, realizar o prazer e evitar a dor. 
2) A AÇÃO SOCIAL EM MAX WEBER (SÉCULO XIX). 
. O comportamento humano em sociedade – que é o que importa para o Direito. 
. Weber irá trazer 4 formas de ações (duas racionais e duas não irracionais). 
. Contudo, o fato destas 2 ações não serem racionais, não tira delas o caráter 
voluntário. 
. AÇÃO INSTRUMENTALMENTE RACIONAL: ação que busca a satisfação de um 
interesse. – O indivíduo age de acordo com o necessário para a realização do seu 
próprio interesse, independentemente de ser certo ou errado. 
. AÇÃO VALORATIVAMENTE RACIONAL: ação que tem um objetivo de cumprir um 
dever. – Será sempre legal. – Ação baseada no que é certo, ainda que possa prejudicar 
o interesse pessoal. 
. Uma ação pode cumprir as duas funções acima. – Exemplo: professor dando a aula 
tem tal dever de exercer a atividade de lecionar num determinado horário, e também 
a satisfação de realizar a docência. 
 . AÇÃO EMOCIONAL (VOLUNTÁRIA, MAS IRRACIONAL): ação guiada pelos afetos e 
não por um cálculo de vantagens e desvantagens. Não significa que agir 
emocionalmente é errado, mas não foi feito ponderações das consequências. – É o 
ato impulsivo, voluntário, com pouca reflexão sobre a produção do desejo. 
. AÇÃO TRADICIONAL (VOLUNTÁRIA, MAS IRRACIONAL): aquela ação em que eu sigo 
o que a sociedade sempre fez. Na ação valorativamente racional o sujeito 
compreende o sentido da norma. Diferente da ação tradicional, em que o sujeito faz 
porque sempre fizeram na sociedade. – O indivíduo conhece e repete sem questionar 
a validade da conduta. – “Sempre foi assim e faço”. 
. Exemplo: uma comunidade que tem como sistema de valor que na base estabeleça 
a supremacia racial de algum grupo étnico e discrimina outros. – Isso vai ser 
valorativamente racional dentro daquele mundo. Existem também os preconceitos 
que se perpetuam no tempo, sem que reflitamos muito sobre eles. 
. Quando essas racionalidades entram em conflito – As vezes o cumprimento de um 
dever pode ser o sacrifício de um interesse pessoal. Existem vários exemplos de 
sacrifício heroico em que as pessoas dão a vida para salvar outra. Será uma ação 
valorativamente racional (porque reconhece o dever de salvar o outro), mas que 
destrói o seu próprio interesse máximo (continuar vivendo). Por outro lado, existe 
também (de forma mais frequente) uma ação instrumentalmente racional, mas que 
não é valorativamente racional (satisfaço meu interesse descumprindo meu interesse 
para com o outro – atos ilícitos). 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
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3) A AÇÃO SOCIAL EM JURGEN HABERMAS (SÉCULO XX): 
. Dá prosseguimento a essa discussão Aristotélica sobre a ação, sobre o que é o 
comportamento. 
. Sequência da base teleológica da ação: ele diz que a ação começa na 1- aparição da 
vontade, definição da finalidade, aplicação do conhecimento causal, escolha dos 
meios, definição do plano (ÂMBITO INTERNO – PLANO DA CONSCIÊNCIA, ainda que 
venha a existir uma comunicação com outro agente); 2 - execução do plano, 
produção de efeitos, realização (ou não) da finalidade (ÂMBITO EXTERNO – AQUI 
EXTERIORIZAMOS NOSSO ATOS). 
. Diante dessa base teleológica que é comum, existem 4 tipos de ações que se 
diferenciam de acordo com a sua forma de conexão com a sociedade. Cada um deve 
estar ligado a uma ideia de verdade ou de mundo. 
. EXEMPLO: “O que desejo cursando a disciplina de Direito Penal?” Concluir o curso, 
conhecimento, cumprir a grade etc. Todas as respostas exigem que seja traçada uma 
finalidade básica. Preciso ser aprovada na matéria (posso adquirir conhecimento 
independente da nota, mas preciso da aprovação como espécie de chancela do 
detentor de autoridade que valida sua aquisição de conhecimento por meio da 
avaliação). Para ser aprovado preciso acertas as questões e para isso preciso estudar 
por livros, aulas, textos de apoios etc. Para ser aprovado eu posso fazer valer de 
outras formas como colando, corrompendo o professor etc. Tudo isso sabemos 
porque sabemos como o mundo funciona = APLICAR O CONHECIMENTO CAUSAL. – 
REFLETIR QUAIS SÃO AS FORMAS DE ALCANÇAR A FINALIDADE DESEJADA. A PARTIR 
DISSO ADOTAMOS QUAIS ESTRATÉGIAS IREMOS SEGUIR. 
. A ideia de ilícito, cola, pesca varia: o professor permite prova em consulta apenas 
pela legislação não comentada. Tudo que fugir dessa determinação, inclusive 
consultar o colega será ilícito. Só que agora estamos vivendo um momento diferente 
fruto da pandemia mundial, e se o professor também determinasse que a prova 
online só poderia ser realizada com base na legislação comentada, continuaria sendo 
ilícita toda forma de consulta. Mas, caso ele determinasse que poderia consultar o 
colega, sem que isso gerasse plágio, a dimensão do que é ilícito diminuiria. – 
RESUMINDO: O que você pode fazer para responder a prova é algo que cada 
professor irá graduar de uma forma diferente. – A partir disso o aluno pensa formas 
de estudos, estratégias de realização, para execução do plano pra tentar conseguir 
os efeitos de ser ou não aprovado na matéria. 
. Os tipos de ações partem da definição dos MEIOS (toda são racionais): 
 . AÇÃO ESTRATÉGICA: a única preocupação do sujeito é realizar a finalidade dele. 
Então, na hora de aplicar o conhecimento causal, a única coisa que ele irá avaliar é o 
que funciona ou não para o alcance do seu próprio interesse, não estando 
preocupado se pode ou não, se é lícito ou ilícito etc. – Não precisa hora nenhuma 
violar a lei, contudo se ele não a viola é porque tem medo de punição, avaliando que 
o risco da sanção é alto. – Mensagem importante não só para o praticante da ação, 
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mas pra quem exigiu tal postura/impôs a regra. – EXEMPLO: numa prova presencial, 
o professor pode impor que só haja consulta à legislação não comentada, pois é mais 
fácil controlar o comportamento do outro do que controlar o comportamento do 
outro sem o contato presencial, durante os 5 dias disponibilizados para resolução. 
Destarte, manter a mesma regra pra execução, o risco de ser flagrado o que o 
professor não quer (consultando outras formas) é muito menor. Assim, o impositor 
irá ter que diante dessa situação de quarentena criar outras regras, com outras 
possibilidades e com uma única proibição: não ter plágio. 
 . AÇÃO NORMATIVA: o sujeito escolhe, dentro das estratégicas lícitas, o que 
melhor funciona para o alcance do seu próprio interesse. – No caso da prova, nesse 
tipo de ação, o sujeito sabe que não pode plagiar, uma vez que isso foi identificado 
como única proibição pelo impositor da regra. – O QUE PODE E O QUE NÃO PODE 
IMPORTAM. 
 . AÇÃO DRAMATÚRGICA: o sujeito enxerga a vida como um palco e neste palco 
você tenta representar a forma mais fiel de si mesmo. – Avaliamos nossa própria 
capacidade de fazer algo. O conhecimento causal exigido é o AUTOCONHECIMENTO. 
ANALISO O QUE VAI FUNCIONAR OU NÃO PARA MIM – EXEMPLO: cada um tem uma 
forma diferente de estudar, responder a prova etc. – Respeitando o que era possível, 
devido e funciona. 
 . AÇÃO COMUNICATIVA (a que Habermas considera como mais importante): o 
sujeito avalia de uma maneira em que o seu comportamento se oriente com o 
comportamento do outro pela via da comunicação. O sujeito vai enxergar toda ação 
como interação. – EXEMPLO: numa prova estamos interagindo com o professor ou 
outro corretor da prova. Irá analisar a quantidade de linhas, os tipos de consultas que 
valem ou não, a forma da resposta, as configurações de margem/tamanho/fonte 
permitidos, para que o sujeito se assegure que não irá desviar da conduta exigida. 
 
RESUMINDO: 
 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
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IDEIA DE VERDADE EDE MUNDO: 
 
 
 
 
 
 
 
. Na ação estratégica o conceito de verdade como CORRESPONDÊNCIA entre os 
acontecimentos e a nossa descrição deles; e com a ideia de mundo OBJETIVO (mundo 
dos efeitos físicos/materiais/naturais). 
. Na ação normativa agrega ao conceito de verdade o significado de CORREÇÃO (se 
algo está certo ou errado, justo ou injusto, legal ou ilegal a partir de um ponto de 
vista normativo); conceito de mundo INTERSUBJETIVO (a norma só se forma na 
intersubjetividade, no mundo social construído pela sociedade). 
. Na ação dramatúrgica o conceito de verdade como SINCERIDADE (o sujeito pode 
pensar/representar o que não condiz com a realidade e pode não ser certo, mas é 
sincero) – PARA QUE A AÇÃO DRAMATÚRGICA VALHA TEM QUE LIDAR TAMBÉM COM 
A CORRESPONDÊNCIA E COM A CORREÇÃO (existe sinceridade que não é correta); e 
com a ideia de mundo SUBJETIVO/INTERIOR (cada cabeça é um mundo). 
. Na ação comunicativa o conceito de verdade é um PRODUTO DO CONSENSO entre 
os agentes; e conceito de mundo DA VIDA (que agrega os outros três mundos). 
 
4) FUNÇÕES DO CONCEITO JURÍDICO-PENAL DE CONDUTA: 
 
a) FUNÇÕES DO CONCEITO JURÍDICO-PENAL DE CONDUTA: 
. O Código Penal não prevê o que é conduta, faz apenas uma menção muito breve a 
conduta designando suas modalidades (ação e omissão) e mais algumas informações 
sobre nexo de causalidade e algumas reflexões sobre a relação entre meios e fins e 
exteriorização do ato ou não. – TUDO ISSO ESPALHADO NO CÓDIGO PENAL ENTRE O 
ARTIGO 13 E O ARTIGO 31. 
. O conceito de conduta no Direito Penal tem 3 funções: 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
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 . Servir de elemento base, ou seja, deve permitir o agrupamento de todas as 
principais modalidades de conduta. – Ação dolosa ou omissão (Artigo 13), dolosa ou 
culposa (Artigo 18), tentada ou consumada (Artigo 14). 
 . Servir como elemento de enlace, ou seja, o conceito de conduta tem que servir 
para enlaçar as 3 categorias do conceito analítico de crime fato (Artigos 13 a 17), 
ilícito (Artigo 23 a 25), típico (Artigos 18 e 19) e culpável (Artigos 20 à 22, 26 à 28). 
 . Servir como elemento de limitação, em que definir o que é conduta se torna 
fundamental para compreender os casos de ausência de conduta. – Não existe 
previsão no código dos casos de ausência de conduta. – Só sei que uma situação x 
não é crime se ele não for ação nem omissão etc. 
b) PRINCIPAIS ESPÉCIES DE CONDUTA: 
. COMISSIVA X OMISSIVA: fazer algo x deixar de fazer algo (fazer algo diverso do 
prescrito). 
. DOLOSA X CULPOSA: orientada a um resultado delitivo (já orientada para um 
resultado ilícito) x orientada a um resultado lícito (se a escolha dos meios é destinada 
a um meio lícito como a conduta pode ser criminosa? Por uma má escolha dos meios 
ou má execução dos meios). 
 . Exemplo: uma pessoa atrasada para chegar ao aeroporto dirigindo 
desesperadamente a 130km/h e no percurso mata alguém atropelado. Houve uma 
má execução dos meios, que gera não só o não êxito da finalidade (chegar no 
aeroporto) como ocasiona o ilícito (matar alguém). 
 . Na conduta dolosa há a produção dos efeitos desejados, ao passo que na 
culposa não. 
. CONSUMADA X TENTADA: produz efeitos desejados x não produz os efeitos 
desejados. 
c) CASOS DE AUSÊNCIA DE CONDUTA: 
. Na ausência de conduta o sujeito não é mais agente, é paciente da conduta de outro 
ou de uma força da natureza. – Não se fala nem em tipicidade, está fora do âmbito 
do Direito Penal. 
. FORÇA FÍSICA IRRESISTÍVEL: que pode ser tanto uma força da natureza como uma 
ação humana. 
 . EXEMPLO: Caso da pessoa que força a outra a pegar na arma e deixar uma digital 
como prova. 
 . EXEMPLO: Andando na rua, alguém tomba em você e você cai em uma vitrine 
de uma loja causando um dano patrimonial que se for doloso é crime, e se for culposo 
não será. 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 9 
 
 . EXEMPLO: Dirigindo um carro, alguém bate atrás de você, desloca seu carro e 
você atropela pedestres. – Você não cometeu nenhum crime, nem doloso nem 
culposo. 
. ATOS REFLEXOS: força da natureza é força do seu próprio corpo. 
 . Existem movimentos corporais que não são controlados pelo Sistema Nervoso 
Central em resposta a um estímulo, tais como espasmos, convulsões, tosses, 
desmaios (exemplo da pessoa que desmaia dirigindo e fere alguém – não cometeu 
um crime). 
 . Exame do martelo no joelho – se por acaso a pessoa chutar e machucar alguém, 
essa conduta não pode ser considerada crime de lesão corporal. 
 . Automatismo NÃO pode ser confundido com atos reflexos. – Principalmente 
quem utilizar máquinas, sabe que com o tempo esses movimentos entram no 
“automático”, você nem percebe que está passando marcha etc. Apesar de você não 
refletir sobre o conteúdo do comportamento, este é voluntário, é conduta, 
CONFIGURA CRIME. 
 . Atos em curto-circuito (ações emocionais no pensamento de Weber) e reações 
explosivas não se confundem com movimentos reflexos, pois neles existe vontade, 
ainda que de maneira fugaz, sendo, portanto, suscetíveis à dominação finalística. 
Nestes atos a velocidade com que surge o elemento volitivo é tão grande que pode 
ser impossível de controlar. Exemplo: a pessoa está dirigindo, um carro da uma 
cortada nela ela, para fugir automaticamente, acaba atropelando alguém. – Atos em 
curto circuito são vizinhos da inconsciência, como uma resposta emocional forte à 
um estímulo, ainda configura conduta, 
 . ESTADOS DE INCONSCIÊNCIA: 
 . Pessoa que pratica um ato durante o sonambulismo, seja ele uma ofensa moral 
ou uma agressão física, não há cometimento de crime. A questão é provar. 
 . Esses casos de inconsciência não podem ser confundidos com outras coisas 
parecidas e que são crimes. 
 . Embriaguez não é estado de consciência; só a embriaguez letárgica. – Embora 
a embriaguez não exclua a conduta, ela pode excluir o crime a depender do tipo de 
embriaguez. 
 . Hipnose. – Doutrina se divide. – Se você conseguir comprovar uma hipnose 
completa, não configura crime. Contudo, o problema está em você conseguir provar 
 . Sonambulismo é diferente de insanidade. – Uma pessoa portadora de um 
transtorno psiquiátrico e ouve uma voz dizendo a ela para matar quem está a sua 
frente, pois esta seria a encarnação do diabo, e ela acaba matando, ela está em uma 
situação de insanidade e não compreende a ilicitude da conduta, mas seu fato foi 
voluntário, embora não vá ser crime pela inexistência de culpabilidade. 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
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. EXEMPLO: Gerente do banco com uma arma na cabeça é obrigado a abrir o cofre. –
A conduta existe, mas para verificar se foi crime ou não deve se analisar os demais 
pontos do conceito analítico de crime. Nesse caso ele está sob COAÇÃO MORAL 
IRRESISTÍVEL, excluindo a culpabilidade. Isso mostra que a escolha dele não foi livre 
e não sendo livre não existe juízo de reprovação moral. 
d) TEORIA CAUSAL DA AÇÃO (FRANZ VON LISZT, ERNST BELING): 
. No século XIX começaram a se desenvolver teorias pra tentar dar autonomia 
científica ao Direito com relação a Filosofia. O Direito era conhecido como um campo 
pertencente a Filosofia e com o Iluminismo surgiu um processo de racionalização do 
Direito, com consequente livramento das amarras da Filosofia e tentativa de 
incorporação da ciência empírica no Direito. 
. Definem a ação como causação de uma transformação voluntária no mundo 
exterior. – Esse conceito de ação pretende ser puramente objetivo, como algo que é 
externamente observável. Isto é, para eu entender uma ação, eu não precisaria me 
debruçar no conteúdo da vontade do autor, pois bastaria reconhecê-la como 
voluntária. 
 . A ação seria dividida em AÇÃO OBJETIVA e CULPABILIDADE SUBJETIVA. 
. É por causa dessa teoria que até hoje existe uma confusão muito grande entre dolo 
e culpa x culpabilidade de outro. 
 . Culpaé diferente de culpabilidade. 
 . Dolo e culpa são elementos subjetivos do comportamento. 
 . Culpabilidade é a avaliação que se faz do comportamento para analisar se a 
pessoa é responsável ou não. 
 . Na primeira Teoria da Ação, o Causualismo ou Teoria Causal da Ação, dolo e 
culpa eram misturados com a culpabilidade, quando hoje sabemos que o certo a fazer 
é avaliar o dolo e a culpa como integrante da tipicidade (já para os finalistas, 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 11 
 
começaram a definir dolo e culpa como integrantes da própria tipicidade e a 
culpabilidade deixou de ser subjetiva pra ser normativa). 
 . Críticas para essa Teoria Causal da Ação: resolve bem os casos de ausência de 
conduta, mas não dão conta da omissão, pois se defino a ação como transformação 
do mundo exterior por um movimento corporal voluntário, e isso não consegue 
definir a omissão. Destarte, segundo essa Teoria, teríamos a omissão como 
inércia/repouso/distensão corporal, e ela nem sempre se configura de tal forma, pois 
é também a realização de qualquer outra ação que não a devida. – Isso já serviu como 
argumento suficiente para derrubar essa teoria. 
. Quando só trata o dolo e a culpa na culpabilidade, não é possível diferenciar desde 
o começo o que seria uma tentativa de homicídio do que seria uma lesão corporal 
dolosa. 
. Além disso, o Causualismo tenta definir o fato típico e a antijuridicidade como 
puramente objetivos, sem levar em consideração os elementos subjetivos. 
. CAUSUALISMO: ação objetiva e culpabilidade subjetiva; omissão é “inação”. 
e) TEORIA FINAL DA AÇÃO (WELZEL) 
 
. Substituiu a Teoria Causal e até hoje é a teoria que nosso Código Penal adota. 
 
. Para Wezel, a ação humana é exercício de uma atividade final. A finalidade da ação 
baseia-se em que o homem, graças a seu saber causal, pode prever, dentro de certos 
limites, as consequências possíveis de sua conduta. Em razão desse saber, pode dirigir 
os diferentes atos de sua atividade de tal forma que oriente o acontecer causal 
exterior a um fim e assim o determine finalmente. 
 
. A ação é o comportamento humano voluntário conscientemente dirigido a um fim. 
No crime culposo, a finalidade não é criminosa, já no crime doloso, a finalidade é 
criminosa. 
 
. Muito parecida com a Teoria Aristotélica da Ação. 
 
. Quando o Direito Penal percebeu que não ia conseguir sobreviver sem Filosofia 
(metafísica e ética) ele redescobriu o que Aristóteles dizia há dois mil anos: que o 
comportamento ético é dirigido a uma finalidade. 
 
. CONDUTA HUMANA É UM FAZER FINAL. 
 
. Processo: determinação do fim, consideração dos meios disponíveis e seus efeitos, 
eleição dos meios e execução do plano. – INTER CRIMINIS. 
 
. FINALISMO: ação objetiva e subjetiva, culpabilidade normativa; omissão é ação 
diversa da prescrita. 
 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 12 
 
. Ação objetiva (mundo real): execução da ação real, dominada pela determinação do 
fim e dos meios na esfera do pensamento. Se, por qualquer razão, não se consegue 
o domínio final ou não se produz o resultado, a ação será apenas tentada. 
 
. Ação subjetiva (esfera intelectual): objetivo pretendido, meios de execução, 
consequências da relação meio/fim. 
 
. CRÍTICA: se refere aos crimes culposos, cujo resultado se produz de forma 
puramente causal, não sendo abrangido pela vontade do autor. 
 
5) TEORIAS FUNCIONALISTAS DA AÇÃO: 
 
. O funcionalismo tenta incorporar nas Teorias da Ação, sem jogar fora todo finalismo, 
a relação que a sociedade tem com ela toda e com o sistema. 
 
. Funcionais por servem a um propósito específico na sociedade. 
. Funcionalismo de Claus Roxin é o Teleológico porque orienta o sistema penal de 
acordo com as funcionalidades da pena. – a missão do Direito Penal é proteger os 
valores essenciais à convivência social harmônica, então a intervenção mínima deve 
nortear a sua aplicação, consagrando como típicos apenas os fatos materialmente 
relevantes. 
. Para Roxin, só podem ser imputados ao sujeito os comportamentos que emanam 
do sujeito e podem ser vistos como sua personalidade. 
. Funcionalismo sistêmico (JAKOBS): define ação como a causação do resultado 
individualmente evitável. A conduta penalmente relevante é aquela capaz de 
produzir um resultado e, portanto, a pessoa deve abster de praticar, ou aquela capaz 
de evitar um resultado, e a pessoa deve praticar. 
6) A CAUSALIDADE NA TRADIÇÃO HUMANÍSTICA: 
 
- DAVID HUME: 
 
. Nexo de causalidade = relação entre causa e efeito. No Direito Penal é o resultado 
entre a relação conduta (causa) e resultado (efeito). 
 
. Hume vai falar que a causalidade é percebida pela conjunção constante entre dois 
fenômenos. – “Onde há fumaça, há fogo.” 
 
. Elemento da precedência temporal da causa: a causa tem que vir primeiro que o 
efeito, para então ser causa deste. – CAUSA PRIMEIRO E EFEITO DEPOIS. 
 
. A relação de causalidade está relacionada com a conjunção entre os fenômenos. 
Quando existe essa conjunção, o filósofo investiga quem é a causa e quem é o efeito. 
É possível se pensar em causalidade olhando para o passado, ao tentar entender o 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 13 
 
que aconteceu, ou em termos de antecipação das consequências dos atos. Para saber 
o que aconteceu é necessário reconstruir a sequência dos atos; para achar quem é o 
responsável é necessário saber quais as capacidades preditivas dos potenciais 
causadores. 
 
 - ÉMILE DURKHEIM: 
 
. Reciprocidade entre causa e efeito – existência de um ciclo vicioso (a causa alimenta 
o acontecimento, que alimenta a causa). Só é possível distinguir causa e efeito por 
termos cronológicos, o problema é saber até onde retroceder para achar o 
responsável. 
 
 - MAX WEBER: 
 
. Causalidade adequada: vai indicar que esta causa adequada é aquela que reúne mais 
condições de produzir o efeito. 
 
. Necessidade de usar a imaginação para supor como os fatos teriam se desdobrado 
se uma das causas fossem retiradas. Utilizando o método de exclusão de causas, 
imagina-se que um comportamento não aconteceu e, se o resultado final continuar 
acontecendo, esse comportamento não é causa; se o resultado não acontecer mais, 
esse comportamento é causa. 
 
. A + B + C = D ----------- A + C = D? Se sim, B não é causa, se não, B é causa. 
 
 - PAUL RICOUER: 
 
. Se baseando em Weber, ele vai dizer que não consegue determinar como seria 
exatamente nas leis naturais uma certeza de que o resultado vai seguir a causa. 
 
7) O RESULTADO DA CONDUTA: 
. As condutas podem ter dois tipos de resultados: o naturalístico (transformação do 
mundo exterior) e o jurídico (ofensa ao bem jurídico). 
. No crime material o resultado naturalístico é necessário para consumação. – Crimes 
como homicídio, furto, roubo, em que o resultado (morte ou subtração de bem 
material) são indispensáveis para considerar o crime consumado. 
. Nos crimes formais, o resultado naturalístico é previsto, mas desnecessário para a 
consumação. – São aqueles que preveem o resultado, mas não exigem a ocorrência 
deste para consumação do tipo. – CORRUPÇÃO ATIVA (uma pessoa que oferece 
propina para um funcionário público, comete crime de corrupção ainda que o 
funcionário não aceite). 
. Nos crimes de mera conduta, não precisa e nem prever no tipo penal o resultado 
naturalístico, pois pode nem acontecer. Não existe tentativa. - Exemplo: porte ilegal 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 14 
 
de arma (posso não ter machucado ninguém, nem mesmo ter mostrado para 
ninguém). 
. Já o resultado jurídico TODO CRIME TEM, pois ele é a ofensa ao bem jurídico 
protegido. Essa ofensa pode ser por dano ou perigo. – Quando o crime é de dano 
significa que ele causa uma transformação no mundo; de perigo, ele não 
destrói/deteriora o bem jurídico protegido, mas coloca em risco.. Pode haver conduta prevista em lei como crime COM resultado naturalístico e SEM 
resultado jurídico? Eu posso ter conduta prevista em lei como crime COM resultado 
naturalístico e SEM resultado jurídico SIM, mas ela NÃO será crime. – Caso da 
insignificância penal - Ou seja, tem resultado naturalístico (transformação do mundo 
exterior, pela inversão da posse de um objeto) mas não tem resultado jurídico (o 
valor do objeto é insignificante e, portanto, o ato não é penalmente relevante). 
 
8) NEXO DE CAUSALIDADE: 
 
. Nos delitos de resultado deve-se indagar a respeito da existência de um nexo de 
causalidade entre a ação do agente e o resultado produzido. 
 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu 
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido (conditio sine 
qua non). 
 
. Todo fator que contribui, de alguma forma, para a ocorrência do evento é causa 
desse evento. Causa, para essa teoria, é a soma de todas as condições, consideradas 
no seu conjunto, produtoras de um resultado. 
. Em oposição a teoria de Weber, temos a Teoria da Equivalência das causas (conditio 
sine qua non) que é a adotada pelo direito brasileiro: qualquer causa, mesmo que 
não seja a mais adequada/importante, que interfira na produção do resultado, é 
tratada como causa = pode haver multiplicidade de causas. – Isso é irrelevante em 
causas mais simples, mas ao falar de situações como explosão em Beirute, 
rompimento da barragem de Brumadinho etc. eu irei encontrar várias causas. 
. O Direito brasileiro adota essa Teoria da Equivalência das causas, por causa dessas 
situações mais complexas, pois têm-se nela sum conjunto de causas, que sozinhas 
não produziram resultados, mas somadas produzem. – Para saber se o resultado 
ocorreria ou não, temos que utilizar o juízo hipotético de exclusão (tira a causa em 
questão e ver se o resultado teria ocorrido ou não). – CADA COMPONENTE É CAUSA, 
E CADA CAUSADOR É RESPONSÁVEL. – CONCAUSAS. 
. Risco do regresso ao infinito das causas: preciso de um controle que é feito pelo 
próprio sistema de justiça. – O controle se dá quando analiso se aquela pessoa 
cometeu um risco permitido ou não. – PROCURA-SE LIMITAR O ALCANCE DESSA 
TEORIA, PARA QUE ELA NÃO LEVE AD INFINITUM A PESQUISA DO QUE SEJA CAUSA. 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 15 
 
. KELSEN: A causalidade realmente é infinita, não tem ponto inicial nem terminal, mas 
a imputação jurídica tem. 
. Superveniência das causas – a pessoa pretendia matar a outra, disparou, mas não 
sabíamos se o socorro ia ser eficiente ou não, mas a vítima morreu pelo acidente de 
trânsito com a ambulância – quem atirou responde por tentativa. – TUDO DEPENDE 
DA CAUSA MORTE (exemplo: se a causa morte envolve hemorragia pelo disparo, eu 
respondo; se a causa morte por outro lado for traumatismo craniano em virtude do 
acidente de carro, respondo como tentativa). 
 . Superveniência da causa relativamente independente: exclui o nexo causal, a 
pessoa só responde pelo ato praticado – Tentativa de homicídio, e não homicídio 
consumado. 
- LOCALIZAÇÃO DO DOLO E DA CULPA NO TIPO PENAL: 
. Toda conduta que não for orientada pelo dolo ou pela culpa estará na seara do 
acidental, não podendo configurar crime, situando-se fora, portanto, do alcance do 
Direito Penal material. Uma pessoa pode ter dado causa e determinado resultado, e 
não ser possível imputar-lhe a responsabilidade desse fato, por não ter agido nem 
dolosa nem culposamente, isto é, não ter agido tipicamente. 
- CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES: 
. Causas preexistentes, concomitantes ou supervenientes à conduta podem auxiliá-la 
na produção do evento ou produzi-lo de maneira total, absolutamente independente 
da conduta que se examina. Para saber se a conduta contribuiu para a produção do 
evento, faz-se o juízo hipotético de eliminação. Se for, a causalidade da conduta é 
excluída. 
 . Exemplo: quando alguém, pretendendo suicidar-se, ingere uma substância 
venenosa e, quando já está perto de morrer, recebe um ferimento, que não apressa 
sua morte, que não determina e nem a teria causado. Nesse caso, o ferimento não é 
causa resultado da morte. 
- SUPERVENIÊNCIA DE CAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE QUE, POR SI SÓ, 
PRODUZ O RESULTADO: 
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, 
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. 
 . Responde por tentativa. 
. Quando alguém coloca em andamento determinado processo causal pode ocorrer 
que sobrevenha, no decurso deste, uma nova condição que, em vez de se inserir no 
fulcro aberto pela conduta anterior, provoca um novo nexo de causalidade. Embora 
se possa estabelecer uma conexão entre a conduta primitiva e o resultado final, a 
segunda causa, superveniente, é de tal ordem que determina o acontecimento do 
resultado, como se tivesse agido sozinha, pela imprevisibilidade da sua ocorrência. 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 16 
 
. EXEMPLO: uma pessoa, que foi ferida por “A”, é levada ao hospital para ser 
medicada, mas a ambulância que a conduz envolve-se em um acidente de trânsito, 
projetando a vítima, que bate a cabeça no meio-fio da calçada e morre. Nesse caso, 
a segunda causa, superveniente e relativamente independente, produziu, por si só, o 
resultado morte. 
- RELEVÂNCIA CAUSAL DA OMISSSÃO: 
. O crime omissivo consiste sempre na omissão de determinada ação que o sujeito 
tinha a obrigação de realiza-lo e que podia fazê-lo. 
. Omissão = ação diversa da prescrita. 
. Existem dois tipos de omissão: 
. Omissão imprópria (temos garantidor – dever de cuidado, proteção ou 
vigilância prevista no Art. 13, PAR 2º, do CP. O agente responde como se tivesse 
produzido o resultado (por isso, comissivo por omissão). –UM DESCONHECIDO VER 
uma criança se afogando numa piscina rasa tem o dever de ajudar principalmente 
quando isso não confere prejuízo/perigo próprio, MAS algumas pessoas tenham 
mais dever ainda quando diz respeito aos pais/salva-vidas etc. ENTÃO RESPONDE 
POR HOMICIDIO DOLOSO. 
. Omissão própria (não é garantidor – dever de solidariedade mínima prevista em 
alguns tipos específicos do CP no Art. 135 e da legislação extravagante no Art. 13 da 
Lei 10.826/2003). O agente responde pela própria omissão. – RESPONDE POR 
OMISSÃO DE SOCORRO QUALIFICADA pela morte quando uma criança morre 
afogada numa piscina rasa e a pessoa no lugar de UM DESCONHECIDO (não 
garantidor) deixa de prestar socorro. – 
 . Em ambas tenho o descumprimento de dever = solidariedade. 
. ARTIGO 13 CP: 
Relevância da omissão: 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. 
O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (pais, tutores, curadores etc.) – 
responsabilidade contratual ou informal (criança que vai passar o FDS na casa do amigo, e então os 
pais do amigo assumem a responsabilidade). 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; ( exemplo: pessoa que convida 
a criança para um ambiente e não cuida responsavelmente dela) – no momento em que a 
empregada leva a criança pra casa da patroa e ela aceita, ela se torna responsável também pela 
criança. 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
 
- OMISSÃO DE SOCORRO: 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 17 
 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança 
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente 
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, seda omissão resulta lesão corporal de natureza 
grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
IMPUTAÇÃO OBJETIVA 
1 – CRITÉRIOS DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA PARA CLAUS ROXIN: 
 . Teoria da imputação objetiva (reconhecimento de que algum nível de risco é 
necessário para que a vida evolua) não tem previsão no Código Penal. 
 . Se você punir todas vezes o risco, você deixa de ter progresso. Mas, para isso, 
preciso estabelecer quais os tipos de riscos são aceitáveis e não responsabilizados 
ainda que causem prejuízos. – Risco que ninguém controla (exemplo: pandemia) X 
risco que você corre para buscar um resultado, sendo que foi outro agente que gerou. 
 . De que maneira o resultado danoso ocorreu com violação do risco permitido. 
a) CRIAÇÃO DE UM RISCO RELEVANTE NÃO PERMITIDO: 
 
. Há algumas decisões do STJ reconhecendo a teoria da imputação objetiva no 
Brasil. 
. Exemplo: nem todo acidente de trânsito você irá punir todos os envolvidos, pois 
existem pessoas que estão no âmbito do risco permitido. 
. Determinado grau de risco que precisa ser corrido. – Direito penal deve deixar 
claro quando vai agir e pra quem, quando há um risco no âmbito permitido. 
. Identificar se a conduta praticada pelo agente infringe alguma norma do 
convívio social e pode ser valorada como tipicamente relevante. Se trata de uma 
conduta perigosa, não coberta pelo risco permitido. 
 
b) REALIZAÇÃO DO RISCO DO RESULTADO: 
. A teoria da imputação objetiva as vezes dá respostas diferentes para problemas 
já resolvidos por outras pessoas. 
. Exemplo: no mercado financeiro ter o prejuízo do investimento em um 
momento como o que estamos vivendo, que faz as ações de uma empresa caírem 
absurdamente, não vai ser a pessoa x que investiu a responsável criminal e 
civilmente, pois é um risco permitido. 
. Demonstrar se o resultado típico apresenta, precisamente, a realização do risco 
proibido criado ou incrementado pelo agente. 
 
c) RESULTADO PREVISTO PELA NORMA: 
 
. Resultado danoso deve estar previsto pela norma. 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 18 
 
. Imputação objetiva é diferente de responsabilidade penal objetiva. – Ninguém 
deve achar que a teoria imputação objetiva é uma expansão da responsabilidade, 
pois ela é em si uma restrição, pois depois de verificar tudo isso é que vou analisar se 
a pessoa será culpada por dolo ou culpa. 
. Imputação objetiva se verifica DEPOIS da relação de causalidade e antes da 
tipicidade. 
. Não se pode imputar o resultado à conduta se a norma de cuidado era 
insuficiente ou inadequada para evitar o resultado finalmente produzido. 
 
2 – IMPUTAÇÃO OBJETIVA PARA GUNTHER JAKOBS: 
 
a) RISCO E COMPORTAMENTO SOCIAL: 
 
. Direito que busca tornar a vida mais previsível, o que não significa torná-la sem 
riscos. – Definir quais os riscos que precisam ser corridos e que nos preparemos para 
ele, mas também para responsabilizar o sujeito quando ele extrapola nesse risco. 
. Ajudar a diferenciar os riscos aceitáveis e não aceitáveis, e os que se dão na 
interação de um com o outro. 
. O risco é necessário no comportamento, já que está relacionado com a ideia de 
progresso material. 
 . Quando o médico faz um tratamento ele sabe que todo tratamento traz algum 
tipo de risco. Mas, é uma avaliação de risco necessário para se alcançar a cura etc. 
 
b) TIPOS DE RISCO PERMITIDO: 
. Risco permitido pela legitimação histórica – Riscos que vão sendo corridos por 
uma prática de legitimação histórica, até que se deparem com um problema fruto 
deste, e então comecem a ponderar vantagens e desvantagens destes, para então 
mudar o protocolo. - Exemplo: um dos remédios mais utilizados para enjoos, depois 
se comprovou que possuía um alto risco de causar má formação fetal, a talidomida. 
- O exemplo da barragem de Brumadinho, em que se optou por uma espécie de 
barragem (barragem a montante) que até então não vinha causando prejuízos, 
formado pelo próprio rejeito mineral, mas que sendo mais vantajosa 
economicamente, estava suscetível a isso, tal qual aconteceu nesse episódio de 
Brumadinho. – SITUAÇÕES QUE NO PASSADO ERAM DITAS COMO PROGRESSO. – 
Exemplo: utilização de minas terrestres; outro exemplo é o cinto de segurança de 
dois pontos, antigamente o único cobrado, sendo que o de 3 pontos é mais seguro. 
. Risco permitido pela ponderação de vantagens e desvantagens – PONDERAÇÃO 
ENTRE OS RISCOS E OS PROGRESSOS É POSITIVO OU NEGATIVO. – Seria bom se todos 
os riscos permitidos fossem eleitos assim após uma ponderação entre vantagens e 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 19 
 
desvantagens, contudo na prática a maioria dos riscos vão sendo corridos por 
legitimação histórica. 
 
c) POSIÇÃO DOGMÁTICA DO RISCO PERMITIDO: 
. Momento de verificar se existe risco proibido ou permitido depois da relação de 
causalidade e antes da relação de tipicidade penal. 
. 
 
 
 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 20 
 
 
. Julgado importantíssimo para estabelecimento do risco permitido. 
. Teve o acidente marítimo, precisava de alguém para descer. – O mergulhador 
recebeu as coordenadas do engenheiro, e ao final ele acabou morrendo, não 
sabemos aqui se foi por alguma explosão/substância tóxica etc. O engenheiro foi 
então acusado por homicídio culposo – MAS, se o engenheiro explicou todos os 
riscos, deu todas as orientações e confiou no próprio mergulhador, ele não aumentou 
em nada os riscos que já existiam, logo ele não é responsável, mesmo que sua 
conduta tenha nexo de causalidade com a morte do nadador. 
. Discussão do nexo causal e a discussão do risco permitido. – O próprio mergulhador 
precisa correr riscos na execução de suas atividades. 
 
d) CASOS BÁSICOS DE RESPONSABILIDADE PARA JAKOBS: 
. Pela ampliação da esfera organizatória: conduta omissiva dolosa. 
. Pela infração de dever de cuidado: conduta omissiva culposa ou omissiva de 
qualquer natureza. 
 
e) EXTRAPOLAÇÃO DO RISCO PERMITIDO: 
 
. INFRAÇÃO A OUTRAS ESFERAS DO ORDENAMENTO JURÍDICO – Exemplo: legislação 
de trânsito, respeitar o sinal, dar preferência, não ultrapassar em lugar proibido, não 
se deslocar pelo acostamento, tudo isso são normas de trânsito que quando 
descumpridas informam ao decisor uma extrapolação do risco permitido. A questão 
é que mesmo após fazer tudo isso, existe a possibilidade de não ter gerado um 
resultado danoso, não permite que se faça presente um dos elementos da imputação 
objetiva. Assim, só se terá uma multa ou no máximo um crime de perigo por direção 
perigosa (previsto na norma penal). – Outro exemplo: uma idosa foi atropelada, o 
motorista cometeu crime? Se ele cumpriu todas as regras, ele estava dentro do risco 
permitido. 
 
. INFRAÇÃO À LEX ARTIS (regras da profissão, arte ou ofício) – Exemplo: protocolos 
médicos – Protocolos não existem por acaso, são extremamente necessários para 
que não aconteçam problemas. Determinar protocolos é reduzir o risco de 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 21 
 
imperfeição. – Se um médico segue todo o protocolo, faz todos os 
exames/medicações/tratamentos necessários e ainda assim a pessoa morre, ele não 
será responsável pela morte do paciente. Nos casos em que o médico teve tomar 
alguma decisão de última hora para salvar o paciente e ainda assim ele morre, se faz 
necessário que se levem consideração etapas de “se existe conduta; essa conduta ter 
nexo de causalidade; o risco gerado pela conduta e que provocou o resultado seja 
proibido”, e depois disso é que se conclui se gera ou não responsabilização penal para 
o agente. Da mesma forma, se o mergulhador do exemplo acima tivesse seguido 
todo o protocolo e ainda assim causasse um dano a alguém lá embaixo ou na 
superfície, ele não seria responsabilizado. 
 
. INFRAÇÃO A SISTEMASDE REGULAÇÃO INFORMAL – regras costumeiras adotadas 
para evitar problemas, mas que são menos sofisticadas/ formalizadas do que as 
outras. Um exemplo seria a norma geral de imprudência. 
 
. NÃO ATIVAÇÃO DE CAPACIDADE ESPECIAIS DO AGENTE – existem situações em 
que a pessoa precisa ativar suas capacidades especiais e, se não fizer, irá responder 
por omissão. Exemplo: médico no avião que não se assume como tal no momento 
em que um passageiro passa mal, ele responderá por omissão qualificada. Outro 
exemplo, é um chefe gastronômico que experimenta as PANCS (plantas alimentícias 
não convencionais), que precisam de um tempo para estarem prontas para o 
consumo, livres das toxinas. O chefe deixa as plantas na mesa sem tratá-las, e o 
garçom, que também é formado como biólogo, leva para mesa sabendo que são 
plantas perigosas. O chefe de cozinha irá responder, mas e o garçom? Por uma 
interpretação a risca da teoria da imputação objetiva, ele não responde, pois só 
responderá quando lhe forem exigidas o uso de suas capacidades (ativação da 
capacidade especial exigível) e ele estava. 
 
. EXCLUSÃO DA IMPUTAÇÃO PELA CONFIANÇA PERMITIDA - Confiança permitida: o 
agente está autorizado a esperar que a outra pessoa vai agir dentro das regras 
determinadas pelo papel social/profissão dele. – Quando um enfermeiro ministra, a 
pedido de um médico, um medicamento e o paciente passa mal e morre, só estaria 
excluído no caso do enfermeiro a CULPABILIDADE, o ato seria típico/antijurídico, só 
não seria culpável por conta da obediência hierárquica. – A teoria da imputação 
objetiva exclui a própria tipicidade do ato, devido a confiança permitida em que, 
neste caso, o enfermeiro confiou no papel social do médico ao passar a medicação. 
 . Um gera resultado danoso, porque confiou no comportamento do outro. 
ENTRETANTO, quem confiou não violou o risco. 
 
. EXCLUSÃO DA IMPUTAÇÃO PELA PROIBIÇÃO DO REGRESSO – a imputação não 
pode regredir até “adão e eva”. A sequência da causalidade é interminável, de Adão 
e Eva ao Apocalipse, mas a imputação só pode retroceder até um ponto onde se 
tenha vinculação subjetiva. 
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. EXCLUSÃO DA IMPUTAÇÃO PELO ACORDO – o consentimento do ofendido pode 
excluir a tipicidade ou ilicitude. – Consentimento do ofendido: se alguém irá fazer 
uma doação de órgãos, por exemplo, isso é uma lesão corporal feita com o 
consentimento do ofendido. 
. Outro exemplo um pouco diferente são as lesões esportivas (MMA, BOXE etc.), 
que são por vezes tratadas como consentimento do ofendido. Consentimento: o 
lutador de MMA não consente que o outro lhe bata. O que ele está é de acordo com 
o risco, e não com o resultado. 
 
 
. Esse ponto 1 trata da INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA – processo penal. – Preciso 
pontuar quem fez o quê. 
 
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RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA 
. O crime ambiental é o único em que há previsão expressa no direito brasileiro, de 
responsabilização da Pessoa Jurídica. 
. A Pessoa jurídica responde civilmente por qualquer dano que ela provoque. Mas, a 
responsabilidade penal começou a ser cogitada justamente porque ficava muito 
identificar quem era o autor Pessoa Física responsável por situações como a da 
barragem de Brumadinho. A Doutrina então foi levantando alguns empecilhos para 
isso. 
. Pessoa jurídica tem conduta? Tem vontade? Como consigo determinar isso? Nem 
todos os atos praticados pelas pessoas que compõem a Pessoa Jurídica, são atos da 
Pessoa jurídica, a questão é como restringir isso. 
. As vezes é mais vantagem criminalizar a Pessoa Jurídica sem o DP do que com ele. 
. Vontade: o crime vai ser doloso se o fim for criminoso. O crime vai ser culposo se os 
meios tomados forem criminosos, mesmo que o fim não seja. 
 . Como saber a vontade da Pessoa Jurídica? Os fins que ele busca (lucro etc.). Ato 
de vontade de uma empresa é uma decisão de um órgão gestor da empresa. 
. Conduta: essa conduta tem que ser em benefício da empresa. 
. Culpabilidade: quando a sociedade tem uma conduta socialmente reprovável. 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
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. Punibilidade: penas aplicáveis e penas não aplicáveis. Quando uma empresa tem 
finalidade criminosa o Direito Penal usa a desconsideração da Pessoa Jurídica e 
liquidação total. 
 
 
 
 
 
 
 
 
. Surgiu a necessidade de construir um sistema de responsabilização da Pessoa 
Jurídica. Claro que só isso não é o suficiente, pois não basta está previsto só na CF. 
 
 
 
 
 
 
 
 
. Muito parecidas com o que seriam as sanções civis. 
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. O Direito Penal não pode ser perpétuo na Pessoa Jurídica, assim como também não 
o é na Pessoa Física. 
 
. Na prática é uma pena de morte, e é como tal assim aceita, porque se considera que 
a empresa não existia, uma declaração de inexistência jurídica da empresa. 
 
. Na responsabilidade civil, você atinge primeiro o patrimônio da empresa e como 
regra preserva o dos sócios/particular, desde que a empresa tenha sido constituída 
legalmente e que tenha um capital apropriado para arcar com suas obrigações e nos 
casos de confusão/abuso você desconsidera para recuperar os lesados e consertar os 
abusos. 
 
 CADERNO DIREITO PENAL II - 2020.2 – DANIEL NICORY 
 
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. No Direito Penal, não se trata nem de desconsiderar a Pessoa Jurídica, mas de 
desconstituí-la, liquidá-la quando ela é uma empresa de fachada, constituída para 
comer o crime ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
. Até esse julgamento, os tribunais e o STJ entendiam que só podia se processar a 
Pessoa Jurídica caso se processasse a Pessoa Física também (exigia-se uma 
simultaneidade da responsabilização). A partir desse caso, o STF então entendeu que 
o Art. 225 da CF, não condiciona a responsabilização da Pessoa Jurídica a simultânea 
percepção da Pessoa Física. 
 . Exemplo: No caso de Brumadinho, a Vale do Rio Doce, será ré nesse processo 
por crime ambiental independentemente de se ter encontrado qualquer 
responsável. 
 
 
 
 
 
 
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TIPICIDADE PENAL 
. Um tipo não é uma unidade, algo singular, não é um indivíduo, mas sim um conjunto 
de objetos, indivíduos, eventos. 
. Um tipo é uma abstração e uma generalização a partir de características comuns 
entre esses vários tipos de objetos/eventos/indivíduos. Mas, sempre que generalizo 
eu excluo particularidades, em nome de elementos comuns ao conjunto. Existe o 
risco de deixar coisas muito importantes “de fora”. 
. Tipo é a reunião de elementos comuns a um grupo de fenômenos. Todo tipo é 
dotado de generalização, redução de complexidades e representatividade. 
 
1) TIPOS DE TIPO: 
. Tipo empírico (“média”): baseado na observação dos comportamentos na 
realidade. As características distintivas e comuns me permitem fazer uma “média”. 
 . A depender do tipo que eu companha a média eu componho o ESTERIÓTIPO. 
Se é depreciativo, perjorativo, precipitado, inexato, superficial, limitante, etc. 
 . Esteriótipo: Levam algumas caractériscas ao limite/exacerba e não evidenciam 
as outras. – E essas características tendem a ser perjorativas ou ao menos ríziveis. 
 . Ó pai ó é um exemplo clássico dos inúmeros esteriótipos traçados sobre o 
baiano. 
. Tipo ideal (“modelo”): não se tem uma observação do conjunto, mas sim uma 
especulação sobre quais são as boas qualidadesou as qualidades ideias dos membros 
daquele grupo. – Se tem então o ARQUÉTIPO. 
 . Arquétipo é o tipo perfeito. 
 . Para se falar de Ivete, Gil, Bethânia como arquétipos baianos, seriam dizem que 
são os individuos reais que mais se aproximam do arquétipo. Para tal, precisaria dizer 
quais as características que tornam aquela figura o mais próximo deste “arquétipo”. 
. A legislação procura um conjunto de conjuntos sociais que são considerados 
indesejáveis/maléficos, e vai construir um modelo abstrato de conduta para proibi-
lo. – CONSTRUÇÃO DE UMA ABSTRAÇÃO A PARTIR DA MÉDIA DE 
COMPORTAMENTOS, DO TIPO EMPÍRICO. – Busca tipos no que a sociedade aprova 
e reprova. 
2) TIPO PENAL E TÉCNICA LEGISLATIVA: 
. Tipo penal é composto por – demoniação legal do crime (nomen juris) + 
descrição abstrata da conduta (preceito primário) + cominação abstrata da pena 
(preceito secundário). 
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. As penas 
. NOMEN JURIS (nome em negrito que vai em cima do artigo e nomeia o crime) – 
denominação legal do crime. 
 . Quase todo tipo penal é encabeçado por um Nomen juris. 
 
. NÚCLEO DO PRECEITO PRIMÁRIO DO TIPO (VERBO NO INFINITIVO): é a descrição 
abstrata da conduta. – O núcleo propriamente dito que é no infinitivo. – Exemplo: 
matar, subtrair etc. 
 . Tipo misto alternativo: . Quando o preceito primário tem mais de um 
verbo/núcleo. 
 . Tipo misto cumulativo: na prática um crime com 3 condutas diferentes e cada 
um é um crime separado. 
 
. ABERTURA DO TIPO: todo texto precisa ser interpretado por mais claro que ele 
pareça ser. Mas, existe casos em que a margem de interpretação é muito grande, seja 
isso por intenção do legislador, ou má formação legislativa. – Essa abertura é ruim 
para a legalidade penal. 
 . Gera um problema pra legalidade e dentro dessa legalidade um problema para 
os 3 subprincípios: RESERVA LEGAL, IRRETROATIVIDADE E TAXATIVIDADE. 
 . Abertura do tipo é diferente de incompletude do tipo. 
 . Os critérios de distinção entre tráfico e uso, que estão previstos no art. 28, PAR 
2º, da Lei 11.343/2006 podem ser até entendidos como elementos abertos, mas eles 
não são "lei em branco" porque não há nenhum complemento dizendo que "até a 
quantidade x é uso". Em Portugal, por exemplo, é diferente, pois o uso é ter consigo 
quantidade de droga para até dez dias de consumo, e a média diária de consumo é 
determinada numa portaria conjunta dos Ministérios da Saúde e da Justiça. 
 
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. LEI PENAL EM BRANCO: preceito primário INCOMPLETO o que é diferente de 
ABERTO, já que com o complemento, ele é fechado. 
 . "Drogas" é um termo relativamente indeterminado, como tantos outros, mas, 
além disso, a lei é lei penal em branco quando ela própria diz que será 
complementada por outro dispositivo. - "Drogas são substâncias ou produtos capazes 
de causar dependência, ASSIM ESPECIFICADOS em lei ou em listas atualizadas 
periodicamente pelo Poder Executivo da União". ART. 1º, PAR 1º, DA LEI 
11.343/2006. 
 
. ESTRUTURA DO PRECEITO SECUNDÁRIO: parte do tipo em que informa qual é o 
tipo de pena e as quantidades mínima e máximas da pena. 
 . Podem ser penas cominadas isoladamente, cumulativamente (exemplo: 
reclusão de 20 anos E multa) ou alternativamente (uma pena ou outra pena). 
 . Direitos e Pena Pecuniária são os tipos de pena. As espécies são - na privação 
de liberdade, reclusão, detenção e prisão simples. Nas restritivas de direitos, são 
prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, limitação de 
fim de semana. Nas penas pecuniárias, temos multa e prestação pecuniária. - Essas 
modalidades todas estão previstas na Constituição e nas partes gerais do Código 
Penal e de algumas leis extravagantes. 
 . "Preceito secundário" é o que acompanha, nas partes especiais do Código e da 
Leis. Cada preceito primário de cada crime, e que preveem alguma(s) dessa(s) vária(s) 
espécies de pena previstas na Constituição ou na parte geral. 
 . As medidas de segurança não estão previstas nas partes especiais, só na parte 
geral, e são aplicáveis (internação ou tratamento ambulatorial) em qualquer crime, 
quando o sujeito é reconhecido como inimputável. E a escolha entre esse tipos 
(internação ou tratamento ambulatorial) é feita de acordo com a pena cominada na 
parte especial. Coisa semelhante ocorre com as penas restritivas de direitos do 
Código Penal. Elas só estão previstas na parte geral, e entram como substitutivas das 
penas previstas os preceitos secundários, na hora da dosimetria, quando cumpridos 
os requisitos. 
 
 
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. Tipo penal expressamente subsidiário: A pena só incide se este ato não for previsto 
em uma modalide mais grave. 
. Como sei se estou diante do estupro ou diante da importunação sexual? Já que os 
atos sexuais não estão relacionados (embora devessem pelo menos na forma mais 
grava do crime), deveria se restringir o estupro ao contato genital/anal, fora dessas 
hipóteses não entraríamos no estupro. Mas, o legislador não fez isso. 
 . Criou o tipo intermediário aberto de forma subsidiária, mas não fechou o tipo 
mais grave, o estupro. Então, ficaram dois tipos abertos. A única diferença se o ato 
envolveria violência ou não. 
 
 
 
3) FUNÇÕES DO TIPO PENAL: 
. INDICIÁRIA: quando estamos diante de um tipo de penal, estamos diante de uma 
informação que um comportamento social indesejável está descrito. – Nem sempre 
um comportamento social indesejável é criminoso. – Um comportamento social pode 
ser indesejável em um contexto, e aceitável em situações excepcionais. 
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 . Matar alguém é um comportamento social reprovado, mas pode ser aceito em 
situações excepcionais, excludentes de ilicitude, como em legítima defesa. - Mesmo 
quando se exclui a ilicitude, é um comportamento que se lamenta. 
 
 . Existem casos que são supralegais, embora também limitados, que não tem 
previsão legal para essa exclusão de ilicitude. 
. DE GARANTIA: indica que só os comportamentos socialmente indesejados que 
tenham sido tipificados podem ser punidos. 
4) ELEMENTOS DO TIPO PENAL: 
. Subjetivos (dolo ou culpa) X objetivos (aspectos exteriores da ação): 
 . Subjetivos: Os tipos penais são em regra dolosos (quando não dizem nada sobre 
si próprios). – Art. 18 do Código Penal. – O dolo é o grande elemento implícito do 
tipo penal. 
 . Objetivos: circunstâncias elementares do tipo. 
 . Matar alguém – elemento subjetivo (dolo), implícito nessa descrição. / Matar 
alguém – elementos objetivos (aspectos exteriores da ação) “matar” e “alguém” – 
verbo ou objeto. - Por exemplo, "alguém" é elemento OBJETIVO do homicídio, 
portanto circunstância elementar. Já "homem" não é elemento objetivo do 
homicídio, já que "alguém" envolve ser humano de qualquer gênero. 
 . "Mulher" pode ser elemento objetivo de um tipo específico de homicídio 
qualificado, que é o feminicídio, mas, para sê-lo, exige, além disso, que se tenha ou 
um elemento subjetivo especial ("menosprezo à condição de mulher") ou um 
elemento objetivo adicional ("contexto de violência doméstica"). 
 . Por exemplo, "recém-nascido" é uma condição muito específica, mas é objetiva 
porque é exteriormente observável. Já a "influência do estado puerperal" é um 
elemento subjetivo especial da mulher, é um estado de ânimo alterado. 
 . Quem adquirir, trouxer consigo, guardar, tiver em depósito ou transportar 
drogas, para consumo pessoal, sem autorização legal ou regulamentar, aqui "para 
consumo pessoal" é um elemento subjetivo especial do tipo, osdemais são 
elementos objetivos. 
 . Aspecto interno da ação - Cogitação, planejamento, preparação - aqui você 
encontra os elementos subjetivos. / Aspecto externo da ação - Execução, 
consumação, exaurimento - aqui você encontra os elementos objetivos. 
. Descritivos x normativos: 
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 . Descritivo: são aqueles que não dependem de uma complementação legal para 
defini-los, valem-se apenas da linguagem comum. 
 . Normativo: dependem de algum sistema normativo para completar sua 
definição. 
5) TIPICIDADE FORMAL: 
. SUBSUNÇÃO DO FATO: quando um fato se encaixa ao conteúdo da norma, ou seja, 
quando possui todos os elementos do tipo. 
. SOLUÇÃO DO CONCURSO: 
. Especialidade - quando um tipo penal contém todos os elementos de outro tipo 
e mais um elemento especializador – Exemplo: o tráfico de drogas é especial com 
relação ao contrabando porque possui todos os elementos do tipo geral (importação 
de mercadoria proibida) mais o elemento especializador (não é qualquer mercadoria 
proibida, é droga) 
. Subsidiariedade - um tipo só incide, quando não há nenhum outro aplicável ao 
mesmo fato. 
. Consunção - crime fim absorve o crime meio. Exemplo: O crime de falsidade 
com relação ao crime de estelionato; O crime de violação de domicílio com relação 
ao crime de furto. 
6) TIPICIDADE MATERIAL: avalio o conceito material de crime (ofensa relevante 
a bem jurídico protegido). 
. EXCLUSÃO PELA INSIGNIFICÂNCIA (Roxin): A questão da insignificância é que, 
independentemente do motivo, a ofensa é tão pequena, tão ínfima, que não justifica 
movimentar a máquina do Estado para punir uma coisa desimportante. – CUSTO X 
BENEFÍCIO. 
 
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. Não justifica utilizar o DP para um ponto irrelevante. 
 
 
 
. EXCLUSÃO PELA ADEQUAÇÃO SOCIAL (Welzel): Exemplo: mãe que fura a orelha da 
criança para colocar um brinco, isso é lesão corporal leve, mas é. Não é considerado 
crime por conta da adequação social. – Tentam expandir essa teoria para outros 
casos. 
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7) TIPICIDADE CONGLOBANTE: 
. Ideia trazida por Zaffaroni e que segundo é ele é uma aplicação da Teoria do 
Ordenamento Jurídico aplicada ao Direito Penal. 
. O Direito Penal só vai tratar como típico um comportamento quando ele não estiver 
determinado em outra lei. 
. O Direito não pode obrigar e proibir ao mesmo tempo, pois estaríamos diante de 
uma antinomia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTER CRIMINIS E TENTATIVA 
É o itinerário percorrido pelo crime, desde o momento da concepção até aquele em 
que ocorre a consumação. É a cogitação, planejamento, preparação, execução, 
consumação e exaurimento. 
Exemplo: La casa de papel. 
1) O PROCESSO EXECUTIVO DA INFRAÇÃO PENAL: 
. Cogitação: elaboração mental da resolução criminosa que começa a ganhar forma, 
debatendo-se entre os motivos favoráveis e desfavoráveis, e desenvolve-se até a 
deliberação e propósito final, isto é, até que se firma a vontade cuja concretização 
construirá o crime. 
. Planejamento: do ponto de vista intelectual, o desenho do plano criminoso. – 
Exemplo: pensar que arma vai usar, qual a rotina da vítima etc. 
. Preparação: reunião dos meios e recursos para prática do ato previsto no tipo. – 
Exemplo: adquirir a arma, dirigir-se até o local. 
. Execução: atos que dirigem-se diretamente a prática do crime. 
. Consumação: realizar todos os elementos previstos no tipo penal. 
. Exaurimento: também chamado de pós fato impunível. – Não é punível, exceto 
quando previsto como crime autônomo. Exemplo: lavagem de dinheiro. 
 
. Cogitação, planejamento e preparação não são puníveis, exceto quando previstos 
como crime autônomo. Exemplo: cogitar e planejar matar alguém, preparando-se 
com a aquisição e munição não configura tentativa de homicídio, mas pode 
configurar porte ilegal de arma, se a pessoa não possuir a devida licença. 
. “Art. 31 – O ajuste, a determinação ou instigação, e o auxílio, salvo disposição expressa em 
contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.” 
. Art. 14 - Diz-se o crime: 
Crime consumado 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
Tentativa. 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do 
agente. 
Pena de tentativa. 
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. Apontar a arma para alguém pode ser considerado início da execução do crime de 
roubo. Mas, se for olhar com um olhar mais crítico em relação ao crime de homicídio, 
ele só pode ser assim considerado quando a arma dispara. 
. Consumação é diferente de resultado. – Existem crimes que não dependem do 
resultado naturalístico para se consumar. 
 
. No tráfico de drogas existe o núcleo típico "vender" (que é material), o núcleo típico 
"expor à venda" (que é formal, e seria a tentativa do ato de vender, mesmo que 
ninguém compre) e o núcleo típico "transportar" (que seria o ato preparatório do 
núcleo típico "vender"). Esse núcleo típico "transportar" é de mera conduta. 
"Guardar" é mais claro ainda enquanto núcleo de tipo de mera conduta. 
 
 
2) TENTATIVA 
 
. É a realização incompleta do tipo penal. Há prática de ato de execução, mas o sujeito 
não chega à consumação por circunstâncias independentes de sua vontade. 
 
A) ESPÉCIES: 
. Imperfeita: 
Você executa uma parte da conduta necessária para a produção do resultado, mas 
não realiza toda ela. Você é interrompido. – Exemplo: uma pessoa está tentando 
matar a outra a golpes de faca, e é interrompida por alguém, sem conseguir concluir. 
. Perfeita (crime falho): 
O agente praticou todo o ato, mas o terceiro que interferiu conseguiu evitar a 
consumação, salvando a vítima. – Exemplo: envenenamento de alguém e ela 
consegue ser salva por tratamento médico a tempo, sobrevivendo. 
 . A conduta foi praticada inteiramente pelo agente, mas o crime não se 
consumou porque a vítima foi socorrida a tempo. 
 
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. Pela lei, a pena da tentativa é a pena do crime consumado, reduzida de um a dois 
terços. A doutrina discute como quantificar essa pena quanto mais próximo o ato 
chegou da consumação, a pena terá uma redução menor, então ficará mais próxima 
da pena do crime consumado. 
B) CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
. Tráfico privilegiado é o do art. 33, PAR. 4º, da Lei 11.343/2006, que é a causa de 
redução de pena quando o agente é primário, tem bons antecedentes, não se dedica 
a atividades criminosas nem integra organização criminosa. O STF decidiu no HC 
118.533 que a modalidade privilegiada do tráfico não é hedionda. Na lesão corporal 
seguida de morte a pena é de 4 a 12 anos. Na tentativa de homicídio qualificado, a 
pena é de 4 (12 com redução de 2/3) a 20 (30 com redução de 1/3) anos. Ou seja, se 
o agente recebe uma pena de 6 anos de reclusão por lesão corporal seguida de morte 
ela é menos severa, na prática, do que uma pena de 6 anos por tentativa de homicídio 
qualificado porque a lesão seguida de morte não é hedionda. 
 
. A progressão de regime na lesão seguida de morte é com 25% da pena (não 
hediondo com violência ou grave ameaça) se o agente for primário. 
 
. A progressão de regime na tentativa de homicídio qualificado é com 40% da pena 
(hediondo) se o agente for primário. 
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. Por muito tempo entendia-se o seguinte: uma pessoa foi assaltada, subtraiu-seum 
objeto, mas se a polícia conseguiu prender o criminoso e recuperar o objeto a vítima, 
não se teria crime de roubo, e o dano a vítima seria somente o psicológico. Contudo, 
essa súmula do STJ, o roubo já está consumado se tirou o objeto da vítima ainda que 
por pouco tempo. Então, para ser tentativa o objeto não pode ser subtraído da 
vítima. 
 
. A pena do roubo, na modalidade simples é 4 a 10 anos significa que, para o tentado, 
seria de 1 anos e 4 meses (4 com redução de 2/3) a 6 anos e 8 meses (10 com redução 
de 1/3) Sendo que existem várias majorantes para o roubo: emprego de arma branca, 
de arma de fogo, de explosivo, concurso de agentes. A pena máxima do roubo pode 
passar de 15 anos mesmo sem morte da vítima. Já o latrocínio tem pena de 20 a 30 
anos. 
 
3) INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DO INTER CRIMINIS: 
. O iter criminis pode ser interrompido pela vontade do próprio agente. Isso acontece 
em alguns casos. É o que os doutrinadores antigos chamavam de “ponte de ouro” do 
Direito Penal. 
 . Desistência voluntária: nos casos correspondentes à tentativa imperfeita. 
 . Diferença entre voluntariedade e espontaneidade. A desistência não precisa ser 
espontânea (pedido que a própria vítima faz ao agressor para que ele sinta remorso 
e desista de continuar - um agente iria realizar um assalto de celulares em um ônibus, 
e uma das vítimas chora dizendo que trabalhou muito para comprar, que é 
pobre/batalhadora etc. O agente então se compadece e desiste; ou o medo da 
aproximação da polícia que estava em atividade de rotina e ainda não tinha visto o 
ato). 
 . A desistência voluntária ocorre no meio dos atos executórios, por isso que ela 
corresponde à tentativa imperfeita. Já o arrependimento eficaz ocorre depois que 
todos os atos executórios já foram praticados, o crime ainda não se consumou, mas 
o agente consegue impedir que se consume. Se a pessoa age só no exaurimento, não 
é arrependimento eficaz pode ser arrependimento posterior. 
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 . A pessoa vai roubar um celular, mas, ao ver que é um iPhone, facilmente 
rastreado, desiste e vai embora. 
 . Bezerra da Silva: 
O ladrão foi lá em casa e quase morreu do coração 
Já pensou se o gatuno tem infarto, malandro, e morre no meu barracão 
Eu só tenho uma cadeira quebrada e um jornal como colchão 
Eu só tenho uma panela de barro e três tijolos como fogão 
O ladrão ficou maluco de ver tanta miséria em cima de um cristão 
E saiu gritando pela rua 
"Pega eu, que sou ladrão" 
 
. Arrependimento eficaz: nos casos correspondentes à tentativa perfeita. 
 . O agente após ter esgotado todos os meios que dispunha, arrepende-se e evita 
que o resultado aconteça. Isto é, pratica nova atividade para evitar que o resultado 
ocorra. Não é necessário que seja espontâneo, basta que seja voluntário. No entanto, 
o êxito é indispensável, ou seja, se o agente não conseguir impedir o resultado, por 
mais que tenha se arrependido, responderá pelo crime consumado. 
 . Exemplo: o agente dá uma facada na vítima na intenção de matar, mas ao ver a 
pessoa sangrando no chão, se arrepende e leva a vítima para o hospital para realizar 
o socorro. 
. Natureza jurídica da interrupção voluntária do iter criminis: 
 . A interrupção voluntária do iter criminis exclui a própria tipicidade da conduta. – 
O crime tentado e abandonado não é nem se quer típico, pois para ser típico na 
modalidade tentada, além de iniciada a execução, a interrupção tem que ser por ato 
voluntario do agente e não por ato alheio a sua vontade. 
 
. Arrependimento posterior: são praticados os atos executórios, consumado o ato e 
o arrependimento vem no exaurimento. 
 . No código Penal – reduz a pena nos crimes não violentos. 
 . Nos crimes tributários, previdenciários e na lavagem de dinheiro – isenta de 
pena. – Um dos casos em que a própria legislação penal desiguala pobres e ricos. 
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. Para Nicory: “Eu diria com segurança que os pobres cometem mais furtos que os 
ricos, mas os ricos comentem mais fraudes tributárias do que os pobres. A questão é 
que a sociedade vê com maior reprovação os crimes dos pobres, e o sistema atua de 
forma mais enérgica nesses casos, pelo menos em regra. 
 . O mesmo cidadão que reprova o furto não se enxerga cometendo crime quando 
inventa uma despesa médica falsa para pagar menos imposto se considera inclusive 
fazendo "justiça" porque o Estado não lhe dá nada em troca. Mas esse argumento da 
"boa causa" e da "autodefesa" também pode ser usado pelo pobre que furta e diz 
que o fez porque não teve oportunidade. A questão é que a sociedade "engole" mais 
o argumento do sonegador do que do furtador. 
4) CRIME IMPOSSÍVEL: 
. Pessoa pratica o crime executório, mas é um ato que não tem chance alguma de se 
consumar. Isso pode ser feito de duas formas: 
. Por absoluta ineficácia do meio: o meio é completamente inadequado para 
produzir o resultado pretendido pelo agente. Exemplo: tentativa de homicídio por 
envenenamento com aplicação de farinha em vez de veneno. 
 . Tentar matar alguém com uma arma que ele não sabe que é de brinquedo, ou 
que tá sem munição porque alguém tirou as balas ao saber que ele a usaria para o 
crime. 
 . Súmula 145, STF: não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia 
torna impossível a sua consumação. 
 . Ineficácia do meio = instrumento ou modo de execução. 
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. Por absoluta inidoneidade do objeto: famosa história do tentar matar quem estava 
morto. – Exemplo: uma pessoa coloca uma bomba na casa da vítima, mas antes de 
explodir ela já estava morta por causa de infarto. Assim, a causa mortis foi o infarto 
e não a bomba. O agente irá responder por crime de explosão ou algo do tipo. 
 
 
. Flagrante preparado: polícia tem uma informação e se prepara para pegar o 
criminoso. 
. Flagrante esperado: a polícia incita o criminoso a praticar a conduta criminosa. – 
Exemplo: policial que vai comprar droga. 
 
ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO 
1) DOLO: 
 
. Dolo e culpa são questões discutidas ainda no âmbito da tipicidade. 
 
. Para que alguém seja visto como responsável por um crime, é preciso que se 
estabeleça um vínculo subjetivo com o fato: dolo e culpa. 
 
. Os crimes em regra são dolosos, mas excepcionalmente podem ser culposos. 
 
. Dolo nos leva logo a ideia de intenção. Mas, nem todo crime doloso preenche o 
requisito da intenção direta. 
 
 
 
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Art. 18 - Diz-se o crime: 
Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - doloso, quando o agente quis o resultado (DOLO DIRETO) ou assumiu o risco de produzi-lo 
(DOLO EVENTUAL). 
 
A) ELEMENTOS: Exige-se a presença simultânea dos dois. – Elemento volitivo sem 
elemento cognitivo = erro de tipo; cognitivo sem o volitivo = culpa consciente. 
. Cognitivo: ideia de representação da realidade. – Quando o agente pratica uma 
determinada conduta ele tem uma certa representação da realidade. – 
Representação da realidade = percepção da realidade através dos órgãos de 
sentido, e essa entrada de informação no seu sistema nervoso a partir do que foi 
captado no mundo exterior compõe uma determinada imagem/representação 
mental de como você enxerga a realidade que está a sua frente. É essa imagem 
que irá guiar a sua ação = você decide se comportar de uma determinada forma. 
– Essa representação da realidade não envolve apenas elementos do presente, 
do que se descortina à sua frente, pois ela também vislumbra um olhar para o 
futuro. = Ao interferir naquela realidade, o que você é

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