Buscar

aula 5 supervisao tecnica

Prévia do material em texto

SUPERVISÃO TÉCNICA E 
ACADÊMICA EM SERVIÇO 
SOCIAL 
AULA 05 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Sandra Aparecida Silva dos Santos 
 
 
2 
 
CONVERSA INICIAL 
Bem-vindos! 
Nesta aula discutiremos questões pertinentes às competências do 
assistente social na contemporaneidade, buscando a apropriação de elementos 
que explicitem a execução da supervisão, da assessoria e da consultoria pelo 
profissional assistente social, apresentando os pressupostos e desafios na 
prática da assessoria/consultoria em Serviço Social, discutindo sua posição de 
trabalhador no mercado de trabalho. 
 
CONTEXTUALIZAÇÃO 
Ao tratar do tema Supervisão técnica e acadêmica, consultoria e 
assessoria no Serviço Social, busca-se desvendar as possibilidades e 
exigências de atuação para o profissional assistente social, cada vez mais 
solicitado a atuar em diferentes campos de trabalho. 
 
Problematização 
A disciplina de supervisão técnica, assessoria e consultoria em Serviço 
Social apresenta grande relevância na formação do profissional assistente 
social. Inúmeros são os desafios que se apresentam ao profissional, que 
necessita de habilidades e competências específicas para atuar conforme as 
necessidades e exigências da realidade que se apresenta. 
 
TEMA 1: EXIGÊNCIAS DE FORMAÇÃO NA ATUALIDADE 
As questões que dizem respeito às competências e às atribuições 
privativas do assistente social necessitam de olhar apurado, já que as 
competências elencadas na Lei 8662/93 não se constituem de exclusividade do 
assistente social. 
Segundo Iamamoto (2012), faz-se necessária a capacitação dos 
profissionais a fim de propiciar a resolução das questões que se apresentam e 
 
 
3 
que não se configuram em capacidade exclusiva do Serviço Social, diferente 
das atribuições privativas do assistente social contidas no artigo 5º da Lei 
8662/93, que não podem ser desempenhadas por outro profissional que não o 
assistente social. 
A alta qualificação dos profissionais se torna elemento primordial, a fim 
de garantir sua atuação no mercado com uma visão crítica da realidade, 
pautada nas exigências do Código de Ética Profissional. Segundo Lewgoy 
(2010), as competências e habilidades do assistente social não podem fugir 
dos parâmetros indicados pela Lei da Regulamentação da Profissão e pelas 
Diretrizes Curriculares que reforçam a capacitação das habilidades técnico-
operativas sempre em consonância com a capacitação ético-política e teórico-
metodológica. 
O desafio se constitui, para Iamamoto (1998), em redescobrir formas 
que possibilitem ao profissional realizar seu trabalho formulando propostas 
frente aos desafios sociais que se apresentam. O profissional, para Iamamoto 
(1998), necessita realizar leitura e acompanhamento dos processos sociais, 
considerando as especificidades das questões sociais e suas diferentes 
expressões no nível “regional, estadual e municipal e as alterações sócio-
históricas que nelas vêm processando.” (Iamamoto, 1998, p. 100). 
O profissional deve estar atento, como alerta Iamamoto (2012), para a 
concepção do estado liberal que busca a retirada da responsabilidade do 
estado quanto às questões pertinentes ao bem-estar social, responsabilizando 
indivíduos, famílias e comunidades. 
 
TEMA 2: SUPERVISÃO EM SERVIÇO SOCIAL 
O processo de supervisão associado ao projeto profissional do Serviço 
Social busca promover a análise crítica do exercício do processo de trabalho 
do assistente social. Para Buriolla (1996), características individuais do 
supervisor que dizem respeito às questões culturais e de personalidade em 
conjunto com a competência, o conhecimento teórico e a experiência prática 
influenciam diretamente no processo de supervisão. 
 
 
 
 
4 
 
Relativo à aprendizagem no estágio, Pinto (2006) ressalta a importância 
da supervisão, visto ser o espaço em que supervisores e alunos entendem e 
agem sobre a realidade em uma interatividade entre ensino e aprendizagem. A 
supervisão de campo exige do profissional, segundo Lewgoy (2010), “o 
conhecimento para trabalhar com o estagiário de modo diferente de como 
trabalha com seus usuários.” (Lewgoy, 2010, p. 134), necessitando para isso 
de bagagem pedagógica “que lhe dê suporte não apenas na orientação, mas 
na introdução e acompanhamento do estagiário na cultura institucional.” 
(Lewgoy, 2010, p. 134). 
Faz-se necessário, para Oliveira (2004), a aproximação entre supervisor 
técnico e acadêmico, visto as ações desenvolvidas por ambos se 
complementarem e tornarem o processo de ensino mais eficiente. 
O Código de Ética do Serviço Social em seu artigo 5º define como 
atribuição privativa do assistente social a supervisão direta de estagiários, 
cabendo, conforme o artigo 14º, às unidades de ensino credenciar e comunicar 
aos Conselhos Regionais de sua jurisdição os campos de seus alunos e 
designar os assistentes sociais responsáveis por sua supervisão. 
 
TEMA 3: ASSESSORIA/CONSULTORIA EM SERVIÇO SOCIAL 
A respeito da importância e especificidade da atuação do assistente 
social, Iamamoto (1999) enfatiza que as atividades do assistente social se 
encontram associadas à formação teórico-metodológica, técnico-profissional e 
ético-política, que exige um olhar de atuação que extrapole a atividade rotineira 
identificando “novas possibilidades e exigências para o trabalho.” (Iamamoto, 
1999, p. 110). 
A assessoria/consultoria se constitui, para Matos (2006), a possibilidade 
de renovação de estratégias técnico-operativas para o Serviço Social, 
buscando assumir novos espaços de atuação objetivando a implantação de 
seu projeto ético-político. 
O processo de consultoria requer, segundo Vasconcelos (1998), a 
elaboração anterior, pela equipe que contrata a consultoria, de um projeto de 
prática buscando por objetivo na consultoria “respostas para algumas questões 
 
 
5 
pontuais” (Vasconcelos, 1998, p. 128) que possam estar causando o entrave 
desse projeto. Para tanto, a equipe busca um profissional capacitado para dar 
assistência nos quesitos técnicos e teóricos. O assessor contribui, portanto, 
com a equipe enquanto agente externo e capaz, auxiliando em questões em 
que as equipes não conseguem identificar e avançar, segundo Matos (2006). 
A solicitação do profissional assistente social na gestão, segundo Bravo 
e Matos (2014), junto ao poder executivo e às organizações tem se 
intensificado, no acompanhamento de implantação de políticas sociais, o que 
requer atualização constante e clareza quanto ao projeto de profissão. 
 
TEMA 4: PRESSUPOSTOS E DESAFIOS NA PRÁTICA DA 
ASSESSORIA/CONSULTORIA EM SERVIÇO SOCIAL 
O assistente social deve estar preparado para prestar 
assessoria/consultoria quando solicitado, entretanto, segundo Bravo e Matos 
(2006), mesmo quando não solicitado se constitui seu dever levar às instâncias 
de gestão, representadas por chefias, coordenações, gerências, associações, 
movimentos sociais, dentre outros, conhecimentos e dados a respeito da 
matéria de Serviço Social. 
A contradição se encontra presente na assessoria/consultoria quando 
em sua atuação o profissional pode estar participando do controle do 
trabalhador e de suas famílias, não estando imunes às práticas de interesse 
capitalista que favoreçam, para Bravo e Matos (2006), a repressão. A 
assessoria se dá, então, em espaços contraditórios, tornando-se importante, 
segundo Freire (2006), a contribuição para a defesa dos interesses dos 
trabalhadores, devendo ser utilizada na desmistificação da situação/problema 
que se apresenta. 
A assessoria/consultoria oportuniza a socialização de informações e 
conhecimentosentre o assessor e o assessorado, constituindo-se, para Souza 
(2016), espaço de negociação e mediação do Serviço Social. Em um processo 
de exigência de conhecimento, Bravo e Matos (2006) destacam o importante 
papel da universidade na formação dos assessores e na realização de 
assessoria aos assistentes sociais. 
 
 
6 
 
TEMA 5: O ASSISTENTE SOCIAL COMO TRABALHADOR ASSALARIADO 
A respeito das consequências da reestruturação produtiva do sistema 
capitalista, Pinto e Iamamoto (s/d) informam que o desenvolvimento do 
neoliberalismo na década de 90 articulou transformações que dizem respeito à 
privatização dos serviços públicos, desregulamentação do trabalho e da 
produção social, desemprego estrutural, subemprego, precarização do trabalho 
e desarticulação dos movimentos da classe trabalhadora. 
O processo contraditório do cotidiano de trabalho imprime ao assistente 
social, segundo Raichelis (2011), novas possibilidades de atuação no âmbito 
das políticas sociais, ao mesmo tempo em que precariza as condições de 
trabalho do assistente social, alienando e restringindo sua autonomia técnica e 
intensificando seu trabalho, em uma relação de exploração que embute ao 
profissional o contraditório do prazer da realização de um trabalho 
comprometido com os sujeitos, buscando o fortalecimento de seus direitos, e 
ao mesmo tempo o sentimento de frustração e impotência diante da “ausência 
de meios e recursos que possam efetivamente remover as causas que 
provocam a pobreza e a desigualdade social.” (Raichelis, 2011, p. 434). 
A respeito da realidade do trabalho do assistente social, Lewgoy (2010) 
argumenta que tanto o trabalho do profissional inserido na prestação de 
serviços na comunidade quanto o do profissional inserido como docente nas 
instituições de ensino expressa as relações de trabalho reproduzidas pelo 
sistema capitalista de produção. 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n. 8662, de 07 de junho de 1993. Diário Oficial da União, 
Presidência da República, Brasília, DF, 07 jun. 1993. 
BRAVO, M. I. S.; MATOS, M. C. (Orgs.). Assessoria, consultoria, 
auditoria, supervisão técnica. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006. 
CFESS. Atribuições privativas do (a) assistente social em questão. 
1 ed. Brasília: 2012. 
 
 
 
7 
 
______. Código de Ética do Serviço Social. Brasília: 1993. 
FREIRE, L. Assessoria e consultoria a gestores e trabalhadores como 
trabalho do assistente social. In: BRAVO, M. I. S.; MATOS, M. C. Assessoria, 
consultoria e Serviço Social. Rio de Janeiro: 7 Letras/FAPERJ, 2006. 
IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho 
e formação profissional. 2. ed. São Paulo: Cortez,1998. 
LEWGOY, A. M. B. Supervisão de estágio em Serviço Social: 
desafios para a formação e o exercício profissional. São Paulo: Cortez, 2010. 
OLIVEIRA, C. A. H. S. O estágio supervisionado na formação 
profissional do assistente social: desvendando significados. Serviço Social & 
Sociedade, São Paulo, n. 80, nov. 2004. 
PINTO, B. A. C.; IAMAMOTO, M. I. T. Desenvolvimento histórico do 
Serviço Social. S/l: s/d. Disponível em: <http://docplayer.com.br/362806-
Desenvolvimento-historico-do-servico-social.html>. Acesso em: 30 nov. 2016. 
PINTO, R. N. F. Estágio e supervisão: um desafio ao ensino teórico-
prático do Serviço Social. S/l: s/d. Disponível em: 
<http://www.pucsp.br/nemess/links/artigos/rosa1.htm>. Acesso em: 30 nov. 
2016. 
RAICHELIS, R. O assistente social como trabalhador assalariado: 
desafios frente as violações de seus direitos. Serviço Social & Sociedade, 
São Paulo, n. 107, jul./set. 2011, p. 420-437. 
SOUZA, N. N. Assessoria e consultoria: competência técnica da (o) 
assistente social. II Congresso de Assistentes Sociais do Rio de Janeiro, 11 
a 13 mai. 2016. Disponível em: <http://www.cressrj.org.br/site/wp-
content/uploads/2016/05/090.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2016.

Continue navegando

Outros materiais