Buscar

PROCESSO CIVIL I COMPLETO

Prévia do material em texto

PROCESSO CIVIL I 
(01/02/2018)
NOÇÕES GERAIS
Processo é o conjunto de atos ordenados (procedimento) que tem por finalidade formar conhecimento do juiz, para que ele possa prestar a atividade jurisdicional. 
Quando se ajuíza uma ação é porque aconteceu um fato na vida em que as partes não cumpriram com suas obrigações espontaneamente. 
Ex: João deu ré no carro e bateu no carro da Maria. Se o João cumprisse espontaneamente os seus deveres não haveria a necessidade de buscar o judiciário para o juiz resolver a questão. Para o juiz tomar conhecimento da matéria que lhe foi dada ele precisa de um processo, ele precisa necessariamente seguir as fases que a lei processual determina. Quando se ajuíza uma ação o autor quer que o juiz profira uma sentença. O juiz tem legitimidade para exercer a atividade jurisdicional, onde há a presunção de que ele vai saber dizer o direito. 
Durante muito tempo alguns doutrinadores entendiam que processo e procedimento eram a mesma coisa. Alexandre Câmara diz que procedimento é um dos elementos do processo. 
NATUREZA JURÍDICA DE PROCESSO → Processo é uma categoria jurídica autônoma. Não tem nenhuma outra categoria jurídica igual ao processo. É uma entidade complexa, sendo o procedimento um dos seus elementos formadores.
O ordenamento jurídico é composto por vários institutos que se agrupam em categorias numa relação de gênero e espécie. 
DEVIDO PROCESSO LEGAL 
A Constituição Federal trouxe no seu art. 5º, inciso LIV, que “ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.”
O devido processo legal é um conceito jurídico indeterminado, que vai ganhando um novo significado a depender do tempo e do povo. Para Alexandre Câmara o devido processo legal deve se desenvolver em tempo razoável, obedecendo ao contraditório e a ampla defesa, sendo a decisão judicial substancialmente fundamentada. 
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA → O NCPC enfatiza a efetivação do contraditório, que é o direito que a parte tem de se manifestar e influenciar o juiz com as suas argumentações. Mesmo em matéria de ordem pública que, ainda sem requerimento das partes, o juiz pode reconhecer de ofício, deve ser aberto prazo para a parte prejudicada se manifestar. Por exemplo, a prescrição é uma matéria de ordem pública. Prescrição é um fato jurídico natural, o decurso do tempo faz uma pessoa ganhar, perder ou modificar direitos. Se o autor ajuíza uma ação e já tiver ocorrido o prazo da prescrição, o juiz pode decretá-la mesmo sem requerimento do réu. Porém, tem que dar oportunidade para a parte autora se manifestar nos autos. Isso é respeito ao contraditório e à ampla defesa. 
O CPC/73 foi modificado pela lei 13.105/2015. Teve uma vacatio legis de um ano e entrou em vigor em 18 de março de 2016. Com essa nova lei se instaura a era do Processo Civil Constitucional ou a Constitucionalização do Processo Civil. O processo civil tem que estar em consonância com os valores da Constituição Federal. O processo antigo estava dissonante com a Constituição Federal. Pois a nossa CF é de 1988, a duração razoável do processo é uma cláusula pétrea. O novo processo civil veio buscar uma harmonia com os valores da CF, porque o processo antigo era de 1973. 
Com o NCPC houve redução de alguns recursos; maior enfoque à audiência de conciliação e mediação na tentativa de que as partes cheguem a um denominador comum antes de o juiz proferir a sentença. 
O Novo Código de Processo Civil fala também em carta rogatória (quando outro país deve cumprir alguma diligência determinada pelo Brasil), carta precatória (quando as partes estão em comarcas distintas, o juiz envia um pedido ao outro da comarca diferente), carta de ordem (é sempre interposta no juízo de 2º grau de jurisdição, ex: ação rescisória), carta arbitral (decisão com força de título executivo judicial, tomada por um juiz arbitral, ex: condução de testemunha).
ESPÉCIES DE PROCESSO
No antigo CPC havia três espécies de processo: de conhecimento, cautelar e de execução. O processo cautelar não existe mais, porém existem medidas cautelares. 
PROCESSO DE CONHECIMENTO → O juiz vai conhecer a matéria através das alegações das partes, das provas produzidas e vai proferir a sentença. Tem como atividade preponderante a cognição (“kazuo da atanade” diz que cognição é a atividade exercida pelo estado/juiz que tem por finalidade analisar as alegações das partes e as provas produzidas no processo para, formando seu conhecimento, estar apto a prestar a tutela jurisdicional). Quando se ajuíza uma ação de cobrança, o juiz precisa conhecer da matéria de direito que lhe é apresentada. O juiz tomando conhecimento baseado nas provas produzidas nos autos vai proferir a sentença, vai exercer a sua atividade jurisdicional, vai prestar a sua tutela jurisdicional. Pelo procedimento comum o processo de conhecimento passa por várias fases.
PROCESSO DE EXECUÇÃO → O juiz não vai tomar conhecimento de matéria. Neste processo o exequente quer a satisfação do seu crédito, o juiz já conheceu que o autor da ação tem direito a receber. Assim passando para a fase de execução, quais são os meios para que o autor receba o dinheiro. 
Enquanto no processo de conhecimento se busca o conhecimento de determinada matéria de direito, no processo de execução busca-se a satisfação do crédito, a efetivação do direito reconhecido. No processo de execução a sentença é bem mais simplificada.
Art. 924.  Extingue-se a execução quando:
I - a petição inicial for indeferida;
II - a obrigação for satisfeita;
III - o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida;
IV - o exequente renunciar ao crédito;
V - ocorrer a prescrição intercorrente.
PROCESSO CAUTELAR → não existe mais no novo CPC, ele existe como medida cautelar. 
Ex: Maria vendeu um carro para João no valor de R$ 40.000, e no contrato de compra e venda eles estabeleceram que João pagasse em quatro parcelas de R$ 10.000. Só que o João pegou o carro e não pagou nenhuma parcela e a Maria tomou conhecimento que João está fazendo uma obra e está transportando tijolos no carro. Ela pode ajuizar uma ação de cobrança e vai pedir uma tutela provisória de urgência de natureza cautelar. Cautela é precaução, Maria vai pedir que o juiz determine uma medida de sequestro. Aquele carro que vai ser objeto da rescisão de contrato com devolução de carro + pedido de perdas e danos vai ser a garantia da efetividade prática do processo de rescisão de contrato.
Obs: Às vezes no processo de conhecimento é necessário o advogado pedir uma medida cautelar.
PROCESSO SINCRÉTICO → O CPC/73 sofreu uma mudança e já trouxe esse tipo de processo, que é a unificação de duas modalidades de processo. Sincretismo é unificação. 
Ex: Antes dessa mudança a Maria ajuizava uma ação de conhecimento e o juiz proferia a sentença, depois o advogado tinha que ajuizar outro processo de execução. Agora houve a unificação das fases do processo. 
Hoje dentro de um processo de execução tem a fase de conhecimento e depois começa com a fase de execução, que é a satisfação do crédito, a efetivação do direito reconhecido na sentença. 
O processo sincrético pode ser a junção do processo de conhecimento + processo de execução. 
Art. 536.  No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.
§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial.
Ex: Maria ajuizou uma ação contra o plano de saúde porque este estava se recusando a entregar um stent. O juiz já entendeu que ela está precisando desse stent para fazer a cirurgia, então ele vai determinar que o plano de saúdeentregue o stent em 10 dias sob pena de multa de R$ 500 (astreintes – multa diária pelo não cumprimento). O juiz está tomando medidas para garantir o cumprimento da obrigação. 
O processo sincrético também pode ser a junção do processo de conhecimento + processo cautelar. 
Ex: tutela provisória de natureza cautelar. A medida cautelar garante o resultado útil do processo, a efetividade do processo. 
PROCEDIMENTO
Procedimento é um dos elementos do processo. É a ordem lógica e cronológica com que os atos processuais são praticados no processo. Sua configuração dependerá da espécie de processo em questão. Se for um processo de conhecimento, são possíveis dois tipos de procedimento: comum e especial. 
Ex: O antigo proprietário A de um terreno vendeu parte dele para B, e na escritura pública constava que esse terreno tinha 1.000 metros quadrados. Só que nessa escritura pública de compra e venda estava escrito que o terreno confinante era da casa de C. Então B baseado na escritura pública começa a capinar esse terreno, a plantar árvores frutíferas, ele dá uma função social para esse terreno e passado um tempo ele até consegue por usucapião esse terreno, mas ele imagina que é possuidor legítimo. Só que A diz que na verdade houve um erro na escritura pública e o possuidor legítimo do terreno é C. Então B vai ajuizar uma ação de reintegração de posse. O juiz ao receber a petição inicial vai seguir um rito especial, ao invés de citar o réu para apresentar contestação para ir à uma audiência de conciliação e mediação que é usual nas ações, ele vai determinar uma audiência de justificação. É um ato processual específico nessa ação processual.
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA → Na jurisdição contenciosa, também chamada de jurisdição propriamente dita, existe quando há um conflito de interesses apresentado em juízo, para que seja solucionado pelo Estado-juiz. Quando há uma lide (é o conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida). Temos autor e réu e uma sentença que vai fazer coisa julgada. 
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA GRACIOSA OU ADMINISTRATIVA → Embora não haja a presença de um conflito de interesses, em razão da matéria discutida, para a validade de alguns atos, é necessária a participação do juiz, que vai emitir uma declaração de vontade. Não existem posições antagônicas, não se fala em coisa julgada. A jurisdição voluntária está prevista nos arts. 719 a 725 do NCPC. 
Ex: Maria durante a vida inteira falou nos almoços de domingo para a família que quando falecesse gostaria de ser cremada. A vontade da pessoa que falece deve ser protegida. No dia da sua morte, a família vai ajuizar uma ação com pedido de alvará de cremação. Aqui não existe conflito, a família quer apenas cumprir a vontade da pessoa que faleceu. O juiz vai verificar os requisitos da lei, vai mandar o Ministério Público se pronunciar com análise do certificado de óbito, se for morte violenta, por exemplo, o documento emitido pelo IML. Cumprida as exigências legais o juiz vai definir o alvará de cremação. 
Ex: Divórcio consensual. Maria e João não têm filhos, são casados tem dois anos e adquiriram uma casa em Cabo Frio. Eles consensualmente querem se divorciar e querem dividir a casa. Na realidade existe um negócio jurídico, eles vão contratar um advogado que vai informar o juiz que por razões de impossibilidade de vida em comum eles decidiram se divorciar, e querem dividir a casa. O juiz então vai homologar um acordo entre eles. 
PROCEDIMENTO COMUM 	
No antigo CPC procedimento comum era subdividido em ordinário, sumário e sumaríssimo. Porém o procedimento ordinário e o sumário não existem mais no NCPC. Hoje, o procedimento ordinário é chamado de procedimento comum e tem o procedimento sumaríssimo, que é o regulado pela lei 9.099/95. Pode ser de jurisdição contenciosa e voluntária. 
Existe controvérsia doutrinária se o procedimento sumaríssimo não é na realidade um procedimento comum apenas regulado pela lei dos Juizados Especiais. Alguns doutrinadores dizem que procedimento sumaríssimo é diferente de procedimento comum e outros dizem que procedimento sumaríssimo é o comum, apenas regulado por essa lei. 
Ex: ação de cobrança.
PROCEDIMENTO ESPECIAL 
O procedimento só pode ser considerado especial se a lei criar um rito específico para que seja processado o litígio de um direito específico. Pode ser se jurisdição contenciosa e voluntária.
No Juizado, não há qualquer direito específico sendo tratado em procedimento específico. Em razão disso, não se pode entender que seja procedimento especial, sendo este o entendimento majoritário.
Os ritos especiais são os mais variados, previstos no NCPC ou em legislação extravagante. Por exemplo, ação de consignação em pagamento obedece a procedimentos encadeados próprios de sua natureza. 
A definição de qual rito será seguido é feita por eliminação. Assim, se não for hipótese de procedimento especial, será comum. 
Também tem procedimento em processo de execução, mas há necessidade de saber qual é a natureza do título executivo. Se o título executivo for o judicial, ou seja, decorrer de uma sentença vai seguir o rito do art. 523 se a sentença determinar obrigação de pagar, e se a sentença determinar uma obrigação de fazer ou não fazer o rito será o do art. 497. 
E quando se tem um título executivo extrajudicial? Título executivo extrajudicial é um contrato com duas testemunhas. 
Ex: Um contrato de prestação de serviço com uma empresa e um advogado. Se aquele contrato tiver duas testemunhas e a empresa não pagar o advogado, ele pode ao invés de ajuizar uma ação de cobrança que tem que passar pelo processo de conhecimento para o juiz reconhecer ou não se tem dívida, ele já ajuíza uma ação sem processo de conhecimento porque tem um título executivo extrajudicial. 
Obs: O NCPC autoriza o juiz adaptar o procedimento conforme as peculiaridades do caso concreto. 
 (08/02/2018)
DO PROCEDIMENTO COMUM NA AÇÃO DE CONHECIMENTO 
É o procedimento mais longo, logo o mais completo. A maioria das demandas segue o procedimento comum. A aplicação é subsidiária, no silêncio dos outros procedimentos aplica-se o procedimento comum. 
Procedimento é a ordem lógica e cronológica com que os atos processuais são praticados. 
FASES DO PROCEDIMENTO COMUM 
O procedimento comum passa por diversas fases: fase postulatória, de saneamento, também chamada de saneadora ou de organização do processo, probatória ou instrutória e decisória (fase em que o juiz vai proferir a sua sentença.). Essas fases se interligam, excepcionalmente uma fase pode vir antes da outra. 
Ex: imagina que houve uma batida de carro e a única testemunha vai embora para morar definitivamente no Canadá. Na petição inicial o autor pede uma produção antecipada de prova, que o juiz ouça essa testemunha porque ela está para ir embora do país. O juiz pode só colher o depoimento dessa testemunha. 
FASE POSTULATÓRIA 
Uma ação judicial inicia-se com a distribuição da petição inicial. O advogado tem que saber qual o juízo competente para julgar aquela matéria de direito, mas não sabe em qual vara vai cair. 
Ex: Maria quer se divorciar do João, o juízo competente é o juízo da vara de família. Então o advogado vai elaborar uma petição inicial e vai endereçar a um juízo de família, mas ele não sabe qual. Porque pelo princípio do juiz natural, o advogado não pode escolher o juiz. 
A distribuição é eletrônica para garantir a imparcialidade do juízo. 
Art. 312.  Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado.
Art. 240.  A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
Ex: A Maria é casada com o João, mas ele todo sábado sai para jogar futebol com os amigos e volta de madrugada totalmente bêbado. Maria já está vivendoessa situação por cinco anos e por não agüentar mais procura um advogado para pedir o divórcio. Quando a petição inicial é distribuída o divórcio, que é o direito pleiteado pela Maria (direito potestativo – direito de sujeitar o outro aos seus próprios interesses), já é litigioso para ela. Quando o réu for validamente citado, ou seja, quando João for citado por oficial de justiça, naquele momento que em ele toma conhecimento que existe uma demanda contra ele o divórcio se torna litigioso para ele. 
Distribuída a petição inicial o bem da vida já se torna litigioso para o autor. Com a citação válida, torna-se litigioso para o réu. A petição inicial é uma folha A4 em que o advogado vai endereçar o juízo competente, vai qualificar o nome do autor e do réu, vai relatar os fatos da vida que repercutem na esfera do direito, vai trazer os fundamentos jurídicos, o pedido, as provas que ele pretende produzir, vai dizer se quer ou não uma audiência de conciliação e mediação e por fim vai colocar o valor da causa. Ao final vai dizer “pede e espera deferimento”, a data e o nome do advogado com a sua respectiva OAB. 
A petição inicial é o instrumento da demanda, é o instrumento da ação. É o que materializa a ação. A fase postulatória vai da distribuição da petição inicial até o escoamento do prazo de resposta do réu. 
Quando o autor distribui uma petição inicial ele está suplicando ao juiz que decida uma situação da vida que ele não conseguiu decidir. 
FASE SANEADORA, TAMBÉM CHAMADA DE SANEAMENTO OU DE ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO 
Inicia-se depois do prazo de resposta do réu. Tendo o réu apresentado resposta ou não, o juiz parte para o saneamento do processo se não for caso de julgar antecipadamente o mérito da causa ou caso de extinguir o processo sem julgamento do mérito. 
O juiz vai verificar se existe alguma questão processual pendente, vai fixar a matéria de fato e de direito controvertida (matéria controvertida é a conflituosa, a que as partes não chegaram a um denominador comum), vai indicar as provas que serão produzidas na próxima fase e, se houver a necessidade de oitiva de testemunha, ele vai designar uma audiência de instrução e julgamento. Pode ainda nessa fase redistribuir o ônus da prova. 
FASE PROBATÓRIA, TAMBÉM CHAMADA INSTRUTÓRIA 
É a fase em que autor e réu vão produzir provas. Em direito não basta somente alegar, tem que provar. 
Art. 357.  Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo:
I - resolver as questões processuais pendentes, se houver;
II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos;
III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373;
IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito;
V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento.
Ex: houve uma batida de carro. João bateu no carro da Maria, pois estava em alta velocidade e bêbado. Ainda quando saiu do carro disse palavras de baixo calão para Maria e que não iria pagar o conserto do carro. Maria vai ter que provar o que ela está alegando, vai arrolar testemunhas para serem ouvidas na audiência de instrução e julgamento. E as testemunhas que estavam no ponto de ônibus assistiram tudo e vão relatar os fatos de maneira imparcial. Espera-se de uma testemunha que ela relate os fatos da vida que repercutiram na esfera do direito para que o juiz se convença se o autor tem razão ou não. 
Nessa fase autor e réu podem produzir as provas admitidas pelo direito, provas lícitas ou moralmente legítimas. Pode-se produzir prova testemunhal, pericial, inspeção judicial, confissão. Autor e réu tentam comprovar aquilo que eles alegaram. O autor na petição inicial e o réu na constestação, que é a peça de defesa do réu. 
Ex: imagina uma ação que busca um cancelamento de loteamento. Antes de o juiz decidir se vai cancelar ou não aquele loteamento, ele deve ir necessariamente ao local do loteamento e verificar se existe algum possível adquirente de lote morando no local. O juiz vai pessoalmente ao local. Inspeção judicial. 
Ex: houve um erro médico e Maria ficou com um defeito gravíssimo na perna depois de uma cirurgia ortopédica. Ela vai pedir indenização por erro médico. Mas o juiz não tem subsídio para julgar somente com prova testemunhal, vai haver necessidade prova pericial. Um perito, nomeado pelo juiz, vai responder os quesitos e elaborar um laudo e pode concluir se houve erro médico ou não. Prova pericial. 
Ao autor cabe o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito e ao réu o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. 
Art. 373.  O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Ex: se a Maria está ajuizando uma ação de cobrança em fase de João, pois ela entende que tem um crédito de R$ 20.000 com o ele, cabe a ela provar que houve um contrato de crédito. Maria tem o encargo de provar o que está alegando. 
FASE DECISÓRIA 
É a fase em que o juiz vai decidir aquela ação naquele grau de jurisdição que ele é competente. 
Se o autor quiser uma audiência de conciliação e mediação, o juiz vai marcar essa audiência e o réu vai ser citado para comparecer. Se na audiência o réu admitir o erro e se comprometer em corrigir o dano, o processo se encerra. 
Mas se não houve acordo na audiência de conciliação e mediação, o réu vai apresentar a contestação e depois o juiz vai determinar que as partes especifiquem as provas que pretendem produzir na fase postulatória e então autor e réu vão arrolar as suas testemunhas, para ser designada uma audiência de instrução e julgamento. Nessa audiência o juiz vai ouvir as testemunhas do autor e do réu. Terminada a audiência de instrução e julgamento e não havendo nenhuma prova a produzir o juiz vai dar a sentença. Acabaram-se as fases, o juiz é obrigado a julgar.
Quando o juiz profere sentença, ele só tem que voltar nela quando tem que apreciar um recurso chamado embargo de declaração. Fora isso, o juiz não mexe mais na sentença. 
FASE RECURSAL 
Fase de recursos, onde se recorre da decisão proferida. 
Ex: ação de obrigação de fazer. Maria é síndica em um prédio e os moradores resolveram colocar pastilhas na fachada. A empresa colocou as pastilhas há um ano e na primeira chuva, metade das pastilhas caíram no chão. O condomínio deve ajuizar uma ação de obrigação de fazer para que, provado o defeito na colocação das pastilhas, aquela empresa refaça o serviço. 
Na fase postulatória, num primeiro momento temos a impressão que só o autor faz o pedido. Mas o réu, na sua resposta, pode também fazer pedido de natureza processual (ex: ele pode extinguir o processo sem julgamento do mérito alegando que o autor não tem legitimidade para propor a ação; como no caso da mãe ajuizar uma ação de divórcio em nome da filha). Outro pedido que o réu pode fazer é declínio de competência. 
ELEMENTOS ESSENCIAIS DA PETIÇÃO INICIAL
Toda petição inicial tem que ter esses elementos, sob pena dela ser indeferida pelo juiz. 
Art. 319.  A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
CAUSA PETENDI: causa remota de pedir (relação jurídica que originou o direito). Como por exemplo, contrato, propriedade, paternidade. 
Quando uma pessoa compra uma passagem aérea ela está celebrando um contrato de prestação de serviço aéreo, nasce uma relação jurídica entre ela e a empresa. Essa pessoa passa a ter a obrigação de pagar a passagem (porque é um contrato bilateral e oneroso) e a empresa passa a ser obrigada a prestar o serviçocom qualidade e segurança. A causa remota de pedir entre duas pessoas em uma ação de divórcio é o casamento. 
A causa próxima de pedir é o evento violador do direito. Então, necessariamente, o autor na petição inicial vai ter que relatar os fatos (a verdadeira causa de pedir remota e a causa de pedir próxima). 
Ex: A Maria foi convidada para ser madrinha da irmã dela em Salvador, no dia 09/06/2017. Ela comprou uma passagem aérea para embarcar às 6h da manhã, chegaria ainda na parte da manhã e já estava com cabeleireiro marcado, hotel reservado para às 19h da noite ir para o altar ser madrinha da irmã. Ela celebrou um contrato de prestação de serviço aéreo com a Gol. Porém, a empresa atrasou injustificadamente o voo. Conseguindo embarcar somente no voo de 19h, chegando atrasada no casamento. Maria vai ajuizar uma ação de indenização cobrando dano moral em face da Gol. O juízo competente para julgar é vara cível. O advogado vai colocar na petição inicial: Excelentíssimo Doutor Juiz de Direito... (pois não sabe qual vara vai ser distribuída) Vara Cível da Comarca de Volta Redonda. Qualificação das partes: Maria Pereira da Silva, brasileira, professora de curso primário, vivendo em união estável (novidade no NCPC; o estado civil de quem vive em união estável é de solteiro, só que agora o NCPC exige que se uma pessoa vive em união estável deve dizer isso na sua qualificação), CPF..., RG..., residente e domiciliada no endereço..., e-mail... Vem perante Vossa Excelência com furto no artigo 14 do CDC interpor a presente ação indenizatória em face do réu (qualifica o réu). Quando o autor não sabe a qualificação do réu pode pedir ao juiz que expeça ofício a órgãos públicos para tentar descobrir o endereço do réu. 
Dos fatos: a autora celebrou o contrato de prestação de serviço aéreo com a ré para embarque no dia..., aeroporto..., injustificadamente a ré mandou todos os passageiros se retirarem do avião, não informando o que estava acontecendo. Somente nove horas depois os passageiros entraram na aeronave, chegando ao destino onze horas depois do esperado. É evidente que houve violação na prestação de serviço aéreo, que deve ser prestado de forma adequada. Maria perdeu o casamento da irmã e isso lhe causou dano moral, em disso venho pedir a Vossa Excelência...
Na causa de pedir tem que estar claro qual era a relação jurídica originária e qual foi o evento violador do direito do autor. 
Obs. Fredie Didier ressalta que a petição inicial não deve ser indeferida quando as informações não forem plenas, mas for possível a citação do réu e nem quando for impossível ou excessivamente oneroso obter as informações. 
Ressalta também que o NCPC adotou a teoria da substancialização da causa de pedir, que obriga o demandante demonstrar qual o fato jurídico e qual a relação jurídica dele decorrente. Vigora o princípio iura novit curia, que significa “o julgador conhece o direito”. Então se o advogado não apresentar o dispositivo normativo que ele acha que se encaixa no fato, a petição inicial não vai deixar deferida por causa disso por ser irrelevante. Ao autor da petição inicial cabe informar os fatos da vida, e ao juiz cabe verificar se aquele fato da vida repercute na esfera do direito. Excepcionalmente o juiz vai pedir para o advogado provar o direito. Ex: quando se trata de direito internacional; quando o autor está pleiteando uma ação baseada na lei de outro estado. 
IV - o pedido com as suas especificações;
Necessariamente o autor tem que fazer pedido. Se uma petição não tiver causa de pedir e também não tiver pedido vai ser uma petição inepta. O juiz vai indeferir aquela petição e sequer vai citar o réu. 
O pedido pode ser imediato ou direto. É um pedido de ordem processual, o que o autor quer é a prestação da atividade jurisdicional, ou seja, que o juiz diga o direito. O pedido também pode ser mediato, também chamado indireto. É o bem da vida que se pretende (ex: divórcio, indenização). O pedido tem que ser CERTO e DETERMINADO (art. 324). Um pedido certo é lógico, claro, preciso. É um pedido qualitativamente delimitado. Pedido determinado é um pedido quantitativamente delimitado. 
Art. 324.  O pedido deve ser determinado.
§ 1o É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;
AÇÕES UNIVERSAIS: inventário, partilha e falência. 
II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;
Ex: João atropelou Pedro, que sofreu lesões graves na perna. Ele já passou por várias cirurgias e ainda vai passar por outras. O advogado não tem, neste momento em que ajuizou a ação, como quantificar as consequências do dano.
III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.
Ex: Um síndico do prédio sumiu com todos os documentos contábeis do prédio e na conta corrente não tem mais dinheiro. O novo síndico não sabe ainda mensurar o prejuízo causado pelo síndico anterior. Então vai se ajuizar uma ação de prestação de contas cumulada com pedido de saldo devedor. Há necessidade de o réu juntar ao processo informações, por exemplo: ele vai ter que juntar no processo os documentos contábeis do prédio, o computador onde estavam as movimentações do prédio no período da sua gestão. Neste caso a sentença é ilíquida, ela vai ser liquidada em outra fase. Liquidar é reduzir à quantidade certa. 
Além dos pedidos genéricos, existem os pedidos implícitos. Que são aqueles que não são expressos pelo advogado na petição inicial, mas que a lei já garante os pedidos ainda que ele não seja expresso. 
Ex: Prestações continuadas. O João tem que pagar alimentos para Maria. Como ele não paga há dois meses, Maria ajuizou uma ação pedindo os dois meses atrasados. Mas esse é o caso de prestação continuada, ainda que Maria não peça os meses que ainda vão vencer no decorrer da ação, aqueles também são devidos. 
Ex: Juros, correção monetária, ônus de sucumbência. João bateu no carro da Maria. No primeiro dia Maria já teve gasto com o reboque do carro, mais o gasto com o conserto do carro e com compra de peças. O evento foi no dia 01/01/2017. Como se trata de uma ação de reparação civil, ela tem até 3 anos da data do fato para ajuizar a ação. Dentro desses 3 anos, sobre aquele valor que ela gastou com o carro vai incidir juros e correção monetária. Então ainda que ela não faça pedido disso, esse pedido é implícito. 
Art. 322.  O pedido deve ser certo.
§ 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.
Art. 323.  Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.
Obs. Cristiano Chaves entende que numa ação de investigação de paternidade, está implícito o pedido de alimentos.
Em uma petição inicial o autor pode fazer mais de um pedido. Temos a cumulação de pedidos subdividida em: cumulação própria e imprópria. 
CUMULAÇÃO PRÓPRIA → pode ser simples ou sucessiva. Cumulação própria simples é a que o autor faz mais de um pedido e o juiz vai julgar procedente todos os pedidos ou parcialmente, ou nenhum pedido. Mas o juiz vai apreciar todos, vai conceder ou não todos. São pedidos simples, que poderiam ter sido ajuizados em ações diferentes, por economia processual utiliza-se o mesmo processo para fazer todos os pedidos. Isso é possível quando os pedidos forem compatíveis entre si, quando o juiz da causa for competente para apreciar todos os pedidos e quando o procedimento for adequado. 
Art. 327.  É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - seja competente paraconhecer deles o mesmo juízo;
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
OBS. Se um dos pedidos devesse ser processado pelo procedimento especial e outro pelo procedimento comum, aplicando-se o procedimento comum poderá o juiz apreciar os dois. Pois o juiz pode aplicar ao procedimento comum técnicas processuais previstas no procedimento especial. 
Cumulação própria sucessiva é quando há dois pedidos e o segundo só vai ser apreciado se julgado procedente o primeiro. Há uma precedência lógica, há uma questão preliminar que deve ser analisada antes. 
Ex: Maria ajuíza uma ação em face do João pedindo reconhecimento da paternidade e mais pedido de alimentos. O juiz só vai deferir o segundo se o primeiro for julgado procedente. O juiz pode até julgar procedente os dois, mas existe uma questão prejudicial que deve ser julgada antes.
CUMULAÇÃO IMPRÓPRIA → o autor vai fazer mais de um pedido, mas somente um vai ser apreciado. Pode ser eventual, também chamada de subsidiária. Há uma ordem de preferência que o autor da demanda escolhe. 
Ex: João comprou um apartamento na planta. A construtora ficou de entregar as chaves do apartamento no dia 01/01/2016, mas até hoje a construtora não entregou as chaves. João vai ajuizar uma ação em que vai fazer dois pedidos: 1º ele quer a entrega da chave. Na eventualidade da impossibilidade de entrega da chave (por exemplo: o prédio não foi construído) aí sim o juiz vai dar o valor pago com juros e correção monetária à João. 
Cumulação imprópria alternativa neste caso quem escolhe o que vai ser prestado é o réu. 
Ex: Ação de depósito. Foi depositada uma coisa em um contrato de depósito e um dos contratantes não está devolvendo a coisa. O autor pode pedir a coisa ou o dinheiro equivalente. Quem vai escolher é o réu. 
(22/02/2018)
ELEMENTOS ESSENCIAIS DA PETIÇÃO INICIAL
Art. 319.  A petição inicial indicará:
V - o valor da causa;
Necessariamente o advogado na petição inicial deve demonstrar o valor da causa. Isso porque o valor da causa tem por objetivo delimitar o procedimento a ser utilizado e também servir como parâmetro para o cálculo de custas processuais. 
As custas processuais têm natureza de taxa judicial. Com o pagamento das custas processuais remunera-se o exercício da atividade jurisdicional. O valor das custas processuais tem como base o valor da causa. 
Ex: Maria vai ajuizar uma ação de cobrança em face do João. Maria é empresária, tem muitas posses. Obviamente não vai ser assistida pela Defensoria Pública, então ela vai ter que pagar uma guia de recolhimento para o Rio de Janeiro (grerj) para ela distribuir a petição inicial.
Ex: em uma ação de alimentos em que se pleiteia R$ 1.000 de alimentos por mês para a criança, necessariamente o valor da causa será R$ 12.000.
Antes no CPC de 73 discutia-se se o juiz poderia de ofício determinar a retificação do valor da causa. Hoje o juiz pode de ofício determinar a correção do valor da causa. 
DE OFÍCIO: Quando o juiz atua independente do pedido da outra parte. 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
Indicação do meio de prova. Fredie Didier destaca que na realidade o legislador quer que o advogado do autor já indique as provas que vai produzir, mas esse dispositivo tem pouca eficácia prática. Porque os advogados nem sempre sabem no início da ação quais provas irão produzir ou qual será a necessidade de provas que vão produzir. Então, na petição inicial os advogados colocam uma informação genérica. Não arrola as testemunhas já na petição inicial. Há um costume de a indicação da produção de provas ser depois do escoamento do prazo de resposta do réu. 
Passada a fase do prazo de resposta do réu, o juiz por despacho de saneamento vai dizer quais as provas que vai admitir que sejam produzidas.
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
Novidade no NCPC. A conciliação e a mediação são meios de autocomposição de conflito. Essa possibilidade já existia no antigo CPC, mas o novo código trouxe um enfoque muito grande para a audiência de conciliação e mediação. 
Então, o direito que está sendo discutido se admitir transação o autor deverá na petição inicial dizer se quer ou não audiência de conciliação e mediação. O réu vai ser citado, não para apresentar contestação, mas para comparecer à audiência de conciliação ou mediação. O réu pode atravessar uma petição e dizer para o juiz que não quer a audiência. Também é um direito do réu. 
Art. 334.  Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
§ 4o A audiência não será realizada:
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual;
Os doutrinadores já estão interpretando esse dispositivo. Fredie Didier diz que no silêncio das partes terá audiência. O silêncio é interpretado como não oposição. Alexandre Câmara diz que não há a necessidade de as duas partes se manifestarem, basta a oposição de uma para a audiência não ser realizada. 
II - quando não se admitir a autocomposição.
DO VALOR DA CAUSA
É através do valor da causa que se calculam as custas processuais. O advogado do autor coloca um valor baixo. O advogado do réu vai atacar esse valor da causa em preliminares de contestação, para desestimular o autor a prosseguir no feito. 
Deve impugnar o valor da causa na contestação, não pode contestar depois. 
Art. 290.  Será cancelada a distribuição do feito se a parte, intimada na pessoa de seu advogado, não realizar o pagamento das custas e despesas de ingresso em 15 (quinze) dias.
Art. 292.  O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:
I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação;
II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;
III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor;
IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido;
Art. 486.  O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação.
§ 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.
DAS CUSTAS
Se o autor não gozar de gratuidade de justiça, ajuizar uma ação e não pagar as custas processuais, ele vai ser intimado para pagar no prazo de 15 dias. Se ele não pagar vai haver o cancelamento da distribuição da petição inicial. 
Art. 290.  Será cancelada a distribuição do feito se a parte, intimada na pessoa de seu advogado, não realizar o pagamento das custas e despesas de ingresso em 15 (quinze) dias.
EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL
A petição deve seguir todos os requisitos do art. 319. Se tiver algum vício o juiz deve intimar o advogado do autor para que ele emende ou complete a petição inicial. O juiz deve indicar o que deve ser complementado ou indicado. 
Art. 321.  O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicandocom precisão o que deve ser corrigido ou completado.
Se esse vício for suscetível de ser sanado, se for um vício insanável o juiz não vai abrir prazo para emendar. 
Ex: uma ação civil pública deve ser proposta pelo Ministério Público. Imagina que Maria é professora primária e ajuíza uma ação civil pública. Ela não tem legitimidade para propor esse tipo de ação. 
INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL
O indeferimento da petição inicial é motivado por vício processual, não resolve o mérito. Toda vez que a petição inicial tiver um vício que for sanável o juiz deve intimar o advogado do autor para sanar o vício. 
O indeferimento da petição inicial só pode ser feito antes da citação do réu. Somente deve ser indeferida se não houver possibilidade de correção do vício ou se o juiz houver dado oportunidade ao autor de emendá-la, mantendo-se este inerte.
Ex: Maria, menor impúbere, ajuíza ação de alimentos em face de seu pai. Necessariamente ela tem que ser representada por sua genitora, por não ter capacidade para estar em juízo sem representação. O juiz intima o advogado da autora para que ele emende a petição inicial inserindo o nome da genitora da criança. Se o advogado não emendar a petição inicial o juiz vai indeferi-la. A ação não tem condição de se desenvolver sem a representatividade da genitora da menor. 
O NCPC privilegia o princípio da primazia do julgamento do mérito. 
Mérito é o pedido principal de uma ação. Também significa a matéria em que se funda a questão levada em juízo. 
A petição inicial tem que seguir as regras de processo. Tem que obedecer aos elementos do art. 319. Se não contiver esses elementos, o mérito da causa sequer vai ser analisado. O juiz vai indeferir a petição inicial por não seguir as regras processuais. 
Art. 330.  A petição inicial será indeferida quando:
I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
A parte ajuíza uma ação para que o resultado dessa ação traga uma situação jurídica mais favorável. 
Ex: ação de reconhecimento de paternidade quando na certidão da parte autora já tem o nome do pai. A autora já é reconhecida pelo réu na certidão de nascimento. Então não existe interesse processual.
Interesse processual é subdivido em interesse/utilidade e interesse/necessidade. Interesse/utilidade significa que a parte autora tem que buscar uma situação jurídica mais favorável do que aquela em que se encontra antes de ajuizar uma ação. E interesse/necessidade tem que necessariamente haver uma prestação jurisdicional. 
Obs. O juiz também pode indeferir uma petição inicial quando o advogado esquecer-se de indicar qual é a sua OAB, se ele faz parte de uma associação de advogados, o endereço físico e eletrônico do escritório.
PETIÇÃO INEPTA → É uma petição que não está apta para produzir seus regulares efeitos. 
Art. 330 § 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
O juiz vai intimar o advogado para que emende a petição inicial, coloque o pedido. Se o advogado nada fizer, o juiz vai indeferir a petição inicial. O prazo da emenda é 15 dias. 
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
Salvo nos casos autorizados por lei. 
Art. 324.  § 1
o
 É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;
II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;
III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.
Fora essas situações o pedido tem que ser CERTO e DETERMINADO. 
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
Ex: O negócio jurídico para ser válido tem que ter agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, forma prescrita ou defesa em lei. Duas crianças menores de idade não podem celebrar um negócio jurídico sem a presença de representação. Imagina que João, de 20 anos, e Maria, de 23 anos, celebram um contrato de mútuo. João empresta R$ 5.000 para Maria, mas ela não paga na data combinada. Então João ajuíza uma ação de cobrança, informando ao juiz que ele celebrou um contrato de mútuo com a Maria, sendo que ela não o pagou. Ele junta o contrato que contém a cláusula que diz que ela depositaria o dinheiro no dia 05 de junho de 2017 e também o extrato da conta que prova que o dinheiro não foi depositado. João mostra ao juiz que houve causa de inadimplemento do contrato e não invalidação do contrato. Esse é um caso de petição inepta. João relata os fatos e da conclusão está pedindo a invalidação do contrato. Mas esse contrato não é inválido, ele apenas não foi cumprido, não é caso de invalidação. 
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
A parte autora tem que indicar o que ela entende que é controvertido e o que entende que é incontroverso. 
Ex: Maria celebrou um contrato de empréstimo com o Banco do Brasil. O banco está cobrando juros abusivos. Ela acha que deve R$ 30.000 (é incontroverso, ela não está brigando. Ela acha que tem que pagar esse valor). Incontroverso é que o banco acha que ela tem que pagar R$ 70.000. O que se torna controvertido são os R$ 40.000 de diferença. Então a Maria vai ter que apresentar na petição inicial os cálculos daquilo que ela entende que é incontroverso (é o que não tem briga). Controverso é aquilo que tem briga. 
Obs. Por indeferimento da petição inicial o processo é extinto sem julgamento do mérito e o réu sequer é citado. O advogado pode interpor recurso de apelação. 
IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO 
Liminar significa preliminar, imposição inicial. Trata-se de julgamento antecipado do mérito. O juiz vai apreciar o mérito antes mesmo de citar o réu. A sentença é definitiva. 
Enquanto no indeferimento da petição inicial a sentença é terminativa, ela termina o processo, mas não julga o mérito. O advogado pode até depois ajuizar outra ação. 
Na improcedência liminar do pedido há análise do mérito. Nesse caso dispensa-se a citação, a fase instrutória e a oitiva do réu. Se o juiz proferir uma sentença de improcedência liminar do pedido, está dizendo que aquele pedido está realmente indeferido, nem precisa citar o réu para isso. A parte pode interpor recurso de apelação. O juiz tem cinco dias para se retratar (voltar atrás), podendo determinar a citação do réu. 
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
Seja essa súmula vinculante ou não. Súmulas são julgados reiterados no mesmo sentido que viram um enunciado de súmula. 
Ex: João mora em São Paulo, mas tem um apartamento em Volta Redonda. Todo mês chega a conta de telefone e ele tem que pagar R$ 80 de tarifa básica de telefone. Então ele ajuíza uma ação querendo os últimos cinco anos de telefonia básica que ele pagou sem ter usado o serviço. Ele alega que está pagando o valor mensal sem usar o telefone. Porém tem a súmula vinculante nº 356 do STJ que diz que a tarifa básica é legal. O juiz vai julgar improcedente liminarmente o pedido porque contraria uma súmula do STJ. 
Súmula 356 STJ. É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa.
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
O STJ tem como finalidade a interpretação de lei federal. O STF é o guardião da Constituição Federal. 
Ex: Todos os Tribunaisde Justiça dos estados têm recebido diariamente recursos para discutir se um determinado tributo é legal ou não. É uma matéria de direito que importa a todos os estados da federação. Por exemplo: um aumento da alíquota do imposto de renda. Todos os advogados do Brasil vão ajuizar uma ação dizendo que houve uma majoração da alíquota e que essa majoração é ilegal por não seguir os requisitos da lei. A matéria de direito que se discute é se essa majoração é legal ou não. Todos os recursos que tratam dessa matéria de direito não vão parar no STJ e no STF. Por isso usa-se a técnica de julgamento de recursos repetitivos, ou seja, escolhe-se um dos recursos que tem uma fundamentação exauriente a respeito daquela matéria de direito para ser decidido no STJ ou STF para se firmar um acórdão, uma tese acerca. E todos os outros recursos que ficaram parados nos tribunais dos outros estados, terão a mesma linha de julgamento. Se um advogado ajuíza uma ação que vai contra esse acórdão, o juiz vai julgar improcedente liminarmente o pedido.
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
Quando tem vários recursos tratando da mesma matéria de direito. Por exemplo: se discute se uma tarifa de banco é legal ou não. Um juiz, relator, MP ou DP pode requerer que em incidente de resolução de demandas repetitivas o Tribunal de Justiça firme um entendimento sobre se essa tarifa é legal ou não. E todas as ações que tratarem dessa matéria vão ter a mesma linha de julgamento. 
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
Ex: O TJRJ tem súmulas próprias. Então, o advogado tem que procurar saber se o seu pedido não está contrariando uma súmula já firmada pelo TJRJ. 
Freddie Didier acrescenta como causa de improcedência liminar do pedido: Impossibilidade jurídica do pedido
Ex: Não pode haver usucapião de terras públicas. Então, mesmo que uma pessoa viva 40 anos em um local, se for bem público e ela ajuizar uma ação, o juiz vai julgar improcedente o pedido porque não pode haver usucapião nesse caso. 
Ex: Impossibilidade física. 
Obs. O NCPC prioriza a uniformização de jurisprudência. Nós somos um país muito grande, com muitos estados e tribunais, cada um julgando de uma maneira. Então, o NCPC dá muita importância aos precedentes do STF e do STJ. 
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
Prescrição é a perda da pretensão e decadência é a perda do próprio direito.
Ex: Ação de reparação civil. O prazo prescricional é de três anos da data do fato. Se a Maria bateu no carro do João no dia 01/01/2010. Se o João ajuizar uma ação em 2018, como se trata de uma ação de reparação civil já prescreveu. É caso também de improcedência liminar do pedido com resolução do mérito.
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241.
O réu vai ser intimado, informado que houve uma ação contra ele, mas que o juiz já julgou improcedente liminarmente o pedido. 
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
Se o juiz não se retratar, o recurso de apelação vai subir para o TJRJ. Então o réu vai ser intimado para apresentar contrarrazões do recurso de apelação. Se o juiz se retratar, é porque ele está recebendo aquela petição inicial, então o réu vai ser citado para contestar ou para comparecer a uma audiência de conciliação e mediação. 
A improcedência liminar do pedido é cabível nas ações que não precisam de instrução probatória. Por exemplo: são as ações em que as alegações são provadas meramente por documentos. Em uma ação de família que cuide de visitação de guarda de filho, jamais o juiz poderia julgar improcedente liminarmente o pedido, porque precisa de instrução probatória. 
Por que se dá essa importância aos julgamentos dos tribunais superiores?
O NCPC quer garantir a segurança jurídica, a uniformização das decisões e que o processo tenha uma razoável duração. Essas são as razões para se dar tanta importância para esses julgamentos do STF, STJ ou entendimentos sumulados dos tribunais locais. Para evitar que um juiz de Volta Redonda julgue completamente diferente do que os desembargadores estão julgando no Rio de Janeiro, por exemplo. 
Cada vez mais os juízes estão condicionados às decisões pré estabelecidas dos tribunais superiores. Por um lado pode causar mais rapidez nos processos, mas por outro pode causar injustiças também. 
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
Quando o juiz recebe a petição inicial, se não for caso de indeferimento e nem de improcedência liminar do pedido e se tratando de direito que admite a autocomposição, ele vai determinar a citação do réu designando a data da audiência de conciliação ou mediação. Geralmente é no prazo de 30 dias, sendo que o réu é obrigado a ser citado no prazo de 20 dias antes da audiência. 
Quando o réu recebe a citação com a data da audiência, caso ele não tenha interesse vai atravessar uma petição pedindo o cancelamento da audiência de conciliação. O prazo para contestação começa da data da juntada do cancelamento. O réu tem até 10 dias antes da audiência para informar o desinteresse. 
A audiência só não será realizada se ambas as partes manifestarem desinteresse. E quando o direito pleiteado na petição inicial não admitir autocomposição. Nesses casos em que não se admite a autocomposição, o réu vai ser citado para apresentar contestação.
Ações que admitem autocomposição: abandono afetivo; alimentos gravídicos (alimentos pleiteados pelo nascituro no período de gestação); alienação parental; divórcio judicial ou pré-consensual; guarda unilateral ou compartilhada; partilha de bens; regulamentação da convivência familiar; uso de nome; dano moral; investigação de paternidade, desde que o CEJUSC tenha convênio com o laboratório que faça exame de DNA. 
Ações que não admitem autocomposição: violência doméstica; abuso de menores; interdição; suspensão ou perda do poder familiar; invalidade do matrimônio; tutela; curatela. 
Se as partes não conseguirem chegar a um denominador comum, pode ser marcada uma nova audiência de conciliação ou mediação, até dois meses depois. Se as partes não comparecerem vão pagar multa de 2% do valor da causa. 
AUDIÊNCIA PRELIMINAR DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO 
A resolução 125/2010 já regulava a audiência de conciliação e mediação. E o NCPC vem incentivando os tribunais a criarem os CEJUSC (Centro Judicial de Solução de Conflito). 
Art. 165.  Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.
§ 1o A composição e a organização dos centros serão definidas pelo respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça.
§ 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
§ 3o O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
PRINCÍPIOS QUE ORIENTAM A AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA → O conciliador e o mediador não podem sofrer pressão para promover acordo. Eles estão ali para que as partes cheguem a uma autocomposição. 
PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE → Nãopodem tendenciar para nenhuma das partes. 
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE → O acordo entre as partes tem que ser para a satisfação do interesse delas e não do conciliador e mediador. 
PRINCÍPIO DA CONFIDENCIALIDADE → Tudo o que acontecer em uma audiência de conciliação e mediação tem que ficar ali, como também o conciliador e mediador não pode ser arrolado para ser testemunha no processo. Dever de sigilo. 
PRINCÍPIO DA ORALIDADE → As partes falam.
PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE	
PRINCÍPIO DA DECISÃO INFORMADA → As partes têm que entender o que está sendo acordado. 
CONCILIADOR → Tem papel mais pró ativo, porque na conciliação não existe uma relação jurídica prévia. 
Ex: João bateu no carro da Maria. Os dois não se conheciam, não havia relação jurídica entre eles. A relação jurídica aconteceu no momento em que João bateu no carro da Maria, em que nasceu para ela o direito subjetivo de buscar indenização no poder judiciário. 
MEDIADOR → vai restaurar um diálogo que já não existe mais, porque as partes tinham uma relação jurídica prévia. 
Ex: nas ações que dizem respeito à visitação de filho. Neste caso o mediador vai tentar restaurar esse diálogo. 
CITAÇÃO
Art. 238.  Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual.
Toda vez que o juiz recebe uma petição inicial que não for caso de indeferimento e nem de improcedência liminar do pedido, o próximo passo do juiz é determinar a citação do réu. O cartório vai expedir um mandado de citação. 
Situações em que é expedido um mandado de citação: 
1. Maria ajuíza uma ação de divórcio em face de João, que é o réu na demanda e vai ser citado;
2. Numa ação que não começa em ação de conhecimento, mas sim no processo de execução. Por exemplo: uma pessoa que tem um título executivo extrajudicial, um contrato assinado por duas testemunhas. Ela não precisa ajuizar uma ação de conhecimento, já pode iniciar no processo de execução. Nesse caso o executado vai ser citado. 
FINALIDADES 
A. Dar conhecimento da lide ao citado;
B. Permitir o contraditório ou o cumprimento da obrigação se for o caso de processo de execução.
Para Freddie Didier a citação tem natureza de condição de eficácia do processo. 
O réu responder através de uma contestação é um ônus que lhe cabe e não uma obrigação. Ônus é um encargo, se o réu não responder somente ele sofrerá as consequências disso. Enquanto que na obrigação quando não se cumpre uma obrigação travada entre duas partes, a outra que sofrerá o prejuízo. Então, o réu não é obrigado a fazer contestação, mas se ele não contestar vai ser considerado revel e os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão verdadeiros. 
O réu é citado para apresentar o contraditório, para se defender e para tomar conhecimento que tem uma ação contra ele. Não sendo obrigado a apresentar a contestação. Responder não é uma obrigação do réu, é uma faculdade. Mas não respondendo, somente ele sofrerá as consequências.
CITAÇÃO ≠ INTIMAÇÃO
A citação convoca o réu para dentro do processo. A intimação dá ciência às partes de uma prática de um ato processual. 
Testemunha é intimada para comparecer à audiência de instrução e julgamento.
VEDAÇÃO À CITAÇÃO
Tem situações em que a parte não pode ser citada. 
Art. 244. Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito:
I - de quem estiver participando de ato de culto religioso;
II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes;
III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento;
IV - de doente, enquanto grave o seu estado.
INDISPENSABILIDADE DA CITAÇÃO 
Art. 239.  Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido.
§ 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução.
§ 2o Rejeitada a alegação de nulidade, tratando-se de processo de:
I - conhecimento, o réu será considerado revel;
II - execução, o feito terá seguimento.
Se o réu foi devidamente citado e perdeu o prazo da contestação, será considerado revel. Mas se o réu realmente não foi citado e passou o prazo da contestação, o advogado vai informar que aquele réu não foi citado para que o juiz, por força do contraditório e da ampla defesa, autorize um novo prazo para contestação. 
Informativo 546 STJ. É possível ser considerado citado o advogado do réu que faz carga do processo (quando pega o processo para análise fora do cartório)? O STJ entendeu que só é considerado citado se o réu passou poderes específicos para o advogado ser citado em nome dele, do contrário apenas fazer carga do processo não significa que o réu foi citado. A retirada dos autos do processo por advogado não supre a falta de citação, não se considerando o comparecimento espontâneo do réu. 
PESSOALIDADE DA CITAÇÃO
A citação é pessoal. Excepcionalmente cita-se o representante legal. 
CITAÇÃO BIFRONTE → quando o réu for relativamente incapaz. Por exemplo: se um garoto de 16 anos for citado para uma ação em que o pai quer oferecer alimentos a ele, a pessoa que presta assistência legal também vai ser citada, no caso a sua mãe. 
Art. 75.  Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado;
II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;
III - o Município, por seu prefeito ou procurador;
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar;
V - a massa falida, pelo administrador judicial;
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
VII - o espólio, pelo inventariante;
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores;
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens;
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil;
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.
(01/03/2018)
INDISPENSABILIDADE DA CITAÇÃO
Citação é a convocação do réu, terceiro interessado ou executado ao processo. Quando o autor ajuíza uma ação, o juiz vai analisar se naquela petição inicial estão presentes todos os requisitos do art. 319 e vai proferir o despacho citatório, vai determinar a citação do réu. 
Contraditório é a participação e a possibilidade do réu influenciar no julgamento. 
A citação é ato processual indispensável. Se o réu não foi convocado ao processo ele não pode ser condenado. 
Art. 239.  Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido.
COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO DO RÉU → Pode acontecer de antes do réu ser citado ele comparecer espontaneamente no cartório. Nesse caso, supre a nulidade ou falta da citação. Tem que ser o próprio réu, ou alguma pessoa com poderes para receber citação em nome dele. 
Art. 239. § 1o O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução.
Procuração com poderes para citação é uma excepcionalidade. A regra é que na procuração passada para o advogado, chamada de ad judicia, não existe poderes para citação, mas é possível. 
ANGULARIZAÇÃO DA RELAÇÃO PROCESSUAL → Quando o autor distribui uma petição inicial, ela é protocolizada, distribuída para uma vara onde o juiz verifica se estão presentes os requisitos do art. 319 e vai determinar o despacho citatório (cite-se). Quandoo réu é citado validamente angulariza-se a relação processual. 
Art. 312.  Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado.
Obs. Para Freddie Didier a citação é condição de eficácia do processo, ou seja, o processo só vai produzir efeitos se o réu for citado. 
DA PESSOALIDADE DA CITAÇÃO → Quem recebe a citação é o próprio réu. Excepcionalmente, um terceiro recebe a citação. 
Ex: quando o pai ajuíza uma ação de oferecimento de alimentos quem vai ser réu no processo é o menor representado pela sua mãe. Neste caso quem vai receber a citação é mãe, representante legal. 
Ex: Maria foi interditada porque está com Alzheimer, ela perdeu a capacidade para praticar os atos da vida civil sozinha. Se ela for ré em um processo quem vai receber a citação é o curador. 
CITAÇÃO BIFRONTE → Quando o réu for relativamente incapaz (maior de 16 anos e menor de 18).
Ex: João ajuíza uma ação de oferecimento de alimentos em face de seu filho que tem 16 anos. O filho tem que ser citado junto da sua representante legal, a mãe.
NOMEAÇÃO DO CURADOR PARA RECEBER CITAÇÃO → Situações em que o juiz vai determinar um curador para receber a citação do réu. 
Art. 245.  Não se fará citação quando se verificar que o citando é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la.
§ 1o O oficial de justiça descreverá e certificará minuciosamente a ocorrência.
§ 2o Para examinar o citando, o juiz nomeará médico, que apresentará laudo no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 3o Dispensa-se a nomeação de que trata o § 2o se pessoa da família apresentar declaração do médico do citando que ateste a incapacidade deste.
§ 4o Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida em lei e restringindo a nomeação à causa.
§ 5o A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa dos interesses do citando.
Geralmente quem exerce o poder de curador é a Defensoria Pública, novidade no NCPC. 
LOCAL DA CITAÇÃO → pode acontecer de através da citação pelo correio ou pelo oficial de justiça não ser encontrado o réu no endereço informado pelo autor. Assim, o juiz vai intimar o autor para dar novo endereço do réu, no prazo de 10 dias. A regra é quem informa o endereço do réu é o autor. 
Art. 243.  A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o réu, o executado ou o interessado.
Parágrafo único.  O militar em serviço ativo será citado na unidade em que estiver servindo, se não for conhecida sua residência ou nela não for encontrado.
Ex: um motorista de táxi bateu no carro de uma pessoa, que ajuizou uma ação de indenização por danos sofridos em decorrência do acidente. Ela pode indicar o ponto de táxi em que o motorista trabalha. 
EFEITOS DA CITAÇÃO VÁLIDA
Art. 240.  A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
ANGULARIZAÇÃO DA RELAÇÃO PROCESSUAL → Para Freddie Didier é o primeiro efeito da citação válida. 
INDUZ LITISPENDÊNCIA → Litispendência vem da expressão em latim “litis pendentia” que significa tríplice identidade, tendência de causa. 
Ex: Maria quer se divorciar de João, então procura um advogado que distribui uma ação de divórcio que cai na 1ª vara de família, no dia 02/02/2016. João, por sua vez, também procurou um advogado que ajuizou uma ação de divórcio que caiu na 2ª vara de família, no dia 15/02/2016. Como a segunda ação foi distribuída depois vai ser extinta sem julgamento do mérito, porque ocorreu a litispendência, ou seja, mesmas partes, mesmo pedido, mesma causa de pedir. O advogado vai perceber que houve litispendência quando o réu for citado. 
Obs. Leonardo Greco entende que pode acontecer a litispendência às avessas. Quando as partes forem as mesmas e o pedido e a causa de pedir forem diferentes, mas o resultado do processo for servir para ambas as partes. 
Ex: João ajuíza uma ação em face de seu pai pedindo alimentos, cai na 1ª vara de família. Na 2ª vara de família cai uma ação de oferecimento de alimentos do pai para o filho. Quando o juiz proferir a sentença, ela vai servir para as duas ações. 
Ex: Ação de investigação de paternidade em uma vara e na outra ação negatória de paternidade. Qualquer que for o resultado da demanda vai caber para as duas ações. 
TORNA LITIGIOSA A COISA OU O DIREITO → Ex: Maria é casada com João e ajuíza ação de divórcio, no momento que essa ação foi distribuída o divórcio se tornou litigioso para ela. Quando João for citado, o divórcio tornou-se litigioso para ele também. 
Ex: Maria está brigando com João sobre a propriedade de um apartamento. Então ela ajuíza uma ação em face do João se discutindo sobre a propriedade desse apartamento. Quando a Maria distribui a ação, este apartamento torna-se coisa litigiosa para ela. Quando João recebe a citação, este apartamento torna-se coisa litigiosa para ele. 
EFEITOS MATERIAIS DA CITAÇÃO VÁLIDA
Quando o réu é citado, a citação pode constituí-lo em mora (demora injustificada do cumprimento de uma obrigação, é o retardamento injustificado do devedor). 
MORA EX RE → traz a ideia de mora de pleno direito. 
Ex: Maria celebrou um contrato de plano de saúde. Ela tem que pagar o plano de saúde todo dia 30 do mês. Chegando o dia do vencimento, se ela não pagar a fatura já está constituída em mora. Ali nasce o direito de o credor cobrar multa. 
Art. 397. CC/2012. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor.  
Art. 398. CC/2012. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou. 
Ex: João atropelou Maria, quebrando as suas pernas no dia 01/01/2016. Ele cometeu um ato ilícito, porque tinha o dever de zelar pela incolumidade física da Maria. Se ele atropelou e não ressarciu os danos que causou à Maria, ele já está constituído em mora. Desde a data do acidente, já nasce o direito para Maria ajuizar uma ação buscando o ressarcimento. 
MORA EX PERSONA → para o devedor ser constituído em mora ele tem que ser notificado. A citação válida cumprirá este papel de constituição do réu em mora.
Art. 397. CC/2012. Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.
Interpelação = notificação.
Ex: Contrato de compra e venda de imóveis loteados (art. 32, lei 6.766/79). A citação válida neste caso constituiria em mora o devedor. 
Art. 32. Lei 6.766/79. Vencida e não paga a prestação, o contrato será considerado rescindido 30 (trinta) dias depois de constituído em mora o devedor.
Informativo 601 STJ. Nos contratos de venda a crédito de bens móveis, com reserva de domínio, a constituição da mora do devedor pode ser provada com a notificação extrajudicial feita por cartório de títulos e documentos. 
Obs. A citação válida constitui em mora o devedor quando se trata de MORA EX PERSONA. Porém, se o credor antes de ajuizar a ação tiver NOTIFICADO EXTRAJUDICIALMENTE o devedor, ele já estará constituído em mora e a citação válida não produzirá o efeito de constituição em mora. 
INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO → a citação possui o efeito de interromper a prescrição. O efeito da citação válida no caso de prescrição é retroação à data da propositura da demanda. Imagine a seguinte situação: no dia 01/02/2013 João bateu no carro da Maria, que teve um prejuízo de R$ 5.000. Ela tem até 01/02/2016 para ajuizar uma ação de reparação. O advogado ajuizou a ação no último dia do prazo prescricional. O que interrompe a prescrição não é a distribuição da petição inicial, mas o despacho citatório do juiz. O despacho do juiz foi no dia 15/02/2016, se a citação for válida retroage à data da distribuição da demanda. Então o advogado não perdeu o prazo prescricional. 
Art. 240.§ 1o A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.
Ex: Em uma ação de reparação de responsabilidade civil a vítima tem três anos para ajuizar a ação. Passados esses três anos, se ela ajuizar a ação o próprio juiz pode, no início da demanda, decretar a prescrição e extinguir o processo com julgamento do mérito. 
ALTERAÇÃO DO PEDIDO OU DA CAUSA DE PEDIR
Art. 329.  O autor poderá:
I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu;
II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar.
O autor pode alterar o pedido ou a causa de pedir antes do réu ser citado. Ele distribui uma petição e pede ao juiz a complementação ou alteração da petição. Depois que o réu for citado, o autor poderá modificar o pedido ou a causa de pedir com o consentimento do réu. 
O autor pode alterar até o despacho saneador, depois se estabiliza a demanda e não poderá mais o autor modificar o pedido ou a causa de pedir. 
SISTEMAS DE CITAÇÃO
CITAÇÃO DIRETA → É aquela que é feita ao próprio réu ou ao seu representante legal. 
Ex: ação de oferecimento de alimentos em que a representante do menor é citada.
CITAÇÃO INDIRETA → É quando o réu nomeia alguém para receber a citação em seu nome. Mandatário, administrador, preposto, gerente. 
Ex: um empresário pode nomear para receber citação em seu nome o seu advogado, administrador de sua empresa, empregado ou gerente. 
Art. 242.  A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do representante legal ou do procurador do réu, do executado ou do interessado.
§ 1o Na ausência do citando, a citação será feita na pessoa de seu mandatário, administrador, preposto ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados.
MODALIDADES DA CITAÇÃO
Art. 246.  A citação será feita:
I - pelo correio; 
Chamada de citação postal.
II - por oficial de justiça; 
Ou por mandado. 
III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório; 
Se comparecer espontaneamente ao cartório.
IV - por edital;
V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.
Citação eletrônica, novidade no NCPC. 
CITAÇÃO REAL
É a citação em que se tem certeza que o réu foi citado. Cabe ao autor informar o nome, prenome, estado civil, a qualificação e o endereço do réu. Caso não informe, o juiz vai intimá-lo para, no prazo de 10 dias, dar o endereço do réu. 
Se o réu não oferecer contestação, tendo sido regularmente citado, no prazo determinado por lei ele será considerado revel. O réu não é obrigado a contestar, mas se ele não contestar vai sofrer os prejuízos de não ter praticado esse ato. 
Art. 344.  Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.
São modalidades de citação real: Citação pelo correio ou postal; por oficial de justiça ou mandado; espontânea ao escrivão ou chefe de cartório; e a eletrônica. 
1. CITAÇÃO PELO CORREIO OU POSTAL
A regra é que na maioria das demandas o réu será citado pelo correio.
Art. 247.  A citação será feita pelo correio para qualquer comarca do país, exceto:
I - nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3o;
Ações de estado são aquelas que discutem a capacidade e o estado civil. Por exemplo: em uma ação de divórcio, alimentos ou interdição, necessariamente o réu vai ser citado por oficial de justiça. 
II - quando o citando for incapaz;
III - quando o citando for pessoa de direito público;
União, Estado, DF, Municípios e suas autarquias. 
IV - quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência;
V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma.
Art. 248.  Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz e comunicará o prazo para resposta, o endereço do juízo e o respectivo cartório.
§ 1o A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo.
Se o réu não assinar o carteiro vai comunicar isso ao juízo, então o advogado vai requerer a citação via oficial de justiça.
Art. 231.  Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio;
O prazo para contestação do réu começa da data da juntada do AR aos autos do processo. 15 dias.
Prazo processual = exclui-se o primeiro dia e inclui-se o último.
2. CITAÇÃO POR OFICIAL DE JUSTIÇA OU MANDADO
Será feita a citação por oficial de justiça quando a citação pelo correio restar-se frustrada. Ou quando o correio não prestar serviço no local em que o réu reside. 
Nas ações de estado, obrigatoriamente a citação será por oficial de justiça. 
O NCPC autoriza que a citação seja feita em comarcas contíguas. Antes, um oficial de justiça de Volta Redonda não poderia citar um réu de Barra Mansa, por exemplo. Quando se trata de região metropolitana, como é o caso do Rio de Janeiro, que tem várias comarcas contíguas, o oficial pode ir de uma comarca à outra. 
Houve uma mitigação ao princípio da territorialidade da jurisdição. 
Art. 255.  Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos.
3. CITAÇÃO ESPONTÂNEA AO ESCRIVÃO OU CHEFE DE SECRETARIA
É aquela que é feita pelo escrivão (chefe de secretaria da justiça estadual) ou chefe de secretaria (justiça federal). 
O réu toma conhecimento que tem uma ação movida contra ele antes mesmo de receber a citação, e vai ao cartório para obter informações do processo. Ele será declarado então como citado. A partir desse momento, começa a correr o prazo para contestação. 
Obs. Rodolfo Hartman entende que, apesar da lei falar em chefe de secretaria, qualquer serventuário, inclusive estagiário, que esteja ali no momento trabalhando age como se fosse funcionário público. Tendo, então, fé pública, podendo declarar o réu como citado. 
4. CITAÇÃO VIA ELETRÔNICA
Serão citados por citação eletrônica: pessoa jurídica de direito público, empresas privadas, exceto micro empresas e empresas de pequeno porte. Feita a citação eletrônica, começa a correr o prazo para contestação. 
Art. 231.  Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica;
Art. 246. § 1o Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio.
CITAÇÃO FICTA
É aquela que não se tem certeza que o réu foi citado. Cria-se então uma situação de potencial prejuízo ao réu. Neste caso, o juiz vai nomear um curador especial para fazer a defesa do réu. O curador tem o dever de fazer a defesa do réu e pode ser por negativa geral. Porque o curador especial não tem como ter contato com o réu, mas como foi nomeado para fazer a sua defesa ele vai negar de forma genérica. 
O curador especial não pode praticar atos de disposição de direitos do réu, sob pena de nulidade. Ou seja, abrir mão dos direitos do réu. 
Defesa por negativa geral = “não são verdadeiros os fatos alegados pelo autor, razão pela qual peço que Vossa Excelência julgue improcedente o pedido.” 
HIPÓTESES EM QUE O JUIZ VAI NOMEAR CURADOR ESPECIAL →

Continue navegando